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A missão do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente) é “prover liderança e encorajar parcerias no cuidado com o


ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a
aumentar sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras
gerações” (ONU, 2007).

Em 1987, como resultado da Assembléia Geral das Nações Unidas, o


relatório Nosso Futuro Comum, que ficou conhecido como Relatório
Brundtland, traduziu as preocupações com o meio ambiente que já se
instalavam na sociedade. Nele foi expresso, pela primeira vez, o
seguinte conceito de desenvolvimento sustentável utilizado até os
dias atuais:

“Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades


presentes,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas
próprias
necessidades”.

Mais que um conceito, o termo desenvolvimento sustentável é um


desafio lançado à humanidade, pois sua busca requer um sistema:

► político – que assegure a efetiva participação dos cidadãos no


processo decisório;
► econômico – capaz de gerar excedentes e know how técnico em
bases confiáveis e constantes;
► social – que possa resolver as tensões causadas por um
desenvolvimento não equilibrado;
► produtivo – que respeite a obrigação de preservar a base ecológica
do desenvolvimento;
► tecnológico – que busque constantemente novas soluções;
► internacional – que estimule padrões sustentáveis de comércio e
financiamento;
► administrativo – flexível e capaz de se autocorrigir.

A Agenda 21 Brasileira é um compromisso da sociedade em termos


de escolha de cenários futuros sobre o papel ambiental, econômico,
social e político, contendo as seguintes áreas temáticas:
► agricultura sustentável;
► cidades sustentáveis;
► ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável;
► gestão dos recursos naturais;
► infra-estrutura e integração regional;
► redução das desigualdades sociais.
A Declaração de Johannesburgo elegeu cinco prioridades: água e
saneamento, biodiversidade, energia, saúde e agricultura.

Assim, chegamos ao conceito de responsabilidade socioambiental


(RSA), também denominado pelo Instituto Ethos6 como responsabilidade
social empresarial (RSE).

É a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa


com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de
metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade,
preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras,
respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais
(INSTITUTO ETHOS, 2007).

E qual é a diferença entre os conceitos de RSA e de filantropia


empresarial?

Filantropia empresarial é, basicamente, uma ação social externa da


empresa, que tem como beneficiária principal a comunidade em suas
diversas formas – conselhos comunitários, organizações não-
governamentais, associações comunitárias.

Por sua vez, responsabilidade socioambiental é um conceito mais amplo,


focado na cadeia de negócios da empresa e que engloba preocupações
com um público de relacionamento maior, cujas demandas e
necessidades a empresa deve buscar entender e incorporar aos
negócios.

Portanto, a filantropia empresarial está contida no conceito de


responsabilidade socioambiental, mas está longe de esgotá-lo, pois se a
filantropia envolve a relação entre empresa e comunidade, a
responsabilidade socioambiental, além da comunidade, também diz
respeito a uma relação ética da empresa com os seus públicos de
relacionamento.

Pacto Global8 (Global Compact), tanto em suas práticas corporativas


individuais,
quanto no apoio a políticas públicas apropriadas.
O referido pacto tem por objetivo mobilizar a comunidade empresarial
internacional
para a promoção de valores fundamentais nas áreas de direitos
humanos,
trabalho e meio ambiente. Defende dez princípios universais (Quadro 2),
que são derivados:
! da Declaração Universal de Direitos Humanos;
! da Declaração da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre
Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho;
! da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e
! da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção.

Quadro 2
Os Dez Princípios do Pacto Global
Princípios de Direitos Humanos
1. Respeitar e proteger os direitos humanos.
2. Impedir violações de direitos humanos.
Princípios de Direitos do Trabalho
3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho.
4. Abolir o trabalho forçado.
5. Abolir o trabalho infantil.
6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho.
Princípios de Proteção Ambiental
7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais.
8. Promover a responsabilidade ambiental.
9. Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente.
Princípio contra a Corrupção
10. Combater a corrupção em todas as suas formas inclusive extorsão e propina.

