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JULHIA MACEDO GOMES

UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS EM


CADELAS

Cidade
Ano
JULHIA MACEDO GOMES

UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS EM


CADELAS

Projeto apresentado ao Curso de Medicina


Veterinária da Instituição Anhanguera.

Orientador: Alessandra Parpinelli

Anápolis
2020
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1 INTRODUÇÃO

Nesse trabalho propõe-se abordar quais as utilizações dos métodos


contraceptivos em cadelas, sendo que são de duas formas: química e cirúrgica.
Quando são utilizados de forma inadequada, sem consentimento veterinário pode
gerar graves consequências.

O método contraceptivo mais usado é a injeção anticoncepcional, por ser de


fácil acesso, baixo valor e fácil aplicação. Mas o custo-benefício se torna caro.
Gerando graves consequências nas cadelas.

Compreende-se que muitos proprietários evitam os contraceptivos cirúrgicos


por conta do financeiro, mesmo sendo a forma mais segura e vantajosa. O principal
objetivo é abordar que o bem estar animal está em primeiro lugar, visando impedir
doenças ocasionadas pela injeção de hormônio.

1.1 O PROBLEMA

Quais são as consequências do uso contraceptivos gerado nas cadelas?

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL OU PRIMÁRIO

Discutir os métodos contraceptivos em cadelas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS OU SECUNDÁRIOS

 Descrever a anatomia e fisiologia reprodutiva da cadela, bem como o ciclo


estral;
 Apresentar os métodos contraceptivos químicos e cirúrgicos;

 Discorrer sobre as consequências da utilização dos diferentes métodos


contraceptivos.

3 JUSTIFICATIVA
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A contracepção na clínica médica de pequenos animais tem grande destaque.


A utilização inadequada de alguns métodos pode permitir graves danos a saúde dos
animais. E a falta completa de utilização dos métodos pode contribuir com aumento
populacional e abandono de animais.
O tema é de suma importância para conhecer os efeitos nocivos causados
pela utilização inadequada dos contraceptivos no organismo desses animais.
Apresentando informações como a alta incidência de tumores graves em cadelas
com utilização de contraceptivos injetáveis.
As discussões sobre o tema podem ampliar a utilização consciente de
métodos contraceptivos por parte dos médicos veterinários. Além de permitir que
estes profissionais possam esclarecer a importância desses métodos para os
tutores, favorecendo o bem-estar animal.

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Sistema reprodutor da cadela é formado por vulva, vagina, cérvix, útero,


tubas uterinas e ovários (SAPIN et al., 2017). Na anatomia, a vulva é caracterizada
como o órgão reprodutor feminino externo, ela prolonga-se do óstio uterino externo
até o óstio externo da uretra, tem paredes finas formando uma cavidade virtual; a
cérvix é um órgão de proteção, que atua como uma barreira entre o meio externo e
interno; o útero é constituído por uma camada mucosa (endométrio), uma camada
muscular (miométrio) e uma camada serosa (perimétrio), e tem a função de permitir
a fixação do embrião, manter a gestação e expulsar o feto no momento do parto; as
tubas uterinas é onde ocorre a fertilização, e transporta os espermatozoides vindos
do útero pelo infundíbulo; os ovários são responsáveis pela produção dos oócitos e
regulação do ciclo estral nas fêmeas (KÖNIG; LIEBICH, 2011).
A maturidade sexual da fêmea começa entre a idade de 6 meses e 14 meses,
quando há o aumento do hormônio folicular estimulante (FSH) e o hormônio
luteinizante (LH), eles são secretados pelas gonadotropinas. Esses hormônios são
responsáveis pelos eventos fisiológicos no ciclo reprodutivo normal da cadela. Os
ovários da cadela produzem óvulos que ficam anexos aos folículos. Quando o FSH e
o LH começam a ser liberados em quantidades eminentes, os ovários e folículos
iniciam um crescimento. Dentro destes folículos, existe um hormônio chamado
estrógeno, que contorna o óvulo, este hormônio produz efeitos fisiológicos e socias
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no comportamento da cadela, é um sinal para o acasalamento. Mas antes disso há


