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Ossos do Ofício

Isabel Guariso Panzoldo

Abril de 2020 – Salto/SP


I – Visão Original

​ um documentário que dialogará sobre a morte sob ótica da exumação e seus


Ossos do Ofício é
desdobramentos, fazendo um paralelo com as lembranças daqueles que já morreram, e a comicidade do
processo de exumar.

O curta-metragem de 15 minutos trata de um tema inédito de forma sensível e divertida, trazendo relatos de
pessoas que viveram o processo de exumação de seus familiares e um coveiro, meio à uma estética festiva
e nostálgica. Além dos relatos, iremos proporcionar conversas entre os entrevistados sobre as próprias
entrevistas, criando um sentimento de integração e possibilitando trocas de experiência: um experimento
social que irá enriquecer a narrativa.

A associação da morte com a sensação de tristeza assola maior parte do ocidente - com algumas exceções
como no México, onde é celebrado o “Dia dos Mortos” e na cidade de Cachoeira, na Bahia onde é celebrada
a “Festa da Boa Morte” – Em razão disso, o projeto aparece com intuito de quebrar paradigmas e
proporcionar um olhar elucidativo sobre esse processo que é inerente ao ser humano.

Diante disso, ​Ossos do Ofício ​tem como objetivo tirar a morte do armário, e tornar esse processo final da
exumação palpável à todos e mostrá-lo até mesmo cômico, como qualquer acontecimento da vida.

II – Proposta de documentário

O documentário participativo ganhará vida a partir das entrevistas com pessoas na faixa de 40 à 70 anos que
viveram o processo de exumação, no interior de São Paulo, e contaremos com a participação de um coveiro,
também do interior de São Paulo.

As entrevistas acontecerão em uma casa locada especialmente para as gravações, onde cada entrevistado
irá relatar, de forma individual suas experiências. Após a edição desse material, iremos reunir os
entrevistados, nessa mesma casa, e rodar as entrevistas para eles assistirem e dialogarem entre si sobre
essa experiência de ouvir outras histórias similares e tratar desse tema pouco comentado no dia-a-dia.

Referência de documentário participativo: “Crônica de um Verão”(1961) Jean Rouch.

O documentário mesclará entrevistas às imagens dos entrevistados na casa, imagens de objetos


significativos dos entrevistados que remetem aos familiares que já morreram, imagens de cobertura de um
cemitério, a integração dos entrevistados, e a gravação de uma exumação autorizada.
Na fotografia usaremos planos médios e planos detalhes durante as entrevistas, e closes para momentos
mais emocionais a fim de captar a profundidade do sentimento relatado. Durante a integração dos
entrevistados, usaremos movimentos de câmera, planos abertos, planos médios e planos detalhe para captar
cada reação do experimento, assim como a cobertura de imagem do cemitério. A estética da iluminação será
naturalista.

Após as entrevistas, será eleito o entrevistado mais cativante para dar apoio às coberturas do cemitério.

Referência de fotografia e montagem: “Praça da Luz” (2007) Carolina Markowicz e Joana Galvão.

A montagem será feita através de uma linha narrativa que contemplará as semelhanças de cada relato em
uma crescente, e seu ritmo acompanhará a emoção de cada situação.

Como o documentário busca falar da morte através da exumação e da conexão com as pessoas que foram
exumadas, por isso a abordagem dialogará sobre a relação com as nossas raízes, nossa ancestralidade e
também sobre encarar com leveza o processo final da morte, é o luto que já acabou.

Portanto na arte, trabalharemos o conceito de raízes, teias, e retirada de véu sobre o tabu da exumação
através de ​instalações​ simples nos cômodos da casa: a sala representará as relações com os familiares
falecidos, e faremos dois ambientes para as entrevistas com a temática de retirada de véu e coisas
inesperadas para simbolizar a quebra desse tabu.

