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Fundações – capítulo 1: Introdução

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1- INTRODUÇÃO

1.1- finalidade e importância das fundações

As obras de engenharia são constituídas por superestrutura e infraestrutura (fundação)

As fundações dessas obras são os elementos estruturais que transmitem as cargas da superestrutura para o
solo ou rocha. A engenharia de fundações trata da escolha, posicionamento e dimensionamento desses elementos
estruturais

A engenharia de fundações se utiliza de conceitos e conhecimentos relacionados à mecânica dos solos,


cálculo estrutural, materiais de construção e técnicas construtivas.

As obras civis convencionais como edificações, muros de arrimo, pontes, silos, pisos industriais (cargas
dinâmicas), e obras especiais como torres de transmissão de energia, barragens, aterros, estruturas ―off-shore‖
apresentam diferentes tipos de carregamentos, mas todas necessitam que suas fundações sejam projetadas
adequadamente, de forma a não interferir na ―superestrutura‖.

Em todas elas, o desempenho das fundações condiciona (interfere diretamente) o desempenho da


superestrutura.

Existem vários exemplos de obras cujas fundações inadequadas comprometeram o desempenho da


superestrutura. Podemos citar : em Santos – inclinação excessiva por recalque diferencial atingindo o estado limite
de utilização; em Ubatuba (praia das Toninhas) fundação inadequada levou a edificação ao estado limite de
ruptura.

- critérios de projeto

- segurança adequada: ruptura do solo e do elemento estrutural


- limitação quanto as deformações excessivas (recalques)
- não comprometer utilização (estética, funcionamento esquadrias, canalizações)
- não causar danos estruturais (trincas, fissuras, desaprumos) podendo chegar ao colapso da estrutura
- infraestrutura economicamente viável
- não comprometimento de construções vizinhas

- em resumo: levar em conta aspectos geotécnicos (capacidade de carga do solo e deformabilidade do solo),
estruturais, construtivos (vizinhança), econômicos

1.2- tipos de fundações e seus comportamentos

- fundações superficiais e fundações profundas

- distinção: mecanismo de ruptura da base atinge ou não atinge a superfície do terreno (Velloso & Lopes, 1998)

1.2.1- fundação superficial (rasa ou direta) – NBR 6122/2010

- carga da superestrutura: transmitida ao terreno pelas pressões da base da fundação (itens 3.1 a 3.6 da
NBR6122)

- profundidade de assentamento(D) em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes a menor dimensão da
D
fundação (B) ou seja: 2
B

- sapatas (isoladas ou corridas), sapatas associadas, blocos, radiers

a- sapatas
- tensões de tração são resistidas pela armadura

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- pequena espessura em relação às dimensões da base
- base pode ser: circular, quadrada, retangular ou corridas

b- blocos
- tensões de tração são resistidas pelo concreto, sem armadura
- base: geralmente quadrada ou retangular
- faces: verticais, inclinadas ou escalonadas

c- radier
- elemento de fundação que recebe a carga de todos (ou grande parte) os pilares da obra ou carregamentos
distribuídos (silos, tanques, depósitos, etc)

d- sapata associada
- elemento de fundação que recebe a carga mais que 1 pilar

1.2.2- fundação profunda – NBR 6122/2010

- carga da superestrutura: transmitida ao terreno pela base da fundação (resistência de ponta), por sua superfície
lateral (resistência de fuste) ou combinação das duas (itens 3.7 a 3.23 da NBR6122)

- profundidade de assentamento(D) em relação ao terreno adjacente é superior a duas vezes a menor dimensão
D
da fundação (B) ou seja relação  2 e no mínimo 3m
B

- estacas, tubulões

a- estacas
- executadas totalmente por equipamentos ou ferramentas, sem que haja descida de operário em qualquer fase
- materiais empregados: aço, madeira, concreto pré-moldado, concreto moldado in loco ou mistos
- estacas são empregadas isoladamente ou em grupo

b- tubulão
- elemento de fundação profunda cilíndrico, com descida de operário na execução, pelo menos na etapa final (para
alargamento da base ou limpeza do furo)
- cargas transmitidas preponderantemente pela base
- executado a céu aberto ou sob ar comprimido(pneumático), com ou sem base alargada
- executado com ou sem revestimento de concreto ou de aço

1.3- normas de fundações


1.4- bibliografia
vide relação no programa do curso e no sistema Nexos

CASO HISTÓRICO DE FUNDAÇÃO INADEQUADA: local Santos-SP

- jornal sindicato dos engenheiros do estado de São Paulo: edição 161- fev/2001 (www.seesp.org.br)

- edifício Núncio Malzoni, 2,1m de desaprumo, maior inclinação da orla, recalque diferencial de 45 cm, atrativo
turístico na região

- 17 apartamentos, preço para sua correção R$ 1,5 milhão


- inclinação 1cm/ano, diagnosticado, em 1995, vida útil dez anos
- outros 98 prédios no município, construídos décadas de 60 e 70
- solução: fundações profundas, vigas de transição e macaqueamento
- solo: camada de areia com 10 a 12 m de profundidade: boa
- abaixo dela, camada de argila marinha: ruim, muito compressível
- solo bom: só encontrado a 55m de profundidade no Malzoni

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Fundações – capítulo 1: Introdução
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- situação ocorre não só na orla mas em toda cidade de Santos, variando espessuras das camadas
- prédio 17 andares e 52m altura, 6.300 tf — construído 1967
- fundação: sapata de 1,5m altura, assentada na profundidade 2m

- leia mais sobre esse assunto, em trabalho realizado por alunos da POLI/USP: resmat1.doc
- material disponível no curso no sistema Moodle (obtido no site www.lem.ep.usp.br)

Fundação em radier protendido, 1328 casas populares em Fortaleza


(Fonte: reportagem Paulo Kiss www.belgomineira.com.br)

Leia mais sobre uso de protensão na construção civil em artigo técnico belgo1.pdf: Os leves puxam o mercado

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Representação esquemática de diferentes tipos de ―radiers‖ (fonte: Winterkorn & Fang, 1975)

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Representação esquemática de um bloco rígido (fonte: Urbano Alonso, 1983)

Representação esquemática de uma sapata isolada flexível (fonte: Urbano Alonso, 1983)

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Representação esquemática de viga alavanca e sapatas (fonte: Urbano Alonso, 1983)

Representação esquemática de sapata associada (fonte: Urbano Alonso, 1983)

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