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O documentário busca dialogar sobre a morte sob ótica da exumação e seus desdobramentos, fazendo um
paralelo entre as lembranças daqueles que já morreram, e a comicidade do processo de exumar.
A exumação é uma técnica antiga, usada pelos coveiros, para realocar das sepulturas os restos mortais
daqueles que já morreram, assim permitindo que novos corpos sejam enterrados. É um trabalho comum, que
tem pouca visibilidade em razão do grande tabu existente no ocidente: a morte. Porém, apesar de ser um
momento delicado para algumas famílias, é comum acontecer situações inusitadas durante o processo.
A associação da morte com a sensação de tristeza assola maior parte do ocidente, com algumas exceções
como: México, onde é celebrado o “Dia dos Mortos” e na cidade de Cachoeira (BA), no Brasil, onde é
celebrada a “Festa da Boa Morte”. Assim, grandes crises sociais acontecem decorrente dessa visão de
profundo sofrimento incessante.
Ciente desse cenário, o projeto busca, através da temática abordada, quebrar paradigmas, e proporcionar
um olhar elucidativo, de forma leve e trivial, sobre o processo que é inerente ao ser humano, através de
entrevistas com pessoas que viveram o processo de exumação de seus familiares e do profissional do ramo:
o coveiro.
Além dos relatos, iremos proporcionar conversas entre os entrevistados sobre as próprias entrevistas,
criando um sentimento de integração e possibilitando trocas de experiência: um experimento social que irá
enriquecer a narrativa.
Diante disso, projeto tem o intuito de tirar a morte do armário, torná-la palpável, e até mesmo cômica, como
qualquer outro acontecimento da vida.
II – Proposta de documentário
O documentário participativo ganhará vida a partir das entrevistas com pessoas na faixa de 40 à 70 anos que
viveram o processo de exumação, no interior de São Paulo, e contaremos com a participação de um coveiro,
também do interior de São Paulo.
As entrevistas acontecerão em uma casa locada especialmente para as gravações, onde cada entrevistado
irá relatar, de forma individual suas experiências. Após a edição desse material, iremos reunir os
entrevistados, nessa mesma casa, e rodar as entrevistas para eles assistirem e dialogarem entre si sobre
essa experiência de ouvir outras histórias similares e tratar desse tema pouco comentado no dia-a-dia.
Na fotografia usaremos planos médios e planos detalhes durante as entrevistas, e closes para momentos
mais emocionais a fim de captar a profundidade do sentimento relatado. Durante a integração dos
entrevistados, usaremos movimentos de câmera, planos abertos, planos médios e planos detalhe para captar
cada reação do experimento, assim como a cobertura de imagem do cemitério.
Após as entrevistas, será eleito o entrevistado mais cativante para dar apoio às coberturas do cemitério e
para participar de performances que remeterão às entrevistas e a temática do documentário.
Referência de fotografia e montagem: “Praça da Luz” (2007) Carolina Markowicz e Joana Galvão.
A montagem será feita através de uma linha narrativa que contemplará as semelhanças de cada relato em
uma crescente, e seu ritmo acompanhará a emoção de cada situação.
A arte tem o papel fundamental de criar uma atmosfera alegre na casa, e tem como referência às
celebrações festivas: “Dia dos Mortos” (México), “Festival de Obon” (Japão) e “Festa da Boa Morte” (Brasil).
Usaremos cores quentes e luzes nos cômodos onde as pessoas serão entrevistadas.
Referências bibliográficas:
https://portal.estacio.br/media/3730417/d%C3%ADa-de-los-muertos-um-rito-de-cores-e-alegria.pdf
https://madeinjapan.com.br/2013/08/13/festival-obon-celebra-a-visita-dos-antepassados/
https://www.personare.com.br/dia-dos-mortos-e-suas-diferentes-celebracoes-m4182
O som do documentário será naturalista, e teremos a presença do chorinho brasileiro na trilha musical.
III - Eleição e Descrição dos Objetos
Entrevistas individuais
Pessoas entre 40 e 70 anos que vivenciaram o processo de exumação de seus familiares, e um coveiro.
Os entrevistados serão reunidos na casa, e irão assistir às entrevistas de todos e depois irão dialogar sobre
os relatos, e sobre a experiência no geral.
Objetos significativos
Casa
A locação principal será uma casa, no interior de São Paulo, e terá dois quartos, o corredor e a sala
decorados com referência nas celebrações festivas: “Dia dos Mortos” (México), “Festival de Obon” (Japão) e
“Festa da Boa Morte” (Brasil).
Exumação
Chorinho brasileiro
Trilha musical com chorinho brasileiro, gênero que traz um lamento em forma de musicalidade eufórica e
dinamismo - essência do documentário.
Imagens dos entrevistados na casa
Voice overs
Voice overs dos relatos dos entrevistados enquanto outras imagens aparecem nas telas.
Serão elaboradas performances na casa, com o entrevistado mais cativante, que remeterão aos relatos das
entrevistas e a temática do documentário.
Faremos algumas perguntas iniciais para quebrar o gelo e depois faremos perguntas mais objetivas sobre a
temática do documentário.
Entrevistas individuais
Como chama?
No que acredita?
E sobre a morte? Como foi seu primeiro contato com ela?
Como você se sente quando pensa na morte? É um assunto difícil para você?
Na sua família, vocês conversavam sobre isso ou era um assunto pouco comentado?
E sobre a exumação, era algo tabu ou era normal falar sobre isso?
E teve algum objeto que sua família enterrou junto com ele? O que esse objeto significa pra você?
O que você e a sua família fizeram com os restos mortais do seu familiar?
A sua perspectiva sobre a morte mudou depois que iniciou os processos de exumação da sua família? O que
mudou?
Encerramento da entrevista.
Como chama?
O senhor lembra a primeira vez que teve que exumar alguém? Como foi?
Exumação é um processo sério e delicado, mas já viu alguma situação que foi meio engraçada? O que
aconteceu?
Tem muita gente que tem pavor de morrer e até de falar da morte né? O senhor acha que a gente tinha que
falar mais sobre isso?
Encerramento da entrevista.
VI – Sugestão de Estrutura
1. Abertura
2. Desenvolvimento
3. Conclusão