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São Paulo
2018
ISABELLA PALUMBO GELME
LARA ARRUDA FERREIRA
LETICIA LOPES MARTINS
MARIANA NAKHOUL
São Paulo
2018
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho traz considerações a respeito da Proteção Solar com a formulação de um fotoprotetor
que atue tanto na região do UV quanto na região da luz visível. Faz-se importante formular um protetor
solar que absorva o comprimento de onda da luz visível, pois, o contato com esta luz e os efeitos adversos
causados tem ficado mais frequentes a cada dia. A pesquisa se justifica considerando que a proteção solar
contra a luz visível apresenta poucas informações e é pouco explorado em literatura, em sites e até mesmo
em produtos. A problemática do trabalho ancorou-se em responder em que medida o referencial teórico
pode oferecer suporte ao tema; em como os conhecimentos dos comprimentos de ondas, tipos de filtros e
seus componentes atuam na formulação destes fotoprotetores; de que maneira o desenvolvimento do
produto ocorre; e em que circunstâncias se pode definir a eficácia do produto desenvolvido. A metodologia
é de abordagem qualitativa, os procedimentos de coleta de dados se dão em laboratórios de desenvolvimento
e literatura específica.
This academic work presents considerations about the Sun Protection with the formulation of a sunscreen
that acts both in the UV region and in the region of visible light. It is important to formulate a sunscreen
that absorbs the wavelength of visible light, because the contact with this light and adverse effects have been
more frequent among the people these days. The research is justified considering that the sun protection
against visible light presents little information and is little explored in literature, in websites and even in
products. The academic work was anchored in answering what extent the theory supports the theme; in how
the knowledge of wavelengths, types of filters and their components acts in the formulations of this
sunscreens; how the product development occurs; and under what circumstances the efficacy of the product
can be defined. The methodology is qualitative approach, the data collection procedures are given in
development laboratories and specific literature.
Figura 1: Tabela do Mercado Global de Cuidados com o Sol, 2017–2021 (valor de varejo, US$
milhões). ........................................................................................................................................ 21
Figura 2: Tabela dos Principais Mercados Globais de Cuidados com o Sol, 2017–2021 (valor de
varejo, US$ milhões). .................................................................................................................... 21
Figura 3: Radiação Não-Ionizante. ................................................................................................ 23
Figura 4: Espectro da Radiação Ultravioleta. ................................................................................ 25
Figura 5: Níveis de Penetração da R-UV na Pele. ......................................................................... 25
Figura 6: Tabela das Cores da Luz Absorvida e Cores Complementares. .................................... 27
Figura 7: Pirâmide da Representação da Estrutura Básica de um Protetor Solar. ......................... 30
Figura 8: Tabela dos Valores de Espalhabilidade de Alguns Emolientes. .................................... 34
Figura 9: Tabela das Possíveis Misturas na Natureza. .................................................................. 39
Figura 10: Representação de Emulsão O/A e A/O. ....................................................................... 39
Figura 11: Tabela de Exemplos de Emulsionantes Para Emulsões Com Proteção Solar. ............. 40
Figura 12: Escala de Notas. ........................................................................................................... 45
Figura 13: Tabela da Classificação dos Fototipos pela Escala Fitzpatrick.................................... 53
Figura 14: Determinação do FPS in vivo com Simulador Solar. .................................................. 53
Figura 15: Tabela de Comparação das Metodologias FDA x Colipa. ........................................... 54
Figura 16: Desempenho do Tinosorb® A2B. ................................................................................ 60
Figura 17: Molécula do Tinosorb® A2B. ..................................................................................... 60
Figura 18: Molécula do Tinosorb® M. ......................................................................................... 61
Figura 19: Características orgânicas e inorgânicas do Tinosorb® M. .......................................... 61
Figura 20: Gráfico da Ação do Tinosorb® M e Tinosorb® A2B na região da luz visível. .......... 62
Figura 21: Valor de FPS Calculado para Protetor Solar Facial FPS 50 - Stick............................. 63
Figura 22: Valor de FPS Calculado para Protetor Solar FPS 60 - Fluido. .................................... 63
Figura 23: Parâmetros de UVA Calculados para Protetor Solar Facial FPS 50 - Stick. ............... 64
Figura 24: Parâmetros de UVA Calculados para Protetor Solar FPS 60 - Fluido. ........................ 64
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 12
2 REVISÃO LITERÁRIA ...................................................................................................... 14
2.1 HISTÓRIA DOS COSMÉTICOS .................................................................................. 14
2.1.1 Idade média ............................................................................................................ 15
2.1.2 Idade moderna ....................................................................................................... 16
2.1.3 Idade contemporânea ............................................................................................ 17
2.1.4 Século XX ............................................................................................................... 18
2.1.5 Século XXI .............................................................................................................. 18
2.2 ORIGEM DO FILTRO SOLAR ..................................................................................... 19
2.3 ESCOLHA DO FILTRO SOLAR .................................................................................. 20
2.4 MERCADO DO FILTRO SOLAR................................................................................. 21
3 RADIAÇÕES ........................................................................................................................ 23
3.1 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA .................................................................................... 23
3.1.1 Radiação UVA ....................................................................................................... 25
3.1.2 Radiação UVB ........................................................................................................ 26
3.1.3 Radiação UVC ....................................................................................................... 26
3.2 LUZ VISÍVEL ................................................................................................................ 26
3.3 INFRAVERMELHO ...................................................................................................... 28
4 ESTRUTURA DE FORMULAÇÃO .................................................................................. 30
4.1 VEÍCULOS ..................................................................................................................... 31
4.2 ESPESSANTES .............................................................................................................. 32
4.3 EMOLIENTES ............................................................................................................... 33
4.4 FILTROS SOLARES ..................................................................................................... 35
4.4.1 Filtros orgânicos .................................................................................................... 36
4.4.2 Filtros inorgânicos ................................................................................................. 37
4.5 EMULSIONANTES ....................................................................................................... 38
4.6 FORMADORES DE FILME .......................................................................................... 40
4.7 AGENTES SENSORIAIS .............................................................................................. 41
4.8 ATIVOS .......................................................................................................................... 42
4.9 CONSERVANTES ......................................................................................................... 42
4.10 FRAGRÂNCIA .............................................................................................................. 43
4.11 AJUSTE DE PH.............................................................................................................. 45
5 DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÕES ............................................................... 47
5.1 PRODUTOS ................................................................................................................... 47
5.2 ROTULAGEM ............................................................................................................... 50
5.3 TESTES .......................................................................................................................... 51
5.3.1 Determinação do FPS ............................................................................................ 52
5.3.2 FPS “in vivo” – Seco .............................................................................................. 52
5.3.3 FPS “in vivo” – Resistente à Água e ao Suor ...................................................... 55
5.3.4 FPS “in vitro” ........................................................................................................ 55
5.3.5 Determinação de Fator de Proteção UVA ........................................................... 56
5.3.6 Teste de Estabilidade ............................................................................................. 58
5.3.7 Teste dos Filtros ..................................................................................................... 59
5.3.8 Testes dos Protetores Solares................................................................................ 62
5.3.8.1 Determinação do FPS in vivo ............................................................................... 63
5.3.8.2 Parâmetros de UVA por País e Bloco Econômico............................................... 63
5.4 MERCADO DE PROTETORES QUE ABORVEM LUZ VISÍVEL ............................ 64
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 66
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 68
ANEXO A – LISTA DE FILTROS ULTRAVIOLETAS PERMITIDOS PARA
PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL, COSMÉTICOS E PERFUMES ............................. 79
12
1 INTRODUÇÃO
Por ser o maior órgão do corpo humano, estar visível aos olhos e ser mais suscetível aos
efeitos externos, a pele é importante para as pessoas em termos de bem-estar e aparência. Para um
bom cuidado da pele quando exposta ao Sol, é necessário que se faça a utilização de produtos
cosméticos para proteção e prevenção (MOREIRA, 2014).
O Sol é essencial para a saúde e desempenho do corpo pois realiza a síntese da vitamina D
que contribui para a formação dos ossos e evita o raquitismo. Porém alguns pontos negativos
podem também ser destacados, como o câncer de pele, melasmas, queimaduras, foto
envelhecimento, entre outros (FLOR et al., 2007, p. 153).