! Ecoeficiência
De acordo com o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável (World Business Council for Sustainable Development -
WBCSD), a ecoeficiência é alcançada mediante o fornecimento de bens
e serviços a preços competitivos, que satisfaçam às necessidades
humanas e tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduz
progressivamente o impacto ambiental e o consumo de recursos ao
longo do ciclo de vida, a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade
de sustentação estimada da Terra.

Esse conceito sugere uma significativa ligação entre eficiência dos


recursos
(que leva à produtividade e à lucratividade) e responsabilidade
ambiental.

Portanto, ecoeficiência é o uso mais eficiente de materiais e de energia,


a fim de reduzir os custos econômicos e os impactos ambientais.
Também se pode dizer que ecoeficiência é saber combinar desempenho
econômico e ambiental, reduzindo impactos ambientais; usando mais
racionalmente matérias-primas e energia; reduzindo os riscos de
acidentes e melhorando a relação da organização consigo mesma e com
a sociedade.

Os critérios estabelecidos pela ONU, na Rio-92, definem ecoeficiência


nas empresas como o resultado da implantação de um sistema de
gestão ambiental, que adota a política dos três “erres”.
► Reduzir – repensar a vida, ver realmente o que é essencial para a
“minha
vida” e diminuir o consumo.
► Reutilizar – ser criativo, inovador, usar um produto de várias maneiras
e
várias vezes.
► Reciclar – transformar, ter capacidade de imaginar, criar e renovar.

! Indicadores Ethos10
Esses indicadores – criados pelo Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social – compõem um instrumento de diagnóstico da
empresa, indicando o grau de efetivação da responsabilidade
socioambiental em suas atividades, além de serem uma ferramenta de
gestão e planejamento que indica prospectivamente - a partir da
situação da empresa - políticas e ações voltadas para o aprofundamento
de seus compromissos socioambientais.

A seguir, os temas que os indicadores abrangem.

► Valores e transparência
► Público interno
► Meio ambiente
► Fornecedores
► Consumidores e clientes
► Comunidade
► Governo e sociedade

Em 2003, são estabelecidos os Princípios do Equador, um conjunto de


compromissos
voluntários que preconizam uma minuciosa análise socioambiental,
seguindo parâmetros da International Finance Corporation (IFC), para
operações
de project finance - grandes projetos financiados.

Um dos mais graves problemas ambientais deste século é o


aquecimento
global. O Protocolo de Kyoto14 é o instrumento legal que estabelece
metas de
redução de emissão de gases de efeito estufa15 (GEE) para os países
que,
historicamente, contribuíram de forma mais intensa para o aumento da
concentração
atmosférica de GEE, em função do seu nível de industrialização.
Além das ações de caráter nacional, os países signatários do protocolo
poderão
utilizar algumas alternativas para auxiliá-los no cumprimento de suas
metas, chamadas de mecanismos de flexibilização: comércio de
emissões;
implementação conjunta; mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL).
Para o Brasil16, o mecanismo de flexibilização mais importante é o MDL,
que
viabiliza projetos que reduzam emissões de GEE.
Como? O MDL possibilita aos países desenvolvidos que não atingirem
suas
metas a liberdade para investir em projetos MDL de países em
desenvolvimento.
Assim, países desenvolvidos podem comprar créditos de carbono17,
equivalentes em tonelada de CO2, de países em desenvolvimento
responsáveis
por tais projetos.
O nosso país se beneficia deste cenário como vendedor de créditos de
carbono
e também como alvo de investimentos em projetos engajados com a
redução da emissão de gases poluentes.
Em 2007, com o reconhecimento internacional dos riscos associados às
mudanças
climáticas, o setor financeiro brasileiro passa a buscar formas de ampliar
seu entendimento dos riscos e oportunidades, participando, sobretudo,
de projetos associados à geração de energia de menor impacto e à
ampliação
de práticas de ecoeficiência.

