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VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2012
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Teixeira, Lila Vianna, 1981-
T266p Produção de rainhas em espécies de abelhas sem ferrão
2012 com células de cria dispostas em cacho (Hymenoptera, Apidae,
Meliponini) / Lila Vianna Teixeira. – Viçosa, MG, 2012.
vi, 39f. : il. ; (algumas color.) ; 29cm.
Inclui anexo.
Orientador: Lucio Antonio de Oliveira Campos.
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Viçosa.
Inclui bibliografia.
______________________________ ______________________________
Georgina Maria de Faria Mucci José Eduardo Serrão
______________________________ ______________________________
Maria Augusta Lima Siqueira Denilce Meneses Lopes
_____________________________________
Lucio Antonio de Oliveira Campos
(Orientador)
Aos meus pais, José Geraldo e Vânia,
e aos meus irmãos, Nilo e Igor.
ii
AGRADECIMENTOS
RESUMO ........................................................................................................... v
ABSTRACT ....................................................................................................... vi
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
2. OBJETIVOS ................................................................................................... 5
4. RESULTADOS ............................................................................................. 13
5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 28
6. CONCLUSÃO .............................................................................................. 33
8. ANEXO I ....................................................................................................... 36
iv
RESUMO
v
ABSTRACT
Among Meliponini with exclusively trophic caste determination there are two
processes of royal cells formation. In the first of them royal cells are constructed
bigger than regular brood cells and containing all the food larvae will consume
during development. In the second one, royal cells are formed from an inicial
cell with the same size as a worker cell whose larva consumes its own and a
neighboring cell food supply. This last process was found in species with
clustered brood cells and through this same process gyne production in
queenless colonies is possible. The aim of this work was to study the gyne
production processes in Frieseomelitta silvestrii, Leurotrigona muelleri e
Austroplebeia australis. Royal cells formation was accompanied in all
experimental colonies, queenright and queenless. In all three species there was
royal cells formation in queenright and queenless colonies from inicial cells with
the same size as worker cells and gynes developed from larvae that had
consumed food from two cells. In F. silvestrii the second cell involved in a royal
cell formation process is an auxiliary cell. In L. muelleri both cells involved are
apparently equal brood cells. In A. australis second cell involved in royal cell
formation can be a brood cell similar to the initial one or a cell bigger than those
that originate workers. In all species with clustered brood cells studied by now,
and only on these species, royal cell formation occurs from two other cells. This
process is somehow associated to this brood cell arrangement. In conclusion,
queen production in Meliponini with clustered brood cells occurs by a different
process than that presented by species with brood cells in combs.
vi
1. INTRODUÇÃO
P. lucii
A
3
(Terada 1974, Faustino et al. 2002), P. lucii (Teixeira 2007) e L. muelleri (Terada
1974) — apresentam em comum a disposição das células de cria em cacho.
Esse arranjo das células em cacho é apresentado por mais de 10 gêneros de
Meliponini (conferir Anexo). Foi sugerido que “células de cria arranjadas em
cacho” seja uma condição ancestral entre os Meliponini (Michener 1961, Wille
1969, Wille e Michener 1973, Michener 1974). A partir desse arranjo de células
teriam surgido as células arranjadas em favos horizontais e posteriormente,
como adaptação a nidificação em cavidades muito estreitas, o arranjo em
cachos teria reaparecido como uma condição derivada em algumas espécies
(Michener 1961, Wille 1969, Wille e Michener 1973, Michener 1974). A filogenia
de Meliponini apresentada por Rasmussen e Cameron (2010) suporta a
hipótese de que a disposição das células de cria em cacho seja um caso de
homoplasia, ou seja, surgiu nos diferentes grupos por convergência evolutiva.
Após as observações de Faustino e colaboradores (2002) e Teixeira
(2007) tornou-se necessário o estudo mais aprofundado do processo de
produção de rainhas em colônias normais e órfãs de espécies que constroem
células de cria em cacho. A formação de células reais a partir de duas células
foi estudada em um pequeno número de espécies, nas quais ainda é apenas
parcialmente conhecida. Faz-se necessário, por exemplo, verificar se de fato
não há produção de células auxiliares em Leurotrigona e Frieseomelitta
conforme a descrição realizada por Terada (1974), ou se a produção de células
auxiliares observada por Faustino e colaboradores (2002) em colônias órfãs de
F. varia ocorreria também em colônias normais de Frieseomelitta e em colônias
normais e órfãs de Leurotrigona. Seria necessário ainda, verificar se os
processos apresentados pelas espécies já estudadas também ocorrem nas
outras espécies do mesmo gênero e em espécies de gêneros ainda não
estudados.
4
2. OBJETIVOS
5
3. MATERIAL E MÉTODOS
7
3.2. Produção de rainhas em Leurotrigona muelleri
8
Figura 4. Células de cria de Leurotrigona muelleri. Células novas à esquerda e
células velhas à direita da foto.
