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O ensino de enfermagem tem incorporado em seu currículo ferramentas tecnológicas que possibilitam o uso de
metodologias ativas de ensino/aprendizagem e a flexibilidade curricular. Objetivou-se discutir as possibilidades e os
benefícios do uso de ferramentas tecnológicas no ensino da enfermagem, abarcando: e-portfólio, web-podcasting,
wiki, special interest group (SIG), tele-enfermagem, simulação realística, objective structured clinical evaluation
(OSCE), teleimersão e ambientes virtuais. Trata-se de comentário crítico, tecido à luz dos princípios da andragogia.
Os resultados mostraram que a incorporação de ferramentas tecnológicas no ensino da enfermagem condiz com
os princípios da andragogia, estimulando o raciocínio clínico, por meio da utilização de metodologias ativas de
ensino/aprendizagem. Concluiu-se que as ferramentas tecnológicas aqui apresentadas são exemplos que aliam a
tecnologia e o ensino para produzir um modelo de processo adequado e produtor de aprendizados significativos
para discentes e docentes.
Nursing education has incorporated in its curriculum technological tools which permit the use of active teaching/learning
methodologies and curricular flexibility. The objective is to discuss about the possibilities and benefits of the use of
technological tools in nursing education, comprising: e-portfolio, web-podcasting, wiki, special interest group (SIG), tele-
nursing, realistic simulation, objective structured clinical evaluation (OSCE), the tele-immersion and virtual environments.
A critical commentary, observed in the light of the principles of andragogy. The results demonstrate that the incorporation of
technical tools nursing education is consistent with the principles of andragogy, stimulating the clinical reasoning through
the use of active teaching/learning methodologies. It was concluded that the technological tools presented are examples
that ally technology and education to produce an adequate process model and produce significant learning for teachers and
students.
La educación en enfermería ha incorporado en su currículo herramientas tecnológicas que permiten el uso de metodologías
activas de enseñanza/aprendizaje y la flexibilidad curricular. Se objetivo discutir las posibilidades y beneficios del uso de
herramientas tecnológicas en la educación en enfermería, abarcando: e-portfólio, web-podcasting, wiki, special interest group
(SIG), tele-enfermería, simulación realística, objective structured clinical evaluation (OSCE), tele-inmersión y ambientes
virtuales. Se trata de comentario crítico, tejido a la luz de los principios de andragogía. Los resultados demuestran que la
1
Enfermeira. Professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Doutoranda em Enfermagem pela UFRN. Membro do
grupo de pesquisa: Laboratório de Investigação do Cuidado, Segurança, Tecnologias em Saúde e Enfermagem (LABTEC)-UFRN. petalatuani@hotmail.com
2
Enfermeira. Professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Doutoranda em Enfermagem pela UFRN. Membro do
grupo de pesquisa LABTEC-UFRN.. claudiacrisfm@yahoo.com.br
3
Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela UFRN. Membro do grupo de pesquisa LABTEC-UFRN. kisnayasmin@hotmail.com
4
Enfermeira. Membro do grupo de pesquisa LABTEC-UFRN. marta_silvanere@hotmail.com
5
Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem e Pós-Graduação em Enfermagem e líder do grupo de pesquisa LABTEC-UFRN.
vivianeepsantos@gmail.com
6
Enfermeira. Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFCS).
Vice-líder do grupo de pesquisa LABTEC-UFRN. Vice-líder do Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando da UFSC. francis.tourinho@ufsc.br
incorporación de herramientas tecnológicas en la educación de enfermería es coherente con los principios de andragogía,
estimulando el raciocinio clínico, por medio de la utilización de metodologías activas de enseñanza/aprendizaje. Se concluyó
que las herramientas tecnológicas que se presentan son ejemplos que alían la tecnología y la educación para producir un
modelo de proceso adecuado y productor de significativos aprendizajes para discentes e docentes.
INTRODUÇÃO
E-portfólio Tele-enfermagem
Como alternativa tecnológica para abordar as Dentre as novas tecnologias que podem
capacidades de pensamento crítico, têm-se os ser utilizadas no ensino, pode-se mencionar o
Computer Mediated Comunication (CMC), que colaborativa entre os centros de ensino e às ses-
inclui as aplicações via Internet, facilitando a sões de teleconsultorias; trocas de experiências;
comunicação, tais como o correio eletrônico redução de custos, principalmente de desloca-
(e-mail), as conversações (chats), os grupos ou mento; acesso à grande quantidade de informa-
fóruns de discussão. Como exemplo, citam-se: ções; e contribuição para a equidade da saúde,
(listservers), as informações hipermídia (WWW), qualificando os profissionais que trabalham em
as bibliotecas virtuais, os jornais eletrônicos e as regiões distantes e de difícil acesso (BOLAÑOS,
bases de dados; o Computer Managed Instruction 2010; FERNÁNDEZ; HERNÁNDEZ, 2010).