Pesquisa feita pela Mintel sobre Bronzeadores e Protetores Solares no Brasil, lançada em
março de 2018, mostrou que 28% dos brasileiros estão interessados em protetores solares que
protegem a pele também contra a luz visível. (MARTINS, 2018)
13
Este trabalho se justifica considerando que a proteção solar contra a luz visível apresenta
poucas informações e é pouco explorado na literatura, em sites e até mesmo em produtos
(HOFMEISTER; LISBOA, 2018).
O objetivo geral deste trabalho consiste em desenvolver formulações de protetor solar que
atue também na área da luz visível.
2 REVISÃO LITERÁRIA
Em um mundo onde a preocupação das pessoas se dá muito mais na aparência física, a vida
sem cosméticos não é uma opção para a maioria. Shampoos, condicionadores, hidratantes,
maquiagens, protetores solares e cosméticos em geral fazem parte da gama extensa de produtos
deste ramo, que muitos não sabem, mas sem a química isso não seria possível. A fabricação e os
possíveis efeitos de cada um dos produtos cosméticos são resultados de reações químicas
previamente estudadas.
Segundo ANVISA, RDC nº 07, de 10 de fevereiro de 2015, define-se que cosméticos são
preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes
do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e
membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los,
perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em
bom estado.
O surgimento dos cosméticos não pode ser definido a partir de uma data específica, mas
existem evidências do uso desde a pré-história, onde pinturas e tatuagens eram comuns entre os
homens, utilizavam diferentes ingredientes naturais, como por exemplo a casca de árvores, terra e
seiva de folhas e flores (TREVISAN, 2011).
Na Grécia Antiga a higiene pessoal já era valorizada, nos manuscritos de Hipócrates foram
encontradas algumas orientações sobre a higiene, banhos de sol e água e também a importância
dos exercícios físicos para as pessoas. Um médico grego chamado Galeno de Pérgamo desenvolveu
durante o Império Romano um precursor dos cremes modernos, nele continham componentes como
cera de abelha, óleo de oliva e água de rosas, o produto foi batizado como Unguentum Refrigerans,
por sua característica de se fundir em contato com a pele, assim, liberando sua fase interna e
produzindo uma sensação refrescante. Este conceito ainda é muito utilizado nas emulsões de água
em óleo (SOUZA, 2018).
A decadência do Império Romano deu início a Idade Média, foi um período em que o
cristianismo reprimiu o culto à higiene e a exaltação da beleza. O cristianismo pregava que só a
intervenção divina poderia curar os males do corpo (BOUCINHAS, 2016).
A chamada Idade das Trevas na Europa, resultou na repressão da aplicação dos cosméticos
em geral, assim, a utilização destes produtos foi completamente extinta, sendo meramente
difundida por aqueles que viajavam entre a Europa e países do Oriente, como a China, o Japão e a
Índia. A Índia e os países Árabes nesta época acumularam a maior parte do desenvolvimento
científico, assim a cosmetologia começou a acompanhar o desenvolvimento da medicina
(BUTLER, 2000, p.27).
Na Europa as cidades, ruas e casas eram completamente sujas, as pessoas deste continente
tomavam cerca de um banho ao ano, e higiene pessoal foi resumida a lavar as mãos antes das
refeições e limpar os dentes com um pano, a disseminação da informação naquela época advertiu
que a água poderia abrir os poros e permitindo a introdução de diversas doenças (TREVISAN,
2011).
Em Paris, as lojas começavam a vender inúmeros produtos relacionados a beleza. Mas nessa
época o costume de não tomar banho regularmente perduravam por toda população. Por conta desta
situação a produção de perfume ganhou muita força na França e representa uma importância muito
grande na economia do país desde o reinado de Luis XIV (1638-1715). Porém a intensificação da
produção de perfumes vem à tona quando o italiano Giovanni Maria Farina, em 1725, mudou-se
para Alemanha e desenvolveu a mais antiga perfumaria do mundo. Na cidade de Colônia ele
desenvolveu o Eau de Cologne em homenagem a cidade, que se tornou o preferido mundo a fora,
sendo copiado em diversos países, ganhando a denominação de água de colônia que mais tarde
virou sinônimo de perfume (TREVISAN, 2011).
No entanto é perceptível que as mudanças são constantes com o decorrer das épocas, uma
hora é permitido cuidar da beleza, e logo em seguida já não é mais. Esse tipo de situação fez com
que a cosmetologia demorasse a se tornar popular e ser conhecida entre as pessoas.
Na Idade Contemporânea, por volta do século XIX, os cosméticos voltaram a ser populares,
porém, ainda eram preparados manualmente, cada família possuía sua receita para fabricação de
sabonetes, água de rosas e creme de pepino. Com o passar do tempo às mulheres começaram a
expor mais o corpo resultando em um maior consumo de cosméticos, buscando uma maior
variedade de produtos. Indústrias na França, Japão, Inglaterra e Alemanha começaram a fornecer
novas matérias-primas para a produção de cosméticos e produtos de higiene em grandes marcas,
que ao final do século XIX se consolidaram no mercado. Um exemplo delas é a Colgate nos Estados
Unidos (SOUZA, 2018).
2.1.4 Século XX
Uma das maiores revoluções desse século aparece quando a nanotecnologia é inserida na
formulação dos cosméticos. Com isso, a Lancôme desenvolve o primeiro creme facial composto
por nanocápsulas de vitamina E que serve para prevenir o envelhecimento da pele, sendo esta
fórmula desenvolvida e patenteada por uma Universidade de Paris. Nesse tempo se instaura o
marco de início do uso da nanotecnologia por diversas empresas pelo mundo todo e em diversos
tipos de produtos (TREVISAN, 2011).
Um nanocosmético pode ser definido como sendo uma formulação cosmética que
veicula ativos ou outros ingredientes nanoestruturados com propriedades
superiores em sua performance em comparação com produtos convencionais. A
escala nanométrica corresponde à bilionésima parte do metro. Os nanocosméticos
têm várias vantagens sobre os cosméticos convencionais, como melhor penetração
nas camadas mais internas da pele onde os ativos são mais necessários, e uma
distribuição mais homogênea das substâncias. Por exemplo, formulações de
protetores solares com TiO2 nanoparticulado prometem tornar esses produtos
mais eficientes (TREVISAN, 2011).
Por conta de a população estar se tornando cada vez mais velha, a aparência jovial ainda é
um ponto que pesa muito. Portanto a procura por cremes anti-idade ganha extrema importância.
Para uma melhor eficácia, as enzimas tomam o lugar dos alfa-hidroxiácidos, que são usados nos
cremes contra envelhecimento da pele (SOUZA, 2008, p. 19).
Nos dias atuais, a indústria de cosmetologia é um dos ramos que mais cresce e que mais
produz, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking da América Latina e é o sétimo colocado no
mundo. Essa colocação explica-se, pois, os cosméticos fazem parte do cotidiano da maior parte das
pessoas, sendo alguns deles indispensáveis no dia-a-dia, até os homens que antigamente diziam
que esse tipo de produto era somente para mulheres, já se renderam aos cuidados (SOUZA, 2008,
p. 20).
O cuidado com a pele sempre foi uma necessidade humana. Desde os primórdios, mais
especificamente no Egito Antigo, por volta de 7800 a.C. haviam indícios de filtros solares feitos
com mamona. Junto com esse principal ingrediente também havia magnólia, jasmim e óleo de
amêndoas. Na Grécia, por volta de 400 a.C. há relatos de que os atletas que competiam nus nos
Jogos Olímpicos utilizavam uma mistura de óleo de oliva e areia para se protegerem. A ideia de
querer ganhar cor na pele por meio de exposição ao sol só começou a ganhar força por volta de
1930, tendo início na França, porém, alguns anos antes já existiam registros da fabricação de filtros
em escala comercial nos Estados Unidos e na Austrália (LINARDI, 2018).
