Você está na página 1de 26

FACULDADE DE ENGENHARIA

ENGENHARIA CIVIL

PORTOS E VIAS NAVEGÁVEIS

Prof. D.Sc. LUIS MIGUEL GUTIÉRREZ KLINSKY

São José dos Campos


FACULDADE DE ENGENHARIA
ENGENHARIA CIVIL

PORTOS E VIAS NAVEGÁVEIS


PROJETO GEOMÉTRICO
1. OBJETIVOS
2. TEORIA DO REGIME DO LEITO
3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL
4. MATERIAIS UTILIZADOS PARA A FORMAÇÃO DO LEITO DO RIO
5. EXERCÍCIOS
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

1. OBJETIVOS
O objetivo de realizar o projeto geométrico de um rio, ou sua
canalização, é fornecer as condições adequadas para a navegação
dos navios
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

1. OBJETIVOS

Os objetivos específicos podem ser organizados da seguinte forma:

a) Fixar um leito estável do rio e garantir que no futuro


esse curso será mantido
b) Formar um canal navegável e garantir a profundidade
de água suficiente para a navegação fluvial
c) Proteção contra inundações
d) Proteção das margens do rio
e) Recuperação dos valores naturais do rio
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

2. TEORIA DO REGIME DO LEITO


É uma síntese de conhecimentos empíricos, aplicável à estabilidade de
cursos de rios que transportam sedimentos

Baseia-se na observação de canais


não revestidos (erodíveis) que têm
se mantido ou têm evolucionado
até formas estáveis ao longo do
tempo, transportando água com
certa carga de sedimento

A “teoria” desenvolve o equilíbrio


dinâmico:
• da vazão sólida
• da vazão líquida
• da geometria hidráulica
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

2. TEORIA DO REGIME DO LEITO

2.1 APLICAÇÃO
Aplicável para a estabilização do curso de um rio, quanto a:
• Largura
• Profundidade
• Inclinação

Lacey (1930 e 1958) define as características do curso de um rio:


𝟓

(𝒅𝟓𝟎)
𝟏
𝟏 𝑸 𝟑 𝟔
𝒃 = 𝟒, 𝟖𝟑𝟏 ∙ 𝑸 𝟐 𝒀𝒎 = 𝟎, 𝟏𝟐𝟖 ∙ 𝟏 𝑺 = 𝟎, 𝟐𝟎𝟒 ∙
(𝒅𝟓𝟎)
𝟏

(𝑸)
𝟔
𝟔

b= largura do rio (m)


d50 = diâmetro médio da partícula (m)
Ym = profundidade média do rio (m)
S= inclinação do rio
Q = vazão do rio (m3/s)
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

O traçado de uma via navegável para o transporte fluvial, deve:


• Minimizar o custo do transporte
• Produzir mínimo impacto no meio ambiente

Cruzeiro no Rio Reno (Alemanha)


PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.1. PROFUNDIDADE

É a máxima profundidade com relação ao nível do espelho de água, para


propósito de navegação é considerada como uma profundidade segura
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.1. PROFUNDIDADE

Baseia-se nos • O casco do navio não deve sofrer danos


critérios • A manobra do navio não deve ser afetada

Calado do navio

Movimento vertical do
navio devido às ondas

Resguardo

Precisão da dragagem (30 a 60cm para areia)


Fundo do Canal (90 a 120cm para rocha)
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.2. DIMENSÕES DO PERFIL TRANSVERSAL

Para uma navegação segura no transporte fluvial, deve se garantir uma


seção transversal livre de circulação de embarcações

RECOMENDAÇÃO 1:
A proporção entre a área molhada e área do navio deve ser maior que 7

𝑨𝒔
𝒏= ≥𝟕
𝑨𝒃

As = área molhada do canal (m2)


Ab = área transversal do navio (m2)
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.2. DIMENSÕES DO PERFIL TRANSVERSAL


RECOMENDAÇÃO 2:
Profundidade mínima de 0,3 a 0,4 do calado máximo do navio, de
forma adicional

Calado
Máximo
0,3 a 0,4 do
Calado Máximo

Deve ser utilizado no mínimo 1,5m


PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.3. LARGURA DO CANAL


É definida em função da largura do navio padrão que irá navegar no
segmento projetado

2½⋅M

3⋅M com velocidade reduzida


5⋅M a toda máquina

2½⋅M
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.4. TRAÇADO EM PLANTA

• Não deve-se exagerar em


Eixo
determinar curvas concretas
• Observar o traçado natural do
rio e empregá-lo como base
do projeto
• Fargue recomenda que o
desenvolvimento da curva
seja em torno de 8 vezes a Bordas
largura do rio ,
• Ou , de forma que o traçado
resultante tenha uma
característica geométrica
similar a um meandro natural
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.5. TRAÇADO DA CURVA HORIZONTAL EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE

Determinam-se os raios mínimos da curva para uma velocidade do navio


no momento de ingressar em uma curva
𝑼𝟐
𝑹𝒎𝒊𝒏 =
𝟏𝟐𝟕( ∆ 𝒉 + 𝒇)
Rmin = raio de curvatura (m)
U = velocidade do navio (km/h)
Δh= diferença de altura entre a parte exterior e interior da curva
f = coeficiente de atrito transversal admissível entre o navio e a água

