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Nietzsche havia decretado a morte de Deus e os homens estavam entregues ao seu destino.
“Sou a hora, e a hora é de assombros e toda ela escombros dela”, as palavras de Fernando
Pessoa não poderiam definir melhor a crise de valores em que se encontrava a Europa entre o
final do século 19 e início do século 20.
Este era o contexto cultural que Mies encontrou em Berlim em 1905, quando foi trabalhar no
escritório do arquiteto Bruno Paul. Dois anos mais tarde, um professor de filosofia,
completamente idealista, queria que sua casa fosse construída por um arquiteto jovem. Paul
indicou Mies, que aos 21 anos projetou e construiu a residência de Alois Riehl, um dos principais
filósofos berlinenses do início do século 20.
O projeto de Riehl lhe abriu as portas da sociedade berlinense, pondo-o em contato com
intelectuais e lhe possibilitando trabalhar com Peter Behrens, para quem os outros pais do
movimento modernista da arquitetura, leiam-se Le Corbusier e Walter Gropius, também
trabalharam entre 1907 e 1910.
Mies - como muitos arquitetos um alpinista social inventado e mutante - era um autodidata.
Embora tenha cursado alguns anos em Latim e aritmética em escolas religiosas em Aachen,
Alemanha, onde nasceu em 1886, sua educação formal era mínima. Sua jornada de uma família
de pedreiros para um cavalheiro com modos de um aristocrata mundial foi em grande parte
uma questão de aprendizado (mais notavelmente com o mestre moderno Peter Behrens, com
quem Walter Gropius e Le Corbusier também treinaram).
Já em 1912, Mies já possuía seu escritório próprio de arquitetura e dez anos mais tarde já era
editor da famosa Revista G, junto a personagens chaves do Neoplasticismo como van
Doesburg e Lissitzky. A influência plástica é fundamental no trabalho de Mies, evidenciada
pelos novos conceitos vanguardistas de ortogonalidade, abstração e fluidez espacial adotadas
por Mies.
Foi durante este período que ele construiu obras como a Casa Wolf ou Hermann Lange
House. Além de ter construído obras como a Casa Urbig (1917) e o edifício Afrikanischestrasse
(1927), no entanto, seria em 1929, que realiza sua obra mais emblemática, o Pavilhão Nacional
Alemão para a Exposição Internacional de Barcelona, mais conhecido como o Pavilhão de
Barcelona, onde alcançou a máxima expressão de seu estilo.
Mies possuía uma arquitetura sempre voltada ao racionalismo espacial. Sua concepção dos
espaços arquitetônicos envolvia uma profunda depuração da forma, voltada sempre às
necessidades do lugar. Esse minimalismo se expressa em uma de suas mais famosas frases: Less
is more ("Menos é mais").
"Seus prédios irradiam racionalidade, confiança e elegância do seu criador (...) No nosso tempo,
em que não há limite abordagem reducionista Mies é mais relevante do que nunca (...) menos é
mais".
Um de seus projetos mais famosos em 1929 foi o pavilhão alemão da Feira Universal de
Barcelona: uma estrutura bastante leve, sustentado por delgados pilares metálicos e constituído
essencialmente de planos verticais e horizontais.
Para integrar à essa nova arquitetura, Mies projeta também o mobiliário nele contido – a tão
famosa linha que ficou conhecida através dos tempos como linha “Barcelona “, mantendo o
mesmo conceito de leveza e empregando os mesmos materiais.
Após a exposição, o pavilhão foi demolido, mas sua importância foi tal que voltou a ser
construído na década de 1990 como homenagem ao arquiteto e símbolo do modernismo.
Foi professor da Bauhaus - uma escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda que
funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha - e um dos formadores do que ficou conhecido por
International Style.
Depois de estar no comando da Bauhaus junto a Gropius, até 1933 período onde cria algumas
peças de mobiliário, onde aplica antigas tecnologias artesanais, que viriam a se tornar
particularmente populares até os dias de hoje, como a Cadeira Barcelona (e mesa) ou
a Cadeira Brno. Com a perseguição nazista cada vez mais forte, Mies foi obrigado a sair da
Alemanha e passa a viver nos Estados Unidos, destino comum dos exilados alemães.
Mies não se considerava uma pessoa politizada. É interessante seu comentário sobre um colega
que havia trabalhado para os nazistas:” Não o desprezo por ser nazista, mas por ser mau
arquiteto”.
Os anos de 1930 não foram fáceis para Mies, que não conseguia construir e vivia dos móveis que
havia projetado. Posteriormente emigrou para os Estados Unidos em 1938, onde torna-se
responsável pela direção da Faculdade de Arquitetura da Illinois Technology Institute em
Chicago, a qual realizou sua reforma que acabou tornando-se uma de suas obras mais
importantes.
Na posse, foi saudado por Frank Lloyd Wright, que anos mais tarde o acusaria de haver fundado
um novo classicismo nos Estados Unidos. E, de fato, com exceção da residência projetada para
a senhora Farnsworth, em 1950, que lhe valeu um processo e, em época de caça às bruxas, a
acusação de ser obra de comunista, Mies deu um caráter bastante clássico à sua arquitetura nos
Estados Unidos.
