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ou não).

De acordo com a lei que temos, os progenitores/responsáveis parentais podem


perguntar se, na sua área de residência ou na zona da escola dos filhos, há “pedófilos”.
O tópico das consequências jurídicas do crime é abordado por poucas faculdades, sob
a esteira da ideia (errada) de não possuir dignidade dogmática – estaria, segundo esta
corrente, incluída na doutrina geral do crime (lecionada no ano passado). Assim, a medida
da pena aplicada a um caso concreto estaria relacionada com um feeling por parte do juiz.
Temos esta conceção como inaceitável: o art. 71º/3 do CP refere que, na sentença, têm
de ser referidos os fundamentos da medida da pena. E só isto faz sentido: mesmo de um
ponto de vista “populista” – a condenação é o elemento mais relevante para o povo
(quando alguém pratica um crime, espera-se sempre saber em quanto foi condenado o
agente).
CAPÍTULO I
CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA SANCIONATÓRIO PORTUGUÊS
1. Princípios orientadores do programa político-criminal de emanação jurídicoconstitucional
A caracterização do programa político-criminal do nosso ordenamento jurídico, apenas
pode ser proveniente da CRP: do conjunto de princípios jurídico-constitucionais de
natureza penal, diretamente ligados à parte das consequências jurídicas do crime.
Note-se que, além dos princípios, são também importantes as regras constitucionais
em matéria de consequências jurídicas, dentro das quais se destacam:
→ A proibição da pena de morte (art. 24º/2 CRP);
→ A proibição da submissão a penas cruéis, degradantes ou desumanas (art. 25º/2);
→ A proibição de penas ou medidas de segurança privativas/restritivas da
liberdade com caráter perpétuo, ilimitado ou indefinido (art. 30º/1)
a) Princípio da legalidade
Como já sabemos de anos anteriores, o princípio da legalidade parte da ideia de que
não há crime sem lei. Dentro da matéria que abordamos, significa-se aqui que não há pena
ou medida de segurança sem lei prévia.
Resulta deste princípio também a ideia de não podermos aplicar uma pena mais grave
do que aquelas que estão previstas (arts. 29º/3, 4 e 165º/1/c CRP).
Esta é uma nota característica da Constituição portuguesa. Na Alemanha, por exemplo,
não se estende o princípio da legalidade às medidas de segurança - este vale
exclusivamente para as penas.
No nosso OJ, desde a CRP de 1976 (ainda que aqui o princípio só se estendesse para as
medidas de segurança privativas da liberdade), o pp. da legalidade abrange as medidas de
segurança. Há um condicionamento histórico para que assim se passe no nosso país: as
medidas de segurança, que se alicerçam na perigosidade do agente e não na sua culpa, são
recorrentemente usadas por regimes totalitários – tendo, nomeadamente, sido usadas para
fins políticos durante a ditadura do Estado Novo.

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