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Ministério da Educação
Aluísio Mercadante
Ministro
CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Presidente
Governo do Estado
Ricardo Vieira Coutinho
Governador
Assessora de EAD
Coord. da Universidade Aberta do Brasil - UAB/UEPB
Cecília Queiroz
Maria de Fátima Coutinho Sousa
Literatura Brasileira I
Campina Grande-PB
2012
Universidade Estadual da Paraíba
Marlene Alves Sousa Luna
Reitora
Editora da Universidade
Estadual da Paraíba
Aldo Bezerra Maciel
Vice-Reitor
Diretor
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Cidoval Morais de Sousa
Eli Brandão
Coordenação de Editoração
Arão de Azevedo Souza Coordenação Institucional de Programas Especiais-CIPE
Secretaria de Educação a Distância – SEAD
Eliane de Moura Silva
Conselho Editorial
Célia Marques Teles - UFBA Assessora de EAD
Dilma Maria Brito Melo Trovão - UEPB Cecília Queiroz
Djane de Fátima Oliveira - UEPB
Gesinaldo Ataíde Cândido - UFCG Coordenador de Tecnologia
Joviana Quintes Avanci - FIOCRUZ Ítalo Brito Vilarim
Rosilda Alves Bezerra - UEPB
Waleska Silveira Lira - UEPB Projeto Gráfico
Arão de Azevêdo Souza
Revisão Linguística
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Diagramação
Arão de Azevêdo Souza
Gabriel Granja
B869
S725l Sousa, Maria de Fátima Coutinho.
Literatura Brasileira I./ Maria de Fátima Coutinho Sousa; UEPB/ Coordenadoria
Institucional de Programas Especiais, Secretaria de Educação a Distância._
Campina Grande: EDUEPB, 2012.
205 p.: Il. Color.
ISBN 978-85-7879-109-4
II Unidade
Em terra firme..........................................................................................25
III Unidade
Em meio à instabilidade, vive-se o Barroco................................................49
VI Unidade
O locus amoenus, uma nova forma de viver...............................................71
V Unidade
Vivendo o ideário de Liberdade, Igualdade e Fraternidade..........................95
VI Unidade
Identidade nacional e Romantismo no Brasil.............................................117
VII Unidade
Viajantes sobre um mar de desenvolvimento, descrença e solidão.............145
VIII Unidade
Terceira geração romântica, última etapa dessa Viagem Literária...............175
I UNIDADE
As viagens portuguesas
Objetivos
Nessa perspectiva, traçamos objetivos que esperamos que você
atinja ao final deste encontro. Vejamos:
• Entender o entrelaçamento da História com a Literatura;
• Compreender a Literatura como reflexo do homem como ser
social e histórico;
• Conhecer a Literatura de Informação;
• Compreender a Literatura Jesuítica;
• Analisar textos produzidos nos diferentes contextos da época:
político, social e individual.
Iniciando a viagem
No princípio, a curiosidade, o desafio, a necessidade
de expandir-se.
Estávamos em meados de 1400 e início de 1500,
período do crescimento mercantilista europeu, que aten-
dia aos interesses econômicos da precoce monarquia
absolutista portuguesa, que buscava, urgentemente, re-
tomar a comercialização interrompida pelos turcos. Por-
tugal envia Vasco da Gama às Índias, monopoliza o co-
mércio das especiarias e de outros produtos asiáticos. O
temido Cabo das Tormentas, bastante temido pelos via-
jantes europeus, recebe, após as viagens vitoriosas dos
portugueses, um novo nome: Cabo da Boa Esperança.
No início de nossa conversa, eu para vocês que
literatura e história formam um tecido. Lembram? Os fios
começam a se unir e a formar a urdidura da nossa histó-
ria literária. Atente para o texto a seguir:
Mar Português
Atividade I
c) Nas aulas de História, você já havia ouvido falar sobre o Bojador? Que
informações pode nos dar sobre esse acidente geográfico?
dica. utilize o bloco
de anotações para
d) Como você interpreta os dois primeiros versos do poema? Comente-os.
responder as atividades!
Descobrindo o Brasil
A frota de Pedro Álvares Cabral não se destinava à exploração de
terras desconhecidas, mas sim concretizar o comércio estabelecido em
Calicute. Para fugir das correntes marítimas, a frota afastou-se muito
do continente africano. O desvio involuntário permitiu confirmar a exis-
tência de terras a oeste da rota de Vasco da Gama. Estava descoberto
o Brasil, território que os índios denominavam de Pindorama (terra das
palmeiras), e os portugueses, em um primeiro momento, de Ilha de
Vera Cruz.
O descobrimento da nova terra não chegou a ter a mesma importân-
cia que o comércio com as índias. A terra prometia pouco, pois aparen-
temente era pobre de especiarias e metais preciosos, apenas o pau-brasil
TEXTO 2
A Literatura de Informação
Com a descoberta do Brasil, em 1500, era preciso informar o rei
de Portugal sobre a nova terra. Para que isso ocorresse, junto às expe-
dições vinham cronistas, a quem cabia tal tarefa.
Escrito sempre do ponto de vista do conquistador português, os
textos informativos relatavam o encantamento e as intenções dos con-
quistadores diante da nova terra.
O primeiro registro informativo a respeito do Brasil foi a Carta de
Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel. Iniciava, assim, a Literatura
de Informação.
Leia dois pequenos fragmentos da carta de Caminha
A língua deste gentio toda pela Costa he huma: carece de três letras
– scilicit (latim, a saber), não se acha nela F, nem L, nem R, cousa digna
de espanto, porque assi não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira
vivem sem Justiça e desordenadamente.
Estes índios andão nus sem cobertura alguma, assi machos como
femeas ; não cobrem parte nenhuma de seu corpo, e trazem descober-
to quanto a natureza lhes deu. [...]
Atividade II
A título de fixação
TEXTO 3
Literatura Jesuítica
ou de Catequese
A Literatura Jesuítica ou Catequética, como o próprio nome sugere,
tem como representantes os padres da Companhia de Jesus que vie-
ram ao Brasil com a missão de catequizar índios para aceitação da fé
católica, em nome da Coroa portuguesa. Coube também aos jesuítas
o papel de educadores, sendo responsáveis pela implantação dos pri-
meiros colégios aqui na província.
