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DEDICATÓRIA

Àquele que me amou e com seu sangue me libertou dos pecados,


Jesus Cristo. Só existo para Tua glória. Não me deste espírito de es-
cravidão para que eu vivesse atemorizado, mas me deste o espírito
de adoção pelo qual clamo “Aba Pai”.

Danielle Ribeiro - Minha preciosa e amada esposa. Sem seu in-


centivo esse trabalho jamais seria possível. Amo você, princesa da
pureza.

Felipe Esdras, Helisa Silva e Stella Pereira - Minhas jóias preciosas,


minha herança no Senhor. Minhas flexas atiradas para o propósito.
Subam nos meus ombros e encherguem além.

Maria Ribeiro - Mulher de Deus, mãe dedicada que transformou


as realidades e continua sendo exemplo de dedicação e fé. Amo você,
mãe.

Aqui vão nomes de pessoas que foram e são inspiração de grande-


za em minha história. Nessa lista só tem gigantes e gente que tirou o
pino da granada:

Marcelo e Andreia - Pais, irmãos, amigos e pastores desde o início


de tudo - GFE

Edmundo e Andreia - Meus primeiros pastores – GFE

Gilberto, Paulo César, Anicélia, Misael, Moniez, Maxwell, Clovis-


mar, Vinícius Félix e Cleyton Bons Olhos - Nunca me esquecerei de
vocês, valentes!

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Roberto Coelho - Contigo aprendi a intensidade e o valor da con-
sagração, Pr.

Abel Rodrigo - Contigo aprendi a mover em fé, Pr.

Francisco Vasco - Cada momento juntos é singular no meu cresci-


mento. Visão, excelência, liderança e inspiração sem igual. Obrigado
por tudo pastor.

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APRESENTAÇÃO

É inegável o desafio de se escrever um livro. A verdade é que a


escrita precisa ser concebida, nutrida, pensada, sofrida, remoída para,
depois, vir à luz enquanto texto. Há processos e processos, mas ne-
nhum seria tão verdadeiro quanto o enfrentar a angústia da influ-
ência. Por mais que autores clamam pela originalidade, o fato é que
todo e qualquer pensamento bem concebido origina-se de outras
idéias, previamente concebidas e bem digeridas por uma leitura crí-
tica e reticente. Livros que nascem do senso comum tendem a per-
derem-se ao longo dos anos ou, melhor dizendo, com o passar dos
tempos. Todavia, quando um texto nasce da experiência real de se
“comer” de outro texto, estaremos frente, de fato, a uma gênese real
do pensamento bem mensurado, bem trabalhado e bem direcionado.

Livros assim não são comuns. Tendenciosamente, negamos a in-


fluência pela angústia que ela nos causa. Corremos do mesmismo, do
mimetismo e de qualquer outro “ismo” que denuncie a fonte gatilho
de nossos pensamentos. Todavia, há os bravos que compreendem o
caminho de se chegar a um bom livro, aceitando o desafio de “brico-
lar” ideias, rearranjar palavras e gerar, pela influência, um novo texto,
vivo e cheio de vida.

Acredito que o Mateus Ribeiro aceitou o desafio das palavras e en-


carou a jornada aventureira de se esbarrar nos “ismos” e ser influen-
ciado por grandes textos e gigantescas mensagens que formaram,
majestosamente, seu livro. Falar do deserto e de tantas circunstân-
cias que são adversas ao homem tornou-se uma metáfora viva nesse
livro, que o torna grande por apresentar a grandeza de tantas ideias
e conceitos sobre esses fascinantes enfrentamentos, urgentes e ne-
cessários, a todo e qualquer homem de Deus.

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Estou certo de que você, caro leitor, está diante de um livro que
se faz grande pela grandiosidade das palavras nele escritas e pela
ousadia de se enfrentar a angústia de se declarar e apontar a nossa
influência.

Pastor Daniel Soares - Igreja Videira Inhumas

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INTRODUÇÃO

Sempre considerei o desafio de escrever um livro algo grande.


Penso que, ao escrever um livro, estamos escrevendo nossa história;
tanto aquilo que aconteceu quanto o que esperamos que ainda irá
acontecer. Escrever por escrever, creio eu, não produz impacto ne-
nhum. Portanto, ante tal desafio, pensei: “escrever sobre o quê? E, para
qual propósito?”

A grande verdade é que a maioria de nós vive histórias que expres-


sam o quão fascinante e maravilhoso é o amor e o cuidado de Deus
por nós. Em meio a situações simples e outras muito complicadas da
vida, vemos a mão no nosso amado Pai preparando e colocando cada
coisa em seu devido lugar. No meio de tempestades aparentemente
irreversíveis, o Senhor sempre tem uma palavra que faz a ventania
emudecer e o ruído da tempestade desaparecer. O socorro do Se-
nhor sempre se manifesta no meio da escuridão de nossa alma.

De 2013 a 2015 vivi uma fase de muitas mudanças na minha vida.


Aquele foi um tempo de grandes transições e decisões, transforma-
ções e testes espirituais que não havia passado em nenhum momen-
to ao longo desses 21 anos que sirvo ao Senhor. Talvez, esse não
seria o melhor momento para me dedicar a escrever esse livro, mas o
Espírito falou ao meu coração que esse era exatamente o momento
propício para escrever, uma vez que essas situações reais que estava
vivendo seria um canal de transformação na vida de muitas pessoas.

Em 2014, quando realizávamos uma imersão de liderança para jo-


vens, o Espírito Santo encharcou meu coração com um desejo laten-
te de falar sobre superar adversidades, enfrentar tempestades, saltar

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sobre as muralhas e treinar valentes para encarar os gigantes. Naque-
la manhã marcante, com mais de 250 jovens naquele lugar, cantamos
uma canção chamada “Enfrentarei”, da banda Quatro por um. Durante
esse intenso momento, ministramos sobre a restauração dos sonhos
e, sem dúvida, foi um divisor de águas para todos nós que estávamos
naquela chácara.

Início

Desde os nove anos de idade tive que lidar com muitas situações
que me entrincheiraram para um iminente desespero. Sou filho único,
e não conheci meu pai. Até aos 9 anos de idade, fui criado pela minha
mãe e meu avô, numa cidade bem pequena do interior do estado. Em
1992, meu avô faleceu e coube à minha mãe cumprir o papel de mãe
e de pai. Éramos de uma família bem simples. Meus tios já moravam
em Goiânia, e levávamos uma vida muito difícil, com inúmeras priva-
ções, sobrevivendo com um pouco mais que o básico.

Aos 10 anos, quando fazia a quinta série do ensino fundamental,


comecei a trabalhar numa distribuidora de bebidas na cidade. No iní-
cio, era um trabalho que serviria só para tirar um juvenil da rua, das
más companhias, e entretê-lo às tardes de cada dia. Todavia, acabou
se tornando um trabalho árduo, pesado e, naquele trabalho, minha
infância se acabava. Meu tempo era divido em: acordar às 6h da ma-
nhã, ir para a escola, almoçar ao meio dia e, a partir daí, trabalhar até
às 20h, de segunda a sábado. Mais tarde, pude perceber que Deus
usou aqueles anos para me dar uma bagagem para os tempos árduos
no ministério.

Aos 14 anos, decidi me mudar para Goiânia e morar com meus


tios. No ano seguinte, já estava na oitava série e comecei a trabalhar
como cobrador de tele mensagens, usando uma bicicleta. O maior
divisor de águas da minha vida ocorreu exatamente naquele ano de
1998, no Colégio Estadual Damiana da Cunha. Um colégio pequeno
e sem muita expressão naquela região, mas que se tornou um grande
centro de salvação e transformação de jovens, um verdadeiro aviva-
mento aconteceu naquele lugar.

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Havia naquela escola um grupo de jovens chamado Grupo Familiar
Estudantil vinculado, na época, à Comunidade Evangélica Sara Nossa
Terra, e alguns colegas da minha sala já participavam do grupo aos
sábados à noite. Nunca havia me interessado por aquilo; meus planos
em Goiânia eram outros completamente diferentes, até que, em um
sábado, depois de muita insistência de um amigo chamado Gilberto,
fui com meus primos ao tal grupo de jovens. Naquele momento do
trabalho, eram pouco mais de 20 jovens, mas o calor, o amor e a aten-
ção com que nos receberam foi algo fantástico; nunca me esquecerei
daquela noite. Deus estava ali e falou comigo dizendo, por detrás de
mim, quando passei pelo portão da escola: “Você achou o que estava
procurando”. Não sabia bem que voz era aquela, pois era completa-
mente desinteressado por um relacionamento com Deus.

Não consegui mais deixar de participar. O Senhor me alcançou na-


quela escola, me deu um novo coração, uma nova família, novos ami-
gos e novos irmãos; pessoas que foram canal de Deus para me ensi-
nar, me discipular e me despertar para o futuro brilhante que Deus
tinha para mim a partir de então. Muitos colegas da minha sala de
aula foram alcançados através desse movimento de evangelismo. Na
verdade, mais de vinte alunos, só na minha sala, inclusive a Danielle
da Silva, hoje Danielle Ribeiro, minha amada esposa.

Ao longo desses anos, Deus descortinou várias realidades diante


dos meus olhos. Precisei encarar muitos desafios, bem como levantar
a cabeça em muitos momentos de aparentes fracassos e tropeços.
Pela graça de Deus, vi o poder do Senhor reverter qualquer qua-
dro, mudar qualquer circunstância, transformar qualquer realidade.
Se você confiar na graça de Deus, se lançando nos braços de Jesus,
olhando firmemente para Ele, o Autor de Consumador da nossa fé,
verá os desertos da vida enverdecerem. Você experimentará mudan-
ças radicais em sua família, em seu ministério, em sua liderança, em
seu trabalho e em todos os sonhos que você possui. Você nasceu
para o sucesso!

Ao mencionar aqui questões relacionadas à transformação de


realidades, de tomar decisões transformadoras, de vencer circuns-

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tâncias, de enfrentar os gigantes, de romper obstáculos da crise e
florescer no deserto, não quero dar a ideia de que o homem seja
capaz de alguma coisa tão poderosa, pois ele não é capaz de gerar
absolutamente nada por si. Contudo, a maravilhosa graça do Senhor
nos dá asas para alçar voos quando descemos do penhasco mais alto.
O Senhor simplesmente usa momentos assim para manifestar seu fa-
vor imerecido em nossas vidas. Digo mais, essas asas que nos fazem
alçar voos além das montanhas e nos levantam nos vales e nas rochas
escalpadas sãoa própria graça do Senhor Jesus. O que se espera de
cada um de nós é tornar essa graça cada vez mais real em nossas vi-
das. A graça pode e deve ser multiplicada em nossa experiência diária
para que as realidades secas que passamos sejam oportunidades do
céu para essa graça se manifestar abundantemente sobre nós.

Transformadores de realidades

Através deste livro, quero conversar com você a respeito daquilo


que o Senhor começou a compartilhar comigo a partir daquela ma-
nhã, naquele Encontro de jovens. Dentro de mim, começou arder um
forte desejo de me dedicar a pregar e escrever mensagens de en-
corajamento e despertamento espiritual. Lembrei-me de que à luz
das Sagradas Escrituras estamos rodeados por tão grande nuvem de
testemunhos de homens e mulheres destemidos em Deus que, pela
graça, mediante a fé, fizeram do Senhor a sua torre forte (Provérbios
18:10) e superaram limites humanamente impossíveis.

O Espírito Santo deu-me a oportunidade de ministrar mensagens


como essas em cultos, vigílias, eventos de impactos evangelísticos,
seminários, imersões de liderança, retiros espirituais e discipulados.
É fantástico saber que podemos ser esses agentes transformadores
de realidades e que Deus está nos treinando para mudar a vida de
muitas pessoas, para ministrar uma palavra que muda e transforma
realidades terríveis em obras maravilhosas. Essa é uma mensagem
importante e sempre me identifiquei com ela. Dar a volta por cima,
mudar a condição que se apresenta, reverter circunstâncias, flores-
cer no deserto, ver o lugar ermo tornar-se um lindo pomar, fazer do
vale seco um manancial, ver as tempestades da vida se emudecerem,

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chegar do outro lado, atravessar o mar, derrubar gigantes, romper
barreiras, ver as montanhas se moverem, vencer as dificuldades e
prosperar na crise são mensagens que aquecem meu coração. E o
que dizer dos sonhos realizados em meio às crises? Eles ganham o
real sabor de conquista ao passarem por esse crivo de dificuldades.
Nossa! São inúmeras as oportunidades que temos de experimentar o
poder de Deus em circunstâncias agudas e espinhosas na carreira fé.
Isso precisa fazer parte de nós como se fosse conosco em todo lugar,
por exemplo: eu gosto muito de jogar futebole, quando jogo com os
amigos, gosto sempre de enfrentar times fortes. Nunca penso que
o outro time é “a panelinha” ou “a seleção”. Se o time é forte, preciso
correr e me desgastar mais. Quando saio do campo, ainda que tenha
perdido aquela partida, saio com a camisa molhada de suor e com a
sensação de que dei tudo de mim. Sempre penso que Deus extrai o
melhor de nós quando enfrentamos grandes desafios; sempre penso
que posso vencer todas as coisas em Deus.

Como sabemos, Deus possui uma galeria de homens notáveis que


brilharam em meio às trevas. Eles fizeram dos desafios seu trampolim
para o sucesso e glorificaram a Deus a despeito das crises que vive-
ram. Eles foram verdadeiros transformadores de realidades. Homens
que viveram tanto a fé que alcançaram o limiar da mais alta fidelidade
ao Rei. A grandiosidade desses homens se deu pelo relacionamento
que cultivaram com o Senhor e pelo serviço que realizaram com dis-
tinção e valor até o fim de suas vidas. Homens e mulheres de Deus
que, ao longo da história, realizaram os sonhos de Deus, não servin-
do aos seus desejos egoístas. Eles abençoaram milhares de pessoas,
manifestaram o reino de Deus e causaram profundas transformações
vistas até hoje no mundo.

Esses homens e mulheres percorreram a carreira da fé em territó-


rio inimigo, subjugando as obras desse adversário milenar e estabe-
lecendo o reino de nosso Senhor e Rei, Jesus Cristo. Esse também é
um chamado para nós. Somos desafiados por Deus a olhar para a vida
e para seus desafios como grandes palcos de conquistas e triunfos.
Portanto, podemos ver homens e mulheres do passado e do presente
nos dando fortes exemplos de como podemos enxergar as crises sob

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o prisma do céu, não vendo somente o que todos veem, mas vendo
o que ninguém mais vê.

Neste livro, estão as histórias e os princípios reais de superação e


de vitória de pessoas que ousaram crer nas promessas de Deus e flo-
resceram em meio à sequidão. É muito bomsaber que o testemunho
desses gigantes de Deus manifestou, em um ou mais momentos da
vida, uma fé viva e operantenão está longe de nós. Então, convido
você a olhar para história desses homens e mulheres sob o prisma
das realidades transformadas em suas vidas, bem como perceber os
sonhos, tornando-se realidade em meio às crises.

Esse livro é um incentivo para que você não desistir das conquis-
tas que Deus tem para sua vida. Veja as dificuldades e os desafios
sob uma nova ótica, pois para termos grandes conquistas, as crises-
são, muitas vezes, essenciais. Incentivo você a não fugir delas, pois,
fazendo assim, pode estar se afastando dos sonhos extraordinários
que Deus reservou para você. Seu sucesso dependerá de como você
enfrentará seus desafios.

Portanto, falaremos muito sobre o deserto na experiência dos fi-


lhos de Deus. Sobre o palco onde Deus levará você à grandeza, den-
tro de todo o propósito que Ele possui para sua vida. Esse deserto,
para muitos, não é somente aquela areia abrasadora, mas todas as
experiências adversas que servos de Deus vivem e viveram; que lhes
permitiram fazer proezas no nome do Senhor. O deserto é apenas um
dos símbolos das muitas dificuldades que podemos enfrentar na vida.

Neste livro, desejo transmitir uma nova perspectiva a respeito


de sonhos versus crises. Não importa se você é daqueles que lutam
até a última gota de sangue ou se olha para a vida com sentimento
de perda e frustração e vitimismo. Em qualquer uma das categorias
mencionadas, você pode ter uma nova perspectiva sobre a realização
de seus sonhos.

O que posso analisar é que muitos não sabem que as crises de sua
vida poderão ajudá-los a realizar seus sonhos. As lutas, as dificulda-
des, os desertos e as crises da vida não são inimigas, mas contribuem
para a realização dos mais profundos sonhos do nosso coração.

Meu desafio é para você ler cada uma dessas mensagens e inundar
seu peito de entusiasmo, fé, visão alargada e coragem. Se sinta desa-
fiado, encorajado e despertado para a grandeza. Vá brilhar! Vá ven-
cer! Derrube o velho inimigo chamado mediocridade. Isso pode até
parecer com o desejo de exaltar o favoritismo ou o mérito humano,
mas, pelo contrário, quero exaltar a graça de Deus que nos levanta
nos momentos mais improváveis e imerecidos de nossa história. Por
isso, lhe digo: não desista, pois desistir é muito fácil para qualquer
pessoa; tenha coragem de viver intensamente a vida que Deus es-
creveu para você. Como sabemos, o mundo sempre nos dará opor-
tunidades de desistir. Não se esqueça de que é somente no enten-
dimento do mundo que “desistir” se chamaráoportunidade. Portanto,
não desista até ver sua realidade trans-
formada. Lembre-se de que não chega- Nada nem
mos ao fim quando algo ou alguém diz
que é o fim, mas somente quando nós ninguém podem
mesmos dizemos que é o fim. Richard nos manter
Nixon disse: “Um homem não está aca-
bado quando sofre uma derrota, mas sim caídos a menos
quando desiste.” Assim, podemos con- que tomamos a
cluir que as circunstâncias não podem
formatar nossas vidas. Nada nem nin- decisão de não se
guém podem nos manter caídos a me- levantar mais.
nos que tomamos a decisão de não se
levantar mais.

Portanto, vencedor é aquele que foi declarado derrotado várias


vezes, mas não deu ouvidos ao juiz. Antes, colocou-se positivamente
rumo à conquista, e não o contrário. Sendo assim, nunca deixe de
meditar em suas escolhas, pois a escolha entre desistir ou prosse-
guir é um momento decisivo em sua vida. Com certeza não podemos
fazer o relógio retroceder, mas podemos dar corda nele novamente,
começando todo processo na força de Deus.

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Um dos traços mais comuns nas pessoas bem sucedidas é o fato
de que elas venceram a tentação de desistir. Quantos valentes de
Deus se viram em pontos de crise nos desertos, nas cavernas, nas
prisões, nos vales, nas montanhas
em profunda solidão, empalidecidos, Um dos traços mais
perplexos em meio às perseguições
e, ainda assim, prevaleceram? Esse comuns nas pessoas
é o time em que jogamos, esse é o bem sucedidas é
exército em que fomos alistados para o fato de que elas
engrossarmos suas fileiras. Uma das
grandes formas de dar uma chance venceram a tentação
ao que você possui de melhor é se de desistir.
levantar quando for a nocaute.

A grande maioria das pessoas fica paralisada no caminho mais ra-


pidamente que começam a caminhada. Em vez de parar, siga esse
provérbio inglês: “Não caia antes de ser empurrado”. Margareth Tha-
tcher compreendia o princípio de não desistir quando aconselhou:
“Pode ser que você tenha de enfrentar uma batalha mais de uma vez
antes que venha a vencê-la.” Alguém certa vez disse: “Desista agora!
Você nunca conseguirá! Caso desconsidere esse conselho, já estará a
meio caminho do sucesso.”

Dizer: “Não posso” é a conclusão dos tolos. Na realidade, não exis-


tem situações sem esperança; o que há são homens que perderam
a esperança diante das situações.” Deus, pela sua bendita graça, nos
concedeu a coragem de não desistir do que consideramos correto
mesmo que, naturalmente falando, tenhamos perdido a esperança.
Desistir é a maior de todas as tragédias, pois você já é abençoado em
Cristo.

“Pois contigo desbarato exércitos, com o meu Deus salto mu-


ralhas. O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor
é provada; ele é escudo para todos os que nele se refugiam.
Pois quem é Deus, senão o Senhor? E quem é rochedo, senão
o nosso Deus? O Deus que me revestiu de força e aperfeiçoou
o meu caminho, ele deu a meus pés a ligeireza das corças e

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me firmou nas minhas alturas. Ele adestrou as minhas mãos
para o combate, de sorte que os meus braços vergaram um
arco de bronze. Também me deste o escudo da tua salvação,
a tua direita me susteve, e a tua clemência me engrandeceu.
Alargaste sob meus passos o caminho, e os meus pés não va-
cilaram. Persegui os meus inimigos, e os alcancei, e só voltei
depois de haver dado cabo deles. Esmaguei-os a tal ponto,
que não puderam levantar-se; caíram sob meus pés”. Salmos
18:29-38

Decisões que transformam realidades

Nascemos para viver, e não para nos preparar para viver. Em que
lugar você estava há 15, 20 ou 25 anos atrás? Como você era? Quem
eram seus amigos? Quais eram seus sonhos e suas esperanças? Se
alguém lhe encontrasse e lhe fizesse a
seguinte pergunta: “Onde você deseja Nascemos para
estar nos próximos dez, quinze ou vinte viver, e não para
anos, o que teria respondido? Será que
você ocupa hoje o lugar que sonhava nos preparar para
ocupar naquela época?” Uma década viver.
passa muito rápido, não é mesmo?

Entretanto, mais importante que ter olhos para a janela dos anos
que se passaram, enxergando o que passou, é abrir os olhos diante
das janelas do que ainda virá. Nosso Deus tem pensamentos de paz a
nosso respeito. Vejamos o que está escrito em Jeremias 29:11

“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o


Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim
que desejais.” Jeremias 29:11

Há um futuro cheio de brilho e sucesso para nós, mas esse fu-


turo está condicionado às nossas decisões hoje. Talvez devêssemos
nos perguntar: Como vou viver os próximos dez anos de minha vida?
Quais decisões esperam-se de mim? Como vou me posicionar a fim
de tecer o amanhã? Como vou me empenhar para criar um amanhã

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melhor para mim? Como vou me posicionar de agora em diante? O
que é importante para mim nesse exato momento? O que será impor-
tante para mim a longo prazo? O que posso fazer hoje para moldar o
futuro que tanto anseio? Daqui a dez anos você certamente estará
lá. Mas, a questão mais importante é saber onde você vai estar, que
tipo de pessoa terá se tornado, como estará vivendo e qual será sua
contribuição para transformar o mundo. Esse é um momento propí-
cio para projetar esse futuro, e não depois que as coisas passarem.
Fico sempre intrigado ao pensar que se eu pudesse fazer uma viagem
para o meu futuro, daqui a dez ou quinze anos, e contemplasse esse
futuro, será que ficaria satisfeito? E você, ficará satisfeito com o seu?
Seu futuro lhe trará deleite ou perturbação?

Por causa das situações difíceis que passei na infância, minha ado-
lescência, bem como parte de minha juventude, fui forçado a lidar
com decisões. Em muitas situações me senti só. Nem sempre contei
com um mentor vitorioso, e não tinha um referencial dentro de casa
que me treinasse para o sucesso. Sem contar que era um adolescen-
te confuso, tímido e sem objetivos definidos. Mesmo depois de me
tornar um filho de Deus, situações complicadas me entrincheiraram
para dias de densas trevas e, por isso, me encontrava muitas vezes
sem rumo. Todavia, em meio a essas crises existenciais, aprendi a
tomar decisões que trouxeram transformações radicais em minha
caminhada. Uma das mais importantes foi, sem dúvida, ter um com-
promisso sério com a Palavra de Deus, me separar em santidade para
minha esposa, selecionar que tipo de amigos queria ao meu redor.
Meu líder sempre dizia: “Se você quiser ser um leão, ande com leões; e
se quiser ser uma águia, voe com as águias”.

As decisões que tomei em minha vida são, na verdade, ações que


me direcionaram a um tipo de colheita em meu futuro. Com sabe-
mos, ações diferentes produzem resultados diferentes, ou seja, toda
ação é uma causa que desencadeia efeitos que levamos para o nosso
futuro. Portanto, precisamos de ter nossas ações controladas pelo
Espírito do Senhor. Como filhos de Deus, precisamos ser guiados
pelo Espírito Santo; essa é uma verdade imutável. Mas, muitos cris-
tãos, até piedosos, imaginam que não precisam fazer nada, levando a

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vida passivamente e assistem a passagem das circunstâncias da vida
de braços cruzados. Deus não nos fez robôs, marionetes ou objetos
guiados por um controle remoto. Deus aguarda por nossas ações. O
Senhor nos deu o poder de tomar decisões e temos de tomá-las da
melhor forma possível.

Tudo o que acontece em nossas vidas, seja aquilo que nos emo-
ciona ou que nos desafia, começa com uma decisão. Acredito que é
nos momentos de decisão que nosso destino é moldado. As decisões
que você está tomando hoje, nesse instante, todos os dias, moldarão
como se sente agora, e também quem será nos anos seguintes.

Ao recordar os últimos dez anos de sua vida, você acredita que


houve ocasiões em que uma decisão diferente, diante de uma reali-
dade adversa que viveu, teria feito sua vida radicalmente diferente do
que é hoje, para melhor ou para pior? Você experimentou momentos
de frustração, injustiça, desesperança e tragédia nos últimos anos?
Se sua resposta é sim, o que decidiu a respeito? Seguiu em frente ou
desistiu? Você já parou para pensar o quanto as decisões moldaram
sua vida nos dias atuais?

Mais que qualquer outra coisa, acredito que são nossas decisões,
e não as condições de nossa vida, que determinam nosso futuro.
Todos nós sabemos que há pessoas que nascem com vantagens,
sejam: genéticas, financeiras, ambientais, familiares ou de relacio-
namentos. Todavia, conhecemos pessoalmente, bem como lemos a
respeito ou ouvimos falar de pessoas que, contra todas possibilida-
des, se projetaram além dos limites de suas condições ao tomarem
novas decisões sobre o que fazer com suas vidas. Essas pessoas se
tornaram exemplos desse poder dado por Deus ao homem, tomar
decisões. Precisamos assumir o controle de nossa mente e vontade,
induzindo-as a pensar e tomar decisões, pois asrealidades são trans-
formadas mediante nossas decisões, e são as decisões em tempos
difíceis nos projetam a ser modelos inspiradores de pessoas que mu-
dam épocas e tempos.

Se decidirmos que sim, você e eu podemos fazer de nossa vida um

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desses modelos inspiradores. Mas, como? Tomando decisões com sa-
bedoria. Decisões que nos projetarão para uma realidade emergente,
o futuro poderoso que tanto desejamos. Se você não tomar decisões
sobre como vai viver, responder a Deus, então já tomou uma deci-
são, concorda? Se assim for, já se decidiu ser dirigido pelo ambiente,
em vez de moldar sua própria realidade. Pode ser que, no meio de
um turbilhão de problemas, você tome a decisão mais importante
de sua vida; uma decisão que irá afetar toda sua história. Por isso,
precisamos estar atentos à voz de Deus, pois nesses momentos de
grandes decisões recebemos poderosas revelações do Pai. Se você se
recordar, foi na prisão em Filipos que Paulo e Silas tomaram a decisão
de louvar ao Senhor à meia noite. Eles estavam presos em uma con-
dição extremamente desfavorável; uma realidade escura e indigesta.
A decisão deles poderia ser a de murmurar e esbravejar que estavam
fazendo a obra e se achavam naquela condição. Mas eles não fizeram
isso, a história registra que: “de repente sobreveio um terremoto, os ali-
cerces do cárcere se moveram e as portas se abriram e foram soltas as
prisões de todos”. Atos16:26

Existe uma diferença que existe entre estar interessado e estar


empenhado em alguma coisa. Muitas pessoas falam coisas como:
“Puxa, eu realmente gostaria de ganhar mais dinheiro!” ou “Gostaria de
investir mais em minha família”, ou “Sabe, eu realmente gostaria de fa-
zer diferença no mundo”. Mas esse tipo
de declaração, por si só, não representa Existem momentos
de modo algum um empenho. A pes-
soa apenas anuncia sua preferência, di- em que precisamos
zendo: “Estou interessado em que isso escolher com fir-
aconteça, se não tiver que fazer nada”. meza o curso que
Isso não é poder! É uma oração que não
possui qualquer fé para acioná-la. seguiremos, ou os
incansáveis ventos
É assim que você age? Ser decidido das circunstâncias
é uma chave indispensável para que al-
guém tenha sucesso na vida. Se você se
tomarão as de-
negar a assumir compromissos, que tipo cisões em nosso
de vida terá? Toda realização — grande lugar.

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ou pequena — começa com uma decisão. São as escolhas e não a
sorte que determinam o seu futuro. Existem inúmeras pessoas que
passam pela vida sem saber o que querem. Existem momentos em
que precisamos escolher com firmeza o curso que seguiremos, ou os
incansáveis ventos das circunstâncias tomarão as decisões em nosso
lugar.

Existem muitas pessoas que são como carrinhos de mão, trailers


ou canoas; necessitam ser empurrados, puxados ou impulsionados
com remos para que cheguem a algum lugar. Compreenda que ou
você estimula os outros a tomarem decisões ou eles estimulam você.
Decida fazer algo agora para tornar sua vida melhor. A escolha é sua.
Se você deseja vencer, já está a meio caminho para o sucesso; se não
tem essa vontade, está a meio caminho do fracasso.

No instante em que você assumir um Toda mente


compromisso definitivo, Deus também
começará a se mover; e tudo o mais humana é um
contribuirá para ajudá-lo, de um modo poder latente
como jamais ocorreria sem a sua de- até que seja
terminação. Toda mente humana é um
poder latente até que seja despertada despertada por um
por um profundo desejo e por uma re- profundo desejo e
solução determinada para realizar algo. por uma resolução
Existe uma diferença entre estar in-
determinada para
teressado e assumir um compromisso. realizar algo.
Quando você se interessa por alguma
coisa, só a faz se ela for conveniente. Quando assume um compro-
misso com alguma coisa, não aceita desculpas, apenas resultados. A
falta de determinação já causou mais fracassos que a falta de inteli-
gência e de habilidade. Dificilmente você consegue o que almeja se
não souber. com antecedência. o que deseja.

Como expressou, acertadamente, Helen Keller; “A ciência pode ter


encontrado a cura para a maioria dos males, no entanto, ainda não en-
controu o remédio para o pior de todos: a apatia dos seres humanos”.

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A apatia e a procrastinção são males que o ser humano enfrenta e
atitudes que possuem automaticamente, nem sequer caem em ten-
tação. Não há tentação para a procrastinação.

Josué nos encoraja “Escolham hoje a quem irão servir [...]” (Js
24:15). Não deixe para decidir amanhã o que precisa ser decidido
hoje. Nada é tão extenuante e fútil quanto a indecisão. Não o que
temos, mas o que usamos; não o que vemos, mas o que escolhemos.
Essas são as realidades que frustram ou abençoam a felicidade hu-
mana. Lembre-se de que você não é o tipo de pessoa que está sem-
pre em cima do muro ou no meio da estrada, porque ficar no meio
da estrada é a pior maneira de se avançar. Decida-se hoje a favor de
seu sonho. Infelizmente, a maioria das pessoas não faz isso por estar
demasiadamente ocupada a inventar desculpas.

Estabeleça um padrão de coisas que não tolerará em sua vida e


viva de acordo com esse padrão. Mesmo nesse tempo em que a crise
política estourou em nossa nação, o problema do desemprego bate
à sua porta, a crise de frutos lhe incomode e sua liderança esteja
emperrada, mantenha-se na decisão de viver no mais alto nível de
revelação do favor de Deus sobre sua vida. A graça está amplamente
disponível, decida usufruir. Paulo o fez e suportou inúmeras adversi-
dades, bem como trabalhou mais que todos os outros apóstolos.

A razão pela qual as pessoas não atingiram seus objetivos ou não


estão vivendo as vidas que desejam, deve-se ao modo como seus
pais as trataram, ou à falta de oportunidade na juventude, ou porque
já se acham velhas demais, ou porque não tem a idade adequada.
Essas crenças, além de limitadoras, são, também, destrutivas. Tomar
decisões o levará a mudar muitas coisas em sua vida. Decisões atuam
como fontes tanto de problemas quanto de oportunidades e alegrias.
Uma decisão na direção do propósito de Deus detonará um processo
de transformação do invisível para o visível. As verdadeiras decisões
são agentes catalisadores para converter nossos sonhos em realida-
de. É justamente nos momentos de decisão que seu futuro é traçado.

Não é o que está acontecendo, a realidade que está diante de você

- 26 -
Transformar as ou o que aconteceu no passado que
determina o que você se tornará. Ao
realidades significa contrário, são suas decisões sobre
que, se não houver o que será seu foco, qual o real va-
um caminho lor das coisas e o que fará em meio
às circunstâncias que determinarão
definido, Deus criará aonde vai chegar. Transformar as re-
um para você passar alidades significa que, se não houver
e chegar do outro um caminho definido, Deus criará um
para você passar e chegar do outro
lado. lado.

Existe algo para você começar que está destinado para você
terminar

Você está caminhando aos trancos e barrancos em direção ao fu-


turo? Saiba que é possível predizer seu próprio futuro pelo grau de
consciência que você tem sobre o seu propósito principal na vida.
Muitas pessoas sabem do que estão fugindo, no entanto, poucas sa-
bem para onde se dirigem. A primeira coisa a fazer é se concentrar
em descobrir seu propósito singular. A segunda concentrar-se em
cumpri-lo. Se você tiver um poderoso por que, esse lhe fornecerá
o necessário para descobrir os caminhos que o levará a cumprir os
propósitos de Deus. Atente-se que estamos falando de um propó-
sito, e não uma quantia de dinheiro. Seu propósito será seu maior
patrimônio.

Quando baseamos nossa vida nos princípios eternos de Deus, com


certeza, nossas decisões já estão tomadas. O propósito faz o que é
preciso, o talento faz o que pode. Esse é um tempo de descruzar os
braços e agir. E falando de agir, nada pode ser feito fora de um pro-
pósito. O propósito da vida é uma vida com propósitos.

A altura de suas realizações se equipara à profundidade de suas


convicções. Busque a felicidade pela própria felicidade, e não irá en-
contrá-la; busque-a por um propósito e a felicidade o seguirá como
uma sombra em um dia ensolarado.

- 27 -
Os desertos, os vales, as montanhas, as tempestades, a aridez, a
sequidão, a esterilidade, as muralhas, as barreiras, as fortalezas e os
gigantes são termos que a Bíblia usa para mostrar as realidades que
se opõem ao plano de Deus para seus filhos. Contudo, todas elas
podem e devem ser mudadas e, se você crer, serão mudadas. A crise,
a recessão, o desequilíbrio, o desemprego, a instabilidade emocional,
a contenção drástica de despesas, a falta de perspectiva, os sonhos
entulhados nos poços profundos da incredulidade ou enterrados no
deserto escaldante são situações que serão completamente trans-
formadas em nossas vidas se crermos. Ufa! Mesmo diante das águas
turvas de oposições, onde não vemos saídas naturais, estaremos
triunfantes se posicionarmos em fé diante de Deus.

Ultimamente, estive meditando na vida de muitos servos de Deus


do passado e do presente, extraindo de suas carreiras vitoriosas os
princípios marcantes que serão como um farol alto em dias de escuri-
dão em nossas vidas. Dos notáveis, do Velho e do Novo Testamento,
a irmãos que caminham ao nosso lado, será possível ver a cor da es-

- 31 -
perança, sentir o cheiro da batalha, ouvir a voz do estímulo e desejar
entrar imediatamente em ação. Quando o problema bate à sua porta,
qual pergunta você faz ao Pai: Por quê? Ou, para que?

A graça transbordante de Deus transforma e é capaz de mudar


qualquer realidade que se apresenta diante de nós. Não quero atri-
buir à capacidade do homem qualquer grande realização ou a saída
das encruzilhadas da vida, pois somente o Senhor socorre. Somen-
te pela graça podemos enfrentar um amanhã sem medo. Esse favor
imerecido não somente nos capacita a vencer o hoje, mas nos treina
para encararmos um futuro que não conhecemos. Os grandes heróis
que se levantam nos vales e mudam a paisagem cinzenta ao seu redor
só o fazem quando permitem que o rio do favor extremo de Deus
flua em suas vidas torrencialmente.

Quando as soluções da terra entram em colapso, o céu aponta o


rumo a seguir. O trono de Deus jamais é afetado. As catástrofes da
história não desestabilizam seu trono. A crise do homem pode ser o
tempo oportuno de Deus. É no vácuo da crise que os grandes líderes
são forjados. As circunstâncias devem ser lideradas e transformadas,
mas não podem nunca ditar o ritmo de nossa vida. Só os desbrava-
dores, idealistas e sonhadores destemidos prosperam no deserto. Ao
sentirem o ar poluído por uma nuvem de descrença a seu redor, esses
guerreiros da tempestade trazem a atmosfera do céu para a terra e
regem sobre as muitas águas revoltas da vida. Não nos apoiamos na
coragem humana, mas na ousadia, força e coragem do nosso verda-
deiro general das batalhas, o Senhor Jesus.

A vida desses discípulos de Cristo é um monumento singular de


estímulo e de coragem para todos; creio que precisamos ler sobre
suas histórias de conquistas nos desertos áridos da crise. Esses per-
sistentes filhos da luz entenderam algo muito importante: “pior que
a crise é conformar-seà ela.”, “Se você está enfrentando o inferno, conti-
nue!”, disse Winston Churchill durante uma das piores crises da histó-
ria mundial. Essas palavras, por mais estranhas que pareçam, podem
ser gotas de sabedoria ao cair sobre qualquer pessoa que esteja en-
frentando uma provação hoje. A adversidade não tem de se tornar o

- 32 -
nosso destino; pode ser apenas o nosso caminho para algo maior. O
que fazer quando na hora em que você se vê encurralado pela crise?
Infelizmente, alguns ficam petrificados, assistindo passivos à doloro-
sa marcha da crise, aceitando inertemente a decretação da derrota.

Somos tentados, tal como foi Isaque no vale de Gerar, a tomar um


caminho mais fácil, um atalho à direção errada. Muitos, nessa hora,
descem ao Egito, um lugar de riqueza, fartura e segurança. É mais
fácil andar na estrada da fuga a sobreviver no deserto. Das entranhas
do deserto abrasador, Deus abriu uma fonte de água que começou
a jorrar. É no fragor da crise que ouvimos a voz de Deus. A crise vem
para nos tornar maiores do que já somos. Desafíos são oportunida-
des de Deus para fincarmos estacas em outras fronteiras.

O Senhor irrompeu na história de Isaque e lhe disse: “Não fuja,


floresça onde você está plantado”. O deserto da crise pode ser o palco
da realização dos sonhos mais extraordinários em sua vida, como fora
para Isaque.

Para outros tantos filhos de Deus, o deserto veio em outras for-


mas. Uma terra a ser conquistada, uma fortaleza a ser derrubada, um
gigante a ser vencido, lançar redes num lugar fundo depois de uma
noite frustrante de trabalho e um
barco vazio. Permanecer acreditando Transformadores
nos sonhos mesmo depois de hostili- de realidades não
zado e vendido pelos irmãos. Perdas
irreparáveis na família por anos a fio. encaram as crises e
Continuar depois da frustração, per- as dificuldades da
manecer diante das adversidades, vida como inimigas.
essa é história de muitos servos fieis
do Senhor. Eles veem nelas
grande contribuição
Transformadores de realidades para realização
não encaram as crises e as dificulda-
des da vida como inimigas. Eles veem
dos sonhos mais
nelas grande contribuição para reali- profundos do
zação dos sonhos mais profundos do coração.

- 33 -
coração. Pode parecer absurdo e até contraditório, mas assim como
uma pilha precisa de um polo positivo e outro negativo para produzir
energia, podemos dizer que as vitórias são o nosso polo positivo e
as crises são o polo negativo que produzem a energia da nossa vida.

Nenhuma experiência de deserto, de luta, de adversidade ou de


crise que vivamos é perdida. Tudo lapida a vida, molda o caráter, fir-
ma os valores e faz com que a realização dos sonhos seja muito mais
sólida. As lutas e dificuldades dão sabor às vitórias. O triunfo é resul-
tado da nossa confiança em Deus. Estamos sendo treinados para a
realeza, tal como fora José. O Senhor era com ele, e é com você. No
deserto, a perspectiva faz toda a diferença.

Quando você enfrentar o deserto fervente, em primeiro lugar, olhe


para o passado e perceba que somos aperfeiçoadosem nossa fé na
semelhança dos heróis de Deus. Em segundo lugar, olhe também
para o céu e considere a fidelidade de Deus, pois quanto maior nosso
conforto em Deus, menos o deserto parecerá deserto. Isso não quer
dizer que o Espírito Santo nos “anestesia” contra toda dor e sofrimen-
to, que a grandiosidade do conforto do Espírito Santo nos permite-
manter nossa alegria e nossa firmeza moral no deserto, bem como
florescer em Cristo mais do que nunca.

A solução de problemas não está em mudar de lugar, mas de atitu-


de. Agarre a crise pelo pescoço, enfrente seu gigante e o derrote. Os
problemas que enfrentamos são instrumentos pedagógicos que nos
aperfeiçoam em santidade, portanto, não são fatos acionados pela
mão do acaso para nos destruir. A adversidade não tem de se tornar
o nosso destino, mas o caminho para algo maior.

Esse é o ambiente em que o adversário da nossa alma busca, de


todas as formas, minar nosso vigor espiritual. Precisamos de uma de-
terminação sincera de crer em Deus. Jamais permita que os proble-
mas, as circunstâncias, os amigos definam quem é Deus para você. A
palavra de Deus não apenas nos garante proteção das mentiras, mas
também nos faz lembrar de seu propósito em todas as coisas, até no
deserto.

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“O deserto se alegrará, e crescerão flores nas terras secas;
cheio de flores, o deserto cantará de alegria... Então os cegos
verão, e os surdos ouvidos; os aleijados pularão e dançarão, e
os mudos cantarão de alegria. Pois fontes brotarão no deser-
to, e rios correrão pelas terras secas. Os lugares onde agora
vivem os animais do deserto virarão brejos onde crescerão ta-
bocas e juncos”. Isaías 35:1-2, 5-7

Como podemos ter um “deserto” tão colorido, vivo e exuberan-


te? Através da reconfortante e transformadora presença do Espírito.
Realidades podem ser transformadas, porque a presença do Espírito
Santo é transformadora. Isso é o que faz o deserto valer a pena. Deus
não nos poupa da dificuldade, mas nos poupa na dificuldade. Não
nos alegramos por causa das adversidades em si, mas no poder que
possuem para nos tornar mais fortes.

Isso nos dá oportunidade de experimentar o conforto do Espírito


Santo em um nível que nunca teríamos experimentado de outra for-
ma. Nada é mais valioso que a consciência de que Deus está presen-
te. Se você está passando por um deserto, determine em seu coração
que você vai usar isso como uma oportunidade para descobrir mais
sobre a magnífica companhia do Pai Celestial.

Treinados para transformar realidades

O deserto é um lugar difícil. Todavia, tão crucial para a nossa vida


quanto doloroso. Enquanto o tempo no deserto traz a sensação de
que algo esteja terrivelmente errado, e a solidão e o desespero pa-
reçam reinar, Deus está ao seu lado e deseja usar o deserto para seu
eterno bem. Para colher seus benefícios, é preciso compreender sua
natureza e finalidade.

O que distingue um vencedor neste mundo tormentoso daqueles


que sucumbem vencidos no deserto da vida não são as circunstân-
cias. A crise é uma realidade e chega para todos, a diferença está na
atitude com que cada um a enfrenta. Não adianta esconder a cabeça
na areia como um avestruz fazendo de conta que ela não existe.

- 35 -
Muitos não reagem mais diante das adversidades. São pessoas
anestesiadas, com a esperança morta e sonhos sepultados na cova
das impossibilidades. Em um momento ou noutro da vida cruzamos
os vales escuros e perigosos. Uns sucumbem, outros triunfam diante
das mesmas circunstâncias. Talvez você esteja atravessando um pe-
ríodo de crise, seja financeira, familiar, ministerial, na liderança, ou
mesmo na área dos sentimentos. Como você tem reagido diante des-
sas crises?A crise é uma encruzilhada, uma bifurcação na rota da vida.
Podemos fazer dela uma porta para os horizontes largos do triunfo
ou podemos descer através dela aos vales mais sombrios do fracasso.
A crise pode ser a porta da esperança ou o calabouço do desespero.
A história está crivada de exemplos de homens que plantaram no
deserto, enfrentaram a crise e triunfaram em tempos de adversidade.
Esses improváveis enxergaram oportunidades inéditas para semear
num solo batido. Quando estamos no deserto das impossibilidades,
precisamos nos tornar especialistas em derrotar crises. A grandeza de
um homem está no fato de que, quando todos estão colocando o pé
na estrada do fracasso, ele vislumbra o chão do progresso. O vence-
dor é um visionário. Não podemos olhar para aquilo que o deserto é,
mas par aquilo que ele pode transformar-se. Desafie-se a ver a vida
pelas lentes do otimismo. O futuro não é filho do acaso; é criado por
homens de visão. O vencedor, que transforma realidades consegue
contemplar o que ninguém mais vê.
Ele enxerga por sobre os ombros de Crises preparam
gigantes. Todos estão mergulhados pessoas improváveis
no problema, ele está contemplando
a solução. Crises preparam pessoas para feitos
improváveis para feitos extraordiná- extraordinários.
rios.

Não siga os conselhos de seus medos

“Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um


côvado ao curso da sua vida?” Mateus 6:27

A batalha da mente é a maior batalha que travamos. Muitas vezes


escolhemos aquilo que nos causa alegria e medo, muito antes de ex-

- 36 -
perimentá-lo. Fique sempre muito atento à sua imaginação. O que
nos consola é o fato de as coisas visíveis serem temporais, e as invi-
síveis serem eternas. A mente cria leões em nosso caminho, e de um
modo muito fácil! E como sofremos, caso não nos façamos de surdo
às suas tolices e sugestões?

A preocupação não pode consertar coisa alguma. Na verdade, ela


é uma traidora e, muitas vezes, nos faz perder o que estamos para
ganhar. Isso acontece porque receamos até mesmo tentar. Ainda,
juntamente com a preocupação, temos o medo. Ele nos engana e
pode nos impedir de chegar aonde poderíamos ser vitoriosos. Não
podemos nos esquecer de que sempre haverá duas vozes ressoando
em nossos ouvidos, a voz do medo e a voz da fé. Uma é o clamor dos
nossos sentidos e a outra é o sussurro de Deus. Portanto, não per-
mita que os seus temores roubem seus projetos e sonhos e o impeça
de segui-los.

A preocupação parece ser o único pecado que a maioria das pes-


soas não teme cometer. Costumávamos temer a Deus; agora teme-
mos todas as outras coisas. Os medos, assim como os bebês, crescem
quando são nutridos. Se permitirmos, o medo cresce mais rapida-
mente do que um adolescente. Nada é mais marcante que a desne-
cessária ansiedade que toleramos – em geral criada por nós mesmos.
Precisamos agir apesar dos nossos temores, e não em função deles.
O medo é a crença de que não irá dar certo.

A Bíblia registra no Salmo 46 - “Deus é nosso refúgio e a nossa forta-


leza, socorro sempre presente na adversidade. Por isso, não temeremos.”
Não tema, pois o Todo-Poderoso é contigo. Jamais deixará que en-
frente qualquer problema sozinho. A preocupação não ajuda a resol-
ver os problemas futuros, no entanto, com certeza, destrói a felicida-
de presente. Um dia de preocupações é mais desgastante que um dia
de trabalho. Há um futuro que devemos projetar, mas não podemos
viver hoje com uma preocupação que rouba nossa paz. Se nos preo-
cuparmos excessivamente com o futuro, não teremos um futuro com
que nos preocupar. Uma pessoa sempre espera poder viver o seu
futuro, não importa o quanto tenha receio dele. Infelizmente existem

- 37 -
mais pessoas que se preocupam com o futuro do que as pessoas que
se preparam para ele. A preocupação é um fino córrego a escoar pela
mente. Se a alimentarmos, ela acabará rompendo em um canal atra-
vés do qual todos os outros pensamentos serão drenados. Qualquer
um de nós pode perfeitamente ficar nervoso, mas devemos nos con-
trolar. O medo é sempre gerado em sua mente.

Conheça os seus limites e esqueça!

Crer na impossibilidade faz com que tal coisa se torne impossível.


Pense em quantos projetos extraordinários deixaram de ser concre-
tizados por causa de uma mentalidade estreita; ou em outros tantos
que foram inviabilizados desde a sua concepção por pura covardia.
Lembremo-nos de que até o “impossível” pode ser dividido em vá-
rias ações possíveis. Até mesmo o impossível pode se tornar pos-
sível quando pensamos por etapas. Talvez, alguém poderia ter dito
que seria impossível que o homem chegasse à lua, olhando para a
missão macro. Todavia, o homem foi construindo as partes possíveis
que tornaram o pensamento de ir à lua realizável. Portanto, sua visão
é a promessa daquilo que você deverá realizar, mesmo que pareça
impossível. Deus chama improváveis para realizar coisas extraordi-
nárias, creia nisso! Mesmo que pareça algo muito difícil, sempre terá
alguém realizando o que outras pessoas diziam ser impossível. Ouse
pensar no impensável.

Desenvolva uma capacidade ilimitada de ignorar o que outras pes-


soas acreditam que não possa ser feito. Não apenas brote alguns ra-
mos onde você está plantado, mas floresça e dê frutos. Há sempre
espaço para cima. Ninguém pode predizer onde você pode chegar.
Nem mesmo você poderá saber, até que abra totalmente as suas asas.

A vida é curta demais para se pensar pequeno. Vá além dos seus


limites, ultrapasse as suas fronteiras. A maioria das pessoas pode fa-
zer mais do que pensa, mas em geral faz menos. Nunca se sabe o que
se pode fazer até que se tente. Alguém certa vez observou: “A mode-
ração é fatal.” Nada se compara ao excesso. Tudo é possível – jamais
use a palavra nunca. Quando um homem estabelece um limite para o

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que fará, já estabeleceu um limite para o que pode fazer. Nunca diga
a um jovem que algo não pode feito.

Quem sabe se Deus não esperou durante séculos justamente por


alguém que ignorasse suficientemente o impossível, a ponto de re-
almente realizar aquilo. Se você desvaloriza os seus próprios sonhos,
ninguém dará valor a eles. Você acabará descobrindo que os grandes
líderes raramente são “realistas”, de acordo com o padrão dos outros.
A resposta para seu futuro se encontra fora dos limites que traçou
para si mesmo. Se você deseja saber se realmente consegue nadar,
não perca tempo em águas rasas. Qualquer pessoa que escolhe um
alvo plenamente alcançável na vida já definiu os seus próprios limi-
tes. Siga este conselho: Faça história e agite o mundo. Vá a lugares
em que você nunca esteve antes. Alce os mais altos voos. Vá profun-
do e saia da vala comum dos que estão formatados às circunstâncias.
Só se torna um vencedor aquele que está disposto a romper os limi-
tes. Deus diz: “Peça-me a montanha.” A Bíblia diz: “O que é impossível
para os homens é possível para Deus” (Lc18:27). Elimine o que o impe-
de. Quando alguém escala a árvore mais alta, conquista o direito aos
melhores frutos. Para aqueles que se acham muito infelizes: não seria
suas mãos que são pequenas demais, ou a sua visão que está emba-
çada? Você precisa florescer! Nunca diga nunca. Nunca é algo muito
distante e incerto, e a vida é rica demais em possibilidades para ser
restringida dessa forma.

- 39 -
“Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de
uma terra seca...” Isaías 53.2

As raízes são os meios pelos quais uma planta se alimenta, elas


são os canais dos quais provém o sustento para sua vida. Nenhuma
planta pode viver sem um sistema de raízes. Se possuir esse sistema,
a planta pode sobreviver sob as condições menos promissoras. Esse
texto lindo da Palavra de Deus está compartilhando sobre uma rea-
lidade da vida de Jesus. Nas palavras de Isaías, vemos que o próprio
Senhor Jesus não recebeu nem sua vida nem sua força de circunstân-
cias exteriores. Portanto, não devemos recebê-las dessa forma. Em
muitos momentos em nossa caminhada, nem mesmo nossos irmãos
em Cristo nos poderão fornecer abrigo e sustento, por mais que sua
companhia seja indispensável. Se necessário, devemos ser capazes,
em muitos momentos da vida, não contar esse auxílio externo. Mes-
mo tendo amigos, familiares e irmãos em Cristo ao nosso redor, vi-
vemos com eles, mas não por eles. A fonte secreta de nossa vida é
Deus apenas.

Mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, passaremos por tempos

- 43 -
de fome e seca. Nessa fase, temos a oportunidade de fincar nos-
sas raízes em lugares mais profundos em Deus. Desfrutar das fontes
inesgotáveis do Eterno. Dos lugares mais fundos captamos essa água
sustentadora e, assim, transformamos a realidade de sequidão e es-
cassez que nos assola. Em tempos assim, nosso Pai de amor deseja
desligar nossa tomada das fontes naturais e plugar-nos à fonte ines-
gotável do céu.

Mas, viver a partir “de uma terra seca” significa algo mais. Signifi-
ca que nada meramente circunstancial pode destruir-nos. Nenhuma
seca pode mirrar as delicadas plantas de Deus. Em meio a condições
infrutíferas, a até hostis, Seus filhos são chamados para ser “mais que
vencedores” (Rm 8:37). A vida deles é o próprio Cristo. Os filhos de
Deus fazem do lugar ceco, um lugar de florescimento e frutificação.
Por que? Porque desfrutam de sua verdadeira fonte de vida e recur-
sos.

Nós também somos como essa raiz de uma terra seca que cresce e
se mantém no meio do deserto árido. Essa planta só pode prevalecer
porque, certamente, suas raízes se alimentam da água mais profunda,
de um lençol mais profundo, não visto por olhos humanos. Essa plan-
ta não é sustentada por nada externo e circunstancial, mas por águas
profundas. Uma fonte segura e profunda está sustentando aquela ár-
vore. Qual é a fonte da nossa vida? De onde nossas raízes se alimen-
tam? Quando enfrentamos situações adversas, é fundamental que
nossas raízes estejam fincadas no solo firme do amor de Deus e que
elas sejam alimentadas pelo rio de Deus, abaixo da superfície. Esse
lugar mais profundo é além daquilo que nosso olhar natural alcança.

O Senhor Jesus, transformou a realidade a seu redor a partir do


relacionamento com o Pai. Nenhuma realidade opositora conseguiu
remover o Senhor de sua missão. A realidade celestial estava muito
clara diante dos olhos de Jesus. Por isso, Isaías disse que Ele era essa
raiz de uma terra seca. Por mais que a condição ao seu redor era com-
pletamente desfavorável, o Senhor sabia muito bem em quem Ele
estava firmado. Muitos, quando se deparam com o vento frio da crise
à noite ou o vapor escaldante do dia, desistem e abandonam a obra;

- 44 -
muitos, frente às adversidades da vida abdicam do chamado, sepul-
tam seus sonhos e sucumbem em meio ao deserto. Nesse capítulo
quero enfatizar a questão crucial para transformadores de realidades:
o relacionamento com o Pai, a fonte de nossa vida.

O que fazer na hora em que você se vê encurralado pela crise? Há


um momento na vida de todo filho amado de Deus em que tudo pa-
rece estar seco, o céu está cinzento, uma nuvem escura tapa nossos
olhos. Que decisão tomar quando as estradas de escape parecem
cheias de barricadas? Muitos nessa hora perdem a cabeça, cometem
grandes loucuras, se lançam em relacionamentos errados, abando-
nam conexões e alianças importantes e fogem para o mundo. Outros
se revoltam contra Deus, culpando-o por suas desventuras. Alguns,
petrificados, assistem passivos à dolorosa marcha da crise, aceitando
inertes a decretação da derrota.

Certa vez, ao conversar com um irmão, ele me relatava a razão


pela qual não conseguia se firmar nem cumprir seu chamado. Ele me
dizia que orava, lia a Palavra, jejuava, desfrutava da comunhão com
os irmãos, mas, num certo momento, se esfriava e acabava se afas-
tando, caindo nos braços do mundo. Estava vivendo na masmorra da
inconstância em sua vida espiritual e, obviamente, isso afetou cada
área de sua vida. Ele não conseguia romper nem crescer; não frutifi-
cava para lado nenhum. Durante a conversa, tive a clara percepção
de que aquele irmão não estava sabendo lidar com os momentos de
crise em sua vida.

Cada vez que passava por momentos adversos, ele tendia a retro-
ceder, fugir. Faltava o dinheiro, então ele sumia. Era tentado, desapa-
recia das reuniões. Diante disso, ele deixou de acreditar que tinha um
chamado de Deus. Esse foi o ponto chave de nossa conversa. Disse a
ele: você não está sabendo prevalecer em meio aos problemas. Sem-
pre que a crise vem, você cai.

Então, pude explicar para aquele irmão que aqueles momentos


eram importantes na sua jornada de fé. Eram grandes oportunida-
des de crescer em seu relacionamento com o Senhor Jesus. Todos

- 45 -
nós vivemos pontos de crise em que não sabemos se prosseguimos,
se vamos para a direita, para esquerda ou retrocedemos. Em muitos
momentos da vida cristã, o ar fica poluído por uma densa nuvem de
descrença. A mídia despeja todos os dias no porão da nossa mente
cansada uma enxurrada de informações arrancadas dos abismos mais
profundos das tragédias humanas. A trombeta do caos ecoa em nos-
sos ouvidos, nessa hora desacreditamos do chamado de Deus, per-
demos a esperança, descremos da unção e um dia nos foi transferida
pelos servos do Senhor que nos lideram.

Quando os discípulos atravessaram o mar da Galiléia, por ordem


do próprio Senhor, enfrentaram uma súbita e terrível tempestade.
Por várias horas travaram uma luta renhida para não serem tragados
pelo temporal. Só na quarta vigília da noite Jesus foi ao encontro de-
les. Jesus, porém apareceu de forma estranha e misteriosa: andando
por sobre as ondas. O que o Senhor queria mostrar aos discípulos é
que os problemas que conspiravam contra eles estavam literalmente
debaixo dos seus pés. Sabe aquela ameaça que vem como um tsu-
nami contra você? Pois é, ela está rigorosamente sob o controle do
Soberano dos Reis da terra. A crise, a tempestade e o deserto, não
chegam para nos destruir, mas para nos levar a lugares mais íntimos
de Jesus. Em tempos como esses, precisamos crescer em discerni-
mento e sensibilidade da presença de Deus. O nosso Pai deseja es-
culpir Cristo em nós. Nas adversidades, devemos contemplar Cristo,
pode ser que a situação não mude, mas nós mudamos. Os ventos
da crise sibilam para que o trigal de Deus se dobre. Só o joio não se
curva. A mesma crise que levanta uns abate outros. Ao passar por
aflições, pressões, transforme-as em poder. Canalize-as para o céu,
corra para os braços de consolo do Espírito Santo. Nossos braços
são mais fortes quando estamos seguros nos braços do Pai. Nossos
fardos são leves se os lançamos sobre o Senhor. Épocas de crises são
momentos de trocar fardos.

Em momentos como esses perdemos as lágrimas e parece que o


fogo latente do Espírito Santo é só uma faísca lá bem distante no co-
ração. A crise do homem pode ser o tempo oportuno de Deus. A crise
pode ser uma janela aberta do céu e no silêncio do deserto podemos

- 46 -
ouvir a voz de Deus. Entretanto, muitos de nós, quando os recursos
se esgotam, deixamos a busca pela presença de Deus sempre para
depois. Ao invés de ouvimos a voz de Deus em meio a tantas vozes,
somos impedidos de entender claramente o que Deus deseja de nós.

Das entranhas do deserto abrasador Deus abre suas fontes pode-


rosas e faz jorrar de si para nos sustentar. Um milagre acontece no
meio do deserto da crise. É no fragor da crise que ouvimos a voz de
Deus. Isaque ouviu a voz de Deus lhe dizendo: “Não desças ao Egito”.
O Egito foi palco de perigo para Abraão, o pai de Isaque. O Egito ofe-
recia uma solução imediata, uma riqueza fácil, mas era um laço para
Isaque. Esse também era o problema daquele discípulo a quem eu
aconselhava. Ele queria um anestésico ou uma solução imediata para
crise. O imediatismo sempre gera gente superficial.

Deus exortou Isaque a recusar a imediata abundância do Egito por


bênçãos invisíveis (Gn 26:3) e mais remotas (Gn 26:3,4). Muitas pes-
soas fracassam na vida exatamente porque, na crise, deixam de ouvir
a voz de Deus e dessem ao Egito. O Egito na Bíblia, representa o
mundo. Muitos filhos de Deus sucumbem ante as propostas do mun-
do, onde negociam seus valores absolutos, transigem com suas cons-
ciências e tapam seus ouvidos para não atenderem a voz de Deus.
Quantos trocam bênçãos eternas por vantagens terrenas? Trocam as
venturas do céu pelos prazeres transitórios do pecado.

Devemos estar com os ouvidos sensíveis em tempos de crise. É


justamente nesses períodos que temos as maiores experiências com
Deus. Ele é a fonte secreta de nossa vida. Quando todas as soluções
da terra entram em colapso, o céu aponta o rumo a seguir. O trono
de Deus não enfrenta crises. Os propósitos de Deus não podem ser
frustrados. Nada pode desestabilizar o trono de Deus. Estamos com-
pletamente ligados a esse trono através do sangue de Jesus. Sendo
assim, podemos desfrutar do cuidado de Deus em meio aos descon-
fortos da vida. Os problemas que vivemos são pedagógicos para nos
aperfeiçoar em santidade, e não fatos acionados pela mão do acaso
para nos destruir.

- 47 -
Não entre em pânico

Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.


Provérbios 24:10

A força não é medida nos bons Nossa força não é


tempos, mas nos maus. Nossa força
não é medida por aquilo que empre-
medida por aquilo
endemos, mas pelo que suportamos. que empreendemos,
Sobreviver a um deserto físico exige mas pelo que
mais que habilidades para construir
um abrigo, fazer uma fogueira e pu-
suportamos.
rificar uma água. Isso vai exigir uma postura de firmeza emocional,
espiritual resoluta e uma capacidade em Deus de manter o foco, uma
vontade de viver que supera o medo e o estresse associados à cri-
se. Na verdade, algumas pessoas que possuíam habilidades vieram
a morrer quando se viram presas e um deserto físico, porque lhes
faltou a vontade, enquanto outras que não tinham a habilidade, mas
que tinham a vontade encontraram uma maneira de sobreviver.

Em Gerar, lugar onde Isaque, Deus irrompeu na história de Isaque


e lhe disse: “Não fuja, floresça onde você está plantado. Não corra dos
problemas. Enfrente-os. Vença–os”. Quando somos atingidos por uma
crise e estamos no meio de um deserto, somos tomados pela an-
siedade e perguntamos: O que será do meu futuro? Como poderei
superar o desânimo? O que será da minha família? Qual será o futuro
dos meus filhos? Onde eles irão estudar? E se eu perder o emprego?
Como posso prosperar em meio a esse árido e seco? Você questiona:
Por que isso está acontecendo comigo? Deus acalmou o coração de
Isaque dizendo-lhe: “Calma! Eu estou contigo. Calma! Eu tomo conta da
sua descendência. Calma. Seu futuro está em minhas mãos. Calma! Farei
de você e da sua descendência uma benção para o mundo”.

Quando nos vemos num deserto espiritual, muitas vezes nossa


tendência é deixar nossa imaginação correr solta. Pesamos que Deus
está longe, que sua presença se afastou. Pensamos que Ele está zan-
gado conosco e está nos punindo. Nada pode estar mais longe da

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verdade do que isto. Embora seja natural fazermos perguntas como
estas, ficar obcecado por elas acaba com a nossa vontade de confiar
em Deus. Tudo isso está intimamente ligado à natureza de Deus, pre-
cisamos responder em alto e bom tom bíblico. Não entre em pânico,
se veja em Cristo, justificado pelo Seu sangue precioso. Medite no
que a palavra do Senhor diz sobre Sua fidelidade em tempos difíceis.
Jesus disse que jamais estaríamos só. É normal ficarmos perplexos,
mas é destrutivo nos sentirmos desamparados.Diante de tantas in-
quietações, tantas perguntas perturbadoras e tantos exemplos de
fracassos à sua volta, somente a voz e as promessas de Deus po-
dem trazer alento para você. Invariavelmente todas as vozes da terra
anunciam a falência dos seus sonhos. Você precisa se alimentar das
promessas de Deus, beber do leite genuíno da verdade que jorra dos
mananciais do Senhor. Isaque experimentou a presença consoladora
do Senhor com ele. Deus disse a ele: “Permaneça nesta terra e eu es-
tarei com você” (Gn 26:3). Quando a crise bate à porta da nossa vida,
a primeira coisa que perdemos é a consciência da presença de Deus.

Quando somos encurralados por circunstâncias adversas, tende-


mos a achar que Ele nos desamparou. Por conta disso, Deus encora-
jou Isaque dando-lhe a garantia que estaria com ele. Nesses momen-
tos, o medo vem sobre nós com todo ímpeto e ficamos suscetíveis às
mentiras do inimigo. Ele vai mentir a respeito da fidelidade de Deus e
do seu amor por você. Ele vai questionar sua identidade de filho, seu
valor e sua herança em Cristo. Seu alvo com essas mentiras é minar
seu vigor espiritual. Mas aí, sua vontade de viver deve aumentar – a
vontade de viver no Espírito, enquanto você passa por regiões desér-
ticas.

Determine em seu coração confiar plenamente na Palavra de


Deus. Davi disse em meio à sequidão: “Firme está o meu coração ó
Deus, o meu coração está firme” (Sl 57:7). Uma das coisas mais impor-
tantes que você precisa entender é que, mesmo quando parece que
tudo ao seu redor esteja fora do controle, não há nada que aconteça
em sua vida que, em última análise, não esteja debaixo da supervi-
são de Deus. Tudo em sua vida é, de alguma forma, filtrado pelo Pai.
Ele te ama e está olhando por você, e não permitirá que nada venha

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separá-lo d’Ele. Permita que o invencível amor de Deus expulse para
longe todo o seu medo.

Andar sob a direção do céu é cami- Estar no centro da


nhar seguro. Estar no centro da vontade
de Deus é triunfar nas horas de incer-
vontade de Deus é
tezas. O lugar mais seguro para estar, triunfar nas horas
ainda que em perigo, é no centro da de incertezas.
vontade de Deus. O lugar mais seguro
fora do centro da vontade de Deus é um terreno escorregadio. Por
caminharmos na presença de Deus podemos ter a certeza de que
sempre chegaremos ao porto seguro.

Quando temos consciência da presença de Deus conosco, passa-


mos pelas muitas águas, pelos rios e até pelo fogo em nos intimidar.
O que dava confiança para Davi passar pelo vale da sombra da morte
era a presença de Deus. Quando vivemos em obediência, mesmo na
fornalha ardente das provas mais amargas, contamos com a presença
do Senhor caminhando conosco.

O grande elemento encorajador que o Senhor Jesus deu aos discí-


pulos para que fossem até os confins da Terra pregando o Evangelho
era a promessa de que estaria com eles todos os dias. O Senhor co-
nhece nossa carência de companhia, nossa fragilidade quando cerc-
cados de problemas. Ele sabe a tendência que temos para a solidão.
O senhor é nosso companheiro de jornada, nosso ajudador nas afli-
ções. A presença de Deus é refúgio. Ela traz consolo. Deus está co-
nosco, por isso saltamos muralhas, vencemos gigantes, arrombamos
as portas do inferno, desafiamos o perigo, conquistamos fortalezas e
levantamos a bandeira da vitória.

O deserto das adversidades é um tempo de oportunidades. Gran-


des líderes são forjados nessas fases. As grandes lições da vida cristã
são aprendidas no vale. Segundo Hernandes Dias Lopes, o deserto
é o cemitério dos covardes e incrédulos, mas também um campo de
treinamento para os que confiam nas promessas de Deus. O Senhor
levou o povo de Israel ao deserto para saber o que estava em seu

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coração (Dt 8:2). O deserto diagnostica os desígnios do coração e as
motivações profundas da alma. Confiar em tempos de prosperidade
é fácil. Somos chamados a crer em tempos de crise. Você e eu somos
convocados a crer mesmo que o cenário à nossa volta esteja parda-
cento como um deserto.

Lembre-se de que a solução do problema não está em mudar de


lugar, mas em mudar de atitude. Agarre a crise pelo pescoço. Pros-
pere no deserto. Se lance os pés do Senhor. Deixe seu coração ser
dilatado em fé quando todos estão batendo em retirada. Não de-
sanime, não desespere, continue esperando. Muitos entram em pâ-
nico em meio ao deserto, outros ficam empapuçados de amargura
contra Deus ao enfrentarem as privações
As grandes lições naturais da crise. Á aqueles que perdem a
da vida cristã são paciência e colocam seus pés em rota de
fuga na estrada rumo ao Egito. Em vez de
aprendidas no correr, veja a mão do Onipotente sobre a
vale. sua vida. Ele te guarda e te fortalece.

Os vencedores são aqueles que não vivem choramingando por


causa de problemas nem colocando a culpa no sistema, mas se-
meiam, lutam, confiam na graça de Deus e avançam. O mundo está
carente de homens e mulheres que ousam crer no Senhor em tem-
pos de crise, pessoas como o profeta Habacuque, que se alegram em
Deus mesmo no vale mais sombrio da história.

Eu amo o salmo 27, faço desse texto sempre uma fonte poderosa
de meditação e confissão em tempos de adversidades. Davi diz:

O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei


medo? O Senhor é a fortaleza da minha; a quem temerei?
Quando malfeitores me sobrevêm para me destruir, meus
opressores e inimigos, eles é que tropeçam e caem. Ainda que
um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu
coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei
confiança.

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No verso 5, ele diz: “Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no
seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me á
sobre uma rocha”.

E ainda no verso 14: “Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifi-
que-se o teu coração; espera pois pelo Senhor”.

Avalie seus recursos

A raiz de uma terra seca sobrevive mesmo sob condições extrema-


mente adversas. Veja só o que nos diz o texto de Jeremias 17:7,8 diz:

Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Se-


nhor. Porque ele é como árvore plantada junto às águas, que estende
suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas sua
folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa
de dar fruto.

Esse texto é extraordinário. Esse homem bendito faz uso de todo


recurso das fontes do Senhor. Ele é como aquela raiz que se alimenta
dos lençóis profundos, independente da estação. O Senhor proveu
para nós essa fonte inesgotável, ribeiros de águas abundantes que
nos sustentarão em tempos de sequidão.

Três coisas me chamam atenção nesse texto. Em primeiro lugar,


esse homem que é como essa árvore, não receia quando o calor vem.
Por quê? Porque sua fonte não é nada externo a ela; mas aonde suas
raízes estão firmadas. De lá, vem toda a provisão de vida que essa
árvore necessita.

Em segundo lugar, ele não teme o calor e sua folha fica verde. Esse
é o retrato fiel de alguém que floresce em meio ao deserto. Essa sem
dúvida é a experiência da vida de ressurreição, pois nossa vida é o
Senhor.

Em terceiro lugar, é tão poderoso quanto intrigante o fato de a

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Bíblia dizer que o calor vem, bem como o ano de sequidão. Sim, esse
dia chega. O ano da sequidão chega para todos os filhos de Deus.
Mas, para aquele que tem sua provisão e suprimento no Senhor, seu
coração não se atemoriza. Essa é a minha experiência, é a sua experi-
ência. Quando esse ano de sequidão chega, parece que esquecemos
dos recursos que já possuímos em Cristo. Precisamos nessa fase da
vida, onde as circunstâncias buscam com todo ímpeto nos formatar
as condições de derrota, fazermos uso das riquezas insondáveis do
nosso Senhor.

Aquele que está encalhado no deserto deve avaliar constante-


mente a sua situação. Ele precisa fazer um balanço dos seus recursos
e compreender o que se passa ao seu redor. Dessa forma, poderá se-
guir em frente, com a cabeça fria e uma boa ideia do que seja neces-
sário para conseguir sair dessa situação. Isso é uma grande verdade
para aqueles que cruzam um deserto natural, mas também se aplica
com a mesma realidade deserto espiritual

Fontes de poder: A Palavra de Deus

Se estivermos perdidos no deserto, nossas chances de sobrevi-


vência poderão aumenta drasticamente se possuirmos suprimentos
básicos, tais como alimentos, água, uma faca, ou fósforos. Estas pro-
visões nunca são tão valiosas como quando nossa sobrevivência está
em jogo.

Esta é uma verdade diametralmente correta em se tratando de um


deserto espiritual. Os recursos que o Senhor nos deu para nossa vida
espiritual são preciosíssimos; entretanto no deserto, é nossa obriga-
ção redescobri-los e agarrarmos a eles como nunca. E estes recursos
são a Palavra de Deus, a comunhão dos santos, e o conforto do Es-
pírito Santo.

Poderíamos dizer que a palavra de Deus é comou m oásis em


meio a um deserto espiritual. Ela é repleta de verdade e pode arran-
car de nós toda mentira e medo lançados pelo diabo. Independente
da dificuldade que atravessamos, podemos ter na Palavra de Deus

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uma fonte para renovar nossa força e confiança no Senhor. Ela não
depende de situações ou de fatos externos para ser eficaz. Nestas
condições, muitos servos de Deus se tornam raquíticos na fé porque
deixam de se alimentar da Palavra. Não meditam, não confessam, não
a proclamam. Sendo assim, não é de se estranhar que esses irmãos
sucumbam ante as pressões da vida. Em Isaías 58:11, encontramos o
seguinte:

O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em


lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jar-
dim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam.

Que promessa poderosa! Agora, quantos de nós fazemos uso des-


se maravilhoso suprimento do céu? Deixe que a Palavra de Cristo “ha-
bite ricamente” (Cl 3:16) em você, porque “a palavra está perto de ti, na
tua boca e no teu coração” (Rm 10:8). Estejamos certos de deixarmos
a Palavra determinar nossa condição interior, ainda que seja entre em
contradição às nossas condições externas. Precisamos estar repletos
da Palavra de Deus para não sermos ludibriados pelas circunstâncias
que nos cercam. Nos Salmos 119:11 está escrito: “Guardo no coração
as tuas palavras, para não pecar contra ti.”

Precisamos estar certos de que o inimigo vai tentar aproveitar nos-


so deserto para nos tentar. Exatamente nessa hora, precisamos fazer
uso dessa arma poderosíssima que é verdade da Palavra de Deus.
Essa é a nossa sabedoria para a pressão do deserto. Jesus nos deu
o exemplo disso em seu próprio deserto, quando disparou contra as
tentações do diabo citando as Escrituras - (Mt 4:1-11). Como Cristo
era a própria palavra, diante das afrontas do diabo, Ele soube onde
buscar, em si, os textos exatos para lhe servir como disparos certei-
ros para aniquilar com as mentiras do inimigo. As pessoas gostam de
dizer que as palavras têm poder. Na verdade, as palavras do homem
só têm o poder de destruição. Mas, a Palavra de Deus em nossa boca
é poderosa para mudar as realidades, A palavra do Criador o recurso
mais precioso durante as estações secas. A experiência do deserto
abala o nosso estado físico e nos faz sentir que algo está terrivel-
mente errado. Todavia, a verdade da Palavra de Deus nos habilita em

- 54 -
Não é uma questão toda sabedoria para colocarmos tudo
na perspectiva correta.
de confissão
positiva, é uma No meditar e ruminar da Palavra de
questão de colisão Deus, o poder criativo do céu é libe-
da realidade do céu rado sobre nós. A palavra que trans-
forma, que cria a realidade, que muda,
com a realidade da que gera, que chama a existência e di-
terra. vide a história.

Não é uma questão de confissão positiva, é uma questão de coli-


são da realidade do céu com a realidade da terra. É a palavra moven-
do em nossa dimensão poderosamente.

Mantendo a conexão com os irmãos

Precisamos estar certos de que deserto não precisa ser um lugar


solitário para um filho de Deus; ele é uma expedição para desco-
brimos o valor real de possuirmos irmãos de aliança. Não podemos
vencer adversidades sozinhos. Posso afirmar que jamais chegaria até
aqui sem a ajuda de vários irmãos com quem, em muitos momentos,
dividi os fardos pesados das lutas em meio aos desertos. Verdadei-
ros parceiros de aliança que me emprestaram seus ouvidos e ombros
em momentos decisivos da vida. Não posso jamais me ensoberbe-
cer e pensar que cheguei a algum lugar sozinho. É bem verdade que,
em tempos de desertos espirituais, o Senhor está tratando pessoal-
mente conosco, mas não podemos nos isolar em meio às investidas
do deserto e das crises. Nosso Deus não tem a intensão de que os
membros do corpo de Cristo passassem pelas aflições sozinhos. Nós
pertencemos um ao outro, e devemos compartilhar das alegrias e
das dores uns dos outros. Essa é a natureza de um corpo “De maneira
que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, e um deles é honrado,
com ele todos se regozijam” (1Co 12:26). Durante os períodos de ad-
versidade, quando a pressão é muito forte, as emoções estão enfra-
quecidas, e o alívio for escasso, precisamos da força da nossa família
espiritual para nos ajudar a carregar o peso fardo.

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Em meio às circunstâncias de pressões violentas, Deus nos supre
através do coração e braços de irmãos que são verdadeiras gotas de
esperança em nossas vidas. A Bíblia nos diz:

“Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de


Cristo” Galátas 6:2

“Encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo


que se chama ‘hoje’, de modo que nenhum de vocês seja en-
durecido pelo engano do pecado” Hebreus 3:13

Uma vez isolados em um deserto espiritual, nos tornamos espe-


cialmente vulneráveis ao desânimo e à decepção. Alguma vez você
já assistiu a algum documentário da
vida selvagem na África, mostrando Uma vez isolados
os leões caçando nos safáris? Você em um deserto
verá que o leão, muitas vezes, fica es-
preitando uma presa, aguardando um
espiritual,
momento em que ela se afastará do nos tornamos
bando, ficando assim, totalmente vul- especialmente
nerável. Aquele leão, por mais forte
que seja, sabe que, no grupo há força
vulneráveis ao
e segurança. O diabo, também, sabe desânimo e à
disso. As portas do inferno não preva- decepção.
lecem contra a igreja, não se diz que
não prevalecerá contra um irmão apenas. O diabo fica ao derredor,
rugindo como um leão, aguardando um momento de descuido, isola-
mento e afastamento de um membro. Quando isso acontece, aqueles
que se isolam tornam-se presas fáceis para o inimigo. Em tempos de
crise, de dor, de sofrimento e de angústia, mais do que nunca, pre-
cisamos do auxílio de nossos irmãos em Cristo. Em tempos de sofri-
mento, sem o apoio do corpo, o diabo sabe que podemos facilmente
nos tornar presas de suas armadilhas e tentações.

Há uma revelação preciosa em Efésios no capítulo 6. A partir do


verso 10 a Bíblia fala sobre a batalha espiritual e sobre a armadura do
cristão. A passagem nos diz que Deus providenciou armadura para a

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cabeça, os pés, o peito, e a cintura; Ele também nos deu um escudo
e uma espada. Interessante notar que todas as proteções dizem res-
peito a parte da frente, nenhuma parte da armadura é para proteger
as costas.

Parece realmente estranho, mas à partir do versículo 18 algo nos


salta aos olhos:

“Orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espí-


rito e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por
todos os santos.”

Esse versículo é uma continuação dos versos anteriores que falam


sobre a armadura de Deus, e Ele nos diz que devemos estar de olhos
bem abertos guardando, vigiando, protegendo e defendendo nossos
irmãos no meio da batalha. Isso é maravilhoso!

Não existe armadura para as costas porque supõe-se que um deve


proteger as costas do outro. Se Deus nos equipou de tal forma que
precisamos dos outros para guardar nossas costas, então é claro que
Ele nunca teve a intensão de que fôssemos para a batalha só. Deus
nos criou para que precisássemos uns dos outros. É por isso que se
você está passando por uma tribulação, uma estação sem frutos, ou
enfrentando uma batalha, você precisa cercar-se de irmãos e irmãs
que irão cuidar de você com perseverança e propósito. Então, quan-
do avaliar seus recursos, considere sua família espiritual. Faça um ba-
lanço de seus companheiros mais próximos e aproveite a armadura
das palavras e da presença deles. Até mesmo os especialistas em so-
brevivência física enfatizam esse ponto. Eles incentivam a apreciação
dos dons dos membros de sua equipe para a sobrevivência de todos.
Assim, quando nos encontramos em uma situação de sobrevivência
espiritual, devemos fazer o mesmo. A comunhão com os irmãos se
torna em nossas vidas uma unidade impenetrável para o inimigo.

O conforto do Espírito Santo

Sempre que enfrentamos tempos de deserto, precisamos con-

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tar com a presença e conforto do Espírito Santo. Ele é o consolador
enviado por Jesus, e sua amizade é fundamental nesses tempos de
grande tribulação. O Espírito Santo é o Deus vivo caminhando co-
nosco nos momentos mais árduos de nossa jornada de fé. Ele cuida
e zela de seus amados, habitando em nossos corações, nos fazendo
seus a cada instante. Quanto mais percebermos sua presença e força
em nós, mais conseguiremos superar os tempos sombrios e as dificul-
dades postas em nosso caminho.

Algo de muito especial na narrativa da história de José é a menção


de que Deus estava presente com José em todos os momentos difí-
ceis que ele passava. Em Gênesis 39. 21 a Bíblia diz:

“O Senhor, porém estava com José” Gênesis 39:21

A história bíblica mencionou a presença de Deus na vida de José


várias vezes, e foi essa presença que fez com que ele obtivesse su-
cesso na casa de Potifar. No entanto, agora que a situação de José
mudou da casa de seu senhor para o presídio, sua posição espiritual
permaneceu a mesma. Da mesma maneira que Deus esteve antes,
agora também ele está com José, mesmo na prisão. A mudança radi-
cal nas circunstâncias não significou que Deus o havia deixado. Ele
ainda estava com seu vaso escolhido, direcionando os passos de José
e moldando seu caráter.

Eis aqui o segredo que altera completamente qualquer realidade


que venhamos enfrentar. O Senhor estava com José no sentido mais
real que podemos imaginar. O Senhor estava ali com seu servo, iden-
tificando-se com seu sofrimento. José conseguiu atravessar seu de-
serto na prisão, pois o Senhor estava com ele em cada circunstância.
É urgente estarmos certos de que o “Espírito de Deus vem nos ajudar
na nossa fraqueza” (Rm 8:26). Ele está “gemendo” conosco quando
“gememos dentro de nós mesmos” (Rm 8:23). A presença não é algo
superficial ou “técnico”, mas profundo e íntimo. O Espírito Santo co-
nhece o nosso deserto interior, aquele que está embutido na nossa
perspectiva e personalidade. Da mesma forma que ele está dentro
de nós, podemos nos mergulhar n’Ele. Jesus foi conduzido pelo Es-

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pírito ao deserto, e ali também foi consolado e ajudado pelo mesmo
Espírito. Ele sabe suportar o deserto pelo qual passamos e, ao mesmo
tempo entende perfeita e completamente qual é a vontade de Deus
e de que maneira devemos orar.

Ele conhece nossos pensamentos, pontos fracos, pontos fortes e


como respondemos à pressão. Assim, Ele sabe exatamente como os
ajudar. Ele é a nossa força, socorro e auxílio bem presente na adver-
sidade. Quando avaliar seus recursos, faça um balanço da presença
confortadora do Espírito Santo. Entenda que o próprio Pai está com
você, colocando toda sua plenitude à sua disposição. Deixe Seu con-
forto consolá-lo, mesmo quando não houver nenhuma fonte terrena
de consolo.

Então, seu deserto se tornará um santuário, e a sua terra árida,


um jardim de Deus. Especialistas em sobrevivência em lugares ári-
dos dizem que aqueles que se encontram presos em uma situação
de sobrevivência física, devem procurar imediatamente um abrigo,
ou construir um, pois o primeiro grande perigo é a exposição aos
elementos agressivos do deserto. O abrigo também é crucial para
manter a temperatura corporal e, assim, conseguir suportar, porque a
luz solar direta e o calor extremo causam insolação. Sem contar que a
chuva e o frio podem causar hipotermia. Um bom abrigo irá oferecer
a sombra ou o calor necessário para manter a temperatura do cor-
po o mais estável possível. Estes conselhos de especialistas também
devem ser aplicados a vida espiritual. Umas das promessas de Deus
para Israel durante sua jornada no deserto foi: “A glória tudo cobrirá e
será um abrigo e sombra para o calor do dia, refúgio e esconderijo contra
a tempestade e a chuva” (Is 4:5,6).

Todo aquele que se encontra em um deserto espiritual deve abra-


çar esta promessa, e imediatamente buscar a Deus como abrigo que
irá protegê-lo dos elementos agressivos. Diante das dificuldades po-
demos ser tentados a confundir “deserto” com ausência de Deus. To-
davia, nada poderia estar mais longe da verdade. O silêncio de Deus
não pressupõe sua ausência, muito menos indiferença. Pode haver
falta de muita coisa necessária nas terras áridas, mas nunca faltará a

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presença de Deus! Afinal de contas, um filho amado de Deus nunca
será separado d´Ele. Pelo contrário, mais do que nunca a presença de
Deus é o nosso lugar seguro no deserto. Lembre-se, um dos nossos
principais recursos no deserto é o conforto do Espírito Santo. Deus
está sempre conosco, nada nos separará do seu amor que está em
Cristo Jesus. No grande vazio do deserto podemos, na verdade, che-
gar a conhecer a Sua presença em dimensões novas e maiores.

A presença da glória de Deus era o único tesouro que Israel tinha


naquele deserto. A presença amorosa, poderosa e preciosa do Se-
nhor estava ali, a fim de lhes assegurar que não estavam só e desam-
parados. Da mesma forma, a presença do Senhor está com você e lhe
dará descanso seguro em meio às tempestades e crises do deserto.
Observe o que está escrito em Isaías 49:10:

Não terão sede ou fome. Não sofrerão mais com os ventos


quentíssimos do deserto, nem com o calor do sol. Pois o Se-
nhor que os ama vai leva-los mansamente às fontes de águas
fresca.

Meu Deus, que promessa maravilhosa! Como pode ser isso? Como
pode o tempo mais vulnerável ser o tempo de maior proteção e so-
lidez? Exatamente porque “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro
bem presente nas tribulações” (Sl 46:1). A realidade dessa estação seca,
árida e infrutífera chamada deserto só pode ser alterada se fizermos
do Senhor a nossa fonte a jorrar e fortaleza a nos guardar. Em Salmos
84: 5-6 está escrito:

Como são felizes as pessoas que fazem do Senhor a sua força


e resolvem em seu coração seguir os caminhos retos de Deus!
Elas são capazes de transformar lugares secos em fontes de
água, de transformar tristezas e sofrimentos em alegrias e
bênçãos, em lugares cobertos de flores e frutos com as pri-
meiras chuvas. Salmos 84:5,6

A promessa é para aqueles que colocam sua confiança somente


no Senhor e fazem dEle a sua força. Para estes, as calamidades serão

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transformadas à sua volta. Deus determinou que Sua presença es-
taria no meio do seu povo no meio do deserto. Ele estabeleceu sua
presença pessoal e permanente com Israel. Os hebreus celebravam a
festa dos Tabernáculos como um sinal dessa dádiva divina, a habita-
ção de Deus no meio deles.

Estejamos certos de que deserto não é o lugar da ausência de


Deus. Pelo contrário, é o lugar onde ele estabelece sua presença
de forma nova. É exatamente nesses momentos que o Senhor re-
nova aprofunda nossa experiência na vida cristã, nossa percepção
fica muito mais aguçada. Parece que nesses momentos percebemos
coisas que normalmente não perceberíamos. As experiências mais
profundas acontecem em meios às maiores crises que passamos. Não
estou dizendo que precisamos passar por situações adversas para co-
nhecermos mais a Deus ou receber alguma revelação mais poderosa.
Todavia, é inegável que quando enfrentamos adversidades, crises e
desertos, valorizamos cada coisa que acontece a nosso redor. Cada
sussurro do céu passa a ter um valor muito maior.

Geralmente, nesses momentos, guardamos as experiências com


nosso Pai no lugar mais íntimo, e ninguém é capaz de tirar de nós
tais experiências. Elas são verdadeiros memoriais em nossa jorna-
da. É uma palavra que ouvimos, uma mensagem que recebemos no
telefone,a oração de um irmão,as lágrimas que descem sempre que
nos deparamos com um texto na Bíblia revelado a nós, uma ministra-
ção, um abraço do líder, uma canção, enfim, inúmeras situações que
deixam marcas profundas em nós. Essas experiências são como um
bálsamo para aqueles que nos cercam. Um óleo de cura e uma fon-
te de refrigério para aqueles que lutam ao nosso lado. Deus faz de
nós instrumentos de consolo e colunas fortes para sustento daqueles
que andam perto de nós. É em meio à dor e ao sofrimento que elas
passam a conhecer a presença de Jesus mais intimamente e a experi-
mentá-lO de maneira mais poderosa.

Você também pode experimentá-lo dessa forma. Porém, para que


isso seja realidade, você deve fazer d’Ele seu abrigo no deserto. Faça
do Senhor a sua torre forte e esconderijo. Não pague o preço do de-

- 61 -
sânimo, por mais desanimado que se sinta, desperte-se para busca-
-Lo. Envolva-se no Seu amor e se apegue à Sua verdade. Não se trata
de fazer uma longa oração repetindo coisas vazias e sem sentido, mas
de ficar quieto na presença do Pai, mesmo que gemendo, o importan-
te é ouvi-lo. Saiba que você está completamente escondido em uma
fortaleza divina onde os elementos cru-
éis e demoníacos não podem penetrar.
O deserto é um
O deserto é um lugar inóspito, o tem- lugar inóspito,
po mais difícil para a alma humana. Toda- o tempo mais
via, ele pode se tornar a fonte do maior difícil para a alma
galardão espiritual. Quando observamos
a história de Israel, mesmo o momento humana.
que nosso Senhor esteve no deserto, foram tempos de grande pro-
visão do Pai. Deus mesmo abriu fontes inesgotáveis de águas e o
suprimento foi abundante. Na sabedoria de Deus, a vida surge da
morte, a glória do sofrimento e os mananciais do deserto. Tudo isso
acontece unicamente para que o Senhor seja glorificado. O Pai dese-
ja afastar de nossa vida qualquer possibilidade de vida que não seja
por meio do sobrenatural. Aquele que se atreve a ser moldado nos
lugares áridos terá tudo de Deus, a partir do momento que entregar
tudo a Ele. Em Isaías 41:18-20 podemos ver uma grande promessa
aos que passam por desertos:

Farei nascer rios no alto das montanhas, farei surgir fontes


no fundo dos vales! No deserto haverá açudes e na terra mais
seca brotarão mananciais! Plantarei árvores no deserto: o ce-
dro, a acácia, a murta e a oliveira. Nas terras secas plantarei
o cipreste, o olmo e o pinheiro. Todos verão esse milagre e
compreenderão que foi a mão do Senhor, o Santo de Israel,
quem fez tudo isso.

Todavia, para que isso aconteça é preciso nos lembrar de que há


um propósito especifico de Deus para nós no deserto e, portanto,
precisamos estar determinados a colher seus frutos. O deserto nos
despoja da autossuficiência, nos ensina a confiar totalmente em Deus
e nos molda à imagem de seu Filho. Em outras palavras, aumenta a

- 62 -
glória de Deus em nós, e nos faz canais humanos da vida divina. Veja
o que está posto em II Coríntios 4:7-11:

Porém nós que temos esse tesouro espiritual somos como po-
tes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence
a Deus e não a nós. Muitas vezes ficamos aflitos, mas não so-
mos derrotados. Algumas vezes ficamos em dúvida, mas nun-
ca ficamos desesperados. Temos muitos inimigos, mas nunca
nos falta um amigo. Às vezes somos gravemente feridos, mas
não somos destruídos. Levamos sempre no nosso corpo mortal
a morte de Jesus para que também a vida dele seja vista no
nosso corpo. Durante a vida inteira estamos sempre em perigo
de morte por causa de Jesus, para que a vida dele seja vista
neste nosso corpo mortal. 2Coríntios 4:7-11

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Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a
eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder; é ele quem
muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis;
ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.
Daniel 2:21

Você está destinado a crescer, a aprender e a progredir. O ambien-


te da casa de Deus é um ambiente de desenvolvimento, amadure-
cimento e desenvolvimento. Deus está esculpindo o caráter do Seu
Filho amado em nós. O Pai está nos imergindo em sua vida e forjando
sabedoria no meio do seu povo.

Particularmente, gosto muito de falar de desenvolvimento, ocupa-


ção, crescimento e aprendizado. O primeiro livro que li na vida cristã
foi “Maximizando seu Potencial”, do saudoso Dr. Myles Munroe. Foi
um marcador de novas fronteiras na minha vida e um canal de Deus
para meu chamado. Deus me chamou, pela sua graça, para desper-
tar e ativar potenciais e desbravar fronteiras e treinar líderes. Sendo

- 67 -
assim, gosto de aproveitar, ao máximo, todo o tempo para crescer.
Sempre oro pedindo a Deus a sabedoria para discernir onde estou,
como estou e para onde devo ir. Para crescermos, devemos ter a dis-
posição de aprender. O aprendizado é essencial para a vida humana,
pois ele nos tira de uma posição de inércia. Aquele que não aprende,
não cresce, fica estagnado para sempre às sombras de outros e à
mercê de qualquer um.

Você já reparou quantas pessoas conhece que estão hoje lite-


ralmente no mesmo lugar em que estavam, há cinco, dez ou quin-
ze anos? Elas ainda têm os mesmos sonhos, os mesmos problemas,
as mesmas desculpas, as mesmas oportunidades, as mesmas ideias,
pensam, vêm e agem da mesma forma em que agiam há tempos atrás.
Estão estacionadas na vida. A estação em que vivem não mudou. Não
desenvolveram, não romperam, não transcenderam, não transborda-
ram, enfim, não tiraram o pino da granada, e não se formataram a
uma nova realidade. É como se essas pessoas tivessem desligado os
seus relógios em algum momento e ficado presas naquele instante
para o resto da vida.

Aprenda a ver hoje, nas provações de outros, os males que deve


evitar. Não se condicione a ficar estacionado nessa estação que está
agora. Deus muda os tempos, as estações. Ele muda épocas, estabe-
lece governos e remove governos. A vida nos ensina, dando-nos pro-
blemas antes mesmo de termos resolvidos os antigos. Os problemas
que lidamos hoje, as pessoas difíceis que lideramos, nos preparam
para novos tempos, novas estações e nos níveis. Agora, entrar no
tempo oportuno de Deus requer de nós responder agora para, assim,
entrar pelas portas das novas estações. As condições que vivemos
hoje serão usadas por Deus afim de nos treinar para o amanhã.

Estamos iniciando um novo ciclo, Deus opera em ciclos. Ciclos


terminam e ciclos começam em nossa vida. Não podemos ficar pre-
sos em ciclos, eles são como uma roda que nos levam a um destino,
quando se movem, precisamos nos mover com eles. Quanto a ciclos,
a Bíblia fala a respeito da plenitude dos tempos.

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...mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido debaixo de lei. Gálatas 4:4

...para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer con-


vergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus
como as que estão na terra. Efésios 1:10

Na plenitude dos tempos Deus en- A sabedoria é


viou Seu Filho. A plenitude dos tem-
pos é o momento de cumprimento
a habilidade de
do que Deus falou a nosso respeito. discernir entre
Trata-se daquele instante oportuno de pessoas, lugares e
Deus, onde ele reuniu todas as con-
dições, os alinhamentos haviam sido
ambientes. De fato,
concluídos para aquele tempo. Exis- é ver a vida com os
te um tempo de plenitude chegando olhos de Deus.
para nossas vidas, estamos indo para
o nosso melhor momento em Deus. Fomos feitos para transbordar.
É tempo de sintonizar o relógio com o tempo de Deus, é tempo de
transbordamento, plenitude é transbordamento das bênçãos de Deus
sobre nós. A agenda do céu está aberta na terra, e nós somos parte
de cada pauta e cada tópico dela.

Creio que é tempo de o Senhor fazer exceder os limites em nossa


vida, o cálice do Senhor está cheio, e o nosso cálice se encherá. O seu
cálice transbordará. A sabedoria consiste em discernir os tempos de
Deus. A sabedoria é a habilidade de discernir entre pessoas, lugares e
ambientes. De fato, é ver a vida com os olhos de Deus. Em I Crônicas
12, a Bíblia fala da tribo Issacar, os entendidos da época, para saber
o que Israel devia fazer.

...dos filhos de Issacar, duzentos de seus chefes, entendidos


na ciência dos tempos para saberem o que Israel devia fazer,
e todos os seus irmãos sob suas ordens. 1Cr 12:32

No hebraico, a Bíblia diz que ciclos e estações podem ser compre-


endidos por aqueles que tem a habilidade de entender no mundo o

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tempo certo. Nada se compara a caminhar com os olhos abertos, ou-
vidos desobstruídos e a percepção dos tempos de Deus bem aguça-
da em nosso coração. Se desejarmos romper com os condicionamen-
tos das realidades limitantes que nos cercam, precisamos discernir os
tempos de Deus.

Jesus confrontou os fariseus por não entenderem os sinais dos


tempos, eles sabiam se iria chover ou não, mas não discerniam os si-
nais dos tempos. Quando Deus encerra uma estação e começa outra,
Ele está nos leva a um tempo de transição. Transição nunca é algo
fácil de se lidar pois transição sempre exige mudança, requer sair da
zona de conforto, a zona de conforto é lugar de infelicidade. Preci-
samos assumir novos desafios, nova postura, novas atitudes, novos
horizontes.

Se estamos infelizes é porque de- Se estamos infelizes


cidimos abraçar o conforto em vez é porque decidimos
do desafio. É tempo de finalizar coi-
sas velhas para começar coisas novas. abraçar o conforto
Discernir os tempos significa encerrar em vez do desafio.
ciclos e iniciar outros, terminar com
coisas estéreis em nossa vida e, pela fé, abraçar novas etapas e expe-
rimentar de um transbordamento de vida. Quando Daniel fala da ple-
nitude dos tempos, ele diz que os sábios entenderão. É Interessante
ver que o primeiro mandato de Deus para o povo de Israel ao sair do
Egito foi: “Este será o primeiro mês do ano”. Foi a marcação do primeiro
mês, início de um novo tempo. Deus quer marcar o seu tempo!

Cada circunstância que vivemos significa que Deus está marcan-


do nosso tempo, removendo coisas antigas e trazendo coisas novas.
Cada novo dia é dia de coisa nova. Deus estabeleceu as festas para o
povo de Israel para marcar o tempo. Eram as celebrações para mar-
car etapas de conquistas, vitórias, que aconteciam de glória em gló-
ria. Deus traz mudanças para remover a esterilidade, obras mortas
e inércia espiritual em nossa vida. Deus atualiza nosso tempo com
sua visitação para nos levar a novos limiares da nossa fé. A mudança
existe para nos levar a outro nível. Quem não muda se atrofia. Como

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sabemos, agua é boa, mas parada, dá dengue. Precisamos passar para
uma nova fase. Precisamos esquecer o passado e mirar no futuro.
Deus não deseja que sejamos objetos de observação arqueológica,
mas que sejamos relevantes no tempo que se chama hoje. A terra
está conectada com o céu, o que acontece aqui não é fruto do acaso,
nada ocorre em nossas vidas fora do que o céu determina. Tudo o
que precisamos fazer é nos sincronizar com o relógio celestial.

Precisamos conectar com a agenda do céu. Quando entramos na


batalha fora do tempo certo não estamos vivendo naquilo que a Bí-
blia chama de tempo aceitável.

Assim diz o Senhor: No tempo aceitável te ouvi, e no dia da


salvação te ajudei; e te guardarei, e te darei por pacto do
povo, para restaurares a terra, e lhe dares em herança as her-
dades assoladas; Isaías 49:8

...a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do


nosso Deus; a consolar todos os tristes; Isaías 61:2

Há muitas pessoas presas em ciclos, rodeando, rodeando e nunca


saem do lugar. Muitos, vivendo ciclos de escassez de frutos na vida
espiritual, na família, na vida econômica, ciclos de dívidas, ciclos de
enfermidade e ciclos de batalha espiritual

Deus estabelece os tempos. Na Bíblia existe o tempo presente, o


agora, existe o tempo da oportunidade. Jerusalém não reconheceu o
tempo da visitação do Senhor. Em Lucas 19:44, está escrito:

...e te derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti esti-


verem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não
conheceste o tempo da tua visitação.

Jerusalém pagou um preço muito alto por não discernir o tempo


da visitação de Deus. Foram pilhados e removidos da sua terra no
ano 70 d.C pelo tirano imperador Tito, depois de sangrentas bata-
lhas. Um tempo de visitação está marcado, há na agenda de Deus o

- 71 -
momento de nos visitar, mas se estivermos ocupados demais, não
experimentaremos essa visitação. É óbvio que já somos habitação de
Deus, somos templo do Espírito Santo, somos a casa de Deus. Toda-
via, é evidente que Deus deseja manifestar poderosamente sua glória
de forma prática no dia a dia de cada um de nós.

A Bíblia fala dos tempos futuros, bem como da consumação dos


séculos, o tempo em que o governo desse mundo se tornará de nos-
so Senhor Jesus Cristo e Ele reinará pelos séculos dos séculos. O
Senhor está nos falando da plenitude dos tempos. Os sábios buscam
discernir os tempos de Deus, os ciclos do agir de Deus. Há pessoas
que não conseguem romper com ciclos, não passam de fase, ficam
presas e não rompem para novas esferas. Mas é tempo de forçar para
sair do tempo que estamos vivendo hoje.

É importantíssimo reconhecer a estação em que estamos hoje, dar


a resposta adequada, vencê-la com tamanha ousadia e entrar pelas
portas de uma nova estação. Entrar em outra fase. O que aconteceu
há dois mil anos atrás na cruz do Calvário determinou para esse tem-
po, um tempo de cura, de libertação, de transformação, de glória e de
salvação! O sangue de Jesus fala até hoje. A cruz, também, precisar
falar em nós e através de nós.

Precisamos transcender o tempo, romper com as estações e cren-


ças limitadoras do passado. Gosto de pensar que olhar para trás so-
mente deve acontecer para nos inspirar e nos impulsionar a viver
contagiosamente; a declaração do nosso Senhor é um lugar no pas-
sado que podemos olhar para temos maior confiança, Ele disse: “Está
consumado”. Portanto, não existe outros motivos para ficarmos pre-
sos ao passado, pois se nos prendermos ao passado, lidaremos com
demônios que já foram vencidos; tudo foi consumado! Temos que
deixar de colocar ênfase no que deu errado; nossa vida não pode ser
norteada pelos acontecimentos trágicos do passado.

Tudo em nossas vidas é enviado por Deus ou é usado por Deus,


pois todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam ao
Senhor. Hoje é dia de romper com o ciclo em que estamos vivendo e

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abrir as janelas para o próximo ciclo de Deus para nós. Deus apareceu
a Gideão e o tirou de um tempo de roubo, de destruição, de incre-
dulidade, de falta de visões, de falta de direção. Maravilhoso é o fato
de o Senhor assegurar a Gideão que estaria com ele durante todo
o processo de sua transformação de realidade. Essa maneira que o
Senhor se revela serviu para acalmar Gideão. Era Deus fazendo Gi-
deão inteiro de paz e segurança. Deus estava se confiando a Gideão,
rompendo os muros que os inimigos haviam colocado em seu povo
e consequentemente em sua própria fé. Em Juízes 6:11, está escrito:

Apareceu-lhe então o anjo do Senhor e lhe disse: O Senhor é


contigo, ó homem valoroso.

No tempo da colheita, os midianitas roubavam a colheita dos isra-


elitas. Deus interferiu naquele ciclo de derrota que seu povo amarga-
va e levantou Gideão para transformar aquela realidade.

Hoje, Deus está se movendo para quebrar um ciclo de derrotas,


fracassos, desânimo, prostração, medos, rejeição, condenação, acu-
sação, inseugurança, enfermidade emocional, fraquezas e debilida-
des. Precisamos entrar nesse tempo! O tempo de Deus invadirá nos-
so espaço e circunstâncias. Se quisermos a resposta do céu sobre
nossas circunstâncias, precisamos nos dispor a ser a resposta. O Se-
nhor do universo está além do nosso tempo, Ele é atemporal, todavia,
quando Ele invade nosso tempo com sua visitação de poder, nada
permanece como antes.

Deus colocou nosso futuro em forma de semente. O tempo vai ex-


por nossas sementes. O que temos feito com as sementes que temos
recebido? O tempo presente é o tempo de semeadura. Carregamos
conosco o nosso futuro em nossa mente, em nosso coração e em
nossas palavras. O tempo expõe o que semeamos.

Hoje é tempo de pensar em fazer história, entrar em novas esferas


de influência e deixar um legado transformador. Conecte-se ao que
Deus está fazendo agora. Hoje é tempo de não se conformar com as
situações contrárias à vontade de Deus que nos cercam. O filho de

- 73 -
Deus não se sujeita à realidade, mas O filho de Deus
cria a realidade. Esse é um tempo de
dividir as águas, deixar que o óleo de
não se sujeita à
alegria do céu venha e nos faça sonhar realidade, mas cria a
novamente. Deus se revela nos tem- realidade.
pos que vivemos, por isso os tempos
são importantes para as nossas experiências com o Senhor. É tempo
de quebrar a concordância com o deserto em nossas vidas. Passamos
por ele, mas não é nosso lugar!

Não há futuro no passado

Há um afunilamento de situações e uma reunião de condições


que nos impulsionarão aos tempos fartos de Deus. O Senhor está fa-
zendo coisa nova e precisamos enxergar nitidamente o trilho de sua
vontade e andar por ele. Há um aspecto importante no passado que
é considerar com toda gratidão aquilo que o nosso Deus já fez. To-
davia, é um tremendo retrocesso ficar preso lá, mesmo que seja nas
experiências maravilhosas que Deus fez. O saudosismo nos atrapalha
a abraçar uma realidade emergente de vitórias. Diz-se que o ideal é
gastarmos 10 por cento de nossa energia com o passado, vinte no
futuro, mas setenta, no presente.

Se olhar demais para trás, logo estará andando naquela direção.


Pare de olhar para onde esteve e comece a olhar para onde pode e
deve estar.” O seu destino e seu chamado é sempre para frente, nun-
ca para trás. Tenha como regra de vida jamais se lamentar e nunca
olhe para trás. Lamentar-se é um terrível desperdício de energia que
nada pode fazer para produzir algo de bom.

Considere o que Paulo disse em Filipenses 3:12-14:

Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou


prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que
fui também alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a
mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é
que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando

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para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio
da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.

Existe uma propensão maior para cometermos erros quando agi-


mos com base somente nas experiências passadas. Não podemos ter
um vislumbre alegre de um futuro promissor, se estamos alimentan-
do nas tristezas do passado. Um homem disse certa vez que sua mula
tinha sempre um pé atrás quanto a seguir em frente – isso é uma
realidade na vida de muitas pessoas hoje. Você é alguém que mantém
um pé atrás quando precisa avançar? Aquele que desperdiça o hoje
lamentando o ontem desperdiçará o amanhã lamentando o hoje.

Reconheço que não é fácil deixar de abraçar os bons tempos do


passado, pior ainda, os maus, todavia, é preciso. Há um futuro dese-
jando acontecer, não o detenha. Precisamos ampliar nossas tendas,
como diz o texto de Isaías 54:2: “Amplia o lugar da tua tenda, e esten-
dam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as tuas
cordas, e firma bem as tuas estacas”. O passado sempre será o que já
foi um dia. Não busque mudá-lo. O seu futuro contém muito mais
felicidade do que qualquer passado de que você possa se lembrar.
Creia que melhores fronteiras são aquelas que você ainda irá cruzar.
Como Isaías disse, amplie, aumente, expanda, alargue e desbrave no-
vos horizontes. Estique suas cordas e firme suas estacas na plenitude
do propósito de Deus em sua vida.

Isso eu digo, no sentido de que muitas pessoas tendem a perma-


necerem atoladas e acorrentadas aos eventos que já foram. Por isso,
é fundamental nosso discernimento das estações de Deus em nossas
vidas. Inúmeras pessoas ficam formatadas às imposições dos traumas
que sofreram na infância, na adolescência ou até mesmo na sua ju-
ventude. Essas concordâncias com experiências amargas levam mui-
tas pessoas a privarem de si mesmas, dias de glória.

As pessoas que constroem o futuro sabem que maiores coisas ain-


da estão por vir e estão certas de que elas mesmas contribuirão para
que venham. Suas mentes são iluminadas pelo resplandecente sol
da esperança. Nunca param para duvidar de algo, pois não têm tem-

- 75 -
po para isso. Seja um construtor de seu futuro! Envolva-se com algo
maior do que você. Deus ainda não teve ninguém qualificado traba-
lhando para Ele. Sejamos a mente por meio da qual Cristo pensa, o
coração por meio do qual ele ama, a voz pela qual ele fala, e as mãos
pelas quais Cristo ajuda.

Tomas Jefferson estava certo ao proferir: “Gosto mais dos sonhos do


futuro do que das Histórias.” Muitos dos que se foram vivem da repu-
tação da sua reputação. Acredite-me: os bons tempos nunca foram
assim tão bons. Deus está reunindo todas as condições para uma
colisão poderosa da Sua graça sobre a sua vida.

Quer conhecer o segredo da estag- Não desperdice


nação da em sua vida? Quando vive o presente
no passado às custas do futuro, você
para de crescer e começa a definhar. lamentando o
Repare o conselho que encontramos passado em vez
na Palavra de Deus: Não desperdice de construir uma
o presente lamentando o passado em
vez de construir uma memória para o memória para o
futuro. O seu passado não pode ser futuro.
modificado, entretanto você pode mu-
dar o seu futuro através de suas atitudes no presente. Nunca permita
que o passado ocupe todo o seu presente. Viver no passado é algo
cansativo e solitário; olhar para trás pode dar torcicolo e faze-lo es-
barrar nas pessoas que estão no caminho contrário. Não há nada tão
distante quanto uma hora atrás. Você não conseguirá ter um futuro
melhor se ficar o tempo todo pensando no passado. O seu passado
jamais se igualará ao seu futuro. Confie plenamente que é chegado o
tempo especial de Deus, onde Ele está reunindo todas as condições
para se cumprirem as promessas em sua vida.

Comece com o que você já tem e não com que ainda não tem. A
oportunidade está sempre onde você está, e nunca onde estava an-
tes. Para chegar a qualquer lugar você precisa partir de algum lugar
ou não chegará a lugar nenhum. Mas, exatamente nesse ponto de
crise eles deram uma resposta, do ponto que estavam e com aquilo

- 76 -
que já tinham. Ficamos estupefatos diante da missão que recebemos
porque aparentemente não temos os recursos, não temos pessoas,
não temos ferramentas, influência, acesso, treinamento adequado,
mas o nosso Deus providencia o que precisamos a partir do que já
temos.

A questão a que todos precisam responder não se refere ao que


fariam caso tivessem os meios, o tempo, a influência, o treinamento
necessário, os recursos, as estratégias, as ferramentas e os planos
exequíveis, mas ao que farão com o que já possuem. Deus sempre
nos dará a capacidade de gerar o que necessitamos a partir de algo
que já temos. Foi esse princípio que Deus aplicou na vida dos seus
servos. O Senhor multiplicou as inúmeras possibilidades usando
como ponto de partida as poucas existentes. Muitos têm a tendência
de subestimar ou de superestimar aquilo que não possuem. As pes-
soas estão sempre negligenciando o que podem fazer, e procurando
aquilo que não podem. Faça o que você pode, com o que você tem,
e onde você está. Aprendemos as coisas de forma profunda quando
começamos debaixo, o que chamamos de humildes começos. Sen-
tir-se frustrado pelo que não se tem é desperdiçar o que na verdade
se possui. Creio que o grande êxito que os grandes homens de Deus
obteve foi exatamente por não terem as vantagens que outros tive-
ram. Se levantar em meio às impossibilidades transforma improváveis
em grandes generais. As pessoas de iniciativa realizam mais do que
as outras porque vão em frente e fazem o que é preciso antes que
se sintam prontas. Não estrague o que você possui; mas lembre-se
de que o que tem agora não passava antes de mera esperança. Um
certo escritor observou: “Quase tudo se deriva de quase nada”. Ne-
nhuma melhoria é tão certa como a que procede do uso correto e na
hora apropriada, do que se já se tem. Um grande líder fez a seguinte
sugestão: “Tudo o que Deus já lhe deu gerará tudo o mais que ele te pro-
meteu.” Todos que já chegaram lá começaram de onde estavam.

A verdade é que você não pode saber do que é capaz até que ex-
perimente. O mais importante catalisador para tornar o seu sonho re-
alidade é começar de onde você está. Gosto de uma máxima que diz:
“Não posso fazer tudo; no entanto posso fazer alguma coisa; e, porque

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não posso fazer tudo, não me recusarei a fazer a alguma coisa que posso.”
Compreender a plenitude do tempo de Deus é discernir o que tenho
hoje nas mãos e aonde estou. Entrar no tempo da oportunidade do
céu para nós, tem tudo a ver com extrair o melhor do tempo que se
chama hoje. O ontem está no túmulo, o amanhã está no ventre, mas
o agora está diante de nós como um presente a ser desembrulhado.
A plenitude do tempo para nós se chama hoje. Esse não é somente
um novo tempo, mas o melhor tempo. Que Deus nos abra os olhos
para abraçar as oportunidades do agora e definir em que realidade
espiritual iremos entrar amanhã. Gente que muda eras, realidades, e
faz história, usa o melhor que tem em seu alcance agora. Gostei do
que alguém certa vez disse: “Noé não esperou que um navio aparecesse
– ele construiu sua própria embarcação.” Milagres ocorrem à sua volta
todos os dias. Hoje já foi, um dia, o futuro em relação ao qual você
tanto nutria expectativas no passado. Hoje é o momento ideal para
se realizar. A sabedoria diz que precisamos, com toda gratidão, usu-
fruir o bem que encontramos no melhor do aqui e agora. Não permita
que o que está ao seu alcance hoje se perca por completo, porque a
sua atenção está voltada somente para o futuro e o passado o deixou
completamente abatido. Fazer o melhor neste momento o coloca no
melhor lugar para o momento seguinte.

Não podemos viver além do presente. É claro que precisamos ca-


minhar de olhos bem abertos para grandes coisas que ainda estão por
vir, mas para esse futuro brilhante acontecer, devemos usar melhor e
do melhor das ferramentas que Deus nos muniu. Todas as flores do
amanhã estão nas sementes do hoje. Viva de uma vez e intensamen-
te. Muitas pessoas se atrofiam e sucumbem em meio às guerras da
vida porque não entram de vez na arena de sua existência para valer.
Hellen Keller disse que um dia todos morrerão, todavia nem todos vi-
vem. Existem pessoas que estão no lugar certo e na hora certa e que,
no entanto, não sabem disso. O planejamento é muito importante,
não ignoro seu valor e tudo que fazemos depende de uma direção
clara do Espírito de Deus. Mas, quando chegar o momento de agir,
vá em frente com toda ousadia e coragem, pois é desse espírito de fé
que o Senhor nos tem dado. Não se detenha no medo e inseguran-
ça pensando por dias a fio sem uma atitude, mas aja. O salmo 90 é
atribuído a Moisés, e no versículo 12 ele diz: “Ensina-nos a contar os

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nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria”.

Não existe um momento como o hoje. O homem que não executa


s suas resoluções enquanto elas estão bem vívidas em seu coração
não pode nutrir esperanças quanto a elas posteriormente, pois estas
já terão se dissipado, se perdido, perecido na confusão das muitas
vozes destrutivas e na agitação do mundo ou afundado no pântano
da apatia. Você pode estar mais perto das grandes realizações do que
imagina. Percebe que é só uma questão de fazer a leitura correta do
que nos cerca? A grande oportunidade está onde você se encontra.
Daniel que disse que é Deus quem muda tempos e estações, esta-
belece reis e remove reis, compreendia muito bem isso. Ele e seus
amigos trataram de fazer do palácio de Nabucodonosor o lugar de
sua resposta a Deus. Eles sacudiram aquele reino e fizeram história.
Nunca despreze seu lugar e seu próprio momento. A coisa mais im-
portante que está fazendo em sua vida é o que está fazendo agora.
É por isso que a Bíblia diz que é sabedoria ler o hoje, contar nossos
dias. A plenitude do tempo se encontra no hoje. O futuro com o qual
você sonha e anseia começa hoje. Todo dia pode ser o dia do tudo.
Escreva no seu coração que todo dia é o melhor dia do ano. Certa
vez num culto de virada de ano, meu pastor disse algo que me mar-
cou. Naquele dia o pastor Aluízio falando sobre resoluções disse que
devemos a cada novo dia temos de tomar uma nova resolução que
trará mudanças permanentes em nossas vidas e transformações po-
derosas. Uma dessas resoluções era a de orar. Muitas pessoas entram
em um novo mês ou ano dizendo que naqueles próximos dias irão
orar. Acaba que elas até começam bem, mas daqui a alguns dias os
muitos compromissos as atingem, a tirania do urgente as impede de
levar a cabo aquela boa resolução, e então param. Acaba aquele ano
e, olharem para trás se sentem frustradas por não terem orado como
gostariam. Por que, então, não acordamos a cada novo dia com uma
firme resolução de orar? Viveremos intensamente aquele dia, cheios
do poder de Deus, guiados e dirigidos pela agenda do céu, guardados
de tropeços e seguros de aproveitar o melhor daquele tempo. E o
mais poderoso é saber que ao fim de um ano, fizemos 365 resoluções
certas e aquilo terá transformado nossas vidas para sempre. Fazer
planos é importante, volto a ressaltar isso, mas não perca a percep-
ção do agora, vendido a hipótese do amanhã. Meu desejo é estar

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sintonizado com a agenda do céu hoje.

Os remorsos que a maioria das pessoas experimenta na vida ad-


vém da falha e agir quando surge a oportunidade. Nós somos movi-
dos pelo propósito da visão celestial, mas é bem óbvio que as opor-
tunidades nos norteia para encaixar precisamente nesse propósito.
Elas vêm para todas as pessoas, mas muitos não percebem que estão
diante delas. As pessoas se deixam vendar olhos porque estão es-
perando por facilidades na caminhada. Pessoas até mesmo piedosas
não estão contando com desconfortos, mas é certo que eles existem
e até de se renovam a cada novo degrau que subimos. Acredite-me,
exatamente em meio a desconfortos, podemos agarrar as melhores
oportunidades.

A única forma de se estar preparado para aproveitá-las é estar


atento ao que cada dia nos traz. Veja que o Senhor diz para seu povo
sobre o tempo da oportunidade:

Assim diz o Senhor: No tempo favorável eu lhe responderei,


e no dia da salvação eu o ajudarei; eu o guardarei e farei que
você seja uma aliança para o povo, para restaurar a terra e
destruir suas propriedades abandonadas, para dizer aos ca-
tivos: saiam, e àqueles que estão nas trevas: Apareçam! Eles
se apascentarão junto aos caminhos e acharão pastagem
em toda colina estéril. Não terão fome nem sede; o calor do
deserto e o sol não os atingirão. Aquele que tem compaixão
deles os guiará e os conduzirá para as fontes de água. Trans-
formarei todos os meus montes em estradas, e os meus cami-
nhos serão erguidos. Isaías 49:8-11

Esse é o tempo da resposta. Esse é o tempo favorável de Deus


para nós, em nós e através de nós. Tudo o que ainda não aconteceu,
tudo o que ainda está para acontecer, o Senhor já colocou em nós
pela mente de Cristo. O Senhor tem pensamentos de paz a nosso
respeito, Ele tem falado coisas incríveis a nós. O hoje, bem vivido, nos
preparará tanto para as oportunidades quanto para os obstáculos do
amanhã. Poucos sabem quando é a hora de agir; a maioria de nós só

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sabe sentar e esperar. Muitos sentam e sonham com o futuro, sem
notar que um pouco dele chega a cada instante. Todo dia carrega
consigo os seus próprios presentes. Desembrulhe-os.

- 81 -
Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para ouvir a pala-
vra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré; e viu dois
barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo
desembarcado, lavavam as redes. Entrando em um dos bar-
cos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco
da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões.
Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e
lançai as vossas redes para pescar. Respondeu-lhe Simão:
Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos,
mas sob a tua palavra lançarei as redes. Isto fazendo, apa-
nharam grande quantidade de peixes; e rompiam –se -lhes as
redes. Então, fizeram sinais aos companheiros do outro bar-
co, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos
os barcos, a ponto de quase irem a pique. Vendo isto, Simão
Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te
de mim, porque sou pecador. Pois, à vista da pesca que fize-
ram, a admiração se apoderou dele e de todos os seus com-
panheiros, bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que
eram seus sócios. Disse Jesus a Simão: Não temas; doravante

- 85 -
serás pescador de homens. E, arrastando eles os barcos sobre
a praia, deixando tudo, o seguiram. Lucas 5:1-11

Não podemos nos engajar em algo que não requeira de nós fé.
Não assuma algo que não lhe desafie a pedir as bênçãos dos céus.
Quanto à fé a grande questão não é o tamanho dela, mas em quem
a depositamos. Nosso sucesso não depende do que temos, mas de
quem temos. E, digo mais: depende de quais mãos nos sustentam.
Agarre essa aqui: Deus é por mim; Deus está comigo; e Deus está em
mim e Ele me ama incondicionalmente. Saiba que Deus é com você,
é por você e está em você. Acolha apenas aqueles pensamentos que
contribuem para que você seja bem-sucedido, aqueles que estão de
acordo com a Palavra de Deus e com a sua vontade para a sua vida.

Agostinho disse: “Não busque compreender para que possas crer,


mas creia para que possas compreender”. Grande parte das pessoas es-
pera pouco de Deus, pede pouco, recebe pouco e está satisfeita com
pouco. A fé não é procurar acreditar em algo independentemente de
sua comprovação; a fé é ousar fazer algo independentemente das
consequências. Poderíamos viver mais apaixonadamente e provar de
algo extremo do céu caso mergulhássemos mais fundo nos sonhos
de Deus.

Deus concedeu ao homem uma postura ereta, para que pudesse


examinar os céus e olhar para cima em sua direção. Nunca diga que
as condições não são perfeitas, pois isso sempre o limitará. E esperar
até as condições estarem cem por cento, jamais obedecerá a Deus.
Momentos adversos são os mais complicados para se obedecer, mas
são os mais necessários para nos rendermos a Deus e tão somente
confiarmos em completa obediência.

Aqueles que ousam, fazem. Deus fez o mundo redondo, para que
não pudéssemos ver até onde vai a estrada. Quem não ousa realizar
nada não pode esperar receber nada. Algumas vezes é preciso avan-
çar apesar do medo, que, em nossa cabeça diz: “Dê meia volta”. Ao
mantermos Deus do lado de fora, confirmamos que alguma coisa está
errada do lado de dentro. O Senhor nunca permitirá que tenha que

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enfrentar algo de que você e ele juntos não possam dar conta. Confie
em Deus e faça alguma coisa! Com que frequência você pergunta a
Deus: “O que o Senhor planeja fazer hoje? Posso participar disso?”

“Faze-te ao largo”, essas foram as palavras que Jesus dirigiu a Simão


naquela manhã na beira do mar da Galileia, depois de uma noite de
muito trabalho e nenhum resultado para aqueles, até então, pesca-
dores comuns. Era um momento em que a multidão veio a Ele para
ouvir e aprender a Palavra de Deus. O versículo 3 diz que Jesus sobe-
ranamente entrou no barco de Pedro, e ordenou que este afastasse
seu barco um pouco da praia e, daquele lugar o Mestre ensinava as
multidões.

Vemos esta história também em Mateus 4:18-22 e Marcos 1:16-


20, quando os primeiros discípulos são chamados. Nestas duas, o
texto é semelhante. No final vemos que os discípulos deixaram tudo
e seguiram a Jesus para a obra que haveria de fazer através deles.
Mas, aqui no texto de Lucas, vemos alguns detalhes que antecede-
ram essa resposta dos discípulos em deixar tudo e serem pescadores
de homens.

Nesses detalhes importantes podemos ver a maneira de Deus tra-


balhar em nós na jornada da fé. Creio que a ordem de Jesus: “faze-te
ao largo”, expressa no versículo 4 é central, pois a partir dela a história
da vida de Pedro foi completamente mudada. Portanto, posso dizer
que a nossa também será, se o ouvirmos e prontamente responder-
mos ao chamado do Senhor para nós. Essa expressão está somente
aqui em Lucas. Ao dizer: “faze-te ao largo”, Jesus pedia para eles irem
a um “lugar profundo”. Ele queria que os discípulos fossem justamente
ao local “onde o mar seria fundo”, distante da superficialidade da praia.
Isso aponta para as ”profundezas de Deus”; isso nos faz compreender
que o desejo do Senhor é nos levar a esse local profundo, somente
alcançado por discípulos radicais. Creio, portanto, que há princípios
importantes e necessários de serem ressaltados neste texto:

Jesus ensinou às multidões nas águas rasas da praia, mas depois


Ele pediu a Pedro para “se fazer ao largo”. Jesus bem sabia o que iria

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fazer com ele, isso aqui é totalmente proposital. O ensinamento não
requer águas profundas; mas, depois vem a prática do ensinamento,
para a qual é necessário ir pro meio do lago, onde a água é mais pro-
funda.

O ensino é parte importante em nossa caminhada, mas para con-


seguirmos ação e resultados práticos, precisamos ir até as águas mais
profundas. Deus quer trabalhar solidamente em nossa fé a fim de nos
levar a experimentar o que Simão experimentou naquele dia. Os pes-
cadores já estavam cansados, pois haviam trabalhado a noite inteira.
Portanto, desceram dos barcos e começaram a lavar as redes. Hoje
há muitos líderes, maridos, esposas, pais, mães e profissionais que
estão cansados e decepcionados, sentindo-se fracassados por não
terem conseguido resultados. Isso não é ruim, desde que se coloque
à disposição do Senhor, pronto para obedecer-lhe novamente, pois
grandes encontros são precedidos por grandes e santos desconten-
tamentos.

Mais do que resolver um problema Se desejamos tocar


para aqueles pescadores, Jesus estava em realidades que
ali para se encontrar com eles e levá-
-los a uma experiência marcante.Há não tocamos antes,
um processo de Deus em nossa jorna- precisamos mover
da até chegarmos onde Ele deseja que nosso barco e lançar
cheguemos. O Senhor deseja sempre
nos levar além, o Espírito Santo está nossas redes em
sempre nos encorajando a ir mais lon- lugares profundos,
ge, aqui o convite dEle pra nós é sair mesmo que já
do raso e irmos para o lugar profundo,
onde o mar é profundo, Deus deseja tenhamos tentado
que movamos nosso barco e o tiremos e aparentemente
da praia, do lugar da limitação, do lu- fracassado.
gar onde apenas ouvimos e não pro-
vamos. A experiência está em lugares mais profundos. Se desejamos
tocar em realidades que não tocamos antes, precisamos mover nosso
barco e lançar nossas redes em lugares profundos, mesmo que já te-
nhamos tentado e aparentemente fracassado. Lembre-se, na vida, ou

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vencemos ou aprendemos. Creio que no desenrolar desse processo
Deus nos dá: Desafios que exigem mudança de perspectiva, onde se
requer nossa disposição à obediência que nos levará a experiência.

Desafios

O Espírito Santo está sempre nos encorajando a ir além, sempre


estamos dizendo que queremos mais de Deus e desejamos conquis-
tar o que não conquistamos antes. Deus está muito interessado em
nos levar a conquistas maiores, mas, certamente, lançará diante de
nós desafios que exigirão de respostas adequadas. Creio que ao di-
zer a Pedro para “se fazer ao largo”, Jesus estava dando a Pedro a
oportunidade de uma experiência com o sobrenatural. Esse chama-
do de Jesus a Pedro acabou sendo um grande desafio, mais pelas
questões interiores que exteriores. Uma vez que Pedro era pescador,
ele conhecia bem o mar, todavia estava cansado e frustrado por não
obter resultado nenhum durante toda a noite. Muitas vezes, essaé
justamente a nossa condição quando Deus chama. Tentar novamente
causa-nos medo e acaba se tornando uma grande montanha a ser
movida ou um grande monte a ser escalado.

Os desafios que Deus nos faz sempre nos levam a crises que exi-
gem fé e ação.

Há pontos de crise em nossa caminhada que nos deixam paralisa-


dos, como os discípulos à beira da praia. Ficamos sem saber pra qual
lado ir, voltar para o mar depois de uma longa noite sem pescar. Um
lugar onde nada é uma grande impossibilidade. É exatamente aí que
o Senhor nos confronta a sair do raso e desafia ao profundo. Se de-
sejamos provar as vitórias e colheitas que Deus tem para nós, temos
que deixar o medo paralisante à beira da praia, vencer a insegurança,
incredulidade, sair do lugar do cansaço e frustração, desesperança,
desmotivação, tristeza e nos lançar nas águas profundas para receber
a conquista de Deus em nossas vidas.

Claro que, inicialmente, os desafios nos deixam perplexos, confu-


sos e até com medo. Mas o pontapé inicial é ouvir o Senhor e ter a

- 89 -
confiança que Ele está presente e agindo. Sua ação é proposital e visa
nos levar ao lugar mais profundo de experiência com sua glória.

Desafios são oportunidades para o sobrenatural.

Ao olharmos para o mar profundo, pode nos faltar a fé de Abraão.


Então, o Senhor nos manda ir para o meio do mar, porque a histó-
ria ainda não acabou. Seu barco não pode ficar na beira da praia;
você nasceu para a grandeza e desbravar águas profundas onde há
abundância de peixes, não se contente com as águas rasas da beira
da praia, decida ir mais longe mesmo que haja riscos. Não contente-
-se em apenas ouvir o ensino, vá para a prática e prove do milagre.
Muitos líderes estão já lavando as redes, desanimados, desmotivados
pela noite que tiveram, mas agora o Senhor se mostra a você e lhe
lança para mais longe do que você jamais poderia ir sozinho. Se lhe
falta a fé de Abraão para ir lá, a Palavra de Jesus irá sustentar você;
creia. Desafios servem para alargar a nossa fé.

A fé genuína é colocar todos os A fé aciona o milagre.


ovos na cesta de Deus e, em seguida,
contar todas as suas bênçãos antes
Ela é o instrumento
que choquem. Não se preocupe, pois para a intervenção do
Ele jamais derrubará essa cesta. A fé céu em nossas vidas.
é a força de uma vida plena. A fé é
como um radar que percebe em meio
A fé atrai Deus para
a neblina a realidade das coisas que nossa realidade
os olhos humanos não conseguem ver. A fé enxerga o invisível, crê no
inacreditável e recebe o impossível. Na segunda carta aos Coríntios,
capítulo 5, verso 7, Paulo diz que nós devemos andar por fé e não por
aquilo que vemos.

Sua fé é aquilo que você crê e não aquilo que você sabe. É a fé, não
a razão, o que impulsiona o homem à ação. A inteligência se satisfaz
em apontar a estrada, mas nunca se dirige por ela. A fé é um guia
mais seguro do que a razão. A razão pode chegar até um certo ponto,
a fé não tem limites. A fé aciona o milagre. Ela é o instrumento para
a intervenção do céu em nossas vidas. A fé atrai Deus para nossa re-

- 90 -
alidade. A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que
não vemos, declara Hebreus 11:1

No momento em que as situações se mostrarem mais complica-


das, aí, a fé se faz mais necessária. Ponha a fé em ação quando for
mais fácil duvidar. A fé é âncora da alma, o estímulo para a ação e o
incentivo para a realização. Nada, que não a fé, pode conduzir sua
vida na rota do sucesso da maneira certa. Ela nos encoraja a enfrenar
o presente com confiança e o futuro com esperança. O que nos faz
desistir ou ficar reclamando em geral não é a magnitude de nossos
problemas mas, a pequenez de nossa fé.

A fé ou remove as montanhas ou escala um túnel através delas.


Fé é crer no que não vemos; e a recompensa desse tipo de fé é ver o
que cremos. Toda força e toda energia de um homem provém de sua
fé no que ele não vê. As convicções fortes precedem grandes ações.

A fé é necessária para uma vida bem-sucedida. Uma vida sem fé


em algo oferece muito pouco espaço para se viver. Exatamente por
isso, Jesus mandou Pedro para a profundidade. Há pessoas que se
sentem espremidas a vida toda porque não vivem na dependência
de Deus. Na medida que sua fé crescer, você sentirá que não precisa
mais controlar tudo. Crer, pressupõe colocar o controle nas mãos do
nosso Pai. As coisas fluirão segundo a vontade de Deus e você será
capaz de fluir juntamente com elas para uma maior felicidade e em
seu benefício. O único limite para a nossa realização amanhã será a
nossa dúvida hoje, mas o povo que confia no Senhor se torna forte
e ativo.

Mudança de perspectiva

De um modo simples, podemos dizer que a perspectiva é um ter-


mo que se define por uma sensação esperançosa de ver algo de bom
na vida; é uma mudança do prisma pelo qual enxergamos as coisas
que nos cercam. Com certeza, Pedro não tinha nada disso ao retor-
nar das águas com as redes vazias. É exatamente aí que a Palavra de
Deus é liberada, a ordem é dada, o convite é feito. Nos versos 4 e 5

- 91 -
podemos dizer que a perspectiva de Simão mudou, pois ele se moveu
sob a ordem de Jesus: “mas sob a tua palavra lançarei as redes”.

Mudanças interiores precedem transformações exteriores.

Mudança. Espero que essa palavra não o assuste; que, em vez dis-
so, o inspire. Um ser vivo se distingue de um morto pela multiplici-
dade de mudanças que ocorrem a todo instante com ele. A mudan-
ça é uma prova de vida. Nada pode se desenvolver sem mudanças.
Aqueles que não podem mudar de opinião não podem mudar nada.
A verdade é que a vida está sempre em algum ponto crítico, pronta
para enfrentar mudanças.

As pessoas esperam progredir sem que nada mude. Isso é impossí-


vel! Você precisa mudar e reconhecer essa mudança como sua maior
aliada. Quem nunca muda de ideia nunca corrige os seus erros. O
fato é que a estrada do sucesso está sempre em construção. Você
não pode se tornar o que está destinado a ser permanecendo sem-
pre o mesmo. Somente os tolos e os mortos não mudam de ideia. Os
tolos não querem. Os mortos não podem. Quantas pessoas e coisas
mudaram somente no ano passado? Quando você muda, as oportu-
nidades também mudam.

O mesmo tipo de pensamento que o trouxe até onde está não é


necessariamente o que irá leva-lo até onde deseja ir. Existem pes-
soas cujos relógios param de funcionar em determinada hora, e que
permanecem para sempre naquela idade. Não tenha medo de mu-
dar, pois a mudança é a imutável lei do progresso. Um tradicionalista
é simplesmente alguém que está sempre aberto para novas ideias,
desde que sejam as mesmas e velhas de sempre. Há pessoas que
não somente lutam para manterem estáticas como também lutam
para que tudo o mais continue do mesmo modo.As pessoas mais in-
felizes são aquelas que mais temem mudanças. Quando se rompem
paradigmas e convenções, surgem de imediato novas oportunidades.
Justificar as suas próprias falhas e erros prova apenas que você não
tem a intenção de abandoná-los. Mudanças não são inimigas, podem
ser instrumentos para nosso crescimento.

- 92 -
Para respondermos aos desafios de Deus, precisamos mudar nossa
maneira de enxergar as coisas. Não podemos vencê-los se os vemos
como ameaças. Deus os dá como oportunidades para irmos além de
nós mesmos e experimentar o que não experimentamos antes da
parte dEle. Como você enxerga os desafios da vida? Certamente, ao
dar aquela palavra a Pedro, Jesus estava trabalhando em sua vida, lhe
dando um novo ânimo, uma nova motivação, uma nova esperança e
uma nova perspectiva de que, por mais que a noite foi ruim, a manhã
traria consigo motivos de sobra para se alegrar.

Quando nossas perspectivas mudam, nossas atitudes mudam

Quanto maiores as mudanças externas, mais profundas precisam


ser as mudanças internas. Quando Deus quer nos entregar grandes
conquistas, Ele desenvolve em nós uma nova e grande perspectiva
que se iguala ao tamanho dessas conquistas. Se você deseja grande
experiência com Deus, tenha uma grande perspectiva. Decida enxer-
gar pelo prisma que Jesus enxerga. Precisamos ser mais sensíveis ao
sobrenatural e a possibilidade do poder de Deus se manifestar atra-
vés de nós ou em nosso contexto.

Não podemos passar a novas A resposta de oração


conquistas com perspectivas velhas que desejamos
e erradas. Por isso, precisamos de
sérias, radicais e profundas mudan- receber de Deus
ças em nossa maneira de ver o agir corresponderá aos
de Deus. Precisamos nos juntar à ajustes que faremos
Deus naquilo que Ele está fazendo.
O Senhor nos leva, portanto, a re- em nossa forma de
pensar nossa postura, revelar nos- pensar e agir.
sos medos, preconceitos incons-
cientes; Ele trabalha para tirar-nos de uma mentalidade que não leva
em conta o sobrenatural, corrige em nós a imagem que fazemos dEle
e do mundo que nos cerca. O Senhor faz tudo isso para nos apresen-
tar novas possibilidades criativas.

A resposta de oração que desejamos receber de Deus correspon-

- 93 -
derá aos ajustes que faremos em nossa forma de pensar e agir. Você
não poderá ficar onde está e, ao mesmo tempo, ir para frente com
Deus. O trabalho de Deus é nos ajustar a Ele, sobretudo, em nossa
forma de ver as coisas. Jesus, ao dizer a Pedro “faze-te ao largo”, es-
tava trabalhando em sua visão e vendo a profundidade da obra que
realizaria nele e através dele. Decida mudar sua perspectiva hoje, saia
da praia onde sua visão está ofuscada pelo fracasso e derrota, vá com
Jesus para o mar profundo. Pense diferente e se mova diferente!

Disposição à Obediência – (V. 5,6)

Jesus pediu a Simão que lançasse as redes para pescar. Ele de-
monstrou cansaço e indisposição, mas disse: ”Sobre a tua a palavra,
lançarei a rede”. Na língua original, há bastante ênfase neste ponto:
“Mestre, só vou fazê-lo porque é o Senhor que está mandando”.

Se quisermos ir mais longe, à profundidade que Deus tem para


nós, precisamos nos atentar para esse sinal. O que nos faz saltar do
raso para o profundo é a obediência às ordens de Jesus. Em última
análise, toda nossa vida cristã se resume neste processo de aprender
a obedecer e a responder positivamente a Deus. Grandes conquistas
são precedidas de adequadas respostas. Não podemos servir ao Rei
dos Reis sem nos ajustar a Ele, Deus trabalha em meio ao seu povo
para ajustá-lo a seus padrões mais elevados. Precisamos chegar à for-
ma exata que Ele deseja que tenhamos, e ao lugar onde quer que
cheguemos e à experiência que deseja que provemos.

Será por que Jesus pediu a Pedro para ir para o lugar mais profun-
do? Certamente era Deus o levando a um lugar onde não havia outra
possibilidade, senão o sobrenatural. Por que Jesus nos leva às águas
profundas para ensinar-nos obediência? Porque é um lugar de onde
não podemos voltar. Esse lugar era para o discípulo que recebeu o
desafio; mudou a perspectiva e agora estava diante dele: a hora da
verdadeera momento de obedecer.

Para aprender princípios teóricos; não precisamos ir até o meio do


mar; mas na hora de ensinar a prática, Jesus sabe que, se tivermos a

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chance, seremos tentados a voltar atrás. Por isso, Ele nos conduz a
lugares em nossa vida de onde não teremos saída, para que apren-
damos as lições práticas. A lição prática é a obediência. Nesse lugar
não restará outra alternativa, a não ser fazer o que Ele nos mandou,
mas também não terá como não experimentar do que Ele prometeu.

Possivelmente, uma das maiores razões por não ouvirmos respos-


tas as nossas orações é porque queremos que Deus nos responda
sem nos colocar em ação. O momento que Deus fala conosco é o
momento exato que Ele quer que respondamos. Por mais que o lugar
mais profundo envolva riscos e nos assuste, devemos nos apegar a
palavra que Jesus nos deu, e como Pedro, prontamente ir. Não adie
sua obediência, isso acarretará em grandes prejuízos.

Muitos pensam que a obediência é cara, sim, ela custa muito para
você e aqueles que estão ao seu redor, mas, mais caro que isso é a
desobediência, esse preço nunca vale a pena pagar. Em quais áreas
da sua vida você percebe o Senhor hoje, falando contigo, dando-lhe
direção? Mova-se, obedeça-O naquilo que Ele tem lhe mandado para
esse novo tempo. Se Ele está dizendo: vamos ao lugar mais fundo,
ouse crer, vá, e entre na experiência.

Esse milagre foi maravilhoso, a rede de Pedro se encheu de peixes


e chegou a se romper. Esse é o resultado do desafio enfrentado sob
uma nova perspectiva e uma resposta obediente. O versículo 8 diz
que Pedro prostrou-se aos pés de Jesus e reconheceu seu senhorio,
bem como seu estado humano de pecador. Isso foi uma demonstra-
ção de verdadeira humildade e quebrantamento. O que Simão viu
produziu nele uma nova resposta para o Senhor. Jesus já sabia que
chamado e que obra realizaria por intermédio de Pedro e seus com-
panheiros que ali estavam, por isso o levou a esse lugar. O mar pro-
fundo é o lugar da experiência com o próprio Jesus.

Deus está mais interessado em que experimentemos dEle, do que


termos certos problemas resolvidos por Ele. Ele pode resolver qual-
quer problema em qualquer momento, mas para Ele importa que o
conheçamos e experimentemos da sua vida. Compreender o que

- 95 -
Deus quer realizar no local onde estamos é mais importante do que
lhe dizer o que queremos fazer para Ele.

Jesus já tinha uma missão e um chamado para Pedro, mas primeiro


deu a ele essa experiência poderosa com Sua pessoa. O que Deus
fará através de nós está intimamente ligado ao que Ele fará em nós
hoje. O trabalhar de Deus em nós vem antes do seu agir através de
nós. O Senhor quer em nós essa disposição para ir com Ele mais lon-
ge e mais profundo.

Pedro era pescador experiente, dedicava sua vida a isso. Mas na-
quele dia o Senhor dos céus e da terra, o que fez os mares e criou os
peixes entrou no seu barco. Penso que o milagre da grande pescaria
foi parte desse processo do chamado de Pedro para ser um pescador
de homens. Jesus deu um desafio a Pedro, mudou sua perspectiva,
instigou sua obediência e lhe deu uma experiência. Se quisermos en-
trar na experiência do profundo, nesse ano, temos que passar por
esse processo.

Vemos no versículo 10 que Jesus revela agora a missão para qual


estava chamando Pedro e, no verso seguinte, vemos os discípulos
deixando tudo e seguindo o Senhor. O lugar profundo é o lugar da
confirmação daquilo que fomos chamados por Deus, é um lugar de
abundância, suprimento e experiência com a graça de Deus. Jesus
disse a Simão no versículo 10: “Não temas; doravante serás pescador
de homens”.

Esse é o objetivo final de tudo o que Jesus faz em nossas vidas:


levar-nos a deixar tudo para segui -lo. Deixar tudo aqui significa dei-
xar na beira da praia nossa insegurança e desmotivação e ir com o
Mestre para o mar aberto e profundo, que é onde está a experiência
do sobrenatural.

- 96 -
E Jacó habitou na terra das peregrinações de seu pai, na terra
de Canaã. Estas são as gerações de Jacó. Sendo José de de-
zessete anos, apascentava as ovelhas com seus irmãos; sendo
ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de
Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia más notícias deles
a seu pai. E Israel amava a José mais do que a todos os seus
filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de
várias cores. Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava
mais do que a todos eles, odiaram-no, e não podiam falar com
ele pacificamente.

Teve José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o


odiaram ainda mais. E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho,
que tenho sonhado: Eis que estávamos atando molhos no
meio do campo, e eis que o meu molho se levantava, e tam-
bém ficava em pé, e eis que os vossos molhos o rodeavam, e
se inclinavam ao meu molho. Então lhe disseram seus irmãos:
Tu, pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio
sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam por seus sonhos e
por suas palavras. E teve José outro sonho, e o contou a seus
irmãos, e disse: Eis que tive ainda outro sonho; e eis que o sol,
e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim. E contando-o a
seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que

- 99 -
sonho é este que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e
teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra? Seus irmãos,
pois, o invejavam; seu pai porém guardava este negócio no
seu coração. E seus irmãos foram apascentar o rebanho de
seu pai, junto de Siquém. Disse, pois, Israel a José: Não apas-
centam os teus irmãos junto de Siquém? Vem, e enviar-te-ei a
eles. E ele respondeu: Eis-me aqui. E ele lhe disse: Ora vai, vê
como estão teus irmãos, e como está o rebanho, e traze-me
resposta. Assim o enviou do vale de Hebrom, e foi a Siquém.
E achou-o um homem, porque eis que andava errante pelo
campo, e perguntou-lhe o homem, dizendo: Que procuras? E
ele disse: Procuro meus irmãos; dize-me, peço-te, onde eles
apascentam. E disse aquele homem: Foram-se daqui; porque
ouvi-os dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu atrás de seus
irmãos, e achou-os em Dotã. E viram-no de longe e, antes
que chegasse a eles, conspiraram contra ele para o matarem.
E disseram um ao outro: Eis lá vem o sonhador-mor! Vinde,
pois, agora, e matemo-lo, e lancemo-lo numa destas covas,
e diremos: Uma fera o comeu; e veremos que será dos seus
sonhos. E ouvindo-o Rúben, livrou-o das suas mãos, e disse:
Não lhe tiremos a vida. Também lhes disse Rúben: Não der-
rameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e
não lanceis mãos nele; isto disse para livrá-lo das mãos deles
e para torná-lo a seu pai. E aconteceu que, chegando José a
seus irmãos, tiraram de José a sua túnica, a túnica de várias
cores, que trazia. E tomaram-no, e lançaram-no na cova; po-
rém a cova estava vazia, não havia água nela. Depois assen-
taram-se a comer pão; e levantaram os seus olhos, e olharam,
e eis que uma companhia de ismaelitas vinha de Gileade; e
seus camelos traziam especiarias e bálsamo e mirra, e iam
levá-los ao Egito. Então Judá disse aos seus irmãos: Que pro-
veito haverá que matemos a nosso irmão e escondamos o seu
sangue? Vinde e vendamo-lo a estes ismaelitas, e não seja
nossa mão sobre ele; porque ele é nosso irmão, nossa carne. E
seus irmãos obedeceram. Passando, pois, os mercadores mi-
dianitas, tiraram e alçaram a José da cova, e venderam José
por vinte moedas de prata, aos ismaelitas, os quais levaram
José ao Egito. Voltando, pois, Rúben à cova, eis que José não

- 100 -
estava na cova; então rasgou as suas vestes. E voltou a seus
irmãos e disse: O menino não está; e eu aonde irei?

Então tomaram a túnica de José, e mataram um cabrito, e


tingiram a túnica no sangue. E enviaram a túnica de várias
cores, mandando levá-la a seu pai, e disseram: Temos acha-
do esta túnica; conhece agora se esta será ou não a túnica
de teu filho. E conheceu-a, e disse: É a túnica de meu filho;
uma fera o comeu; certamente José foi despedaçado. Então
Jacó rasgou as suas vestes, pôs saco sobre os seus lombos e
lamentou a seu filho muitos dias. E levantaram-se todos os
seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; recusou
porém ser consolado, e disse: Porquanto com choro hei de
descer ao meu filho até à sepultura. Assim o chorou seu pai. E
os midianitas venderam-no no Egito a Potifar, oficial de Faraó,
capitão da guarda. Gênesis 37:1-36

Ainda nessa vertente de realidades transformadas por meio de so-


nhos realizados, quero abordar um pouco a história de um jovem so-
nhador; ele é um dos personagens mais admirados e importantes na
história de Israel. Isso é tanto uma verdade que, ao observar a narra-
tiva de Gênesis, perceberá que, a partir do capítulo 37, praticamente
todos os capítulos são dedicados a esse notável herói. A trajetória de
José é cheia de realizações, mas também de grandes lutas e de gran-
des dificuldades. Ele era um sonhador, como foi chamado por seus
irmãos (Gênesis 37:19) e o fim de sua vida mostrou a grandeza dos
sonhos que Deus havia plantado em seu coração.

Ele era um dos filhos mais moços de uma família de doze irmãos. O
nome José significa “aquele que acrescenta”. Nasceu no velho oriente,
há cerca de 3600 anos, na cidade de Padã Harã, e seus pais eram Jacó
e Raquel. A plataforma da fama de José foi o Egito, lugar onde passou
toda sua vida até sua morte aos 110 anos de idade.

Podemos admitir que José era um filho “preferido” do pai. Jacó era
um próspero fazendeiro naquela altura, e seus filhos viviam de forma
semelhante aos jovens da boa sociedade daquela época. Nesse tem-

- 101 -
po, José começou a viver uma aventura incrível em sua vida.

Estávamos amarrando os feixes de trigo no campo, quando o


meu feixe se levantou e ficou em pé, e os seus feixes se ajun-
taram ao redor do meu e se curvaram diante dele. Gênesis
37:7

Seus irmãos, que já tinham certa bronca com ele, ficaram muito
irritados na ocasião, a ponto de quase bateram em José nesse dia e
disseram:

Responderam-lhe seus irmãos: Tu pois, deveras reinarás sobre


nós? Tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso ainda mais
o odiavam por causa dos seus sonhos e das suas palavras.
Gênesis 37:8

Em outras palavras, o que os irmãos de José diziam era: “Você quer


dizer que será o maior aqui em casa e todos nós vamos nos submeter
a você? Olhe para seu tamanho José, e coloque-se no seu lugar”. Os
dias se passaram e quando as coisas pareciam ter voltado ao normal,
lá veio José novamente com um outro sonho. Desta vez, disse ele:

Tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas
se inclinavam perante mim. Gênesis 37:9

Seus irmãos ficaram furiosos, pois isto era uma referência direta
ao fato de que o pai, a mãe e os onze irmãos se submeteriam a ele.
Desta vez, o seu pai reagiu repreendendo-o, mas por outro lado pen-
sou consigo que José poderia estar falando a verdade, pois se tratava
de um sonho profético.

Fundamentos de José

José tinha pelo menos dois alicerces bem sólidos na vida: o amor
que recebia dos seus pais e os valores que aprendera em sua família.
Dentre esses valores recebidos, José aprendeu logo cedo a reconhe-

- 102 -
cer a existência de Deus e a importância de se ter um relacionamento
com o Senhor. Isto proporcionava muita firmeza em sua vida e lhe
dava algumas convicções fortes a respeito do futuro. Realizadores,
desbravadores e transformadores de realidades precisam de uma
base sólida para seus empreendimentos na vida.

José reconhecia a importância dos sonhos para o trilho e funda-


mento da vida. É impossível a qualquer pessoa fazer brotar sonhos
em sua mente sem ter uma fonte onde se abastecer.Como uma árvo-
re depende do sol, da lua, da chuva e de outros elementos da natu-
reza criados por Deus para se tornar produtiva, a vida de uma pessoa
também depende de uma conexão real com Deus para se reabaste-
cer e viver de forma significativa.

Os sonhos que José acalentava em seu coração davam conta de


que ele seria maior que seu pai, sua mãe e seus irmãos. A princípio,
isso o assustou sobremaneira, mas estava ciente de que era bem pos-
sível, pois seu relacionamento com Deus dava-lhe a paz de que aquilo
iria acontecer. Era tudo uma questão de tempo, confiança e firmeza.

Sonhos e a dureza da vida, um contraste

Os irmãos eram viajantes, eles levavam o gado para as pastagens e


José nem sempre os acompanhava. Numa dessas viagens, eles demo-
raram mais que o habitual. O pai, Jacó, preocupado com a longa de-
mora deles, mandou José ir atrás dos irmãos e procurá-los. Quando
os irmãos de José perceberam sua presença, começaram a conspirar
contra ele.

Colocaram-no numa cova e o deixaram ali por algum tempo, até


decidirem o que fariam com ele. O lugar em que estavam era rota de
comerciantes que iam para o Egito. Nesse tempo, a escravidão era
tida como normal. Seus irmãos o tiraram da cova e o venderam. Pa-
rece inacreditável, mas foi exatamente isso que aconteceu: os irmãos
de José o venderam por preço de um escravo, para nunca mais vê-lo.
Os escravos, normalmente, trabalhavam na construção das pirâmides
para os faraós, e seu tempo de vida não passava de três ou quatro

- 103 -
anos, pois o trabalho era muito pesado. Que coisa terrível! Que reali-
dade foi essa que se apresentou no caminho desse jovem sonhador?

Pouco tempo atrás, José havia sonhado que seria maior que toda
sua família, mas, de fato, tinha se tornado um escravo. Isto era depri-
mente e humilhante. Enquanto José seguia para o Egito, seus irmãos
seguiam para casa e alegariam para seu pai que José,provavelmente,
teria sido morto por um animal selvagem. Um abismo chama outro
abismo. Um erro chama outro erro. Após terem vendido o irmão, era
preciso inventar uma mentira para o pai, para encobrir seu erro. Con-
taram a mentira e o pai chorou profunda e amargamente, prometen-
do lamentar a perda de José pelo resto de sua vida.

Depois de uma longa viagem, José chegou ao Egito. Sem ter a mí-
nima noção do que ocorreria com ele ali, permaneceu firme em suas
bases. José confiava em Deus e acreditava nos sonhos que estavam
em seu coração. Ele não podia nem enfraquecer nem duvidar do Se-
nhor, pois se assim o fizesse, tudo realmente estaria completamen-
te acabado. Nosso sonhador não estava crendo em Deus por falta
de alternativas, mas porque desejava ser fiel e firme e sua fé. Deus
estava no total controle da situação na vida de José, tanto que ele
não foi trabalhar nas pirâmides, mas na casa de um homem poderoso
chamado Potifar.

Naquele tempo, o Egito era o centro da civilização e das artes.


Qualquer um que mantivesse longos anos de contato com os egíp-
cios estava apto a viver em qualquer lugar do mundo. Apesar de todo
glamour e realizações que o Egito pudesse oferecer, José estava com
seu coração naquilo que Deus o havia ensinado. Ele bem sabia que
a firmeza da sua vida dependia de honrar integralmente a Deus. Foi
exatamente isso que ele fez.

Apesar de toda aquela situação adversa, amarga e difícil em que


se encontrava, José era abençoado e prosperava em tudo. A casa do
poderoso Potifar era grande e boa, um lugar realmente de muitos
privilégios. Potifar logo percebeu os dotes morais de José que não
podiam ser escondidos. Era latente, nas ações de José, seu caráter e

- 104 -
conduta irrepreensível. Um tempo depois, Potifar entregou sua casa
para ser administrada por José.Em nenhum momento José perdeu
de vista seus valores e muito menos os ocultou diante de tamanho
vislumbre de oportunidades num
lugar em que seria os EUA de sua Transformadores de
época. A influência de José cresceu
enquanto o tempo foi passando. realidades captam as
Agora, seis anos depois, já aos 23 ações e soluções de
anos administrava a casa de Potifar Deus para um tempo
com confiança e coisas boas jorra-
vam dia após dia em sua vida. de crise.

Um confronto vem sobre José e ele seria testado ao extremo quan-


do a mulher de Potifar começou a cobiçá-lo. José sabia que aquele
relacionamento era absurdo, errado, principalmente pelo fato de ela
ser a mulher do patrão que lhe havia confiado toda sua casa, sem
contar que, principalmente, afrontava a santidade de Deus que ele
havia conhecido. A pressão sobre José foi extrema e ele precisou ser
ainda mais forte para não cair. Depois de inúmeras tentativas de se-
duzir José, a mulher de Potifar propôs abertamente que mantivesse
um relacionamento sexual com ela. Aquele momento foi uma prova
de fogo para o jovem por causa de sua consideração a Potifar e, so-
bretudo, ao Senhor.

Conforme nos mostra a narrativa de Gênesis, a mulher de Potifar


não aceitou sua rejeição por parte de José e tentou agarrá-lo, mas ele
fugiu. Aquela paixão cultivada pela mulher, que não foi correspondi-
da por José,se transformou em ódio. Mais uma vez José estava sendo
odiado, agora pela mulher de seu chefe, e isso era uma sentença de
morte. José foi acusado injustamente e acabou sendo preso diante
de tais calúnias.

A reviravolta

Fico maravilhado com as viradas que nosso Deus proporciona na


vida de seus filhos. Uma intervenção do céu vem naqueles momen-
tos mais críticos, nos momentos de pior dor. Deus visita e rompe as

- 105 -
cadeias que seus filhos são submetidos neste mundo. Foi assim na
história de Paulo e Silas na prisão em Filipos.

Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a


Deus, enquanto os presos os escutavam. De repente houve
um tão grande terremoto que foram abalados os alicerces do
cárcere, e logo se abriram todas as portas e foram soltos os
grilhões de todos. Atos 16:25-26

Deus irrompeu na história de José destruindo aqueles grilhões da


injustiça aos quais fora submetido injustamente. Mesmo tendo que
suportar o ódio e a prisão, José preferiu aguentar todas as consequ-
ências e ficar com a consciência limpa. Ele decidiu que não gozaria de
todos os favores da vida fácil, decidiu não tomar atalhos cedendo ao
prazer oferecido. Os valores residentes em José provenientes de seu
relacionamento com Deus o faziam firme o suficiente para vencer
aquela dificuldade.

O sentimento de José era que ele estava mais forte do que nunca,
apesar de tudo do lado de fora estar contra ele. A prova disso era que,
mesmo na prisão, ele prosperava e era abençoado. Logo, José se tor-
nou chefe dos prisioneiros, com a estima do carcereiro e a aprovação
das autoridades. A vida daqueles homens começou a ser afeada pela
retidão e firmeza do coração de José. As oportunidades surgiram inu-
sitadamente e ele mostrou suas convicções. José transformou mo-
mentos de maldição em benção transbordante. José, desde o começo
de sua saga, foi afetado pelos “pesares”, ou seja, pelos “mas”que Deus
coloca na história daqueles que depositam sua confiança em seu po-
der. Apesar de tudo estar contra ele naquele momento, José se sentia
forte como nunca e ainda não havia deixado os sonhos que Deus
plantara em seu coração se desvanecer diante de seus olhos.

José recebeu as chaves das celas e passou a tomar conta dos pre-
sos. O padeiro e o copeiro do faraóeram companheiros na cela com
José e, certa noite, tiveram sonhos, cada qual com a sua significação,
como nos diz a Bíblia. José deu a cada um deles a interpretação de
seus sonhos, que se cumpriram rigorosamente conforme Ele havia

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dito. O padeiro morreu e o copeiro foi elevado a uma posição de des-
taque no reino. José pediu que ele se lembrasse e o ajudasse quando
saísse da prisão, mas o copeiro esqueceu-se de José. Nosso herói
ficou esquecido na prisão por cerca de dois anos.

Depois desses acontecimentos, o rei teve uns sonhos enquanto


dormia. Ele ficou perturbado com os sonhos e nenhum sábio do Egito
conseguiu interpretá-los. Foi aí que o copeiro se lembrou de José na
época da prisão e falou ao rei que
Deus usa as crises ao muito possivelmente pudesse dar
nosso redor para nos arei,interpretação dos seus sonhos. O
então, mandou buscar José da
esticar, nos alargar e prisão.
nos firmar nas alturas
dos sonhos dEle para Ao ouvir os sonhos do rei, ele
percebeu que eram muito mais que
nossa vida. sonhos noturnos. José discerniu
que eram verdadeiras revelações de Deus. O Senhor havia revelado
o futuro ao faraó, mas reservou a José a interpretação do que reve-
lara. Isso é simplesmente fantástico. Transformadores de realidades
captam as ações e soluções de Deus para um tempo de crise. Depois
que José deu a faraó a interpretação dos sonhos, falando sobre os
sete anos de fartura e sobre os sete anos de seca e de falta de ali-
mentos que haveria no Egito, faraó reconheceu a sabedoria de Deus
que havia em José.

Homem nenhum havia conseguido dar a interpretação daquilo


que só Deus poderia revelar através de José. Em tudo isso, José sen-
tiu que a firmeza de sua fé em Deus estava sendo recompensada e
que seus próprios sonhos estavam se cumprindo. Daquele momento
em diante, ele foi nomeado governador e superintendente de todo o
Egito, tornando-se o segundo homem mais importante daquela na-
ção. Isso se deu aos seus 30 anos de idade.

Sonhos e dores

Atentando-nos para a vida de José como uma trajetória, vemos

- 107 -
que a realização dos sonhos que Deus foi plantada em seu coração e
que as dores caminharam de mãos dadas a esse sonho. Ele foi traído
e odiado pelos irmãos, vendido como escravo, caluniado pela mulher
interesseira de seu patrão, além de sofrer dor e prisão. Em momento
algum nessa jornada, a firmeza de José se desfez. O cativeiro de José
durou dos 17 aos 30 anos de idade e, durante esse tempo, ele foi
acometido por situações incríveis.

Como na vida de Davi, os “mas” de Deus se fizeram presentes na


vida de José. Apesar de ter sido vendido como escravo e preso injus-
tamente, José chegou ao mais alto posto de governo na nação mais
poderosa do mundo de sua época. José foi um realizador, mesmo
com todos e tantos os “pesares” em sua vida.

Uma encruzilhada de desespero

Há momentos na vida em que as coisas parecem ser desespero


total. Tais instantes são como fortes ondas que nos arremessam com
toda veemência contra uma parede de rochas. Nesses tempos, somos
entrincheirados pelas impossibilidades e a única coisa que nos vêm à
mente é que tudo está conspirando contra nossa vida, e a vontade de
desistir é latente na alma a cada minuto que passa. É exatamente aí
que os sonhos perdem a chama e parecem que vão se apagar. Nossa
vida parece não ter valor para absolutamente ninguém e nos senti-
mos sozinhos e desprotegidos. Em Provérbios 24:10 a Bíblia diz: “Se
te mostra fraco no dia da adversidade, sua força é pequena”. Se somos
fracos no dia da crise, realmente não temos força alguma. Os mo-
mentos de desespero distinguem, em primeira estância, os fracos dos
fortes, os que desistem daqueles que persistem. No entanto, essa é
uma seleção natural que situações como essas promovem. Não que-
ro aqui que ninguém diga “sou forte” ou, “sou fraco” simplesmente por
essa tempestade de desespero. Situações assim acabam sendo nor-
mais.

Todos nós passamos por isto. Além de que essas situações são cí-
clicas e se repetem muitas vezes em nossas vidas. Verdade é que não
suportamos uma viagem inteira de turbulência, mas tais situações

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não acontecerão uma vez só em nossa caminhada.

Esteja certo de que você não passará apenas por um momento de


desespero na vida. De quando em quando, você terá situações de cri-
se e de dificuldade. Isso é parecido como uma dor de dente. O fato de
ir no dentista uma vez por ano tratar de uma cárie, por exemplo, não
significa que nunca mais terá de voltar lá. Mais cedo ou mais tarde
terá de voltar para outro tratamento. Você sente aquela dor terrível,
passa pelo vale da “anestesia e do motorzinho” e depois volta a viver
uma vida saudável.

Depois que vamos ao dentista, normalmente nos lembramos do


momento da dor, todavia, esquecemo-nos do principal: tínhamos um
dente saudável que contribuiu para a nossa vida o tempo todo. No
momento em que uma cárie tentou destruir esse dente, ele reagiu
sentindo dor. Isto nos levou ao dentista, que restaurou a saúde do
nosso dente, e pudemos voltar a ter uma vida saudável.

Momentos de crise são assim também. Ocasiões em que a nossa


vida nos diz que existe algo a ser melhorado em para termos uma
vida ainda mais saudável e mais abundante. Deus usa as crises ao
nosso redor para nos esticar, nos alargar e nos firmar nas alturas dos
sonhos dEle para nossa vida. Passamos por aqueles momentos de dor
e de angústia e, depois disso, nos tornamos mais fortes e mais va-
lentes. Nosso Pai não quer que paremos em nossos limites, mas que
alcemos voos muito além deles. Ao se deparar com uma limitação,
não se veja derrotado por ela, se veja voando nas asas da graça de
Deus para os altos céus, além das adversidades, além das realidades
da terra. Sendo assim, não se trata de apenas de ser “forte” ou “fraco”
diante de uma crise, mas de ter como perspectiva a pergunta se você
quer ser melhor ou pior depois da crise. Algumas pessoas enxergam
na crise a oportunidade de serem melhores, outras, mergulham nas
crises e se tornam amarguradas.

Os que se tornam melhores com as crises e se fortalecem, aqueles


que se tornam amargurados por causa das crises acabam enfraque-
cendo. Entretanto, este não é o fim da história. É apenas uma visão

- 109 -
humana do que as crises provocam em nossa vida e das possibili-
dades humanas de reação quando as dificuldades nos sobrevêm. A
dor e as realizações andam de mãos dadas na estrada dos sonhos de
Deus para nós. Nossas forças sucumbem ou podem ser poderosa-
mente renovadas em Deus ao vencermos as crises.

Sonhos não estão restritos a uns poucos escolhidos, a pessoas


mais habilidosas e de nascimento privilegiado. Alguns têm grandes
sonhos, outros, sonhos menores, mas o fato é que qualquer pessoa
pode ter sonhos e sua vida. Por outro lado é importante lembrar que,
para qualquer pessoa que deposita sua confiança em Deus, existem
sonhos ainda maiores que ele pode revelar e realizar através das nos-
sas vidas, assim como fez com José do Egito. Quando José teve aque-
les sonhos aos 17 anos de idade, não podia imaginar a dimensão de
tudo. Aos 30, quando foi buscado na prisão para revelar os sonhos
do faraó, ele começou a perceber a dimensão do que isto significava.
Depois de interpretar os sonhos do faraó e ser nomeado governador
do Egito, é provável que ele tenha feito a conexão entre o que estava
acontecendo e o tamanho dos seus sonhos.

O Egito tinha na época cerca de sete milhões de habitantes, e ele


passou a administrar toda aquela terra. O Egito daquele tempo equi-
valeria hoje em tamanho à cidade do Rio de Janeiro ou a um país
como a Suíça. Passaram-se os primeiros sete anos de fartura, e todo
alimento disponível foi estocado
Os vencedores de para enfrentar os sete anos de seca
e fome. Este foi exatamente o pla-
Deus são forjados no que o administrador José apre-
em meio a altíssimas sentou ao faraó quando interpretou
temperaturas. seus sonhos. Durante esse período,
provavelmente a tristeza de seu co-
ração em relação à sua família fez
com que ele não os procurasse, e ele continuava ´´morto´´ para seu
pai e ´´desaparecido´´, para os seus irmãos. Quando o período de
fome começou, seus irmãos e seu pai começaram a ter falta de trigo
onde moravam. Seus irmãos então foram ao Egito para comprar co-
mida, pois era o único lugar onde se encontrava alimento naqueles

- 110 -
dias. Foi inevitável que as emoções se mostrassem naquele instante
quando José viu seus irmãos depois de quase vinte anos. Apesar de
eles o terem vendido como escravo, ele notou que seu coração não
estava carregado de ódio por eles. Certamente um filme passou na
mente de José, mas foi início da compreensão de que os sonhos de
Deus para sua vida estavam se cumprindo.

Os bons frutos que as crises produzem em nós

José, nesse período, percebeu claramente o quanto as crises re-


novaram e transformaram seu interior. Em nossas vidas, há muitos
pontos cegos em que não notamos nossas debilidades nem nossas li-
mitações. Não notamos o quanto somos cheios de medos, melindres,
inseguranças e, por fim, imaturidade. Como as crises contribuíram
para que frutos surgissem na vida de José?

Primeiro, de um adolescente sonhador a um homem maduro. Se-


gundo, de uma pessoa que tinha tudo para ficar na masmorra da
amargura e do ressentimento pelas crises a uma saudável, realizadora
e cheia de propósitos na vida. Poderíamos criar um gráfico da subida
de José, com tudo que aprendeu durante as crises e como isso se
refletiu durante o seu tempo de governador do Egito. Que frutos são
esses que são produzidos em nós através das crises?

Coragem

José teve de ser alargado, afinal, a visão de continuidade daquela


família que se tornaria uma nação não poderia continuar em uma
pessoa insegura e superprotegida. Quando teve o sonho de que seria
maior que sua família, ele ainda não estava em condições de realizar
nada. Muito menos seus irmãos tinham caráter formado para consti-
tuírem a grande nação que o Senhor havia dito. Aquela família ainda
precisava ser sacudida por algumas crises para ser transformada em
grupo de pessoas firmes, por meio das quais uma ação seria erguida.
Deus faz isso conosco. Para mudar a realidade ao nosso redor, Ele
nos aprofunda por meio de crises exatamente porque deseja realizar
algo em nós e por meio de nós.

- 111 -
Ao responder nossa oração, o Senhor nos colocará em ação. A re-
alidade de José foi transformada, agora ele transformaria a realidade
de sua família.

José percebeu que havia sido escolhido como o sonhador e trans-


formador da família, a fim de preparar o caminho para a sobrevivên-
cia de uma nação quando viu que a fome castigadorada terra durante
aqueles sete anos de vacas magras poderia ter matado sua família.
Com certeza notou que se tivesse ficado em sua zona de seguran-
ça em casa, superprotegido, teria se
tornado um homem inseguro e me- O aprendizado do
tido em intrigas familiares. Essa foi perdão libera nossa
aquela experiência fora da “bolha
familiar” que permitiu José colher vida para voar;
o fruto da coragem em sua vida. ele desbloqueia
Para colhermos esse fruto em nos- nossas emoções, e o
sa vida, precisamos aceitar o desa-
fio de Deus para nós. Seu compro- caminho à frente para
misso conosco é nos esticar para o abençoarmos aqueles
amadurecimento. O Senhor deseja que nos machucaram.
que finquemos nossas estacas com
mais contundência fora do solo do comodismo e da média. Por isso,
Ele nos alarga por meio de dificuldades.

Ele precisou ter a coragem para enfrentar a vida dura de escravo.


Ele precisou de coragem para ser o melhor escravo, ganhar a con-
fiança do seu senhor e se tornar o administrador da casa. Foi neces-
sário ter coragem para dizer não às investidas sedutoras da mulher
do chefe. Ele precisou de uma dose de firmeza para manter sua pa-
lavra diante do chefe e ser preso injustamente; finalmente, teve de
apresentar destemor para aparecer diante do faraó; interpretar seus
sonhos e apresentar um plano ousado como solução para a crise que
apontava no horizonte.

Este vasto aprendizado garantiu a José a estrutura necessária para


ter a coragem de enfrentar o desafio de administrar uma nação de 7
milhões de habitantes, depois de ter administrado apenas uma casa

- 112 -
com poucos empregados. Mas toda esta coragem foi produzida pelo
sofrimento. Foi o sofrimento que tornou José um valente.

Em nossa vida não é diferente. São as duras provas da vida que


formam em nós a coragem, a ousadia, a capacidade de assumir riscos,
de empreender e de realizar coisas novas e grandes. Os vencedores
de Deus são forjados em meio a altíssimas temperaturas. Quando
vivemos em uma “bolha” qualquer, seja a família, sejam os amigos,
sejam as pessoas que nos protegem, não conseguimos avançar para
grandeza da realização dos sonhos de Deus. Provavelmente, uma das
coisas que impedem você de realizar seus sonhos é alguma “bolha de
proteção” na qual você pode estar inserido. José foi cuspido para fora
dessa bolha, o que o levou a viver uma vida de coragem e de valentia.

Perdão

Após vários encontros com seus irmãos, sem que eles o reconhe-
cessem e sem que José se desse a conhecer, ele não suportou mais e
se revelou a eles num momento de forte emoção. Imaginemos o que
se passou na mente dos irmãos de José. Agora ele era o governador
do Egito, único lugar em toda região onde havia comida, ele tinha o
poder de mandar até matar quem ele quisesse e ainda conhecia toda
a trama de traição que eles haviam preparado, primeiro para mata-lo
e depois para vendê-lo como escravo. Mesmo o mais inocente de
seus irmãos poderia ter pensado naquele momento que todos fos-
sem morrer pelas mãos de José.

Olhando pelo prisma das limitações humanas, essa seria a reação


de qualquer pessoa que foi traída e que agora tem o poder nas mãos
para fazer o que quiser. José também poderia não dar comida a eles
e vê-los morrer lentamente de fome, o que seria ainda mais cruel e
vingativo pelos tantos anos de sofrimento que eles o haviam feito
passar.

Divinamente falando, o coração de José foi trabalhado para não


ter uma reação como essa. Primeiro, apesar de não ter procurado
sua família, logo que saiu da prisão, ele poderia ter mandado seus

- 113 -
subordinados matar ou mesmo castigar seus irmãos, se o quisesse,
mas ele não fez isso. Mas José aguardou o momento certo, deixou o
assunto amadurecer em seu coração para o tempo exato do reencon-
tro. Segundo, quando e revelou a seus irmãos, ele chorou, e fez isso
tão alto que seu choro foi ouvido à distância. Terceiro, quando José
se revelou aos seus irmãos, de imediato, ele quebrou o medo deles
dizendo: “Não se aflijam nem se recriminem por terem me vendido para
cá, pois foi para a conservação da vida que Deus me enviou adiante de
vocês. Já houve dois anos de fome na terra, e nos próximos cinco anos
não haverá cultivo nem colheita. Mas Deus me enviou à frente de vocês
para lhes preservar um remanescente nesta terra e para salvar-lhes a vida
com grande livramento”.

José já havia perdoado seus irmãos antes de eles chegarem. Quan-


do ele entendeu o propósito de seus sonhos, substituiu o desejo de
vingança pelo sentimento de missão a realizar. Ele havia aprendido
o fruto do perdão e, no momento em que se reencontrou com seus
irmãos, apenas viveu a forte emoção do choro e do quebrantamento
que o perdão provoca. É impossível ler esse trecho das escrituras em
Gênesis e não se emocionar também. Os seus irmãos só conseguiram
reagir e conversar com José depois que ele os beijou e chorou com
cada um deles.

Em meio às crises, alguns se tornam melhores, outros se se trans-


formam em pessoas amarguradas e carrancudas. Não basta apenas
aprender sobre a coragem para realizar seus sonhos. Se você não
aprende sobre o perdão e não perdoa efetivamente as pessoas que
o machucaram ao longo das crises que viveu, sua amargura o im-
pedirá de realizar seus sonhos. Ou, bem pode ser que você realize
alguns dos seus sonhos apenas para provar para quem o machucou
que você é melhor que eles; mas o sentimento de vingança estará
sempre presente.

O aprendizado do perdão libera nossa vida para voar; ele desblo-


queia nossas emoções, e o caminho à frente para abençoarmos aque-
les que nos machucaram.

- 114 -
O perdão nos liberta da amargura e dá foca em nossa energia na
realização dos sonhos. Foi isso que permitiu José abençoar sua fa-
mília e literalmente salvá-la. Realidades dentro e fora de José foram
mudadas.

Realidades foram mudadas nele e através dele. A vingança só traz


amargura para a vida, mas o perdão é um fruto doce que se saboreia
e que dá energia para a realização dos sonhos. Um dia precisei per-
doar o meu pai pela rejeição que ele proporcionou ao saber que iria
nascer. Até aquele momento em que perdoei, eu era um adolescente
amargurado, revoltado com a vida e vazio. Era exatamente a prisão
do ódio e da mágoa com meu pai. Uma vez que, pela força da graça
de Deus consegui perdoá-lo, minha vida decolou.

- 115 -
O deserto e o lugar solitário se alegrarão disto; e o ermo exul-
tará e florescerá como a rosa. Abundantemente florescerá, e
também jubilará de alegria e cantará; a glória do Líbano se
lhe deu, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a gló-
ria do Senhor, o esplendor do nosso Deus. Fortalecei as mãos
fracas, e firmai os joelhos trementes. Dizei aos turbados de
coração: Sede fortes, não temais; eis que o vosso Deus virá
com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salva-
rá. Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos
surdos se abrirão. Então os coxos saltarão como cervos, e a
língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no de-
serto e ribeiros no ermo. E a terra seca se tornará em lagos, e
a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em
que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos. E ali
haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o caminho
santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles;
os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão. Ali não
haverá leão, nem animal feroz subirá a ele, nem se achará
nele; porém só os remidos andarão por ele. E os resgatados
do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna
haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e
deles fugirá a tristeza e o gemido. Isaías 35:1-10

- 119 -
Nesse texto maravilhoso da Palavra de Deus, podemos observar
uma mudança de fase em nossas vidas. Outrora, era comum no meio
evangélico o jargão, “sair do deserto”. Creio que crescemos e o convi-
te de Deus para nós não é mais que sair do deserto, mas transformar
o deserto à nossa volta, enchendo-o de vida.

Em outro texto do profeta Isaías, mais precisamente o capítulo 43,


a partir do verso 16, vemos o contexto da saída do povo de Israel do
Egito. Mas no verso 18 e 19, Deus nos dá luz de coisas novas que Ele
está por fazer conosco.

Qualquer ambiente em que um rio passa, uma transformação


acontece no lugar. Esta é a transformação de um lugar árido em um
lugar fértil. Em Israel, consegue-se transformar um deserto num ver-
dadeiro campo frutífero. A tecnologia agrícola revolucionária daquele
país fez com que houvesse plantações no meio do nada; o deserto do
Neguebe floresce cada vez que águas abundantes caem e represam
no alto do monte. Ali se forma uma grande lagoa, e, quando começa
a percorrer a areia embraseada se transforma em águas torrenciais.
Por onde essa correnteza passa tudo transforma. A geografia é rapi-
damente alterada, levando o que antes era árido, seco e estéril a se
tornar um campo abundante de vida. O mesmo acontecerá conosco.
Tudo o que está estéril ao seu redor florescerá!

Precisamos ter a certeza de que estamos aqui para transformar


as circunstâncias, e não nos adequarmos a elas. Lideramos proble-
mas e não somos liderados por eles. Inevitavelmente, o deserto bate
a nossa porta ou batemos à porta dele; isso acontece devido algu-
mas atitudes que nos jogam para dentro dele. Portas de desertos nos
amedrontam constantemente, e precisamos dar respostas para sair
deles, mas há uma porta aberta no céu para nós.

Essa porta aberta nos impulsiona a entrar em territórios férteis de


um movimento novo do Espírito Santo; experiência de despertamen-
to, experiência de águas torrenciais brotando e trazendo um floresci-
mento como fora em muitos lugares secos no passado.

- 120 -
Vemos na Bíblia inúmeras coisas improváveis brotando no meio
das trevas, aparecendo em momentos áridos e críticos da história
para fazer história. Moisés emergiu da sarça ardente para dizer ao
faraó: “deixa meu povo ir”. Era a voz de Deus ecoando na boca de um
improvável. Elias, o tesbita, aparece do nada e lidera Israel para um
avivamento no monte Carmelo. Gideão ganhou notoriedade quando
um anjo lhe aparece enquanto se escondia com medo dos midiani-
tas. Agora o deserto frio amedronta, atormenta e intimida você, mas
Deus fará surgir de seu interior um grande general que liderará as
tropas dos exércitos do Senhor nas grandes batalhas.

Deus sempre tem alguém preparado onde ninguém está esperan-


do. Embriões sendo preparados para suportar altíssimas pressões,
quando aparecem fazem a terra tremer pelo poder de Deus em suas
vidas.

Muitos ficam no anonimato sendo preparados por Deus. Jesus fi-


cou 30 anos sendo preparado. Nossa história começa quando nosso
ministério diante de Deus começa a ser exercido.

A porta aberta que João viu em Apocalipse 4:1, nos convida a en-
trar em uma dimensão celestial em que o governo de Deus agirá na
terra veementemente. Essa porta é uma transição da transformação
de uma realidade para outra. Deus deseja manifestar algo em nossas
vidas hoje, Ele mesmo orquestrou circunstâncias e arranjos sobrena-
turais para fazer realidades mudarem, sejam elas quais forem.

Para transformar a realidade da sequidão, precisamos de fé para


abraçar uma realidade emergente, uma relação mais gloriosa, pois há
algo do céu que deseja se manifestar na terra. Deus já nos deu acesso
ao que deseja manifestar em nossas vidas. O grande desafio da igreja
hoje é ouvir o que o Espírito diz. A fé vem pelo “ouvir”, e não pelo “ou-
viu”. Tem gente que ouviu, mas não ouve mais. Ficou preso em coisa
velha, não enxerga novas possibilidades, anda ferido por fracassos
do passado. Se não nos atualizarmos com o que Deus deseja fazer,
somos da era jurássica e não passamos de objetos de observação
arqueológica.

- 121 -
Há inimigos e muitas oposições trabalhando contra nós. Todavia,
Precisamos estar prontos para a contrariedade. Podemos dizer que a
qualidade da nossa vida pode ser medida pela qualidade dos inimi-
gos que possuímos. Quanto mais cientes da unção que possuimos
para lidar com uma força espiritual dominante, maiores conquistas
obteremos. Inimigos, sim, é a maneira de Deus nos dizer que somos
perigosos no inferno. Tomara sejamos procurados naquele lugar. Os
crentes dos nossos dias pouco aceitam oposição, mas lembre-se de
que estamos marchando e militando em território inimigo.

Daniel teve a sua cova dos leões, a propósito, não foi comido por
que não tinha cheiro de carne. Elias teve a sua Jezabel e Davi teve
que se desviar das lanças de Saul. Deus está lhe fazendo mais forte
que seus inimigos. Os testes e desafios de Deus são como aquela
águia mãe que solta seus filhotes lá de cima do penhasco. Aquele
filhote desce um voo rasante, aparentemente para se chocar e se es-
borrachar na primeira rocha, mas a grande asa da águia mãe vem so-
bre ele e o apanha, levando-o de volta ao ninho em segurança. Esse
treinamento dura dias, mas um dia, o filhote sai e voa livremente pelo
céu e, lá de longe, ele avista uma cobra. Ele desce com força e con-
fiança, toma a presa em suas garras e a destroça para se alimentar.

Talvez você está encontrando seus limites agora, mas Deus sem-
pre tem a prática de nos esticar, afinal, Ele está mais comprometi-
do com nosso crescimento que com o nosso conforto. Nossas lutas
são um campo de treinamento. A fé não é medida somente pelo que
realizamos, mas pelo que suportamos! O céu nos dá o suporte que
precisamos para avançar para novos territórios. João Batista não se
dobrou no deserto, mas dobrou o deserto.

Estamos agora numa encruzilhada da história entre o que foi, o


que é, e o que será. Há um futuro querendo acontecer. O futuro é
um lugar, e não somente um tempo. Nós carregamos nosso futuro
com as palavras que lançamos. Deus disse que abriria um caminho no
meio do deserto. Um caminho se faz quando pessoas andam por ele.

Somos transformadores de ambientes; o que vemos hoje não é o

- 122 -
que veremos daqui a pouco, pois somos reparadores de brechas, res-
tauradores de veredas, edificadores de antigas ruínas para que o país
se torne habitável. Você não é um termômetro, mas um termostato.
Não medimos a temperatura, mas a alteramos!

Bem aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo co-


ração se encontram os caminhos aplanados, o qual, passando
pelo vale árido, faz dele um manancial; de bençãos o cobre a
primeira chuva. Salmos 84:5-6

Esse vale árido é o vale das lágrimas, choro. Em algumas versões


está “vale de baca”. Baca é o mesmo que um bálsamo que sai de um
arbusto que goteja quando é cortado. Deus deseja que, por onde
quer que passemos, possamos mudar os ares e os ambientes. Não
estamos aqui para medir a temperatura, mas para interferir nela.

Não somos condicionados, somos condicionantes. Jesus disse so-


bre João Batista: Mateus 11:7 - “Que saístes a ver no deserto? Um
caniço agitado pelo vento?”, verso 9, “...eu vos digo, muito mais que um
profeta”. Um homem duro na queda. Deus está nos tornando mais
duros que o deserto.

Somos transformadores de diagnósticos. Iremos mudar qualquer


realidade. Não há sequidão que resista à igreja, que resista ao justo.
Você irá fazer jorrar água ao seu redor, em sua casa, em sua família,
em seu trabalho, em sua célula, em sua cidade e em nossa nação.

Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o


Senhor. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas,
que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando
vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão,
não se perturba, nem deixa de dar fruto. Jeremias 17:7

Os que confiam no Senhor não serão envergonhados. Para o ho-


mem que confie no Senhor, mesmo que a sequidão do deserto venha,
ele não deixa de dar fruto seja aonde for. O deserto para ele é um
lugar de transição da vergonha para a glória. Quão poderosas pro-

- 123 -
messas podemos nos apropriar hoje e ver a glória de Deus mudando
a nossa realidade. Deus levará você para os mais altos montes para
contemplar e tocar nessas benditas promessas. O que Ele fará?

Aplacará o rugir dos mares, o ruído das ondas e o tumulto da


multidão; Visitará a terra e a regará; a enriquecerá copiosa-
mente, seus ribeiros serão abundantes de água e preparará o
cereal; coroará o ano da bondade e fará com que teus passos
destilem fartura sobre as pastagens do deserto; os seus cam-
pos se cobrirão de fertilidade, os vales se encherão de frutos,
e por fim haverá alegria e cânticos. Salmo 65:7-13

Deus pode transformar o deser- Perseverança não


to em um pomar. A terra seca pode
ser o palco de abundantes colhei- é somente vencer
tas em sua vida. Podemos flores- momentos difíceis,
cer no deserto. Nosso Pai de amor mas transformá-los
continua fazendo maravilhas na
vida daqueles que creem em sua em glória
Palavra, dos que confiam plenamente que há uma janela aberta no
céu e uma trombeta celestial anunciando um novo tempo. E você
se viu nesses últimos tempos encurralado pelos problemas, não de-
sanime. Essa pode ser a porta da oportunidade que colocou no seu
caminho. Se a crise chegou com fúria e você está sendo sufocado sob
o rolo compressor das adversidades, saiba que as mesmas mãos que
fizeram os céus e a Terra e controlam o universo dirigem a sua vida.
Se você sentiu esse deserto abrasador ferindo seus pés e toldando
sua visão, olhe para cima, porque do Senhor vem o refrigério para sua
vida e os caminhos de vitória para os seus passos.

Dificuldades são meios pelos quais Deus nos conduz a vitórias re-
tumbantes. O deserto não era o destino do povo de Israel, mas sim
a terra prometida. Essa erra é a vida abundante no Espírito, onde as
águas torrenciais da presença de Deus fluem em nosso interior. Deus
tem essa terra abundante para nós, permita que isso tome cor diante
de seus olhos. Por pior que pareça a situação, por mais amarga que
seja a caminhada, por mais duro que seja o chão que você pisa, seu

- 124 -
deserto florescerá. Não desista de esperar. Não pare de sonhar. Não
deixe de semear suas lágrimas e seu clamor em meio ao deserto, in-
vista no seu deserto pela fé. Deus fará água jorrar no ermo. Ponha
seus em Deus, seu coração nos princípios eternos da Palavra, seus
pés na estrada da obediência, e o milagre da multiplicação no deserto
se repetirá em sua vida. Escaldante, abrasador, árido e desanimador,
mas transponível pela vontade, misericórdia e fidelidade de Deus. Se
abra para conhecer esse maravilhoso milagre da graça de Deus.

- 125 -
Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias
o acharás. Reparte com sete, e ainda até com oito, porque
não sabes que mal haverá sobre a terra. Estando as nuvens
cheias, derramam aguaceiro sobre a terra, e caindo a árvo-
re para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí fica-
rá. Quem somente observa o vento, nunca semeará, e o que
olha para as nuvens nunca segará. Assim como tu não sabes
qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no
ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras
de Deus, que faz todas as coisas. Semeia pela manhã a tua
semente, e à tarde não repouses a mão, porque tu não sabes
qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas igualmente
serão boas. Eclesiastes 11:1-6

Esse é um texto emblemático, pois fala de investimento em algo


que ainda que não vemos. Poderíamos parafrasear esse texto da se-
guinte forma:

Lança o teu pão na superfície das águas, embora não seja provável
encontra-lo de novo, contudo, coisas estranhas realmente sucedem
pelo que avança em ser generoso.

A manifestação dessa realidade parece ser algo impossível ou, de

- 129 -
fato, improvável. Como encontrar um pão dias depois de tê-lo lança-
do nas águas? Da mesma maneira que não sabemos como se forma a
chuva nas nuvens e os ossos no ventre da mulher grávida, não nos é
possível saber como encontrar um pão depois de lança-lo nas águas.
Essas são obras extraordinárias de Deus. Há uma necessidade ur-
gente de lidarmos com nossas sementes de forma adequadamente
espiritual. Se confiarmos plenamente que Deus pode e quer realizar
para nós um futuro maravilhoso, então, depositemos no Senhor nos-
sa confiança, mesmo diante de uma realidade improvável.

Estudiosos veem um padrão que ocorre quando algo quer se reve-


lar, quando algo quer se manifestar. Há um futuro querendo apare-
cer. Existe um padrão para identificar um tempo em que as mudanças
ocorrerão. Quando a Bíblia fala sobre mudança de estação, a Bíblia
fala sobre José, quando sonhou que o sol, a lua e as estrelas prostra-
ram perante ele; aquilo indicava, também, uma mudança de estação,
uma mudança de época em sua vida e em sua geração. Quando Jesus
fala que o sol se converterá em trevas, a lua não dará sua claridade
e as estrelas cairão no firmamento, os poderes dos céus serão aba-
lados, então, se verá no céu o sinal do Filho Homem vindo entre as
nuvens com poder e grande glória, nós estamos vendo Jesus remon-
tando um cenário que foi falado no livro de Gênesis, onde sol, lua e
estrelas aparecem.

Uma das chaves hermenêuticas de interpretação da Bíblia é: a Bí-


blia explica a própria Bíblia. A Bíblia está falando de uma mudança de
época, uma mudança de governo que está acontecendo. No caso de
José, ele se torna o grande vice de todo o Egito e salva as nações da
fome reinante na época. No caso de Jesus, é o anúncio de seu reino
que é chegado, e todos esses sinais precederão.

Uma mudança de estação está por emergir. A agenda de Deus de-


seja se manifestar na terra. Infelizmente, muitos, mesmo os que con-
fessam o nome de Jesus, não fixam seus olhos no Senhor nem em seu
reino vindouro, mas no inimigo. Quando sobrevêm tempos sombrios
em suas vidas, em sua cidade e na nação, pensam que é o diabo quem
dá as cartas ao jogo. Ficam o tempo todo procurando saber quem é

- 130 -
o anticristo. Realmente não faço a mínima ideia de quem seria esse
homem, mas sei que há muitos candidatos para sê-lo. Entretanto,
nosso Deus é quem mexe as peças no tabuleiro; Ele é quem governa.
Muitos vivem com medo de maldições e citam nomes infinitos de
entidades demoníacas. Todavia, devemos estar certos de que não é
o diabo odigno de abrir o livro nem de desatar os seus selos. Não é
Zeus, nem Nosferatus, nem Diana, nem Júpter, nem qualquer outra
divindade pagã; a verdade é que nem mesmo o diabo possui a chave
e o livro da história; é o Cordeiro quem os tem nas mãos. Nosso Deus
levará a história ao seu clímax como Ele mesmo determinou. Nosso
Deus reina. A agenda de Deus quer se manifestar no agora. Somos
agentes do reino de Deus para cumprir essa agenda. A agenda não
é do inimigo. Não estamos aqui em função do plano de destruição
do diabo, não estamos aguardando o governo do anticristo, mesmo
sabendo que é inevitável seu aparecimento. Como crentes na obra
redentora da cruz, o que aguardamos, de fato, é o reino milenar de
nosso Senhor Jesus Cristo sobre a terra.

Há muitos que estão anunciando que o anticristo está vindo. Je-


sus não nos mandou anunciar isso, mas pediu que pregássemos que
o reino de Deus está próximo. Não
estamos aqui para fazer publicida- Não estamos aqui
de do mal. Nossos olhos não estão para fazer publicidade
postos no inimigo, mas no reino de
nosso Senhor. Não ignoro que es-
do mal. Nossos olhos
tamos numa batalha contra as for- não estão postos no
ças espirituais da maldade, mas não inimigo, mas no reino
vivemos em função disso. Há hoje
propagandistas do mal, aqueles que
de nosso Senhor.
suam a camisa falando do quão poderoso é o diabo, como se ele fos-
se páreo para o Todo Poderoso. Infelizmente, há doutrinas equivo-
cadas na atualidade; há gente que acredita que o mal controla tudo.
Tenho boas novas para você: a luz veio ao mundo, e as trevas não
prevaleceram contra ela.

Não é o diabo quem tem a chave da história, mas o Cordeiro ven-


cedor; somente Ele é digno de tomar o livro e desatar os selos. Ale-

- 131 -
luia! Há pessoas com uma sina de anticristo, gente que adora estudar
as coisas profundas de Satanás. Fomos criados para manifestar a au-
toridade de Jesus sobre a terra, subjugando as obras do diabo.

Materializando a história

Como podemos materializar a história que Deus deseja fazer apa-


recer? É um engano pensar que tudo que acontece na terra seja da
vontade de Deus. Jesus nos ensinou a orar assim:

Venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra


como no céu. Mt6:10

Isso sugere que a vontade de Deus, por vezes, não está sendo fei-
ta. Não somos meros fantoches, não somos robôs, mas somos res-
ponsáveis por esse clamor. Quando o povo de Deus se posiciona, traz
a agenda de Deus, aí, a vontade de Deus é cumprida.

Abraão, quando chamado por Deus, saiu sem saber para onde
estava indo, mas sabia quem o havia enviado. Ele saiu com a visão
de uma cidade cujo arquiteto e fundamentador é Deus. Tudo o que
Abraão possuía era uma visão de destino. José viu seu futuro por
meio dos sonhos que Deus plantou em seu coração, mas ele não viu
o percurso. Ele não tinha um mapa, não possuía os detalhes. Às vezes,
Deus nos dá uma fotografia do futuro, mas não nos dá os detalhes de
como chegaremos lá. Imagine se Deus tivesse mostrado a José como
seria sua trajetória em minúcias até o topo do governo do Egito? Não,
Deus não fez assim. Ele deu um retrato do que aconteceria, mas não
deu detalhes do que iria acontecer até lá.

Deus mostrou para Abraão uma cidade que era o seu destino. Ele
viu a cidade que Deus mesmo era o arquiteto. O Senhor foi guiando
Abraão passo a passo, de obediência em obediência, de caminho em
caminho. Quando Abraão chegou ao lugar para onde fora chamado,
imediatamente soube que ali era seu destino. A fé é como uma via-
gem à noite, há uma visibilidade de cem metros à sua frente, você
mantém a condução andando continuamente a cada nova fase, mas

- 132 -
não se pode ver com clareza nem nitidez antecipadamente. A cada
novo cem metros você vai enxergando mais cem metros. A fé é desse
jeito. Você não consegue ver todo o caminho, senão uma parte do
caminho, por vezes um pedaço bem pequeno do percurso. Muitas
vezes você sabe conhece somente o próximo passo a ser dado. Não
conhecemos todos os passos, isso é viver pela fé.

Quem já dirigiu à noite sabe que não podemos ver além dos faróis.
Andamos a uma certa velocidade à noite, porque confiamos no cami-
nho que está sendo iluminado diante dos nossos olhos. Nosso cha-
mado é para o movimento, para entrarmos em ação, para pôr o pé na
estrada. Você sabe, Abraão saiu da terra dele, e é o pai dos hebreus.
Hebreu é povo que anda para frente. A palavra “hebreu” significa cru-
zamento, ou passagem de fronteira, ou ainda travessia. Nós temos
uma travessia para fazer nesse tempo. Um hebreu é um andarilho,
sempre em progresso! Ele vive em estado permanente de acampa-
mento, sempre está em movimento. Somos chamados para o estado
permanente de transformação, de crescimento e de desenvolvimen-
to. Se você não avança, você retrocede; se você para, simplesmente
fica para trás; se você não se atualiza, você vira notícia velha e um
mero objeto de observação. Estamos num mundo em constante mo-
vimento.

Andar nos passos de Abraão significa pôr os pés na estrada e ca-


minhar pela fé. Mesmo que não saibamos o que vai nos ocorrer, pre-
cisamos nos mover. Deus nos chama para estarmos seguros nesse
sentido. O Senhor nos chamou para fazer coisas maiores que nós
mesmos. Se você deseja ficar na margem de segurança da vida, tudo
o que terá será mediano, o trivial. Você precisa de uma visão, de um
sonho, de um trabalho tão assustador que dependa completamente
da ajuda de Deus para realizá-lo. Alguém disse sabiamente: “Primeiro,
lanço-me no penhasco e, na descida, construo as minhas asas”.

Isso é algo além das suas forças, além dos seus recursos, além do
seu extrato de conta bancária, além do seu poder de fogo. Servir a
Deus é entrar em uma zona de risco onde você não ficará seguro
por si só, onde você simplesmente não irá sobreviver sem uma in-

- 133 -
tervenção de Deus. Isso é viver pela fé. Há pessoas que constroem
uma fortaleza natural para lhes dar segurança, estabilidade e con-
forto; ali habitam a vida toda. Esse é um lugar onde nada acontece.
A igreja, muitas vezes, empreende coisas que não se necessita do
Espírito Santo para que aconteçam. Há muitos trabalhos e realiza-
ções que não se movem na direção do vento de Deus. Há coisas que
o homem consegue fazer por si só, sem o auxílio de Deus. A vida de
muitas pessoas não possui mais ambições, não há mais riscos, não há
aventura, simplesmente passamos pela vida e deixamos a vida passar.
Muitas pessoas servem a Deus religiosamente, frequentam reuniões,
prestam algum tipo de serviço espiritual, até mesmo dão lá o seu
dinheiro, mas param por aí. Levam um cristianismo que não envolve
nenhum tipo de ousadia grande.

Seguir a Jesus envolve riscos. Deus levantou Gideão para lutar


com 300 homens contra um exército de 120 mil guerreiros. Moisés
foi a faraó com seu irmão, tendo somente um cajado na mão. Deus
está sempre nos colocando em situações maiores que nós. Projetos
extraordinários que excedem nossa visão rasteira do mundo. Preci-
samos de um trabalho mais arrojado, devemos desejar mais aventura,
pegar uma onda mais alta. Precisamos ser crianças de novo. Jesus
disse que não poderíamos entrar no reino se não nos tornássemos
como elas. O Talmude nos ensina três atitudes das crianças que nos
mostram esse princípio:

• Primeiro, ela fica contente sem nenhum motivo especial.

• Segundo, não ficam ociosas em nenhum instante.

• Terceiro, quando precisam de algo, exigem vigorosamente: gri-


tam, choram e exigem.

Portanto, meu amado, reencontre seu choro. Há pessoas hoje que


não choram mais, e outras choram por coisas banais. Abra a sua boca
e grite, se necessário for. Coloque para fora seu escândalo, sua dor,
seu pedido a Deus e prossiga. Há muita gente conformada, forma-
tada ao mundo. Muitos assumiram a forma das circunstâncias. Elas

- 134 -
não são aquelas que batem de frente, que chocam, que colidem com
o mundo. Um exemplo disso é a carnalidade. Quando falamos de
carnalidade pensamos logo em algo imoral e pecaminoso, mas, por
vezes, carnal é alguém que absorve a forma das coisas mundanas,
transmitindo-as através de sua personalidade. Ele acaba sendo uma
cópia idêntica da maneira como as pessoas andam lá fora.

Carnalidade é adquirir esses valores mundanos, internaliza-los e


expô-los mediante sua própria consciência. Literalmente, a carnali-
dade acontece quando você começa a manifestar a cultura mundana.
Significa que aquela realidade envolveu seus pensamentos e, agora,
norteia completamente suas escolhas.

No texto de Eclesiastes, Salomão disse: “Quem somente observa


o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens, nunca segará.” É
inútil tentar se resguardar de todas as falhas possíveis. Exigir cer-
ta medida de sucesso antes de agir seria a mesma coisa de nunca
agir. Se você esperar por condições favoráveis, você nunca alcançará
nada. Há pessoas esperando o melhor momento. Parece estranho o
que vou lhe dizer, mas o melhor momento simplesmente não existe.
O futuro não é algo que acontece, mas algo que fazemos acontecer.
Se não tem nada ocorrendo em sua vida, se não tem colhido nada,
certamente é porque não há sementes plantadas.

Talvez você esteja na entressafra, mas pode ser que, também, não
haja safra nenhuma, e, por isso, tem vivido numa inércia total, vendo
a vida passar. “Se sentou no meio fio, abriu a sua boca, escancarou a sua
boca e esperou a morte chegar.” Isso dizia um certo poeta, muito ruim
por sinal. As coisas não são mágicas nem mesmo automáticas. Você
precisa começar a andar na obediência e colher os frutos da obediên-
cia em sua colheita. Precisamos caminhar, andar e olhar para frente.
Precisamos crer que Deus está fazendo uma obra em nós e através
de nós. Há algo acontecendo e o chamado para nós é a continuidade.

Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como


se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim tam-
bém não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. Se-

- 135 -
meia pela manhã a tua semente, e à tarde não repouses a
mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela,
ou se ambas igualmente serão boas. Eclesiastes 11:5-6

O tempo revela o que estamos plantando. Salomão nos diz para


semearmos nossa semente ainda que não saibamos qual seja o cami-
nho do vento. Semeie sua semente ainda que você não saiba como as
novas gerações serão formadas. Sobre o vento, Jesus disse a Nicode-
mos: “O vento sopra aonde quer, ouves a sua voz, não sabes donde vem,
nem para onde vai, assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” Não
dá para segurar o vento, guardar o vento e nem estocar o vento. Uma
metáfora antiga diz: “Um barco vai para o sul, outro vai para o norte, im-
pulsionados pelo mesmo vento.” É sem dúvida, a disposição das velas,
e não o vento que orienta a direção em que eles vão. Um vai para o
norte, outro vai para o sul, mas é o mesmo vento que está soprando.

Não é o vento das circunstâncias que determinam seu sucesso ou


seu fracasso. Não é o vento das circunstâncias ou da tão falada crise
que vai dirigi-lo na vida, mas, sim, o modo como você dispõe suas
velas. Esse momento é um momento de extrema oportunidade para
as pessoas que estão pensando em como se dar bem e trazer uma
realidade futura da parte de Deus para esse tempo.

Ajuste suas velas

As velas são nossas atitudes diante dos problemas; elas são a nos-
sa interpretação da realidade, ou seja, o foco ou o modo como ve-
mos as coisas. Somos como barcos flutuando por esse mar chamado
vida. Em qual porto você deseja chegar? Em qual porto você atracou?
Salomão diz: “Você não conhece o caminho do vento, mas você pode
ajustar suas velas”. Vamos semear nossas sementes para os que ainda
não chegaram, vamos semear nossas sementes para os que ainda não
nasceram!

Nosso chamado é gerar a próxima geração, chama-la à existência


através do clamor. Em outras palavras, semeamos hoje para aqueles
que ainda não nasceram possam colher abundantemente amanhã.

- 136 -
O projeto de Deus para sua vida não envolve somente você, mas as
próximas gerações que virão depois de você. Há uma conexão en-
tre as gerações. Carregamos dentro de nós o futuro de nossos filhos
naturais e espirituais. Deus é um Deus de gerações. Ele é o Deus
de Abraão, de Isaque e de Jacó. O destino de Jacó começou com
Abraão, seu avô. Nossos filhos colherão as bênçãos decorrentes das
decisões que tomamos hoje.

Nosso Deus em sua soberana grandeza e graça nos deu algo maior
que nós para transportarmos para o futuro. Há vidas, há almas e mi-
lhares de vidas unidas ao seu destino. Mas, como podemos saber
os caminhos que o Céu quer que tomamos para vivermos de modo
plausível à realização de cada um dos planos divinos para nós?

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos


tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regi-
ões celestiais em Cristo...” Efésios 1:3

Já somos abençoados! Nosso Pai já nos deu ampla provisão para


uma vida de sucesso. Debaixo do favor extremo do céu, até nós, os
improváveis, somos altamente, grandemente e irreversivelmente
abençoados. O Senhor colocou tudo isso numa dimensão espiritual.
A vontade de Deus já é feita nos céus, precisamos então manifestar
essa vontade na terra. Tudo o que você precisa para vida de conquis-
tas já foi dado a você; tudo está nessa dimensão. Por isso necessita-
mos tanto de revelação! Há um futuro desejando se revelar. Tudo o
que está nessa dimensão quer vir para a terra.

Há canções que ainda não foram cantadas, há invenções ainda não


inventadas, há escolas ainda não abertas, há uma geração para nas-
cer. Deus deseja levantar agora quem irá trazê-la à luz. Clamar para
que a vontade de Deus seja feita na terra, significa trazer o céu para
a terra. Bill Jonhson diz que “Há muitas pessoas que possuem fé para
irem para o céu, mas não possuem fé para que o céu entre dentro delas”.
Quando alinhamos nossa vida com o céu, vamos caminhando e, en-
tão, podemos ver claramente um futuro emergindo à nossa frente.
Quando você busca o reino e sua justiça em primeiro lugar, quando

- 137 -
alinha seus planos aos planos de Deus, o futuro fantástico que o Se-
nhor tem para você começa a aparecer à sua frente. Isso simples-
mente explode em seu coração. Uma vez que isso explode em seu
coração, a realidade brilhará diante dos seus olhos.

O contexto que você precisa para aplicar a sua vida vai aparecer
diante de você. O que é contexto? Um aparelho celular não funciona
sem uma bateria, nem mesmo sem um carregador. Um computador
não tem nenhuma utilidade sem um sistema. Isso é contexto. Você
deseja ver as realidades do céu acontecendo diante de você, então,
você precisa que os contextos apareçam. Eles aparecerão. Deus
pode, quer e fará com que eles sejam gerados em sua vida. À medida
que você andar pelo caminho, vai encontrar os contextos, uma fase
após a outra; tudo aquilo que necessita. Você precisa orar então, da
seguinte maneira: “Deus libere os contextos.”

Você e eu carregamos um chamado que influenciará para o bem


ou para o mal as futuras gerações. Seu trabalho é levar o bastão para
seus filhos, como numa corrida de revezamento, para seus filhos con-
tinuarem seu chamado. Você precisa fazer do seu teto o piso, ou seja,
a plataforma onde eles pisarão. Quanto mais alto você conseguir edi-
ficar seu telhado, em maior vantagem você os colocará. Sua descen-
dência será poderosa na terra.

Quando você busca o Reino em primeiro lugar, você se coloca na


condição de ver brotar o futuro que tanto deseja. É uma promessa
poderosa de Deus. Ao aplicar tempo, desprender energia e colocar
seu interesse no Reino de Deus, a promessa é que seu futuro se reve-
lará de poderosas providências celestiais. A vontade de Deus é que,
agora no presente, esse futuro se manifeste. Somos peregrinos nessa
terra, e nossa jornada segue do agora para um lugar onde estivemos
antes. É para lá que Deus está lhe conduzindo. Estamos atravessando
o Jordão, estamos entrando numa nova fase, em num novo tempo e
em uma nova estação. Esse é o tempo oportuno para que, com co-
ragem, peçamos ao Pai que nos insira naquilo que Ele está fazendo
nessa novaestação.

- 138 -
Lutaremos contra inimigos que não lutamos antes; Deus nos trei-
nará através dos enfrentamentos que tivermos. É tempo de desbra-
varmos horizontes, fincar estacas em novas fronteiras. É tempo de
quebrar as barreiras dos odres velhos para que o vinho novo venha.
Se não nos renovarmos, o vinho se perde. Deus deseja fazer algo
novo, mas precisamos nos colocar na estrada. É tempo de liberar a
palavra profética da transformação. Essa palavra é a sentença que
pavimenta o caminho dos nossos sonhos.

Nós andamos por fé, e não por aquilo que vemos. Quando está
escuro, somos menos aptos a andar pelo que vemos, pois temos mo-
vimentos limitados quando naturalmente não vemos nada. A fé vê o
invisível e o invisível é tudo aquilo que está no escuro, que nós não
conseguimos enxergar ainda. Deus possui uma agenda do seu agir
sobre a terra, e somos seu futuro que deseja manifestar agora. O
Senhor quer levantar um povo forte e ativo, uma família numerosíssi-
ma. Esse é um povo que faz proezas, uma geração que está surgindo
como a luz da aurora, uma estirpe de gente que não pode ser doma-
da, domesticada pela manipulação política, religiosa ou financeira.

Se quisermos ser parte desse povo, não podemos ser modelados


pelo “politicamente correto”. Uma virada está a caminho. No instante
em que uma nova decisão é tomada, entra em movimento uma nova
causa, direção, efeito e destinação para sua vida. Literalmente você
começa a mudar sua existência no momento em que toma a resolu-
ção de ser um canal para manifestar uma realidade futura.

Lembre-se disso: quando começar a se sentir sufocado, ou pensar


que não há opções, ou quando as coisas estiverem acontecendo com
você, saiba que é capaz de mudar tudo através de uma decisão. Uma
decisão é verdadeira quando você age em direção a ela. Se não há
ação, você não decidiu realmente.

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BIOGRAFIA

Mateus Ribeiro é um líder por excelência, desenvolve treinamento


de equipes de liderança há mais de 15 anos na cidade de Goiânia.

Possui formação no seminário de liderança pastoral da Videira


Igreja em células, na qual é pastor há 10 anos. Com grande conheci-
mento na área de desenvolvimento e ativação de líderes, atua como
professor de diversas matérias, falando a cada semana para mais de
500 pessoas.

No seminário aonde ministra aulas já recebeu homenagem como


um dos melhores professores por sete vezes seguidas, lhe renden-
do assim o reconhecimento como mestre. Como comunicador e pa-
lestrante já esteve dando treinamentos e aulas em estados como
São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Pará. Possui experiência na área
de cuidado pastoral com casais, atualmente lidera em sua equi-
pe local mais de 200 casais. Ministra aulas para famílias e jovens.
Também possui experiência internacional em países como Angola,
Itália e Israel.

Mateus Ribeiro tem larga experiência em falar ao público, ao


longo desses anos se acumulam mais duas mil horas de exposi-
ção de um vasto conteúdo. Possui também experiência em or-
ganização de eventos. Compôs a equipe que organizou a Con-
ferência Radicais Livres em Goiânia nos anos de 2013 a 2015
no estádio Serradurada, atingindo mais de 100 mil pessoas.
Atuou por cerca de 12 anos como gerente de vendas e gestor de
equipes comerciais.

Como comunicador atua como apresentador e comentarista es-


portivo no programa diário na Rádio Vinha Fm em Goiânia das 11:00
às 12:00 horas da manhã.

Lembre-se disso: quando começar a se sentir sufo-


cado, ou pensar que não há opções, ou quando as
coisas estiverem acontecendo com você, saiba que
é capaz de mudar tudo através de uma decisão. Uma
decisão é verdadeira quando você age em direção
a ela. Se não há ação, você não decidiu realmente.

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