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1I Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública

2Oficina de Trabalho: Moradia e Saúde


Recife, 21 e 22 de março de 2002

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REDE BRASILEIRA DE HABITAÇÃO PARA A SAÚDE
Documento Base
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1 Apresentação

1 Diagnóstico Habitacional no Brasil

1 Políticas Habitacionais no Brasil

1 Marco conceitual

1 Organização da RBHS

1.1 Objetivos
1.2 Enfoques e estratégias
1.3 Estrutura
1.4 Plano Operativo

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1. Apresentação

O presente documento visa fornecer subsídios conceituais e empíricos, assim como diretrizes
organizacionais, para a constituição da Rede Brasileira de Habitação para a Saúde.
Para isso, apresenta uma compilação preliminar de dados relevantes acerca da realidade
brasileira, com ênfase nos aspectos habitacionais, sanitários e ambientais. Passa também em
revista os diversos padrões de políticas habitacionais que vêm sendo implementadas no país,
e apresenta criticamente os principais programas governamentais hoje vigentes.
Em seguida, é apresentada uma proposta de marco teórico referencial que, articulando saúde,
habitação e ambiente, propõe-se a dar suporte à orientações político-técnicas e às definições
programáticas da Rede Brasileira de Habitação para a Saúde.
Por fim, são propostos diversos elementos e diretrizes para a constituição prática da Rede:
estratégias, objetivos, metodologias, plano operativo, etc.
O documento é fruto, ainda que preliminar, da reflexão e debate de diversos profissionais e
instituições brasileiras, e também da experiência acumulada e das orientações normativas da
Rede Latino-Americana e da Organização Pan-Americana de Saúde.
Fizeram parte das reuniões preparatórias as seguintes instituições:
· Organização Pan-americana de Saúde;
· Fundação Oswaldo Cruz / Escola Nacional de Saúde Pública – Escola de Governo e
Departamentos de Saneamento e Saúde Ambiental, de Ciências Sociais ;
· Fundação Nacional de Saúde / ATEC;
· Secretaria Municipal da Cidade do Rio de Janeiro;
· Faculdade de Saúde Pública de São Paulo;
· Centro de Pesquisa Ageu Magalhâes.
Especialmente, o capítulo relativo a diagnóstico é fortemente baseado na publicação
Diagnóstico do Deficit habitacional no Brasil – 2000, produzida pela Fundação João Pinheiro,
MG, da qual reporduzimos tabelas e gráficos.
A redação e edição final do documento coube à equipe da ENSP-FIOCRUZ, coordenada pelos
professores Simone Cynamon, Teófilo Monteiro e Antônio Ivo de Carvalho.

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2. Diagnóstico Habitacional no Brasil: grave deficit quantitativo
e qualitativo
5.1
5.2Com a crise social e ambiental, devemos repensar a qualidade de vida nos
centros urbanos, onde estão concentrados cerca de 75% do contingente
populacional (Censo Demográfico do IBGE, 1991). Com o déficit habitacional e
de serviços houve um agravamento desse quadro nos últimos anos. Isso se
deveu à ocupação desordenada do espaço urbano e ao uso desenfreado e
abusivo de recursos naturais não renováveis.
Ao longo da história recente, com a crise sócio-econômica-ambiental, que nos levou à
estagnação e quase à paralisação na construção civil, o sistema informal e “atécnico” construiu
tetos como nunca havia construído em áreas de risco à saúde. Rapidamente o contingente
populacional urbano cresce e como o crescimento não é acompanhado pelo provimento de
serviços de infra-estrutura urbana, no contexto urbano, passa a existir áreas favelizadas, áreas
ocupadas de forma desordenada, sem infra-estrutura básica urbana e onde eram construídas
habitações inadequadas. Essas habitações construídas com resto de tábuas ou outros
materiais que foram jogados fora de uma obra são denominados de barracos. Os barracos
progridem para casas de concreto armado e alvenaria, mas guardam o estigma da anarquia e
do desfiguramento urbano que dificultam ou mesmo e impossibilitam o atendimento dos
serviços básicos urbanos
.
A condição primordial de se ter saúde é a construção de um teto para cada cidadão. Um teto
que represente um abrigo e a construção de um lar de acordo com seus desejos, valores e
necessidades. Ambientes salubres, espaços tecnicamente construídos, onde o indivíduo
obtenha a elevação da auto-estima e a realização de seu desejo enquanto cidadão, merecedor
da sua cidadania. A melhoria da qualidade de vida dos moradores esta intimamente ligada ao
espaço em que habitam. Este espaço deve apresentar requisitos mínimos para serem
considerados habitáveis.
No documento Déficit Habitacional no Brasil – 2000, elaborado pela Fundação João Pinheiro –
PJF, no capítulo 5 é feita uma análise sobre a inadequação dos domicílios. São considerados
domicílios inadequados aqueles que apresentam deficiência em um ou mais aspectos
analisados e necessitam de ações específicas, tanto do setor público quanto do privado.
Segundo este documento (FJP, 2000, CAP.5:1): “Os critérios considerados apontam tanto para
a necessidade de aumento da oferta dos serviços de infra-estrutura básica quanto da definição
de instrumentos que facilitem a legalização da posse da terra e da implantação de linhas de
crédito, visando à reforma ou ampliação da casa própria. Assim, cada um dos componentes
estudados define clientela potenciais que devem acionar esferas distintas de competência na
busca do equacionamento dos problemas apontados”.
Pela diversidade da natureza dos critérios eleitos para a identificação das inadequações não é
possível obter-se um total de domicílios inadequados, uma vez que, por definição, cada
domicílio pode ser inadequado por mais de um deles, havendo assim a possibilidade de dupla
contagem.
A FJP analisou a inadequação dos domicílios segundo os critérios: (FJP, 2000, CAP.5:1)
ü Densidade excessiva de moradores;
ü Inadequação fundiária urbana;
ü Necessidade de cuidados especiais em função da idade da edificação;
ü Carência de serviços de infra-estrutura básica;
ü Inexistência de unidade sanitária domiciliar interna;

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Como densidade dos moradores foi conceituado como a densidade de pessoas por
dormitórios. No Censo Demográfico de 1991 foram evidenciadas 4,2 pessoas por domicílios, o
que se optou por considerar adensamento excessivo. Para domicílios urbanos 3 pessoas por
dormitório é considerado o limite máximo permitido. No Censo Demográfico de 2000 foram
evidenciadas as médias de 3,8 pessoas por domicílio, o que demonstra uma certa redução de
1991, porém ainda se encontra excessivo (FJP, 2000, CAP.5:2).
Nesse documento a análise do critério de adensamento excessiva é classificada
separadamente em casas e apartamentos ou cômodos próprios, uma vez que vão exigir ações
diferenciadas, buscando solucionar ou minorar o problema. No cálculo feito foram excluídos
domicílios já considerados como déficit como as habitações precárias, os domicílios com ônus
de aluguel e as coabitações. Segundo os dados dos 36.646.349 domicílios urbanos
permanentes duráveis, 88% são casas, 11% apartamentos e menos de 1% dos cômodos,
sendo aqueles com adensamento excessivo apresentados na tabela 5.1 (FJP, 2000, CAP.5:3).
Estima-se que de 2 milhões de domicílios com adensamento excessivo, a quase totalidade é
de casas (1.948.060) igual a 96,2 % do total, cuja solução é abertura de linhas de crédito que
possibilitem a compra de material de construção para melhoria do espaço habitacional. As
moradias próprias representam 75 % do total, a nível de Brasil. No âmbito nacional, o
adensamento excessivo é altamente concentrado na Região Sudeste, onde temos 56 % de
domicílios com este tipo de inadequação, grande parte deles se encontram nas Regiões
metropolitanas.
O adensamento excessivo no Brasil representa 6,1 % do total de casas, sendo 1,7 % para
apartamentos e cômodos (FJP, 2000, CAP. 5:4). Nas Regiões Sul e Centro-Oeste, temos
baixos percentuais, sendo 8,3 % de casas em média para o total das Regiões e 11,1 %
somente em São Paulo e 10,7 % em Belém (FJP, 2000, CAP. 5, tabela 5.2:4).
Em relação aos domicílios urbanos duráveis no país, 5,5 % apresentam densidade excessiva
(FJP, 2000, CAP. 5:4). A Região Norte tem altos percentuais e as Regiões Sul e Centro-Oeste
os mais baixos índices do país. Entre as Regiões metropolitanas, destacam-se o Rio de
Janeiro (5,4 %). Curitiba (4,5 %), Fortaleza (5,1 %) e Porto Alegre (3,6 %) (FJP, 2000, CAP. 5,
tabela 5.2:4).
A densidade excessiva dos moradores quando analisada conjuntamente com o fator da renda
mensal familiar, apresentou a concentração de 50,7 % nos domicílios com renda mensal
familiar até 3 salários mínimos. Nos domicílios com renda acima de 10 salários mínimos, este
percentual passou a ser de 5,4 %. A Região Nordeste apresentou a maior concentração de
domicílios de baixa renda com o percentual de 73,6 % para renda familiar de até 3 salários
mínimos. A Região Norte apresentou percentual de 63,6 % e a Região Centro-Oeste de 59,2
% e a Região Sul de 58,2 %. Na Região Sudeste o percentual encontrado foi de 39,2 % com
destaque para a cidade de São Paulo com 30,8%.
Segundo a análise de FJP os valores médios das Regiões metropolitanas são altamente
influenciados por São Paulo e Rio de Janeiro que juntas representam 66,5 % do total dos
domicílios com densidade excessiva.
Segundo a FJP (2000, CAP 5:7), a inadequação fundiária urbana é aquela em que se tem a
propriedade da moradia, mas legalmente não se tem a posse do terreno.
Para esse critério foram considerados apenas as casas e os cômodos próprios duráveis.
Estima-se que no Brasil 1,5 milhão das casas e cômodos urbanos que representam 4,7% do
total do país e 6,7% do total das Regiões metropolitanas, se encontram na situação de
inadequação fundiária. O problema é mais evidente nas Regiões Nordeste e na Região Sul,
sendo menos representativo na Região Centro-Oeste. Na Região Nordeste pode destacar os
estados de Alagoas (10,2%) e Ceará (7,9%). Na Região Sul pode destacar o estado do Rio
Grande do Sul (9,1%). (FJP, 2000, CAP.5, tabela 5.3:8).
Nas Regiões metropolitanas temos o percentual mais elevado em Recife (10,1%), Porto Alegre
(14,1%). Nas Regiões metropolitanas da Região Sudeste os percentuais para S111ão Paulo
(6,4%), Rio de Janeiro (4,1%) e Belo Horizonte (4,7%).
Em números absolutos se sobressai a Região Sudeste seguida pela Nordeste e pela Sul,
podemos destacar São Paulo (271.205), Porto Alegre (117.620) e Rio de Janeiro (99.561).