Além disso, é preciso notar que o latim era, no caso, não um ins-
trumento de cultura intelectual, mas um instrumento indireto de cate-
quese, destinando-se, como se destinava, à formação de missionários.
É preciso aceitar a ideia de que a catequese, e não a instrução, era o
único propósito dos jesuítas e a própria razão de suas atividades. Não
vai nessa observação censura alguma, mas apenas o desejo de ver
claro num processo que os historiadores têm geralmente desfigurado
através de interpretações superficiais. A conquista espiritual do Brasil
pelos jesuítas foi, no século XVI,
um prolongamento da ideologia
medieval; ninguém poderia sim-
bolizá-la melhor, nas perspectivas
da história intelectual, do que José
de Anchieta.”
Para os estudiosos da Literatu-
ra Jesuítica, merecem destaque:
Padre José de Anchieta, Padre Ma-
nuel da Nóbrega.
Padre José de Anchieta é autor
da primeira gramática em tupi-
Guaixará
Sou Guaixará embriagado,
sou boicininga, jaguar,
antropófago, agressor,
andirá-guaçu alado,
sou demônio matador.
São Lourenço
E este aqui?
Aimbirê
Sou jiboia, sou socó,
o grande Aimbirê tamoio.
Sucuri, gavião malhado,
sou tamanduá desgrenhado,
sou luminoso demônio.
Mateus Nogueira
Se tiveram rei, puderam-se converter ou se adoraram alguma coisa.
Mas como não sabem que coisa é crer nem adorar, não podem enten-
der a pregação do Evangelho, pois ela se funda em fazer crer e adorar
a um só Deus e a esse só servir, e como este gentio não adora nada,
nem crê em nada, tudo o que lhes dizeis se fica nada.
Atividade III
Interpretando os textos
dica. utilize o bloco Nossa aula pretendeu ser apenas um farol a despertá-lo (a) para um
de anotações para aprofundamento maior sobre o tema. O caminho foi apontado. Cabe a
responder as atividades! você explorá-lo. Sucesso. Aguardo você na próxima aula. Até lá.
Em terra firme
TEXTO 2
Afinal, o Barroco
Conversamos tanto e ainda não falamos sobre o Barroco. Sei que
você deve estar curioso para relembrar esse movimento que já foi es-
tudado no ensino médio. Como futuro profissional de Letras e prová-
vel professor de Literatura, é necessário retomar assuntos estudados e
aprofundar esses conhecimentos, visto que na sua vida de docente, eles
serão ferramenta da prática docente.
Antes de mais nada, é preciso entender o significado do termo Bar-
roco. Para tanto, vejamos o ponto de vista de três estudiosos da litera-
Renascimento Barroco
1. linear pictórico
2. superficial profundo
3. forma fechada forma aberta
4. claridade absoluta claridade relativa
5. variedade unidade
1 2
TEXTO 3
O Barroco no Brasil
“ A literatura no Brasil colonial é literatura barroca
e não clássica, como até bem pouco era regra
denominá-la. A literatura nasceu no Brasil sob o
signo do Barroco, pela mão barroca dos jesuítas.”
Afrânio Coutinho
Conhecendo um
pouco esses poetas
Bento Teixeira
Nasceu no Porto, Portugal, acredita-se que em 1561. Com seis
anos de idade vem com a família para o Brasil, perseguidos pela Inqui-
sição por práticas judaizantes. Aqui chegando, instalam-se no Espírito
Santo e posteriormente na Bahia. Após casar-se passa a residir em Re-
cife e pouco depois em Olinda, cidades em que exercerá a função de
professor e, paralelamente, atua na advocacia. Massaud Moisés divi-
de o Barroco brasileiro em três momentos. O primeiro, corresponden-
do aos 50 primeiros anos do movimento, sob inspiração camoniana,
tem como representante isolado, em Pernambuco, Bento Teixeira, autor
da “Prosopopeia, poemeto épico que em 1601 introduz o Barroco no
Brasil.
O texto é composto de 94 estâncias, em oitava–rima, e decassílabos
heroicos, à semelhança d’Os Lusíadas e é dedicado a Jorge Albuquerque
Coelho, Capitão e Governador de Pernambuco. Por seu caráter economi-
ástico e laudatório, bem como pela pobreza do motivo histórico escolhido
– figura quase desconhecida, recebe dos críticos a classificação de poe-
meto épico. Perpetua–se, assim, ao longo da historiografia literária apenas
pelo fato de ser o texto que marca o início do Barroco no Brasil.
Poesia sacra
40 SEAD/UEPB I Literatura Brasileira I
Nesse campo, sua poesia apresenta um homem pecador que se
penitencia através de uma lógica argumentativa. Vejamos:
Buscando a Cristo
Comentando o poema
Atividade II
Leia, atentamente, os textos a seguir.
Soneto (1)
Soneto (2)
Em meio à instabilidade,
vive-se o Barroco
Objetivos
No final dessa aula, esperamos que você:
O convencimento
pela palavra
E já que ‘contemplava por cima’, o pregador procurava sempre
convencer o público através de um discurso veemente, onde não fal-
tava o largo uso de figuras de linguagem como comparações, antíte-
ses, metáforas, hipérboles etc., no sentido de eletrizar o ouvinte, para
despertar-lhe a consciência.
A repetição, com finalidade enfática, bem como o processo de per-
guntas– respostas é outra fórmula vieiriana de eficácia indiscutível.
......................................................................................................
Para que você apreenda bem as informações dadas, os autores do
livro, do qual estamos transcrevendo alguns fragmentos, apresentam
pequeno trecho do Sermão de Santo Antônio, com os devidos comen-
tários.
Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, sois o sal
da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra,
o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a
Em defesa dos
menos favorecidos
Vejamos um documento de época que ratifica o compromisso de Vieira
para com os índios brasileiros, em carta enviada ao rei D. Afonso VI.
