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ARACAJU - SE
2021
1. Panorama da Comunicação Oficial
A língua tem sua finalidade de comunicar, quer sendo pela fala ou escrita. Para que
haja uma comunicação, é necessário ter:
- alguém que comunique;
- alguma coisa a ser comunicado;
- e o destinatário que recebe esse comunicado;
Na redação oficial, quem sempre comunica é o serviço público que são: este/esta
aquele/aquela Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção; que
sempre é algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; e o destinatário
dessa comunicação é o público, uma instituição privada ou outro órgão ou entidade
pública, do Poder Executivo ou dos outros Poderes.
É necessário empregar um determinado nível de linguagem nos atos e nos
expedientes oficiais que decorre, do próprio caráter público desses atos e
comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos
de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam o
funcionamento dos órgãos e entidades públicos, o que só é alcançado se, em sua
elaboração, for empregada a linguagem adequada.
2. O que é a redação oficial
A Redação Oficial é a maneira pela qual os órgãos públicos redigem atos
normativos e comunicações.
A redação oficial não é necessariamente árida e contrária à evolução da língua. É
que sua finalidade básica – comunicar com objetividade e máxima clareza – impõe
certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura,
do texto jornalístico, da correspondência particular etc.
3. Atributos da redação oficial
Seus atributos são caracterizado como:
• clareza e precisão;
• objetividade;
• concisão;
• coesão e coerência;
• impessoalidade;
• formalidade e padronização; e
• uso da norma padrão da língua portuguesa.
4. Introdução
Para começar uma redação oficial, é necessário atenção para o uso dos pronomes de
tratamento em três momentos distintos: no endereçamento, no vocativo e no corpo do
texto. No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário no início do documento. No corpo
do texto, pode-se empregar os pronomes de tratamento em sua forma abreviada ou por
extenso. O endereçamento é o texto utilizado no envelope que contém a correspondência
oficial.
5. O padrão ofício
Até a segunda edição do Manual de Redação da Presidência da República, havia três
tipos de expedientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que pela forma: o
ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo de uniformizá-los, deve-se adotar
nomenclatura e diagramação únicas.
6. Tipos de documento
Os documentos oficiais possuem quatro tipos, que são:
• Variações dos documentos oficiais;
Suas variações são: Circular, Conjunto e Conjunto Circular.
• Exposição de Motivos;
É um documento oficial enviado por um Ministro de Estado ao Presidente ou Vice-
Presidente da República.
• Mensagem;
É utilizada apenas para a comunicação oficial entre os Chefes dos Três Poderes Públicos.
• Correio Eletrônico;
É o meio de comunicação formal mais utilizado atualmente, não só na administração
pública, mas também no meio empresarial particular, devido ao seu baixo custo e
celeridade.
( 7. É somente uma breve introdução para os próximos capítulos.)
8. Ortografia
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer texto, e é mais importante
em textos oficiais. Muitas vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o
sentido da palavra, mas de toda uma frase.
Então, toda revisão que se faça em determinado documento ou expediente deve
sempre levar em conta também a correção ortográfica.
9. Uso de sinais
O Hífen é sinal usado para:
• Ligar os elementos de palavras compostas: vice-ministro;
• Para unir pronomes átonos a verbos: agradeceu-lhe;
• Para, no final de uma linha, indicar a separação das sílabas de uma palavra em
duas partes (a chamada translineação): com-/parar, gover-/no.
10. Formatação
• Aspas
Antes e depois de uma citação textual direta, quando esta tem até três linhas, sem utilizar itálico e
quando necessário, para diferenciar títulos, termos técnicos, expressões fixas, definições,
exemplificações e assemelhado.
• Itálico
títulos de publicações (livros, revistas, jornais etc.) ou títulos de congressos, conferências, slogans,
lemas sem o uso de aspas (com inicial maiúscula em todas as palavras, exceto nas de ligação) e
palavras e as expressões em latim ou em outras línguas estrangeiras.
• Negrito e sublinhado
Usa-se o negrito para realce de palavras e trechos.
(Obs.: Deve-se evitar o uso de sublinhado para realçar palavras e trechos em comunicações
oficiais. )
• Parênteses
São empregados para intercalar, em um texto, explicações, indicações, comentários, observações,
como por exemplo, indicar uma data, uma referência bibliográfica, uma sigla.
• Travessão
O travessão, que é representado graficamente por um hífen prolongado (–), substitui parênteses,
vírgulas, dois-pontos.
(Obs.: Não se usa hífen (-) no lugar de travessão (–) ).
• Uso de siglas e acrônimos
Sigla: constitui-se do resultado das somas das iniciais de um título;
Acrônimo: constitui-se do resultado da soma de algumas sílabas ou partes dos vocábulos de um
título.
11. Sintaxe
É a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras,
que, com ela, se unem para exprimir o pensamento. A clareza e a concisão na forma
escrita são alcançadas principalmente pela construção adequada da frase. O sujeito é o
ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. A fragmentação de frases
“consiste em pontuar uma oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação,
omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escrita, pois compromete a
clareza do texto.
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam,
na sua forma, às palavras de que dependem. A regência é, em gramática, sinônimo de
dependência, subordinação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de
dependência que as palavras mantêm na frase. Pontuações são: Vírgula, ponto e vírgula,
dois-pontos, ponto de interrogação e de exclamação. E para finalizar, os pronomes
demostrativos são: Situação no espaço, no tempo e no texto.
12. Semântica
A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, frases e unidades maiores da
comunicação verbal, os significados que lhe são atribuídos. A clareza é um dos
requisitos fundamentais de todo texto oficial, e deve-se atentar para a tradição no
emprego de determinada expressão com determinado sentido. O emprego de expressões
ditas de uso consagrado confere uniformidade e transparência ao sentido do texto,
verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo utilizadas.
A homonímia é a designação geral para os casos em que palavras de sentidos
diferentes têm a mesma grafia (os homônimos homógrafos) ou a mesma pronúncia (os
homônimos homófonos). Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia. A
linguagem dos textos oficiais deve sempre pautar-se pela norma padrão. Não é aceitável,
portanto, que, nesses textos, constem coloquialismos ou expressões de uso restrito a
determinados grupos, que comprometeriam sua própria compreensão pelo público.
13. Questões fundamentais da elaboração normativa
• Considerações preliminares
O Estado de Direito submete todas as relações ao regime da lei. Para tanto, as decisões
fundamentais para a vida da sociedade devem ser tomadas pelo Poder Legislativo, instituição
fundamental do regime democrático representativo. De um lado, a instituição de mecanismos
especiais destinados ao controle judicial da omissão legislativa, por outro lado, as exigências da
vida moderna não só impõem ao legislador o dever de agir, mas também lhe cobram resposta
rápida e eficaz aos problemas (dever de agir com a possível presteza e eficácia).
• Funções das normas jurídicas
No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa de concretizar a Constituição, elas
devem criar os fundamentos de justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento social
harmônico em um contexto de paz e de liberdade.
• Caráter subsidiário da atividade legislativa
É certo que a lei exerce um papel deveras relevante na ordem jurídica do Estado de Direito.
Porém, os espaços não ocupados pelo legislador não são dominados pelo caos ou pelo arbítrio. A
atividade legislativa é, e deve continuar sendo, uma atividade subsidiária. Significa dizer que o
exercício da atividade legislativa está submetido ao princípio da necessidade, isto é, que a
promulgação de leis supérfluas ou iterativas configura abuso do poder de legislar.
• Vinculação normativa do legislador e controle de constitucionalidade
A atividade legislativa deve ser exercida conforme as normas constitucionais (Constituição, art. 1°,
parágrafo único, e art. 5°). Da mesma forma, o poder regulamentar (Constituição, art. 84, caput,
inciso IV) deve ser exercido dentro dos limites estabelecidos pela lei. Isso significa que a ordem
jurídica não tolera contradições entre normas jurídicas, ainda que situadas em planos diversos.
14. Requisitos da elaboração normativa
O princípio da segurança jurídica, elemento fundamental do Estado de Direito, exige
que as normas sejam precisas e claras para que o destinatário das disposições possa
identificar a nova situação jurídica e as consequências que dela decorrem. As
formulações obscuras, imprecisas, confusas ou contraditórias devem ser evitadas.
