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1.1 - Parâmetros geométricos e de material apresenta, para cada espécime, os valores
dos espécimes médios obtidos para o diâmetro externo,
Os seis espécimes foram fabricados a partir espessura, ovalização e excentricidade antes
de três dutos de aço grau API 5L X60, dos testes de dobramento. Na Tabela 3 são
identificados por T1, T2 e T3. Foram listados os valores médios obtidos para o
fabricados dois espécimes (denominados A e diâmetro e a ovalização após os testes. Os
B) a partir de cada duto. Cada espécime foi valores de diâmetro sofreram pequenas
fabricado com uma solda circunferencial alterações devido às solicitações mecânicas
central usando-se as técnicas de soldagem durante os testes de dobramento. Nota-se que
SMAW (shield metal arc welding) no ovalizações foram amplificadas de forma
enchimento e GTAW (gas tungsten arc significativa após os testes.
welding) na raiz. Os parâmetros geométricos
nominais dos espécimes, dados pelo diâmetro Tabela 2 – Parâmetros geométricos dos
externo (D), espessura (t) e comprimento (L), espécimes antes dos testes de dobramento.
são apresentados na Tabela 1. Espécime D (mm) t (mm) D/t ∆o (%) Ξo (%)
T1A 219,63 15,45 14,22 0,168 3,578
Tabela 1 – Parâmetros geométricos nominais
dos espécimes. T1B 220,07 14,94 14,73 0,166 4,082
D t L T2A 219,22 15,40 14,24 0,206 4,583
(m)
(mm) (pol) (mm) (pol) T2B 219,25 15,24 14,39 0,184 4,575
219,08 8,625 15,06 0,593 5,2 T3A 219,94 15,59 14.11 0,243 4,386
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base para a realização do teste de 1.3 - Resultados
carregamento, de forma que fossem obtidas O intervalo de tensões adotado nos testes de
medidas de deformação longitudinal. As fadiga foi escolhido baseando-se em curvas S-
cargas adotadas para a obtenção da N disponíveis na literatura que sugerem que,
amplitude de tensão e tensão média para essa faixa de tensões, o número de
desejadas foram então aplicadas ao ciclos de vida à fadiga (N) recai,
espécime, que foi subseqüentemente aproximadamente, entre 105 a 107 ciclos.
rotacionado como no teste de fadiga real, mas Todos os espécimes apresentaram trincas
para um limitado número de ciclos. As passantes antes de 107 ciclos.
deformações foram registradas e as
informações posteriormente processadas para 2 – Análises Numéricas
a obtenção das tensões reais atuantes no
espécime. Caso necessário, então, as cargas As análises numéricas visam a simular apenas
inicialmente aplicadas eram corrigidas para os testes de fadiga, pois as deformações
que os parâmetros de teste de carga plásticas resultantes dos testes de
desejados fossem atingidos. dobramento foram introduzidas no modelo
Os testes de fadiga foram realizados até a numérico através da consideração de
detecção de uma trinca passante. As trincas deformações iniciais.
passantes foram detectadas de forma O modelo numérico foi desenvolvido com o
consistente com o auxílio de uma bexiga de auxílio do método dos elementos finitos,
borracha vedada colocada em torno da região incorporando grandes rotações e deformações
da solda circunferencial e inflada com ar a finitas.
uma pressão de aproximadamente 15 psi O programa comercial ABAQUS [2] foi
(100 kPa), Figura 3. empregado na geração da malha base do
modelo e nas análises de elementos finitos,
enquanto que o programa comercial
ZENCRACK [3] foi usado para gerar a trinca
inicial sobre a malha base e atualizar a malha
ao longo do processo de propagação da
trinca. A propagação da trinca, baseada na
Mecânica da Fratura Linear Elástica (MFLE),
se dá através da espessura do modelo.
Tendo em vista a geometria e a posição do
defeito, condições de simetria foram adotadas
visando a se reduzir o modelo numérico para
1/4 de sua geometria, mostrada
esquematicamente na Figura 4, onde a região
Figura 3 – Bexiga de borracha e sensor óptico da solda é destacada. Os planos 1-2 e 2-3
usado para a detecção de trincas passantes. foram adotados como sendo planos de
simetria.
Como a perda repentina de pressão pode O comprimento do modelo numérico foi
indicar a presença de uma trinca passante no adotado como sendo 2D, onde D é o diâmetro
espécime, a superfície externa da membrana externo da sua seção transversal. No entanto,
foi constantemente monitorada por um sensor admitindo-se a simetria em relação ao plano
óptico ligado ao sistema de aquisição de 2-3, foi modelada apenas metade desse
dados e de controle. No momento do comprimento, ou seja, D. Esse comprimento
esvaziamento da bexiga, o feixe de laser reduzido foi considerado suficiente para que
emitido pelo sensor óptico posicionado em um as tensões resultantes do carregamento no
lado da bexiga atinge o sensor no lado oposto bordo não afetassem a região da trinca. Isso
da mesma, indicando o seu esvaziamento e foi verificado em uma análise numérica
interrompendo automaticamente o teste. preliminar de flexão pura com o modelo sem
Geralmente, trincas passantes detectadas defeito.