As injustiças e tiranias, que se têm executado nos naturais destas
terras, excedem muito às que se fizeram na África. Em espaço de qua-
renta anos se mataram e se destruíram por esta costa e sertões mais de
dois milhões de índios, e mais de quinhentas povoações como grandes
cidades, e disto nunca se viu castigo. Proximamente, no ano de 1655,
se cativaram no rio das Amazonas dois mil índios, entre os quais muitos
eram amigos e aliados dos portugueses, e vassalos de Vosssa Majesta-
de, tudo contra a disposição da lei que veio naquele ano a este Estado,
e tudo mandado obrar pelos mesmos que tinham maior obrigação de
fazer observar a mesma lei; e também não houve castigo: e não só se
requer diante deVossa Majestade a impunidade destes delitos, senão
licença para os continuar.
Com grande dor, e com grande receio a renovar no ânimo de Vossa
Majestade, digo o que agora direi: mas quer Deus que eu o diga. A
El-Rei Faraó, porque consentiu no seu reino o injusto cativeiro do povo
hebreu, deu-lhe Deus grandes castigos, e um deles foi tirar-lhe os pri-
mogênitos. No ano de 1654, por informação dos procuradores deste
Fragmento de texto 1:
Fragmento do texto 1
Fragmento do texto 2
Fragmento do texto 3
Para que você entenda o quão vanguardista era Vieira para o seu
tempo, e o quão é atualizado para a realidade de hoje, transcrevo um
trecho de sua autoria, e um de Martim Luther King, um dos grandes
pacifistas do século XX. A conclusão é sua. Observar a linguagem e o
estilo de cada época é, também, uma forma de aprendizagem.
......................................................................................................
Espero ter despertado o seu interesse por esse escritor excepcional
que nos deixou mais de 200 sermões, dentre os quais destacamos:
• Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as ar-
mas de Holanda. Pregado em 1640, na Igreja de Nossa Se-
nhora da Ajuda, incitando os fiéis a expulsarem os holandeses
do Nordeste.
• Sermão do bom Ladrão (ou da Audácia). Pregado na Igreja da
Misericórdia, em Lisboa, na Quarema de 1655. O autor abor-
da diretamente a desonestidade reinante em seu tempo.
• Sermão da Sexagésima (ou do Evangelho). Pregado na Capela
Real, em 1655. É neste sermão que Vieira faz uma profissão de
fé ao conceptismo. Procura provar a má qualidade dos sermões
da época, questionando os pregadores.
• Sermão de Santo Antônio (ou aos Peixes). Pregado em São Luís
do Maranhão, em 1654. Vieira intensifica sua crítica à cegueira
e à surdez dos ouvintes, dos fiéis, afirmando que certo estava
Santo Antônio que fora pregar aos peixes que o ouviram, já que
o povo não o ouvia.
INUTRUQUECESAR
N I NUTROQUECESA
UN I NUTROQUECES
TUN I NUTROQUECE
RTUN I NUTROQUEC
ORTUN I NUTROQUE
QORTUN I NUTROQU
UQORTUN I NUTROQ
EUQORTUN I NUTRO
CEUQORTUN I NUTR
ECEUQORTUN I NUT
SECEUQORTUN I NU
ASECEUQORTUN I N
RASECEUQORTNU I
À guisa de conclusão
Chegamos ao término dessa unidade. Muita coisa deixou de ser
dita pela exiguidade de tempo correspondente a uma unidade. Cabe a
você preencher as lacunas deixadas, fazendo pesquisas e leituras na(s)
biblioteca(s) de sua cidade ou em bibliotecas particulares. Os professo-
res sempre dispõem de livros para pesquisa e são pessoas predispostas
a emprestá-los. Mais uma vez lembro que a internet é uma boa fonte de
pesquisa, desde que a busca seja em sites especializados.
Filmes recomendados
Tenho sempre orientado filmes que abordam a temática em estudo
e que contribuem para uma melhor compreensão do período em foco.
Para entender a influência do contexto barroco nos sermões de Vieira,
bem como o surgimento das Academias, sugiro que sozinho(a) ou com
alguns amigos (as) assista(m):
Leituras recomendadas
• Os livros de História do Brasil, especificamente os capítulos
sobre a Reforma e a Contra –Reforma, bem como artigos na
internet.
Resumo
Muito do que vamos falar agora já foi dito no encontro anterior.
Entretanto, necessário se faz lembrar-lhe que o período barroco teve
início em 1601 e término em 1768. Como vimos, há uma delimitação
no tempo. Nesse período, toda a produção artística em verso e prosa
retrata as questões políticas, sociais e religiosas da época. Preso à
religiosidade medieval, o homem barroco vive a insegurança, o terror
e toda a violência imposta por aqueles que professavam a fé católica.
Nesse cenário, surge a figura de Padre Antônio Vieira. O fato de ser
jesuíta e português de nascimento, embora tenha vindo para o Brasil
ainda criança, nos faz acreditar que este religioso terá o mesmo com-
portamento dos demais religiosos da época. Todavia, somos surpreen-
didos por um Vieira que vai se revelando para nós como defensor dos
índios, dos escravos e dos cristãos novos. Na luta em prol dos menos
favorecidos, Vieira vai usar as armas de que dispõe: o púlpito das igre-
jas, seja aqui no Brasil ou em Portugal, utilizando-se dos recursos de
linguagem peculiares ao Barroco, o religioso usará da inversão, das
metáforas e das antíteses como forma de persuadir e convencer os
fieis, incluindo-se, a esses, as mais altas autoridades presentes ou não
no ato religioso. Você aprendeu, ainda, que paralelamente à prosa de
Vieira e à poesia de Gregório, surgem as Academias e ao lado destas
os atos acadêmicos.
c) Após assistir cada filme, repita o exercício de elaboração de textos. Emita sua
opinião sobre o enredo, personagens que achou mais interessantes, paisagens,
cenas mais fortes e outros pontos que você achar necessário destacar.
d) Releia os textos que você produziu. Seja seu próprio juiz. Ficaram claros e
objetivos? Outra pessoa é capaz de entender o que você escreveu? Caso essa
autoavaliação não lhe agrade, refaça os textos. Ânimo, todo escritor refaz o que
escreve.
