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AS (IM)POSSIBILIDADES VIVIDAS NO PROCESSO DO LUTO MATERNO

FRENTE À MORTE POR SUICÍDIO

Resumo: O luto pela morte de um ente querido pode ser descrito, do ponto de vista
fenomenológico, como uma experiência de dor e perda de sentido do mundo-da-vida, a
partir do rompimento da relação eu-tu, que encerra a possibilidade de atualização do
diálogo. Dentre as muitas experiências de luto, duas daquelas que são consideradas as
mais desorganizadoras que um ser humano pode sofrer são as vividas pelos pais diante
da perda de um filho e as que advém de mortes por suicídio. Este estudo foi
desenvolvido a partir de uma pré-reflexão com base na literatura encontrada
contemplando os temas citados e na análise do caso específico de uma mãe cuja filha
tirou a própria vida. Utilizou-se como metodologia uma pesquisa empírica qualitativa,
de caráter exploratório a partir da análise de entrevista, realizada com essa mãe,
orientada pelo método fenomenológico. As características mais marcantes e distintivas
que se revelaram na experiência analisada foram um profundo sentimento de impotência
diante da percepção de um desfecho que insistia em se apresentar de modo inexorável, o
desamparo vivido na busca por um auxílio que se evidenciava insuficiente e o grande
desgaste das relações da família nuclear. Percebe-se que estas experiências perpassaram
o vivido mesmo antes da morte da filha e se prolongaram no tempo, marcando também
o processo de luto. Como recursos de enfrentamento, por outro lado, despontaram o
suporte encontrado no amparo da família ampliada e no coping religioso, depois do
suicídio consumado. Espera-se que este trabalho contribua para uma reflexão mais
ampla e uma compreensão mais profunda tanto deste fenômeno quanto acerca do papel
dos profissionais da saúde no acompanhamento de pacientes em risco de suicídio e seus
familiares.

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