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Ao cruzarmos dados da inadequação fundiária com as faixas de renda familiar temos: 22,5%
(acima de 10 s.m.), 21,2% (entre 5 e 10 s.m.) e 35,1% (até 3 s.m.)
A concentração nas faixas mais baixas de renda é maior no Nordeste (54,3%) do que no
Centro-Oeste (27,8%) e Sudeste (23,4%).
Outro conceito dado no documento elaborado pela FJP (2000, CAP.5:10) é o da inadequação
em função da depreciação que é referente ao estado de conservação das moradias urbanas
construídas há mais de 50 anos. Os domicílios urbanos com mais de 50 anos de construção
considerados inadequados somam 836.669 (87,7%), sendo 367.674 (85%) nas Regiões
metropolitanas. (FJP, 2000, CAP.5, tabela 5.4:11)
A maior parte deles necessitam cuidados em função da depreciação e se localizam nas
Regiões Nordeste (26,6%) e Sudeste (56,4%).
Em relação ao critério da carência de infra-estrutura básica o documento da FJP defina o
domicílio que não pode contar com um ou mais dos seguintes serviços (FJP, 2000, CAP.5:12):
ü Energia elétrica;
ü Rede geral de abastecimento de água com canalização interna;
ü Rede coletora de esgoto ou pluvial ou fossa séptica;
ü Lixo coletado direta ou indiretamente;

A carência de determinado serviço de infra-estrutura pode ser potencialmente mais


problemática, dependendo da Região na qual o domicílio está localizado. A realidade
econômica é diferente regionalmente, o que potencializa as dificuldades enfrentadas para a
solução dos problemas. (FJP, 2000, CAP.5 , tabela 5.5:14).
O número absoluto de domicílios com carência estão estimados em 10.261.076 representando
28% das unidades no país. A maior parcela se localiza na Região Nordeste (39,1%) e Sudeste
(21%). O peso dos domicílios carentes é pequeno, somando 2.156.271 unidades. (FJP, 2000,
CAP.5 , tabela 5.6 e 5.7:13 -16).
Segundo a FJP, a maior parte de recursos e programas, visando à melhoria da qualidade de
vida da população deve ser direcionada à Região Nordeste que conta com 4 milhões de
domicílios sem ao menos ter um dos serviços essenciais de infra-estrutura e onde a renda
média da população é menor. Porém em relação a situação interna de cada Região temos a
Região Norte com percentual de 59,6%, a Região Centro-Oeste com 53,6%, Nordeste com
51,7%, Região Sul com 25,1% e Região Sudeste com 11,7%. Se analisarmos a situação de
carência, comparando os estados de uma mesma Região veremos os estados com situações
diferenciadas em cada Região como é o caso do Amapá e Tocantins em relação ao resto da
Região Norte; Maranhão, Alagoas, Pernambuco e Ceará na Região Nordeste; o Distrito
Federal na Região Centro-Oeste e São Paulo na Região Sudeste. São Paulo e o Distrito
Federal têm a menor carência do país 6%, enquanto Mato Grosso do Sul 77,9% e Mato
Grosso 67,2%.
Segundo FJP (2000, CAP.5:18) dos 14 milhões de domicílios cerca de 2,5 milhões ou 18%
apresentam alguma carência em relação às Regiões metropolitanas e 28% em relação ao país
na sua totalidade.
Dos 6.915.062 domicílios que declararam não ter acesso apenas à um dos serviços essenciais,
5.481.242 ou 79,3% não tinham rede coletora de esgoto ou fossa séptica e 15,3% não
dispunham de rede geral de abastecimento de água. Sem energia elétrica e sem coleta de lixo
eram em números menos significativos (FJP, 2000, CAP.5:18).
No nível das Regiões, o esgotamento sanitário continua sendo o maior problema, tendo a
Região Centro-Oeste 982.442 domicílios sem esse serviço, representando um percentual de
92,4%, em um total de 1.063.743 domicílios do país. A Região Nordeste tem um percentual de
84,9% e a Região Sul 83,6%.(FJP, 2000, CAP.5:18).
Em relação à falta de apenas um critério, podemos citar a Região Norte e a Região Sudeste
que tem domicílios onde faltam somente serviços de abastecimento de água, tendo os

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percentuais de 42,7% e 24,3%, respectivamente, conforme mostra pesquisa da FJP.(FJP,
2000, CAP.5:18).
Relativo a falta de mais de um critério, a Região Norte tem cerca de 19% dos domicílios que
não possuem dois tipos de serviços básicos e 9% não dispõe de três deles. Na Região
Nordeste 13% não tem dois serviços e 5,9% não tem três serviços básicos. Na Região Centro-
Oeste 12,5% não tem dois critérios significativos e somente 2,2% não tem três critérios. Na
Região Sudeste 8,1% não tem dois critérios e 3,6% não tem três critérios. Na Região Sul
21,5% não tem dois critérios e 3,6% não tem três critérios. (FJP, 2000, CAP.5:19).
A concentração dos domicílios inadequados se dá na faixa até três salários mínimos. São
58,9% dos carentes no país e 54% nas Regiões metropolitanas. Nas Regiões Nordeste e Norte
a concentração nesta faixa de renda é ainda maior.
Nas faixas de três a cinco salários mínimos e de cinco a dez salários mínimo em média a
carência é maior que no total do país para as Regiões metropolitanas. (FJP, 2000, CAP.5 ,
tabela 5.8:21).
As tabelas 5.9 e 5.10 ((FJP, 2000, CAP.5 tabela 5.9 e 5.10:23-24)detalham a carência na faixa
de até três salários mínimos. Em 6 milhões de domicílios carentes, 45,1% são inadequados em
termos de infra-estrutura. Cerca de 2,8 milhões estão na Região Nordeste e 1,1 milhões na
Região Sudeste. Os percentuais de domicílios que apresentam alguma deficiência para as
Regiões restantes são de: na Região Norte 72,7%, Região Centro-Oeste 66,4% e Região
Nordeste 64%.
A situação é caótica com percentuais superiores a 80% no Amapá, Tocantins, Mato Grosso do
Sul, Pará, Acre, Maranhão e Mato Grosso. As Regiões Sudeste com percentual de 21,7%, se
destacando São Paulo com 10,9% e na Região Sul com 40,5% se destacando o Paraná com
52,5%.
As Regiões metropolitanas de Salvador, Belém, Curitiba apresentam situações melhores
comparativamente às suas unidades da Federação. Alguns Estados como Rondônia, Pará, Rio
de Janeiro e Distrito Federal a falta de rede geral de abastecimento de água tem papel
importante na situação de carência de serviços de infra-estrutura. No Maranhão e no Piauí o
problema relevante é com a coleta de lixo.
Na faixa de até três salários mínimos, algumas unidades da Federação, onde a presença de
domicílios com ausência de mais de um serviço de infra-estrutura é bem significativa. As
Regiões Sudeste (21,7%) e Sul (40,5%) se encontram em melhor situação do que o restante
das Regiões. Porém quando analisamos por unidade da Federação a situação é bem distinta
daquela encontrada na sua totalidade regional. Podemos destacar os estados do Pará, Amapá
e Maranhão, onde temos um número maior de domicílios com carência de dois serviços, do
que aqueles que não contam com somente um deles. No Piauí e no Acre os maiores
percentuais são relativos as carências de três serviços básicos de infra-estrutura. Isto denota a
precariedade das condições de vida de grande parcela da população de mais baixa renda. Nas
Regiões Norte e Nordeste se apresentam percentuais elevados em relação ao total dos
domicílios duráveis com mais de uma carência. Na Região Sul do país tende a se encontrar em
melhor situação quanto à falta de serviços básicos. (FJP, 2000, CAP.5 , tabela 5.10 e gráfico
5.6:24-25).
O padrão básico do comportamento em relação as faixas de renda de três a cinco salários
mínimos, de cinco a 10 salários mínimos e de mais de 10 salários mínimos se repetem. As
Regiões metropolitanas estão em melhor situação do que o restante do país. (FJP, 2000,
CAP.5, tabela 5.11 a 5.16:27-32).
As Regiões Centro-Oeste os valores médios se encontram distorcidos pelos baixos percentuais
encontrados no Distrito Federal. Segundo dados da FJP (2000, CAP.5:26), na Região Centro-
Oeste as demais unidades da Federação estão entre as piores frente ao resto do país.
As considerações sobre os domicílios urbanos duráveis carentes de serviços de infra-estrutura
nas faixas acima de três salários mínimos são sintetizadas a seguir
(FJP, 2000, CAP.5:26 –33):