2.3. NOVOS DESAFIOS E TENDÊNCIAS


São inúmeros os desafios enfrentados pelo setor financeiro no tocante à
sustentabilidade.
Nesse sentido, para ampliar a incorporação de melhores práticas
em responsabilidade socioambiental e garantir que esse processo traga
novas oportunidades de negócios, a indústria financeira precisa manter
investimentos
e foco. A seguir, temas estratégicos para o segmento.
! Inovação e reposicionamento – redução do consumo de energia;
inclusão
de minorias; incentivar seu público interno no que tange à inovação.
! Fundos de investimentos socialmente responsáveis (SRI)
segmentados
– fundos setoriais e de inovação (energia, construção sustentável).
! Produtos socioambientais – estruturação de projetos de menor
impacto
ambiental, crédito imobiliário para projetos sustentáveis.
! Private equity – produtos de investimentos diretos de longo prazo
em projetos
com grande potencial de rentabilidade - etanol, renováveis, novos
materiais,
biodiversidade.
! Venture capital – investimentos diretos institucionais de longo
prazo em
negócios sustentáveis, projetos com grande potencial de rentabilidade -
etanol,
renováveis, novos materiais, biodiversidade.
! Project finance – definição estratégica de mercado com potencial
redução
de riscos ou especialização em gestão de projetos específicos, com
potencial
de geração de negócios adicionais, como inclusão de comunidades e
integração local com negócios financiados gerando novas necessidades
financeiras.

! Negócios na base da pirâmide


► Microfinanças – ampliação de atuação para mercados de menor
renda
com crescentes necessidades de serviços financeiros. Ressaltamos:
• a economia solidária – uma forma de produção, consumo e
distribuição
de riqueza (economia) centrada na valorização do ser humano e
não no capital. De base associativista e cooperativista, é voltada para
a produção, consumo e comercialização de bens e serviços, de modo
autogerido, tendo como finalidade a sustentabilidade18 e
• o comércio justo – um dos pilares da sustentabilidade. Trata-se de
um movimento social e de uma modalidade de comércio internacional
que busca o estabelecimento de preços justos, bem como de padrões
sociais e ambientais nas cadeias produtivas de vários produtos. O
movimento dá especial atenção às exportações de países em desenvolvimento
para países desenvolvidos, como artesanato, café, cacau,
chá, banana, mel, algodão, vinho, frutas in natura, e muitos outros.
Nesse comércio eliminam-se os intermedíários ao mínimo necessário.
►Crédito imobiliário – ampliação de acesso à casa própria, ampliando
mercados para serviços.

