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APRESENTAÇÃO FINAL

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Muito bom dia. Espero que estejam todos bem e que estejam todos a ter um dia maravilhoso tal como eu.
Normalmente para empresas como a Total E&P Angola, as bolsas de estudo não passam de um mero
compromisso social que possuem com o Estado ou País onde exercem as suas actividades. Mas pude
notar, ao longo dos 2 anos e pouco em que estive vinculado à empresa, que é muito mais do que isso, pois
o comprometimento foi real, a vontade de proporcionar condições ideais para a formação do estudante foi
honesta e o voto de confiança que me foi dado, impagável.
Meu nome é Danilo Sebastião, sou Engenheiro Químico e responsável pela produção de artigos já vistos e
utilizados pela maioria das pessoas aqui presentes, e hoje estou cá para falar-vos, sob a minha perspectiva,
da Trajectória Acadêmica de um estudante bolseiro da total no ISPTEC.

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Numa fase em que o ensino médio técnico deixava de ser um factor diferencial para o mercado de
trabalho, tal como muitos vi-me obrigado a repensar sobre aquela que seria a minha a minha profissão, e
sobre o veículo para conseguir me tornar num profissional de sucesso, a Universidade. Tendo passado os
últimos 3 anos estudando Petroquímica no IMIL, também conhecido como Makarenco, tanto nas aulas
teórico-práticas, como no trabalho de monitoria de laboratório, juntamente com o desejo de infância de
trabalhar na área de Petróleos, decidi então fazer o curso de Engenharia Química, pois permitira que
continuasse seguindo o sonho, sem ter de fechar a porta à outras alternativas.
Não haviam muitas opções na altura para quem quisesse fazer Engenharia Química e eu considerei apenas
duas delas: UAN e ISPTEC.
Podia simplesmente ter escolhido a opção mais segura, ser + um daquela que talvez seja a universidade
mais renomada do país. Mas a ideia de ser um dos primeiros quadros, de uma instituição cujo projecto foi
abraçado por uma grande empresa nacional, aprender com professores com mais de 200 publicações em
artigos científicos e com cientistas reconhecidos internacionalmente era boa demais para deixar passar.
Sim, a ambição do ISPTEC era grande, e por este motivo foi a única instituição onde me inscrevi, pois
tinha a certeza que era ali onde me queria formar e que passaria no exame de admissão.

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Após ter passado pelo exame de acesso, começou então a jornada que viria a juntar-me à uma das maiores
companhias petrolíferas do mundo. O ISPTEC cumpriu com o prometido, ensino diferenciado e exigente,
laboratórios devidamente equipados para diversas áreas do saber e biblioteca com um grande número de
volumes e actualizada. Mas tal qualidade exigia um preço, e por isso, tinham uma das propinas mais caras
na altura.
Os primeiros anos foram de adaptação à nova fase e às normas da instituição e, apesar de algumas
dificuldades, passei por eles sem grandes percalços. Estava tudo a correr bem até que chegou então a
recessão económica que assolou o país em 2014, momento bastante difícil para muitas famílias angolanas
e para os estudantes em particular, pois muitos tiveram de trocar de universidade para continuar os
estudos e outros, com menos possibilidades, tiveram que ficar em casa. Mas face a um ambiente tão
inseguro e instável, foi possível continuar a caminhar rumo ao sonho, embora que, a preocupação de
poder ou não pagar a mensalidade seguinte passou a ser constante.
Em Fevereiro de 2015 tive conhecimento do concurso para bolsas internas da Total E&P Angola, da
maneira mais inusitada possível, pela partilha de uma imagem num grupo de whatsapp. O processo foi
demorado, testes atrás de testes, alguns deles de surpresa, entrevistas e longos períodos de espera, sem o
feedback entre cada uma das fases, o que sugeria a rejeição. O concurso durou cerca de nove meses e
enquanto passava por ele decidi dedicar-me mais aos estudos, pois queria que a empresa conhecesse a
minha melhor versão quando me fosse atribuída a bolsa.

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Foi então no dia 19 de Outubro de 2015, que fomos chamados para mais uma entrevista aqui na sede da
Total e, postos na sala de reuniões, fomos informados que dos mais de 1000 candidatos àquelas bolsas,
éramos os 7 contemplados e em seguida assinamos o tão esperado contrato. De salientar que dos 7
candidatos apurados, eu era o único do ISPTEC.
A bolsa da Total desencadeou grandes mudanças na minha vida, dentre elas, destaco as seguintes:
Confiança – houve uma grande injeção de confiança, que fez com que acreditasse mais em mim, que
estava no caminho certo e que tinha feito boas escolhas até ao momento.
Responsabilidade – a responsabilidade aumentou exponencialmente pois agora representava uma empresa
renomada, portanto, tinha de esforçar-me para manter tal título. Além disso, naquela época a maioria dos
estudantes do ISPTEC eram bolseiros de uma outra instituição, sendo que os da Total éramos pouco mais
de 10. Éramos vistos de forma diferente e a responsabilidade aumentou devido a isto.
Conforto financeiro – após a recessão económica perdurou o sentimento de incerteza e foi um grande
alívio quando pude finalmente colocar esta preocupação à parte, pois a questão das propinas e compra de
material didático era agora assegurada pela bolsa.