um aumento na liberação do LH, seguido por uma expansão do folículo. O pico de
LH também faz com que secrete o hormônio progesterona, em vez de estrógeno,
dando início a ovulação (DINIZ, 2012).
A cadela é uma espécie monoéstrica, que apresenta ciclo reprodutivo
composto de quatro fases: proestro, estro, diestro e anestro. No primeiro momento
acontece o proestro, dando origem a fase folicular, é possível notar diferença no
comportamento da fêmea em relação ao macho, entretanto ela ainda não permite a
cópula, tendo duração de 5 a 20 dias nas cadelas. No estro é onde a cadela
apresenta o cio, receptividade da fêmea para o coito, e tem duração de 5 a 15 dias.
O diestro é indicado pelo fim do cio, tendo duração de 2 meses. No anestro tem
duração de 4 a 5 meses, a fêmea apresenta inatividade sexual e sangramento
finaliza está fase (DINIZ, 2012).
O método químico mais utilizado é o anticoncepcional (ANTC) por ser uma
alternativa de baixo custo. Eles são utilizados desde a década de 80, mas até hoje
podem ser encontrados em casas de rações e lojas do gênero, além de serem
vendidos sem prescrição do médico veterinário (HONÓRIO et. al, 2017)
São hormônios progestágenos exógenos. É composto pelo Acetato de
Medroxiprogesterona (MD), e o Acetato de Megestrol (MG) (FONSECA et. al, 2014).
Esses fármacos possuem longa ação causando o crescimento folicular ovariano, a
secreção de estrógeno, a ovulação e inibe o comportamento sexual. Adia de forma
reversível o ciclo estral das fêmeas, inibe o cio e gestação, entretanto a efetividade
não é garantida, e podem ser administradas por duas vias, parenteral e oral (DIAS
et. al, 2013).
A indução desses fármacos não é indicada nas fases de proestro, estro e
diestro (FONSECA et. al, 2014). O uso inadequado e prolongado dos progestágenos
exógenos podem resultar em vários problemas, mesmo que seja apenas uma
administração de contraceptivos (DIAS et. al, 2013).
O método cirúrgico mais utilizado é a ovário histerectomia (OH) e traz várias
vantagens como sendo um procedimento que é realizado apenas uma vez, e
originam a perda reprodutiva da fêmea, diminuindo e ajudando no controle da
superpopulação (DIAS et. al, 2013).
Estudos reconhecem que a OH feita antes do primeiro estro diminui o perigo
de desenvolvimento da neoplasia mamária para 0,5%, essa porcentagem aumenta
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para 8,0% em fêmeas castradas após o primeiro ciclo estral, e 26% após segundo
ciclo (FELICIANO et. al, 2012).

A aplicação de ANTC pode gerar terríveis efeitos colaterais, dentre eles a


piometra (infecção uterina), neoplasias mamárias e uterinas e hiperplasia mamária
(OLIVEIRA FILHO et al., 2010). E se tiver aplicação dessa droga em cadelas
gestantes pode ter maceração fetal e aborto, mas isso é mais frequente na espécie
felina do que na canina. (SALES, 2016).
A piometra é uma infecção do útero. Os sinais clínicos que as cadelas
apresentam são letargia, anorexia, depressão, poliúria, polidipsia, vômito, diarréia,
perda de peso, desidratação e descarga vaginal, no caso da piometra aberta,
podendo ser sanguinolenta ou mucopurulenta. A piometra fechada tem mais chance
de desenvolver sepse e/ou endotoxemia; nesses casos, a cadela apresentará sinais
clínicos de choque, como taquicardia, tempo de preenchimento capilar aumentado,
pulso femoral fraco e temperatura retal reduzida. Um sinal frequente e bem
característico é a distensão abdominal e útero aumentado de tamanho. (NELSON;
COUTO, 2010).
O tratamento da piometra deve ser o mais rápido possível, pois a sepse e
endotoxemia mesmo não estando presentes, podem influenciar no bem estar animal
a qualquer momento. Na maioria dos casos, o tratamento indicado é
ovariossalpingohisterectomia (OSH) terapêutica e o tratamento conservador é feito
exclusivamente em piometra aberta e sem quadro clínico grave. Caso o proprietário
não dê prioridade em manter a vida reprodutiva do animal, também se deve optar
pela OSH (NELSON; COUTO, 2010).
As neoplasias também estão inclusas nos efeitos adversos do ANTC,
acometem cadelas, 52% compreendem as neoplasias mamárias, a destas,
aproximadamente 50% apresentam características de malignidade. (FELICIANO et
al., 2012).
O diagnóstico é feito pelo exame físico, histórico, citologia e exame
histopatológico (biópsia), contudo apenas o exame histopatológico torna possível a
identificação da morfologia das células neoplásicas. Sendo assim o diagnóstico
definitivo é baseado no resultado histopatológico após biópsia. Que é de forma
incisional, em que se retira um fragmento da lesão, já na biópsia excisional faz-se a
remoção cirúrgica de toda a lesão com característica neoplásica, sendo essa última
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indicada para neoplasia mamária (FELICIANO et al., 2012). E o tratamento para a