9
3.3. Produção de rainhas em Austroplebeia australis
11
Figura 6. Interior de uma das colônias experimentais de Austroplebeia australis
mostrando a região da cria e os tubos plásticos utilizados.
12
4. RESULTADOS
13
Tabela 1. Células reais e auxiliares observadas em colônias normais e órfãs de
Frieseomelitta silvestrii
colônias colônias
normais órfãs
Quantidade de células reais observadas 4 19
Células reais formadas a partir da adição sim: 2 sim: 17
de célula auxiliar não foi possível não foi possível
observar: 2 observar:: 2
A célula auxiliar foi desmanchada durante sim: 1 sim: 16
o período de observações? não: 1 não: 1
14
Figura 8. Etapas da formação de uma célula real em Frieseomelitta silvestrii. O
* marca a célula inicial, que se torna real; a seta marca a célula auxiliar. A)
célula inicial do tamanho de uma célula de operária. B) início da construção de
uma célula auxiliar. C) célula auxiliar completamente construída. D) célula
inicial com o tamanho ligeiramente aumentado. E) célula real já formada ainda
com a célula auxiliar. F) célula real sem a auxiliar.
15
4.2. Produção de rainhas em Leurotrigona muelleri
17
A
L. muelleri
18
Figura 11. Célula real construída grande desde o início em Leurotrigona
muelleri (indicada pela seta). A) célula real recém construída. B) célula real
contendo indivíduo em estágio avançado de desenvolvimento.
19
4.3. Produção de rainhas em Austroplebeia australis
21
Tabela 4. Células reais acompanhadas em colônias normais e órfãs de
Austroplebeia australis.
Colônias Colônias
normais órfãs
Quantidade de células reais acompanhadas 7 9
A célula real origina de quantas células? duas: 7 duas: 9
sim: 2 sim: 6
As duas células envolvidas já estavam na
não: 5 não: 2
caixa no dia da divisão?
não foi possível
observar: 1
A larva de uma das células fura a célula
sim: 7 sim: 9
vizinha?
A célula vizinha (que foi perfurada e teve seu sim: 61 sim: 91
conteúdo consumido) foi desmanchada? incorporada: 1
sim: 4 sim: 3
Uma das células era grande? não: 3 não: 4
não foi possível
observar: 2
A larva que fura estava em célula grande ou pequena: 6 pequena: 8
pequena? grande: 1 não foi possível
observar: 1
A célula real foi retirada experimentalmente
antes da emergência do adulto, foi retirada: 5 retirada: 5
desmanchada pelas operárias (devido a desmanchada: 1 desmanchada: 3
emergência do adulto ou interrupção do deixada: 1 deixada: 1
desenvolvimento) ou foi deixada na colônia?
sim: 6 sim: 7
A larva/rainha terminou o desenvolvimento?
não: 1 não: 2
1
duas células foram desmanchadas experimentalmente para verificar presença
ou ausência de orifício de conexão entre as células
22
Tabela 5. Rainhas de Austroplebeia australis coletadas andando dentro das
colônias experimentais ou retiradas de células reais que não puderam ser
acompanhadas e foram encontradas já em seu tamanho final, após o 40º dia
de observações.
colônias normais colônias órfãs
Quantidade de rainhas coletadas 6 19
colônia: 1 colônia: 6
De onde foram coletadas
célula: 5 célula: 13
B
A. australis
23
Figura 13. Surgimento de uma célula real, em Austroplebeia australis, desde a
construção até seu tamanho final. O * marca a célula pequena e a seta marca a
célula grande. A) antes da construção das duas células. B) as duas células já
estão construídas. C) um tubo plástico foi adicionado para permitir o
acompanhamento. D) a larva da célula grande perfura a parede entre as
células e consome o alimento contido na célula vizinha. E) a larva termina a
alimentação, aumenta de tamanho e a célula grande é remodelada. F) a célula
pequena é destruída.
24
Figura 14. Surgimento de célula real, em Austroplebeia australis, cuja larva
que perfura a célula vizinha é proveniente da célula pequena, do tamanho de
uma célula que origina operária. O * marca a célula grande e a seta indica a
célula pequena que tornou-se real após ter sido remodelada devido ao
aumento de tamanho da larva que ingeriu uma porção extra de alimento. A) as
duas células no início do processo, uma pequena e uma grande (maior que
uma célula que origina operária). B) a célula originalmente pequena aumenta
de tamanho em consequência do crescimento da larva que está em seu interior
e consumiu o alimento contido na célula vizinha. C) a célula que contém a larva
que perfurou a célula vizinha já está maior que a segunda célula envolvida no
processo. D e E) a célula inicialmente pequena aumenta de tamanho. F) a
célula inicial, com a larva que se torna rainha, atinge seu tamanho máximo; a
segunda célula, nesse caso, não foi desmanchada.