(CMI), que utiliza o computador para armaze- Dessa forma, a tele-enfermagem, ao ser uti-
nar, recuperar dados e organizar a instrução; e o lizada como ferramenta pedagógica adequada e
Computer Based Multimídia (CBM), baseado em diferenciada, pode proporcionar ensino de qua-
recursos sofisticados e robustos que integram vá- lidade a uma clientela que possui determinadas
rias tecnologias, incluindo os novos softwares de características, destacando-se a educação do
administração de ensino via Internet e as novas profissional já inserido no mercado de trabalho
tecnologias da videoconferência, teleconferência e que tem uma experiência acumulada, facili-
e audioconferência que permitem integrar várias tando o acesso ao saber coletivo por meio do
mídias (MERHY, 2011). intercâmbio de experiências (LIMA et al., 2012).
No contexto de utilização das ferramentas Para a consolidação de tais ideias, é imperati-
CBM para a qualificação da prática sanitária, em vo que haja bom planejamento didático, seleção
seus diversos ambientes, destaca-se a telemedici- de conteúdos que sejam adequadamente relacio-
na, definida como a utilização de tecnologias de nados às competências a serem adquiridas pelo
informação e comunicação para transferência de aluno, construção de material gráfico adequado à
informação médica com finalidades diagnósticas, concepção pedagógica adotada e estrutura orga-
terapêuticas e educativas (ROIG; SAIGÍ, 2009). nizacional de suporte, com tutores que compreen-
No Brasil, vislumbrando os benefícios de tal dam o seu papel de facilitadores do processo de
ferramenta tecnológica, o Ministério da Saúde, ensino-aprendizagem (LIMA et al., 2012).
em parceria com os Ministérios de Ciência e
Tecnologia e Educação, implantou, em 2007, o Special Interest Group (SIG)
Programa Telessaúde Brasil. Outrossim, destaca-
-se a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), Inseridos no âmbito da telemedicina, estão
iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, os grupos de interesse especial (SIG), do inglês
apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos Special Interest Group. Trata-se de uma rede de
(Finep) e pela Associação Brasileira de Hospitais interesse específico, que se fomenta por meio de
Universitários (Abrahue) e coordenada pela uma agenda de trabalho definida por videocon-
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), vi- ferências, com o objetivo de agregar profissio-
sando ao apoio e aprimoramento de projetos em nais que se encontram regionalmente distantes,
telemedicina já existentes (COURY et al., 2010). exercendo atividades de ensino, pesquisa e as-
Inserida nesse contexto está a tele-enferma- sistência na área da saúde (SALVADOR et al.,
gem, que busca incorporar os benefícios ímpares 2010).
da telemedicina à área da enfermagem, em seus Os SIGs promovem debates, discussões de
diversos campos de trabalho, sobretudo no en- caso, aulas e diagnósticos a distância. Integra,
sino, compreendido como um processo perma- atualmente, 140 instituições distribuídas em to-
nente e infinito, que se lapida paulatinamente, dos os estados da federação brasileira, organi-
sobretudo no ambiente de trabalho. zadas num quantitativo de aproximadamente 50
Destacam-se, assim, como benefícios da tele SIGs em Psiquiatria, Cardiologia, Enfermagem,
-enfermagem: capacitações permanentes; aces- Oftalmologia, Dermatologia, dentre outras espe-
so aos protocolos sistematizados, à pesquisa cialidades. Aproxima, de forma virtual, centros
também promoveu maior integração e interação, uma folha de marcação/tempo previamente es-
proporcionando a disseminação do conheci- truturada. Isso permite avaliar as habilidades, o
mento por parte dos alunos. Esses benefícios e raciocínio clínico, a abordagem diagnóstica e a
possibilidades também são notórios no ambiente postura do aluno frente a essas situações, consti-
Moodle, que oferece diversificadas ferramentas tuindo-se em uma importante ferramenta para o
de interação docente-discente e entre discentes ensino e a aprendizagem do aluno.
para promover um processo de ensino-aprendi-
zagem integrado. DISCUSSÃO
Com isso, o AVA passou a ser um espaço
fecundo, em que alunos, professores e objetos A incorporação de inovações tecnológicas
técnicos interatuam, potencializando a constru- ao ensino do enfermeiro, quando direcionada
ção do conhecimento e da aprendizagem. Ele ao processo de ensino-aprendizagem, possibi-
é capaz de simular uma determinada realidade, lita construir um ambiente de conforto físico,
bem como disponibilizar textos interativos, ima- confiança e respeito mútuo com o docente fa-
gens, gráficos e atividades que possam favorecer cilitador do processo, além de possibilitar que
o raciocínio do conteúdo e a construção de no- o discente compreenda a importância do co-
vas aprendizagens. nhecimento para o futuro, passando de sujeitos
passivos, para a condição de sujeito capaz de au-
Objective Structured Clinical todireção, pressupostos inerentes ao modelo de
Examination (OSCE) processo andragógico (BROUSSARD; McEWEN;
WILLS, 2009).