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ü Na faixa de três a cinco salários mínimos estima-se que cerca de 2 milhões ou 28,4%
dos seus domicílios duráveis, apresentam deficiência na infra-estrutura. Percentual
bem menor que na faixa mais baixa de renda, que era de 45%.
ü Nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste esses percentuais são bem mais
elevados. Em várias unidades da Federação tendem a ser tão ou mais elevados que
na faixa de renda mais baixa. Esse é o caso do Mato Grosso do Sul, onde estima-se
que 85,2% dos domicílios urbanos duráveis com renda mensal familiar entre três e
cinco salários mínimos apresentam algum tipo de carência de serviços de infra-
estrutura, do Mato Grosso com 72,3% dos domicílios, Acre com 70,8% e Tocantins
com 80,6%.
ü Na média do Brasil é pequenos o percentual dos domicílios com mais de um serviço
de infra-estrutura inadequado e renda familiar entre três e cinco salários mínimos.
Esses percentuais são, no entanto, mais significativo nas Regiões Norte e Centro-
Oeste, e em algumas unidades da Federação da Nordeste.
ü Nas Regiões metropolitanas segue o padrão em que se evidenciam menos carências
relativamente às suas unidades da Federação. As exceções continuam sendo Belo
Horizonte e Recife.
ü Nas faixas de renda acima de cinco salários mínimos os domicílios urbanos duráveis
que apresentam deficiência nos serviços de infra-estrutura são menos significativos.
Relativamente, porém, não se pode negligenciar que, na faixa de cinco a dez salários
mínimos, 17,5%, correspondendo à estimativa de 1,4 milhão de domicílios e que 9%
na faixa acima de dez salários mínimos, ou cerca de 650 mil domicílios, também não
oferecem aos seus moradores condições desejáveis para se desfrutar de uma boa
qualidade de vida.
ü Na faixa de cinco a dez salários mínimos ainda se encontram unidades da Federação
com percentuais significativos de ausência de mais de um serviço de infra-estrutura
básica, como Amapá, Acre e Pará na Região Norte e Mato Grosso e Goiás na Região
Centro-Oeste.

O último critério adotado para avaliação da inadequação das moradias é a inexistência de


unidades sanitárias domiciliar internas. Este critério é referente a moradias que não possuem
banheiro ou não são de uso exclusivo da família, não propiciando condições aceitáveis de
qualidade de vida. Segundo FJP ((FJP, 2000, CAP.5:26 –34) esta análise deve ser dividida em
domicílios que não apresentam carências dos serviços de infra-estrutura básica, mas tem
inexistência de unidade sanitária adequada e aqueles carentes segundo os dois critérios). Os
dois problemas são de natureza distinta, demandando ações diferenciadas, mas conjuntas na
busca de sua solução. O primeiro caso depende basicamente da melhoria dos serviços
oferecidos por concessionárias públicas. O outro está ligado à condição de baixa renda das
famílias, podendo ser resolvido com o direcionamento de linhas de crédito e financiamento
para reforma e ampliação das moradias.
Os domicílios com inexistência de unidade sanitária domiciliar interna são estimados em
1.466.701 domicílios sem unidade sanitária de uso exclusivo em todo país, significando 4% dos
domicílios urbanos duráveis (4%). (FJP, 2000, CAP.5:35-36). Nas Regiões Norte e Nordeste
encontram mais de 8% dos domicílios, sendo 81,3% destes não dispõem de algum serviço de
infra-estrutura (esgotamento sanitário e/ou abastecimento de água). Os estados do Maranhão,
Piauí e Acre têm 20% das moradias com instalações sanitárias inadequadas e apresenta a
maior carência de serviços de infra-estrutura. Os estados da Região Centro-Oeste não
informaram inexistência de unidades sanitárias inadequadas, mas também apresenta a maior
carência de serviços de infra-estrutura. Dentre as famílias de baixa renda 80,9% têm domicílios
com inexistência de unidade sanitária interna.
A maior proporção de domicílios inadequados nas faixas de renda acima de três salários
mínimos estão nas Regiões Sudeste e Sul. A menor concentração das moradias sem unidades
sanitárias se encontra nas Regiões metropolitanas (FJP, 2000, CAP.5 , tabela 5.18:35-37).
Na análise do déficit habitacional, a FJP não considerou a inadequação domiciliar como uma
parcela desse déficit, uma vez que não envolve a construção de novas moradias, mas sim a

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necessidade de reparos e/ou ampliação das existentes e de mais investimentos públicos.
Trata-se de ações sobre um estoque de moradias já existente (FJP, 2000, CAP.5:38). Existe o
entendimento que cada componente deve acionar esferas distintas de competência na busca
do equacionamento de seus problemas para programas específicos. O montante de moradias
contabilizado constitui uma clientela potencial, visando uma determinada linha de ação em
termos de definição de políticas ou de linhas de crédito e financiamento.
Uma importante observação que o documento da FJP menciona que de acordo com os
conceitos definidos para cada um deles, torna impossível a soma final, sob pena de se obter
um número superestimado, devido ao problema de dupla contagem. Também não devemos
considerar exclusivamente o número total do déficit habitacional como necessidade de
construção de novas moradias.
Podemos observar na tabela 5.19 (FJP, 2000, CAP.5:39) relevância da carência de infra-
estrutura em números absolutos. As Regiões Sudeste e Nordeste concentram a maioria dos
domicílios inadequados, qualquer que seja o critério considerado. Na Região Sudeste se
encontra 50,1% dos domicílios urbanos duráveis brasileiros. (FJP, 2000, CAP.5:40) e detêm os
mais baixos percentuais de domicílios inadequados em quase todos os critérios (FJP, 2000,
CAP.5:41).

