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APRENDENDO COM

MEUS FILHOS

Marcello Salvate
SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS 4

UMA NOTA IMPORTANTE 7

INTRODUÇÃO 8

NÃO QUERO O COLO DO PAPAI (CARÁTER) 11

PREPARANDO O LEITINHO (INTIMIDADE) 18

UM PRESENTE FORA DE HORA. (GRAÇA) 23

COMUNICAÇÃO ENTRE PAI E FILHOS (ORAÇÃO) 27

O AMIGO DO MEU PAI (INTIMIDADE) 31

QUARTO ARRUMADO (CARÁTER) 34

PROBLEMAS (FÉ) 36

TE PAGO UM SORVETE (INTIMIDADE) 41

QUEM SABE O QUE É BOM? (AMOR) 45

NOTA MÁXIMA (GRAÇA) 49

FÉRIAS, PISCINAS E OUVIDOS (FÉ) 56

PRESENTES E MAIS PRESENTES (AMOR) 59

INSISTÊNCIA (ORAÇÃO) 62

EU USO ÓCULOS (INTIMIDADE) 64

ALINHAMENTO (ORAÇÃO) 67

SOZINHO (FÉ) 70

LENDO OS PENSAMENTOS (INTIMIDADE) 72

GRATIDÃO (CARÁTER) 77

UM COMPANHEIRO (INTIMIDADE) 80
NOVENTA PÁGINAS?!?! (MINISTÉRIO) 85

VIROZES (AMOR) 90

MAIS QUE VENCEDOR (CARÁTER) 94

AS FRALDAS (INTIMIDADE) 97

AUTORIDADE (CARÁTER) 101

AJUDANDO O PAPAI (MINISTÉRIO) 105

O MELHOR SUPER-HERÓI DE TODOS! (EVANGELISMO) 109

CONCLUSÃO 117

AS CRIANÇAS 119

POSFÁCIOS 123
AGRADECIMENTOS

De maneira geral quero agradecer a todos que passaram


pela minha vida, literalmente todos. De uma forma ou de outra,
vocês me levaram a ser quem eu sou hoje (não que eu seja
“grandes coisas”) e, a pessoa de hoje levou ao livro que você tem
na sua tela. Então, muito obrigado!

Mas, existem alguns agradecimentos pontuais:

Clau, minha esposa, minha amada, amante, minha Thuca


querida. Te amo do fundo do meu coração. Me orgulho de ser seu
par, parceiro, amor, marido e crescer contigo. Sua transformação
é tocante, palpável e impactante. Lembre-se: Você recebeu um dos
maiores elogios que um cristão pode receber. Sua mãe falou que
você mudou tanto que ela quase não te reconhecia mais. Se me
apaixonei pela menina de antes, sou enlouquecido pela mulher de
agora. Obrigado por ser minha melhor amiga, minha conselheira,
minha crítica, por me corrigir, incentivar e amar tanto.

Meus filhos. Raphaela, Luana e Benjamim. Os amo


igualmente em quantidade, diferente em forma, igual em
voracidade, diferente em aproximação, igual em intensidade,
diferente em expressão. Vocês são pessoas únicas, um presente
para este pai apaixonado que daria a vida por vocês. Me lembro de
todos vocês desde o momento que descobri que vocês viriam ao
mundo. Me lembro do dia do nascimento de cada um de vocês. Me
lembro de muitos e muitos detalhes, muitos e muitos dias, lembro
de muito porque vivi e vivo tudo isso intensamente. Obrigado por
aceitarem serem meus filhos para todo o sempre. Que esse livro
os ajude a serem mais íntimos de Deus, mais íntimos Deles, mais
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obedientes a Eles, mais apaixonados por Eles, mais tudo que eu
penso ser, fui, sou e tento ser. Unção triplicada é meu sonho a cada
um de vocês. Que vocês vivam uma vida plena e digna!

Aos meus pais Delphim e Helena que me amam como Deus


me ama; incondicionalmente. Obrigado por darem tudo de vocês
por mim. Ainda temos muito a viver juntos, algumas viagens pela
frente e etc.; mas meu maior desejo é que nos encontremos na
eternidade, no céu, ao lado de Jesus. Os amo!

Aos meus pastores, líderes e referências. Devo a vocês uma


continuação da corrida/carreia, uma continuação do combate
assim como Timóteo a Paulo (2Timóteo1:6 e 2Timóteo4:2).
Obrigado por terem acreditado em mim, dedicado tempo a mim,
doado parte de suas vidas a mim. Obrigado por me corrigirem,
incentivarem e amarem.

Aos meus amados irmãos na fé. Desde São Paulo, capital,


com a célula na praça do Jardim São Paulo (comemorei um
aniversário na praça do metrô, inesquecível); aos que estiveram
conosco no nascimento e crescimento do Bola de Neve de BH, as
muitas células, muitos churrascos, comunhões e passeios. Sinto
saudades de todos. Às fantásticas pessoas do Bola de Neve
Peruíbe/SP, obrigado por nos acolherem tão rápida e abertamente.
Aos Flames, jovens, apaixonantes... Meu Deus, como vocês nos
renovam diariamente (a cada sábado? rsrs). Das exortações mais
doloridas até uma Ação Humanitária inesquecível em Cananéia, a
vida com vocês é uma aventura boa de ser vivida. Os amo de
verdade. Obrigado a todos. Jamais se afastem de Jesus!

E finalmente...

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Deus, Jesus e Espírito Santo... Santo, Santo e Santo. Não
sei se existem palavras melhores. Que meu coração, minhas ações
e especialmente minhas motivações estejam agradando Vocês. Os
amo do fundo do meu ser; sou grato demais. Grato por ter sido
encontrado, por ser amado, por ser salvo, por ser amigo, por ser
usado, por conhece-Los em vida, por caminhar com Vocês, por ser
perdoado nas muitas desobediências, descasos e pecados. Sou
grato porque Vocês jamais desistiram e jamais desistirão de mim,
por terem me dado tantas oportunidades e, enfim, por poder ser
filho, viver como filho e por ser chamado filho. Filho de Deus!

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UMA NOTA IMPORTANTE

Este livro mostra meu dia a dia com meus filhos fazendo
analogias de nosso relacionamento com nosso Pai, Deus. E você
notará que há mais situações com o Benjamim do que com a
Luana, e mais situações com a Luana do que com a Rapha. O
motivo é bem simples, temporal e ingênuo: A idade.

Por ser o mais novo, o Benjamim requer um pouco mais de


atenção, consequentemente mais tempo. Por ser o mais novo as
situações geradas favorecem a construção de histórias e deste
livro. Só isso, nada além disso.

Rapha e Lulu, vocês são e sempre serão minhas princesas.


Teria escrito um livro desses para cada uma de vocês por conta
das muitas histórias, aventuras, trapalhadas e momentos
marcantes que vivemos juntos. A diferença ficou mesmo no ano de
meu encontro verdadeiro com Jesus e a idéia de escrever o livro.

Vocês três tem meu amor irrestrito, incondicional, corretivo


e eterno! ✞♥♥♥

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INTRODUÇÃO

Parecia um dia comum. Acordar, orar, tomar café, ler, jogar,


esperar a casa acordar e seguir a vida. Mas neste dia, no dia em
que esse livro foi inconscientemente gerado, minha vida mudou. E
interessante que minha vida mudou ao estudar uma das
passagens mais conhecidas e comuns da bíblia: A Oração do Pai
nosso!

Leia comigo: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado


seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim
na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.
Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos
devedores.

E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal,


porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém”
(Mateus 6:9-13 NVI).

Interessante notar que, na única oração que Jesus nos


ensinou, Ele começa chamando Deus de Pai. No original hebraico,
Jesus utilizou a expressão Abba Pai, que é uma forma muito íntima
e carinhosa de um filho chamar o pai. Como uma criança que
recentemente aprendeu a falar e chama seu pai de “papá”,
“papaizinho”, “paiêêê”.

Isso mudou todo meu entendimento sobre o evangelho, a


bíblia, a vida cristã e, principalmente, o Deus Trino. Antes eu O via
como um ser poderoso, irritado e distante, pronto para me castigar.
Mas deste dia em diante eu passei a entender Deus como meu Pai,

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o Pai perfeito, o Pai que enviou Jesus Cristo para me salvar, o Pai
que me ama de forma incondicional.

Sou pai de três crianças maravilhosas: Maria Raphaela,


Luana e Benjamim, você já deve ter lido os comentários delas por
aqui.

Cerca de 6 anos atrás, Deus começou a me ministrar muito


sobre Ele ser meu Abba Pai. Quando eu pegava o Benjamim no
colo e olhava para ele com amor, Deus me “falava”: “Para mim você
é um bebezinho de colo. Sabia que quando olho para você eu vejo
um bebezinho de colo?”.

Foi desta maneira que este livro foi desenvolvido. Deus me


ministrando com essa associação entre eu e meus filhos, Ele e eu.
Deus o meu Pai e eu, Seu filho.

Em 2015, numa viagem para Criciúma, cidade onde moram


meus amigos Martinello (Telmo, Vivi, Karina, Vitória e Isabela), o
Telmo comentou que estava escrevendo uma espécie de crônicas
(que viraria um maravilhoso livro) a respeito de seu jardim.

Num dos oitos dias de nossa estadia por lá eu comentei com


o Telmo que Deus estava me ministrando nessa relação Pai e filho.
E o Telmo profetizou: “Cara, por que tu não escreves umas lições
iguais às que estou fazendo a respeito do meu jardim? Escreva
sobre essas revelações, escreve sobre você, seus filhos e essas
analogias! Posta no Facebook, o pessoal vai ser impactado, vai ser
legal.”

O Telmo é uma das pessoas mais parecidas com Jesus que


conheço, aprendi a respeitá-lo e escuta-lo. Essa idéia dele foi, para
mim, uma ordem e uma direção de Deus.

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Ajustei o título para APREDENDO COM MEUS FILHOS e
comecei a fazer uma lição após a outra.

Resumindo muito: O livro ficou pronto. Mais de 200 páginas.


Mas faltou dinheiro para publicá-lo; e mesmo que eu tivesse o
dinheiro, não investiria num livro; creio que faríamos algumas
ações sociais. Enfim, reduzi o número de páginas e de alguma
forma ele chegou até você. Isso que importa!

O objetivo deste livro é te identificar cada vez mais como


filho de Deus e, claro, identificar Deus, cada vez mais, como seu
Pai. Chamar sua atenção para como Ele olha para nós, como Ele
nos vê, como Ele nos trata, porque passamos por situações
adversas, porque recebemos bênçãos, como Ele age e reage em
muitas situações de nossas vidas. Espero que você goste, seja
edificado e edifique a outros. Que Deus te abençoe, em nome de
Jesus, forte abraço e uma excelente leitura.

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NÃO QUERO O COLO DO PAPAI (CARÁTER)

Para nós, ir à igreja é sempre um passeio. Encontramos


amigos, damos e recebemos muito carinho, conversamos com
muitas pessoas, compartilhamos coisas boas e até ruins, comemos
algo na cantina da igreja (crente come mesmo), tem sempre um
irmão precisando de um aconselhamento, também acontece de ter
algo mais prático a se fazer (limpar o chão, arrumar cadeiras etc.),
enfim, a igreja é realmente um organismo vivo, bem vivo.

Recentemente postei no meu Facebook o que penso sobre


igreja: A Igreja é um lar! Lar é mais do que um local, lar são pessoas
num local.

Num lar temos a chave do local; não estamos impedidos de


entrar ou de sair. Num lar ficamos porque amamos, voltamos
porque somos amados e permanecemos porque pertencemos
àquele lar!

Seja igreja, seja lar... ame e se permita ser amado!

Bom, em meio a essa movimentação rotineira de um dia de


culto, as crianças fazem o que de melhor sabem fazer: BRINCAR!

Pega-pega, esconde-esconde, tablets aparecem, “pezinho”,


elástico etc. E, o culto ainda nem começou! Parece uma animada
e feliz hora do recreio da escola. Eu me alegro demais em ver isso
tudo, elas estão crescendo entendendo que a “casa de Deus” é um
lugar legal onde se pode brincar muito. Eu cresci com medo de
entrar na “casa do Senhor” porque não se podia fazer barulho, mal
se falava lá dentro e eu achava aquilo uma tremenda chatice.

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Diferente do meu entendimento da infância, meus filhos
curtem demais ir à igreja. Quando estamos saindo de casa, a
palavra usada para ir a igreja normalmente é passeio. “Vamos
passear” é o que sempre falamos. Sim, quando visito meu pai em
sua agradável casa de praia, eu penso em brincadeira de adulto.
Piscina, praia, churrasco, Uno, risadas e tudo mais. Por que seria
diferente com meus filhos na casa do Pai de nós todos?

Bom, a criançada naquela euforia toda e o Benjamim, agora


com 6 anos, super-envolvido. Do tempo em que ele ainda não
andava até hoje, quando ele já “coordena o esconde-esconde”, ele
sempre esteve em meio à bagunça.

Algumas vezes a correria precisa cessar, algumas vezes


não podemos brincar de esconde-esconde depois do culto do
Flame, algumas vezes não podemos comer nada na cantina;
algumas vezes o Benjamim é contrariado pela situação em si, nada
por culpa de alguém, somente a situação em si. Algumas vezes as
coisas não acontecem como queremos. Nada por “culpa” de Deus,
só a situação em si mesmo.

Quando o vejo decepcionado eu me aproximo, ofereço um


abraço, um colinho e uma boa conversa. Ofereço tudo o que posso
para acalmá-lo. Mas se a braveza toma conta, ele não aceita meu
carinho, nem meu amor ou mesmo conversa; só quer chorar e ficar
bravo. “Não quero o colo do papai” ele falava/fala.

Num desses dias “decepcionantes” Deus me ministrou com


relação a isso. O pai querendo estar perto do filho, cuidar do filho,
amar o filho e ajudar o filho num momento de dor e o filho rejeitando
o pai. Exatamente como fazemos com Deus; O rejeitamos.

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A parábola do filho pródigo, descrita no evangelho de Lucas,
capítulo 15, conta o seguinte:

“E disse: Um certo homem tinha dois filhos; e o mais moço


deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence.
E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho
mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali
desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele
gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a
padecer necessidades. E foi, e chegou-se a um dos cidadãos
daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar
porcos.

E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os


porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando em si, disse:
Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui
pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-
ei: “Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser
chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros”.

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava


longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo,
lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: “Pai,
pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado
teu filho”.

Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor


roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;
e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;
porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e
foi achado. E começaram a alegrar-se”.

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Não sei o que levou o filho mais novo a sair de casa.
Aparentemente ele não tinha problemas com seu pai; mas notem
que, depois de sair de casa, a crise atingiu seu limite; e nessa hora
o “menino” lembrou que seu pai sempre foi bom: “quantos
jornaleiros de meu pai têm abundância...”. O pai foi lembrado por
sua bondade, isso o fez voltar. O pai não havia rejeitado o filho; o
filho rejeitara o pai.

Olha que poderoso o verso 20. Ele mostra que quando o


filho mais moço voltava à casa de seu pai, ainda estando longe,
seu pai o viu e com íntima compaixão, correu se lançou ao seu
pescoço (que reflete um abraço loucamente saudoso e
apaixonado.) e o beijou.

Sejamos francos, se você já fez algum tipo de obra de


caridade com mendigos sabe que abraçar um deles não é algo tão
simples. A maioria não toma banho há dias e o cheiro não é
agradável, mesmo que você o abrace com todo amor cristão, o
cheiro e a higiene sempre passam pela nossa cabeça (pelo menos
pela minha). Quando chego em casa a roupa vai direto para a
máquina.

Mas o pai não se preocupou com isso, o pai “lançou-se-lhe


ao pescoço e o beijou”, o pai jamais rejeitou o filho. De longe o pai
viu seu filho voltando, o reconheceu (não sabemos quanto tempo
passou, mas de certo o menino não tinha a mesma aparência),
correu e transbordou amor.

Jesus usou essa parábola para mostrar o quanto nós, filhos,


rejeitamos a Deus. Por incontáveis motivos. A pessoa se magoa
com uma namorada, se afasta de Deus e vai pra balada. A pessoa
foi traída pelo marido, se afasta de Deus e cai no mundão. A

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pessoa foi maltratada por um líder de igreja, se afasta de Deus e
abandona tudo. São muitos e muitos exemplos.

Mas Deus, assim como o pai da parábola, não nos


abandonou, apenas respeitou nossa decisão. Eu imagino Deus
“roendo unhas” (imagino apenas, não tem heresia nisso rsrs),
apreensivo, vendo aquele(a) amado(a) filho(a) indo para lugares e
caminhos errados e literalmente evitando Sua aproximação.

Em situações assim, infelizmente, nos esquecemos Dele.


Orar e ler a bíblia nem pensar. Ir a cultos? Nunca mais. E Deus lá,
“roendo unhas”, só nos esperando.

Costumo usar a analogia de um aluno que foi


verdadeiramente perseguido pelo professor da escola. O professor
o perseguiu muito, chegou a fraudar notas de prova. E por conta
dessa perseguição, o menino resolveu nunca mais falar com seu
próprio pai. Percebe que não faz sentido?

Da mesma forma, rejeitar a Deus, nosso Pai, quando algo


nos contraria não faz sentido algum. Mude de igreja, mude seu
posicionamento no casamento, mude de trabalho, de escola e etc.
Mas não se afaste de Deus. Não importa o que as pessoas possam
ter feito conosco. Não abandone a Deus, nem o rejeite. Garanto
que Ele é a solução do problema, e não o culpado do problema.

