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análise comparativa
comparative analysis
analyse comparative
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Joicy Leide de França Santos. BOTAR ENDEREÇO E EMAIL
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Representações sociais sobre eutanásia entre estudantes de direito e medicina: uma análise
comparativa
analysis
analyse comparative
RESUMO
A prática de eutanásia ativa o debate sobre os alcances dos esforços terapêuticos em situações
termo indutor eutanásia para 120 universitários. Os dados foram submetidos separadamente a
de duas representações sociais distintas. Através da ACM foi observado um campo léxico
ligado à imagem da morte para Medicina e a valores e normas para Direito, tendo ainda a
ABSTRACT
The practice of euthanasia activates the debate about the scope of therapeutic efforts in
borderline situations and implies the society in the discussion of values and social beliefs
involved in the management of the person. The objective was to analyze the social
representations about euthanasia between students of law and medicine. A free association
questionnaire was applied with the term inductor: euthanasia for 120 university students. The
analysis, some variations were identified in the central nucleus hypothesis, which refer to the
possibility of two distinct social representations. Through the ACM, a lexical field was
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observed, linked to the image of death for Medicine and to values and norms for Law, with
religion as a significant variable in the reorganization of the representational field, being able
RESUMEN
La pratique de l'euthanasie active le débat sur la portée des efforts thérapeutiques dans des
situations limites et engage la société dans la discussion des valeurs sociales et des croyances
d'association libre a été appliqué avec le terme inducteur: euthanasie pour 120 étudiants
universitaires. Les données ont été soumises séparément à une analyse prototypique (logiciel
travers l'analyse prototypique, des variations ont été identifiées dans l'hypothèse du noyau
l'ACM, un champ lexical a été observé, lié à l'image de la mort pour la Médecine et aux
2004). Martin (1998) argumenta que face aos dissensos que constituem os discursos
produzidos sobre o fim da vida, olhar a morte enquanto fenômeno de ordem inteiramente
biológica configura-se em um caminho por vezes confortável, uma vez que especialmente na
cultura ocidental, o manejo desse tema remete à angústia frente à ideia da finitude. Entretanto,
esse tipo de simplificação deixa de lado a reflexão sobre a complexidade e pluralidade dos
significados sobre vida e morte, incorporando a ideia de ser humano unicamente como um
Fonseca, 2011).
manter a vida. O uso desses novos meios - somado à excessiva liberdade de poder exercida
pelos médicos, no que concerne às intervenções sobre o corpo e vida do paciente - suscitou
acerca da morte e o manejo das doenças (Menezes & Ventura, 2013). Segundo Diniz e
Guilhem (2017, p. 15) “o desenvolvimento tecnológico fez surgir dilemas morais inesperados
sofrimento e dignidade do sujeito. Temáticas estas, que compõem o cerne das discussões
de vista social e moral que contribuíram para que a bioética surgisse, tais como: as pesquisas
direitos humanos. Por volta de 1974 organizou-se nos Estados Unidos a Comissão Nacional
culminou na publicação do relatório de Belmont, que serviu como fator de impulso para a
consolidação da bioética nos centros universitários. Os achados deste relatório traziam que o
conhecimento biológico e a ética são imprescindíveis para o respeito aos valores humanos.