No documento elaborado pela FJP no capítulo 6 há uma pergunta central que conduz todas as
reflexões deste capítulo.
“A situação habitacional brasileira melhorou ou piorou ao longo da última década?”.
Para se responder a essa pergunta é necessário se reportar a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios – PNAD – referentes a 1990 e a 1999 para os micros dados e para os macros
dados os resultados obtidos nos Censos Demográficos do IBGE DE 1991 e 2000. Nestas
fontes existem os problemas para quantificar os indicadores referentes à área rural dos
estados pertencentes à Região Norte, decorrente do esquema amostral adotado pelas PNADS.
As dificuldades existentes são devidas: a alterações dos limites espaciais; criação de novo
estado como Tocantins; a ampliação de perímetros metropolitanos e alterações metodológicas
introduzidas para mensurar o déficit habitacional e a inadequação de moradias.
A FJP menciona que as alterações feitas tiveram o intuito de refinar a quantificação atual
pretendida e adequá-la à evolução da própria sociedade brasileira, ao longo dos últimos anos,
em termos socioeconômicos e de assimilação gradual do direito à cidadania. Optou-se pelo
sacrifício da comparabilidade em prol da ampliação do leque de perspectivas de abordagem
macro econômica da questão habitacional brasileira. Esta opção afetou, principalmente a
inadequação das moradias, que perderam o componente ônus excessivo com aluguel para o
déficit, necessidade já intuída em 1991 e adquiriu menor tolerância quanto aos critérios
definidores da carência em saneamento básico, além de ter estendido seu enfoque à dimensão
da regularização fundiária urbana. No déficit habitacional foi introduzida em 2000 uma
estimativa simplista da necessidade de reposição de parte do estoque de moradias por
depreciação física das construções. O intuito era de afirmar a relevância metodológica da
consideração deste componente, ainda que não solucionada adequadamente em termos de
procedimentos de quantificação. (FJP, 2000, CAP.6:1).
Para a inadequação domiciliar foi feita uma matriz macroeconômica definidora de políticas
públicas complementares que poderá ser executada pelo setor privado, tão necessária para a
melhoria da qualidade de vida habitacional.
Segundo o documento da FJP (FJP, 2000, CAP.6:2) na análise comparativa entre 1991 e 2000
devemos considerar:
ü Evolução dos montantes absolutos do déficit habitacional e da inadequação das
moradias, levando em conta sua distribuição espacial em território brasileiro;
ü Evolução de sua participação no estoque de moradias nas áreas em foco;
ü Alterações na composição tanto do déficit quanto da inadequação, seja em termos de
seus componentes internos, seja quanto às faixas de rendimentos das famílias
afetadas.

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Segundo o documento da FJP (FJP, 2000, CAP.6, tabela 6.1:3), no contexto brasileiro houve o
incremento absoluto do déficit habitacional ajustado, que passa de 5.374.380 em 1991 para
6.539.528 unidades habitacionais em 2000, representando 21,7%, no decurso de quase uma
década, com uma taxa de crescimento de 2,2% ao ano. Houve alteração na participação dos
valores dos quadros urbano e rural em função da elevação do grau de urbanização brasileira
(FJP, 2000, CAP.6:2- 4). Enquanto há um crescimento de espaços urbanos há redução nos
espaços rurais. O déficit habitacional ajustado urbano passa de 3.743.594 unidades em 1991 a
5.297.946 em 2000, representando acréscimo de 41,5% com taxa de 3,9% ao ano. O déficit
ajustado rural decresce de 1.630.786 unidades em 1991 para 1.241.582 em 2000, com
retração de 23,9% e taxa negativa de 3% ao ano. Em termos regionais houve incremento
absoluto do déficit habitacional urbano e retração absoluta em áreas rurais. Na Região Norte o
déficit urbano teve incremento de 78,7% no período de 1991 a 2000. A Região Nordeste teve
percentual de 12,6% no déficit total e 46,1% no espaço urbano e queda de 21,4% no espaço
rural. A Região Sudeste teve 23,8% no total, 30,6% nas áreas urbanas e retração de 28,6%
nas áreas rurais. A Região Sul teve 23,4% no déficit total e 47,3% nos espaços urbanos e
35,9% de retração no espaço rural. A Região Centro-Oeste teve 24% no total, 49,1% nas áreas
urbanas e 43,1% de retração nas áreas rurais. (FJP, 2000, CAP.6, tabela 6.2:6).
Na Região Nordeste o Maranhão e o Piauí sofreram retração do valor total estimado entre
1991 e 2000, devido a drástica redução de contribuição rural, em contexto de elevação das
estimativas urbanas. Os outros estados nordestinos apresentam queda dos valores rurais,
com exceção do Ceará. O Estado do Maranhão apresenta déficit no espaço rural e o Estado
da Bahia no espaço urbano.
Na Região Sudeste, todos os estados apresentam elevação do déficit habitacional total.
Na Região Sul, como na Região Sudeste, há retração de valores no quadro rural.
A Região Centro-Oeste também acompanha esta tendência em âmbito geral, porém nos
Estados do Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, temos reduzidas estimativas de déficit rural
em 1991 e ostentam ligeiro incremento absoluto nesta parcela em 2000.
Houve um incremento de 34 % nas estimativas de déficit habitacional ajustado no conjunto
metropolitano e uma taxa de 3,3 % ao ano.
Nas Regiões Metropolitanas, o incremento foi de 26,1 % do total nacional em 1991 e 28,9 %
em 2000. No Rio de Janeiro houve reduzido acréscimo relativo de déficit habitacional estimado
em 2000.
No imenso território nacional há tendências diferenciadas de crescimento populacional,
portanto as estimativas do déficit habitacional ajustado em 1991 e em 2000, devem ser
consideradas em relação ao estoque de domicílios existentes em cada ponto do tempo e em
cada unidade espacial.
Na tabela 6.3 é apresentada o decréscimo relativo de incidência do déficit habitacional de 15,4
% em 1991 para 14,6 % do estoque de moradias em 2000. Nas áreas urbanas, evidenciam-se
pequena ampliação relativa do déficit, ao passo que a retração absoluta apontada nas áreas
rurais do país chega a se traduzir em decréscimo relativo do déficit habitacional rural no
correspondente estoque de domicílios recenseados em 2000.
Nas áreas metropolitanas a participação do déficit ajustado permanece praticamente estável no
período. De forma geral, os comportamentos estaduais repetem a tendência nacional de
queda percentual dos déficits total e rural e de elevação de sua participação no quadro urbano
(FJP, 2000, CAP.6:9). Na Região Nordeste os Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba e
Alagoas ainda apresentam déficit urbano em patamares bastante elevados. Nos Estados do
Rio Grande do Norte e Pernambuco, há pequeno acréscimo do déficit habitacional ajustado.
Na Região Norte os Estados do Acre, Amazonas e Amapá, apresentam queda relativa do
déficit urbano. Na Região Sudeste, os Estados do Espírito Santo e Minas Gerais apresentam
pequeno acréscimo do déficit ajustado e no Rio de Janeiro decresce percentualmente o déficit
urbano como também nos Estados de Santa Catarina (Região Sul) e Goiás (Região Centro-
Oeste)
Na Região Centro-Oeste, há elevação relativa do déficit habitacional rural.

9
As únicas Regiões Metropolitanas que apresentam acréscimo relativo do déficit ajustado é no
Rio de Janeiro e Belém (FJP, 2000, CAP.6:9).
A composição do déficit habitacional ajustado entre 1991 e 2000 é apresentado na tabela 6.4.
O comportamento médio nacional, a redução relativa da importância da habitação precária e o
incremento da relevância do ônus excessivo com aluguel. Este comportamento, dá respaldo
empírico à decisão metodológica de considerar este último um componente do déficit
habitacional em 2000 (FJP, 2000, CAP.6, gráfico 6.4:10). A coabitação familiar mantém-se
como principal parcela responsável pelo dimensionamento de déficit habitacional brasileiro,
respondendo por cerca de 58,2 % da estimativa total em 1991 e 56,1 % em 2000.
Nas Regiões Metropolitanas, o comportamento que se apresenta é a retração relativa da
habitação precária, manutenção da liderança em contexto da coabitação familiar e a elevação
da responsabilidade atribuível ao ônus excessivo com aluguel entre 1991 e 2000 (gráfico 6.5).
Nos estados nordestinos a situação da habitação precária em 2000 passa a ser mais
expressiva do que o comportamento médio nacional. O ônus excessivo com aluguel é mais
representativo no Sudeste, acompanhado por alguns estados do Sul e do Centro-Oeste. Nos
estados do Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, ocorre também a elevação do número de
habitações precárias em 2000. Nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste existe uma ascensão
do ônus excessivo com aluguel.
Nas Áreas Metropolitanas há retração relativa da habitação precária entre 1991 e 2000 e existe
elevação expressiva do ônus excessivo com aluguel (gráfico 6.7) com percentual, todavia
reduzido.
Entrecruzando dados da distribuição do déficit habitacional e das faixas dos rendimentos das
famílias envolvidas ocorreu uma simplificação entre 1991 e 2000, sendo consideradas apenas,
os componentes da habitação precária e a coabitação familiar. Em 2000 persiste uma distinção
na distribuição de rendimentos que havia em 1991 e passa a ser considerada renda domiciliar.
Em 2000 foi adotado para o processamento informações relativas às faixas de rendimentos da
família principal envolvida em situação de déficit habitacional ou a inadequação de moradias,
de modo a descontar a participação dos rendimentos auferidos pelas famílias conviventes.
Este procedimento diferenciado afeta a comparação, uma vez que reduz o rendimento dos
domicílios envolvidos em 2000, deslocando parcela deles para a faixa imediatamente inferior
de rendimentos. (FJP, 2000, CAP.6, gráfico 6.7:14).
Na maioria dos estados brasileiros e nas grandes regiões há um incremento esperado de
percentuais correspondentes à faixa até dois salários mínimos. As exceções são Roraima e
Amapá (1991), enquanto no Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Mato
Grosso mantêm percentuais similares ou inferiores a 1991, nesta faixa de renda. A
concentração acentuada destes componentes em segmentos de baixa renda persiste em 2000,
embora não se limite a eles. Os maiores percentuais são encontrados em domicílios com renda
acima de cinco salários mínimos nos estados do Amazonas, Rondônia, São Paulo, Rio Grande
do Sul, Espírito Santo e no Distrito Federal. Em 2000 essa faixa de renda apresenta
percentuais menos elevados nos estados de São Paulo, Distrito Federal e Santa Catarina.
No gráfico 6.8 (FJP, 2000, CAP.6:16) mostra um incremento relativo dos domicílios urbanos
brasileiros na faixa de rendimentos até dois salários mínimos. Este incremento conduziria a
uma expectativa de elevação absoluta no correspondente ao déficit estimado para esta faixa
de renda. O déficit habitacional urbano é uma situação que incide sobre 37% dos domicílios
urbanos com rendimentos até dois salários mínimos em 1991 e sobre 34% em 2000. Houve
declínio relativo entre os dois momentos considerados. Em 2000 a possibilidade de distorção
comparativa foi considerada através do exame do gráfico 6.9 (FJP, 2000, CAP.6:17).
Na comparação da inadequação dos domicílios entre 1991 e 2000 fica prejudicada em alguns
aspectos como o ônus excessivo com aluguel que em 1991 era considerado como um
componente da inadequação do estoque de moradias e passou a fazer parte do déficit
habitacional. A inadequação fundiária e a inadequação em função da depreciação dos
domicílios só foram calculadas para 2000. As alterações introduzidas na definição dos
domicílios carentes por serviços de infraestrutura básica impossibilitaram a comparação com
os números para 1991. Apenas a densidade excessiva de moradores por dormitório permitia a
comparação direta entre as informações de 1991 e 2000. Abstraindo-se as alterações sócio-

10
econômicas ocorridas na década de 90, chega-se a uma visão do comportamento evolutivo da
inadequação das moradias no que se refere à infraestrutura básica.
Dentro deste quadro, são apresentados informações referentes à inexistência de unidade
sanitária domiciliar interna. Dois tópicos comparativos das inadequações são apresentados:
densidade excessiva e as inadequações da infra-estrutura segundo a metodologia para 1991
(FJP, 2000, CAP.6:19)
No período analisado de 1991 a 2000 a definição do adensamento excessivo não sofreu
mudanças, houve uma queda do adensamento excessivo em termos absolutos e em relação
ao total dos domicílios urbanos duráveis. Enquanto em 1991 o percentual era de 8 % das
moradias, em 2000 caiu para 5,5 %. Na Região Norte, houve pequeno acréscimo em números
absolutos (1991-136.551 domicílios com densidade excessiva e em 2000 – 184.822). O
Estado do Amapá, é a única unidade da Federação onde o acréscimo se dá inclusive em
termos relativos (FJP, 2000, CAP. 6, tabela 6.6:20). Devemos levar em consideração que em
1991 utilizou-se a renda mensal domiciliar e em 2000 a renda familiar na comparação da
distribuição dos domicílios com adensamento excessivo por faixa de renda (FJP, 2000, CAP.6,
tabela 6.7 e gráfico 6.8 e 6.9:17-21). Percebe-se que os domicílios urbanos com adensamento
excessivo tenderam a se concentrar na faixa de renda até dois salários mínimos. Houve uma
queda significativa no percentual daqueles com mais de cinco salários mínimos entre 1991 e
2000 (FJP, 2000, CAP.6, tabela 6.7:21). A Região Nordeste apresentou declínio significativo
na faixa entre dois a cinco salários mínimos e acima de cinco salários mínimos. Algumas
regiões apresentaram elevação no percentual de domicílios com adensamento excessivo na
faixa de cinco salários mínimos. Na Região Sudeste, principalmente os Estados do Rio de
Janeiro e de São Paulo.
Em relação à inadequação dos serviços de infraestrutura urbana foram classificados dois
grupos: carência de infraestrutura e os com infraestrutura inadequada.
O primeiro passo usado pela FJP (FJP, 2000, CAP.6:23) para dimensionar os domicílios
inadequados foi a identificação dos que não contavam com serviços de energia elétrica,
abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo, sendo definidos padrões de
atendimento mínimo para cada um desses serviços. Para os que contavam com todos os
serviços foi averiguada a qualidade a partir de novos critérios definidos para as diversas
classes de renda. Neste caso, foi considerada a presença das instalações sanitárias no interior
do domicílio e sendo de uso exclusivo da família. Todos os domicílios que não atendiam a
esta condição foram considerados inadequados (FJP, 2000, CAP.6:23). O domicílio era
considerado carente em termos de infraestrutura básica se não contasse com: (FJP, 2000,
CAP.6:23).

ü Energia elétrica;
ü Abastecimento de água ligado à rede geral ou servido por poço, nascente ou por
outro tipo de abastecimento, possuindo canalização interna;
ü Esgotamento sanitário servido por rede geral ou fossa séptica ou rudimentar;
ü Coleta de lixo (para os Estados foi considerada carente a habitação que tivesse o lixo
jogado em terreno baldio ou outro destino desde que não fosse queimado, enterrado
ou coletado diretamente. Para as Regiões Metropolitanas, não seriam consideradas
habitações carentes aquelas em que houvesse coleta direta).

Para o critério da qualidade dos serviços, foram considerados critérios mínimos de


aceitabilidade de padrões de serviços básicos, diferenciados por faixa de renda domiciliar.
Foram considerados três faixas de renda domiciliar e para cada uma explicitados critérios de
inadequabilidade. Foram considerados inadequados os domicílios que não contavam com um
ou mais dos seguintes indicadores de infraestrutura: (FJP, 2000, CAP.6:24).

a) Domicílios com renda até dois salários mínimos

11
ü Rede de água, ponto de água, poço ou nascente, mesmo sem canalização interna ou
outra forma de abastecimento, desde que com canalização interna;
ü Rede de esgoto, fossa séptica ou rudimentar;
ü Domicílios que contavam com água de poço e fossa rústica por terem alta
possibilidade de contaminação foram consideradas inadequadas;
ü Coleta direta de lixo nas regiões metropolitanas e lixo coletado, queimado ou
enterrado nas áreas urbanas dos estados.

b) Domicílios com renda entre dois a cinco salários mínimos


ü Rede de água com ponto de água dentro do lote ou poço ou nascente com
canalização interna;
ü Rede de esgoto ou fossa séptica;
ü Coleta direta de lixo nas regiões metropolitanas e lixo coletado, queimado ou
enterrado nas áreas urbanas dos estados.

c) Domicílios com renda acima de cinco salários mínimos


ü Rede de água e instalações hidráulicas dentro da casa;
ü Rede de esgoto ou fossa séptica;
ü Coleta direta de lixo nas Regiões Metropolitanas e áreas urbanas.

Evidencia queda significativa nos números absolutos dos domicílios que não dispõem de um
padrão mínimo de serviços básicos. Em 1991 estimavam 4.652.611 domicílios carentes de
infraestrutura e em 2000, 3.046.334. Isto significa que um grande número de domicílios
passou a ter acesso ao que foi definido na época como o mínimo aceitável para não ser
considerado totalmente carente. Observa-se que os domicílios carentes têm ausência de
apenas um dos serviços de infraestrutura e que os carentes por mais de um critério
apresentaram queda em termos absolutos. Entre os classificados como carentes por apenas
um critério, o número cai de 3.451.182 em 1991 para 2.429.532 em 2000. Observa-se que em
1991 o lixo era o grande responsável, sendo 2.403.255 domicílios considerados carentes de
um serviço de infraestrutura urbana. Em 2000 passou a ser 541.880 domicílios que não tinham
coleta de lixo. Quanto ao esgotamento sanitário, houve acréscimo de 700.890 domicílios em
1991 para 1.574.769 em 2000. Quanto ao abastecimento de água, cresceu também o número
de domicílios entre 1991 e 2000, passando de 177.128 para 234.017. Em termos relativos,
este crescimento representa um aumento de 2,6 % para 4,3 % nos domicílios carentes apenas
de esgotamento sanitário e em relação ao total dos domicílios urbanos duráveis e queda de 0,7
% para 0,6 % nos carentes de abastecimento de água.
Acredita-se que os crescimentos aliados à incorporação de novas áreas urbanas, a partir da
criação de novos distritos, são fatores que podem ter contribuído para esta nova situação (FJP,
2000, CAP.6:26). Na Região Norte houve crescimento do número de domicílios carentes em
termos absolutos. Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste houveram quedas proporcionais e
acentuadas, principalmente em função da melhoria dos serviços de coleta de lixo. Em todas as
regiões houve acréscimo no número absoluto de domicílios sem abastecimento dágua e
esgotamento sanitário (FJP, 2000, CAP.6, gráfico 6.11:29).
Em relação às Regiões Metropolitanas houve decréscimos de domicílios carentes apenas na
Região Metropolitana de Belém é maior o número de domicílios carentes de infraestrutura
(1991-38.385 e 2000-57.947).
Houve melhoria de oferta de um padrão mínimo dos serviços de infraestrutura entre 1991 e
2000. Em 1991 de 17,5% dos domicílios urbanos duráveis tinham carência de ao menos um
dos serviços em 2000 o percentual caiu para 8,3%. Houve acréscimo percentual em termos do
serviço de esgotamento sanitário de 2,6% para 4,3%. (FJP, 2000, CAP.6, tabela 6.10:31).

12
Na Região Norte de 2,5% em 1991 passa para 7% em 2000. Na Região Nordeste de 2,8%
para 6,8%. Na Região Sudeste de 2,6% passa para 3,7%. Na Região Sul de 1,3% passa para
2,8% e na Região Centro-Oeste de 1,1% para 1,9%.
Alguns estados apresentavam em 2000 percentuais bem próximos aos de 1991. Como
exemplos na Região Norte temos Amapá, Pará e Acre e na Região Nordeste tem Alagoas.
Nas Regiões Metropolitanas evidenciaram também grande melhoria em termos percentuais no
período.
Na tabela 6.10 (FJP, 2000, CAP.6:31) podem ser visto o aumento de domicílios classificados
como carentes por apenas um critério. Os estados do Acre, Roraima e Mato Grosso cresce o
número de domicílios com 2 ou mais critérios de carências.
Na tabela 6.11 observa-se que em 1991 eram 38,7% dos domicílios que apresentavam alguma
carência e tinham renda mensal até dois salários mínimos. Em 2000 passou para 49,8% os
domicílios carentes. Na faixa de mais de cinco salários mínimos em 1991 eram 23,5% e em
2000 passaram a 12,6%. Há uma tendência de se concentrarem os domicílios carentes em
termos de serviços de infraestrutura nas faixas de mais baixa renda, em todas as regiões.
(FJP, 2000, CAP.6, gráfico 6.15:35).
Segundo a FJP o passo seguinte para a classificação de domicílios inadequados é a
identificação dos domicílios urbanos duráveis com serviços de infraestrutura inadequada. As
tabelas 6.12 e 6.13 apresentam um acréscimo de 4.214.596 em 1991 para 4.774.092 em 2000,
em relação a domicílios com infraestrutura inadequada. Este crescimento absoluto não se
traduziu em acréscimo percentual. Em 1991, 15,9 % dos domicílios urbanos duráveis eram
inadequados e em 2000 passaram a 13,1 %. Observa-se que a inadequação se deve ao
acréscimo dos números absolutos de infraestrutura e que houve queda dos domicílios com
problemas na instalação sanitária. Na Região Sudeste houve queda em números absolutos
dos domicílios inadequados (gráfico 6.16:40). Nas Regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, o
problema é mais acentuado. Na Região Sudeste apesar dos elevados números absolutos as
inadequações são relativamente pouco representativas.
Nas Regiões Metropolitanas o número de domicílios permanece praticamente o mesmo para
1991 e 2000. Em termos percentuais caem de 9,3 % em 1991 para 6,9 % em 2000. A Região
Metropolitana de Fortaleza apresentou elevação substancial na percentagem de domicílios
inadequados em termos de infraestrutura sendo 8,4 % em 1991 e 21,6 % em 2000. Na Região
Metropolitana de Belém, foram estimados em 2000, 4,2 % de domicílios com inadequação pela
ausência de instalações sanitárias. A Região Metropolitana de Salvador apresentou baixo
percentual de inadequação de serviços de infraestrutura. A Região Metropolitana de Recife
apresentou maior número de domicílios inadequados.
Na tabela 6.14 são apresentados os domicílios inadequados na faixa de renda mais alta. Estes
domicílios tendem a se concentrar na faixa de dois a cinco salários mínimos, caindo os
percentuais daqueles na faixa mais elevada no Brasil e nas grandes Regiões como Norte,
Nordeste e Centro-Oeste.
Na análise dos domicílios com inadequação de serviços de infraestrutura básica classificados
como carente ou com infraestrutura inadequada revela-se que: (FJP, 2000, CAP.6:43-44)

ü Houve queda das carências absolutas tanto em termos nominais quanto relativos,
com indicações de que os domicílios passaram a contar com serviços de infraestrutura
em padrões mínimos de qualidade, aumentando o número de domicílios com
infraestrutura inadequada em 2000;
ü Em 1991 o setor de limpeza urbana era responsável pelo número de domicílios
carentes, posição ocupada em 2000 pelo setor de esgotamento sanitário;
ü Diminuiu substancialmente o número de domicílios inadequados que não tinham
instalação sanitária de uso exclusivo;
ü Entre as grandes Regiões a Centro-Oeste apresentou as menores carências e as
maiores inadequações relativas. As Regiões Sudeste e Sul apresentaram baixo
percentual tanto de domicílios carentes quanto inadequados;

13
ü Em termos de distribuição de renda dos domicílios inadequados, houve maior
participação dos domicílios de baixa renda em 2000. Isto significa que os domicílios
com famílias mais carentes não estão tendo condições ou não lhes são oferecidas
condições que lhes permitam atingir os menores níveis de exigência para o padrão de
atendimento dos serviços básicos.

A conclusão que se chega em relação à análise do déficit habitacional é que não devemos
apenas pensar na falta de moradias, mas nas condições desejáveis do espaço habitacional
que promovam uma boa qualidade de vida. (FJP, 2000, CAP.6:42).

14
3. Política Habitacional no Brasil
A Política Nacional de Habitação tem por objetivos principais a universalização do acesso à
moradia adequada e à melhoria das habitações existentes, a regularização dos assentamentos
e a promoção do acesso à terra urbana.

6
7Antecedentes
7.1
7.2Inadequação dos domicílios
A melhoria da qualidade de vida dos moradores é o pressuposto básico quando da definição do
domicílio inadequado. Segundo estudo da....., foram analisados os domicílios inadequados,
considerados apenas aqueles caracterizados como particulares permanentes duráveis
urbanos. Neste grupo não incluídos aqueles domicílios que deveriam ser repostos, já
considerados como déficit habitacional. Os critérios utilizados para a classificação dos
domicílios inadequados, como apresentados a seguir, permitem que o domicílio possa ser
considerado inadequado por mais de um deles, havendo assim a possibilidade de dupla
contagem.
· densidade excessiva de moradores;
· inadequação fundiária urbana;
· necessidade de cuidados especiais em função da idade da edificação;
· carência de serviços de infra-estrutura básica;
· inexistência de unidade sanitária domiciliar interna.
A tabela 1 mostra a distribuição dos domicílios inadequados segundo as regiões brasileiras,
mostrando que o problema habitacional não esta relacionado unicamente ao déficit
habitacional, pois milhões de pessoas estão vivendo condições precárias. Já o gráfico abaixo
mostra que as regiões Sudeste e Nordeste concentram a maioria dos domicílios inadequados.
7.2.1
7.2.2Tabela 1
7.2.3Critérios da Inadequação dos Domicílios Urbanos Duráveis por
Regiões Brasileiras
Adensamento Inadequação Carência de Inexistência Inadequação por
excessivo Fundiária Urbana Infra-Estrutura de unidade Depreciação
sanitária
Norte 184.822 56.346 1.165.622 162.865 20.124
Nordeste 385.916 432.270 4.010.073 714.738 195.798
Sudeste 1.133.647 650.406 2.155.271 315.379 505.510
Sul 198.062 325.923 1.469.648 179.154 100.735
Centro-Oeste 122.492 43.799 1.460.462 94.565 14.502
Brasil 2.024.939 1.508.744 10.261.076 1.466.701 836.669
Total das RMs 985.852 760.245 2.525.443 359.738 367.674
Fonte: Dados básicos: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sinopse Preliminar do Censo
Demográfico, 2000; Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 1999 (microdados)
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI)

15
Gráfico 1
Distribuição Percentual dos Critérios de Inadequação dos
Domicílios no Brasil em 2000

Nordeste Norte Sudeste Sul Centro-Oeste


70
60
50
Percentual

40
30
20
10
0
Densidade Fundiária Infra-estrutra Planta Básica Depreciação
Especificação

Elaboração: FJP/CEI

Déficit Habitacional
O déficit habitacional ajustado urbano passa de 74.594 unidades, em 1991, a 29.946, em 2000,
com acréscimo de 41,5% no período, a uma taxa de 3,9% ao ano. O déficit ajustado rural
decresce de 1.63.786 unidades, em 1991, para 24.582, em 2000, com retração de 23,9%, a
uma taxa negativa de 3% ao ano. Parte deste comportamento decorre da própria evolução
diferencial do número total de domicílios em cada uma das situações.