neoplasia mamária nas cadelas é a excisão cirúrgica, exceto no carcinoma
inflamatório, pois são extremamente agressivos e a cirurgia não adiantará. A
mastectomia baseia-se na remoção cirúrgica de tecido mamário, e é considerada de
baixa morbidade, por não ter contato direto com outra cavidade corporal ou estrutura
visceral. (HORTA et al., 2013).
Quando é utilizado o ANTC em cadelas prenha, inibe o aumento da ocitocina,
estrógeno e prostaglandina durante o trabalho de parto, que seriam necessários
para a contração abdominal e uterina. Com o uso de tais drogas não ocorrem as
contrações, o que causa a morte e a retenção dos fetos na cavidade uterina. Na
maioria dos casos, os fetos morrem e ficam retidos no útero, ocorrendo proliferação
de microrganismos, colocando a vida da cadela em perigo (DIAS, 2013). O
tratamento indicado é a retirada dos fetos do sistema reprodutor e o tratamento
paliativo (MONTANHA, 2012).
OH pode apresentar algumas desvantagens, sendo elas: hemorragias,
ligadura ou trauma acidental de ureteres, inflamação ou infecção da porção do corpo
uterino remanescente e a síndrome do ovário remanescente. Isso só ocorre se a
cirurgia for realizada de maneira inadequada, de toda forma as vantagens de fazer o
procedimento se sobressai (ZAGO; RECKZIEGEL, 2013).

5 METODOLOGIA

O trabalho será realizado por meio de uma pesquisa descritiva, para a qual
será utilizada a abordagem qualitativa. Sendo empregados trabalhos publicados nos
últimos dez anos. Deve-se usar como locais de buscas, os livros, artigos e revistas
acadêmicas. Para se fazer uma busca na pesquisa, foram utilizadas as seguintes
palavras-chave: patologia, veterinária, métodos contraceptivos, diagnóstico por
imagem, terapia. As pesquisas foram realizadas entre os meses de fevereiro a maio
de 2020.
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6 CRONOGRAMA

2019 2019
ATIVIDADES AN EV AR BR AI UN UL GO ET UT OV EZ
Escolha do
tema. Definição do
problema de pesquisa
Definição dos
objetivos, justificativa.
Definição da
metodologia.
Pesquisa
bibliográfica e
elaboração da
fundamentação teórica.
Entrega da
primeira versão do
projeto.
Entrega da
versão final do projeto.
Revisão das
referências para
elaboração do TCC.
Elaboração
do Capítulo 1.
Revisão e
reestruturação do
Capítulo 1 e elaboração
do Capítulo 2.
Revisão e
reestruturação dos
Capítulos 1 e 2.
Elaboração do Capítulo
3.
Elaboração
das considerações
finais. Revisão da
Introdução.
Reestruturaç
ão e revisão de todo o
texto. Verificação das
referências utilizadas.
Elaboração
de todos os elementos
pré e pós-textuais.
Entrega da
monografia.
Defesa da
monografia. X
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REFERÊNCIAS

Aguiar R A C, Moreira VS, Porto MR. Patologias reprodutivas diagnosticadas


durante ovariosalpingoesterectomia (OSH) em gatas e cadela, Simpósio de TCC
e Seminário de IC, 2016.

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KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H.-G. Órgão genitais femininos. In: KÖNIG, H. E.;
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