Além disso, é essencial que tenha um clima festivo, porque queremos falar sobre a morte de um jeito alegre,
por isso tem a referência no festival do “Dia dos mortos” (México), “Festa da boa morte” (BA-BR) e “Festival
de Obon” (Japão), para isso trabalharemos com as cores e luzes.
Referências de instalação
Referências bibliográficas:
https://portal.estacio.br/media/3730417/d%C3%ADa-de-los-muertos-um-rito-de-cores-e-alegria.pdf

https://madeinjapan.com.br/2013/08/13/festival-obon-celebra-a-visita-dos-antepassados/

https://www.personare.com.br/dia-dos-mortos-e-suas-diferentes-celebracoes-m4182

O som do documentário será naturalista, e teremos a presença do chorinho brasileiro na trilha musical,
gênero que traz um lamento em forma de musicalidade eufórica e dinamismo - essência do documentário.

III - Eleição e Descrição dos Objetos

Entrevistas individuais

Três pessoas entre 40 e 70 anos que vivenciaram o processo de exumação de seus familiares, e um coveiro.

Conversa dos entrevistados

Os entrevistados serão reunidos na casa, e irão assistir às entrevistas de todos e depois irão dialogar sobre
os relatos, e sobre a experiência no geral.

Objetos significativos

Objetos que remetem os entrevistados àqueles que já faleceram.

Casa

A locação principal será uma casa, no interior de São Paulo, e terá dois quartos, o corredor e a sala
decorados com referência nas celebrações festivas: “Dia dos Mortos” (México), “Festival de Obon” (Japão) e
“Festa da Boa Morte” (Brasil).
Instalações

Instalações simples que trabalharão conceitos de raízes, teias, e retirada de véu sobre o tabu da exumação

Cobertura de imagens no cemitério

Gravação de um entrevistado andando por um cemitério em Salto (SP).

Exumação

Gravação de uma exumação autorizada em um cemitério de Salto (SP).

Chorinho brasileiro

Trilha musical com chorinho brasileiro.

Cobertura de imagens dos entrevistados na casa

Imagens dos entrevistados andando pela locação principal.

Voice overs

Voice overs​ dos relatos dos entrevistados meio à cobertura de imagens.

IV - Sugestão de perguntas para entrevista

Faremos algumas perguntas iniciais para quebrar o gelo e depois faremos perguntas mais objetivas sobre a
temática do documentário.

Entrevistas individuais

Como chama?

Quantos anos tem?


Profissão que exerceu/exerce?

Conta um pouco do seu dia-a-dia.

Tem algum hobby?

Tem alguma religião? É praticante?

No que acredita?

E sobre a morte? Como foi seu primeiro contato com ela?

Como você se sente quando pensa na morte? É um assunto difícil para você?

Na sua família, vocês conversavam sobre isso ou era um assunto pouco comentado?

E sobre a exumação, era algo tabu ou era normal falar sobre isso?

Quem da sua família você cuidou do processo de exumar?

Como era a relação de vocês?

Como foi o processo de luto?

Como foi a exumação?

Um momento marcante da sua primeira exumação.

E teve algum objeto que sua família enterrou junto com ele? O que esse objeto significa pra você?

O que você e a sua família fizeram com os restos mortais do seu familiar?

A sua perspectiva sobre a morte mudou depois que iniciou os processos de exumação da sua família? O que
mudou?
Encerramento da entrevista.

Entrevista individual com coveiro

Como chama?

Quantos anos tem?

Mora em Salto mesmo?

Há quanto tempo é Coveiro?

Quando era menino, tinha medo de vir no cemitério?

Tem família enterrada no cemitério que você trabalha?

Conte um pouco do seu dia-a-dia no cemitério.

Pode explicar como que a exumação funciona?

O senhor lembra a primeira vez que teve que exumar alguém? Como foi?

Exumação é um processo sério e delicado, mas já viu alguma situação que foi meio engraçada? O que
aconteceu?

Tem muita gente que tem pavor de morrer e até de falar da morte né? O senhor acha que a gente tinha que
falar mais sobre isso?

Encerramento da entrevista.
V – Sugestão de Estrutura

1. Abertura

Voice overs d​ os relatos dos entrevistados, cobertura de imagens no cemitério e início de


entrevistas.

2. Desenvolvimento

Entrevistas com os familiares e coveiro, imagens da exumação, objetos significativos e


imagens casa com ​voice overs.

3. Conclusão

Conversas com entrevistados integradas, continuação dos relatos dos entrevistados e


finalização com cobertura de imagens no cemitério com ​voice overs.

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