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GOIÂNIA
2018
JEFFERSON RODRIGUES DA SILVA
GOIÂNIA
2018
JEFFERSON RODRIGUES DA SILVA
BANCA EXAMINADORA
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Orientador: Prof. Ms. Weiler Jorge Cintra nota
________________________________________________
Examinador Convidado: Prof. Ms. Weiler Jorge Cintra Júnior nota
A Deus, a minha família e a todos que me ajudaram
a chegar até essa fase de minha vida.
Ao brilhante Prof. Ms. Weiler Jorge Cintra que de
diversas maneiras facilitou a conjectura e a confecção deste
artigo científico.
.
SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................... 6
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6
1. DAS DISCRIMINAÇÕES POSITIVAS ÀS COTAS RACIAIS ................................. 7
1.1 HISTÓRICO LEGAL DE COMBATE À DISCRIMINAÇÃO RACIAL ...................... 7
1.2 DAS MEDIDAS ESPECIAIS DE INSERÇÃO SOCIAL .......................................... 9
2. AUTOIDENTIFICAÇÃO X HETEROIDENTIFICAÇÃO……………………………..11
2.1 POPULAÇÃO NEGRA………………………………………………………………...11
2.2 AUTOIDENTIFICAÇÃO X HETEROIDENTIFICAÇÃO…………………………….13
3. COMISSÃO DE ANÁLISE DE FENÓTIPOS.........................................................15
3.1 INCONSTITUCIONALIDADE E CONSTRANGIMENTO ILEGAL........................15
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 17
6
RESUMO
INTRODUÇÃO
1
Acadêmico do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, e-mail:
jeffersonrds.rodriguesdasilva@gmail.com
7
Tais gritos até hoje ecoam nos palácios, nos salões e nas academias,
contudo a rua nos mostra que ainda estamos imersos no contexto social do século
XIX, onde há divisões sociais muito bem definidas, e que tem na cor da pele seu
fator de mais fácil detecção.
Visando amenizar um pouco dessas desigualdades, muito por conta do
racismo, “[...] crença de que existe hierarquia entre raças e etnias’’, do preconceito
racial, “[...] opinião consolidada que conduz a uma generalização equivocada sobre
determinada etnia.”, e da discriminação racial, “[...] atitudes intolerantes, restritivas
ou excludentes que ofendem o princípio da igualdade” (CASTILHO, 2010), no Brasil
fora tentado punir os que exteriorizavam essa ideologia de superioridade étnica, os
que cerceiam, impedem, dificultam, ofendem o grupo étnico negro.
A primeira demonstração de tal visão é a Lei nº 1.390, de 3 de julho de
1951, conhecida como “Lei Afonso Arinos”, que trouxera em seu corpo normas que
tipificavam determinadas atitudes como contravenções penais, penalizando o infrator
que recusasse hospedar, servir, atender ou receber, em estabelecimento comercial
ou de ensino de qualquer natureza, cliente, comprador e aluno, por preconceito de
raça ou de cor. Todavia, tipificar determinadas atitudes discriminatórias como
“crimes anões”, dá uma visão do que esses delitos são para o Estado brasileiro e a
sociedade em si, menores, não ferem nenhum importante bem jurídico.
Contudo, vivendo, ainda, o pós-guerra, os Estados Nacionais, dentre eles
o Brasil, através da ONU, adotaram em 21 de dezembro de 1965, a Convenção
sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, que preencheu
enormes vazios e norteou políticas públicas no intuito de erradicação do racismo. No
Brasil este tratado internacional fora internalizado por meio do Decreto 65.810 de
1969. Mesmo contendo enormes avanços e inserido no ordenamento jurídico pátrio,
tal avença internacional não produzira efeitos práticos em âmbito doméstico.
Somente em 1988, com a Constituição Cidadã é que o fim do racismo, da
discriminação racial e do preconceito racial se fez presente como princípio,
fundamento e objetivo da República Federativa do Brasil.
Porém, mais uma vez, a ideia de punir se sobrepôs à ideia de inserir, pois
em 1989, o legislador, Lei nº 7.716, definiu os crimes resultantes de preconceito de
raça e de cor, penalizando de forma, agora, mais gravosa o racista, o discriminador
e o preconceituoso. Essa prevalência da punição foi, ainda, ampliada com a Lei nº
9.459/97, que acrescentou às questões de raça e cor também o preconceito ou à
9
2. AUTOIDENTIFICAÇÃO X HETEROIDENTIFICAÇÃO
Sob outra ótica, além dos aspectos históricos, culturais e sociais, essas
comissões de análise de fenótipos encontram-se eivadas de outros vícios, os vícios
da inconstitucionalidade, haja vista a flagrante afronta ao princípio da Hierarquia das
Normas pois, com o intuito de regulamentar Lei Ordinária, espécie normativa
primária, fora editada e publicada Orientação Normativa que notadamente atenta
contra matéria exposta na norma primária, já que tal Orientação limita e até
contradiz a lei, porque ao afirmar que para se ter direito ao ingresso em carreira
pública federal faz se necessária a verificação da auto declaração como negro,
coloca o que dispõe a lei sob a orientação, e da ilegalidade, por eliminar um
candidato com base nesta Orientação Normativa que é inconstitucional.
Como já analisado, o parágrafo único do art. 2º da Lei nº 12990/2014, traz
de forma expressa e clara como proceder após a posse, porém não há o
procedimento quando do transcurso do certame.
Então, limitar-se-á o acesso pela simples interpretação da orientação
normativa que apregoa que negro não é o que se autodeclara, mas sim o que a
Comissão de Análise de Fenótipos confirmar que o seja. Portanto, a Lei que
entabula expressamente que negro é aquele que se autodeclara negro, a Orientação
Normativa diz que não, para ser negro não basta autodeclarar-se negro, é condição,
para ser negro, a confirmação de outra pessoa que analisará tão somente traços
físicos e que dirá se tal candidato autodeclarado é negro ou não.
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novamente, de forma ilegal, para que esses terceiros digam se este é ou não é
negro, se este mente ou não mente, se este tentou fraudar ou não os ditames do
concurso público que se dispôs a se inscrever com o escopo de ingressar onde
antes seus antepassados somente lhe faziam a manutenção e segurança, ou
simplesmente passavam à porta.
A Constituição da República de 88 aduz que “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, princípio da
legalidade, art. 5º, II. Se a lei que obriga é inconstitucional, fazer ou deixar de fazer
em virtude desta, caracteriza-se como ilegal, sofrendo, então, o candidato negro ao
constrangimento ilegal por parte da banca examinadora que adota tal “Tribunal
Racial” como meio para verificar a falsificação da autodeclaração.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS