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    - Quinta Feira, 28 de Maio de 2009 

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro - TJRJ.

DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Apelação Cível nº 2009.001.16708

2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital

Apelante: MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Apelada: SIRLENE DOS SANTOS MACHADO

Relator: DES. CUSTODIO DE BARROS TOSTES

DIREITO CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. MORTE


DE NASCITURO POR DESCUIDO NO ATENDIMENTO DA PACIENTE
GESTANTE, NA HORA DA SUA INTERNAÇÃO, CUJO MONITORAMENTO
DO PARTO NÃO FOI REALIZADO. CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS
QUE SE MANTÉM.

DESPROVIMENTO DO RECURSO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível nº


2009.001.16708 em que é apelante MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
e apelada SIRLENE DOS SANTOS MACHADO.

ACORDAM os Desembargadores da Décima Sétima Câmara Cível do


Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade,
NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO nos termos do voto do Relator.

RELATÓRIO

Versa a hipótese sobre Ação Indenizatória que a apelada move contra


o apelante, objetivando o pagamento de indenização a título de
danos morais no valor de 500 salários mínimos, alegando que, com
41 semanas e 06 dias de gestação, encaminhou -se ao Hospital
Municipal Raphael de Paula Souza, sendo examinada por sua médica,
Dra. Denise Alhadeff Dias, que procedeu ao eletrocardiograma no
bebê e a encaminhou para internação no dia 25/11/03, às 10:40
horas, no Hospital Municipal Maternidade Leila Diniz.

Aponta que, após a internação, só foi submetida a um único exame,


que se deu às 19:30 horas, sendo realizada uma ultra -sonografia,a
qual constatou que o feto estava morto.

Aduz ter havido falha no atendimento, no referido nosocômio da rede


municipal de saúde, em razão de erro médico na hora da avaliação e
acompanhamento do seu estado de saúde e do nascituro.

Foi deferida perícia médica, cujo laudo encontra-se às fls. 137/143.

A sentença às fls. 154/160 julgou procedente o pedido, condenando o


apelante ao pagamento, à apelada, de indenização a título de danos
morais, no valor de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais, por estar
na qualidade de genitora da vítima, montante que deve ser
monetariamente corrigido a partir da sentença e acrescido de juros
moratórios de 1% ao mês a partir da citação. Condenou, também, o
Réu, ao pagamento dos honorários advocatícios, fixados em 5%
(cinco por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo
20, parágrafo 4º do CPC, isentando-o das custas, ante a Lei 3350.

Apelo da parte ré, às fls. 163/165, pretendendo a redução da


condenação imposta a título de danos morais, de modo a não
configurar enriquecimento ilícito, apresentando precedente cuja verba
foi fixada no valor de 100 salários mínimos.

Em contra-razões, a apelada pugna pela manutenção da sentença.

O Ministério Público, e a Procuradoria de Justiça opinam pelo


conhecimento e provimento parcial do recurso, sugerindo, esta
última, seja reduzida a verba indenizatória ao patamar de
R$90.000,00.

O recurso é tempestivo e dispensa preparado.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de ação ordinária objetivando indenização por danos morais


em razão da morte de nascituro por descuido no atendimento da
paciente gestante, na hora da sua internação, cujo monitoramento do
parto não foi realizado, enquanto era imprescindível.

Há que se verificar que o laudo pericial colacionado é conclusivo


quanto ao erro cometido, não se insurgindo o apelante a tal respeito,
estando seu recurso restrito à redução do valor arbitrado a título de
danos morais, que entende excessivo.

Tendo em vista a gravidade do fato, a negligência, imprudência e


imperícia médico-hospitalar a que foi submetida a gestante,
causando-lhe a morte do feto, que, com certeza, devia ser aguardado
com os sentimentos naturais de uma mãe para com o filho que está
para nascer, entende-se que deve ser mantido o valor fixado para a
indenização a título de danos morais, eis que foi arbitrada num
patamar que equivale ao caráter punitivo pedagógico da condenação.

É que tal infelicidade trouxe à autora intenso sofrimento e dor, além


do sentimento de impotência pela absurda perda do nascituro,
devendo ser indenizada no montante previsto na sentença, que se
afigura adequado, considerada a intensa e dolorosa lesão moral
ocasionada. Aliás, qualquer mensuração pecuniária será insuficiente
para restaurar a desestabilização espiritual, esta sim,
incomensurável.

Diante do exposto, NEGA-SE PROVIMENTO AO RECURSO, mantenho


a sentença em seus próprios termos e jurídicos fundamentos.

Rio de Janeiro, de de 2009.

CUSTODIO DE BARROS TOSTES


Desembargador Relator

DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Apelação Cível nº 2009.001.16708

2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital

Apelante: MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Apelada: SIRLENE DOS SANTOS MACHADO

Relator: DES. CUSTODIO DE BARROS TOSTES

RELATÓRIO

Versa a hipótese sobre Ação Indenizatória q ue a apelada move contra


o apelante, objetivando o pagamento de indenização a título de
danos morais no valor de 500 salários mínimos, alegando que com 41
semanas e 06 dias de gestação, encaminhou -se ao Hospital Municipal
Raphael de Paula Souza, sendo exam inada por sua médica, Dra.
Denise Alhadeff Dias, que procedeu ao eletrocardiograma no bebê e a
encaminhou para internação no dia 25/11/03, às 10:40 horas, no
Hospital Municipal Maternidade Leila Diniz.

Aponta que, após a internação, só foi submetida a um único exame,


que se deu às 19:30 horas, sendo realizada uma ultra -sonografia,a
qual constatou que o feto estava morto.

Aduz ter havido falha no atendimento, no referido nosocômio da rede


municipal de saúde, em razão de erro médico na hora da avaliação e
acompanhamento do seu estado de saúde e do nascituro.

Foi deferida perícia médica, cujo laudo encontra -se às fls. 137/143.

A sentença às fls. 154/160 julgou procedente o pedido, condenando o


apelante ao pagamento, à apelada, de indenização a título de danos
morais, no valor de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais, por estar
na qualidade de genitora da vítima, montante que deve ser
monetariamente corrigido a partir da sentença e acrescido de juros
moratórios de 1% ao mês a partir da citação. Condenou, também, o
Réu, ao pagamento dos honorários advocatícios, fixados em 5%
(cinco por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo
20, parágrafo 4º do CPC, isentando-o das custas, ante a Lei 3350.

Apelo da parte ré, às fls. 163/165, pretendendo a redução da condenação


imposta a título de danos morais, de modo a não configurar enriquecimento
ilícito, apresentando precedente cuja verba foi fixada no valor de 100
salários mínimos.

Em contra-razões, a apelada pugna pela manutenção da sentença.

O Ministério Público, e a Procuradoria de Justiça opinam pelo conhecimento


e provimento parcial do recurso, sugerindo, esta última, seja reduzida a
verba indenizatória ao patamar de R$90.000,00.

O recurso é tempestivo e dispensa preparado.

É o relatório.

À douta revisão.

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2009.

CUSTÓDIO DE BARROS TOSTES


Desembargador Relator
Certificado por DES. CUSTODIO TOSTES

A cópia impressa deste documento poderá ser conferida com o original


eletrônico no endereço www.tjrj.jus.br.

Data: 25/05/2009 15:52:46

Local: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Processo:


2009.001.16708 - Tot. Pag.: 5

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