Sua obra tornou-se mais estática, sem o jogo de diferenças que enriquecia a sua arquitetura
anterior. Terminada em 1969, ano da morte de Mies, a Neue Nationalgalerie de Berlim, seu
único projeto construído na Alemanha após a Segunda Guerra, comprova este classicismo,
embora apresente a mesma conquista espacial de seus projetos anteriores, principal
característica da obra de Mies van der Rohe.
Em 1945 começa a construção da Casa Farnsworth que termina em 1950. Um ano depois,
ingressa na sua etapa de construção de arranha-céus, desenvolve pesquisas, junto de Philip
Johnson o Edifício-sede da Seagram (então o prédio mais alto do mundo) em New York,
considerado marco do funcionalismo. Neste projeto, Rohe revoluciona o padrão construtivo
nova-iorquino ao deixar metade do terreno livre para uso público e tornar o edifício uma leve
torre de vidro.
Outras de suas obras o Edifício IBM, de 1973, a Neue National Gallery de Berlim, o Parque
Lafayette, o Centro Federal de Chicago, a Villa Tugendhat, de 1930, dentre muitas outras que
serviram e servem de inspiração para arquitetos e estudantes em todo o mundo. Mies, um
arquiteto vanguardista, obcecado pela simplicidade, pelos detalhes e pela elegância da
arquitetura. Suas obras são reflexo de uma visão inovadora da arquitetura, formada com muita
disciplina através de sua vida.
Mies morreu em 1969, deixando um dos legados mais importantes do século XX. Até hoje este
arquiteto é uma importante fonte de inspiração e estudo para milhões de arquitetos e
estudantes em todo o mundo que veem no seu trabalho o espírito de um inquietante arquiteto
com espírito vanguardista, amante da simplicidade e da elegância.
Suas colaborações na arquitetura e no design permanecem vivas e seus conceitos ainda atuais.
Posição Arquitetônica
"(...) Pessoalmente, gosto de ter limites. Penso que para os que têm poucas habilidades seria
muita liberdade. Quando se tem menos limites deve-se tomar mais cuidado. (...)"
Os projetos de Mies são, às vezes, completamente ideais, somente espaço, como seus arranha-
céus de vidro de 1922 ou a residência Farnsworth, nos EUA, de 1950. Em outros, matéria e
espaço interagem em um jogo constante, como na residência Tugendhat de 1931, patrimônio
histórico da humanidade, na cidade tcheca de Brno.
Com relação aos seus projetos, tinham como principais conceitos envolvidos: precisão,
regularidade, ordem, sinceridade, rigor, beleza, cristalinidade. Ambicionava o Espaço universal:
uma estrutura espacial, como um pavilhão, capaz de aceitar quase todo tipo de função. Este era
seu principal paradigma, funcionalista. O projeto do Pavilhão de Exposição de Barcelona (1929)
retoma um novo gênero construtivo baseado na precisão e regularidade. No Seagram Building,
Nova York (1954-58), lemos um prisma perfeito, monolítico, cuja fachada apresenta finos
montantes e lâminas de vidro.
Premiado durante sua carreira, foi diretor da famosa Escola de Design Bauhaus, e chefe do
departamento de arquitetura do Illinois Institute of Technology. Teve projetos construídos em
6 países diferentes, com uma grande parte de seus projetos em Chicago nos Estados Unidos.
Naturalizou-se americano em 1944.
No dia em que faria 126 anos o homenageou com um Google Doodle que lembrava a Crown
Hall, uma das principais obras de van der Rohe.
Seus trabalhos de design de prédios e de móveis foram marcados pelo racionalismo, com formas
geométricas, simplicidade e sofisticação.
Entre seus projetos arquitetônicos mais importantes está o pavilhão alemão para a Feira
Mundial de 1929 em Barcelona (demolido após a feira, mas reconstruído em 1986 em
homenagem ao criador). Nesse pavilhão foi apresentada uma de suas principais criações em
mobília: a cadeira Barcelona.
Outro móvel consagrado pelo arquiteto foi a cadeira Brno, feita para integrar a casa Tugendhat,
erguida em 1930 em Brno, na República Tcheca. Em comum, o traço minimalista e o uso de
materiais como o aço tubular, presente em outros trabalhos.
Assim, se "Deus está no detalhe", como costumava ensinar aos seus alunos, "Ele" certamente
teria validado antes os princípios estruturais, as relações espaciais, as escolhas de materiais e a
simplicidade formal. Mies não apenas desenvolveu edifícios, objetos. Criou verdadeiros sistemas
cujos resultados significavam, sozinhos, a conjunção de todos os fatores que lhe eram caros. Ao
perseguir a simplicidade, provou que sinceridade estrutural e desenvolvimento técnico podem
produzir arte da melhor qualidade.
http://www.archdaily.com.br/br/01-40311/126-graus-aniversario-de-mies-van-der-rohe
http://www.archdaily.com.br/br/601474/mies-o-homem-modernista-das-palavras
http://www.archdaily.com.br/br/01-185940/feliz-aniversario-mies-van-der-rohe
http://www.archdaily.com.br/br/01-105737/feliz-aniversario-mies-van-der-rohe
http://www.maisdesignmoveis.com/designers/designer.php?id=14
http://www.dw.de/mies-van-der-rohe-o-solit%C3%A1rio-ca%C3%A7ador-da-verdade/a-
1943087
http://www.territorios.org/teoria/H_C_mies.html
http://arqfolio.com.br/blog/mies-van-der-rohe/
http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/album-de-fotos/os-moveis-consagrados-pelo-
arquiteto-mies-van-der-rohe