(𝑽𝒎𝒓) ∙ 𝒃
𝟐

∆𝒉 =
𝒈∙𝑹
Δh= variação da altura na seção transversal (superelevação)
Vmr = velocidade média na seção do canal (m/s)
b = largura do rio (m)
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.5. TRAÇADO DA CURVA HORIZONTAL EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE


𝑹
𝒆= −𝑹 ∆ 𝝅𝑹
𝒄𝒐𝒔( )
∆ 𝑳𝑪 =
𝟐 𝟏𝟖𝟎

Δ= ângulo de deflexão (radianos)


e = externa (m)
Ac = mediana (m)
l = longitude horizontal desde o
ponto do início da curva até o
final (m)
Lc = comprimento da corda da
curva (m)

( 𝟐 ) ( 𝟐 ))

(

𝒍 = 𝟐 ∙ 𝑹 ∙ 𝒔𝒆𝒏 𝑨𝒄 = 𝑹 𝟏 − 𝒄𝒐𝒔
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.6. LARGURA ADICIONAL NAS CURVAS HORIZONTAIS

𝒍𝟐 𝑬𝟐
𝑿= ≥
𝟒 ∙ 𝑹𝒎𝒊𝒏 𝟒 ∙ 𝑹𝒎𝒊𝒏

X= largura adicional na
parte exterior da curva
(m)

E = comprimento do navio
(m)

l = comprimento
horizontal desde o início
até o final da curva (m)
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

3. CONSIDERAÇÕES PARA O TRAÇADO DE UMA VIA NAVEGÁVEL

3.7. CURVA DE TRANSIÇÃO


𝟑
𝑳𝒆 = 𝒍
𝟐

le = comprimento da
transição (m)
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

4. MATERIAIS EMPREGADOS PARA FORMAR O CURSO DO RIO

Materiais especiais são utilizados para evitar inundações e proteger as


margens do rio, quando é projetado para o transporte fluvial

4.1. MUROS DE PEDRAS

• Materiais natural de
graduação grossa,
usualmente procedente de
pedreiras
• A estabilidade é atribuída ao
peso e à forma
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

4. MATERIAIS EMPREGADOS PARA FORMAR O CURSO DO RIO

Materiais especiais são utilizados para evitar inundações e proteger as


margens do rio, quando é projetado para o transporte fluvial

4.2. GABIÕES

• São recipientes
paralelepípedos, feitos de
arame preenchidos com
rochas graúdas

• Resistem a ação da
gravidade da água, como
ondas, erosão, empuxo

• Sua colocação é organizada


e são unidos por arama uns
aos outros
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

4. MATERIAIS EMPREGADOS PARA FORMAR O CURSO DO RIO

Materiais especiais são utilizados para evitar inundações e proteger as


margens do rio, quando é projetado para o transporte fluvial

4.3. ESPIGÕES

• São elementos construídos,


de forma vertical ou
inclinada à beira do rio,
para proteger algum
elemento
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

4. MATERIAIS EMPREGADOS PARA FORMAR O CURSO DO RIO

Materiais especiais são utilizados para evitar inundações e proteger as


margens do rio, quando é projetado para o transporte fluvial

4.3. ESPIGÕES

erosão colchão líquido


pilar estático linhas de fluxo
espigão espigões
linhas de fluxo

Espigão isolado e seu efeito na Rio com espigões de repulsão


margem a jusante
PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NAVEGÁVEIS

4. MATERIAIS EMPREGADOS PARA FORMAR O CURSO DO RIO

Materiais especiais são utilizados para evitar inundações e proteger as


margens do rio, quando é projetado para o transporte fluvial

4.4. FECHAMENTO DE BRAÇOS SECUNDÁRIOS

• Aprofundamento do canal principal


• Deposição dos materiais sólidos, à jusante

Sedimentação

Feitos em enrocamento
ou terra
Fluxo
Ilha
PORTOS

EXERCÍCIO 4.1
Definir as características do curso de um rio que tem vazão de 30m3/s, com
diâmetro médio de partículas de 0,4x10-4 m, utilizando a Teoria do Regime
de Lacey.
PORTOS

EXERCÍCIO 4.2

Calcular a velocidade máxima de um navio, para ingressar em uma


curva de rio com raio de 160m. Verificar a largura adicional e o
comprimento de transição da curva.

A velocidade do navio é de 10km/h e a velocidade da água do rio é


de 1,5m/s, a área de seção do rio é de 913 m2, a largura do rio é de
90m e o ângulo de deflexão é de 40o.
PORTOS

QUESTÕES

QUESTÃO 4.1.
Quais são os objetivos específicos do projeto geométrico de uma via
navegável ?

QUESTÃO 4.2.
A Teoria do Regime baseia-se em...

QUESTÃO 4.3.
O que deve ser considerado no cálculo da profundidade de uma via
navegável ?

QUESTÃO 4.4.
Qual é o parâmetro empregado no cálculo da largura de uma via
navegável?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Notas de aula de Luis Filipe Baptista – ENIDH/DEM (Portugal)


Notas de aula do Prof. Nelson (EESC-USP)

Você também pode gostar