8Instrumentos
Constituição Brasileira
Artigo 182: a política de desenvolvimento urbano tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade através de instrumentos
definidos nos seguintes parágrafos:
1.º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2.º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 3.º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em
dinheiro.
§ 4.º É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica para área incluída no
plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Artigo 183: institui a usucapião urbana, possibilitando a regularização de extensas áreas


ocupadas por favelas, vilas, alagados, invasões e loteamentos clandestinos.
Outro instrumento é

o Estatuto da Cidade, que reúne normas relativas à ação do poder público, instrumentaliza o
Município para garantir o pleno desenvolvimento das funções da cidade e da propriedade
urbana,

16
tornando o Município o principal responsável pela execução da política urbana, mediante as
seguintes diretrizes gerais:
I - garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à
moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
II - gestão democrática por meio da participação da população e de associações
representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
III - cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no
processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;
IV - planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e
das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a
evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio
ambiente;
V - oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados
aos interesses e necessidades da população e às características locais;
VI - ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à
infra-estrutura urbana;
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos
geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não
utilização;
f) a deterioração das áreas urbanizadas;
g) a poluição e a degradação ambiental;
VII - integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o
desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência;
VIII - adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis
com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua
área de influência;
IX - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização;
X - adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos
públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos
geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais;
XI - recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de
imóveis urbanos;
XII - proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do
patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;
XIII - audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de
implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o
meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;
XIV - regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda
mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e
edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais;
XV - simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas
edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e
unidades habitacionais;
XVI - isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de
empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse
social.

9Ações de Governo
Na área da política urbana em geral, e da política habitacional em particular, a atualização do
déficit de moradias urbanas torna-se um imperativo para subsidiar as ações referentes ao
desenvolvimento urbano, sejam elas iniciativas do setor público ou do setor privado.

17
No âmbito do governo federal a Secretaria de Desenvolvimento Urbano órgão da Presidência
da Republica – SEDU/PR, é responsável pela gestão dos Programas abaixo relacionados,
cabendo à Caixa Econômica Federal- CEF a operacionalização dos mesmos.

PROGRAMA MORAR MELHOR

Ação de Urbanização

Objetivo:
Elevar os padrões de habitabilidade e de qualidade de vida em localidades urbanas e rurais,
promovendo intervenções em áreas degradadas ou de risco, ocupadas por sub-habitações –
favelas, mocambos, palafitas, e cortiços, entre outras – onde vivam, predominantemente,
famílias com renda mensal de até três salários mínimos e, prioritariamente, nos municípios
integrantes do Programa Comunidade Solidária da Casa Civil da Presidência da República
Incluindo as seguintes ações: parcelamento de glebas, regularização fundiária; construção
e/ou melhoria de habitações, construção de unidades sanitárias, e, em caráter complementar
às obras habitacionais, a execução de obras e serviços de infra-estrutura, recuperação
ambiental, equipamentos comunitários e trabalho social.

Ação de Lotes Urbanizados

Objetivos:
Viabilizar o acesso à moradia das famílias de baixa renda, assim consideradas aquelas com
rendimento mensal de até três salários mínimos, por intermédio a produção de lotes
urbanizados.
A Ação objetiva ainda, em caráter complementar, a construção de unidades habitacionais,
promovendo-se a aquisição de cesta básica de materiais de construção, que será viabilizada
por intermédio da concessão de financiamentos às famílias beneficiárias, observada a
regulamentação específica que rege os programas de aplicação existentes no âmbito do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Ação de Produção de Moradias

Objetivo:
Viabilizar o acesso à moradia das famílias de baixa renda, assim consideradas aquelas com
rendimento mensal de até três salários mínimos, com a construção de unidades habitacionais,
em terreno regularizado dotado, no mínimo, de soluções de abastecimento de água,
esgotamento sanitário e energia elétrica.
Os projetos das unidades habitacionais observarão os seguintes aspectos: atendimento às
posturas municipais e aos aspectos técnicos referentes à segurança, salubridade e qualidade;
adaptação às características regionais, locais, climáticas e culturais da área; previsão, caso
possível, da ampliação da unidade habitacional e método construtivo que permita a execução
desta ampliação com facilidade; área referencial de 38 m2, composta de sala, cozinha,
banheiro e dois quartos.

10Ação
10Ação de Saneamento Básico
Objetivos:
Contribuir para a universalização dos serviços de saneamento básico nas áreas mais carentes
do País, preferencialmente nos municípios integrantes dos Programas Comunidade Solidária e
Mortalidade na Infância, coordenados respectivamente da Casa Civil da Presidência da
República e pelo Ministério da Saúde. Incluindo as seguintes ações:
· Implantação e ampliação dos serviços de abastecimento de água
Esta modalidade contempla intervenções necessárias ao aumento da cobertura dos serviços
de abastecimento de água nas áreas selecionadas.

18
· Implantação e ampliação dos serviços de esgotamento sanitário
Esta modalidade contempla intervenções necessárias ao aumento da cobertura dos serviços
de esgotamento sanitário nas áreas selecionadas, tanto na implantação de soluções coletivas,
com sistemas de coleta e tratamento de esgotos, como nas soluções individuais de
esgotamento sanitário:
· Implantação ou ampliação dos serviços de coleta, tratamento e/ou disposição final de
resíduos sólidos
Esta modalidade contempla intervenções necessárias ao aumento da cobertura dos serviços
de coleta, tratamento e/ou destinação final de resíduos sólidos
11
12
13Ação
13Ação Resíduos Sólidos Crianças que vivem do lixo
Objetivos:
Contribuir para erradicar os “lixões” e, paralelamente, ampliar os serviços de coleta, tratamento
e disposição final adequada de resíduos sólidos, nos municípios identificados pelo Fundo das
Nações Unidas para a Infância e Adolescência - UNICEF como tendo crianças que vivem do
lixo.

14Conclusões
Em nosso país, as políticas econômicas recentes só fizeram agravar os problemas sociais. A
falta de uma reforma agrária, aliada ao modelo excludente e concentrador de renda vigente nas
últimas décadas, acentuou a migração do campo para as cidades, envolvendo-as em um
cinturão de miséria e violência. A prioridade absoluta para a política monetária continua
favorecendo a especulação financeira e implica um distanciamento, cada vez maior, com
relação à questão da moradia popular.
A autoconstrução tem sido a forma predominante de edificação das cidades. É a população
construindo com seus próprios recursos as suas moradias, sem qualquer interferência do
poder público, nem mesmo para verificar condições de segurança.
Apesar do déficit e inadequação habitacional, a Proposta Orçamentária para o ano 2001
destinou apenas R$ 1,3 bilhão para habitação, saneamento e infra-estrutura urbana. Além
disso, foram, utilizados R$ 3,5 bilhões de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
– FGTS, vinculados à Caixa Econômica Federal, para financiar a compra da casa própria e a
melhoria das condições de vida nas áreas mais carentes.