3.4. PRINCIPAIS COMPROMISSOS PÚBLICOS DO BB COM A


SUSTENTABILIDADE
Uma série de compromissos públicos amplia e reforça a
responsabilidade socioambiental
do BB. A seguir, alguns exemplos relacionados ao tema.
Protocolo Verde21
Uma ação relevante foi o lançamento de um compromisso público
pioneiro: o
Protocolo Verde, em 1995. Em decorrência da assinatura desse
documento, o
Banco do Brasil estabeleceu algumas medidas, como por exemplo:
■ Vetou a realização de operações destinadas a financiar atividades que
possam causar impacto ambiental.
■ Tornou obrigatória a apresentação de documentação do órgão
ambiental
competente para financiamento de:
■ desmatamento, destoca ou custeio agropecuário, objetivando a
incorporação
de novas áreas no processo produtivo;
■ comercialização de produtos extrativos de origem vegetal e pescado in
natura;
■ operações de investimento em atividades que utilizam recursos
ambientais
ou empreendimentos capazes de causar degradação ambiental;
■ operações de investimentos em atividades que requerem Estudo
Prévio
de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente
(RIMA);
■ operações de investimento em atividades que utilizam recursos
hídricos,
inclusive, agricultura irrigada (outorga de água).
Em maio de 2008, a partir de discussões sobre os impactos do
desmatamento
na Amazônia envolvendo órgãos governamentais e bancos públicos
federais,
foi constituído grupo de trabalho informal para avaliação e revisão do
Protocolo
Verde. O grupo foi constituído por representantes do Ministério do Meio
Ambiente, Ministério da Integração Nacional, Ministério da Fazenda,
Banco
do Nordeste do Brasil, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e
Social,
Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
O resultado deste esforço foi a proposição de uma nova redação,
defendendo
que os bancos podem cumprir um papel indutor fundamental na busca
de um
desenvolvimento sustentável, pressupondo a responsabilidade com a
preservação
ambiental e uma contínua melhoria no bem estar social. Para tanto, são
previstos princípios que envolvem o compromisso dos bancos com:
■ o fomento ao desenvolvimento sustentável;
■ a avaliação socioambiental dos empreendimentos a serem financiados;
■ a ecoeficiência das práticas administrativas;
■ a evolução das políticas e práticas voltadas à sustentabilidade; e
■ a previsão de mecanismos de monitoramento e governança dos
compromissos
assumidos pelos signatários.
Em agosto de 2008, durante solenidade conduzida pelo Presidente Lula,
na
sede do BNDES, no Rio de Janeiro, os presidentes dos bancos oficiais
aderiram
ao novo Protocolo Verde.

Pacto Global
Conforme vimos anteriormente, o Pacto Global é uma iniciativa que tem
como
objetivo mobilizar a comunidade empresarial internacional para a
promoção
de valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio
ambiente
e combate à corrupção. O Pacto Global foi criado para ajudar as
organizações
a redefinirem suas estratégias e ações, a fim de que todas as
pessoas possam compartilhar dos benefícios da globalização, evitando
que
esses sejam aproveitados por poucos.

GRI – Global Report Initiative23


A Global Reporting Initiative (GRI) é uma instituição global independente
que
desenvolve uma estrutura mundialmente aceita para relato de
sustentabilidade.
Essa estrutura, chamada Diretrizes GRI, permite às empresas e outras
organizações
preparar relatórios sobre seu desempenho econômico, ambiental
e social, comparáveis entre si.

A última década viu surgir uma proliferação de ferramentas para ajudar


organizações,
especialmente de negócios, a gerenciar seu desempenho econômi-
co, ambiental e social. Essas ferramentas surgiram em várias formas,
desde
códigos de conduta a sistemas de gestão e metodologias de avaliação
interna
de desempenho. A GRI, em contraste, é uma estrutura externa de relato
que
permite às organizações comunicar:
■ as ações desenvolvidas para melhorar desempenho econômico,
ambiental
e social;
■ os resultados de tais ações;
■ as estratégias futuras para melhoria.

Modelo Ibase24
O balanço social, segundo o modelo proposto pelo Instituto Brasileiro de
Análises
Sociais e Econômicas (Ibase), é um demonstrativo publicado anualmen-
te pelas empresas, que reúne informações sobre projetos, benefícios e
ações
sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado,
acionistas
e à comunidade. É, também, um instrumento estratégico para avaliar e
expandir o exercício da responsabilidade social corporativa.
No balanco social a empresa mostra o que faz por seus profissionais,
dependentes,
colaboradores e pela comunidade, dando transparencia as atividades
que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Sua função
principal
é, portanto, tornar pública a responsabilidade social empresarial,
construindo
maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente.
O balanço social é uma ferramenta que, quando construída por múltiplos
profissionais,
tem a capacidade de explicitar e medir a preocupacao da empresa
com as pessoas e a vida no planeta.

a Agenda 21 do BB foi estruturada em tres


dimensões (Figura 5):
■ negócios com foco no desenvolvimento sustentável;
■ práticas administrativas e negociais com RSA; e
■ investimento social privado.

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