Na realidade, não importa nem o que a vida tem feito


conosco. O famoso “poeta” Rocky Balboa nos alertou: “ninguém
bate mais forte do que a vida”. A vida bate com força, e mesmo que
ela esteja quase te nocauteando, não abandone seu Pai Eterno.
Tenha certeza que Ele não te abandonou e nunca abandonará.
Jesus nos prometeu que estaria conosco, “todos os dias de nossas
vidas, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20). E é
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verdade, Ele está sempre lá, nos observando, feliz com nossa
amizade com Ele, alegre com nosso contato, pronto para se mover
de compaixão, se jogar em nosso pescoço e nos beijar. Ele é
maravilhoso!

Lembra-se do Benjamim e sua braveza? Antes dele se


aproximar da comida dos porcos a braveza passou, sempre passa;
ele percebeu que sou seu grande amigo, que só quero seu bem.
Mais calmo, ele corre para o meu colo, me dá um abração bem
apertado, escuta uma ou duas declarações de amor e, muito feliz
e renovado, corre de volta para o meio da bagunça!

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PREPARANDO O LEITINHO (INTIMIDADE)

Deus me deu, e continua me dando, muitas bênçãos em


minha vida. Fico feliz só de imaginar quantas outras Ele dá e eu
nem percebo. Trabalhar de home-office é uma delas.

Engana-se quem pensa que se trabalha pouco por estar de


home-office; mas também se engana quem pensa que não existem
vantagens.

A maior das vantagens, a meu ver, é poder, em muitos dias,


ver meus filhos acordando. Reparar o humor de cada um deles, os
olhos ainda meio abertos forçadamente e os cabelos bagunçados.

Estar com eles é um enorme privilégio.

A Luana e a Rapha, até seus 10-11 anos, acordavam e já


me pediam um leitinho com achocolatado. A Lu preferia o mais
quentinho e a Rapha gostava do mais gelado.

Certo dia, eu já estava em meu escritório, trabalhando e a


Lulu acordou; usando do privilégio de estar em home-office,
terminei o e-mail que fazia e fui dar um “bom dia” para ela. Quando
me viu, sua primeira reação foi falar: “Papai, me faz um leitinho!”.

Somos muito brincalhões em casa; sendo assim eu a


abracei e simulei um diálogo; semelhante a esse:

- Bom dia papai.

- Bom dia Lulu, tudo bem? Dormiu bem?

- Sim papai. Dormi bem, e você?

- Sim filhinha, dormi muito bem. Você sonhou com o que?

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- Não me lembro papai. Dormi muito pesado. E você?

- Eu tive uns sonhos malucos filha, sonhei que estávamos


viajando. Foi legal.

- Sério? Que legal. Papai, me faz um leitinho?

- Claro filhinha, vou preparar o seu leitinho.

- Te amo papai.

- Também te amo meu amor.

Ela ficou toda sem jeito porque percebeu sua “gafe” ao não
me dar um “bom dia” e já pedir algo, mas se divertiu. Fui à cozinha,
preparei seu leitinho morno, com mais achocolatado do que a mãe
gostaria de ver (rsrs), e levei para ela.

O real motivo de querer ter uma conversa com meus filhos


quando eles acordam é o simples fato de amá-los de forma
incondicional e por isso querer estar perto deles, querer ter mais
intimidade com eles. Dar bom dia, ouvir suas vozes, dar e receber
abraços, os abençoar e aproveitar a presença deles. Pessoas são
importantes, filhos mais ainda.

Preparando o leitinho eu perguntei para Deus por que


aquele bate-papo tinha acontecido, o que Ele queria mostrar, e
então, entendi Deus falando comigo.

“Por muitas vezes você também não me dá bom dia.


Começa a falar Comigo já pedindo coisas, proteção, bênçãos e
direção; mas nem me dá tempo para responder!” Uauuuu!

Claro, Deus estava certo, por muitas vezes não damos nem
um básico “oi, tudo bem? Como vão as coisas aí no céu?”; nada
mesmo. Só um pedido, ou, às vezes, nem isso.

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Tratamos a bíblia como essas revistas de cosméticos e
presentes, só a abrimos quando precisamos fazer um pedido. “E
Se vira para me dar a resposta certa hein Deus!”

Não amado(a), não é assim que nosso Pai quer se


relacionar conosco. Apesar de todo poder, honra e glória que O
cercam; Deus é mais relacional e simples do que imaginamos.
O que Deus quer, e de certa forma, o que Deus espera de nós ao
acordarmos é um bate papo agradável e íntimo. Nem que seja
simples, mas que seja sincero, agradável e íntimo. Provérbios3:32
diz que “com os sinceros Ele tem intimidade”. Seja sincero, sempre!

Em Salmos 55:13 Deus nos chama de “íntimo amigo”.

Não precisamos nos dirigir a Deus com palavras formais e


cheias de adereços. Sabe, nunca foi a forma como a Rapha fala
que me fez mais feliz, mas sim o que ela me fala, quão sincera ela
é, o quanto ela confia em mim. Se palavras formais tivessem valor,
eu não teria o menor amor pelo Benjamim... ele nem fala direito
ainda.

Quando a Lulu queria brincar de massinha comigo ela


simplesmente falava: “Senhor cliente, fiz um cupcake de chocolate
com morango, você aceita?”. Rapidamente entendia a mensagem
da Lulu, a brincadeira começava e nos divertíamos juntos.

Se a Rapha quer ir comigo ao mercado, ela simplesmente


fala: “Papai, posso ir ao mercado com você?”.

E quando o Benjamim faz uma pose diferente eu já sei que


ele quer entrar numa batalha entre dois heróis superpoderosos. E
nos divertimos juntos.

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Estranho vai ser quando a Luana acordar e dizer: “Bom dia
querido pai, amado pai. Tu que és o provedor deste lar, que casado
com mamãe cuida desta estimada casa. Tu vens sempre tão
amavelmente à sala para nos comunicarmos. Tu poderias me
preparar mais um leite semi-desnatado para que possamos cuidar
melhor da saúde?”

Te garanto que, no mínimo, vou achar suspeito. “O que será


que ela aprontou?” seria, talvez, o primeiro pensamento que eu
teria.

Deus quer intimidade contigo, quer ser seu Melhor Amigo.


Pai e filho foram feitos para serem amigos íntimos.

Comece com o “bom dia”, com o “tudo bem?”. Ele sabe das
nossas dificuldades em entender o que Ele responde, em ouvir o
que Ele nos fala, Ele sabe até mesmo de nossa dificuldade em
obedecer quando entendemos e O ouvimos de forma bem clara.

Lembre-se, Ele é seu Pai. O Pai que ama


incondicionalmente. O Pai que te quer por perto o tempo todo. O
Pai que nos perdoou de tudo de errado que possamos ter feito e
nos preparou um céu perfeito e maravilhoso para passarmos a
eternidade ao Seu lado.

Fale com Ele, tenha intimidade com Ele. Ele te ama e quer
ser seu Amigo íntimo.

Ah, sabe o que aconteceu na manhã seguinte? Quando a


Lulu acordou ela disse: “Bom dia papai, tudo bem com você?” haha

Todos podemos aprender com esse “bom dia”.

Sejamos íntimos do nosso Papai.

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UM PRESENTE FORA DE HORA. (GRAÇA)

Vendedor externo tem um horário bem flexível. Não


necessariamente folgado, mas flexível.

O almoço pode ser feito em 5 minutos num restaurante tipo


self-service por quilo ou por duas horas na melhor churrascaria da
cidade com um cliente importante.

Num certo dia fui almoçar num shopping de Belo Horizonte,


num restaurante que se encaixa bem no meio dos dois exemplos
acima, resolvi dar uma volta pra ajudar a comida a “descer” rsrs.

Lá pelas tantas, passei em frente a uma loja de brinquedos


e tive a atenção presa ao famoso e delicioso jogo de cartas Uno.

A Luana já teve alguns. Eles se deterioraram de tanto


jogarmos em família, nas comunhões de ministério, comunhões
das células e alguns outros, simplesmente se perderam na
bagunça. Esse joguinho faz parte da nossa história, até hoje
brincamos muito de Uno aqui em casa. Às vezes o pessoal fica
bravo quando eu baixo um +2 ou um +4; mas ao final eles superam
e fazemos as pazes. haha.

Quando cheguei em casa e entreguei a pequena lembrança


para a Luana as reações foram inúmeras. A carinha dela, o abraço
dela, o sorriso dela, e alegria dela por aquele presente foram
impactantes. Um dos sorrisos mais puros e sinceros que se arranca
de uma criança é quando a surpreendemos positivamente.

“Mas pai, hoje não é meu aniversário, nem “dia das


crianças”, não tirei nota 10 numa prova... nada. Por que o

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presente?”. Indagou-me com certa coerência a, então, pequena
Luana.

Na realidade ela não tinha apenas uma “certa coerência”,


mas toda coerência. Ainda que a notícia fosse ótima para ela, o
padrão do mundo, o padrão que crescemos aprendendo é o da
troca, o da nossa justiça, o do merecimento (quase cruel), o padrão
totalmente condicional. Se me fizer algo bom eu faço algo bom de
volta, se merecer eu ganho, “se você fizer isso, eu faço aquilo”.

Mas eu respondi sua pergunta: “Filha, te comprei o


presente porque eu quis. Me deu vontade!”

Agora foi a “cara de interrogação” dela que me fez rir. Com


um largo sorriso e uma interrogação na mente, ela recebeu o
presente e muito feliz já começou a programar quando seria o
próximo jogo!

Antes mesmo dela nascer eu já a amava. Já me programava


em como arrumar as coisas, como cuidar, como trocar fraldas e
etc. Eu a amei primeiro. Ela cresceu, passou a sorrir ao me ver,
brincava comigo, ríamos muito... E eu continuei a amando. Não sei
o que ela sentia quando me olhava, mas eu a amava. Amava e a
amo de forma incondicional, ou, biblicamente falando, de forma
ágape.

É claro que me alegro e a deixo saber quando uma atitude


dela me deixa feliz. Tirar boas notas, ser educada e obediente são
bons exemplos. Mas um pai que ama não precisa de uma data
especial para comprar um presente para a filha. Eu não preciso de
uma data especial para programar uns passeios com a Rapha. Não
preciso de uma data, ou momento especial, para ter uma luta entre
Jedis e Super-heróis com o Benjamim. Não preciso de uma data
22
especial para mostrar meu amor pelos meus filhos. Seja com um
mimo, um abraço, com palavras ou o que for. O pai que ama os
filhos não precisa de data ou evento especial para amar e
demonstrar amor aos filhos. O amor é incondicional (pelos menos
deveria ser assim com todos). Incondicional.

Assim como eu amei a Luana primeiro (e também a Rapha,


e também o Benjamim) “Deus nos amou primeiro” (1 João 4:19); e
Seu amor é tão incondicional que somos “salvos pela graça, por
meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus Não vem das
obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9).

A salvação não vem porque oramos uma hora a mais


naquela semana, ou porque participamos de todos os cultos
temáticos da igreja naquele mês e nem mesmo porque decidimos
ler a bíblia toda naquele ano. A salvação vem pela graça!

Não há nada que fizemos, fazemos ou faremos que possa


justificar a nossa salvação. Nossa salvação vem pela graça
amado(a), dom de Deus, favor imerecido. Apenas receba,
aproveite e se divirta.

Da mesma forma que comprei uma lembrancinha para a


Luana sem que aquilo estivesse vinculado a um merecimento,
Deus nos dá a chance da salvação, sem vínculo algum com o
merecimento. Se perguntássemos: “Porque Deus?”; talvez a
resposta Dele fosse: “Porque Eu quis, Me deu vontade!”

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COMUNICAÇÃO ENTRE PAI E FILHOS (ORAÇÃO)

Sou de uma família tradicionalmente brasileira. Tive bisavós


espanhóis, húngaros e portugueses, mas no fundo, creio que sou
puramente brasileiro. Por isso, concluo que os brasileiros são
muito, muito falantes.

Uma reunião com meus pais, tios e primos é uma reunião


barulhenta. Todos falam sobre tudo, quase que ao mesmo tempo,
perguntam, respondem e ainda explicam. Uma doideira agradável
e engraçada.

Meus filhos “puxaram” isso de mim; eles são falantes; quase


“tagarelas”.

Quando o Benjamim me conta de certo desenho, eu sei que


ele gosta daquele desenho. Quando ele se empolga com a
vaquinha na beira da estrada, eu sei que ele gosta de animais. E
quando ele me pergunta quem seria o vencedor de “735” possíveis
batalhas diferentes entre heróis, eu sei que ele ama filmes e games
de heróis.

Igualmente, quando a Luana me pergunta mais de uma vez


sobre uma regra de determinado esporte, percebo nela o interesse
pelo assunto. Quando ela faz muitas perguntas com “e se”, sei que
ela está investigando sobre um assunto um tanto quanto polêmico
que ela ainda não entendeu por completo. Quando ela tira dúvidas
bíblicas percebo que estamos acertando em algo e que o caráter
está em franca formação.

Se a Rapha entra num assunto mais de uma vez, sei que


ela ainda espera uma resposta específica de mim, noto que o

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assunto é importante para ela. Quando ela me conta muito, e com
muita empolgação, sobre o passeio de bicicleta com seus avós
praianos, tenho convicção que ela gosta disso. Quando me
responde no WhatsApp com “S” para sim e “N” para não, sei que
preciso perguntar algo mais interessante.

E sabe o que acontece quando conversamos?

Ganhamos intimidade uns com os outros. Nos conhecemos


melhor, nos aproximamos e nos tornamos mais amigos.

Nossa comunicação com Deus é daí para mais, daí para


melhor. Pelo menos deveria ser.

Em Lucas 11:11-13 está escrito:

“Qual pai, entre vocês, se o filho lhe pedir um peixe, em lugar


disso lhe dará uma cobra? Ou se pedir um ovo, lhe dará um
escorpião? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas
coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está no céu dará o
Espírito Santo a quem o pedir”.

Qual o princípio básico para que o Pai possa nos dar o peixe
ou o pão? Pedir!

E como pedimos algo? Nos comunicando.

E como nos comunicamos com Deus? Orando!

Simples assim. Na realidade, o evangelho é muito simples.


A religião que o mistifica e complica.

Em muitas passagens dos quatro evangelhos vemos Jesus


se retirando para orar. Se Jesus orou, por que nós não
oraremos?

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“Ah, mas eu falo e não escuto nada em resposta!”, pode ser
seu argumento. Sim, bem comum, bom questionamento, passei
por isso várias vezes.

Até os 4 anos o Benjamim falava um “dialeto próprio”. Eu


não o entendia totalmente e tenho certeza de que ele também não
me entendia totalmente. Nossa comunicação ainda era falha.
Garanto que parar de conversar não seria a solução. Então; qual
foi a solução para nossa comunicação? Continuar tentando,
continuar falando, continuar orando!

Com o tempo, o Benjamim passou a se comunicar como a


Luana ou como a Rapha.

Leva tempo queridos. Mas jamais deixe de orar por não


ouvir ou não entender o que o Espírito Santo de Deus está te
falando. Continue tentando, orando, falando, clamando. Persista,
insista, preste atenção, tenha sua mente tranquila ao orar, ao
buscar. Esteja sensível, aberto e com a motivação correta.

Oração é um diálogo, tenha isso firme em mente. Diálogo.


Num diálogo você não fica repetindo coisas, vira as costas e
dorme.

Por conta da cultura de nosso país, temos a tendência a


mistificar a oração (e muitas outras coisas). Não mistifique a
oração.

Diálogo, conversa, bate papo. Talvez essas três palavras


traduzam melhor a palavra oração. É uma conversa, entre você e
seu Pai. Ambos falam, ambos escutam, ambos convivem e se
tornam mais íntimos.

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Impossível existir alguém melhor do que o Espírito Santo do
Deus vivo para você se comunicar. Ele é o professor que tudo sabe
e que ama dar aula. Aproveite, fale com Ele. Você pode se
surpreender o quão falante Ele é; ainda que não pertença à minha
família haha.

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O AMIGO DO MEU PAI (INTIMIDADE)

Já contei que a Rapha tinha o apelido de Maria Gorda? Hoje,


com quase 17 anos, ela pesa 60kgs e mede 1,76mts de altura, mas
com 3-4 anos a Maria Raphaela era pequeninha e gorduchinha,
mega fofa.

Quando ela nasceu eu era um jovem bobão, o mais típico


bobão possível. Talvez não tenha aproveitado os seus primeiros
meses de vida como poderia e deveria, mas rapidamente ela
cresceu, e mesmo antes de andar ou falar (difícil acreditar que
algum dia a Rapha não falou, rsrs) nós já éramos bem próximos e
amigos. Passeamos muito... muito mesmo.

Tenho histórias para contar com a Rapha dos dias antes do


seu primeiro aniversário, com dois anos, três anos e qualquer idade
até os dias de hoje. Na realidade eu passei muito tempo com a
Rapha, ela sempre foi muito amiga, próximo e companheira.
Assistimos incontáveis filmes no cinema e fizemos diversas
gordices em docerias diversas; hoje trocamos brincadeiras (e
figurinhas no WhatsApp); ela é uma pessoa forte e maravilhosa!
Minha amiga.

Interessante é que, apesar dos quase 17 anos convivendo,


ela não conhece todos os meus amigos. Já escutou muitas
histórias de todos eles, mas não conhece a todos; alguns, talvez,
ela nunca tenha visto!

Esses dias eu entendi que com Deus as coisas funcionam


exatamente assim.

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Talvez seu pai, seu pastor, irmão, amigos e conhecidos
tenham contado muitas histórias sobre Jesus e as experiências
que eles viveram juntos, mas isso não basta, precisamos
conhecer Jesus individualmente, diretamente, não por tabela,
não de apenas de ouvir falar.

A bíblia toda fala sobre intimidade. Analise bem, desde a


criação. Deus coloca Adão e Eva no jardim e todos os dias chega
para conversar com eles. Todos os dias! Gênesis 3:8 diz “na
viração do dia”. Você tem alguém com quem você conversa todos
os dias? Se sim você há de concordar comigo que esta pessoa
acaba desenvolvendo certa intimidade contigo. Você compartilha
da sua vida com quem confia, e só confiamos em quem
convivemos. É natural.

Avance aos dez mandamentos. "Lembra-te do dia de


sábado, para santificá-lo” é o que diz Êxodo20:8. Permita-me te
explicar a relação deste verso com intimidade. Santo significa
separado. Deus pede que separemos um dia para estarmos com
Ele. Como um pai que diz: “Filho, você já trabalhou a semana
inteira, maior correria, sem tempo para nada. Sábado é sua folga,
vamos tomar café na padaria, passear na praia, ir ao cinema, andar
de bicicleta e tomar sorvete na praça!”. Quando Deus pede para o
povo separar um dia para Ele, Ele pede um dia para convivência,
para intimidade. “Ao menos um dia dos sete de sua corrida
semana”. Percebe? Ele continua querendo o convívio com Sua
criatura.

Avancemos então para Jesus. Ele veio pagar os nossos


pecados para que tenhamos a vida eterna no céu. Você precisa
perceber que Ele te quer, te quer muito a ponto de sacrificar Jesus,

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te quer tanto que te quer por toda a eternidade, te quer tanto que
enviou Seu próprio Espírito para habitar dentro de você.

No capítulo “Te pago um sorvete” deste livro você vai ler


algo semelhante a este: Ele quer nossa presença, mas os maiores
beneficiados somos nós.

Que você tenha a certeza de que Ele é tão real quanto o


autor deste texto, tão real quanto minha filha Raphaela e, acredite,
tão real quanto você mesmo. Busque, queira, deseja e viva uma
vida de experiências próprias com Jesus!

Ele é maravilhoso e extremamente acessível.

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QUARTO ARRUMADO (CARÁTER)

Somos uma família normal, de hábitos e gostos comuns,


qualidades e defeitos normais. Consequentemente, creio que o
quarto das crianças aqui em casa segue a tendência mundial dos
quartos de crianças:

BAGUNÇA!

A Clau fica “doida”. Ela é super organizada, toda regrada,


sempre arrumando e pegando coisas pelo caminho. Uma das
frases mais comuns dela para as meninas é: “Meninas, arrumem
seus quartos!”

Porém, me arrisco a dizer que 99% das visitas em casa


jamais viram o quarto delas bagunçado. Quando elas sabem que
alguém está chegando, correm pra arrumar, passar perfume,
deixar cheiroso, por uma florzinha... Um negócio de louco!

Se você veio aqui em casa alguma vez como visitante, nem


vai entender muito o começo desse capítulo.

Mas, por que elas arrumam? Porque sabem que está


chegando alguém.

Isso é o que eu, pai, queria? Claro que não! Eu queria que
elas tivessem o hábito de manter o quarto organizado,
independentemente de qualquer coisa.

Jesus deixou bem claro que ninguém sabe nem o dia e


nem a hora que Ele volta!

Não é para sabermos mesmo. Porque se soubermos,


vamos agir como crianças à espera de uma visita. Vamos correr

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para arrumar a casa! Mas não é o que Deus quer pra nossa vida.
Ele quer que nossa casa esteja continuamente em ordem! Jesus,
por amor, por ser o único Caminho, quer que tenhamos uma vida
reta sempre; e isso não deveria depender Dele voltar agora,
amanhã ou daqui dois mil anos!

Quando você se converte de verdade e escolhe realmente


entregar sua vida para Ele, você quer estar com seu quarto
arrumado. Você dá bom testemunho, trata bem o seu cônjuge,
seus amigos, sua família. Você ama o seu próximo como a Ti
mesmo todos os dias e não somente quando Ele estiver voltando!

E aí; já arrumou seu quarto (sua vida) hoje?

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PROBLEMAS (FÉ)

Me lembro que, numas das muitas vezes que tive o privilégio


de buscar a Rapha na escolinha, ela apareceu com um roxo
“enorrrrrme” no braço. Ela não contou muita coisa, mal falava, e
por isso não concluímos muito. Depois de alguns dias notamos um
roxo grande nas costas. Imaginando o ocorrido eu avisei a escola.
Ficaram de observar. Semanas depois ela sai da escola com o
rosto machucado, bem roxo, um pouco inchado e uma cara de
tristeza que, só de lembrar, já me emociono.

Uma coleguinha, querendo demonstrar carinho repetia a


ação dos pais e mordia os amigos que mais gostava.
Aparentemente a coleguinha não sabia controlar as mordidas e
machucava as crianças. Reclamamos com mais ênfase na escola,
fui até lá para conversar com os pais da menina e tudo se resolveu.
Sem mais mordidas, sem mais traumas e os problemas, que
existiam, foram resolvidos.

Me lembro também de estar com a Luana no médico. A


médica nos avisou que ela precisava tomar um remédio para ajudar
na reconstrução de flora intestinal e, de canto, me informou que o
remédio era “muuuuuito” ruim, mas “muuuuuuito” eficaz. Propus
tomar o remédio junto com ela (quase me arrependi rsrs). Ela
tomou o que era preciso e o problema foi resolvido.

Não vou contar uma terceira história envolvendo o


Benjamim porque creio que você já entendeu o enredo. Mesmo
com um pai presente e participativo as meninas passaram por
problemas. Fiz questão de escrever alguns “muuuuuuito” para

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deixar claro que, para a fase que viviam, os problemas foram sérios
e doloridos.

Mas notem que em todos os casos o pai delas estava ao


lado, dando suporte, ajudando, conduzindo para o local certo até
que a solução chegasse. Exatamente assim acontece no nosso
relacionamento com Deus.

É muito comum ouvir pessoas falarem que, depois de se


firmaram em Deus, os problemas continuaram aparecendo. E,
automaticamente, algumas se perguntam: "qual é a vantagem de
estar com Deus se, (supostamente), meus problemas irão
continuar?".

Se você fizer uma análise vai notar que, antes de se firmar


com Deus, você também tinha muitos problemas e, todos eles
tiravam sua paz.

Porém, quando começamos a caminhar com Deus as


possibilidades de solução se multiplicam! Entendemos o que é a
paz que excede todo entendimento.

Ao tratar de futuras aflições e bíblia quase sempre usa o


termo "quando" ao invés do termo “se”. Da mesma forma, Jesus
diz que no mundo nós “teremos aflições”. Percebem? São
afirmações. Isto é parte da caminhada com Deus.

Estar com Deus nunca foi sinônimo de ausência de


problemas. A bíblia sequer menciona essa idéia. Mas nós podemos
ter a certeza de tranquilidade em meio aos problemas. Perceba que
Jesus dorme no barco em meio à tempestade enquanto os
discípulos estavam desesperados. Ele ainda pergunta: "até
quando vocês não terão fé? Vocês estão comigo, eu estou no

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barco!". É como se Ele estivesse dizendo: "se eu estou dormindo,
fica tranquilo e faça sua parte, que é apenas colocar o barco no
caminho certo.".

Leia comigo estes 4 versículos de Mateus 27: "Portanto,


quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem
prudente que construiu a sua casa sobre a rocha.

Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e


deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus
alicerces na rocha.

Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é


como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia.

Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e


deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda".

Note que temos dois versículos exatamente iguais: “Caiu a


chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra
aquela casa”. As chuvas, rios e ventos representam tribulações,
situações adversas e problemas de uma forma geral. E a casa
representa a vida das pessoas.

Ou seja, sendo você um homem prudente (ouve as palavras


de Jesus e as pratica) ou um homem insensato (ouve as palavras
de Jesus e não as pratica) as tribulações virão exatamente iguais
a todos. A diferença é que a casa do prudente permaneceu e a
casa do insensato caiu. A diferença é que aquela pessoa que
pratica o que a bíblia ensina, que caminha conforme os
ensinamentos de Jesus, que toma decisões baseadas nas
escrituras; essa pessoa permanecerá quando os problemas

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chegarem! E problemas chegam, acontecem e terminam; os
problemas sempre terminam.

Deseja um susto adicional? Quando Jesus conta esta


parábola ele deixa claro também que tanto o prudente quando o
insensato conheciam a palavra de Deus. “Ouve e pratica” versus
“Ouve e não pratica”. Ambos ouviram. Me arrisco a dizer que
ambos iam aos cultos, talvez frequentassem uma célula e quem
sabe eram assíduos na escola bíblica. A única diferença entre eles,
antes da chegada das tribulações, é que um praticava e outro não.
Fiquemos atentos; não basta conhecer a bíblia, é preciso praticar
o que ela ensina.

Enfim, quando caminhamos com Deus, precisamos apenas


fazer a nossa pequena parte, que é confiar e descansar. Do
restante, Ele cuida.

Saiba que problemas virão para mim e para você. Deus, que
é “o Pai” e “o amigo”, nos avisa para deixar seus filhos preparados
para os problemas que estão por vir.

Creia, confie e encare os problemas de forma diferente de


hoje em diante. Encare como quem tem o Pai à frente, como quem
tem a mão do Pai para apertar, O ombro para chorar e O melhor
conselheiro, parceiro e amigo de todos.

Viva na paz que excede todo o entendimento.

As dores das meninas passaram, não ficaram traumas e a


Rapha nunca mais foi mordida; a não ser por mim (rsrs).

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TE PAGO UM SORVETE (INTIMIDADE)

Normalmente sou o primeiro a acordar em casa,


especialmente aos sábados e domingos. Costumo aproveitar esse
tempo sozinho para ler, orar, jogar joguinho no celular, ver as redes
sociais, meditar, fazer nada e, resolver alguma coisa de rua (tipo
lavar o carro, comprar coisas para o café da manhã etc.).

Num determinado dia, uma manhã especialmente quente, a


Luana acordou logo depois de mim e me “pegou” de saída. Olha o
papo:

- Aonde você vai, papai?

- Vou lavar o carro, comprar coisas de jardim e piscina,


passar na padaria e já volto.

Então, fiz o convite:

- Vamos junto?

Qual a criança que, acabando de acordar, toparia sair para


fazer essas atividades acima? Pouquíssimas, ou nenhuma.

Obviamente a resposta foi não; mas querendo a presença


dela nas minhas atividades eu negociei:

- Te pago um sorvete.

O semblante mudou, olhos arregalados, o sorriso apareceu


(a covinha também) e a resposta veio:

- Tá bom.

Cinco minutos depois ela já estava pronta e chegou na sala


com a frase pronta:

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- Vamos papai. Claro que vou aceitar o sorvete, mas quero
que saiba que não estou indo pelo sorvete, é pela sua companhia
(rsrs).

Saímos.

Conheço muito minha filha e sei que ela também me


conhece bem. Então, sei que saímos com o sentimento de “eu fingi
que enganei ele” e “eu fingi que acreditei nela”. Claro que ela ama
estar e passear comigo, mas naquela manhã ela aceitou o convite
porque o prêmio final seria um sorvete.

O passeio foi maravilhoso, fizemos tudo, tomamos sorvete,


rimos muito e voltamos felizes da vida.

Horas depois fui ter meu tempo com Deus e perguntei o que
significou aquilo tudo com a Luana.

Chorei ao entender o que Ele falava comigo.

Deus me ministrou que nós, humanos, não merecemos


uma vida no céu, mas Ele quer a nossa presença no céu, na
casa Dele, ao lado Dele.

Somos seus filhos. Os maiores beneficiados de estar com


Deus somos/seremos nós, mas Ele resolveu pagar o preço, Ele
entregou Seu Filho, uma parte Dele, Ele decidiu pagar o preço, só
para nos ter ao Seu lado, e ao Seu lado por toda a eternidade.

Exatamente como fiz com a Luana, ela ganhou o presente


porque eu “comprei” a presença dela. Ela ganhou o fato de passear
comigo e de estar comigo, mas fui eu que decidi pagar um preço
por isso.

Apesar de me amar muito, talvez ela só tenha aceitado o


convite por conta do sorvete; assim como nós só O buscamos
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quando queremos algo, quando precisamos de algo ou quando
vemos algum prêmio no final, mesmo que O amemos muito.

Eu me emocionei muito ao entender o que Papai havia me


ministrado. O amamos, mas só o buscamos quando queremos
algo, precisamos de algo ou quando temos algo a reclamar.

O amamos, mas foi Ele quem pagou o preço para estar


conosco. Ele preferiu vir, Se entregar, Se doar. Ele nos ama tanto
que escolheu pagar pela nossa presença, mesmo que os
beneficiados sejamos nós mesmos.

Que esse entendimento seja suficiente para nos gerar


vontade de conhecer mais da Sua palavra (a bíblia), de conhece-
lO mais (oração).

Esse tipo de amor incondicional; sem avaliar nossa


aparência, performances, ações, benfeitorias etc.; esse amor
ágape só Deus pode dar. A nós cabe receber, aproveitar e contar
essa novidade maravilhosa.

Seja amado(a), aceite o sorvete, desfrute da presença,


desfrute da amizade e anseie pelo céu!

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QUEM SABE O QUE É BOM? (AMOR)

Meus amados pais também moram em Peruíbe, litoral sul


de São Paulo, numa adorável e híper bem cuidada casa. São uns
amores de pessoas. Valorizam a família, os filhos e os netos. O
carinho é tanto que as toalhas de banho têm nossos nomes
bordados. Má, Clau, Rapha, Lu, Ben. Coisas de avô e avó
cuidadosos.

Antes de nos mudarmos para Peruíbe, íamos para esta


amada cidade sempre que possível. Fomos durante o verão, o
inverno, com sol, com chuva, férias, feriado etc. Não íamos lá pela
praia, íamos lá por eles, para ficarmos com eles, na presença
deles, aproveitar o carinho, amizade e gerar esta convivência.
Tenho muito orgulho de ver meus pais brincando com seus netos.
E eles brincam, cuidam e babam; brincam mais um pouco, cuidam
mais um pouco e babam muito. São avós babões! Um privilégio.

Numa dessas viagens, começo das férias de 2015, num


belíssimo dia ensolarado; éramos dez na casa. Minha preciosa
irmã Samantha, cunhadão “Chula” e o “peça rara” Pedro também
estavam.

Toda aquela bagunça e festa total, família toda reunida, seis


adultos e quatro crianças, e todos muito eufóricos para ir à praia.

Uns arrumam as malas das crianças, outros as cadeiras de


praia, o gazebo sempre fica com o vovô; alguns cuidam da
geladeira com comidas para as crianças e eu fiquei com a missão
de passar protetor solar no Benjamim!

Você acha que ele gostou?

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Acertou se respondeu "não!".

Interessante notar que o protetor solar faz muito bem à


saúde dele; hoje e principalmente para o futuro.

Mas ele não sabe disso e por isso reclama comigo, "pala ito
papai" é o que ele me dizia na época! (Tradução livre: Para com
isso papai! rsrs).

Enfim, por saber os benefícios do protetor solar à saúde


dele, eu sigo valente e não me intimido perante o imponente "pala
ito papai”.

Não é algo tão simples, crianças são mais fortes e mais


difíceis de serem seguradas do que imaginamos. E passar no rosto
então. Não sei quem fica mais preocupado do creme cair nos olhos,
eu ou ele. Sempre me preocupo com as orelhas (já li notícias
terríveis sobre câncer nessa região normalmente esquecida pela
maioria). Passados alguns minutos, o Benjamim está totalmente
protegido do sol e eu precisando de um novo banho por estar
completamente suado depois de tanta luta.

Essa cena é diária e constante em todos os dias


ensolarados na praia. Eu me esforçando para cuidar dele, e ele
bravo por algo que é bom exclusivamente para ele. Mas eu sei
desse benefício, ele não. Eu entendo os benefícios do protetor
solar, ele não. O pai sabe que o protetor solar é bom e continua a
passar o protetor. O filho não sabe que o protetor solar é bom e
continua a reclamar.

Exatamente como acontece com Deus e nós. Incontáveis


vezes estamos numa situação desconfortável e achamos que Deus
se esqueceu de nós. Pior; às vezes O culpamos por esta “injustiça”,

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mas se conseguíssemos ver e entender as coisas como Ele vê;
entenderíamos que Deus está sempre cuidando de nós!

Deus não vê as coisas como nós vemos; Ele vê diferente de


nós e imagina, sonha, vislumbra diferente de nós. Isaías 55:9
explica isso quando diz que “Assim como os céus são mais altos
do que a terra, também os Meus caminhos são mais altos do que
os seus caminhos e os Meus pensamentos mais altos do que os
seus pensamentos.”. Entenda, ele vê coisas que não vemos, sabe
coisas que não sabemos e cuida de nós melhor do que
merecemos.

Quando lemos “Sabemos que Deus age em todas as coisas


para o bem daqueles que O amam”, normalmente esquecemos da
parte final deste poderoso versículo de Romanos 8:28 que diz: “dos
que foram chamados de acordo com o seu propósito.”. Tudo
cooperar para o nosso bem é bem diferente de tudo acontecer
da forma que desejamos. As coisas acontecerão para o nosso
bem visando um chamado e um propósito. Me arrisco a dizer que
na maioria das vezes o propósito é nos levar de encontro ao
precioso Jesus Cristo.

Com palavras mais diretas. Deus quer te aproximar de


Jesus, se para isto acontecer Ele tiver que te colocar numa
determinada situação na sua vida, goste você ou não, Ele o fará,
pois este encontro trará um propósito maior e eterno. Isso é
cuidado e amor!

Por mais que Ele esteja cuidando de nós, muitas das vezes
somos incapazes de perceber muitos desses cuidados.
Exatamente como o Benjamim foi incapaz de perceber meu
cuidado ao passar protetor solar nele.

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Sempre ore, coloque sua situação nas mãos de Deus e faça
sua parte; então creia que tudo que vier adiante é permissão Dele
para sua vida, dentro de um propósito maior. Tão somente creia!

Você pode não entender o protetor solar de Deus hoje, mas


seguramente vai viver com uma pele saudável e com menos riscos
por toda uma vida!

E o protetor precisa ser renovado a cada 3-4 horas hein...


Papai já está pronto!

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NOTA MÁXIMA (GRAÇA)

Tente se lembrar da tensão de um dia de prova na escola.


A minha escola tinha semana de prova; uma semana de puro
nervosismo. Você tinha/tenha o estilo “presto atenção nas aulas e
só reviso um dia antes” ou “passo a madrugada estudando”? Qual
a estratégia que sua professora usava para evitar que os alunos
colassem? Você era do time dos bons ou dos maus alunos? Turma
do fundão? Repetente? Era popular? A escola trás lembranças e
marcas impressionantes.

A Rapha talvez tenha mais histórias e lembranças do que o


normal; por motivos diversos ela já estudou em 10 escolas... Jesus;
10 escolas.

Recentemente, já que esta foi a última história do livro a ser


escrita, ela me contou sobre um trabalho de uma das matérias da
escola. O trabalho valia nota extra na média e por isso ela se
esforçou muito, talvez mais do que o normal; passou a madrugada
fazendo, se dedicou de verdade. Interessante é que por conta
desse esforço extra, ela acabou faltando no dia da entrega. Faltou
e as amigas já transmitiram o recado da professora: “Não aceitarei
trabalhos entregues em outro dia, se faltou ficará sem essa nota
extra!”.

Mas no dia seguinte ela foi conversar com a professora,


contou toda a história, mostrou o esforço, mostrou o trabalho,
contou do capricho, dos detalhes, da sua história e dedicação. A
professora ouviu, entendeu, avaliou e decidiu aceitar o trabalho
dela mesmo fora do dia correto. Mais que isso, ela tirou nota
máxima no trabalho.
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Vou traduzir para começar a dar o entendimento necessário
para este capítulo: Segundo o padrão daquela escola, e de acordo
com a visão daquela professora a Rapha foi avaliada como uma
boa aluna, e por isso merecedora de uma segunda chance.

É essencial que você entenda o que escrevi acima. Se a


Rapha estivesse em outra escola, ou com outra professora ela
seria avaliada com outros critérios. Poderia ser avaliada como
ótima aluna, como boa aluna ou como má aluna. Entendeu?

A pergunta: Por quem a Rapha foi avaliada como uma boa


aluna?

A resposta: A Rapha foi avaliada uma boa aluna de acordo


com o padrão da atual escola e aos olhos da atual professora.

É justamente aqui que muitas pessoas não conseguem


entender Jesus. Quando explicamos que nenhum ser humano
merece passar a eternidade no céu, que merecemos o inferno, que
somos pecadores ou qualquer outra abordagem evangelística;
muitas das vezes escutamos algo como: “Mas eu sou uma boa
pessoa!”. Sim, talvez ela seja uma boa pessoa, mas pergunto: Boa
pessoa em qual padrão? Boa pessoa aos olhos de quem?

Apertando um pouco mais: De acordo com o padrão do céu


e aos olhos de Deus, somos boas ou más pessoas?

É aqui que tudo muda! O céu é um local perfeito, um local


muito melhor do que possamos imaginar. O apóstolo João
escreveu Apocalipse porque teve uma visão do céu e do fim dos
tempos. Olha a descrição dele em alguns versículos do capítulo 4:

Versos 2 e 3 “E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um


trono estava posto no céu, e Um assentado sobre o trono. E O que

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estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e
sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia
semelhante à esmeralda.”

Versos 6 e 7 “E havia diante do trono um como mar de vidro,


semelhante ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono,
quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás. E o
primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal
semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como
de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando.”

Lembre-se: João viu todas essas coisas. Mas era


tudo tão novo e tão diferente de tudo que ele já havia visto na Terra
que você nota muitas incertezas em suas descrições.

Trono é um dos poucos elementos que ela tem certeza, mas


nem mesmo quem estava sentado nele João se sentiu seguro para
descrever. “Um assentado sobre o trono”. Um? Bom, sabemos que
não eram dois, mas a descrição de João não é detalhada.

E depois ele diz que este Um tinha a “aparência, semelhante


à pedra jaspe e sardônica”. São pedras avermelhadas. Ou seja,
João diz que Aquele que estava no trono era semelhante a estas
pedras. Vermelho? Duro? Firme? Não sabemos...

E o arco celeste, este parecia uma esmeralda; veja, não era


uma esmeralda e nem feito de esmeralda, mas parecia uma
esmeralda. Da mesma forma ele avalia os quatro animais:
“semelhante a um leão... semelhante a um bezerro... rosto como
de homem... semelhante a uma águia voando.”. Ele não afirma que
eram estes animais, mas semelhantes a estes.

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Aonde quero chegar? O que João viu era tão diferente e tão
fora do padrão da terra que ele não conseguiu ser preciso na
descrição de muitas coisas. E isto meu amado(a) leitor(a); é o
padrão do céu.

E Deus? Alguém que se trata como “o Eu Sou!” já deveria


dispensar apresentações. Mas vamos ler Isaías 40:25-26 “Com
quem vocês vão me comparar? Quem se assemelha a mim?”,
pergunta o Santo. Ergam os olhos e olhem para as alturas. Quem
criou tudo isso? Aquele que põe em marcha cada estrela do seu
exército celestial, e a todas chama pelo nome. Tão grande é o seu
poder e tão imensa a sua força, que nenhuma delas deixa de
comparecer!”. Se você ainda não entendeu muito sobre a grandeza
de Deus e entende que precisa de mais passagens bíblicas; por
favor, entenda o contexto do livro de Jó e leia Jó 38.

Enfim, espero que esteja mais clara a questão do “eu sou


uma boa pessoa”. Segundo o padrão da terra, aos olhos da
mamãe, de um amigo ou de uma professora podemos ser boas
pessoas; mas e no padrão do céu e aos olhos de Deus?

É justamente aqui que entra Jesus! Como nosso padrão de


bondade e justiça é pequeno demais, como jamais seremos bons
a ponto de merecer o céu, como estamos perdidos e condenados;
precisamos de um Salvador! E a única solução para pecadores
como nós é um Salvador como Jesus.

A maioria das pessoas não sabe por que Jesus morreu.


Alguns, acertadamente, respondem: “Para me dar a salvação”,
mas vivemos no tempo das primeiras respostas; poucos se
aprofundam para ter uma segunda ou terceira resposta; e quando
eu pergunto o que é a salvação, a conversa trava. Já ouvi coisas

47
absurdas como “salvação é jejum”, “salvação é oração”, “salvação
é paz de espírito”. Jesus morreu para te dar a vida eterna no céu,
te salvando da condenação de uma vida eterna no inferno. Isto é
salvação. Ele nos salvou porque o nosso padrão de bondade e
justiça é raso demais comparado ao padrão do céu e de acordo
com a avaliação de Deus.

E por que Jesus precisou morrer para nos dar a salvação?


Eis a resposta:

Sangue é moeda no mundo espiritual. Quando pecamos


ficamos em débito com Deus e, a única forma de se quitar uma
dívida é pagando por ela. “Ele (Jesus) nos perdoou todas as
transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em
ordenanças e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na
cruz” Colossenses 2:13-14 (grifo do autor).

Quando Adão e Eva pecam o próprio Deus sacrifica um


animal e os cobre com a pele do sacrifício oferecido. Leia Gênesis
3. Durante o Antigo Testamente você nota a direção de Deus para
um sacrifício animal para cada tipo de pecado. É o sangue
redimindo o pecador, é o sangue pagando pelo pecado, é o sangue
como moeda de troca!

E por isso Jesus morreu. O Sangue Dele, o mais puro e


valioso sangue que existe, tem poder para pagar o pecado de todo
ser humano que crer Nele e se arrepender de seus pecados.

Ao entender que somos totalmente necessitados de Jesus


como nosso Senhor e Salvador, ao entender que a entrega Dele
na cruz nos salvou e pagou os nossos pecados e ao entender que
Ele fez tudo isso sem qualquer merecimento de nossa parte
(graça); tudo muda!
48
Ao entender que por conta do sangue de Jesus passaremos
a eternidade no céu, mesmo merecendo o inferno, tudo muda!

Tudo muda porque nossa motivação para “trabalhar” na


obra de Deus passa a ser a gratidão e não a busca por cargos ou
títulos eclesiásticos.

Tudo muda porque começam a cair arrogância, soberba,


orgulho, vaidade, autossuficiência e afins. Entendemos nossa
dependência de Deus, nossa pequenez perante um Deus perfeito,
Santo e, apesar disso tudo, acessível, próximo e Pai.

Não sei como eram suas notas na escola, como os


professores te viam/vêem, mas creio que, de agora em diante,
seremos alunos tão dedicados a Deus quanto a Rapha em sua
décima escola.

49
FÉRIAS, PISCINAS E OUVIDOS (FÉ)

O Benjamim estava aproveitando as férias do jeito que ele


mais gosta: indo à piscina todos os dias! Quando não era em casa
ele ia à casa de alguém que tivesse piscina!

O fato é que num desses dias ele acordou e percebi que ele
estava com a “carinha” meio caidinha e, quando eu olhei para o
ouvido dele, dava para ver a cera caindo para fora! Estava lotado
de cera!

Corremos para o médico, ele receitou um “remedinho” e


repouso.

Na manhã seguinte o Benjamim acordou e me falou: "papai,


quero ir à piscina!".

"Não filho, você não pode. Agora está passando por essa
recuperação e temos de esperar seu ouvido melhorar. Então hoje
você não pode ir à piscina!"

Então, o levei para dar outros passeios e tivemos um dia um


pouco mais recatado.

No dia seguinte o ouvido já estava limpinho! Por precaução,


continuei aplicando o remédio e o mantive em repouso. Mas depois
de dois dias de repouso, duas noites bem dormidas e o remédio
correto; ele acordou e foi direto para a piscina, de pijama e tudo,
sem nem esperar para colocar a sunga!

Isso me remete à passagem de Isaías 49, onde lemos: "o


Senhor Deus me fez como uma flecha, e me guardou na sua
aljava".

50
Obviamente Isaías fazia uma analogia porque flecha não
tem vontade, mas tudo que uma flecha “quer” é ser lançada! Tudo
que um machado “quer”, é cortar uma árvore; uma faca “quer”
cortar alimentos, e por aí vai...

A flecha não “quer” ficar guardada na aljava, nem a espada


na bainha. E o Benjamim não queria ficar fora da piscina! Mas
aquele foi um dia em que ele precisou ficar na aljava, em que Deus
tratou com ele. O dia em que o corpo dele foi se recuperando, se
aperfeiçoando, para que no outro dia, ele pudesse brincar mais!
Talvez até mais do que tinha brincado antes, porque voltou mais
forte!

Deus, às vezes, trata com a gente assim, nos coloca na


aljava. Ele recolhe o machado para ser afiado, recolhe o facão
para ser amolado, e nos dá um momento de repouso para
cuidados extras.

Todo pastor tem o momento em que tira sua ovelha do


rebanho, para tirar pulgas, tratar as doenças, arrancar os
carrapichos, insetos... E depois ela volta ainda mais saudável.

Eu não sei qual é a fase da sua vida, mas se você estiver na


aljava de Deus, entenda essa fase.

Se você não está neste momento, é certo que você já esteve


ou então, estará! E este é um momento em que o cristão não deve
se desesperar, mas descansar. Porque estar na aljava de Deus
significa estar sendo cuidado por Ele, estar sendo preparado para
uma obra ainda maior que virá da parte dEle para nossa vida!
Descanse no tempo de aljava, se fortaleça nas mãos de Deus e
esteja pronto para fases maiores e melhores.

51
Acredite, sua piscina não sairá do lugar, ela permanecerá lá,
te esperando!

52
PRESENTES E MAIS PRESENTES (AMOR)

Nos mudamos para Belo Horizonte no final de 2010.


Oramos pedindo direção de Deus, entendemos que era da vontade
Dele e, por fim, recebi o convite do meu amigão e, na época, meu
diretor comercial, Márcio Magoni.

Alguns meses depois chegaria o dia do quinto aniversário


da Luana. Tivemos a oportunidade de realizar a festa num buffet
bem legal. Um escorregador gigante fez a festa de uns, o arvorismo
com uma bela tirolesa no final alegrou a outros, fliperamas
alegraram os mais tradicionalistas e a comida alegrou a todos.
Você sabe né; crente não bebe, mas come muito.

Precisamos de duas viagens para voltar para casa por conta


da enorme quantidade de presentes que ganhamos. Acho que
algumas pessoas deram mais de um presente para ela.

Uma nova festa, a de abertura dos presentes, começou em


casa depois que a festa do buffet acabou. Abrir foi uma festa,
organizar aquele monte de brinquedos novos não foi tão divertido
assim, especialmente porque precisávamos reorganizar os
presentes que ela já tinha. Reacomodando alguns no armário e
tirando outros que seriam doados.

Na realidade, jamais teríamos conseguido guardar os


novos brinquedos sem antes organizar os mais antigos.

Você já teve a oportunidade de ler a passagem a respeitos


dos odres? Lucas 5:37-38 diz assim: “E ninguém deita vinho novo
em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e
entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão; mas o vinho novo

53
deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se
conservarão.”

Na enorme maioria dos casos a bíblia usa vinho novo para


exemplificar um novo agir de Deus em nossas vidas. Os odres,
recipientes de pele animal, usados para transportar líquidos, tipo
jarros são uma forma de exemplificar a nós, humanos, pessoas.

Ou seja, o evangelho de Lucas nos ensina que precisamos


colocar vinhos novos em odres novos; isto é, o novo de Deus só
vai vir quando nós formos, por assim dizer, novos.

E o que significa ser uma pessoa nova? Uma pessoa nova


é toda aquela que abandonou os maus caminhos que costumava
andar e, consequentemente, mudou seus hábitos e,
principalmente, seu caráter. Eis aqui uma definição bem simples e
básica do que é uma conversão. Converter é mudar o rumo de
algo, mudar o formato de algo, mudar a característica de algo. Por
isso dizemos que todo aquele que se tornou um cristão verdadeiro,
se converteu.

E somente quando somos novas criaturas, convertidas ao


cristianismo é que começamos a receber o novo de Deus.

Há ainda um importante detalhe da caminhada cristã. Cada


dia uma nova parte de nós pode se converter, fazendo com que
abandonemos velhos hábitos, nos tornemos novas criaturas, odres
novos e, com isso, possamos receber o novo de Deus.

Os incontáveis brinquedos novos que a Rapha, a Luana e o


Benjamim ganharam só poderão encontrar lugar em seus armários
quando os brinquedos, já usados, forem tirados de lá.

54
Da mesma forma que o novo de Deus para nossas vidas só
poderá tomar lugar em nós quando o “velho homem” for jogado
fora!

Dê espaço ao novo de Deus em sua vida, é um processo às


vezes longo e duro, assim como pode ter sido às crianças ver
alguns brinquedos, ainda em perfeito estado, saindo do armário e
indo embora. Mas se elas não tivessem doado os mais antigos, os
novos não caberiam em seus armários.

55
INSISTÊNCIA (ORAÇÃO)

Há uma frase que escuto várias e várias vezes durante o


dia: "Eu quero mexer no seu celular, papai". Na realidade, hoje em
dia, o Benjamim acorda e já pergunta se o tablet dele está com
bateria.

É engraçado que, todos os dias, ele realmente mexe no meu


celular. Ve fotos, joga joguinho, manda mensagem e faz ligações
no WhatsApp e etc. Mas eu preciso que ele me peça o celular, que
ele venha conversar comigo e explicar por que quer o celular,
quanto tempo quer o celular e para que ele quer o celular. No meu
caso, o motivo dele precisar me pedir é que eu uso muito meu
celular. É no celular que rascunho palavras que serão ministradas
em cultos, é no celular que trabalho, é no celular que mando
mensagem e até, pasmem, faço ligações (rsrs). O celular é minha
ferramenta de trabalho.

Jesus tem falado muito comigo sobre a oração e,


constantemente, temos uma situação parecida com a descrita
sobre eu, o celular e o Benjamim. Ele me pede o celular, eu estou
usando e demoro em atender seu pedido; ele insiste, eu demoro;
ele insiste de novo e assim ficamos até que eu empreste o celular
para ele. Minha interpretação é que a insistência comprova a real
vontade dele de utilizar o celular.

Quando um assunto fica na nossa mente, quando está de


verdade no nosso coração, quando algo volta constantemente à
nossa memória; quando essas coisas acontecem podemos
interpretar como algo que é realmente importante para nós e, por
isso, somos (ou deveríamos ser) persistentes em oração.
56
Em Lucas 18, Jesus fala sobre a palavra do juiz que não
estava muito interessado nos homens e suas petições. Fala de um
juiz de coração um tanto quanto duro, mas note que o juiz atende
à senhora que o importunava, ele atende àquela senhora
insistente, ele atende aquela que pedia de cinco em cinco minutos.
Quero chamar atenção para o primeiro versículo: “Então Jesus
contou aos seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que
eles deviam orar sempre e nunca desanimar.”. Viu só? O próprio
Jesus começa a parábola explicando-a.

Não, não estamos dizendo que você vai ganhar pela


insistência, nem que vai conseguir importunar Deus caso você siga
orando de cinco em cinco minutos sobre o mesmo tema; mas quero
deixar claro que, se algo for realmente relevante e importante para
você; você orará constantemente e não "uma vez na vida e outra
na morte".

Peça a Deus, e Ele saberá quando dar e quando não dar. O


tablet/celular continuam sendo importantes para o Benjamim, sei
disso porque ele continua pedindo e insistindo. Ore!

57
EU USO ÓCULOS (INTIMIDADE)

Em 2014 eu comecei a usar óculos. Adotei o acessório por


pura necessidade. Brincava dizendo que a falta de óculos estava
afetando uma das coisas mais importantes da vida... ir ao cinema!

Brincadeiras à parte; o fato é que eu começava a ficar


perigoso em muitos sentidos. Dirigir a noite, por exemplo; eu
precisava da Clau porque alguém precisava enxergar as placas.

Isso, sem contar com as incontáveis situações complicadas


que me coloquei por não cumprimentar alguém como deveria
porque não reconheci a pessoa. Espero não ter perdido nenhum
amigo com isso rsrs.

Eu não aguentava mais ter de me sentar na frente na sala


de cinema, ficar perguntando sobre placas e não saber quem eu
cumprimentava ou não.

Então, com várias dicas de estética dadas pela Clau e pelas


meninas; comprei os óculos.

E adivinha quem estava de olho em toda movimentação


mesmo que aparentando não notar nada? Benjamim Salvate. Ele
mesmo.

Uma manhã daquelas ele pegou os óculos do Sr. Cabeça


de Batata e colocou no seu rosto. Saiu todo feliz falando “óia pai,
óia!”.

No começo achei que era só ele imitando o próprio


brinquedo, mas não, ele começou a pegar meus óculos, o da Clau
e qualquer um que aparecesse pela casa.

58
O que aconteceu foi que o Benjamim começou a imitar o
pai em algo novo que eu estava fazendo.

Deus me ministrou que devemos fazer exatamente assim


com Ele. Devemos imitar Deus, nosso Pai, exatamente como o
Benjamim me imitou. Paulo já havia nos ensinado isso quando
escreveu “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados.”
Efésios 5:1.

O próprio Jesus deixou bem claro que Ele imitava Seu Pai,
nosso Deus, quando disse “E Jesus lhes respondeu: Meu Pai
trabalha até agora, e Eu trabalho também.” João 5:17

E sabe o que acontece quando um filho imita o pai


constantemente? Ele fica parecido com o pai. Isso aconteceu com
Jesus também. Leia comigo: “Disseram-lhe, pois: Onde está teu
Pai? Jesus respondeu: Não Me conheceis a Mim, nem a Meu Pai;
se vós Me conhecêsseis a Mim, também conheceríeis a Meu Pai.”
João 8:19 e chegou a afirmar que “Eu e o Pai somos um” em João
10:30.

Se começarmos a imitar o Pai ficaremos iguais a Ele, mas


não num simples acessório como óculos; mas em caráter,
humildade, força, fé e etc.

Imite o Pai, Ele deixou explícitas todas Suas características


na bíblia. Basta ler, obedecer e imitar o nosso Pai. É mais simples
do que parece e mais recompensador do que imaginamos.

E ficam meus desejo e oração para que meus filhos (1) não
me imitem no que eu for ruim e, (2) me imitem e me superem
naquilo que eu fiz/faço de bom.

59
ALINHAMENTO (ORAÇÃO)

Quando a Luana nasceu, a Rapha já tinha 4 anos; ou seja,


eu já havia trocado fraldas, dado banho, levado ao médico e etc.
Usei toda essa experiência para cuidar da Luana. Ainda que eu
fosse um “crianção”, imaturo e meio irresponsável, eu cuidei muito,
muito mesmo da Luana. Enfim, escrevi esse parágrafo para dar
ênfase e resumo à intimidade, empatia, amizade e cumplicidade
entre eu e a Luana.

Já com 11-12 anos, tivemos a seguinte conversa:

-Papai, eu vou te pedir uma coisa, mas eu sei que você não
vai me dar...

Rsrs, engraçado, né?

Quantas e quantas vezes, não somos nós a fazer essa


oração para Deus. Mesmo sabendo que algo não é da vontade
de Deus, nós oramos insistentemente, mas Deus (obviamente)
não atende.

Mas, por que Ele não atende se Salmo 37: 4 diz "deleita-te
no Senhor, e Ele concederá o desejo do seu coração"?

Vamos entender o que é "deleitar-se".

Deleitar-se em Deus é conviver tanto, ser tão íntimo, ter o


pensamento tão próximo e o coração tão alinhado que quando
você pedir algo, aquilo estará de acordo com o desejo do coração
de Deus.

É por isso que, nessas situações, a Luana já chegava


sabendo que eu não irei atender ao pedido dela. Por quê? Porque

60
ela já se deleitou no nosso relacionamento, e nós somos tão
próximos, tão alinhados, que ela sabe qual coisa não está de
acordo com o que eu penso ou com o que acho certo.

Na realidade, para muitas coisas a Luana nem precisava vir


conversar comigo, bastava seguir o padrão e estilo de vida que
temos no dia a dia e ela já saberia se algo condiz ou não condiz.
Dentro desse entendimento eu faço o paralelo de que não
precisamos, talvez nem devamos orar sobre determinados
assuntos. Se você conhece o caráter de Deus você saberá que
algumas coisas não estão alinhadas com Ele ou com Seu caráter.
Além do mais, temos a bíblia, e ela responde uma boa parte dessas
perguntas que gostaríamos de fazer a Ele em oração.

Voltando; quando a gente se deleita no Senhor, nossa


intimidade com Ele é tamanha que nós só iremos pedir aquilo que
Ele quer nos conceder (pois Ele pode tudo).

Tiago escreveu assim: "pedi e recebei" e "não recebeis


porque pedi mal". Este “pedir mal” é justamente isto; pedir algo que
está desalinhado com a vontade de Deus pra nossa vida, não tem
como Ele conceder.

A Luana agora está com 13 anos. Se ela me pedir uma


moto, ela não vai ganhar. Mas ela foi sábia, e pediu que
trocássemos sua bicicleta aro 24 por uma de aro 26. Pedido
concedido! Ela soube pedir, e recebeu.

Que você possa buscar aquilo que está alinhado com os


desejos do coração do Pai para você em todas as áreas.

61
SOZINHO (FÉ)

O Benjamim passou pela fase de aprender a se trocar


sozinho. A estratégia era: Eu tirava um lado da manga da camisa
e ele precisa tirar o restante sem a minha ajuda. Havia muita
resistência no começo. Muita mesmo! Um pouco por conta da
preguiça, é verdade, mas eu percebo que boa parte é porque ele
fica com medo de ser abandonado. É como se na cabeça dele,
cabeça de uma criança de 6 aninhos, ele estivesse pensando: “ué,
meu pai não vai mais me trocar? Vai me deixar sozinho?”

No banho, acontece a mesma coisa. Lição de casa a mesma


coisa. Na realidade isso, acontece em todas as áreas. E aconteceu
com a Luana e com a Rapha também. Coisas normais do
crescimento.

Num determina fase os pais precisam deixar os filhos


"sozinhos", deixando que eles tomem suas decisões para a vida.

Moisés escreveu em Deuteronômio 32: "Como a águia que


incentiva seus filhotes e paira sobre a ninhada, ele estendeu as
asas para tomá-los e levá-los em segurança sobre suas penas.".

As pessoas escrevem de acordo com o contexto de sua


época. Jesus falou muito de agricultura e pesca, pois eram coisas
características de sua época. Moisés deu o exemplo da águia, e
nós, hoje, talvez falássemos de filmes, construção, política etc.!

Quero me estender aqui explicando como a mamãe águia


ensina o seu filhotinho a voar: Ela coloca ele nas costas, sai de um
ninho absurdamente alto e, literalmente, larga ele! Num desespero
gigante, o filhote bate as asas, mas não consegue voar logo na

62
primeira vez. A mamãe o pega de novo enquanto está caindo e
repete o processo todo até que ele aprenda a voar sozinho.

O interessante é que, assim como fazemos com nossos


filhos dentro de casa, e como a águia faz com seu filhote, Deus faz
conosco.

Em alguns momentos iremos nos sentir abandonados por


Deus, como se Ele tivesse nos largado numa altura monstruosa, e
estivéssemos em queda livre! Mas jamais seremos abandonados,
jamais. Ele prometeu que estaria conosco até a consumação
dos tempos. Estamos sendo ensinados a voar sozinhos! A nos
trocarmos sozinhos, a fazer lição de casa sozinhos e a tomar
decisões sozinhos.

Hoje o Benjamim já se troca sozinho, toma banho sozinho e


faz quase toda lição de casa sozinho; mas em todas as situações
eu estou ao lado dele, pronto para acudi-lo se a queda livre ficar
muito assustadora!

63
LENDO OS PENSAMENTOS (INTIMIDADE)

Começo esse capítulo entregando uma fraqueza da


Claudia: Ela tem aflição a pés! Mas não todos, os de bebês ela
tolera. Mas por exemplo, se eu apenas aproximar dela o meu lindo
pé ela dará um pulo e um grito. Para mim, é hilário, ela já não gosta
tanto assim da brincadeira.

Óbvio que, de vez em quando, sem querer (querendo) meu


pé encontra a perna dela ao dividirmos o mesmo poof da sala,
sempre sem querer. E dá-lhe gritaria. E quem mais se diverte é a
Lulu e a Rapha, o Benben dá aquela risada forçada de quem quer
participar da brincadeira, mas no fundo, não está entendendo
nada.

Certo dia conversámos com amigos sobre essa questão do


pé. A Clau pegou o Benjamim no colo e disse que “o pé do
Benjamim não tem problema, esse eu até mordo”, e deu aquela
mordidinha carinhosa no pézinho dele, que riu e tudo ficou naquele
clima agradável.

Quando olho para a Luana, o olhar dela entregava que ela


estava longe e imaginando algo. Eu falei:

- Lulu, fica tranquila que a mamãe já beijou, cheirou e


mordeu muito o seu pé quando você era menor!

A cara de espanto dela foi o destaque da noite.

- Como você sabia que eu tinha pensado isso papai?

Brinquei, dizendo que conseguia ler seus pensamentos e


logo depois me corrigi explicando que apenas a conhecia muito e
seguimos a noite.
64
Tempos atrás o Benjamim começou com a mania de querer
“atropelar” os outros com sua motoca (na minha época era
tonquinha). Graças a Deus ele não descobriu que podia atropelar
as visitas também e a perseguição fica apenas para a irmã e a mãe;
comigo ele tem um pequeno receio rsrs.

Fato é que a nova brincadeira é chata e até machuca; uma


motoca no dedo do pé dói de verdade. Logo no dia seguinte à
minha “leitura de mente” a Lulu estava sentada na motoca e o
Benjamim de pé, distraído e assistindo um de seus desenhos
favoritos. Imediatamente soltei:

- Lulu, nem se atreva a atropelar seu irmão!

Uma careta ainda mais engraçada, um espanto ainda maior


e ela pergunta:

- Como você sabia que eu tinha pensado isso papai?

Fui tentado a fazer a mesma brincadeira sobre ler


pensamentos, mas expliquei que só a conhecia muito e que, de vez
em quando, eu a entendia mesmo antes dela falar algo.

Naquele mesmo final de semana, no culto de domingo à


noite, lemos um Salmos; e Deus juntou todas as histórias em minha
mente e me mostrou que Ele também faz isso conosco. Leia os
quatro primeiros versos comigo:

Salmos 139:1-4 “Senhor, Tu me sondas e me conheces.


Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes
os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e
quando descanso; todos os meus caminhos Te são bem
conhecidos.

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Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, Tu já a
conheces inteiramente, Senhor”.

Como assim? Justamente neste final de semana lemos


“sabes meus pensamentos” e “antes mesmo que a palavra me
chegue à língua, Tu já a conheces inteiramente”! Deus é muito
falante amigo(a) leitor(a), jamais se esqueça disso.

Enfim, Deus já sabe o que virá pela frente antes mesmo de


Seu filho, ou seja, você, pronunciar algo. Mas claro, não apenas
situações óbvias do dia a dia de pais e filhos; Deus sabe todos os
nossos pensamentos e em toda e qualquer situação.

No verso primeiro há um pedido: “Sonda-me ó Deus!” Você


já viu uma sonda? Sabe a função dela? Uma sonda de perfuração,
por exemplo, vai longe, vai fundo, vai no âmago, no coração, no
núcleo que algo e investiga, analisa e traz as informações mais
relevantes para aquele quem a comanda.

O que o salmista pede? Aquilo que todos deveríamos pedir;


para sermos sondados por Deus; para que Ele nos análise e nos
mostre onde precisamos mudar e melhorar. Ou, como aconteceu
com a Lulu, para que o pai evite que façamos ou pensemos algo
errado, nocivo e prejudicial.

E o salmista foi mais longe ao nos revelar as ações de Deus


nos versos 7 e 8: “Para onde poderia eu escapar do Teu Espírito?
Para onde poderia fugir da Tua presença? Se eu subir aos céus, lá
estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás.”.
Sim, querido(a), Deus está em todos os lugares e sabe de todas as
coisas.

66
Imagine o Pai perfeito (Deus) estando em todos os lugares
(onipresente) e sabendo tudo aquilo que o filho pensar em fazer
(onisciente)! Uau, que situação maravilhosa hein! E pode ficar
ainda melhor se o filho fizer como a Lulu fez: entender e acatar o
que o pai lhe diz. Aí querido(a); o sucesso é garantido.

Vou te dar um novo panorama sobre as duas situações da


Luana com o Benjamim. Na primeira situação, a dos pés, evitamos
algo que poderia ser uma raiz de amargura bem comum em irmãos.
Pensamentos do tipo: “Faz carinho, dá beijinho e até morde o pé
dele, mas nunca fez nada disso no meu”. E não seria um
pensamento maldoso, ela apenas não se lembrava da situação.
Um pensamento deste tipo, quando não esclarecido, perdoado ou
tratado pode levar irmãos a crescerem em pé de guerra. Já leu
sobre os motivos que levaram jovens a agredir ou matar colegas
de escola? Para quem está de fora, a maioria motivos são brandos
e/ou tolos. Uma “tiração de sarro” aqui, uma brincadeira de mal
gosto ali, uma namorada que o trocou por um outro e aquilo toma
proporções catastróficas dentro do ser humano.

E na segunda situação, da motoca, evitou um machucado,


ou uma briga que poderia durar para a vida inteira, caso não se
perdoassem.

Que Ele continue lendo nossos pensamentos e nos


aconselhando a não criar dúvidas em nossas mentes e nem
atropelar os irmãos. Ele te ama, aproveite Seu amor!

Agora me dá licença que vou ali esfregar meu pé na Claudia!

67
GRATIDÃO (CARÁTER)

O Benjamim tinha um pequeno tablet que ele usava para


brincar/jogar. Após ter caído mais de 135 vezes no chão (exagerei,
mas não muito), o aparelho finalmente quebrou e foi para o
conserto: trocou bateria, arrumou a tela, reparou isso, reparou
aquilo... Em resumo, ficou quase um mês e meio para ser
consertado.

Praticamente todos os dias (Lembra da lição


INSISTÊNCIA?), o Benjamim me perguntava:

- Papai, meu tablet tá pronto?

- Ainda não, filho, ainda não.

E ele ficava com aquela carinha murcha.

Até que em um determinado momento, eu mudei a resposta.


Ao invés de dizer que ainda não estava pronto, disse que estava
“quase”. Quando disse isso, o Benjamim deu um pulo:

- EBAAAAAA! TÁ QUASEEEEE!

Aquilo acabou comigo. Primeiro porque, confesso, falei


“quase” apenas para ele parar de insistir. Segundo porque "tá
quase" é bem subjetivo. E, terceiro porque a alegria dele em saber
que, mesmo o seu aparelho não estando pronto, mas quase, me
comoveu. Liguei para o rapaz da assistência perguntando quando
poderia buscar o tablet; enfim, pra saber se estava "quase" mesmo
rsrs!

Aonde quero chegar com isso?

68
A bíblia diz que em tudo devemos dar graças. Ou seja, não
importa qual a situação, você deve agradecer.

Usando o exemplo do Benjamim, ele estava achando que o


tablet dele nunca mais fosse voltar. Mas se alegrou quando soube
que teria seu aparelho de volta em breve. Ainda que ele não
estivesse pronto, o Benjamim sabia que havia um motivo para
agradecer, sempre há motivos para agradecer!

Quando você abre a geladeira e a vê vazia, você deve se


lembrar que, se a sua geladeira está vazia nesse momento,
significa que ela já esteve cheia.

Quando o carro quebra, lembre-se de que você tem um


carro.

Se a casa está gerando muita despesa; ajuste as contas e


lembre-se: você tem uma moradia; e ainda que ela possa ser
alugada, é um teto.

E por aí vai...

Nós sempre temos um motivo para dar graças por aquilo


que temos, e pelo que Deus está fazendo. A gratidão deve se
tornar um estilo de vida, e então você começa a agradecer por tudo
quanto você pode.