Os registros contam que a fórmula do primeiro protetor realmente eficaz é datada de 1944,
pelo americano Benjamin Greene. Sua ideia surgiu ao ver os soldados voltando da Segunda Guerra
Mundial cheio de queimaduras. Com isso, formulou um produto a base de petróleo, de cor vermelha
20
e bem viscoso, sendo mais tarde batizado pela marca Coppertone. Ao longo dos anos os protetores
começaram a ser formulados a partir dos diferentes tipos de pele. Atualmente esse produto se
tornou indispensável no dia-a-dia para a prevenção de várias doenças de pele (PERCÍLIA, 2008).
A escolha do filtro correto pode ser feita a partir de diversos fatores, o primeiro a ser observado
é o FPS, que mede quanto tempo a pele exposta ao sol demora a ficar vermelha. Quanto mais clara
a pele e maior a intensidade da radiação solar, menor é esse tempo. Por exemplo, quando é utilizado
um filtro solar com FPS 30 a pele exposta leva 30 vezes mais tempo para ficar vermelha comparada
com a não utilização do filtro. Por tanto, peles claras necessitam de protetores solares com maior
FPS, em peles negras o FPS escolhido pode ser menor, pois apresenta maior presença de melanina,
que é um protetor natural da pele (CARDOSO et al, 2014, p.06).
O fator seguinte a ser considerado é a idade, sendo importante diferenciar o uso de produtos
em adultos e crianças. Em produtos infantis são utilizadas maiores concentrações de filtros físicos
(inorgânicos), pois apresentam pele sensível e suscetível à irritação. Até os 6 meses de idade não é
recomendado o uso de filtros solares, a criança não deve ser exposta diretamente ao sol, a proteção
indicada deve ser por meio de roupas, bonés, entre outros. Para adultos, existem diversos produtos
no mercado, grande parte deles é feito de filtros químicos (orgânicos) ou até mesmo uma mistura
entre filtros químicos e físicos. Formulações que contém apenas filtros físicos não são muito
aceitas, por deixarem a pele esbranquiçada (PAGAN, 2017).
Outro ponto a ser considerado na escolha é o tipo de pele que o produto será aplicado, para
peles oleosas e acnéicas é recomendado o uso de protetores “Oil-free” que são versões livres de
óleos, e muitas vezes possuem texturas fluidas para melhor aplicação. Para peles secas é indicado
o uso de protetores hidratantes em forma de creme (ARIMATÉIA, 2012).
Por fim a escolha deve ser feita de acordo com a finalidade e o modo de apresentação
desejada, existem diversos produtos no mercado desde cremes até sprays que possuem versões
específicas para cada tipo de aplicação. Para esportistas e banhistas recomenda-se o uso de loções,
sprays ou mousses por ser de fácil aplicação e na maioria das vezes possuir resistência a água e ao
21
suor. As versões em creme, gel-creme e sérum tem ação hidratante por possuir em sua composição
água, óleo e emolientes (LAGO, 2016).
De acordo com os últimos dados da Euromonitor, o mercado global de cuidados com o sol foi
avaliado em US$ 9,8 bilhões em 2017, conforme Figura 1 e 2.
Figura 1: Tabela do Mercado Global de Cuidados com o Sol, 2017–2021 (valor de varejo, US$ milhões).
Fonte: Euromonitor.
Figura 2: Tabela dos Principais Mercados Globais de Cuidados com o Sol, 2017–2021 (valor de varejo,
US$ milhões).
Fonte: Euromonitor.
A categoria de Sun Care cresceu 5,1% no leste da Europa e 1,3% na Europa Ocidental no
ano de 2016 (em relação a 2015). Cresceu mundialmente 2,8%, com produtos específicos para
bebês e crianças, crescendo acima da média geral (CORONADO, 2017).
Na hora da compra 61% dos brasileiros buscam protetores solares faciais que
ofereçam hidratação à pele, e 51% procuram produtos que sejam resistentes ao
suor. Outros benefícios mencionados são produtos com vitaminas (44%) e com
propriedades antienvelhecimento (43%) (MARTINS, 2018).
23
3 RADIAÇÕES
V=YxF (1)
Apesar de ser uma fonte de energia extremamente necessária em nossas vidas, a luz do sol
pode ser excessivamente danosa à saúde humana. A Mesma não possui a capacidade de penetrar
profundamente em nossos organismos, porém é capaz de atingir áreas externas do corpo humano
como pele, olhos e mucosa. Sendo esta exposição de forma abundante, os riscos de se obter câncer
de pele, fotoenvelhecimento, cataratas e outras doenças aumentam significativamente (RIBEIRO,
2004, p. 3).
O câncer de pele é o tipo mais habitual de doença de pele e corresponde a mais da metade
dos diagnósticos de câncer. Existem dois tipos de câncer de pele, os não-melanoma e os
melanomas. O câncer do tipo não-melanoma é o mais reiterado no Brasil e condiz a 30% de todos
os tumores malignos ocorridos no país. O INCA estima que no ano de 2018 serão cerca de 165.580
novos casos, sendo 85.170 em homens e 80.410 em mulheres. Portanto, há estudos do SIM que
registraram em 2013, 1.769 mortes sendo 1.000 homens e 769 mulheres decorrentes deste tipo de
câncer. Já o tipo melanoma é o tipo de câncer gerado nos melanócitos (celular produtoras de
melanina, substância que compõem a cor da pele). Este tipo corresponde somente a 3% dos
ocorridos na pele, sendo o mais grave por causa de sua alta possibilidade de metástase. O INCA
estima que em 2018 serão registrados 6.260 novos casos, sendo 2.920 em homens e 3.340 em
mulheres. Já o SIM registrou em 2013, 1.547 mortes, sendo 903 em homens e 644 em mulheres
(INCA, 2018).
Todo o espectro que abrange as radiações é classificado tanto pela sua intensidade de
energia quanto pelo seu comprimento de onda (λ). A radiação ultravioleta (Figura 4) é a divisão do
espectro da luz entre 100 e 400 nm. Sendo subdividida em outros itens em conformidade com seus
diferentes efeitos biológicos: UVA (bronzeante), UVB (eritematosa) e UVC (germicida)
(RIBEIRO, 2004, p. 2).
25
A radiação UVA pode ser conhecida também como bronzeante, por conta de penetrar mais
profundamente na pele induzindo a pigmentação e proporcionando o bronzeamento por meio do
escurecimento da melanina. A mesma é mais abundante que as demais radiações correspondendo
de 90 a 95% da radiação ultravioleta que incide na superfície terrestre, além de ocupar a maior
faixa do espectro. A intensidade desta radiação se faz presente no decorrer do ano todo, porém
durante o dia um aumento na intensidade da incidência pode ser observado entre 10 e 16 horas.
Histologicamente, pode causar alterações dérmicas e epidérmicas (Figura 5), com decorrência de
diminuição de elasticidade da pele, danos no sistema vascular periférico e indução ao câncer de
pele, dependendo do tipo de pele e da frequência, tempo e intensidade de exposição (LOPES et al.,
2012, p.186).
A radiação UVB atinge toda a superfície terrestre após penetrar na atmosfera. Pode também
ser chamada de luz eritematogênica, pois é a maior responsável pelas lesões crônicas de pele, como
o eritema e o câncer cutâneo. Por possuir alta energia, quando entra em contato com a atmosfera
terrestre, é fortemente absorvida pelo ozônio estratosférico (O3), devido a diminuição da camada
de ozônio a incidência de UVB na superfície da Terra tem aumentado significativamente causando
danos adversos à saúde humana. A exposição demasiada a essa radiação pode suprimir o sistema
imunológico da pele e ainda causar mutações severas na estrutura do DNA. Além destes grandes
danos, a UVB é responsável pela maioria das queimaduras solares aumentando assim, o risco do
aparecimento do câncer, reduzindo a chance de o organismo reconhecer uma célula maligna a
tempo de destruí-la (SANTOS, 2010, p. 30).
O universo é coberto por luzes, e nossos olhos conseguem ver apenas uma pequena fração
delas. Essa luz que temos a possibilidade de ver, é chamada de luz visível. Ao decorrer do tempo
à física foi evoluindo e com isso perceberam que a luz se comporta similarmente as ondas
27
Luz visível, também chamada de radiação visível é um elemento do espectro solar, onde o
seu comprimento de onda é formado pelas cores violeta, azul, verde, amarela e vermelha (Figura
4). Das cores violeta ao vermelho, o comprimento de onda varia de 400 até 720 nm (OLIVEIRA
et al., 2001, p. 163).