Baseados nesse fundamento foram construídos três princípios éticos universais: o respeito às
(Diniz & Guilhem, 2017; Ribeiro, 2006). A bioética apresenta-se enquanto campo científico
(Kovács, 2003). Neste campo, a eutanásia ganha espaço de destaque por se constituir sob um
pano de fundo controverso, que invoca diferentes valores e crenças sociais nas tomadas de
designações. Atualmente, embora ainda exista um frágil consenso em relação ao seu contorno,
a eutanásia tem sido entendida como a prática que abrevia o fim da vida em situações de
como: ativa, passiva, voluntária e involuntária. A ativa envolve a ação de outro, que age em
respectivamente (Felix et al., 2013; Menezes & Ventura, 2013). Outra prática relacionada aos
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Ainda de acordo com Felix et al., (2013) a distanásia pode ser compreendida como “morte
difícil” uma vez que se trata de um procedimento cuja finalidade consiste em, através do uso
suspensão de recursos que possuem por finalidade estender o processo de morte, que por
vezes conferem um intenso grau de sofrimento para o sujeito. A ortotanásia tem sido
relacionada ao sentido de “boa morte” e “morte digna”, uma vez que seu conceito propõe a
morte a seu tempo, sem que seja antecipada ou adiada, possibilitando ao paciente todo o
princípio de que o sujeito deve ter direito de decisão no que concerne a própria vida, e ainda,
que a eutanásia pode ser interpretada de forma humanística, uma vez que livra o sujeito de
Não obstante, existem os que insistem em afirmar que uma vez descriminalizada, há a
poderia ser acometido por pressões psicológicas exercidas por terceiros movidos por
interesses financeiros ou outros não relacionados a fins altruístas. Ainda dentre os argumentos
contrários, do ponto de vista religioso, preconiza-se que a vida deve ser tratada como bem
sagrado e inviolável (Carmona et al., 2011). Kovács (2003) e Martin (1998) argumentam que
no Brasil existe um paradoxo legal uma vez que são assegurados por lei o direito à vida e o
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porém, não se reconhece o direito de morrer. Dessa forma, o paciente não ocupa o lugar
central no manejo das decisões a respeito de como lidar com seu processo de morte, tampouco
acerca da inexistência de uma legislação voltada para essa finalidade, alimenta a conduta dos
embora descriminalizada desde 2010 ainda é alvo de discordâncias e sua prática tutelada pela
cuidado engajando diversos saberes e compondo assim um terreno fértil para reflexões em
termos de representações sociais (RS). A teoria das representações sociais (TRS) nos permite
através de seu aporte teórico refletir sobre a apropriação do conhecimento científico pelo
práticas e discursos. Todavia, essas teorias de senso comum possuem caráter dinâmico e não
produto da representação não é a criação de uma réplica do objeto. Não obstante, lida-se com
alguém, modifica-se e recria-se aquela realidade fenomênica sobre o mundo. Uma vez que se
considera o sujeito ativo nesse processo, e que as representações não tratam da reprodução
dinâmico, não há como precisar onde uma representação social começa ou termina. É
relevante destacar que nem toda representação é uma representação social. Existem também
Segundo Santos (2005), o objeto da representação precisa ter relevância social para o
grupo e pode assumir diferentes formas de acordo com o contexto. Pode-se dizer também que
que confere a produção de sentidos sobre o mesmo e até mesmo a sua nomeação. E polêmico,
pois por vezes envolve conflitos de valores e controvérsias. As práticas sociais atuam na
para a ação, não só porque guia os comportamentos, mas sobretudo porque remodela e
Este artigo tem como enfoque a abordagem estrutural, por se dedicar a investigação da
organização dos elementos que constituem uma representação social. Faz parte dessa
Este exerce papel estruturante e sua ausência poderia significar a inexistência de um objeto de
RS. Funciona então como “princípio organizador” (Sá, 2002). Enquanto estrutura, o núcleo
primeira atrelada à criação, transformação e significação dos elementos que formam a RS.
RS. O núcleo central “determina a natureza dos laços que unem em si os elementos
como um “pára-choque“ entre os esquemas estranhos que buscam refutar o núcleo central,
impedindo que o mesmo mude com facilidade: “os desacordos da realidade são absorvidos
(Flament, 2001, p. 178). Na abordagem estrutural, entende-se que é preciso que haja o
compartilhamento de um mesmo núcleo central para que se possa considerar elementos como
representações sociais sobre eutanásia para estudantes de medicina e direito, com o intuito de
do direito e da saúde, uma vez que, podem vir a ocupar um espaço de poder e se deparar em
MÉTODO
Participantes
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estudantes de todos os períodos do curso durante os dois semestres letivos de 2016. Levando
em consideração o número integral de participantes, 55% foi composta por mulheres e 45%
homens. Quanto à variável religião 67,5% se declararam não praticantes e 32% praticantes.