Salmo 50, verso 23 diz assim: "A Gratidão, porém, é um


sacrifício que de fato Me honra. Se permanecerem em Meus
caminhos, Eu lhes revelarei a Salvação".

A gratidão honra a Deus. Para que mostremos, a nós


mesmos e a Deus, que entendemos que Ele está acima de tudo e
que as decisões dEle são melhores que as nossas.

69
Que nós possamos ter esse estilo de vida de alguém
verdadeiramente grato a Deus por tudo o que Ele fez, faz, e está
fazendo! Quando você se perguntar se as coisas já melhoraram;
responda para você mesmo: Tá quaseeeeeee!

70
UM COMPANHEIRO (INTIMIDADE)

Quando comecei a escrever as lições no Facebook era tudo


mais simples, curto e direto. Investia cinco minutos escrevendo o
que tinha acabado de entender sobre meu relacionamento com
meus filhos, uma foto, ou vídeo e pronto.

Mas quando decidi escrever o livro eu quis fazer algo mais


completo, mais didático e com muito mais detalhes. Mas o laptop
não estava comigo o tempo todo e seria impossível parar e
escrever algo caso estivesse passeando com meus filhos, por
exemplo. Então descobri que estes maravilhosos (e de bateria
irritante) smartphones tem a opção de gravar áudios. E isso foi
muito útil para este livro. Quando acontecia uma situação que
coubesse nesse meu primeiro livro (realmente espero que venham
outros), eu gravava um áudio rápido para me ajudar a lembrar do
momento chave que geraria toda uma história.

O áudio desta lição, por exemplo, eu gravei com o som do


Benjamim na bateria ao fundo. Mal consigo me ouvir hahaha. Mas
a situação envolveu justamente eu, ele, a bateria, um violão (já
darei detalhes dele) e muito barulho!

O Benjamim amava bateria. Interessante notar que, mesmo


com todo amor que ele tem pela bateria, ele estava meio cansado
de ficar sozinho em seu quarto. Todos na sala e ele sozinho no
quarto tocando. Com o tempo ele começou a puxar todos que
entravam em casa (e isso significava muita gente) para ir ao quarto
dele para tocar e ver ele tocando bateria.

71
Não contente, começou a trazer a caixa e o chimbal para o
meio da sala para poder tocar, se divertir e ainda estar junto com
todos.

Temos esse costume aqui em casa. Ficamos sempre juntos.


Quase uma gang, fazemos muitas coisas juntos, todos juntos. E
ele se acostumou com isso! Os filhos aprendem muito com as
atitudes dos pais, consciente ou inconscientemente, eles estão
sempre imitando; são reflexos de seus pais. E nesta área, o
Benjamim não foi diferente.

Bom, as coisas não tinham como ficar na sala. No quarto


dele o som “saía” pela janela; na sala, vai direto para o vizinho. Não
tem como! Resolvi começar a ir mais e mais com ele ao quarto.

E o violão? Passamos uma noite de Natal na Embaixada do


Altíssimo. Naquela maravilhosa noite o Benjamim ganhou um
violão de brinquedo. Desses de plástico e com linhas de nylon
fazendo o papel das cordas. Ele amava o violãozinho. Amava (com
verbo no passado) porque entre eu rascunhar e escrever a história,
o violão fez papel de baqueta e rachou em três partes. Jogamos
fora.

Mas antes de rachar, nessas minhas constantes idas ao


quarto para tocarmos bateria, eu comecei a pegar o violão e “tocar”
e “cantar” (entenda gritar). Ele tocava bateria e eu tocava violão
(todos estes “tocava” precisam de enormes aspas rsrs). Foi muito
legal. Foram momentos engraçados e divertidos (hoje saudosos).
O tema da música era escolhido por ele. Dedo indicador na
bochecha, cara de pensativo, um “mmmm” seguido de “dátei” (já
sei) e, então, pedia o tema que variava de mamãe, Rapha, Lulu,

72
Benjamim e papai até estrela, vermelho, cavalo e qualquer coisa
que lhe vinha à mente. Era engraçado de verdade!

Como mencionei; o filho imita o pai. Mas tem algo, além


disso: O filho quer a presença do pai. Quer estar junto com o pai.
Na realidade, quer isso mesmo que o pai não seja a melhor
referência do mundo. É natural, é algo que Deus colocou em nós.

E sabe o que acontece quando o filho verdadeiramente


curte estar na presença do pai? O pai não resiste, abre mão de
seus afazeres e vai aproveitar a companhia do filho. Desejo
ardentemente ser parceiro, amigo e companheiro dos meus filhos
não apenas durante a infância, mas principalmente na
adolescência e dar sequência a isso na fase adulta. Nada invasivo,
amizade mesmo.

E por que com Deus seria diferente?

Ele nos ama de forma incondicional, a ponto de enviar Jesus


a morrer por nós (João 3:16); prometeu que estaria conosco todos
os dias, até a consumação dos séculos (Mateus 28:20); nos deixou
Sua Palavra para nos ensinar todas as coisas (2 Timóteo 3:16) e
Seu próprio Espírito Santo, que é nosso principal Ajudador e
Companheiro (João 14:16).

Conselheiro é também entendido como Consolador,


Ajudador, Intercessor, Advogado, Fortalecedor e Companheiro de
prontidão. Percebeu que todas essas características envolvem
relacionamento? Pois é; assim que Deus optou por agir, através de
nós e conosco. Amigo íntimo e presente.

Quero te mostrar algo maravilhoso sobre o Espírito Santo.


Em João 14:16-17 lemos o seguinte:

73
"E eu pedirei ao Pai, e Ele lhes dará outro Conselheiro para
estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não
pode recebê-lO, porque não O vê nem o conhece. Mas vocês O
conhecem, pois Ele vive com vocês e estará em vocês."

Esse termo “outro”, do original, tem duas formas de ser


expresso.

"Heteros" – Usado ao se referir a outro igual, mas nem tanto.


Ex: Uma pessoa bebe um suco de laranja e pede outra bebida
usando “heteros”. Essa outra pode ser um refrigerante, água ou
qualquer bebida de “espécie” diferente.

"Allos" – Usado ao se referir a outro, porém literalmente


igual. Ex: Uma pessoa bebe um suco de laranja e pede outra
bebida usando o “allos”. Ele se refere a outro suco (mesmo tipo de
bebida) e de laranja (literalmente igual), sem nada diferente.

Jesus, ao seu referir ao Espírito Santo, usou o termo “allos”.

Ou seja, o Espírito Santo é exatamente igual a Jesus e a


Deus. Uau; como poderíamos querer companheiro melhor e mais
precioso? Impossível. É um enorme privilégio podermos nos
relacionar com o Espírito Santo, Ele é maravilhoso, companheiro,
amigo!

Creio que sempre tínhamos o Espírito Santo tocando um


“teclado” ao nosso lado. Creio também que “arrancamos” Dele um
enorme sorriso naqueles momentos. Verdadeiros amigos ficam
felizes com a felicidade de seus amigos.

Deus é relacional querido(a); Ele ama estar com Seus filhos,


conversando, ensinando, endireitando, tocando e sorrindo.

74
Aproveite, sorria de volta, responda, pergunte, seja amigo e tenha
sua vida transformada.

Você não precisa convidá-lO para tocar violão e bateria


contigo, mas Ele aceitaria.

75
NOVENTA PÁGINAS?!?! (MINISTÉRIO)

Quando comecei a escrever o livro algumas pessoas me


ajudaram em dicas, oração (por mim e pelo livro e, até por você,
leitor!) e tudo que pode envolver um livro.

Numa dessas dicas me avisaram: “Será que as meninas não


ficarão tímidas com algumas coisas que você escreverá delas?”.
Aquilo parecia uma bomba em minha mente.

Elaborei um mega texto em minha mente, cheio de palavras


simples, diretas e persuasivas e fui falar com a Lulu e com a Rapha.
Ufaaaaaaaaa; que alívio. Elas não se incomodaram com a ideia de
eu contar algumas de nossas intimidades num livro. Mas você,
caro(a) leitor(a), sabe que não se incomodar é bem diferente de
gostar; e não aceitei a primeira reação como definitiva e comecei a
incluir a Lulu um pouco mais no projeto.

Passei a contar quando e como Deus falava comigo, que


lições eu estava incluindo, quando estava escrevendo e tudo mais.
Isso acabou sendo muito bacana porque algumas lições saíram
justamente dessas conversas com a Lulu e com a Rapha.

Numa dessas muitas conversas eu falei:

- Lulu, preciso te contar uma coisa (um código que descobri


que ajuda a chamar sua atenção); sabe quantas páginas já tem
meu livro?

O mistério é algo de que as crianças gostam e que chama a


atenção delas.

- Quantas papai?

76
- NOVENTA PÁGINAS.

- Uauuuuuuu, caramba pai, sério? Quanta coisa!

Além das palavras, a cara dela, sorridente, olhos


arregalados, largando o iPad e esperando eu contar mais foram
sensacionais.

Conversamos mais um pouco e voltei a trabalhar.

Você já leu neste livro que Deus é muito falante, certo? E


Ele falou novamente, me dando o claro entendimento de que esta
é a reação que todo pai espera de um filho quando uma notícia é
contada. Uma reação que mostra interação do filho com o pai, uma
reação que mostra interesse, que mostra entusiasmo. O pai se
alegra quando o filho participa da notícia e não simplesmente ouve
a notícia.

O evangelho, as boas novas, a bíblia como um todo são


questões totalmente práticas, e não teóricas!

Tiago, irmão de Jesus, foi chamado por Ele quando


consertava as redes (Marcos 1:19) e, aparentemente, isso era algo
que fazia parte da personalidade de Tiago, em seu livro da bíblia,
Tiago conserta a igreja.

A igreja estava coberta por ritos, roupas, locais específicos


e pessoas específicas que podiam se achegar a Deus. Mas estas
pessoas, “próximas de Deus”, mal ajudavam ao próximo. Apenas
rebaixavam as pessoas, faziam diferenças entre, classes, raças,
nacionalidades e etc. Tiago escreve uma carta exortando isso e
mostrando que “assim como o corpo sem o espírito está morto,
assim também a fé sem obras é morta” (Tiago 2:26); e ele faz disso
algo aplicativo, algo prático quando ensina que “A religião pura e

77
imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as
viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”
(Tiago 1:27).

Leiam essa carta de Tiago, ele dedica boa parte de sua carta
tornando seus ensinamentos em algo de aplicação pessoal, algo a
ser praticado no dia a dia. É ótimo.

D. L. Moddy disse: “A bíblia não nos foi dada para


aumentar conhecimento, mas para mudar nossa vida!”. Uma
das melhores frases de aplicação pessoal que você vai encontrar.

A bíblia precisa ser aplicada, do contrário nos tornaremos


iguais aos mestres da lei que sabiam tudo do pentateuco (bíblia da
época), mas aplicavam pouco dele no dia a dia. Jesus enfrentou e
confrontou estes líderes com bastante veemência. A bíblia precisa
mudar a nossa vida e a de todos que nos cercam.

Não adianta nos comovermos com pessoas passando fome


na cidade onde moramos, mas nunca ter ajudado alguém com uma
cesta básica. Não adianta ficarmos chateados com mais um
divórcio acontecendo com pessoas próximas a nós sem nunca ter
ajudado aquele casal, seja com influência correta ou indicando a
eles um seminário de casais de nossa confiança. Não adianta
alguém declarar que é cristão sem colocar o cristianismo em
prática!

Me lembro de uma célula em que falei “sou skatista”. A


galera rachou de rir, sabiam que eu não andava de skate. Mas eu
insisti, “vou começar a andar com roupa de skatista e até com o
skate debaixo do braço”. Não foi suficiente; eles nunca me viram
andando de skate, sabem que não sou skatista. Depois de insistir
e afirmar a eles que eu era skatista, e eles negarem, eu apliquei
78
isso na bíblia. “Se para sermos skatistas precisamos
verdadeiramente andar de skate, porque pensamos que uma
simples declaração de que somos cristãos e uma visita semanal à
igreja é suficiente para sermos cristãos?”

O evangelho de Cristo segue exatamente esta linha de


raciocínio, o cristianismo é a mesma coisa. Se declarar cristão não
basta, não adianta se declarar, evangélico, protestante, católico ou
qualquer que seja sua linha de cristianismo. Nem mesmo adianta
ir a incontáveis cultos e missas. Se não aplicarmos o que a bíblia
nos ensina, não seremos verdadeiros cristãos, seremos cristãos
nominais, só de nome; na prática nada disso serve.

Sabe por que muitas pessoas não aceitam o convite de um


cristão para ir à igreja? Porque, de forma geral, o testemunho dos
cristãos é péssimo. Existem muitos e muitos cristãos que se
declaram cristãos, mas infelizmente, agem como se Cristo não
existisse. São “igreja” dentro da igreja, mas não são “igreja” fora da
igreja. Um cristão verdadeiro pratica seu cristianismo mais fora do
que dentro da igreja. E o motivo é simples, passamos mais tempo
fora do que dentro da igreja.

Na realidade, se houvesse uma escala e uma divisão, nós


deveríamos ter nossa melhor conduta cristã dentro de casa, depois
fora de casa e depois dentro da igreja.

Um filho precisa entender, se alegrar e participar das obras


do pai, assim como a Luana e a Rapha participaram do livro,
viveram o livro e até ajudaram no livro.

Que possamos colocar o evangelho cada dia mais em


prática em nossas vidas!

79
VIROZES (AMOR)

A Rapha era pequenina, eu morava sozinho em São Paulo,


a Clau (infelizmente) ainda não tinha entrado na minha vida. Num
certo fim de ano, um amigo dos meus pais convidou eu e a
Raphinha para passarmos uns dias em seu apartamento na Riviera
de São Lourenço/SP. Eu, Rapha, meus pais e muuuuuuita gente.
Foi divertido.

Depois de dois dias intensos de muita piscina, muito mar,


muita areia, muito sol, muita comida e muita gente, fomos dormir
“tranquilamente”. Depois de cinco minutos deitados a Rapha fala:
“papai, papai...” e eu escuto barulho de água. Como se um chuveiro
tivesse sido ligado.

Acendi a luz e “eeeeeca”. Tinha vômito por toda cama e por


toda Rapha.

Levantamos, dei banho nela, coloquei a roupa de cama para


lavar, mais pessoas acordaram, mais roupas de cama foram
lavadas (se é que você me entende rsrs) e logo decretaram. É
virose!

Um dos problemas da virose é que, “do nada”, a pessoas


fica mal, vomita, tem febre etc. Tudo junto, tudo rápido e tudo de
uma “hora para outra”.

Enfim, repouso, remédio e rapidamente a Rapha se


recuperou. Seguimos nessas férias maravilhosas. A Rapha é uma
das pessoas mais fortes que conheço, física e mentalmente. Ela é
top.

80
Às vezes, interpretamos a dor como algo ruim. Mas a dor é
o alerta de que algo precisa ser tratado, mudado, curado ou
ajustado.

As pessoas que sofrem com a lepra, apesar de hoje ser algo


mais raro, têm o grande problema de não sentirem dor, e isto é
muito perigoso.

A pessoa coloca a mão no fogo e, se não sentir dor, a mão


logo será completamente consumida. Uma pessoa que quebra a
perna e não sente a dor, continuará andando e acabará piorando
a lesão.

A dor, ainda que seja ruim de ser sentida, é um alerta que


Deus colocou em nossa vida, nos notificando que algo precisa ser
tratado.

Quando a Rapha passou mal “do nada”, eu só tive de reagir


a algo. Não houve tempo de prevenção ou mesmo preparação para
algo ruim que viria.

Nas oportunidades em que ela ficou “murchinha”, “caidinha”,


“amoada” ou “prostrada” (expressões comuns) nós tivemos tempo
de agir antes da crise, antes do pico do problema. Pudemos nos
preparar!

Pouco antes de Jesus alertar Pedro de que este o negaria


três vezes, Jesus diz que satanás havia pedido Pedro para peneirá-
lo. Jesus não diz que irá impedir, mas que irá orar para que Pedro
resista e que, quando se convertesse, ajudasse os demais
discípulos.

É interessante notar que Jesus afirmou para Pedro que ele


não era nem convertido naquela época! E Jesus não aliviou a dor.

81
Pelo contrário, permitiu que Pedro a sentisse. Mas qual era essa
dor?

Satanás peneirou a Pedro. Pedro negou a Jesus três vezes.


O galo cantou e, de alguma forma, os olhares de Pedro e Jesus se
cruzaram.

E a bíblia diz que Pedro chorou. Especialmente no


evangelho de Lucas diz que Pedro chorou amargamente.

Pedro sentiu um tipo de dor que a gente experimenta


apenas duas ou três vezes na vida.

E, se você analisar, após a crucificação e ressurreição de


Jesus, Pedro corre para encontrá-lo e abraçá-lo.

A figura de Pedro se transforma.

O apóstolo Pedro que aparece em Atos é muito diferente do


discípulo Pedro que termina os evangelhos, especialmente em
João.

A dor que ele sentiu quando ainda não era convertido, fez
com que ele ajustasse algo dentro de si mesmo. Quando Jesus
avisou que ele iria negá-Lo, ele diz: “Senhor, todos aqui vão te
negar, mas eu, não. Eu estou do seu lado”. Sabe aquele papo de
aquele que pensa estar de pé, cuide para que não caia? (1
Coríntios 10:12)

Pedro pensou que estava de pé. Achou que era muita coisa.
E é como se Jesus estivesse dizendo: “preciso botar uma dor na
vida desse menino para que ele se converta de verdade e saiba
quem ele é e onde ele está”.