O risco na vida humana por conta da exposição a esse tipo de luz visível é bem grande,
causando lesões e risco a saúde da pele. O DNA sofre danos tendo como resultado o
fotoenvelhecimento e indo mais fundo, dependendo do caso, o câncer. Por conta disso, é
indispensável uma proteção adequada (BAPTISTA, 2015).
Os tipos existentes de filtros solares para esta luz, são os orgânicos que possuem uma
proteção limitada contra a luz visível e os inorgânicos que por serem partículas, dependendo do
tamanho, podem ser mais eficazes para a proteção. Quanto maior forem essas partículas, maior
será a proteção oferecida (TUCHINDA et al., 2006, p. 105).
Atualmente nos cosméticos, essas partículas maiores pigmentares, não são muito bem-
vindas por deixarem uma coloração esbranquiçada na pele após a aplicação. Porém com a adição
de óxido de ferro na formulação, essa característica esbranquiçada é corrigida (DIFFEY e FAAR,
1991).
3.3 INFRAVERMELHO
Entre os espectros eletromagnéticos emitidos pela radiação solar apenas algumas frações
destes espectros atingem a superfície terrestre, como por exemplo a radiação infravermelha, que
representa grande parte da radiação solar que chega a Terra, sendo responsável pelo aquecimento
do planeta (EBERLIN et al., 2016, p. 116; MASSON; SCOTTI, 2003).
A radiação IV pode causar dois tipos de efeitos: o térmico, que pode ser
benéfico ou danoso dependendo da dose, e o dano oxidativo, que fica mais
restrito à faixa próxima do IV-A. A IV-A atinge mais profundamente a
pele, sendo que 35% da radiação se concentra na epiderme, 48% na derme
17% no tecido subcutâneo (EBERLIN et al., 2016, p. 116).
29
Estas radiações, que podem ser bloqueadas pela água, são capazes de atravessar a epiderme
e serem absorvidas pela derme, onde sua energia se transforma em calor (NEVES, 2008, p. 11).
4 ESTRUTURA DE FORMULAÇÃO
“... as matérias-primas são utilizadas nas formulações de acordo com suas propriedades
funcionais e físico-químicas, as quais são derivadas de suas respectivas estruturas químicas.”
(PEDRO, 2008).
Portanto a formulação genérica de um protetor solar pode ser definida por uma pirâmide (Figura
7) onde a mesma mostra da sua base para o topo a necessidade de adição dos componentes para
que a formulação tenha sucesso e caminhe conforme o esperado (FLOR, 2017, p. 46).
4.1 VEÍCULOS
A emulsão água/óleo (A/O) é aquela formada por um sistema heterogêneo de dois líquidos
que não se misturam, onde uma fase fica espalhada na outra em forma de microesferas. Podendo
as fases serem: fase externa ou contínua, fase interna, descontínua ou dispersa. No caso da A/O os
componentes hidrossolúveis formam a fase interna e os componentes oleosos na fase externa. Esse
tipo de emulsão possui um alto grau de ação emoliente e dissolvente, sendo essenciais na
formulação de demaquilantes e cremes de limpeza em geral (MACHADO; FERNANDES, 2016,
p. 5).
A emulsão óleo/água (O/A) tem a fase interna formada pelos componentes oleosos e a fase
externa pela água. Por possuírem uma menor quantidade de óleo em sua formulação são menos
oleosas, menos emolientes, tem secagem mais rápida e sua preparação é mais barata e menos difícil.
Podem eventualmente formar espuma e são naturalmente laváveis com água. Por possuir tantas
32
qualidades que tornam uma formulação mais prática, esse é o tipo de emulsão mais comum no
segmento cosmético (MACHADO; FERNANDES, 2016, p. 5).
As emulsões mistas ou emulsões A/O/A e O/A/O possuem ao mesmo tempo emulsão A/O
e O/A, ou seja, uma gota de óleo pode reter diversas partículas de água e estar suspensa em uma
fase aquosa (MACHADO; FERNANDES, 2016, p. 5).
Os géis são os veículos adquiridos por um espessante hidrofílico, podendo ser eles naturais
ou sintéticos. Os géis normalmente não oferecem o mesmo nível de proteção que as emulsões, que
são de longe o melhor veículo para os protetores solares. Esse tipo de veículo tem a característica
de ser transparente em sua maioria, para que esse feito aconteça é necessário que os filtros sejam
hidrossolúveis, sendo uma técnica de extrema delicadeza e podendo ter que se fazer uso de
solventes indesejados, como por exemplo o álcool etílico (FLOR et al., 2007, p. 157).
4.2 ESPESSANTES
Espessantes são substâncias que impedem a mobilidade da fase aquosa alterando sua
viscosidade, auxiliando e impedindo o rompimento da emulsão (STAMM, 2012).
emulsificação do polímero, maior sua contribuição para a estabilização das emulsões (FLOR, 2017,
p. 46).
Espessantes poliméricos incluem acrilatos, celuloses, gomas, como guar, xantana e locusta,
ceras de alto peso molecular/alto ponto de fusão, incluem o álcool estearílico e ésteres PEG,
produzem estruturas cristalinas que possibilitam a suspensão dos componentes insolúveis
(ABRUTYN, 2016, p. 54).
4.3 EMOLIENTES
Pode ser chamado de emoliente qualquer substância hidrofóbica que possa criar um filme
sobre os corneócitos mais externos da pele, fazendo com que a perda de água transepidermal seja
reduzida, produzindo um estado de hidratação. A presença de umidade no interior das células
córneas mantém a elasticidade, a flexibilidade e a maciez da pele, o que permite a melhora da
aparência (SILVA, 2009, p. 20-21).
Existem vários tipos de emolientes como ésteres, ceras, ácidos e álcoois graxos, óleos
minerais ou naturais, silicones, que podem ser classificados quanto suas propriedades físico-
químicas como ponto de fusão, ponto de turvação, polaridade, insaturação, peso molecular e tipos
de cadeias. Todas estas características influenciam nas propriedades sensoriais de um produto,
tanto pelo seu mecanismo quanto pela sua interação com a pele (KAMERSHWARL; MISTRY,
2001, p. 52).
Óleos vegetais e animais sempre foram usados com finalidade de tratar a pele e os cabelos,
foram predominantes até a o final do século XIX, quando o óleo mineral e o petrolato se tornaram
comercialmente disponíveis como produtos da destilação do petróleo. Outros emolientes como
lanolina e óleos vegetais hidrogenados se tornaram mais comuns no início do século XX. A
produção de ésteres sintéticos desenvolveu-se durante as décadas de 1930 e 1940 e eram
34
principalmente derivados dos lubrificantes sintéticos que eram desenvolvidos para finalidades
militares (BASF, 2016).
Os filtros solares podem ser químicos (orgânicos) ou físicos (inorgânicos). Eles podem ser
divididos através de três mecanismos básicos: reflexão, dispersão e absorção dos raios ultravioleta;
eles devem ter um amplo espectro de proteção (280-400 nm) para proteger a pele tanto dos raios
UVB quanto dos raios UVA (SCHALKA; REIS, 2011, p. 508–509).
Para garantir uma proteção eficiente tanto no UVB quanto no UVA, é necessária
uma mistura adequada de filtros. O filtro Ethylhexyl Methoxycinnamate
(Nuviguard OMC), por exemplo, absorve somente na região UVB, já o filtro
Diethylamino Hydroxybenzoyl Hexyl Benzoate (Uvinul® A Plus) absorve
somente na região do UVA. Ao misturar estes dois filtros, praticamente toda
região do UVA e UVB estará coberta. Observa-se, porém, que a faixa de 320 a
340 nm ainda fica parcialmente descoberta pois a absorção dos dois filtros é baixa
nesta região. Adicionando o filtro Bis-Ethylhexyloxyphenol Methoxyphenyl
Triazine (Tinosorb® S), é finalmente construído um sistema de filtros eficiente,
que cobre toda a faixa do UVA e do UVB com alta intensidade de absorção
(FLOR, 2017, p.48).