Instrumentos
ou evocação livre de palavras, com o termo indutor eutanásia. Dessa forma, foi solicitado aos
participantes que escrevessem as 5 primeiras palavras que lhe viessem à cabeça quando se
pensa no termo eutanásia. Posteriormente, foi pedido que realizassem uma hierarquização da
importância de cada termo dado como resposta ao estímulo indutor. Foi aplicado também, um
de análise de dados textuais. O Tipo de análise realizada com o auxílio do IRAMUTEQ foi a
prototípica, uma técnica elaborada por pesquisadores da abordagem estrutural da teoria das
pelos participantes são distribuídas, pela análise prototípica, em quatro quadrantes. O primeiro
agrupa as expressões que foram mais frequentes e hierarquizadas como mais importantes,
12
As palavras que formam o segundo quadrante ou primeira periferia dizem respeito aos
elementos que possuem um número alto de frequência de evocações, mas que não contam
com um grande grau de importância. O terceiro quadrante ou Zona de contraste conta com os
quarto quadrante ou última periferia encontram-se as palavras com menor grau de importância
frequências múltiplas para a realização do teste de centralidade das evocações. Foi utilizado
prototípica. Com base na fórmula a seguir, também utilizada por Andrade (2014) e Morais
∑ 𝑓𝑡 − ∑ 𝑓𝑝
𝑄𝑢𝑒𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝑄𝐹 ) = × 100
∑ 𝑓𝑡
O cálculo de queda de frequência descrito acima funciona como um parâmetro para
termos com forte índice (≤40%) de evocação entre os três termos mais importantes.
O menu R.TeMis foi desenvolvido por Gilles Bastin Milan e Bouchet-Valat (2014). É
palavras ou expressões em termos através dos radicais das palavras. O R.TeMis foi utilizado
aceita variáveis com apenas duas modalidades para o cálculo de Análise de Correspondência
(AC) e realiza a ACM tanto a partir do cálculo de co-ocorrência, quanto sem este cálculo.
possibilidade de uma reorganização dos dados evocados a partir da associação das variáveis
com os respectivos fatores (ou variáveis latentes). Os conteúdos evocados foram, então,
fatores, formando, assim, campos lexicais associados aos polos de cada fator (Oliveira &
Amaral, 2007).
Procedimentos éticos
(TCLE).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
representacional.
Foram obtidas 297 expressões com o termo indutor eutanásia entre os estudantes de
essas expressões foi de 39,4%. Em função desse índice todas as expressões presentes
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São elementos que possuem um alto grau de frequência e importância para o grupo. As
sujeito como ativo no processo de decisão sobre como e quando morrer (Felix et al., 2013;
sobre o corpo do outro (Diniz & Guilhem, 2017). Corpo este que possui vida, cuja própria
conceituação e limites estão marcadas por uma série de controvérsias (Martin, 1998).
da eutanásia como prática que livra o sujeito que sofre acometido por uma fase terminal, ou
seja, remetem a uma prática com fins humanísticos (Carmona et al., 2011). Já a forte presença
da palavra morte parece estar ligada à objetivação da eutanásia para os estudantes de medicina
estabilidade de uma RS. Age como obstáculos para que os esquemas estranhos não atinjam
com tanta facilidade o núcleo central, que é o componente que define as representações
sociais (Flament, 2001; Sá, 2002; Santos & Almeida, 2005). Algumas das expressões que
escolha, compaixão, respeito, doença e direito; parecem também remeter à noção de crença da
eutanásia como uma prática que livra o sujeito de um estado final de sofrimento reforçando os
autonomia e dignidade no que concerne a vida e corpo do outro (Carmona et al., 2011). Esses
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elementos poderiam estar ligados à dimensão normativa das representações por remeterem à
ideia de regras sociais que para o grupo poderia estar relacionada às noções de direitos e
a uma dimensão polêmica do objeto eutanásia para o grupo de medicina, por demonstrar a
frente a esta prática. Pode-se observar também essa dimensão na presença de conflitos
investigado, pois enquanto que para alguns a eutanásia remete ao alívio, para outros pode se
Foram obtidas 298 expressões com o termo indutor eutanásia entre os estudantes de
direito, destas, 133 foram diferentes. O percentual de queda de frequência geral para essas
família aparece como uma figura de importância na literatura sobre eutanásia por possuir um
papel legal de responsabilidade em relação ao familiar, que por encontrar-se por vezes em
estado de grave comprometimento da saúde e não consegue responder por si (Felix et al.,
18
2013).