dessa forma não eram aparentes por simples A trinca inicial simula o defeito de falta de
inspeção visual. A posterior inspeção com penetração induzido nos espécimes dos testes
líquido penetrante era usualmente suficiente experimentais. O defeito de falta de
para identificar as regiões de falha. penetração na raiz da solda é um defeito
plano, orientado na direção circunferencial, e
pode ser definido através de um comprimento
(c) e uma altura (h) (Figura 4). Considerando a
simetria em relação ao plano 1-2 em x3 = 0,
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apenas metade do comprimento do defeito foi dos resultados, avaliação do crescimento da
representada e posicionada no plano 2-3. trinca e atualização da malha pelo
ZENCRACK, até que este processo seja
interrompido devido à excessiva distorção dos
elementos ou à aproximação da frente da
trinca em relação à superfície externa do
modelo.
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curvas consideradas, admitindo-se da/dN em um arranjo de três crack-blocks que contém a
mm/ciclo e ∆K em MPa⋅m1/2. trinca inicial.
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As malhas mais refinadas (3 e 4)
apresentaram um consumo de tempo
computacional excessivo, além de não terem
demonstrado vantagens para este caso
específico. Comparando-se as malhas 1 e 2, a
última mostra-se mais apropriada, pois os
large crack-blocks geraram radialmente 5
elementos na parte “aberta” da face da trinca
e 5 elementos na parte “fechada”, em
detrimento de 4 e 6, respectivamente, para a
malha 1. Assim, quando a trinca se propaga
através da espessura do duto, a malha 2
apresenta menores distorções dos elementos.
Dessa forma, foram adotados os large crack-
blocks st28x1 e sq112ax4, correspondentes à
malha 2.
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de tração e de momento positivos (+T e +M) e
aplicação de tração positiva e de momento
negativo (+T e -M). O passo de carga
correspondente à aplicação de tração e
momento positivos (+T e +M) é indicado
esquematicamente na Figura 11.
+M
+T
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0,43 e 3,38, quando a deformação inicial é experimentais compreende duas fases:
nula, e entre 0,55 e 4,46, quando a iniciação (nucleação) e propagação da trinca.
deformação inicial é igual a 3%. Admite-se em geral que a duração à fadiga de
uma junta soldada é constituída unicamente
pela fase de propagação, não sendo
importante incluir o período de iniciação da
trinca. Dessa forma, a simulação numérica
baseada na Mecânica da Fratura,
considerando apenas a fase de propagação
de trinca, através da adoção da lei de Paris, é
considerada satisfatória. Na Figura 13 são
mostrados alguns estágios intermediários de
propagação da trinca referentes a uma análise
numérica em que se adotou a curva da/dN
versus ∆K levantada para R = 0,5 sem a
consideração de deformação inicial.
Figura 12 – Frentes da trinca desenvolvidas No caso dos testes experimentais, tem-se que
em uma análise completa do modelo T1B. as fraturas por fadiga dependem não só da
qualidade do material utilizado, mas também
Tabela 7 – Resultados numéricos (R = 0,1). da fabricação e técnica de soldagem adotada,
Espécime R=0,1 estando estes fatores relacionados com as
/ fases de iniciação e propagação de trinca por
Modelo Deformação Deformação
inicial = 0 inicial = 3% fadiga. Assim, esses fatores podem ter
contribuído para as diferenças observadas
T1A 628.795 388.509
entre os resultados experimentais e numéricos
T1B 2.342.739 1.079.385 de vida à fadiga.
Deve-se ressaltar que o fato de as curvas
T2A 554.804 353.994
da/dN versus ∆K adotadas terem sido
T2B 1.620.699 827.250 levantadas com o uso de corpos de prova
fabricados em aço API X-65 e adotando-se a
T3A 1.429.863 737.224
técnica de soldagem GTAW, tanto no
T3B 170.711 169.678 enchimento como na raiz, também pode ter
influenciado nos resultados numéricos de
Tabela 8 – Resultados numéricos (R = 0,5). forma a distanciá-los dos experimentais.
A forma de detecção de trincas passantes nos
Espécim R=0,5 testes experimentais é outro aspecto que pode
e/
Modelo Deformação Deformação ter causado a discrepância entre os resultados
inicial = 0 inicial = 3% numéricos e experimentais. Para que as
T1A 273.478 349.277 trincas passantes fossem detectadas nos
testes experimentais, elas deveriam assumir
T1B 1.031.047 980.548 um tamanho na superfície externa do
T2A 241.064 318.166 espécime suficiente para que as moléculas de
ar pudessem migrar da bexiga inflada para
T2B 713.415 747.467 dentro do duto. No momento em que a bexiga
T3A 625.796 674.701 sofresse esvaziamento, o teste era
interrompido e o número de ciclos registrado.