82
Quando nós passarmos por alguma dor, que consigamos
entender que Deus está querendo o tratamento de algo na nossa
vida.

A dor vem como um alerta para algo que teremos de


superar, de passar, de vencer.

Perceba o alerta.

Entenda o momento.

Ore.

Creia.

Lute.

Supere.

Vença!

83
MAIS QUE VENCEDOR (CARÁTER)

A Luana realmente tem habilidades culinárias. Uma vez ela


fez cupcakes para uma festa em casa e todo mundo amou, então,
ela fez novamente para o aniversário surpresa da pastora Débora,
e foi o maior sucesso! Fez Cookies para pagar sua ida à Missão
Cananéia e foi sucesso de novo (recebeu encomendas e tudo
mais). Ela realmente tem uma habilidade natural.

Eu brinquei com ela que ela deveria participar de um reality


show chamado "batalha dos confeiteiros" e ela falou: "pai, eu não
iria passar nem da primeira fase!". E eu respondi: "mas assim que
é bom, Lulu, porque se você não passar da primeira fase, você vai
ver onde você errou e onde pode melhorar”, tipo uma prova de dez
questões onde você erra duas. Aquela duas apontam, claramente,
os pontos e assuntos que você precisa melhorar!

A competição gera temor em uns e prazer em outros. Já


reparou como algumas pessoas simplesmente fogem de um
ambiente competitivo? E já reparou como outras buscam esse
mesmo ambiente?

Há também o grupo dos competitivos predatórios. São


aqueles que não querem apenas competir, mas mostrar que são
muitos melhores, detonar, humilhar e diminuir os outros.

A Lulu é mais tranquila, prefere a parceria saudável, crescer


junto com uma amiga, estimular e ajudar o próximo. Ela faz bolos,
tortas e cupcakes porque ama a arte da culinária, não para testar
se sua obra de arte é melhor ou pior do que a de outros. Nada
contra os outros estilos!

84
Enfim, ela não foi para a “Batalha dos confeiteiros” e
continua nos abençoando com muita habilidade e amor pela
culinária.

Há uma passagem na bíblia, Romanos 8:37, que diz que:


“por meio Daquele que nos amou, (por meio de Deus, Jesus e o
Espírito Santo), nós somos mais do que vencedores!”

Como é que alguém consegue ser "mais do que vencedor"?


Eu entendo um vencedor, um segundo colocado, um terceiro
colocado e assim em diante. Mas como ser alguém “mais do que
vencedor”?

Eu entendo que mais do que vencedor é alguém que,


mesmo na vitória, ainda consegue tirar uma lição e aprender
algo. Mesmo na vitória, o que cresce na pessoa não é o ego, mas
o conhecimento, a inteligência, a sabedoria e a maturidade.
Quando, na vitória, nós crescemos na parte boa e não na parte
ruim que há em nós mesmos.

A vitória tem um lado muito perigoso, porque ela pode trazer


soberba. A soberba é devastadora. Ela congela as pessoas.
Entende isso? Congela porque a pessoa pensa ser tão boa e
madura em determinada área, ou assunto, que ela se priva do
privilégio de aprender algo novo e fica estagnado, congelado.

O mais que vencedor é aquele que, mesmo vitorioso,


continua crescendo, amadurecendo e caminhando para frente!

Seja mais que vencedor. A humildade é o primeiro passo


para isso. Saiba que todos nós temos onde melhorar, onde crescer,
onde se aperfeiçoar. Não apenas vença, seja mais que vencedor.

85
AS FRALDAS (INTIMIDADE)

As fraldas aterrorizam alguns pais. Em especial as com


cocô. Mas acreditem, as fraldas são apenas lendas urbanas na
vida de um homem (nem tanto na da mulher).

Na realidade, as fraldas estão mais para um “Espantalho”


do que qualquer outra coisa. Um monstro que alguém criou e que
ainda assusta, mas basta chegar perto que as coisas mudam e o
susto passa, ou deveria (rsrs).

As de xixi não tomam mais de um minuto no nosso tempo;


as de cocô realmente dão mais trabalho, mas se não tiver nada
anormal, um pouco de capricho, atenção, amor e "voilà"... Bebê
pronto para mais aventuras.

Tive o privilégio de participar muito e em todas as áreas da


vida de meus filhos; as fraudas não fugiram à regra.

Ensinei a Clau a trocar fraldas quando eu trocava as fradas


da Rapha. Troquei muita fralda da Luana, ajudei alguns amigos os
ensinando a participar desse momento e a perder o medo, ou nojo,
trocando fraldas do Benjamim.

Existem alguns vídeos hilários da reação de homens


trocando as fraldas de cocô de seus filhos. Máscaras de oxigênio,
máscaras de proteção de solda, alguns quase vomitam, outros
desmaiam; um dramalhão completo. Como diz aquele ditado
antigo: “Seria cômico se não fosse trágico”.

Homens; troquem as fraldas de seus filhos. Isso ajuda sua


esposa e te aproxima de seu bebê. Não percam essa oportunidade.

86
Algumas vezes, trocar a fralda imediatamente é obrigatório.
Sim, isso porque trocar a fralda é bem mais simples do que limpar
a casa que ficou com rastro de xixi, ou pior, de cocô, porque a fralda
vazou.

O estrago de uma fralda que “vazou” pode atrasar viagens,


reprogramar passeios, desiludir a mãe que separou aquela roupa
especialmente para determinada ocasião. Troque antes que vaze.

Um dos motivos para trocarmos a fralda, além da higiene, é


que a troca permite que a criança continue brincando, andando...
Vivendo!

Depois duma certa idade, o problema não é nem o odor ou


a quantidade de cocô dentro da fralda, depois duma certa idade o
problema maior é que a criança simplesmente não quer parar de
brincar para trocar a fralda.

Mas os pais sabem que para que o novo venha (novas


brincadeiras, novos passeios, novas aventuras) o velho precisa ser
jogado fora.

Exatamente assim Deus Pai faz conosco.

Insistimos em manter coisas velhas e sujas dentro de nós,


ou conosco. Coisas como hábitos ruins, tradições erradas,
costumes pecaminosos, práticas que desagradam a Deus,
pecados de estimação e até pessoas que sugam paz e energia.
Manter isso tudo em nossas vidas, ou conosco, certamente é
danoso e, enquanto coisas velhas permanecerem, o novo não
pode vir. E pior, se as coisas velhas não forem removidas, elas
podem "vazar" e causar estragos ainda maiores.

87
2 Coríntios 5:17 registra: “Portanto, se alguém está em
Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que
surgiram coisas novas!”

Percebe? Você conhece a Cristo, a sujeira aparece, Ele te


limpa e então você começa uma nova caminhada.

Deus não vai derramar o novo Dele em nossas vidas quando


nós ainda carregarmos e vivermos muitas coisas velhas. Entenda
coisas novas por fé renovada, comportamento (testemunho)
cristão alinhado, atitudes semelhantes às de Jesus, pensamentos
puros, ajuda ao próximo e claro, abandono das velhas práticas.
Some a essa lista o fruto do espírito de Gálatas 5:22-23; “amor,
alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio próprio.”

Um rápido entendimento de porquê fruto e não frutos do


espírito. Uma mexerica é composta de gomos. A soma dos gomos
forma a mexerica. O fruto do espírito é composto de 9 gomos.
Quando praticarmos todos os 9, então teremos o fruto do espírito.
Pratique os 9!

E enfim, entenda velhas práticas por: “imoralidade sexual,


impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia,
ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez,
orgias e coisas semelhantes” (Gálatas 5:19-21). Você também
pode adicionar a esta lista as seguintes práticas de Provérbios
6:17-19 “olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam
sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se
apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que espalha
mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos”.

88
Abandone as obras da carne, as práticas que Deus abomina
e detesta; pratique, viva e dê o fruto do espírito. Lembre-se, cristão
radical não é o que tem cabelo fora do padrão, camiseta com
versículo, tatuagem com um nome em hebraico ou usa bermuda
num culto. Um verdadeiro cristão radical é aquele que dá o fruto do
espírito.

Que permitamos o novo de Deus na nossa vida, que


permitamos essa troca de fraldas para que o novo venha de Deus
venha sobre nós. Permita-se!

89
AUTORIDADE (CARÁTER)

Talvez esse capítulo trate de uma história um pouco mais


atemporal. Isso porque trata de uma mudança de comportamento
em toda a família.

Quando eu e a Clau nos juntamos (antes de nos casarmos)


nós estávamos entre os piores exemplos de casais. Brigávamos
muito, por qualquer motivo, éramos desrespeitosos um com o
outro, desobedientes a tudo e todos; péssimos exemplos.

Passado algum tempo, nos casamos, nos convertemos,


entendemos princípios, obedecemos aos princípios, mudamos
nosso relacionamento, e respeitamos um ao outro. Temos poucas
divergências e quando elas chegam, conversamos e resolvemos;
sou extremamente obediente aos meus chefes, pastores e pais.
Idem para a Clau. Para a glória de Deus temos filhos maravilhosos
e obedientes.

Quando moramos em Belo Horizonte nós acompanhamos e


aconselhamos muitos casais; muitos deles viviam o que eu e a
Clau tínhamos vivido anos antes. Vencemos e por isso tínhamos
certa autoridade no assunto.

Este sempre foi um tema nos aconselhamentos: Autoridade.

Homens quase sempre confundem autoridade com


autoritarismo, mulheres confundem e temem. Filhos não
obedecem a pais que não entendem este princípio. Se obedecem,
obedecem no medo. E toda opressão gera rebelião. Alerta a todos:
Seja autoridade na sua casa, não opressor. Filhos oprimidos,

90
quando ganham liberdade e autonomia, tendem a extrapolar e
transformam a liberdade em libertinagem.

Enfim, notei que um pai que não respeita autoridade,


normalmente, tem uma esposa que não respeita a autoridade do
marido e, pasmem, filhos que não obedecem ao pai e nem à mãe.

Vejamos o que a bíblia fala sobre o assunto. Vamos ler


Mateus 8, a partir do versículo 5:

“E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto Dele um


centurião, rogando-lhe, e dizendo: Senhor, o meu criado jaz em
casa, paralítico, e violentamente atormentado.

E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde.

E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno


de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma
palavra, e o meu criado há de sarar.

Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho


soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro:
Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz.”

Repare que quando Jesus afirma que vai à casa deste


homem, ele, reconhece a autoridade de Jesus, e usa um “também”
na frase. É como se ele estivesse dizendo: “Jesus, eu sei que
você é uma autoridade, porque você está debaixo da
autoridade de alguém, assim como eu. E por você estar debaixo
da autoridade de alguém, eu sei que há pessoas debaixo de sua
autoridade”.

O que esse centurião ensinou para nós? Uma autoridade se


potencializa (ou é reconhecida) quando ela também é sujeita a

91
alguém. No caso, Jesus estava/está debaixo da autoridade de
Deus.

Você só conseguirá ser uma autoridade de verdade, ao


ponto de falar “vai” e eles vão, “vem” e eles vêm, se você estiver
debaixo de uma autoridade. Não significa que você irá mandar,
mas que você será obedecido porque é obediente. Isto é a
autoridade genuína, o que a torna completamente oposta ao
autoritarismo.

Filhos: obedeçam a autoridade dos pais.

Ovelhas: obedeçam a autoridade dos pastores.

Trabalhadores: obedeçam a autoridade de seus patrões, e


por aí vai.

Todos: Obedeçamos a Deus!

Quando nós entendemos, quando nós confiamos,


acreditamos e quando nós obedecemos a autoridade que está
sobre nós, ganhamos autoridade para ser autoridade sobre
alguém.

Um detalhe importante: Você só deve seguir e obedecer a


uma autoridade caso ela esteja caminhando de acordo com a
palavra de Deus; do contrário, você estaria indo contra o próprio
Deus.

Obedeça e descubra o privilégio e poder por trás dessa


simples atitude.

92
AJUDANDO O PAPAI (MINISTÉRIO)

Minha amada princesa Maria Raphaela já tem dezesseis


anos. Uauuuuuuuuuuu; como o tempo passa rápido. Isso parece
um jargão tolo e popular, mas é verdade. Me lembro do dia de seu
nascimento, de quando começou a andar, quando começou a falar,
os primeiros dias de escolinha, primeiros tombos, primeiras
amiguinhas, primeiros passeios, primeiras brincadeiras. Me lembro
de quando ela saía para passear com meus pais, toda arrumadinha
e pequenina. Lembro de que era fofinha e carinhosamente a
chamávamos de Maria Gorda; me lembro de um monte de coisas
que me emocionam e mostram quanto tempo já passamos juntos
e ao mesmo tempo quanto tempo deixei de aproveitar sua adorável
companhia.

Anos atrás, no alto de seus bem vividos doze anos ela já


tinha gosto por ajudar. Sempre que ela estava conosco ela
mantinha um padrão de comportamento. Acordava, tomava um
leitinho, via um pouco de tv e quando despertava pra valer, queria
brincar e ajudar.

Sim, essa maturidade despertava nela o desejo de ajudar


seu pai, eu no caso (rsrs).

Seja ao preparar a mamadeira do Benjamim, instruir a Lulu


em como arrumar o quarto, ou mesmo pegar algo para mim; Rapha
estava sempre procurando algo para ajudar. Note que ela não
estava/está disposta a ajudar, ela procurava, e ainda procura, por
algo para fazer e ajudar.

93
A rotina não sou eu pedindo e ela atendendo por ser muito
obediente. A rotina é ela procurando e perguntando se pode ajudar
em algo. Disposição com proatividade; uma combinação poderosa.

Um bebê é mais dependente; deixa os pais mais


preocupados porque precisa ser alimentado, precisa ser limpo,
precisa de cuidados, precisa de auxílio para andar e até para
dormir. Todos nós fomos assim um dia.

Nesse contexto te pergunto: Com quem seu bebê está?

Os pastores, ou os chamados líderes da igreja, ficam com


preocupação semelhante (salvo às proporções). Aquele menino
que aparece na igreja, na célula, recebe muitos aconselhamentos,
começa a caminhada boa; de repente, some. Dias depois, num
encontro casual, ele te conta que encontrou o traficante com quem
mantinha amizade e este o proibiu de voltar à igreja. Uma história
comum nos dias de hoje. O bebê na fé dá mais trabalho e está mais
suscetível aos perigos do mundo afora.

Já viu aquele programa sobre leões na África? Eles sempre


atacam aquela a presa que se afastou e ficou para trás do grupo?
Muitas das vezes esse membro desgarrado é um filhote meio
perdido à procura do seu referencial de cuidados. É assim que o
inimigo faz com quem se desgarra daqueles que o recebem e o
levam a conhecer as boas novas (evangelho). ELE ATACA. E
muito semelhante ao predador africano, o inimigo tem sucesso em
alguns casos. A consequência é a morte espiritual, e em muitos
casos, física.

E se a criança conta tudo o que está acontecendo, o pai,


pastor ou líder consegue ajudar. Orientar ou até mesmo assumir o
controle da situação. Toda vez que meus filhos me contaram o
94
problema que enfrentavam eles foram ajudados; todas as vezes
que não contaram eles tiveram de resolver sozinhos, ou eu os
ajudei quando “a bomba estourou”.

Algumas crianças já sabem até se defender. Se um adulto


mal-intencionado tentar se aproximar, alguns saem correndo,
outros gritam e de alguma forma evitam o perigo. Andam no meio
do bando. Não dão chances ao inimigo, ao predador ou quem quer
que esteja sendo usado por satanás.

O maduro na fé não está mais na fase de chamar a atenção


do predador e não está na fase de se defender; o mais maduro na
fé ajuda o pai a proteger e defender os menores. O maduro na fé
ajuda a edificar o reino de Deus na terra.

O maduro na fé é aquele que entende que o ministério que


ele serve na igreja é do Senhor, e não do pastor. Que a obra a ser
edificada é do Senhor, e não do líder. Com esse entendimento, o
maduro na fé não carrega o fardo de servir, mas serve por amor.

Entendeu o link das duas histórias? A Rapha, como a irmã


mais madura, ajudava o pai a cuidar dos irmãos mais novos. Assim
funciona a igreja de Cristo.

Se a Rapha tem momentos de cansaço?

Claro que tem!

E quando isso acontece, eu a poupo da próxima tarefa (que


ela mesmo havia escolhido) e a ajudo. Um filho jamais pode se
sentir como o irmão mais velho do filho pródigo, ou seja, servo ou
escravo. Filho é filho. A Rapha é minha filha e para sempre será
minha filha. O ato de ajudar precisa ser prazeroso e voluntariado.

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Mas isso ela já sabe, e como uma menina madura que é, continua
sempre disposta a ajudar seu pai.

Aproveite, ajude seu Pai você também.

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O MELHOR SUPER-HERÓI DE TODOS! (EVANGELISMO)

Este é o último capítulo, última lição e última experiência


contada neste livro (graças a Deus não foi a última vivida). Como
quem quer que um filme bom não termine, uma viagem se estenda
e passeio com a esposa dure por mais tempo; vou me permitir me
alongar um pouco mais nesta história aqui. Lá vai...

Sempre gostei de desenhos, tive o privilégio de uma infância


onde não havia canais abertos e fechados, apenas canais de tv e,
em alguns canais, era possível assistir desenhos por toda a manhã.

Eu simplesmente amava ver desenhos. Superamigos,


Caverna do Dragão, Turma da Pesada, Formiga Atômica, He-Man,
Silver Hawks, Thundercats, Popeye, Smurfs, Pica-Pau, Tom &
Jerry, Ligeirinho, Scooby-Doo, Tutubarão, Rambo, Mr Magoo,
Bicudo Lobisomen, Comandos em Ação e muitos outros.