decisão a respeito de quando e como morrer. Aparecem com grande destaque no primeiro
quadrante as evocações: liberdade e direito, cuja ancoragem pode remeter aos direitos
fundamentais, como algo que possibilita ao sujeito ser autônomo em relação às decisões
aparecem com percentuais de queda de frequência semelhantes e com alto grau de frequência
aos sentidos que são produzidos acerca da ideia de vida, morte e seus limites. Bem como, em
relação à autonomia de escolha em relação a quem detém ou deveria deter o poder sobre o
componente que possui um papel importante na definição das atitudes, crenças e práticas dos
grupos sobre o objeto eutanásia. A religião possui tamanho destaque nas tomadas de posição
prática religiosa como modalidade de variável para compreensão das possíveis variações
sustentação à escolha deste trabalho por controlar à prática religiosa dos participantes. A
que regulam as práticas, valores atitudes e crenças sobre eutanásia. Na literatura além da
prática com fins beneficentes a noção de corpo acometido por grave doença e sofrimento
irreparável são algumas das condições que fazem parte do tênue limite que separa a eutanásia
central, a saber autonomia, direito à vida e fim do sofrimento. A zona de contraste ilustra a
manipulação do próprio corpo e corpo do outro, como sugerem as palavras dor, tristeza, e
desespero que remetem a crenças nas emoções que podem estar ligadas ao objeto eutanásia.
O termo tabu aparece com destaque no terceiro quadrante. Pode-se refletir sobre esse
elemento atrelado a evocação morte. A noção sobre morte e finitude são encaradas como
temáticas difíceis de serem tratadas, especialmente no ocidente e que por vezes são sanadas
direito
hipótese do núcleo central e periferia da RS, existem também elementos únicos ligados ao
funcionamento próprio de cada grupo. De acordo com a leitura da abordagem estrutural sobre
as representações sociais, é preciso que haja um mesmo núcleo central para que se considere
princípio organizador e definidor das representações sociais pode ocasionar uma significação
distinta para a RS, configurando-a como uma nova representação social (Flament, 2001; Sá,
2002). Dessa forma, pode-se pensar na hipótese de que o grupo de medicina e direito embora
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alívio, família, liberdade e sofrimento. Sofrimento e alívio podem estar vinculados à dimensão
destaque e pode remeter-se tanto a relação dos profissionais de medicina e direito com a
família do sujeito que deseja ou não praticar a eutanásia, quanto à relação do próprio sujeito
As palavras dignidade e direito aparecem com maior força para o grupo de direito pois
compõem a hipótese do núcleo central da RS enquanto que figuram na zona de contraste para
atitudes e valores dos estudantes de direito em relação a prática da eutanásia, suscitando uma
dimensão identitária.
central para o grupo de medicina. Autonomia pode estar ligada à dimensão normativa da RS
para o grupo de medicina, como algo que poderia ser assegurado ao sujeito que deseja praticar
a eutanásia. Este termo alude também aos conflitos bioéticos em relação a quem tem o poder
sobre o corpo e decisão sobre os métodos de como morrer, remetendo aos dilemas da
Para a análise prototípica foi utilizada uma clivagem por curso, buscando-se
evidenciar uma hipótese de núcleo central da RS de eutanásia para cada grupo estudado. A
elementos com maior índice de contribuição para este fator, sendo o percentual de inércia
variável curso de direito. Identificou-se, uma distribuição entre conteúdos ligados a uma
análise reflexiva sobre a eutanásia versus conteúdos destinados a considerações práticas sobre
o objeto. Tal variação de posicionamentos entre os estudantes de direito e medicina, pode nos
indicar atitudes frente aos tipos de exigências de tomada de decisões em suas práticas
profissionais.
Considera-se que os elementos com maior percentual de contribuição para cada curso
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foi nomeado: prático, em virtude da conotação prática que circunscreve os conteúdos mais
associados a este polo, a saber: morte, terminal, lei, paciente terminal. Percebe-se de modo
geral, que os termos que mais estão associados a variável curso de medicina, estão ligados às
da eutanásia frente ao paciente. Paciente esse, que é indivíduo, corpo, que sente dor, que
adoece, que sofre, que vive, que morre. Quais seriam os critérios que norteariam a prática da
eutanásia? Quem seriam os sujeitos que a solicitariam? Qual o lugar da medicina e do médico
utilizados por Menezes e Ventura (2013) para discutir sobre a conceituação da eutanásia. A
abreviação da vida e consequentemente o contato com a morte faz parte das reflexões
teórico- práticas a respeito desse tema. Sabe-se que não há um consenso quando se fala sobre
vida ou morte nos diversos campos do saber científico, religioso, político ou social (Siqueira-
Batista & Schramm, 2004). A dor é um forte elemento que aparece nessa dimensão prática
manejar essa dor (Ribeiro, 2006). Esse componente está ligado também a dimensão das
emoções que suscitam a prática da eutanásia, uma vez que a presença da dor é usada para se
E nesse sentido, a Bioética vem trazer reflexões sobre a dignidade dos sujeitos e
autonomia da qual desfrutam ou não em relação a seus corpos. Esses debates suscitam o
posicionamento dos profissionais que lidam com a gestão das práticas de cuidado dos corpos
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A variável curso de direito está localizada no polo negativo do eixo horizontal. Este
foi denominado reflexivo em razão dos elementos mais significantes que o compõe, a saber:
tabu, direito à vida, dignidade, amor e subjetivo. Esses termos podem estar ligados às
referenciais dos campos do saber científico, social e político que o grupo de direito faz a
respeito da temática da eutanásia. Essa discussão se reporta também à prática, uma vez que o
teor dessas reflexões se volta para a aplicabilidade da eutanásia e as demandas que podem
uma vez que é inerente a reflexão sobre morte e finitude quando se toca neste ponto.