Segundo ANVISA, RDC nº 47, de 16 de março de 2006, decretou uma lista de filtros
ultravioleta permitidos para o uso em cosméticos, perfumes e higiene pessoal (Anexo A). O
propósito dessa lista é determinar quais filtros podem ser utilizados na formulação com o fim de
proteger a pele. Determinam também, a máxima concentração autorizada de cada um e em
determinadas condições.
36
Pesquisas continuam sendo feitas com objetivo de aumentar o número de filtros solares
disponíveis no mercado que possui capacidade de melhorar a espalhabilidade e aumentar o espectro
de absorção até o visível. Quanto maior for a opção de filtros disponíveis, menor será a chance de
os consumidores estarem expostos a filtros iguais. A impregnação da pele a longo prazo pelos
mesmos componentes e a maior chance dos consumidores encontra-los em outros produtos são
razões que aumentam os riscos alergênicos (MASSON; SCOTTI, 2003, p. 42–44).
Os filtros orgânicos são formados por moléculas orgânicas capazes de absorver radiação
UV, transformando-a em uma radiação de baixa energia, tornando-a uma radiação não prejudicial
ao indivíduo (FLOR, 2007, p. 153).
ambiente apolar, aumentando a adesão da substância na pele, evitando ser retirada pelo contato
com a água (SHAATH, 2007).
O uso dos filtros físicos aumentou durante a década de 1990, devido sua segurança, eficácia,
atoxicidade e principalmente por permitir o bloqueio dos raios UVA (CHIROLLI et al., 2009).
Embora sejam oriundos de metais, o dióxido de titânio e o óxido de zinco são as substâncias
mais utilizadas, pois possuem propriedades óticas diferentes, quando na forma de micropartículas
(SILVA et al., 2015).
aumentando a fotoestabilidade dos agentes inorgânicos, esta tecnologia possui um custo final
elevado. O encapsulamento é considerado uma nova abordagem, que tem se mostrado estável
durante a manipulação e após a aplicação do produto na pele (DUARTE, 2014, p. 28).
Existem diversas restrições regulatórias globais, das concentrações que podem ser
utilizadas de cada filtro em uma formulação de protetor solar. Na Europa o limite para utilização
do ZnO e TiO2 são de 10%, nos EUA 25%, já no Japão não tem restrição. Esses limites muitas
vezes são muito maiores do que os estabelecidos para filtros químicos (AIKENS, 2006, p.62).
Em solução aquosa o ZnO pode produzir íons bivalentes (Zn2+), devem ser evitadas
matérias-primas contendo grupos funcionais carboxila, como por exemplo, emulsificantes do tipo
estearato e polímeros a base de acrilato (AIKENS, 2006, p.64).
4.5 EMULSIONANTES
O processo de emulsão passou a ser estudado pelo fato de ter se tornado um sistema bem
frequente no dia a dia das pessoas. Vários tipos de misturas são possíveis atualmente e atendem a
diversos segmentos (Figura 9) (LISBÔA, 2012).
39
No cosmético, a maioria das emulsões são O/A por conta de a aplicação na pele do produto
final ser melhor e para evitar oleosidade. Porém possuem também A/O, mas é mais usado quando
a finalidade do produto é ter como característica aspecto oleoso (Figura 10) (LYSSANT, 1974).
O responsável pela estabilidade e pela rápida formação da emulsão no produto final são os
emulsionantes por conta de oferecer uma boa distribuição das fases da emulsão. Os emulsionantes
são moléculas anfipáticas que possuem em sua composição química uma parte apolar, a hidrofóbica
que representa a cauda e a polar, a hidrofílica que representa a cabeça (RAMALHO, 2016).
A escolha dos emulsionantes mais adequados para cada tipo de produto depende
de vários fatores. A regra de Bancroft é muito útil na preparação de emulsões e na
escolha dos emulsionantes. Segundo a regra, para a preparação de emulsões de
óleo em água deve optar-se por emulsionantes essencialmente hidrofílicos, que
sejam bastante solúveis em água. Analogamente, na preparação de emulsões de
água em óleo, os emulsionantes usados devem ter caráter maioritariamente
hidrofóbico. Ou seja, os emulsionantes selecionados devem ser preferencialmente
solúveis na fase continua (RAMALHO, 2016).
A solubilidade dessa emulsão é calculada pelo HLB (Equação 2), que é o quociente entre
as frações hidrofílicas e hidrofóbicas das moléculas de emulsionante (FLOR, 2017, p. 49).
40
20 . Mh
HLB = (2)
M
Figura 11: Tabela de Exemplos de Emulsionantes Para Emulsões Com Proteção Solar.
Os formuladores devem considerar às exigências dos protetores solares, uma vez que são
utilizados ao ar livre e muitas vezes entram em contato com a água, sendo proveniente do suor em
atividades físicas ou até mesmo na praia e piscina (PAULA, 2001).
A expressão “à prova d’água” já não é mais usada para protetores solares, pois
trazia sensação exagerada de segurança aos consumidores, aumentando o risco de
eles se exporem a queimaduras. Essa expressão é substituída por outras, como
“resistente à água” ou “muito resistente à água”, quando é definido como
“resistente à água” quando o FPS é mantido após 40 minutos de imersão na água,
ou “à prova de água” se mantido após 80 minutos de imersão (RIGANO, 2015;
FERREIRA et al., 2005).
Quando estão em contato com a água ou suor os filtros hidrossolúveis perdem sua atividade
na formulação ou são eliminados totalmente (DOMIOGE, et al., p. 60, 2002).
Esta avaliação é uma valida e confiável ferramenta de pesquisa, e contribui para nas áreas
de desenvolvimento de produtos, controle de qualidade, desenvolvimento de processos e
marketing. A análise avalia também o comportamento do produto frente ao mercado consumidor
(MEILGAARD et al., 1999, p. 17).
4.8 ATIVOS
Muitos aditivos podem ser incorporados às formulações de filtros solares com o objetivo
de melhorar seu desempenho. A escolha dos ativos deve se ater as normas vigentes de cada lugar
do mundo. Alguns exemplos destes compostos podem ser formadores de filmes que aumentam a
resistência a água e melhora a proteção, óleos e extratos com características especificas como o
óleo de andiroba que é um bom repelente para insetos, ativos hidratantes como D-Pantenol, extratos
e proteínas, manteiga de Karité um emoliente de origem vegetal com propriedades fotoprotetoras,
aceleradores de bronzeamento, partículas refletoras de luz e vitaminas antioxidantes
(CHEREPANOV, DAYAN, 2017, p. 42).
4.9 CONSERVANTES
Porém não é tão simples incluir o conservante na formulação de um cosmético, por existir
alguns problemas, como, por exemplo, não ter compatibilidade química com algum outro
componente que está presente na fórmula desenvolvida, causando alguma reação indesejada
(BARROS, 2016).
4.10 FRAGRÂNCIA
das características que mais analisamos quando estamos falando sobre esse tipo de produto
(NEVES, 2010, p. 17).
Para a criação das fragrâncias, os perfumistas utilizam uma variedade de óleos essenciais
muito grande, que vão desde os naturais até os sintéticos. Os óleos naturais são tirados de fontes
vegetais, como folhas, raízes, flores, ervas, entre outros. Atualmente o que mais vem acontecendo
é a substituição dos óleos naturais pelas matérias-primas sintéticas, justificando-se por existirem
notas que podem ser alcançadas artificialmente que não são encontradas na natureza. Algumas das
notas mais utilizadas na linha dos cosméticos são: cítricas, frutosas, herbáceas, floral, samambaia,
oriental (SCHUELLER; ROMANOWSKI, 2005, p. 51).
4.11 AJUSTE DE PH
O valor do pH cutâneo de mulheres e homens varia de 5,0 a 5,5. Estes valores podem variar
de acordo com a área analisada e depende também de fatores externos. O pH cutâneo é considerado
46
levemente ácido e contribui para as atividades bactericida e fungicida da pele (MELO; CAMPOS,
2016, p. 37).
Uma propriedade importante para um cosmético é o pH, este deve ser o mais próximo
possível do pH natural da região onde será aplicado (GALEMBECH; CSORDAS, 2009, p. 22).
Para ajustar o pH dos produtos cosméticos, são utilizadas substâncias ácidas ou alcalinas.
Estes agentes reguladores de pH são classificados como neutralizantes, alcalinizantes, acidulantes.
Os agentes mais utilizados como acidulantes são os ácidos carboxílicos e hidro carboxílicos, como
por exemplo o ácido cítrico e o ácido láctico. Os alcalinizantes são de origem orgânica ou
inorgânica, por exemplo as alcanolaminas e o aminometil propanol, o hidróxido de sódio, o
hidróxido de potássio e também o hidróxido de amônio (AMIRALIAN; FERNANDES, 2018, p.
29).
47
5 DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÕES
5.1 PRODUTOS
O primeiro produto desenvolvido foi o Protetor Solar FPS 60 – Fluido (Tabela 1), este
protetor solar possui textura ultrafluida oferecendo praticidade em sua aplicação e rápida absorção.
Não possui textura oleosa pois não contém óleos em sua composição, sendo então “oil free”. Por
apresentar alta proteção contra os raios UVA (PPD 20,9) e UVB proporciona ótima proteção contra
o sol e ação antienvelhecimento. É resistente a água. Possui mecanismo de controle da oleosidade
com sílica, que reduz a oleosidade produzida pela pele deixando-a “matte”, sem brilho, além de
auxiliar na redução e no controle da acne. Este protetor solar contém tecnologia contra a luz visível
pois os filtros Tinosorb® A2B e o Tinosorb® M utilizados em conjunto, abrangem a faixa do
visível, a partir de 400 nm, e protegem a pele das luzes provenientes dos eletroeletrônicos.
Continuação da Tabela 1
Tabela 1: Fórmula do Protetor Solar FPS 60 – Fluido.
COMPONENTES % FUNÇÃO
5 Tinosorb M 14,00 Filtro Solar
(Methylene Bis-Benxotriazolyl
FASE I Tetramethylbutylphenol (and) Aqua (and)
Decyl Glucoside (and) Propylene Glycol
(and) Xanthan Gum)
6 Uvinul A Plus 4,00 Filtro Solar
(Diethylamino Hydroxybenzoyl Hexyl
Benzoate)
7 NUVIGUARD OMC 800 6,50 Filtro Solar
(Ethylhexyl Methoxycinnamate)
FASE II 8 CETIOL AB 2,00 Emoliente
(C12-15 Alkyl Benzoate)
9 CETIOL OE 4,00 Emoliente
(Dicaprylyl Ether)
10 EUMULGIN VL 75 6,00 Emulsionante
(Lauryl Glucoside (and) Polyglyceryl-2
Dipolyhydroxystearate (and) Glycerin)
11 CETIOL ULTIMATE 5,00 Emoliente
(Undecane (and) Tridecane)
12 HANSA CARE DECA 5,00 Silicone
FASE III (Cylopentasiloxane)
13 Silica MSS-500W 3,00 Modificador de
(Silica) Sensorial
14 PREVINT PLUS 0,20 Conservante
(Phenoxyethanol (and) Methylisothiazoline
FASE IV (and) Aqua)
15 Fragrância q.s. Aditivo de Odor
(Perfum)
16 1,2 PROPYLENE GLYCOL CARE 1,00 Umectante
(Propylene Glycol)
FASE V 17 Keltrol CG-LAX-T 0,25 Estabilizante/Espessante
(Xanthan Gum)
18 ÁCIDO CÍTRICO (Sol. 10%) pH 5,5 – 7,0 Ajuste de pH
PROCEDIMENTO
- Pesar a FASE I e homogeneizar;
- Pesar a FASE II e homogeneizar;
- Verter a FASE I sobre a FASE II e agitar;
- Pesar a FASE III, homogeneizar e adicionar na mistura;
- Adicionar separadamente os componentes da FASE IV e homogeneizar;
- Adicionar a FASE V e homogeneizar. Se necessário, ajustar o pH.
O segundo produto é o Protetor Solar Facial FPS 50 – Stick (Tabela 2), possui alta proteção
contra raios UVA, UVB e luz visível, pois contém filtros inorgânicos em sua formulação que
49
refletem a luz solar e a luz visível, não as deixando entrar em contato com a pele. O Stick foi
especialmente desenvolvido para ser utilizado por pessoas com peles sensíveis. Deve ser aplicado
em pequenas áreas, como o rosto. Possui alta resistência à água.
Continuação da Tabela 2
Tabela 2: Fórmula do Protetor Solar Facial FPS 50 – Stick.
PROCEDIMENTO
- Pesar a FASE I, aquecer a mistura entre 75–80ºC e homogeneizar;
- Pesar a FASE II, aquecer a mistura acima de 85ºC e homogeneizar;
- Deixar a FASE II esfriar, quando a temperatura dessa FASE estiver abaixo de 80ºC, verter
a FASE I sobre a FASE II;
- Pesar a FASE III e adicionar na mistura anterior (enquanto a temperatura estiver entre 75–
80ºC), deixar homogeneizando por 10 minutos;
- Na sequência, adicionar a FASE IV e homogeneizar.
5.2 ROTULAGEM
A RDC no 30/2012 informa também algumas advertências e instruções de uso que deverão
conter na rotulagem do produto alguns dizeres, como: Necessária a reaplicação do produto para
manter sua efetividade; Ajuda a prevenir as queimaduras solares; Para crianças menores de 6 (seis)
meses, consultar um médico; Este produto não oferece nenhuma proteção contra insolação; Evite
exposição prolongada das crianças ao sol; Aplique abundantemente antes da exposição ao sol.
(Caso exista um período de espera antes da exposição também deverá conter na embalagem);
Reaplicar sempre, após sudorese intensa, nadar, banhar-se, secar-se com toalha e durante exposição
51
ao sol. (Caso o fabricante determine um tempo para a reaplicação, deverá constar no rótulo do
produto); se a quantidade aplicada não for adequada, o nível de proteção será significativamente
reduzido (ANVISA, 2012).
Embora existam protetores solares que bloqueiem a ação do espectro de luz visível na pele,
seja pela combinação dos filtros Tinosorb® A2B e Tinosorb® M, pela presença de pigmentos ou
pela presença de filtros físicos, sua grande maioria não apresenta em sua rotulagem alguma
indicação que estes produtos possam proteger a pele contra a radiação da luz visível, mesmo
atualmente com o interesse crescente para este tipo de produto (GABBI, 2014).
5.3 TESTES
Após as formulações serem desenvolvidas a realização de alguns testes são necessários para
determinar alguns aspectos importantes para a eficácia do produto, são eles determinação do FPS,
proteção UVA e teste de estabilidade.
52
O FPS é um valor numérico com intuito de qualificar no decorrer do tempo ao qual a pele
estará protegida contra queimadura solar empregando um protetor solar específico. A determinação
do FPS analisa a eficácia da ação dos protetores solares na faixa do UVB do espectro
eletromagnético sendo eficaz aquele produto que ampara a pele contra queimadura solar. O valor
do FPS equivale a razão entre o tempo de exposição à radiação UV para formação de eritema na
pele protegida e o tempo para o mesmo efeito, com a pele desprotegida (Equação 3)
(FRANQUILINO, 2014, p. 20).
Quando precisamos realizar testes com produtos cosméticos para a determinação de sua
eficácia, devemos faze-los de maneira in vivo, que significa que o teste será feito com seres vivos.
Metodologia Colipa
são colocados à exposição no simulador solar. Essa exposição é necessária pois através dela será
medido o valor da MED, e que deve ser feita sem o uso de nenhum tipo de proteção. Essa exposição
é feita em uma sequência de raios UVB com potência aumentada em progressão geométrica, sendo
sempre 25% a mais em relação à anterior. Depois de aplicada a radiação (Figura 14), o voluntário
retorna ao laboratório após 24 horas para interpretação do resultado. Avalia-se a competência que
aquele determinado voluntário tem em resistir a radiação UVB sem se queimar, determinando
assim o valor da MED da pele desprotegida (NEVES, 2008, p. 19).
