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Theotonio Dos Santos: CARTA ABERTA A FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.

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SEGUNDA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO DE 2010

CARTA ABERTA A FERNANDO HENRIQUE


CARDOSO.

Meu caro Fernando

Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em


nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra
o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com
um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos
1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma
experiência política que reflete comtudo este debate teórico. Esta carta assiada
por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente
de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo
com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de
aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em
torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários
estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de
seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que
baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias
com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de
conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já
esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização
Brasileira, Rio, 2000).

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Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em


torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.

O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do


fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito
alcançando assim resultados positivos que não quer compartir com você... Em
primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que
acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial
vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações
superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO
APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que
em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os
autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.

No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima
dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS
INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você
e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam
neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa
moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que
começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso
até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns
40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as
eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando
os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O
fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando

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até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta
desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE
SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA
MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável
sustenta esta tese?

Conclusões: O plano real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial
que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo
uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda
drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima
da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente
desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto
valor que levou à crise brutal de 1999.

Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal.
Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões
de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o
governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de
saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais
sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.

E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos”


das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa

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fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. UM


GOVERNO QUE CHEGOU A PAGAR 50% AO ANO DE JUROS POR SEUS
TÍTULOS, PARA EM SEGUIDA DEPOSITAR OS INVESTIMENTOS VINDOS DO
EXTERIOR EM MOEDA FORTE A JUROS NORMAIS DE 3 A 4%, NÃO PODE
FUGIR DO FATO DE QUE CRIOU UMA DÍVIDA COLOSSAL SÓ PARA ATRAIR
CAPITAIS DO EXTERIOR PARA COBRIR OS DÉFICITS COMERCIAIS
COLOSSAIS GERADOS POR UMA MOEDA SOBREVALORIZADA QUE IMPEDIA
A EXPORTAÇÃO, AGRAVADA AINDA MAIS PELOS JUROS ABSURDOS QUE
PAGAVA PARA COBRIR O DÉFICIT QUE GERAVA. Este nível de
irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o
povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro
pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou
dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo.
VERGONHA FERNANDO. MUITA VERGONHA. Baixa a cabeça e entenda porque
nem seus companheiros de partido querem se identifica com o seu governo...te
obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.

Terceiro mito - Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida
externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do
governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999
o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS
DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua
disposição ns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns
25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem
nenhuma garantia.

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Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar


esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular
desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar
a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu
exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-
econômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos,
apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma
economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de
promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas
exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade
de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a
venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais
altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de
qualquer empresa. Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se
traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de
avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar... Fernando, o Lula não
era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente
o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a
avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu
partido criou para este pais.

Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não


posso faze-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido
Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só
museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos
500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não
criou uma só universidade e entou em choque com a maioria dos professores
universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não

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Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um
medíocre presidente.

Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem
mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta
tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso
povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo
construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham
alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças
internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB
um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com
um episódio de reação contra o vedadeiro progresso que Dilma nos promete
aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro
fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.

Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha
amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e
tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil.
Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente
em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a
freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.

Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço

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Theotonio Dos Santos

thdossantos@terra.com.br, /theotoniodossantos.blogspot.com/

Theotonio Dos Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense,


Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre
economia global e desenvolvimentos sustentável. Professor visitante nacional
sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Aos que não tiveram acesso à carta de Fernando Henrique segue abaixo seu
conteúdo.

CARTA ABERTA DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO A LULA / PT

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SEM MEDO DO PASSADO

Fernando Henrique Cardoso

O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar


inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o
ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere
que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o
personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de
tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu!
Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele
possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos
adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o
nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o


PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês]). Por que seríamos o
inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o
inimigo?

Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram
como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e
benéfica para todos? No ralo.

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Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois


alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social.
Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados] O que conta é
repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um
governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da
estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do
BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim
do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade,
chegou à descoberta do pré-sal.

Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de


R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e
recuperados para a execução de políticas de Estado.

Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos


alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras
essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema
Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à
internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos
ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era
estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu
depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras,
gerando empregos e desenvolvimento no país.

Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e


dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor
que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir
socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de
reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que
atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às
nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa

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de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o


suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista.
Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-
presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de
13/1/2010.
“Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior
(monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras
produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos
depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a
realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz
dela”. (José Eduardo Dutra)

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só


se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a
população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou
caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito
acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário
mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de
49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação,
não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando
saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do
nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.
Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família),
vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram
em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados
(Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola
atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6
milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os
programas anteriores.

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É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas
olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o
programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos
genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco
mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda
Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças
de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a
política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996,
eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe
abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem
mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.
Fernando Henrique Cardoso

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