Objetivos
No final dessa aula, esperamos que você:
Arcadismo/Neoclassicismo
A grosso modo, podemos dizer que o Arcadismo foi um estilo de época
que surge na Europa e posteriormente no Brasil, em oposição ao Barroco.
Toda a escuridão desse período é substituida pela simplicidade. A vida no
campo passa a ser o ideal da sociedade em detrimento da vida urbana,
símbolo da hipocrisia e caldeirão de doenças que a cidade representa:
acúmulo de habitantes e ausência de saneamento básico. Sufocado em
meio a tanta insatisfação, o homem busca os padrões greco-latinos. Justi-
fica-se, assim, o termo Neoclacissisno, ou seja, novos clássicos. E o termo
Arcadismo, qual sua origem? Inspira-se também na Grécia. Segundo a
lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que
viviam de forma simples e idílica, celebrando o amor e o prazer.
Cademartori, p. 31 et passim, em Períodos Literários, refere-se ao
movimento:
À tentativa de retorno, no século XVIII, aos pagrões
greco-latinos dá-se o nome de Neoclacissismo.
Nesse século manifestam-se várias tendências ideo-
lógicas e estéticas que dificultam uma cômoda defi-
nição do estilo da época. Segue-se ao Barroco um
período de difusão do racionalismo e de valorização
da concepção científica do mundo. Prega-se uma
revolução baseada no progresso do conhecimento
humano. É a época dos enciclopedistas Diderot,
Rousseau e Montesquieu, expoentes de uma socie-
dade voltada para a precisão e para a máquina, e
que acredita na melhoria da vida social graças á
divulgação do saber. A essa tendência denominou-
-se Iluminismo, cabendo ao termo Neoclacissismo
designar a imitação dos clássicos – como Virgílio,
Teócrito,Horácio – contrapostos à exuberância bar-
roca.Ainda uma outra tendência existiu paralela a
essas: o Arcadismo. Sem contrapor-se ao Neoclacis-
sismo e ao Iluminismo, o Arcadismo acrescenta-se
a essas tendências, evocando a vida pastoril como
Arcadismo no Brasil
“Devemos imitar e seguir os Antgos: assim no-lo
ensina Horácio, no-lo dita a rezão; e o confessa
todo o mundo literário”
Correia Garção
Esse retorno aos valores gregos fez com que os poetas árcades, a
exemplo dos pastores que viviam na Arcádia, adotassem pseudônimos
pastoris. Citemos como exemplo os nossos árcades mais destacados.
Na poesia épica
Na sátira
Na poesia encomiástica
2) Pesquise sobre Petrarca. Quem foi, onde viveu e porque deve ser reverenciado
pelos poetas árcades. Lembre-se de que a escrita ajuda a memorização.
Continue fazendo anotações.
Soneto XCVIII
Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara
Que entre penhas duras se criara
Um alma terna, um peito sem dureza!
(Obras Poéticas)
Soneto XIII
Que inflexível se mostra, que constante
Se vê este penhasco! já ferido
Do proceloso vento e já abatido
Do mar, que nele quebra a cada instante!
Parte I
Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimados.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite;
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!
Parte II
Lira I
Já não cinjo de louro a minha testa;
Nem sonoras canções o Deus me inspira:
Ah! Que nem me resta
Uma já quebrada,
Mal sonora lira!
Lira IV
Já, já me vai, Marília, branquejando
Louro cabelo, que circula a testa;
Este mesmo, que alveja ,vai caindo
E pouco já me resta.
Parte III
Lira I
Convidou-me a ver seu Templo
O cego Cupido um dia;
Encheu-se de gosto o peito,
Fiz deste Deus um conceito,
Como dele não fazia.
Lira V
Eu não sou, minha Nise, pergureiro,
que viva de guardar alheio gado;
nem sou pastor grosseiro,
dos frios gelos e do sol queimado,
que veste as pardas lãs do seu cordeiro.
Graça, ó Nise bela,
graças à minha estrela!
Atividade II
A primeira virtude do artista é a razão
Boileau
5 - Procure ler alguns trechos das Cartas Chilenas. Não guarde para si as dica. utilize o bloco
impressões que o texto lhe causou. Comente com seus colegas. Você de anotações para
conhece sátiras sobre a política atual? Chame a atenção de seus colegas responder as atividades!
para esse gênero utilizado, independente de época.
Literatura Brasileira I I SEAD/UEPB 87
Frei José de Santa Rita Durão
Antes de apresentarmos Santa Rita Durão, necessário se faz dizer-
mos um pouco da poesia épica no período neoclássico e a relevância
desta para a identidade literária do País. É na épica que surgem os
temas de nossa cultura colonial, a descrição da natureza tropical, em
substituição ao locus amoenus da poesia europeia, e a introdução do
índio como herói, mesmo na condição de coadjuvante do europeu.
Esse sentimento nativista presente nos temas abordados são prenúncios
do nacionalismo romântico do século XIX.
Santa Rita Durão nasceu em Minas Gerais e morreu em Lisboa.
Sua obra mais importante é o poema épico Caramuru, que tem como
tema a colonização da Bahia, por Diogo Álvares Correia, misto de
missionário e colono português. Influenciado pelas ideias francesas do
“homem natural”, o poeta criou uma imagem idealizada do nosso ín-
dio. Essa visão influenciará, posteriormente, os escritores românticos
indianistas/naturalistas.
O poema segue o modelo camoniano de Os Lusíadas: é organi-
zado em 10 cantos, com estrofes de 8 versos e mesmo esquema de
rimas, ABABABCC; estrutura tradicional de Proposição, invocação, de-
dicatória, narração e epílogo. A ação central do poema é a lenda que
envolve a personagem histórica Diogo Correia, que após um naufrágio
escapa da morte amedrontando os índios com um tiro de espingarda.
Conta a lenda que ao ouvirem o disparo os índios cairam por terra ex-
clamando Caramuru! Caramuru!, termo que significa Deus do Trovão.