Para determinar o FPS na pele protegida, são aplicados, no quadrante superior das
costas do voluntário, 2 mg/cm2 de pretor solar com ingredientes ativos. Após 20
minutos (tempo de absorção do produto) é feita a irradiação com o simulador no
local protegido pelo produto. Depois de 24 horas, o voluntário retorna ao
laboratório, quando é realizada a avaliação da MED com a pele protegida e o
cálculo do FPS é feito (FRANQUILINO, 2014, p. 20).
O cálculo é feito a partir da média das medições, sendo que a aprovação só será apresentada
com uma variação de ± 20% do valor encontrado na embalagem. Portanto, entende-se que quanto
maior for o FPS, maior será a proteção, em outras palavras, maior será o tempo que a pele ficará
protegida quando exposta a radiação UVB. Também é possível entender de maneira que uma
pessoa pode ficar 20 minutos exposta ao Sol sem proteção, com a utilização de um protetor com
FPS 15 será possível ficar 300 minutos (20 minutos x FPS 15) ao Sol sem se queimar (NEVES,
2008, p. 19).
Metodologia FDA
A metodologia da FDA para o teste in vivo é exatamente igual ao da Colipa (Figura 15)
porém a quantidade de voluntários é de 20 a 25 voluntários e a faixa etária de 18 a 50 anos. Porém
a média final encontra-se um valor de FPS que não poderá ser inferior ao que é apresentado na
embalagem, e a variação não pode ser maior que 5% (INMETRO, 2012).
Por conta da determinação do FPS através do método in vivo ter uma longa duração de
tempo, envolver seres humanos tendo assim que possuir um planejamento cuidadoso e por ter
dificuldades de determinar altos valores de FPS, os métodos in vitro passaram a serem
desenvolvidos e aperfeiçoados (TEIXEIRA, 2016).
Outro método in vitro desenvolvido foi o Mansur pelo Sayre, que o produto a ser medido é
aplicado sobre um abstrato formado de epiderme de camundongo fêmea sem pelos e é colocado
sobre uma placa de quartzo e assim é medido pelo espectrofotômetro (ALVES et al., 1991).
Após uma comparação entre o método Mansur com o teste in vivo feito em humanos, os
métodos mostraram uma correlação apresentando o mesmo erro de 8% e além disso, ele foi
considerado superior em relação aos outros testes in vitro (MELO, 2015).
Para determinar a proteção nessa região solar, ainda não possui nenhuma norma ou método
padronizado universalmente. Porém, para fazer essa determinação, utilizam-se diversos métodos
in vivo e in vitro (NEVES, 2008).
O nível mínimo de proteção aceito nesse teste é de 1/3 do valor do FPS mediante ao
comprimento de onda de 370 mm. Esse método é apenas uma recomendação, porém atualmente
está começando a ser considerado pelas empresas como uma norma e com isso está sendo mais
aplicado para obter o resultado (FERREIRA, 2007).
quatro horas a radiação UVA e depois sofre a determinação do estudo. Outro método utilizado
também é o IPD, semelhante ao PPD, tendo como diferença o tempo de duração, sendo
determinado após dois minutos e é muito pouco utilizado por conta de apresentar variações em seu
resultado (SILVA, 2007).
(3)
(4)
A Austrália é o único país que possui método oficial para medição da proteção
UVA. O documento, denominado de Australian Standard ou AZ/NZS 2604:1998,
regula todas as análises relativas à eficiência de protetores solares, como medição
de proteção solar UVB (FPS), teste de resistência à água e medição de proteção
UVA. A norma australiana para a região UVA é baseada em medidas
espectrofotométricas e é composta de três tipos diferentes de procedimentos, para
atender a diferentes tipos de produtos. O resultado (independente do
procedimento) é expresso em porcentagem (KHURY; SOUZA, 2010).
(5)
O PPD in vitro é resultante da curva espectrofotométrica do protetor. Após isso, ocorre uma
comparação dos resultados in vivo e in vitro e se derem diferentes, deverão sofrer um reajuste na
curva de absorção com uma constante C para que assim os resultados sejam iguais e com essa curva
ajustada, calcula se o PPD in vitro e o resultado também é expresso em porcentagem (NEVES,
2008).
O teste de estabilidade para os produtos cosméticos serve para fornecer informações sobre
o grau de estabilidade em certas condições, desde a fabricação até o término da sua validade. A
contribuição deste teste é para determinar o tempo de validade, aperfeiçoamento do produto e
também determinar a segurança e a confiabilidade (FRANQUILINO, 2014).
Fonte: BASF.
O Tinosorb® M é um filtro orgânico que realiza a proteção UVA e UVB. Mesmo sendo
um filtro orgânico, ele também tem a propriedade de reflexão e dispersão da radiação, sendo
considerado também como um filtro particulado (Figura 19) (BASF, 2017).
Fonte: BASF.
Por conta de o Tinosorb® A2B e o Tinosorb® M serem filtros particulados, os mesmos são
indicados para alcançar altos valores de FPS no protetor solar e são eficientes na proteção contra a
luz visível e radiação infravermelha (ELIZA, 2018).
62
Segundo material da BASF, foi realizado um teste para os filtros Tinosorb® M e Tinosorb®
A2B apresentado no gráfico abaixo (Figura 20), que representa a eficácia destes filtros quando
submetidos a uma faixa de comprimento de onda (400-480 nm), para visualização de como se
comportam na luz visível, mesmo não existindo testes específicos para essa radiação, ainda assim
é possível visualizar. No gráfico também estão representadas as curvas de outros 4 filtros. É
possível analisar que os dois filtros em questão são os que tem maior eficácia na região do visível
podendo ser utilizados em conjunto para uma maior eficiência e harmonia na fórmula do protetor
solar.
Figura 20: Gráfico da Ação do Tinosorb® M e Tinosorb® A2B na região da luz visível.
Para realização da eficácia do FPS das fórmulas apresentadas anteriormente, foi utilizado o
Sunscreen Simulator da BASF onde são exibidos valores de FPS, e parâmetros de UVA por país e
bloco econômico.
63
A simulação do fator de proteção solar in vivo (SPF, ISO 24444) demonstra a eficiência do
protetor solar. Essa eficiência é a razão entre o FPS e a concentração total do filtro UV (em %).
Portanto, quanto maior esse valor, menor a quantidade necessária de filtro para atingir um
determinado FPS. Isso significa que é possível um maior grau de liberdade na escolha de outros
ingredientes em uma formulação de protetor solar. Os valores obtidos para o Protetor Solar Facial
FPS 50 - Stick e Protetor Solar FPS 60 – Fluido estão representados na Figuras 21 e 22,
respectivamente.
Figura 21: Valor de FPS Calculado para Protetor Solar Facial FPS 50 - Stick.
Figura 22: Valor de FPS Calculado para Protetor Solar FPS 60 - Fluido.
Nas tabelas das Figuras 23 e 24 são representados os parâmetros de UVA in vivo e in vitro
das formulações em questão.
64
Figura 23: Parâmetros de UVA Calculados para Protetor Solar Facial FPS 50 - Stick.
Figura 24: Parâmetros de UVA Calculados para Protetor Solar FPS 60 - Fluido.
O número de casos de câncer de pele continua crescendo em todo o mundo, mesmo com o
aumento no consumo de protetores solares. Um dos motivos pode ser a ação da luz visível, que
também causa danos à pele e não é bloqueada por protetores solares convencionais
(ZIEGLER,2017).
Existem atualmente diversos produtos que protegem a pele contra a luz infravermelha (IV)
e a luz visível azul, radiação emitida por lâmpadas artificiais e eletroeletrônicos como: telas de
computadores, tablets e smartphones. Segundo pesquisa Mintel no mais recente relatório sobre
65
Bronzeadores e Protetores Solares no Brasil, mostrou-se que 28% dos brasileiros estão interessados
em protetores solares que protegem a pele da luz visível (MARTINS, 2018).
“Filtros de alta cobertura, com base e cor fazem parte dos últimos lançamentos em
fotoproteção. Ao contrário do que muitos pensam, a cor não é meramente estética, ela serve como
uma barreira física à luz visível” (MARÇAL, 2018).