T3B 73.591 119.001 Em contrapartida, a análise de elementos
finitos era interrompida quando o primeiro nó
A diferença observada entre os resultados da frente da trinca se aproximasse de uma
numéricos e experimentais pode ser explicada distância limite em relação à superfície
considerando-se as diferenças entre a base externa do duto ou por excessiva distorção da
das simulações numéricas realizadas e os malha, não sendo, em ambos os casos,
procedimentos dos testes de fadiga. A identificada a formação de uma trinca
simulação numérica consistiu em uma análise passante. Assim, em alguns casos, o número
com base na Mecânica da Fratura que de ciclos de vida à fadiga obtido nos testes
reproduz a propagação por fadiga de uma experimentais pode ter sido superestimado,
trinca pré-existente segundo uma lei de enquanto que a performance à fadiga obtida
propagação determinada. Entretanto, o nas análises numéricas pode ter sido
fenômeno de fadiga ocorrido nos testes subestimada. Isso pode ter provocado baixas
razões entre Nnum e Nexp em algumas análises.
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considerado como sendo uma trinca inicial
plana, mas de fato corresponde a um espaço
vazio na raiz do cordão de solda e isso pode
ter gerado, em alguns casos, um número
superestimado de ciclos de vida à fadiga
obtido numericamente.
Observa-se que as análises numéricas em
que se adotou a curva da/dN versus ∆K
levantada para R = 0,5 sem a consideração de
deformação inicial obtiveram resultados que
apresentaram uma melhor correlação
numérico-experimental. Os resultados
apresentados a seguir serão relativos a essas
análises.
A Figura 14 mostra um gráfico, em
coordenadas logarítmicas, de faixa de tensão
aplicada (∆σ) versus número de ciclos de vida
à fadiga (N) para os resultados numéricos.
Neste gráfico, também são apresentadas
curvas S-N de projeto para juntas soldadas
circunferenciais de dutos, dadas pela BSi [5]
(E e F2) e pela API [6] (curva X’). As curvas E
e F2 são definidas para desvio padrão igual 2.
O gráfico na Figura 14 apresenta pontos de
fadiga abaixo da curva E, e até mesmo um
ponto abaixo da curva X’. Tal comportamento
também foi observado em alguns testes
experimentais. Isso não significa que as
curvas de projeto sejam inadequadas para
este tipo de junta soldada. Isso de deve ao
fato de que os defeitos induzidos possuem
dimensões superiores às estabelecidas no
critério de aceitação de defeitos. Durante a
fabricação dos espécimes não foi possível, em
todos os casos, gerar defeitos com as
dimensões desejadas, isto é, dentro do critério
de aceitação pré-estabelecido.
500
400
300
200
∆σ (N/mm2)
100
90
80
Figura 13 – Estágios intermediários de 70
60
propagação da trinca. 50
40
X'
30 F2 para d=2
No caso do teste de fadiga do espécime T1A, E para d=2
20 Resultados numéricos para R=0,5
após a trinca ter se propagado através da (sem deformação inicial)
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experimental. O trabalho numérico [3] ZENCRACK, 2002, “ZENCRACK User
compreendeu o desenvolvimento de um Manual for Zencrack 7.0”, Zentech
modelo de elementos finitos visando a simular International Ltd.
a propagação de trincas por fadiga em [4] de Marco Filho, F., Propagação de Trincas
defeitos de solda de SCRs. de Fadiga em Juntas Soldadas de Aço API 5L
Foram observadas algumas discrepâncias Grau X-65 para Utilização em Risers Rígidos.
entre os resultados numéricos e experimentais Tese de D.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro,
que podem ser justificadas a partir da RJ, Brasil, 2002.
consideração das diferenças entre a base das [5] British Standard, “Guide on methods for
simulações numéricas realizadas e os assessing the acceptability of flaws in metallic
procedimentos dos testes de fadiga. structures”, BS 7910:1999.
A simulação numérica da propagação de [6] The American Petroleum Institute (2001),
trincas por fadiga consiste em um trabalho API Recommended Practice 2A-WSD (latest
bastante complexo, que envolve diversos edition).
parâmetros e fatores que nem sempre podem
ser levados em conta. Isso torna difícil a
obtenção de uma boa correlação numérico-
experimental. No entanto, o procedimento
numérico desenvolvido mostrou-se bastante
eficiente, apesar dos fatores de discrepância
mencionados.
O trabalho numérico conseguiu definir uma
distribuição dos pontos no gráfico de faixa de
tensão aplicada (∆σ) versus número de ciclos
de vida à fadiga (N) bem “próxima” à obtida
experimentalmente. Neste sentido, está se
colocando que a tendência dos resultados de
fadiga, em relação às curvas de projeto, foi
obtida com sucesso.
É verdade que para as diversas curvas da/dN
consideradas, alguns resultados apresentaram
uma alta discrepância, mas estes ocorreram
para apenas um dos seis espécimes
analisados.
O trabalho realizado demonstrou que a
metodologia de análise desenvolvida é válida.
Entretanto, para que a simulação seja
realizada com sucesso, é necessária a
determinação precisa das propriedades de
fadiga do material para o nível de
carregamento considerado (R).
4 - Agradecimentos
5 – Referências Bibliográficas
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