O Canto VI do poema, que a seguir transcrevo uma estrofe, narra
que Diogo recusara as filhas de vários chefes indígenas, pois amava
Paraguaçu, uma linda índia que tomara por esposa. Saudoso do mun-
do civilizado, resolve voltar à Europa. Inconformadas com a partida,
as jovens índias enciumadas atiram-se ao mar, seguindo o navio. Uma
delas, Moema, transtornada, agarra-se ao leme do navio e morre gri-
tando o nome de Diogo.
I-Introdução
Atividade III
1 - Junte-se a seus colegas e leiam o poema O Uruguai, identificando os
personagens. Estudem as falas correspondentes a cada uma e declame-as.
3 – Acho que você percebeu que deixei de comentar a produção de dois poetas
que citei, também, como representantes do Arcadismo brasileiro. Trata-
se de Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto. Não pense que eles são menos
importantes que os demais. Apenas, como diz a sabedoria popular, o correto
dica. utilize o bloco não é dar o peixe, mas ensinar o outro a pescar. Utilizando o provérbio, cabe
de anotações para
responder as atividades!
a você, agora, pesquisar sobre os dois poetas, verificar as características
de cada um e fazer um breve comentário sobre o que você pesquisou. Este é
o desafio. Sucesso!
Considerações Finais
A minha vontade é continuar conversando sobre Arcadismo, buco-
lismo, Inconfidência Mineira, poetas e inconfidentes. Todavia, o tempo,
essa criação do homem para sua própria prisão, exige que terminemos
esse encontro.
Muita coisa deixou de ser dita, analisada, discutida. Agora, cabe
a você procurar preencher as lacunas deixadas. As leituras e os filmes
sugeridos ajudarão na compreensão da assunto.
Procure escutar a canção que transcrevemos no início da unidade.
Ela foi escrita e lançada nos anos 70 do século XX. Falo isso para lhe
lembrar do que afirmei no início do encontro sobre o ser humano.
Somos seres complexos em constantes mudanças. No entanto somos
o mesmo homem de ontem, em relação aos nossos anseios. Em plena
agitação política e social, em plena recessão pós Revolução de 64,
Zé Rodrix traz para nós, representando toda a sociedade da época, o
anseio de voltar ao campo, o anseio de curtir a paz do campo e afastar-
Leituras e filmes
recomendados
• Os livros de História Geral e do Brasil, especificamente os ca-
pítulos sobre Iluminismo, Enciclopedismo, Revolução Industrial,
Inconfidência Mineira, bem como artigos na internet.
• Livros e artigos que abordem a expulsão dos jesuítas do Brasil
e o papel do Marquês de Pombal nessa expulsão.
• Livros de Literatura Portuguesa e Brasileira que tratem do Arca-
dismo.
• Artigos sobre a Inconfidência Mineira, e o papel dos poetas in-
confidentes para a formação de uma literatura com identidade
nacional.
• Visitas à(s) a biblioteca(s) de sua cidade. Nesse(s) espaços, você
encontrará material necessário para complementar seus conhe-
cimentos.
• 1808. Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma
corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de
Portugal e do Brasil.
• Os inconfidentes, filme em que José Wilker faz o papel de Tira-
dentes.
• A Missão, filme já recomendado, que trata das missões jesuíti-
cas na América do Sul.
a) De acordo com a visão ácade, o homem que vive em contato com a natureza
é bom e puro. Você concorda com essa afirmação? Registre sua opinião
apresentando argumentos.
c) Após assistir cada filme sugerido, sistematize o que você considerou mais
relevante. Organize com alguns colegas um debate sobre os temas neles
abordados. Convide um professor para ser mediador no debate. Faça
anotações das colocações apresentadas. Não deixe de registrar sua opinião
sobre as referidas colocações.
Vivendo o ideário de
Liberdade, Igualdade e
Fraternidade
Atividade I
A seguir, apresentamos a vocês algumas telas de pintores romãnticos. De posse
do endereço eletrônico de onde elas foram retiradas, visite a página e conheça
outras telas, bem como outros pintores da época. Proceda da mesma forma em
relação à música, procure escutar algum dos artistas citados.
Atividade II
Leia, atentamente, o fragmento que acabamos de estudar. Nele encontrará as
respostas para o roteiro a seguir:
c) Segundo o autor, qual é o ideal da sua época que deve estar presente na
literatura?
d) Que argumentos utiliza para convencer o leitor de que esse ideal é de fato
importante?
Atividade III
1. Para entender melhor essa junção de grotesco e do sublime, sugerimos assistir
aos filmes que elencaremos a seguir, olhando-os à luz das características do
Romantismo. Convide seus colegas para a sessão de cinema. No final conduza
um debate no Ambiente Virtual para ver se as opiniões convergem ou divergem.
Socializar o saber é contribuir para um mundo mais crítico e cidadão. Boa
tarefa.
Romantismo em Portugal
Este texto talvez seja desnecessário, pois você estudará a Literatura
Portuguesa. Contudo, será apenas um preâmbulo para a introdução do
Romantismo no Brasil. Como fomos colônia de Portugal, tudo que aqui
chegava, direta ou indiretamente, vinha de Portugal.
Dentre os iniciadores do Romantismo em Prtugal, destacamos: Al-
meida Garret, Alexandre Herculano, Júlio Dinis, Camilo Castelo Bran-
co, dentre outros. Apreciemos o texto de Almeida Garret, um dos gran-
des exemplos para nossos escritores.
Este inferno de amar
Este inferno de amar – Como eu amo! -
Quem mo pôs aqui n’alma ... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há de apagar?
“Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para
amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o
que quero dizer-te é que te amo? “
Fernando Pessoa (poeta português)
Leituras recomendadas
• Os livros de História Geral, especificamente os capítulos sobre
Revolução Industrial e Revolução Francesa, bem como artigos
na internet.
Identidade nacional e
Romantismo no Brasil
Objetivos
MINISTÉRIO DA CULTURA
Fundação Biblioteca Nacional
Lede
ADEUS À EUROPA
Adeus, oh terras da Europa!
Adeus, França, adeus, Paris!
Volto a ver terras da Pátria,
Vou morrer no meu país.
Literatura Brasileira I I SEAD/UEPB 123
Qual ave errante, sem ninho,
Oculto peregrinando,
Visitei vossas cidades,
Sempre na Pátria pensando.