15. Desenvolvimento de uma lei
• Considerações preliminares
A atividade legislativa não constitui um sistema linear e unidimensional em queos atores procedem
de forma previsível ou planejada. Ao contrário, a atividade legislativa é formada por um conjunto
de interesses diferenciados e de relações de força no complexo campo político
• O processo legislativo interno
Além do processo legislativo disciplinado na Constituição (processo legislativo externo), a
doutrina identifica o chamado processo legislativo interno, que se refere à forma de fazer adotada
para a tomada da decisão legislativa.
• Elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo federal
Diagnóstico, Alternativas, Competência legislativa, Necessidade de lei, Reserva legal, Norma
temporária, Medida provisória, Oportunidade do ato normativo, Densidade do ato normativo ,
Densidade do ato normativo, Norma penal, Norma tributária, Norma de regulação profissional,
Compreensão do ato normativo, Exequibilidade, Análise de custos envolvidos, Simplificação
administrativa, Simplificação administrativa e Avaliação de resultados.
16. Técnica legislativa
É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um espírito de sistema, tendo
em vista não só a coerência e a harmonia interna de suas disposições, mas também a sua
adequada inserção no sistema jurídico como um todo. Costuma-se distinguir a
sistemática da lei em sistemática interna (compatibilidade teleológica e ausência de
contradição lógica) e sistemática externa (estrutura da lei).
17. Tópicos de técnica legislativa
A norma jurídica, em sua acepção abstrata, se, por um lado, compreende a previsão
genérica de atos e fatos da vida social, por outro, tem por missão informar ao cidadão
sobre direitos e deveres por ela criados ou disciplinados, de forma clara e objetiva. Dessa
forma, são recomendados, a seguir, alguns recursos redacionais para a elaboração dos
textos normativos.
18. Apostila
• Definição e finalidade
A correção de erro material que não afete a substância do ato singular de caráter pessoal e as
retificações ou alterações da denominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a
denominação modificada em decorrência de lei ou de decreto superveniente à expedição do ato
pessoal a ser apostilado são realizadas por meio de apostila.
• Forma e estrutura
A apostila tem a seguinte estrutura:
Título: o termo “APOSTILA” escrito em letra maiúscula, com alinhamento
centralizado.
Texto: o conteúdo do texto deve apresentar a correção do erro material constante do ato
original.
Local e data: por extenso e alinhado à esquerda.
Identificação do signatário: abaixo da assinatura e com alinhamento à esquerda.
19. Atos normativos
• Forma e estrutura
A estrutura dos atos normativos é composta por dois elementos básicos: a ordem legislativa e a
matéria legislada. A ordem legislativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei ou do
decreto; a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao corpo do ato.
• Objeto
O Estado de Direito (Constituição, art. 1°) define-se pela submissão de diversas relações da vida
ao Direito. Assim, não deveria haver, em princípio, domínios vedados à lei. Essa afirmativa é,
todavia, apenas parcialmente correta. Existem matérias que, por força constitucional, não serão
objeto de lei ordinária. Nesse sentido, a Constituição define matérias de competência exclusiva do
Congresso Nacional (art. 49), a serem disciplinadas mediante decreto legislativo.
21. Lei complementar
• Definição
As leis complementares são um tipo de lei que não têm a rigidez dos preceitos constitucionais, e
tampouco comportam a revogação por força de qualquer lei ordinária superveniente.
• Objeto
Caberia indagar se a lei complementar tem matéria própria. Pode-se afirmar que, sendo toda e
qualquer lei uma complementação da Constituição, a sua qualidade de lei complementar seria
atribuída por um elemento de índole formal, que é a sua aprovação pela maioria absoluta de cada
uma das Casas do Congresso.
22. Lei delegada
• Definição
Trata-se de espécie normativa em desuso no âmbito federal. Apenas duas leis delegadas foram
promulgadas após a Constituição de 1988, a Lei Delegada n o 12, de 7 de agosto de 1992, e a Lei
no 13, de 27 de agosto de 1992.
• Objeto
A Constituição (art. 68, § 1°) estabelece que não podem ser objeto de delegação os atos de
competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação