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FICHA DE PREPARAÇÃO PARA O TESTE – 9.

º ano

Grupo I (50 pontos)

Parte A

Lê atentamente o texto.

França e Inglaterra são bons destinos


para emigrar, mas é preciso partir bem
informado
O cônsul português em Paris diz que França continua a oferecer “muitas
oportunidades” aos emigrantes. Também o capelão da missão católica
portuguesa de Londres garante que os “portugueses são muito bem aceites” em
Inglaterra.
5 No âmbito do seminário “A Emigração Portuguesa na Europa – Desafios e
Oportunidades”, que decorre esta segunda-feira no Porto, o cônsul português em
Paris disse que França é um bom destino para os emigrantes portugueses, mas
alertou para a necessidade de todos partirem bem informados, pois “nem sempre
é possível” arranjar emprego, mesmo para os mais qualificados.
10 “Quem quer partir deve fazê-lo de forma informada, com contactos concretos
com empresas ou contratos, se possível”, sublinhou o cônsul português, Pedro
Lourtie, em declarações à Lusa.
O responsável alerta os emigrantes para pensarem “em tudo o que vai ser
necessário quando chegarem ao país de destino, nomeadamente direitos sociais,
15 custos de instalação e habitação e, no caso de França, falar francês, porque
continua a ser muitíssimo importante”.
“França continua a ser um destino [para a emigração portuguesa], desde logo
porque há uma grande comunidade portuguesa, porque é uma grande economia,
central na Europa. Mas deve-se ir de forma o mais informada possível”, sublinhou
20 Pedro Lourtie.
Admitindo a existência de “um novo fluxo de emigração” portuguesa para
França, o cônsul observou que é diferente do das décadas de 1950 e 1960.
“Este novo fluxo de emigração existe. Parece-me que é um fluxo mais diver-
so, porque, se a França já foi o principal destino da emigração portuguesa, hoje
25 há vários, designadamente fora da Europa”, explicou.
Já o capelão da missão católica portuguesa de Londres assegurou, à margem
do seminário, que “os portugueses são muito bem aceites” em Inglaterra,
alertando, porém, para a necessidade de dominar perfeitamente a língua antes de
emigrar.
30 “Eu aconselho algumas pessoas a emigrarem para Inglaterra. Se for uma mão
de obra qualificada com um domínio perfeito do inglês, creio que tem boas razões
para se colocar a caminho porque o país acolhe bem os portugueses”, contou o
padre Pedro Rodrigues. […]
A procura dos portugueses pela Inglaterra, enquanto país de destino para
35 emigrar, tem aumentado, com o responsável católico a admitir que “há dois
meses que não há um dia em que não cheguem emails de famílias completas a
quererem ir para o Reino Unido”.

TSF – Rádio Notícias, Vida – Interior, 8 de outubro de 2012 (adaptado e com supressões)
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. As afirmações apresentadas de A. a F. correspondem a ideias-chave do texto. Escreve a


sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas ideias aparecem no texto.
Começa pela letra F. (6 pontos)

A. Verifica-se que existe um novo fluxo de emigração, diferente do de meados do século XX.
B. Os emigrantes, antes de partirem, devem estar bem informados.
C. Numerosas famílias portuguesas pretendem emigrar para o Reino Unido.
D. Os emigrantes portugueses são bem recebidos no Reino Unido.
E. Há vários fluxos de emigração para fora da Europa.
F. França e Inglaterra são países que oferecem muitas oportunidades aos emigrantes.

2. Relê o sétimo parágrafo do texto e indica a que se refere o pronome “vários”. (2 pontos)

3. Para cada item que se segue (3.1. a 3.4.), assinala a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto. (2 pontos)

3.1. Pedro Lourtie é…

a. o cônsul de França em Lisboa.

b. o cônsul de Portugal em Paris.

c. o diretor dos serviços de emigração.

d. o analista dos fluxos de emigração portuguesa.

3.2. No seminário “A Emigração Portuguesa na Europa – Desafios e Oportunidades”, não foi


referido que… (2 pontos)

a. os emigrantes nem sempre conseguem arranjar emprego.

b. é importante que os emigrantes dominem a língua do país de destino.

c. os emigrantes devem levar agasalhos pois o clima é mais frio.

d. é fundamental os emigrantes pensarem em tudo o que necessitam no país para onde


vão.

3.3. O fluxo de emigração atual é diferente do das décadas de 1950 e 1960 porque os
emigrantes… (2 pontos)

a. se dirigem maioritariamente para França.


b. também se expandem para países fora da Europa.
c. atualmente são mais bem recebidos do que eram antigamente.
d. atuais têm bastantes qualificações.
3.4. O capelão da missão católica portuguesa de Londres… (2 pontos)

a. aconselha algumas pessoas a emigrarem para o Reino Unido.


b. não aconselha as pessoas a emigrarem para o Reino Unido.
c. afirma que os emigrantes que vão para Londres têm oportunidade de aprender inglês
no local.

d. refere que a procura dos portugueses de Inglaterra como destino de emigração tem
diminuído.

Parte B

Lê atentamente o poema.

Vou sobre o Oceano (o luar, de doce, enleva!)


Por este mar de Glória, em plena paz.
Terras da Pátria somem-se na treva,
Águas de Portugal ficam, atrás.

5 Onde vou eu? Meu fado onde me leva?


António, onde vais tu, doido rapaz?
Não sei. Mas o Vapor, quando se eleva,
Lembra o meu coração, na ânsia em que jaz.

Ó Lusitânia, que te vais à vela!


10 Adeus! que eu parto (rezarei por ela)
Na minha Nau Catarineta, adeus!

Paquete, meu Paquete, anda ligeiro,


Sobe depressa à gávea, Marinheiro,
E grita, França! pelo amor de Deus!

António Nobre, Só, Porto Editora, 2009

Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.


4. Considera a primeira estrofe.
4.1. Caracteriza o estado de espírito do sujeito poético. (3 pontos)

4.2. Relaciona a expressão “mar de Glória” com os Descobrimentos. (4 pontos)

5. Explicita a mudança de estado de espírito do sujeito poético da primeira para a


segunda quadra. (4 pontos)

5.1. Identifica o tipo de frase, os vocativos e a comparação que formalmente contribuem para a
sugestão dessa mudança. (3 pontos)

6. No poema tradicional “Nau Catrineta”, o capitão do navio interroga ansiosamente o gajeiro


(aquele que está na gávea) se vê “areias de Portugal”.
6.1. Demonstra como o sujeito poético se inspira e, ao mesmo tempo, inverte a história da “Nau
Catrineta”. (4 pontos)

7. Identifica o género literário em que se integra o texto transcrito. (3 pontos)

7.1. Refere, exemplificando, os elementos que fazem parte da sua estrutura formal. (3 pontos)
Parte C

8. Lê o seguinte excerto de uma carta escrita por Carlos, o protagonista de Viagens na Minha Terra,
dirigida a Joaninha.
Eu vivi poucos meses em Inglaterra; mas foram os primeiros que posso dizer que vivi.
Levou-me o acaso, o destino – a minha estrela, porque eu ainda creio nas estrelas, e em
pouco mais deste mundo creio já – levou-me ao interior de uma família elegante, rica de
tudo o que pode dar distinção neste mundo.
Estranhei aqueles hábitos de alta civilização, que me agradavam contudo; moldei-me
facilmente por eles, afiz-me a vegetar docemente na branda atmosfera artificial daquela
estufa sem perder a minha natureza de planta estrangeira. Agradei: e não o merecia. No
fundo de alma e de carácter eu não era aquilo por que me tomavam. Menti: o homem não
faz outra coisa. Eu detesto a mentira, voluntariamente nunca o fiz, e todavia tenho levado a
vida a mentir.
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, Porto Editora, 2005

8.1. Escreve um comentário crítico ao excerto acima transcrito, com um mínimo de 70 e um


máximo de 120 palavras, em que explicites as linhas fundamentais de leitura do excerto e
apresentes o teu ponto de vista relativamente a ele.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma
conclusão.
Organiza a informação da forma que considerares mais pertinente, tratando os tópicos
apresentados a seguir. (10 pontos)

• Identificação das forças que conduziram o narrador a Inglaterra.


• Explicitação do meio social frequentado pelo narrador, em Inglaterra.
• Explicitação da oposição entre o ser social e o ser íntimo do narrador.
• Interpretação da última frase do texto, focando o carácter do narrador.

Observações relativas ao item 8:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando
esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2013/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras –, há que
atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (um ponto);
– um texto com extensão inferior a 23 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.

(20 pontos)
Grupo II

1. Os segmentos A., B., C., D., e E. constituem partes de um texto e estão desordenados. Escreve
a sequência de letras que corresponde à ordem correta dos segmentos, de modo a reconstituir o
texto. Começa pela letra B.. (5 pontos)

A. Estudante, só na sua “torre”, em Coimbra, na “época sinistra” em que ali cursou Direito, ele
se sentia bem. Uma “noiva”, mais ideal que concreta; um amigo, esse real, Alberto de
Oliveira, quase escravo do seu humor fantástico e excessivo.

B. Nobre, António Pereira. Nasceu no Porto em 1867, morreu tuberculoso na Foz do Douro,
em 1900, depois de ter, em vão, buscado recobrar a saúde em viagens à Suíça, Madeira e
Nova Iorque.

C. Fugiu para Paris, onde acabou por se formar em Ciências Políticas na Sorbonne. Aí foi
fecundo o seu contacto com a poesia francesa coeva – Verlaine, Jean Moréas, Laforgue…

D. Da sua infância transmontana e poveira sobre a qual levou dobrada uma longa
adolescência, ficou-lhe para sempre egolátrica nostalgia. Tempo da vida livre, em que ele
fora o príncipe de todas as homenagens e carinhos, a sua poesia de passado o rememora.

E. Breve intervenção, através de revistas, na vida literária – não lograram jamais conciliá-lo
com a cidade académica que duas vezes o reprovou, a ele, o “criatura nova”, o poeta
predestinado.

Dicionário de Literatura, dir. de Jacinto do Prado Coelho, 3.ª ed., Figueirinhas, 1985 (adaptado e com supressões)

2. Faz corresponder as palavras da coluna A à respetiva classificação quanto ao seu processo de


formação, na coluna B. (4 pontos)

Coluna A Coluna B

a. marégrafo 1. Derivação por prefixação


b. estrela-do-mar 2. Derivação por sufixação
3. Derivação por parassíntese
c. submarino
4. Derivação não afixal
d. marear 5. Conversão ou derivação imprópria
6. Composição morfológica
7. Composição morfossintática

3. Identifica a função sintática do segmento sublinhado nas seguintes frases. (3 pontos)

a. “Vou sobre o Oceano”.


b. “António, onde vais tu, doido rapaz?”.
c. “Mas o Vapor, quando se eleva,/Lembra o meu coração”.
4. Relê os versos 13 e 14 do poema da parte B.
Sobe depressa à gávea, Marinheiro,
E grita, França! […]

4.1. Reescreve-os, iniciando-os por Se… e procedendo às transformações necessárias. (3 pontos)

5. Reescreve a frase seguinte na forma passiva: (3 pontos)

O responsável alerta os emigrantes para pensarem “em tudo o que vai ser necessário
quando chegarem ao país de destino”.

Grupo III (30 pontos)

Emigrar, sim ou não?

Escreve um texto de opinião, correto e bem estruturado, com um mínimo de 180 e um


máximo de 240 palavras, subordinado ao tema “Trabalhar num país estrangeiro: sim ou
não?”, no qual exponhas as vantagens e as desvantagens de trabalhar fora do país,
utilizando argumentos que fundamentem o teu ponto de vista.
Não assines o teu texto.

Observações relativas ao Grupo III:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando
esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2013/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras –, há que
atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (um ponto);
– um texto com extensão inferior a 60 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.
PROPOSTA DE CORREÇÃO

GRUPO I

Parte A

1. F.; B.; A.; E.; D.; C.

2. “destinos da emigração portuguesa” (l. 24)

3.1. b.;
3.2. c.;
3.3. b.;
3.4. a.

Parte B

4.1. O sujeito aparenta estar “em plena paz”, enlevado pelo lindo luar.

4.2. Certamente, “este mar de Glória” invoca o Oceano sulcado pelas caravelas de quinhentos cujos
feitos cobriram, então, de Glória a pátria portuguesa. Postas para trás as terras de Portugal, talvez o
sujeito poético se sinta como um daqueles antigos e egrégios descobridores.

5. À paz sucede a inquietação, a autodesignação depreciativa (“doido rapaz”), a incerteza.

5.1. As frases interrogativas, a invocação de si próprio pelo seu nome próprio (o vocativo “António”)
traduzem essa inquietação. O vapor que se eleva do navio, na sua elevação, “lembra” (comparação)
“a ânsia”, o desejo de libertação da alma do sujeito. Porém, o verbo jaz confere negatividade a essa
ânsia.

6.1. O sujeito poético designa o navio em que viaja como a sua “Nau Catarineta”, pressupõe que é o
capitão do navio e que ordena ao seu “paquete” como, nesse romance popular, o capitão da nau
Catrineta ao gajeiro, para subir à gávea. Porém, em vez de demandar “areias de Portugal”, pede que
ele aviste “França! pelo amor de Deus!”. Não anseia pela pátria (“Ó Lusitânia”, “Adeus”; no máximo,
rezará por ela), antes quer fugir dela.

7. Trata-se de poesia lírica.

7.1. Trata-se de um soneto, composto por duas quadras e dois tercetos. Os versos são
decassilábicos. O esquema rimático é ABAB ABAB CCD EED, rima cruzada nas quadras e
emparelhada e interpolada nos tercetos.

Parte C

8.1. Exemplo de resposta:


O narrador atribui ao destino a sua ida para Inglaterra (“Levou-me o acaso, o destino”). Aí
conviveu com uma família elegante e distinta, de classe alta.
Os sentimentos do narrador foram ambíguos. Por um lado, aquela civilização agradou-lhe e ele
próprio agradou ao meio que o recebeu. Por outro, ao adaptar-se tão facilmente, estava a trair-se, a
mentir, a apresentar-se segundo a imagem que os outros queriam dele. No fundo, não era aquilo por
que o tomavam.
O narrador, contraditoriamente, declara que nunca mentiu voluntariamente, não fazendo, contudo,
outra coisa, como todos os homens. Trata-se então de alguém que triunfa na vida social, sentindo-se,
em contrapartida, atormentado por o seu ser social não corresponder ao seu ser íntimo.
[118 palavras]
GRUPO II

1. B; D; A; E; C.

2. a. 6; b. 7; c. 3; d. 2.

3.
a. Complemento oblíquo;
b. Vocativo;
c. Complemento direto.

4.1. Se subires depressa à gávea, Marinheiro, grita, França! (ou grita: França!)
Se subisses depressa à gávea, Marinheiro, gritarias, França! (ou gritarias: França!)

5. Os emigrantes são alertados pelo responsável para “pensarem em tudo o que vai ser necessário
quando chegarem ao país de origem”.

GRUPO III

Exemplo de resposta:

A emigração é desencadeada, normalmente, por razões de necessidade económica ou de fuga a


situações de perseguição de diversa ordem, raramente por desejo de aventura.
Contudo, por vezes, alguém emigra para melhorar as suas condições de vida e não porque esteja
desempregado. Os atuais meios de transporte e meios de comunicação (etc.) tornam a emigração
bem mais “confortável” do que há cinquenta ou cem anos atrás. Pode-se comunicar com família e
amigos de uma maneira quase instantânea.
Dada a crise de desemprego que tem grassado em Portugal, é bem compreensível que jovens,
licenciados ou outros, procurem oportunidades de emprego, seja pela Europa, seja pelo Mundo. Nos
últimos anos, alguns portugueses têm emigrado para os PALOP, aproveitando a vantagem da língua
e dos laços culturais que unem Portugal a esses países. No meu caso pessoal, com a idade que
tenho, considero desde já essa perspetiva. Não me agrada muito sair do meu país, do meu círculo de
amigos, mas se for necessário, porque não?
Lamento que o nosso país não tenha conseguido criar a riqueza e o emprego suficientes para fixar
aqui os seus jovens. Por outro lado, temos sido um povo de descobridores, de navegadores e de
emigrantes. Talvez essa herança nos ajude no difícil momento atual.
[208 palavras]

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