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18 de outubro de 2021

Marina B. Sobral

História da Música IV

Claude Debussy foi um músico e compositor francês nascido em 1862 e falecido em


1918. Suas obras o levaram a ser considerado uma “figura de transição” entre os séculos XIX e
XX.

A passagem do século XIX para o XX foi marcada, na música, pelo surgimento da ideia
de quebra de modelos tradicionais. Alguns artistas viam necessidade de uma nova arte que
atendia os desejos do novo mundo contemplado por máquinas, fábricas e grandes cidades. Uma
arte que se destinava a alguém que vivia nesse mundo, ou seja, alguém que “não era deixado”
contemplar a arte sentado pacificamente. Junto a isso, procurava expressar os lugares mais
escondidos da alma com o objetivo de olhar para dentro de si mesmo e deixar transbordar para
o mundo.

O surgimento da música moderna consistiu na quebra do sistema hierárquico e a


liberação dos doze tons da escala que passaram a ser tratados todos como iguais, realização de
Schoenberg em 1924. Alguns historiadores colocam a suposição que, se teve um ponto de
partida, foi na melodia para flauta que abre o Prélude à “L’Après-midi d’un Faune” (1894) de
Claude Debussy, em que este, deixou pairar uma dúvida na tonalidade nos primeiros compassos,
o que se pode associar com a liberação da tonalidade diatônica (maior e menor) tão presente
na música tradicional. Além disso, usou o intervalo harmônico – trítono – considerado hostil
para os mesmos (“diabolus in musica”) e outras características aversivas a forma tradicional.

A forma virou uma possibilidade assim como a harmonia diatônica. No prelúdio, o


motivo é apoderado de forma insegura, pois volta duas vezes sobre si mesmo como uma
confirmação repetida e só então segue para um desenvolvimento incerto que parece uma
improvisação. Contrário dos costumes tradicionais com uma ideia bem definida que desenvolve
em progressão de longa duração e regularidade rítmica, segue um andamento irregular, mas
que gera um toque colorido na música. Agregando a esses fatores, a analogia ao sonho vem
através da evocação de ideias sonoras espontâneas que podem ser comparadas com a pintura
do Impressionismo. Segundo Debussy, a obra é uma sequência de “cenários sucessivos que
projetam os desejos e sonhos do fauno”.

Para sua expressão, as técnicas consagradas consistiam em um obstáculo, mas não as


descartou completamente. Tanto que o Prelúdio não demorou para receber popularidade por
ser uma obra que trazia essas mudanças de forma furtiva, sendo assim mais facilmente aceita
do que as mais radicais de Schoenberg e Stravinsky.

Após alguns anos, em um momento que buscava recuperar a música autêntica francesa
que ele acreditava ter se perdido, compôs a obra para dois pianos En Blanc et Noir, como o nome
já sugere, “preto no branco”, o bem e o mal, a França e os inimigos da França – Primeira Guerra
Mundial. Além disso, Paris se tornou a grande capital cultural e muitas vezes parecia ressaltar
mais a música estrangeira do que a nacional, assim, Debussy reagiu enfrentando o mundo com
sua música. Algumas das obras dos últimos anos de vida, antes de falecer de câncer em 1918,
foram três sonatas de câmera, estudos para piano, Seis Epígrafes Antigas procurando seguir a
música tradicional francesa. Com isso, se conclui que foi uma “figura de transição” entre os
séculos, pois não foi um radical, mas também não de prendeu às regras tradicionais.

Fontes:

Vista do A Poética do Conflito na obra para dois pianos En Blanc et Noir de Claude Debussy
(udesc.br)

A Música no Século XX (Dorotéa Kerr): 01d18t05.pdf (unesp.br)

Livro:

A Música Moderna (Paul Griffiths)

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