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Mesmo com as dificuldades, o ISPTEC manteve a sua preocupação em formar bem os seus estudantes,
pois apesar da recessão económica, continuou com o seu programa de intercâmbio de professores com a
UFRJ, que anualmente trazia os melhores professores daquela instituição para nos instruírem durante
algumas semanas. Era um período muito difícil para os estudantes, pois tínhamos de aprender em um, o
que normalmente levava seis meses a ser ensinado. Nem tudo é um mar de rosas na vida acadêmica, a
cada obstáculo no percurso, como repetição de cadeira, prazos de entrega de trabalhos demasiado curtos
ou ainda o exercício de escrever o TCC, aprendemos competências imprescindíveis para o mercado de
trabalho, que a longo prazo, nos irão tornar em profissionais melhores.
Ao contrário do que muitos pensam, terminar o curso de Engenharia é mais difícil do que começá-lo e
isto acontece por que antes mesmo de terminar, o estudante já inicia a caminhada profissional; Procurar
estágios, preparar a monografia, procurar e analisar propostas de emprego e cumprir as deadlines são os
factores que contribuem para isso.

Numa altura em que as empresas estavam numa onda de redução de pessoal e as que não estavam a
despedir também não estavam a recrutar, a pressão só aumentava até que fui surpreendido com uma
chamada da Ex Gestora de Bolsas da TEPA a informar que eu teria direito ao estágio supervisionado
obrigatório do curso.
Foi revigorante, era o que precisava para terminar bem o curso e dar inicio a jornada profissional.

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O estágio foi feito na Base Industrial da Total, situada na Base SONILS na Boavista, no Departamento de
Métodos, Higiene, Segurança e Ambiente, onde tive a oportunidade de estar num ambiente de trabalho
bom, com profissionais comprometidos e educados, que ensinaram-me os primeiros passos e
principalmente os passos certos para o sucesso no mercado de trabalho. Os 1ºs dias foram difíceis, devido
à saída da minha zona de conforto e pelo medo do desconhecido, mas à medida que me foram confiando
mais tarefas, senti-me mais seguro e a experiência tornou-se muito mais interessante.
Comecei a participar de safety meetings e safety tours ao longo do perímetro da base, mas a melhor
lembrança, foi ter participado e presidido reuniões de sensibilização ao ambiente, verificação e
actualização dos MSDS dos produtos armazenados no parque de químicos e colagem de avisos e stickers
para uma correta segregação de resíduos, pois estas actividades contribuíram directamente para a
Certificação da Base Industrial pela Norma ISO 14001 no final do ano de 2017.
Durante o período de estágio, foi possível associar o conhecimento acadêmico para facilitar a solução dos
desafios na empresa. Aliás, este é o diferencial que o ISPTEC proporciona, não adianta ter 20 valores
numa prova de mecânica automóvel e não conseguir encontrar a cambota ou trocar o óleo do motor de um
carro. Do mesmo jeito que não adianta ter 20 valores na prova de ética e não cumprimentar os colegas de
trabalho, desde aqueles que trabalham directamente connosco, às equipas que cuidam da limpeza e
segurança do património da empresa. Com estes exemplos eu percebi que não adiantava ter o título de
Engenheiro e não resolver conseguir pegar em problemas reais, modelar e resolvê-los recorrendo aos
conhecimentos científicos e à tecnologia.

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Toda esta jornada, composta por momentos marcantes, tanto bons quanto maus, culminou com o grande
dia. A outorga de diplomas é, discutivelmente, o momento mais aguardado na vida de um estudante. É um
dia preenchido por sentimentos mistos, desde a noção que perderia o contacto diário com os
companheiros de batalha, à insegurança por ter de enfrentar o medonho mundo do desemprego, pelo
menos para aqueles que não estivessem já a trabalhar. Mas se houve um sentimento que foi predominante
neste dia, de certeza que é o de dever cumprido. Tínhamos provado ao mundo que éramos capazes.
Superamos todas as expectativas, ultrapassamos obstáculos e barreiras e enchemos de orgulho aqueles
que foram os principais patrocinadores desta conquista: Os Familiares. Passou então a ser oficial.

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É impressionante o quanto alguém pode mudar quando exposto à diferentes situações durante a longa
caminha que é a licenciatura.
Cada uma das experiências pelas quais passei, contribuiu significativamente para a meu desenvolvimento
como pessoa, tanto a nível profissional quanto pessoal.
Há cerca de um ano que trabalho como Engenheiro de Produção na indústria química, mais propriamente
na empresa BASEL Angola, especialista na produção de detergentes, e neste curto período já fui alvo de
uma promoção que me tornou supervisor e principal responsável pela produção de uma vasta gama de
detergentes líquidos, como podem ver na imagem. Temos na nossa carteira de clientes todas as grandes
superfícies comerciais e também vendedores particulares de pequeno e médio porte. Por isso disse no
início, que sou responsável por produtos que a maioria de vocês já viu ou utilizou, e peço-vos, da próxima
vez que o fizerem, lembrem-se, que tal só foi possível devido à excelente relação que existe entre estas
duas fantásticas instituições.

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