De saudade consumido,
Dos velhos pais tão distante,
Gotas de fel azedavam
O meu mais suave instante.
Atividade I
Segundo o dicionário Houaiss, o vocábulo manifesto apresenta o seguinte
dica. utilize o bloco significado: s.m. 1 declaração pública de opinião, motivo, tendência etc. adj. 2
de anotações para
responder as atividades! explícito, evidente.
O Indianismo na poesia -
Gonçalves Dias
Falar do Indianismo na poesia brasileira é falar em Gonçalves Dias.
Em qualquer livro de literatura brasileira você encontrará dados biográ-
ficos desse poeta. Por esse motivo, não quero falar do homem, quero
falar do dramaturgo, do etnógrafo, do poliglota, do jornalista, do críti-
co, do professor e acima de tudo, do poeta ...
Autor diverso, que perpassa de dicionarista a dramaturgo e memo- Gonçalves Dias
O canto do guerreiro
I II
Aqui na floresta Valente na guerra,
Dos ventos batida, Quem há, como eu sou?
Façanhas de bravos Quem vibra o tacape
Não geram escravos, Com mais valentia?
Que estimem a vida Quem golpes daria
- Ouvi-me, Guerreiros, Fatais como eu dou?
- Ouvi meu cantar. - Guerreiros, ouvi-me;
- Quem há, como eu sou?
- Guerreiros, ouvi-me;
- Quem há, como eu sou?
- Guerreiros, dizei-me,
- Tão forte quem, é?
O Indianismo na
prosa – José de Alencar
José Martiniano de Alencar foi um escritor plural. Perpassou todas
as gerações românticas. Sua obra é composta de:
.........................................................................
A manifestação
do Nacionalismo
No ínicio de nosso encontro citei que um dos traços essenciais de
nosso Romantismo é o nacionalismo, que orientará o movimento e lhe
abrirá um rico leque de possibilidades a serem exploradas. Há, por par-
te de nossos poetas, uma necessidade de exaltar a Pátria, de exprimir o
orgulho de ser brasileiro, de ser nação independente. Esse sentimento
nativista é manifestado na ausência da Pátria, no sentir-se exilado por
estar distante do solo amado.
Gonçalves Dias, estando em Portugal, escreve a primeira canção de
louvor à Pátria, a Canção do Exílio.
Pátria Minha
A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
Texto extraído do livro “Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa”, Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro,
1986, pág. 267.
Filmes recomendados
O Guarani
A Lenda de Ubirajara
Todos esses filmes estão disponíveis para download, caso você não
encontre para locar.
Resumo
Objetivos
No final dessa aula, esperamos que você:
A 2ª geração român-
tica no Brasil: o Ultra-
-Romantismo1, também
conhecida como Gera-
ção Mal do Século ou
ainda Geração Byronia- Leandro Joaquim. Vista da Igreja e da praia da Glória – Séc. XVIII
na, tem início em 1853
com a publicação de Obras Poéticas de Álvares de Azevedo e Trovas de
Laurindo Rabelo, encerrando-se em 1870, quando vem a público a obra
De acordo com a nova ortografia, a grafia de Castro Alves, Espumas Flutuantes.
1
Prefácio
Casimiro de Abreu
Sabes que minha vida tem sido uma luta contínua
e que a alegria nunca foi minha companheira; no
entanto, pude espalhar o mel dos risos sobre muita
página mentirosa e disfarçar as angústias do espí-
rito na melodia das rimas.
(Carta de Casimiro de Abreu a um amigo)
Junqueira Freire
Luís José Junqueira Freire nasceu em Salvador, Bahia, em 1832,
e morreu na mesma cidade, em 1855, aos 23 anos de idade. Ainda
jovem optou pela vida eclesiástica, talvez sem a vocação necessária.
Diz-se talvez, pela revolta do poeta em relação às exigências da vida
monástica e ao celibato.
Sua poesia mostra-se dividida entre os apelos da vida material e
carnal e os deveres da vida religiosa, entre o amor de Deus e à mulher,
entre o amor platônico e o amor sensual cheio de culpa, entre a vida e
a morte. É considerado um poeta que oscila entre a tradição clássica e
o pessimismo mórbido da segunda geração romântica.
Obras
Inspirações do claustro
Contradições poéticas
Elementos de retórica nacional
Fagundes Varela
Fagundes Varela também é citado como pertencente à 2ª Gera-
ção, dentre outros. Por ser considerado poeta de transição, comentare-
mos sua obra na próxima unidade.
Um cadáver de poeta
Amor e medo
Quando eu te fujo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contudo dizes,suspirando amores:
“ - Meu Deus, que gelo, que fieza aquela!”
[...]
Casimiro de Abreu
… a lua majestosa
Surgindo linda e formosa. (…) a lua franca
Como donzela vaidosa Abre seus seios de donzela e despe
Nas águas vai se mirar! Seus vestidos no mar
3. O calor do sol
Esse sol que anima a flor O sol fendeu-me o dorso como açoite
De tarde, no vale ameno,
Por entre os choupos anosos,
É esse brilho sereno,
Cheio de mago fulgor...
4. A tristeza
Minh’alma é triste como a flor que morre A noite eu sou, consumo a minha treva.
Pendida à beira do riacho ingrato...
5. O erotismo feminino
Que rosto d’anjo, qual estátua antiga “Oh! Consome e devora o teu amor!”
No altar erguida, já caído o véu! Perdida ela dizia, desmaiando
Que olhar de fogo que paixão instiga! Qual as douradas noites do equador.
Que níveo colo prometendo um céu!
6. Reflexo das estrelas no mar
A prosa no Romantismo
Brasileiro
Na unidade anterior, comentamos sobre os romances indianistas de
José de Alencar, embora não tenhamos feito nenhuma alusão à forma
como esse gênero literário surgiu no Brasil. Todavia temos informações de
que a prosa já era praticada em nosso país, mas de forma incipiente.