Entre meus desenhos favoritos sempre estiveram os de


Super-Heróis. Gostava de tudo; habilidades especiais, histórias,
roupas, vozes e o fato de os heróis “do bem” sempre vencerem os
vilões.

Num dos meus primeiros empregos eu almoçava num bar


com p.f. (prato feito) de gosto duvidoso; mas a televisão estava
sempre ligada no canal que passava Superamigos (versão
repaginada de Liga da Justiça). Uma época de almoços
maravilhosos (rsrs).

E pasmem; por conta desta época, desses almoços, desses


episódios e dessas histórias o Batman se tornou o meu super-herói
favorito.

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Sim meus queridos, o Batman. Você até pode argumentar:
“Mas ele não tem superpoder!”. Pois foi justamente aí que ele
chamou minha atenção. Na época dos “almoços animados”, eu já
era um pouco mais velho e entendia melhor as histórias; com isso
percebi que um homem sem qualquer tipo de poder, mas de QI
elevado, muita força de vontade, liderança nata, treinos
intermináveis e muito, muito, muito dinheiro era capaz de liderar a
mais poderosa equipe de super-heróis já imaginados.

Impressionante!

Para melhorar ainda mais, ao final dos episódios era sempre


ele e sua inteligência que davam a tacada final, a virada aos 45 do
segundo tempo, o golpe fatal e garantiam a vitória dos heróis.

Sim, a inteligência sempre superava a força. Melhor


dizendo, a inteligência fora do comum comandando a superforça
e/ou superpoder garantiam todas as vitórias da Liga da Justiça.
Carinhosamente falando: Me apaixonei (hahaha).

Bom, o tempo passou, as prioridades mudaram, os almoços


mudaram, me casei, vieram os filhos e os desenhos ficaram para
trás. Matava a saudades desse tempo quando o cinema lançava
filmes sobre heróis (bons ou ruins). O próprio Batman teve vários
filmes (infelizmente boa parte deles... bem ruim).

O gosto da Claudia para filmes sempre foi bem diferente do


meu, mas como ela sempre foi extremamente companheira;
acabou vendo vários filmes comigo no meu passeio favorito:
Cinema.

A Rapha cresceu e nos acompanhou em muitos filmes.


Muitos mesmo.

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A Luana cresceu e nos acompanhou em muitos filmes
também.

As minhas meninas, ainda que com gosto naturalmente


diferente, sempre gostaram e entenderam de heróis.

Rapha e Lulu preferem o Batman, claro! A Clau prefere


outro, um tal super alienígena que fica fraquinho quando exposto à
uma pedra verde. Ela diz que ele foi enviado pelo pai para salvar a
terra (tentando associá-lo a Jesus); eu já penso que ele caiu do céu
como um raio (claramente uma menção ao outro cara, vermelho,
feioso e do mal). Um dia ela muda de idéia! hahaha

Então nasceu o Benjamim. Uma situação nova e diferente,


um menino, um homem, alguém que teria uma identificação natural
com tudo o que eu gostava, que ia preferir bonecos de heróis,
filmes de heróis, desenhos de heróis, roupa de heróis etc.

Hoje em dia, com 6 anos, ele ainda pede ajuda na hora de


escolher a roupa. Fica claro, e engraçado, quando sou eu e quando
é a Claudia que escolhe a roupa. A Clau escolhe roupas bem
alinhadas, que combinam dos pés à cabeça e o deixam meio
engomadinho. Eu já escolho um tênis confortável e fácil de tirar,
bermuda jeans e uma camiseta de herói! Às vezes até o tênis e
bermuda são de heróis (rsrs).

Além de nossas brincadeiras com os brinquedos em geral


(algumas fotos desses momentos estão “eternizadas” no meu
Instagram e Facebook), uma de nossas brincadeiras favoritas são
as “lutinhas”!

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Herói contra vilão, herói contra herói e até vilão contra vilão.
Uma mistura doida. Tem DC (Liga da Justiça), Marvel
(Vingadores), Disney (Star Wars) e outros. Nos divertimos demais.

Uma segunda e breve história para que cheguemos ao


ápice deste capítulo, e do livro.

Outra paixão de nossas vidas, dos cinco, é a piscina. Mesmo


morando na praia jamais dispensamos uma boa e deliciosa piscina!

Por curtos 18 meses, tivemos o privilégio de morar numa


casa cinematográfica com um jardim estupendo e uma piscina
inesquecível; melhor dizendo: INESQUECÍVEL.

Nadamos e brincamos muito. Pega-pega era o mais comum,


e quase diário. Vôlei (especialmente com a galera do Flame
Peruíbe), hidromassagem para a Claudia, competição de natação,
falar em baixo d´água, mímica em baixo d´água, saltos
ornamentais e, claro, lutinha de heróis entre mim e o Benjamim!

E foi num desses dias que surgiu a história que agora vos
escrevo.

Depois de nadar um pouco resolvemos brincar de lutinha.

Neste dia em especial, eu e o Benjamim “lutávamos” e ele


resolveu contar o placar.

“Quem ganhar cinco vezes é o vencedor”.

A regra é tão básica quanto simples:

Ele escolhe um herói e eu tento escolher um herói com


poderes melhores para tentar ganhar a luta.

E começa o embate, acompanhe o placar:

1 x 0 – Homem Aranha vence o Pantera Negra


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1 x 1 – Homem de Ferro vence o Thanos

2 x 1 – Darth Vader vence o The Flash

2 x 2 – Thor vence o Wolverine

3 x 2 – Superman vence o Homem Formiga

3 x 3 – Shazan vence o Capitão América

4 x 3 – Mulher Maravilha vence o Aquaman

4 x 4 – Lanterna Verde vence o Hulk

Percebendo a oportunidade de uma vitória o Benjamim


informa:

“Agora eu sou o Batman!”

Pelo começo deste capítulo você deve imaginar que,


qualquer que seja o tipo de lutinha, o Batman vence, né? Não
importa a situação; o Batman sempre vence!

Quando brincávamos com bonecos, quem tinha o Batman


nas mãos tinha a vitória garantida. Se a luta era no “corpo a corpo”,
quem escolhia “ser” o Batman ganharia a luta, um fato.

E o Benjamim escolheu o Batman na luta derradeira, ele foi


inteligente e rápido. Deixou o melhor para o final, um golpe fatal,
xeque-mate.

Mas um pai precisa ensinar que derrotas fazem parte da


vida e eu, naquele dia, resolvi ensinar isso ao Benjamim. Ele
precisava perder.

Fiz um movimento diferente, uma cara de mau e com uma


voz intimidadora eu disse:

“E EU SOU O SUPER PAPAAAAAAAAIIIIIIIIII”.

101
Ele entendeu o recado, a cara de espanto dele me dava a
certeza de que ele havia entendido o recado, ele sabia que a minha
vitória, mesmo contra o Batman, estava garantida. Minha
movimentação, minha cara e aquela voz poderosa; ah, aquela voz
intimidadora foi perfeita para o lançamento de um novo e vitorioso
super-herói: O SUPER PAPAI.

A questão é que o golpe fatal foi contra golpeado, o xeque-


mate foi contra-atacado.

Nada poderia ser mais surpreendente do que a resposta


do Benjamim. Ele subiu na borda da piscina, caminhou em câmera
lenta, fez cara de poderoso, estufou o peito e gritou:

“AH É?!?! ENTÃO EU SOU O JESUS!”

Gritou e “voou” para cima de mim.

Quem resistiria a isso? Afundei derrotado pelo golpe “Do


Jesus”, mas sorrindo por dentro, aliviado pela sensação de missão
cumprida.

Eu criei um personagem imbatível, deixei o Benjamim sem


saída; não havia Batman que vencesse o SUPER PAPAI. Mas ele
apelou para o maior de todos, o único e verdadeiro super-herói.
Aquele que veio para nos dar a vida eterna no céu e nos livrar da
condenação ao inferno.

Meu alívio é de alguém que conseguiu passar uma


mensagem bem clara a um garotinho de apenas 6 anos. Sim, o
Benjamim entendeu que não há nome mais doce, ninguém mais
digno e ninguém tão poderoso do que Jesus Cristo, o Nazareno.
102
Ele entendeu, você também entende; nossa função agora é
fazer com que muitos, ou todos, entendam que Jesus é nosso
Salvador, o maior e melhor super-herói que existe.

Obrigado Jesus. A próxima geração está sendo bem-


preparada.

Que o poder de Seu nome siga fluindo de nossos lábios (e


livros) durante toda minha vida, a vida da Claudia, da Rapha, da
Luana e do Benjamim.

Assim que eu oro, agradeço e finalizo este livro; em nome


de Jesus, Amémmmmmmmmmmm!

103
CONCLUSÃO

Caro(a) leitor(a), espero que tenha gostado da leitura, que


tenha sido leve e agradável; mas também espero que, de alguma
forma, você tenha sido confrontado e provocado. Que cada palavra
lida tenha te impulsionado para mais perto de Deus, de Jesus e do
Espírito Santo.

Tenho dois objetivos com este livro:

1. Te fazer entender Deus como Pai, O Melhor Pai.

2. Te mostrar Deus como alguém acessível e amigo.

Ninguém pode te entender mais do que Jesus; além de ter


te criado (sim, Ele estava na criação) Ele viveu coisas muito
semelhantes às que você vive (sejam boas ou ruins).

Se homens te machucaram, magoaram, traíram; pense


Nele. Ninguém foi mais machucado, magoado e traído do que Ele.

Se a vida não te parece justa; pergunto: Foi justa com Ele?

Lembre-se de que Ele nos avisou dos problemas (“No


mundo terei aflições”) e, pasme, Ele se dispôs a viver isso em Sua
passagem aqui na terra. Mesmo sendo Criador e Dono de tudo Ele
decidiu se diminuir e humilhar por amor a nós. Sim, Ele te ama a
esse ponto.

Busque a Ele, clame a Ele, viva por Ele, viva para Ele.
Funcionou comigo, creio que funcionará contigo também.

Um forte abraço, até o próximo livro. Deus abençoe,

Marcello Salvate

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Caso queira fazer alguma crítica, elogio; por favor, não deixe
de entrar em contato comigo através do @marcellosalvate nas
redes sociais. Será um privilégio te responder!

Arte de capa by @jessiifaria

Arte do pré-lançamento by @oericsouza

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AS CRIANÇAS

“Meu pai me pediu para escrever um trechinho deste livro


falando sobre a gente. Eu acho que, por mais que nós não
tenhamos convivido a vida inteira juntos, literalmente morando na
mesma casa, a gente tem uma grande conexão; temos muitas
histórias para contar. Ele foi presente na minha vida, foi minha
figura paterna com certeza, e eu só tenho que agradecer a ele por
tudo que ele faz pelos meus irmãos e por tudo que ele já fez por
mim.

Papai é um cara maravilhoso; o jeito dele ajudar pessoas e


colocar o próximo à frente dele; eu acho isso m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o!

A missão dele como pai com certeza está sendo cumprida.


Ele ensina, ele ajuda, ele trabalha; ele é um pai maravilhoso. Eu
mal tenho palavras para descrever meu pai. Ele é amigo e isso é o
que mais me deixa deslumbrada!

Eu tenho 16 anos; e dentro desses 16 anos ele sempre foi


meu melhor amigo, eu só tenho que agradecer a ele por isso. Te
amo muito pai.”

Rapha – Filha

“Filha, como te disse há anos: Você é uma parte de mim de


caminha fora do meu corpo. Estarei com você e serei seu amigo
para sempre! Te amo”

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“Marcello Salvate, meu pai, é um cara top. Do jeito que trata
os outros até a forma que trata a própria família. Sempre dedicado,
não foi diferente ao fazer esse livro. Lembro dele gravando as
mensagens no celular enquanto olhava o Benjamim brincando no
parquinho do prédio em BH. Sei o quanto ele ficou feliz ao terminar
de escrever esse livro, correu para pedir os prefácios, a arte de
capa e tudo mais.

Como todas as pessoas ele tem seus erros, mas vai por
mim, de tanta qualidade seus erros ficam despercebidos. Seu
amor, respeito, educação, companheirismo são muito maiores que
seus erros.

Todo mundo sempre me pergunta se eu tenho ciúmes do


meu pai com os outros, principalmente com o pessoal do Flame
(hehehe), não tenho não. “Você não tem ciúmes do seu pai?”. É
que eu amo ver o jeito que ele trata as pessoas, com carinho e
amor igual ele trata os seus filhos, e amo ver que as pessoas
gostam dele demais, se espelham nele igual eu. Ele é um exemplo
de pessoa a ser seguido sem medo nenhum, você consegue ver
Jesus através da vida dele. Seu caráter é maravilhoso, ele ama
honrar a Deus e os outros, seus ensinamentos são tops. Ahh, te
amo pai!!!”

Luana – Filha

“Filha, a menina doce, forte, meiga e brincalhona.


Companheira e das melhores cozinheiras que conheço. É um
privilégio ser seu pai e seu amigo. Te amo!”

107
“Eu só quero falar que você é muito legal. Gosto porque
você me compra um monte de coisas e compra todos os nossos
passeios. Você é meu amigo e eu te amo muito.

Você é um pai muito legal, muito ótimo e sem você eu não


conseguiria viver!”

(Gravamos alguns áudios e convertemos neste texto. E só


isso já deu muito trabalho rsrs)

Benjamim – Filho

“Filhão, eu sou feliz por ser seu amigo. Serei seu amigo para
sempre. Ainda temos muitas aventuras para viver juntos. Que você
leia esse livro com 18-20 anos de idade. Te amo!”

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POSFÁCIOS

“Agradeço ao Abba, meu Amado Jesus e amigo Espírito


Santo pelo homem sensível e ousado que você se tornou meu
“Thuco”.

Por continuar se submetendo as transformações


necessárias e assim, cada dia mais, refletindo o caráter de Cristo.

Pela oportunidade tão nobre que Eles tem te confiado de


servir a igreja através da pregação da palavra, do pastoreio e do
discipulado. E agora também, através desse livro.

Oro para que todos que lerem essas lições possam


experimentar o poder do evangelho através das pequenas coisas
do cotidiano, dos detalhes da vida. Porque essa é a essência, viver
o Reino de Deus nessa terra, no nosso dia a dia.”

Claudia Salvate – Esposa, incentivadora e amiga!

“O que falar dela? Feliz por natureza, linda como sempre,


dedicada à família e loucamente apaixonada por Jesus. Salomão
pode não ter achado, mas eu fui abençoado suficiente para ter uma
mulher virtuosa ao meu lado! Te amo. #usc4eva”

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“Num mundo como o de hoje precisamos fazer a diferença
como pais e filhos de Deus.

Sempre quis saber como Deus me vê.

Sempre tive essa dúvida, o que será que Deus pensa de


mim?

Será que sou um bom filho para Deus, para meus pais, será
que sou um bom pai para meus filhos biológicos e filhos na fé?

Essa leitura prática e dinâmica pode tirar essas dúvidas e


resgatar a intimidade do Pai com o filho e do filho com o Pai.

E te mostrar que, verdadeiramente, vale à pena investir em


Deus como seu Pai e também te incentivar a ser um ótimo pai para
seus filhos gastando tempo de qualidade com ambos.

Nesta obra o Marcello usa literalmente a profundidade do


amor de Deus para nos mostrar a importância do verdadeiro amor
ágape.

Boa leitura e que Deus te abençoe.”

Emerson Romancini – Bola de Neve Peruíbe

“Meu pastor, meu amigo. Um homem de palavras doces,


diretas e edificantes. Completamente dedicado a Deus. Obrigado
por aceitar seu chamado!”

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“Essa é uma leitura fácil, simples e contagiante. As
profundidades e verdades do Evangelho e do Amor do Pai sendo
reveladas através da simplicidade do dia a dia, nas situações mais
inusitadas, por vezes engraçadas. O autor, e meu amigo, Marcello
Salvate consegue através da ótica do Espírito Santo ver, perceber
e experimentar a presença e o amor de Deus por meio de seus
filhos. Impressionante como as coisas mais simples tem o poder
de nos surpreender. Surpreenda-se!”

Telmo Martinello – Abba Pai Church

“Telmo é dos meus melhores amigos; alguém que me


libertou das garras da religião e me apresentou meu melhor Amigo;
Jesus. Serei eternamente grato!”

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“Como é bom vermos que as sementes lançadas deram
frutos. Melhor ainda é saber que não somente deu fruto, mas se
tornou uma grande árvore que, além de alimento, dá sombra e
abrigo.

Lembro quando recebi o Marcello na célula, e comecei a


acompanhar sua vida. Sempre eloquente, com muitas dúvidas e
questionamentos. Sabia que ele tinha potencial e que toda
dedicação daria resultado.

Poder ler este livro, e escrever o prefácio foi um grande


presente!!! Uma literatura fácil, prática e divertida que nos mostra
como Deus ama ser nosso Pai e estar presente em nossas vidas.
Como em nosso dia a dia, se formos sensíveis, aprenderemos com
nossos filhos a nos tornarmos pessoas melhores. Que Deus,
independente das nossas limitações, é um Pai, que corrige, educa
e acima de tudo, nos ama incondicionalmente”

Leandro de Oliveira Gonçalves – Bola de Neve Sede.

“Leandro foi meu primeiro pastor. Me incentivou, lutou,


persistiu e discipulou. Um dos meus grandes amigos, um homem
em quem confio plenamente!”.

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Nós cinco, litoral paulista, Maio de 2019

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