A introdução de novos métodos de avalia- A andragogia difere da pedagogia por diferen-
ção que simulam situações clínicas da prática tes pressupostos sobre o conceito de aprendiz:
tem fornecido suporte para o aprimoramento da o papel da sua experiência na aprendizagem, a
aprendizagem do aluno. Nessa modalidade, uma disponibilidade para aprender, a orientação para
das ferramentas mais utilizadas é o exame clí- a aprendizagem e a motivação para aprender.
nico objetivo estruturado – Objective Structured Tudo isso influenciará no aprendizado do adulto
Clinical Examination (OSCE). em um ambiente (DRAGONOV; FRIEDLÄNDER;
Desde 1975, o OSCE tem sido utilizado como SANNA, 2011).
ferramenta e avaliação da aprendizagem dos alu- Afinal, para essa teoria, o adulto é um aluno
nos. Por isso, tem se mostrado adequado para diferenciado, visto que já passou por diferentes
avaliar as competências clínicas dos discentes situações, experiências, transformações de pen-
no decorrer do processo de formação, principal- samentos e atitude, como também já acumulou
mente em cursos da área da saúde. experiências que podem tanto fundamentar sua
O OSCE parte da simulação ou aproximações aprendizagem como também ser fonte de redu-
com a realidade, na tentativa de reproduzir situa- ção de interesse e de conhecimentos.
ções clínicas em condições padronizadas, per- Fazendo um paralelo entre a pedagogia e a
mitindo, por meio da observação e avaliação, o andragogia tem-se que a primeira faz pouca uti-
alcance de objetivos específicos. lização desses pressupostos e prefere recorrer à
Esse exame busca fazer com que o aluno experiência do professor, do manual, do auxí-
seja avaliado nas mais diferentes situações, or- lio audiovisual, o que faz com que o essencial
ganizando essa avaliação em várias estações, da sua metodologia consista na transmissão de
ao redor das quais os estudantes rodam e são técnicas. Já a andragogia, ao reconhecer a expe-
avaliados em tarefas específicas (anamnese, exa- riência dos adultos, quantitativa (anos de vida)
me físico, comunicação com o paciente, dentre e qualitativamente (diversidade de papéis e de
outras), em que são avaliados por um ou dois contextos da existência), percebe, nesses dois
avaliadores que pontuam seu desempenho em
pontos, o elemento motivador para a transfor- tecnologia e o ensino para produzir um modelo
mação da aprendizagem do aluno. de processo adequado e produtor de aprendiza-
A utilização das ferramentas tecnológicas, à dos significativos para discentes e docentes.
luz dos princípios da andragogia, por conseguin- Sendo assim, almeja-se promover reflexões
te, rompe com o modelo técnico e de avaliação em discentes, docentes e demais atores do meio
quantitativa e inaugura um processo coletivo de científico quanto à necessidade de transforma-
ensino/aprendizado pautado na multidimensio- ções nas práticas de formação profissional, as
nalidade, solidariedade e reflexividade. quais devem ser voltadas para as novas tendên-
Com isso, o educador, ao utilizar a teoria cias. Somado a isso, move-se discussão acerca
andragógica, passa a visualizar os alunos como dos métodos educativos empregados na realida-
participantes ativos do processo de ensino-apren- de atual de formação de enfermeiros.
dizagem, o que pode vir a facilitar a interação
e integração desse processo. Desse modo, para REFERÊNCIAS
que a aprendizagem seja deveras significativa
para o aprendiz, o processo de ensino deve en- BARBOSA, Elizabeth C.V.; VIANA, Lígia O. Um olhar
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da autoria dos discentes frente ao processo de
Curso de Graduação em Enfermagem. Brasília, 2001.
construção de saberes. O ambiente de aprendi-
zado, nessa perspectiva, deve proporcionar con- BRITO, Glaucia S. Educação e novas tecnologias: um
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forto, sensibilização para o interesse de aprender
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No ensino do enfermeiro, esse processo
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complexifica-se à medida que se entende que p. 405-434.
o futuro profissional deve ser formado não so-
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Concluiu-se que as ferramentas inovado- usability - the brazilian telemedicine university
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Aceito: 15/12/2014