25
Figura 15. Surgimento de uma célula real, em Austroplebeia australis, a partir
de duas células do mesmo tamanho (do tamanho de células que originam
operárias). O * marca a célula inicial e a seta marca a segunda célula envolvida
no processo. A) as duas células envolvidas na produção de rainhas ainda do
mesmo tamanho. B) célula inicial já um pouco maior que a célula vizinha. C)
célula inicial maior que a célula vizinha, cujo conteúdo está sendo consumido
pela larva presente na célula inicial. D) célula real formada; a segunda célula foi
desmanchada.
26
Tabela 6. Detalhes da formação das células que deram origem a machos
gigantes em colônias órfãs de Austroplebeia australis (n=4)
Uma das células era grande? sim: 4
sim: 2
A larva de uma das células fura a célula vizinha?
não: 2
pequena: 1
A larva que fura é de célula grande ou pequena?
grande: 1
sim: 1
A célula vizinha é desmanchada?
não: 3
27
5. DISCUSSÃO
• Se, como sugere Michener (1961), parte das espécies que constroem
células em cacho deriva de espécies que construiriam células de cria
organizadas em favos, com o ressurgimento do arranjo das células em
cacho, haveria também ressurgimento da formação de células reais a
partir de duas células, como observado em Plebeia lucii.
30
Figura 18. Filogenia de Meliponini com informações relativas à organização
das células de cria e ao processo de construção de células reais. O ( ) marca a
célula com a larva que se tornará rainha. A filogenia utilizada foi adaptada a
partir da Fig 3 do trabalho de Rasmussen e Cameron 2010. As refêrencias
utilizadas para a disposição das células de cria encontram-se listadas no
31
Anexo. Consideramos que todas as espécies com células de cria dispostas em
favos (exceto as do grupo Melipona), e em favos irregulares, constroem células
reais grandes desde o início, sem perfuração de célula vizinha. As referências
utilizadas relativas aos processos de produção de rainhas em grupos com
células de cria dispostas em cachos encontram-se listadas na própria figura.
32
6. CONCLUSÃO
33
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JARAU, S.; VAN VEEN, J. W.; TWELE, R.; REICHLE, C.; HERRERA
GONZALES, E.; AGUILAR, I.; FRANCKE, W.; AYASSE, M. 2010. Workers
make the queens in Melipona bees: identification of geraniol as a caste
determining compound from labial glands of nurse bees. Journal of Chemical
Ecology. 36: 565–569.
34
MICHENER, C. D. 1974. The social behavior of bees. Cambridge,
Massachusetts: The Belknap Press of Harvard University Press. 404p.
SAKAGAMI, S. F. 1982. Stingless bees. In: Social Insectes Vol III. Hermann,
H.R. (ed.). New York: Academic Press. pp 361–423.
WILLE, A. 1969. A new species of stingless bee Trigona (Plebeia) from Costa
Rica, with descriptions of its general behavior and cluster-type nest. Revista de
Biología Tropical. 15(2): 299–313.
WILLE, A.; MICHENER, C. D. 1973. The nest architecture of stingless bees with
special reference to those of Costa Rica (Hymenoptera, Apidae). Revista de
Biología Tropical. 21(supl. 1): 1–278.
35
8. ANEXO
36
Tabela: Continuação…
Gênero Arranjo das células de cria Referência
Nannotrigona favos 1
Nogueirapis favos 1
Odontotrigona* - -
Oxytrigona favos 1
Parapartamona favos 7
Paratrigona favos 1
Partamona favos 1
Platytrigona* - -
Plebeia 1 favos 8
Plebeia 2 cacho 8
Plebeiella favos 1
Plebeina favos 1
Ptilotrigona favos 2/9
Scaptotrigona favos 1
Scaura 1 favos / cacho 8 / 10
Scaura 2 favos 8
Schwarziana favosb 1
Schwarzula cacho 1
Sundatrigona favos 11
Tetragona favosb / favos irregulares 2/8
Tetragonilla cacho 6
Tetragonisca favos 2 / 12
Tetragonula cacho / favos / favos irregulares 1
Tetrigona cacho 8
Trichotrigona cacho 1
Trigona favos / favos irregulares 13
Trigonisca cacho 1
a
a referência encontrada é sobre uma espécie do mesmo gênero, mas que não
entrou no trabalho de Rasmussen e Cameron 2010
b
podendo ser espirais
* não foi encontrada nenhuma referência sobre o tipo de arranjo de células de
cria dessa espécie.
37
1. MICHENER, C. D. 2007. The bees of the world. Baltimore: The Johns
Hopkins University Press. 953p.
38
8. WILLE, A.; MICHENER, C. D. 1973. The nest architecture of stingless bees
with special reference to those of Costa Rica (Hymenoptera, Apidae). Revista
de Biología Tropical. 21(supl. 1): 1–278.
11. SAKAGAMI, S. F.; INOUE, T.; YAMANE, S.; SALMAH, S. 1989. Nests of
the myrmecophilous stingless bee, Trigona moorei: How do bees initiate their
nest within an arboreal ant nest. Biotropica 21:265–274.
39