Hoje, os formuladores devem considerar não somente a proteção solar propriamente dita,
UVA e UVB, mas sim as demais radiações relacionadas aos espectros da luz visível (NUNES,
2018)
Produtos de maquiagem já apresentam proteção que conseguem absorver a luz visível, mas
como em sua maioria possuem cor ainda não foram desenvolvidos para restante do
corpo (BAPTISTA, 2018).
66
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste Trabalho de Conclusão de Curso abordamos o tema proteção solar. O foco central foi
apresentar propostas de formulações de fotoprotetores que atuam na faixa das radiações UVA,
UVB e luz visível dando ênfase em toda a parte literária para que o suporte ao tema seja de
completo conhecimento. Embora não existam muitas bases teóricas sobre o tema referente a luz
visível, foi possível encontrar material que nos fornecesse a base necessária para o
desenvolvimento e entendimento do tema abordado.
Um protetor solar depois de formulado apresenta características específicas diante de
alguns pontos como por exemplo, sua atuação na faixa do comprimento de onda de cada espectro
de radiação, o tipo de filtro escolhido determina em que faixa o mesmo irá atuar e seus componentes
definem suas principais características sendo elas, aparência, espalhabilidade, resistência à água,
sensorial, entre outras.
A formulação de um protetor solar consiste em diversas etapas além de misturar os
componentes da fórmula e suas quantidades. A formulação começa partindo da determinação do
tipo de produto que será formulado, realizando uma simulação da quantidade e tipos de filtros que
serão utilizados, buscando as características e a estrutura específica que o produto deverá ter e por
fim pode-se adicionar aditivos para a melhora das especificidades do produto final.
A fim de determinar a eficácia dos produtos, existem diversos testes que podem ser
aplicados, sendo eles: a determinação do FPS, da proteção UVA e teste de estabilidade. Entretanto,
para o produto que atue também na faixa do espectro visível, ainda não foram desenvolvidos testes
específicos, contudo algumas matérias primas e ativos apresentam testes já realizados. Para os
filtros Tinosorb® A2B e Tinosorb® M por exemplo, tem-se espectros de absorção na região do
visível. Existe a possibilidade da realização de testes teóricos, como o Sunscreen Simulator da
BASF, que é ferramenta que permite estimar o FPS, as várias métricas UVA.
Os resultados obtidos com o Simulador da BASF para o Protetor Solar Facial Stick mostram
valor de FPS 53,4 para FPS 50, demonstrando que o mesmo é eficaz dentro do esperado; os
parâmetros de UVA para o Mercosul, onde está inserido o Brasil, apresenta valor desejável, sendo
o mesmo 1/3 do valor do FPS, neste caso 17,8. Já para o Protetor Solar Fluido mostra valor de FPS
64,5 para FPS 60, demonstrando que o mesmo é eficaz; os parâmetros de UVA para o Mercosul,
apresenta valor de 20,9, estando também dentro do almejado.
De acordo com o apresentado, pode-se concluir que a indústria de protetores solares
requisita grande interdisciplinaridade. A via percorrida desde o desenvolvimento do protetor até a
67
sua aprovação para ser impulsionado no mercado propõe o trabalho de entendedores de diversas
áreas. Todos em conjunto, em um trabalho delicado de percepção, desenvolvimento e orientação,
poderão assegurar a apropriada proteção da pele frente aos efeitos adversos da radiação ultravioleta.
68
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de junho de 2018.
78
Máxima
Nº Substância
Concentração
ORDEM (NOME INCI)
Autorizada
Sulfato de Metila de N,N,N–trimetil–4-(2,
oxoborn–3-ilidenometil) anilínio
1 6%
CAMPHOR BENZALKONIUM
METHOSULFATE
3,3’- (1,4-fenilenodimetileno)bis (ácido 7, 7–
dimetil–2-oxo-biciclo – (2.2. 1) 1 –
10% (expresso
2 heptilmetanosulfônico e seus sais
como ácido)
TEREOHTALYLIDENE DICAMPHOR
SULFONIC ACID (& SALTS)
1–(4-terc-butilfenil-3-(4-metoxifenil) propano–1,3–
3 diona 5%
BUTYL METHOXY DIBENZOIL METHANE
Ácido alfa – (2-oxoborn-3-ilideno) tolueno–4–
sulfônico e seus sair de potássio, sódio e
6% (expresso como
4 trietanolamina
ácido)
BENZYLIDENE CAMPHOR SULFONIC ACID
& SALTS
2–ciano–3,3’–difenilacrilato de 2–etilexila 10% (expresso
7
OCTOCRYLENE como ácido)
2-metoxicinamato de 2–etilexila
8 3%
CINOXATE
2,2’-dihidroxi–4–metoxibenzofenona
9 3%
BENZOPHENONE - 8
Anatranilato de mentila
10 5%
METHYL ANTHRANILATE
Salicilato de trietanolamina
12 12%
TEA SALICILATE
Ácido 2–fenilbenzimidazol–5–sulfônico e seus sais
de potássio, sódio e trietanolamina 8% (expresso como
15
PHENYLBENZYLIMIDAZOL SULFONIC ACID ácido)
(&SODIUM, POTASSIUM, TEA SALTS)
4–Metoxicinamato de 2–etilhexila
16 OCTRL (ou ETHYLHEXYL) 10%
METHOXYCUNNAMATE
2–Hidroxi–4–metoxibenzofenona–(Oxibenzona)
17 10%¹
BENZOPHENONE -3
Ácido 2–hidroxi-4-metoxibenzofenona 5-sulfônico
e seu sal sódio (Sulisoobenzona e Sulisobenzona 10% (expresso
18
sódica) como ácido)
BENZOPHENONE – 4 (ACID)
80
5% (expresso como
18 a BENZOPHENONE – 5 (Na)
ácido)
Ácido 4–aminobenzóico
19 15%
PABA
Salicilato de homomentila
20 15%
HOMOSALATE
Polímero de N – {(2 e 4)[(2-oxoborn-3-
ilideno)metil]benzil} acrilamida
21 6%
POLYACRYLAMIDOMETHYL BENZYLIDENE
CAMPHOR
Dióxido de titânio
22 25%
TITANIUM DIOXIDE
N–Etoxi–4– aminobenzoato de etila
24 10%
PEG – 25 PABA
4–Dimetil–aminobenzoato de 2–etilhexila
25 8%
OCTYL (ou ETHYLHEXYL) DIMETHYL PABA
Salicilato de 2–etilhexila
26 5%
OCTYL (ou ETHYLHEXYL) SALICILATE
4–Metoxicinamato de isopentila
27 5%
ISOAMYLp - METHOXYCINNAMATE
3–4’- metilbenzilideno–d–l–cânfora
28 4%
4 – METHYL BENZYLIDENE CAMPHOR
3– Benzilideno cânfora
29 2%
3–BENZYLIDENE CAMPHOR
2, 4, 6 – Trianilin–(p–carbo–2’–etil–hexil- 1’–oxi) –
30 1, 3, 5 – triazina 5%
OCTYL (ou ETHYLHEXYL) TRIAZONE
Óxido de zinco
31 25%
ZINC OXIDE
2–(2H-benzotriazol–2–il) –2– metil –6– {2–metil–
3– (1, 3, 3, 3, -tetrametil–1- ((trimetilsilil)oxi) –
32 15%
disiloxanil) propil} fenol
DROMETRIZOLE TRISILOXANE
Ácido benzoico, 4, 4’ –[[6–[[4–[[(1, 1–dimetil –
etil)amino] carbonil] fenil] amino]–1, 3, 5–triazina
33 –2, 4– diil] diimino] bis-, bis 92–etilhexil) 10%
DIOCTYL (ou DIETHYLEXYL)
BUTAMIDOTRIAZONE
,2’–metileno–bis–6–(2H–benzotriazol–2–il)-4–
(tetrametil–butil) – 1, 1, 3, 3 – fenol Metileno bis –
34 benzotriazolil tetraetil butil fenol 10%
METHYLENE BIS-BENZOTRIAZONYL
TETRAMETHYLBUTYLPHENOL
Sal monossódico do ácido 2,2’ –bis–(1,4–fenileno)
10% (expresso em
35 1H–benzimidazol–4, 6–dissulfônico
ácido)
BISIMIDAZYLATE
81