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Hoje a Igreja celebra com alegria a Solenidade da Natividade de São João Batista.

Neste Evangelho podemos destacar a maneira com a qual o Senhor realiza suas obras,
permitindo até àquela que era de idade avançada e estéril, que desse à luz àquele que
anunciaria e prepararia os caminhos do Senhor. Aquela esterilidade significava o
esgotamento da lei e da religião por eles observada, o judaísmo do segundo templo. Por
mais que se esforçassem, os condicionamentos sociais, culturais e religiosos não
permitiam que vida nova brotasse daquela situação. Somente através de uma
intervenção de Deus poderia mudar o rumo daquela história. Desde o anúncio pelo anjo
a Zacarias, o mesmo cala-se e perde a fala até ao nascimento de João, o precursor do
Senhor; e então recupera a fala. Que significado tão sublime tem o silêncio de Zacarias
senão uma preparação para aquele que viria proclamar o reino de Deus, conduzir todos
a Jesus e convidar todos a conversão, sendo humilde de reconhecer em ser somente o
que anuncia, ou como ouvimos muitas vezes, a “...voz que clama no deserto...”, e não a
Palavra, que é o Cristo. Não tendo medo de falar, acusar e até mesmo denunciar toda e
qualquer injustiça sofrida pelo povo, silencioso e humilde é também valente e decidido
até o derramamento de seu sangue. Ao olharmos quem depositou total confiança em
Deus sem hesitar, percebemos como a graça de Deus pode ser manifestada em nossas
vidas, quando observamos que: João nasce de uma anciã estéril; Cristo nasce de uma
jovem virgem. O futuro pai de João não acredita que este possa nascer e é castigado
com a mudez; Maria acredita, e Cristo é concebido pela fé. João apareceu como o ponto
de encontro entre os dois testamentos, o Antigo e o Novo. Representando assim antigo e
anunciando o novo. Porque representa o Antigo, nasce de pais velhos; porque anuncia o
Novo, é declarado profeta quando está ainda nas entranhas de sua mãe. Na verdade,
ainda antes de nascer, exultou de alegria no ventre materno, à chegada de Maria. Já
então ficava assinalada a sua missão, ainda antes de nascer; revelava-se de quem era o
precursor, ainda antes de O ver. Ao termino da narração o Evangelista Lucas nos diz
que: “a mão do Senhor estava com o menino”. Está é uma expressão comum utilizada
no Antigo Testamento para indicar que Deus guiava, capacitava e protegia alguém para
uma missão importante. Para nós é fácil perceber que realmente “a mão do Senhor
estava com João”. Se ele conseguiu cumprir a missão de preparar o caminho para Jesus
é porque deixou-se guiar pela inspiração que vinha de Deus. É este o ensinamento que o
Batista vem nos deixar neste dia. Deixar-se guiar pela inspiração Divina. Em nossas
vidas e em nossa vocação enfrentamos diversas situações, muitas delas nos conduzem
ao Senhor, porém a correspondência do chamado que ele nos fez, da missão que Ele nos
incumbiu cabe somente a nós; e se as vezes o caminho fica estreito, os trabalhos ficam
pesados é por que de fato não estamos nos deixando ser guiados pela graça divina.
Neste momento devemos então exercitar a humildade, pedir ao Espirito Santo que nos
ensine ser humildes como João, para reconhecermos nosso lugar e percebermos assim
como João se somos dignos ou não de desamarrar as correias das sandálias do Senhor.
Se o Senhor está contente com quem somos e com o caminho que estamos trilhando.
Lembremos que João é graça do alto, porque o Senhor o escolhera para aplainar as
veredas do Messias. Assim também nós somos chamados a participar deste múnus
profético do Precursor: Deus quer que nos tornemos outros "Joões" e, levando o nome
de Jesus a cada um daqueles que o Senhor faz cruzar nossas vidas, sejamos graça e luz
para os outros.
A dúvida brotou no coração de Zacarias e ele foi castigado, após perceber e acreditar no
cumprimento do que o Senhor lhe havia prometido o castigou se encerrou, isto para
mostrar que, aqueles que entregam suas vidas ao Senhor inteiramente, sem reservas,
sem medos e sem dúvidas, recebem e vivem de forma mais intensa as promessas que
Cristo nos fez de que estaria conosco todos os dias de nossas vidas, mas para isso se faz
necessário ouvir a voz que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor, ou seja,
preparai o seu coração para que o Senhor possa entrar e transformar, pois como nos diz
Padre Antônio Vieira em um de seus escritos, para o mel entrar o vinagre deve sair; para
salvação entrar você deve estar aberto ao despojamento do coração.

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