Características da
prosa romântica
Quando começamos a estudar o Romantismo, apresentamos ca-
racterísticas específicas desse estilo de época. Todavia nem sempre o
que utilizamos na poesia é adequado à prosa. A seguir elencamos as
7
Adaptadas de Cereja e Cochar ( 1994,
mais usuais7.
p.113)
O romance regionalista –
Principais representantes
Da mesma forma que os escritores indianistas elegeram o índio e a
natureza como representação da identidade nacional, escritores como
Bernardo Guimarães, José de Alencar, Visconde de Taunay e Franklin
Távora dentre outros, criaram o romance regionalista como forma de
enaltecer a natureza dos sertões brasileiro, seu povo, costumes, modos
de falar. Muda-se a fala, muda-se a cor local, muda-se o ambiente,
muda-se as personagens, mas permanece a essência romântica: “ a
concepção de amor único e idealizado, de cujo êxito resulta a felicida-
de, ou para cujo fracasso só há uma saída – a morte.”
Bernardo Guimarães – Mineiro de Ouro Preto, foi o primeiro a abordar
Atividade III
Ao longo dos nossos encontros temos comentado que as tendências de época
têm um tempo cronológico. Contudo, afirmamos também que os sentimentos
são peculiares ao humano e, como tal, extrapolam toda e qualquer época.
04 de setembro de 2011 •
12h18
Leituras recomendadas
A leitura deve ser uma prática na vida do aluno de Letras e do pro-
fessor de Literatura. Portanto, recomendamos:
Filmes recomendados
A Moreninha
Sinopse
Toda a história se passa na
paradisíaca Ilha de Paquetá cen-
trada em Carolina (Sônia Braga) e
Augusto (David Cardoso). Amigos
da família reúnem-se para um sa-
rau na casa de Carolina. Lá, ele
vai reencontrar aquele amor dos tempos de criança, com quem tro-
cou juras de amor e um camafeu, peça fundamental para que eles se
reconheçam. Adaptação do livro homônimo de Joaquim Manuel de
Macedo.
Inocência
Sinopse
Inocência é um filme no estilo
romântico ambientado no Brasil.
A menina Inocência (Fernanda
Torres) é acometida de malária e
o médico Cirino (Edson Celula-
ri) é designado para tratá-la. Os
dois se apaixonam, mas a jovem
está prometida para um rico fazendeiro da região e seu pai coloca-se
contra a relação.
O Cangaceiro
Sinopse
O bando de cangaceiros do
capitão Gaudino semeia o terror
pela caatinga nordestina. A professora Maria Clódia, raptada durante
um assalto do grupo, se apaixona pelo pacífico Teodoro. O forte amor
entre os dois gera grande conflito.
Esse filme é indicado para você conhecer o mundo do cangaço, no
qual se desenrola o drama de O Cabeleira.
Resumo
Chegamos ao penúltimo encontro. Convivemos com a 2ª Geração
Romântica. Com esses jovens poetas aprendemos que a evasão, o so-
nho, a fuga da realidade pode não ser o caminho, mas com certeza é
uma possibilidade. Estavam certos, estavam errados? Não temos res-
postas. Aprendemos que o homem é um só, apesar do tempo, apesar
do conhecimento, apesar de tudo. Em sua essência, ele, homem, é
um só. O homem é um poço de sentimentos, que vai expondo como
e quando lhe convier. Aprendemos e apreendemos que é inexoravel-
mente produto da sociedade em que vive. Nesse sentido, convivemos
a angústia de Álvares de Azevedo, bem como o saudosismo e o medo
de Casimiro de Abreu. Compreendemos a ânsia de viver de cada um
deles. Com Sousândrade vivemos e sentimos na pele a dor da incom-
preensão e da exclusão. Conhecemos Macedo e sua doce Moreninha.
Com eles ficamos sabendo dos usos e costumes da burguesia da Corte
brasileira. Fomos despertados para conhecer Lúcia, Diva, Aurélia e de-
mais protagonistas das obras alencarinas. Tomamos conhecimento da
luta de escritores como Franklin Távora, Bernardo Guimarães, Taunay
e também Alencar para mostrar que o Brasil vai além da Corte, além
do Rio de Janeiro, mostrando um novo tipo de personagens, de lingua-
gens e costumes diferentes. Entretanto, vimos que apesar das diferenças
todos se comportam como manda os preceitos do Romantismo. E para
finalizar, presenciamos o non sense da experiência byroniana de Noite
na Taverna.
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos Vinte Anos. São Paulo: Martin Claret,
2001.
site
http://guiadoestudante.abril.com.br/estude
www.recantodasletras.com.br
Objetivos
Antônio Frederico
de conscientização a serviço de uma causa
político- ideológica.
de Castro Alves
Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847,
na fazenda Cabaceiras, interior da Bahia. Após os estudos secundá-
rios ingressa na Faculdade de Direito do Recife, 1864. Logo chama a
atenção da comunidade acadêmica por sua inspiração poética e pelos
embates públicos que travava com outro poeta, também da mesma
faculdade, Tobias Barreto.
Reconhecidamente cognominado como o poeta dos escravos, con-
clamava a todos para a causa abolicionista, pois considerava a escra-
vidão, a grande vergonha do país. A praça pública, espaço que para Antônio Frederico de Castro Alves
ele pertence ao povo, é o cenário utilizado em prol dos seus ideais.
Ali ele conclama a todos pra a luta. Ali ele ratifica, no poema “Povo
ao poder”, segunda estrofe, o direito de todos aos espaços públicos.
Vejamos:
“ A praça! A praça é do povo
como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor.
Senhor !... pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua de seu …
Ninguém vos rouba os castelos
Tendes palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu3. 3
Anteu - Gigante, filho da Terra e de Netuno.
Vivia na Líbia.
Luís Nicolau
Fagundes Varela
Conforme prometemos no encontro anterior, apresentaremos Ni-
colau Fagundes Varela, poeta considerado pertencente às duas últimas
gerações românticas. Nasceu em Rio Claro, Estado do Rio de Janeiro,
Luíz Nicolau Fagundes Varela
no ano de 1841. Aos 18 anos veio para São Paulo e ingressou na Fa-
culdade de Direito. Teve uma vida bastante conturbada. Casou-se em
1862 e no ano seguinte nasceu-lhe o primeiro filho, que morreu aos
três meses de idade. A esse filho dedica o poema “Cântico do calvário”.