temática da morte ou fim da vida mantém-se velada por gerar incertezas e até mesmo
valorativa da representação social da eutanásia para os estudantes de direito uma vez que
esse profissional lida com a viabilidade e licitude legal das ações na sociedade. Remonta
decisões no que concerne seu corpo e vida (Kovács, 2003; Ribeiro, 2006). Os elementos
eutanásia para o grupo de direito. Na conceituação sobre eutanásia é colocado que essa
prática pode ser interpretada com um fim de beneficência para o sujeito, misericórdia, ou seja
um ato de amor. Nesse sistema de pensamento isso se explica devido ao fato dessa prática
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acordo com os princípios bioéticos ela promoveria também a dignidade dos sujeitos ao
processo de morte.
A adesão religiosa obteve uma forte associação para o fator 2 (vertical) da análise de
praticante destacou uma associação entre a adesão a prática religiosa e uma atitude negativa e
termo família ganha nessas representações sociais de eutanásia, demonstra uma dimensão
relacional da prática, de modo que o processo de tomada de decisão a esse respeito, parece
também usados para justificar a criminalização da eutanásia. Estes, sustentam que a vida é
um bem sagrado e inviolável. E ainda que a vida e a morte pertencem a Deus, logo não
caberia ao próprio sujeito ou a seus familiares decidirem como e quando uma vida deve ter
fim. Nesse sentido, romper com essa ordem é transgredir a uma norma/lei religiosa. A ideia
principalmente as de origem cristã. Pois, embora a vida pertença a Deus nessa perspectiva, o
homem também possui o direito de livre arbitrar em suas decisões (Carmona et al., 2011).
elementos que o compõe são: hospital, individual, escolha, liberdade, fim, suicídio assistido,
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decisão difícil e compreensão. Os elementos desse polo aludem a uma dimensão mais
decisão difícil, acentua o caráter polêmico e socialmente sensível para a realização desta
tomada de decisão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
global dos elementos centrais das representações sociais de eutanásia para estudantes de
representações sociais distintas sobre esse objeto. A abordagem estrutural propõe que o lugar
de coerência de uma representação social é o seu núcleo central, argumento que ratifica a
organização variados em seus núcleos centrais, uma vez que a coerência global da
organizador. Desse modo, foi possível identificar, através da análise prototípica, uma variação
entre de um lado uma representação normativa, apoiada na prática e objetivada na morte para
os estudantes de medicina, e do outro uma representação apoiada numa análise mais coletiva e
das especificidades nos campos de sentidos que cada grupo construiu sobre a eutanásia. Foi
possível identificar duas polarizações nesse quadro de análise, uma vinculada à associação
correspondências múltiplas ratifica a hipótese proposta pela análise prototípica, cuja variação
entre os sentidos que os estudantes produzem sobre a eutanásia se apoia numa antinomia entre
reflexão e prática. Nesse sentido, os conteúdos mais específicos para estudantes de direito e
medicina, também evidenciam uma variação nas ancoragens entre um campo mais reflexivo
Por meio das análises realizadas neste artigo, evidencia-se o caráter polêmico e
mobilizador social que a prática da eutanásia suscita entre os estudantes, de modo que não
diferentes posicionamentos sobre a eutanásia. Por fim, esses resultados nos levam a
circunscrita pelas ancoragens desses grupos, ou seja, por campos de conhecimentos prévios
que são alimentados por diferentes inserções sociais e pertenças grupais. Desse modo, as
variações identificadas nesta análise, pode nos indicar tanto a construção de diferentes
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do próprio grupo de pertença, que impele à seleção e reorganização desta prática de maneiras
específicas.
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