Essa perda desnorteia-lhe a vida. Entrega-se a boemia e ao alcoolismo.
Literatura Brasileira I I SEAD/UEPB 181
Embora sua obra apresente características ultrarromânticas, como
o pessimismo, a solidão e a morte, o poeta já apresenta preocupação
com os problemas sociais e com a política do país, a nacionalidade, o
índio e a escravidão. Sua obra perpassa do lirismo de Gonçalves Dias
e Casimiro de Abreu ao condoreirismo de Castro Alves. É considerado
precursor da linguagem grandiloquente e da oratória, marcas futuras
da poética de Castro Alves.
Conta-se que em março de 1865, Castro Alves embarca em um
navio de volta para o Recife. Para sua surpresa reconhece entre os
passageiros o poeta Fagundes Varela, com quem trava a conversa que
transcreveremos a seguir, citada por Francisco Pereira da Silva ( 2001,
p.82 ). No diálogo, o poeta conta a Castro Alves como viviam (o grupo
de poetas ultrarromânticos) em São Paulo.
- Menino, você precisa conhecer as loucuras que vi-
vemos na São Paulo da garoa, sob a tutela da velha
academia do largo do São Francisco! Nossa tenda
de magia fica sob as famosas “arcadas” do velho
Colégio Anchieta. Ali, tingimos os trapos de uma
nova civilização! Nosso clima é de super-realismo
lírico! Corremos a vida de extremo a extremo - das
imundas estalagens para o altar da purificação in-
telectual! Temos os nossos rituais, a nossa simulada
loucura, as nossas perversões. Byron é o condutor e
o grande deus envenenador. Ali, tudo é permi-
tido, até o estudo, se for o caso, embora isto nunca
aconteça. Porque o desespero é a medida. Ah, seu
moço, você precisava conhecer a nossa Sociedade
Epicurista! Atingimos, com a nossa recusa, a hipócri-
ta sociedade paulista. Melhor é amar furiosamente
e morrer depressa. Amigo, uma dose, uma dose do
verde absinto!
Castro Alves está desconcertado com o desabafo da-
quele que foi o seu ídolo, daquele que ainda é para
ele o maior poeta! (…) O belo anjo caído estava ali,
sem literatura. Era triste, pois a vida vale ser vivida.
Narcisa Amália
À MINHA MÃE
A FLOR DO MARACUJÁ
Castro Alves
O Adeus de Teresa
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta
a correnteza,
A valsa nos levou nos giros
seus...
E amamos juntos... E depois
na sala
“Adeus” eu disse-lhe
a tremer co’a fala...
Martins Pena
Martins Pena era um dramaturgo fecundo e talen-
toso: nos seus 33 anos de vida produziu 28 peças,
a maior parte delas, comédias. Começou a escre-
vê-las na adolescência e desde logo contou com o
apoio do ´produtor e ator João Caetano.
Atividade II
1. Comparando-se o enredo de Memórias de um Sargento de Milícias, romance
apontado como de transição, com A Moreninha, primeiro romance urbano
de nossa literatura, comente os pontos de convergências e divergências
entre eles.
Arrematando fios
É hora de retomarmos o primeiro encontro e arrematarmos os fios
do tecido que começamos a tecer. Nele iniciamos uma viagem que
prometíamos ser bastante interessante. Para mensurar o tempo que fi-
caríamos na viagem, usamos a simbologia da ampulheta, lembra?
Entramos no túnel do tempo e “mergulhamos” em busca do desco-
nhecido. Tenho certeza que assim como nós você não se arrependeu.
Foi uma viagem e tanto! Aportamos em novas terras, onde encontramos
pessoas que nem imaginávamos. Com elas vivemos o descobrimento,
conhecemos índios, desrespeitamos suas culturas, catequizamos com
os jesuítas, vivemos entre o céu e o inferno e, cansados e desiludidos,
nos afastamos para o campo.
Creio que os objetivos traçados foram atingidos. Queríamos que
você conhecesse e refletisse conosco sobre a nossa própria história;
queríamos que entendesse que a literatura, embora não tenha preo-
cupação com “verdades”, permite que entendamos o homem como
reflexo de uma determinada sociedade culturalmente, politicamente,
socialmente, religiosamente e ideologicamente permeada por um con-
texto histórico. Somos indivíduos ao tempo em que também somos o
coletivo, embora possa parecer complicado.
Temos certeza de que foi uma experiência ímpar. Pensando em uma
forma de você não esquecer nossa viagem, escrevemos um texto, o
qual intitulamos de Viagem Literária. A ampulheta foi mais uma vez
utilizada como forma de nos mostrar que o tempo, instrumento que o
homem criou para limitar suas próprias ações, é testemunha de nossas
mudanças e inquietações. Para não reproduzir a imagem do primeiro
encontro, pesquisamos na internet e encontramos uma série de ampu-
lhetas, as quais associamos a ideia do tempo que estivemos juntos.
Extrapolamos o limite inicial que deveria corresponder ao período
que vai do Descobrimento ao Romantismo. Que motivos nos levaram a
tal atitude? Cativá-los, seduzi-los para que continuem a viagem. Desta
feita já não mais em nossa companhia, todavia, temos a certeza de que
os novos roteiros serão tão interessantes quanto aqueles que juntos
percorremos. Passemos ao texto, então.
Leituras recomendadas
Temos consciência de que, embora imbuídos de boa vontade, mui-
to deixamos por dizer. Sabemos das lacunas, dos vazios a serem pre-
enchidos. O leme agora está em suas mãos. Como estudante de Letras
e professor de Literatura, é imprescindível que você leia e leia muito. A
responsabilidade em relação ao jovem que chega em uma sala de aula
é muito grande. Incentiva-o a ser um leitor proficiente, demonstrando-
-lhe que você o é. A pedagogia do exemplo é o melhor caminho para
que os jovens acreditem em seu professor. Por esse motivo, indicamos
como leituras de aprofundamento:
Referências
ABDALA Jr, Benjamin, CAMPEDELLI, Samira Youssef. Tempos da
Literatura Brasileira. São Paulo: Ática, 1986.