19
4. Marco Conceitual: HABITAÇÃO, SAÚDE E AMBIENTE
Neste documento procuraremos mostrar como dois grandes temas da atualidade a Habitação e
a Saúde, podem vir a ser ações conjuntas interligadas e articuladas em instrumentos de
Políticas Públicas Saudáveis, que concretizem uma estratégia maior no campo da Promoção
da Saúde, como é caso da implementação de um Programa de Desenvolvimento Local
Integrado e Sustentável. Quando mencionamos na atualidade é no sentido das articulações
que vem sendo feitas entre esses dois campos (Habitação e Saúde), inclusive no senso
comum, quando se vê veiculado pela mídia, artigos sobre habitações seguras e até a
realização de eventos ocorridos pela falta de segurança na construção de habitações. A
arquitetura da habitação protagoniza a vida e carrega em seus traçados toda a bagagem
cultural que simboliza os valores, hábitos, comportamentos e pensamentos de um dado
momento histórico. A história da habitação pode ser considerada uma síntese da história da
humanidade, em que aparece com bastante nitidez o jogo do poder, a segmentação da
sociedade e o jogo de interesses e de veleidades humanas, que levam ao aprofundamento da
segmentação, a ponto de chegar à segregação, destruição e opressão dos segmentos,
daqueles que podem mais em relação àqueles que podem menos.
Ao nos questionarmos o que é uma habitação segura, primeiramente devemos nos perguntar o
que é uma habitação?
Segundo o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa do Globo (1993), “Habitação, s.f. Casa,
lugar em que se habita; morada residência; vivenda (Do lat. Habitatione)”.
Qual é a função de uma habitação?
A habitação tem a função física, técnico-sanitária, sócio-cultural e psíquica. Como função
física entendemos a noção de abrigo, que proteja as pessoas das intempéries. A função
técnica é entendida como obediência às normas contra incêndios, envenenamento por gases,
choques elétricos e desabamentos. A função sanitária da habitação seria o provimento dos
serviços relativos à infra-estrutura urbana que são: abastecimento dentro de casa de água
potável; sistema de coleta de esgotamento sanitário; sistema de coleta de lixo domiciliar;
sistema de drenagem pluvial, pavimentação, entre outros. A função sócio-cultural de uma
habitação é, ela enquanto espaço ser o sonho familiar realizado e dar oportunidade de
execução de atividades necessárias à vida cotidiana familiar. A função psíquica da habitação
seria entendida como o respeito à individualidade, privacidade e sociabilidade.
A natureza nos presenteia com uma grande variedade de materiais não poluentes,
renováveis e de baixo custo, que podem representar uma alternativa aos materiais de
construção industrializados. O desenvolvimento e a aplicação desses materiais com
tecnologias alternativas reduzem o consumo de energia e abaixam os custos de
projetos, seja na construção civil, na agricultura e em outros setores econômicos.
Torna-se, portanto, uma exigência básica atual quando se faz cada vez mais necessário
economizar os recursos naturais que vêm se esgotando. As fibras naturais, como o
bambu, as pedras, a argila, a madeira, dentre outros, podem ser utilizados como
alternativas. Os materiais industrializados comumente denominados de convencionais
demandam grandes recursos financeiros, consomem muita energia e requerem
processos centralizados e como conseqüência, atividades são suprimidas e materiais
não renováveis são irreversivelmente desperdiçados, causando permanente poluição.
Nesse sentido, impõe-se, doravante, a necessidade de materiais ecológicos de baixo
custo e de reduzido consumo de energia na produção que minimizem a poluição,
conservem os recursos naturais, promovam e mantenham ambientes saudáveis, onde
não se proliferam doenças. Por essas razões crescem cada vez mais, os números de
pesquisas no campo de tecnologias não convencionais como forma de proteção
ambiental.
O espaço habitacional e seu entorno deve ser concebido como forma perfeita, funcional e
harmoniosa, no sentido de conjunto, com economia estrutural, flexibilidade e eficácia. As
soluções empregadas devem ser expressões de racionalidade minuciosa do espaço, aliando
impulsos inconscientes e/ou projetos ideológicos.
Em todo o projeto habitacional o que realmente importa é ter o homem como escala
central. Para que ele tenha seu equilíbrio restaurado é necessário sua aproximação com a
natureza. A natureza e seus elementos trazem harmonia e equilíbrio ao corpo biológico
humano. Elementos sintéticos como amianto, por exemplo, provocam, com o tempo de

20
exposição o adoecimento do corpo biológico, como o desenvolvimento de câncer e doenças
respiratórias.
Os requisitos mínimos fundamentais aplicáveis a qualquer projeto habitacional que
tenha como meta principal à promoção e proteção da saúde devem ter:
a Equilibrada relação de vizinhança – o limite de cada morador acaba onde começa o de
seu vizinho;
b Funcionalidade – cada espaço deve ser pensado em relação a atividade a ser executada
que demanda necessidade de mobiliário, pessoal e espaço de circulação;
c Flexibilidade – cada espaço deve ser pensado não como uma camisa-de-força, vendo a
possibilidade de ampliação e de transformação para atendimento a outras demandas
futuras;
d Infra-estrutura de serviços tais como a implantação de redes de abastecimento de água;
redes de esgotamento sanitário; redes de drenagem de águas pluviais; vias de acesso e
sua pavimentação; coleta regular de lixo; reflorestamento de áreas degradadas;
canalização de recursos hídricos; tratamento dos efluentes; serviços de iluminação;
normatização da ocupação dos espaços;
e Racionalidade das soluções do espaço – é a relação entre a área bruta da construção e a
área útil, ou seja, o quê, quantitativamente, iremos aproveitar do espaço;
f Qualidade das construções é entendida como a obediência as normas técnicas
proporcionando segurança, habitabilidade (boa condição de habitar) e durabilidade dos
utensílios domésticos;
g Segurança é entendida como fator físico, social e sanitário. A segurança física como a
qualificação da habitação é dada pelo processo construtivo escolhido, cujos materiais
tenham uma vida útil de no mínimo cinqüenta anos e pelo local escolhido para sua
construção. Segurança social é entendida como um atributo que deve obedecer ao
espaço, de tal maneira que quem nele se situar se sinta protegido e respeitado, no tocante
ao direito ao espaço, privacidade, viabilidade do lar. Segurança sanitária é entendida pela
proteção sanitária existente no ambiente intra e peri domiciliar dada por redes de
abastecimento de água, rede coletora de esgotos sanitários, redes de drenagem de águas
pluviais e um sistema regular de coleta de lixo. A condição sanitária para ser efetivada
deverá chegar ou sair de dentro da casa;
h Habitabilidade – são aquelas condições que promovem o conforto físico, térmico,
acústico e visual, livre de umidade e de intensa poluição atmosférica entre outras;
i Durabilidade de uma construção é dada pela qualidade dos materiais, elementos e
componentes que possibilita maior vida útil a uma edificação;
j Configuração final de uma habitação é traduzida pela forma espacial de cada cômodo;
k Função é entendida como uma atribuição do espaço e é complementada pelo seu
mobiliário e área de circulação;
l A composição do espaço seja interna ou externa deverá estar em equilíbrio e harmonia
com o conjunto todo o qual chamamos de unidade. A unidade deverá ser entendida como
parte integrante e articulada com o todo segundo à obediência a função e composição do
espaço;
m Cada cômodo deverá seguir uma regra de justa-proporção em relação aos demais,
segundo seu centro de interesse (maior privacidade, acessibilidade);
n Acessibilidade do espaço é entendida como um lugar que tenha maior possibilidade de
penetração, circulação e comunicação com os demais cômodos.

Outro instrumento utilizado para reflexão, conscientização e reavaliação de valores pré-


estabelecidos é a educação. O homem ao nascer, é indefeso. Somente tem conhecimento
das informações que vieram através do seu código genético. Para seu aprendizado e defesa
pessoal em relação ao ambiente em que habita, o homem necessita passar por um processo
educativo. Com o tempo, ao longo do seu crescimento, o homem descobre as técnicas
existentes e inventa novas que superem as antigas. Porém para sua melhor convivência
presente e futura com o ambiente em que vive o homem continua a depender e necessitar de
um processo educativo. Nesse sentido a educação ambiental passa a ser um instrumento
capaz de desencadear no indivíduo a elevação da auto-estima, levando-o a um mergulho em si
mesmo de modo a que venha a enxergar seu potencial de transformação e contribua para si e
para os que habitam ao seu redor, para resolução dos problemas relativos a salubridade do
meio. A educação ambiental nos mostra como é importante o processo de reflexão sobre o
meio em que habitamos para podermos reagir à situação de crise ambiental na qual nos

21
encontramos. Devemos observar mais como se dão os fatos naturais para podermos melhor
planejar a convivência do homem com a natureza. A educação ambiental, enquanto disciplina,
nos ensina como se deve dar uma harmoniosa convivência homem / natureza, colocando
como objeto principal de sua preocupação a política de proteção e preservação do meio
ambiente. Nesse sentido, existe uma inter-relação e interseção entre a educação ambiental e a
tecnologia não convencional, ou seja, as duas colocam como seus objetos a política de
proteção e preservação do meio ambiente.
Outra estratégia de enfrentamento dos problemas relativos a saúde humana e ambiental, muito
utilizado na atualidade passa a ser a promoção da saúde. No processo de melhoria da
qualidade de vida, tendo um olhar sobre a saúde e seus determinantes, um programa de
promoção da saúde torna-se uma estratégia de articulação entre os saberes técnicos e
populares e mobiliza recursos institucionais e comunitários, públicos e privados para o
enfrentamento dos problemas e sua resolução. O conceito de ambiente é importante para a
teoria e a prática da promoção da saúde, porque é no ambiente enquanto contexto que se
dão às inter-relações dos homens entre si e deles com a natureza. Os programas de promoção
da saúde buscam responder às necessidades particulares e às condições de vida de seus
beneficiários potenciais. O meio ambiente define os sujeitos individuais e coletivos e como se
deve dar sua intervenção. A promoção da saúde através de seus programas define a
localização da intervenção e as estruturas do próprio ambiente como alvo da intervenção. As
atividades de promoção da saúde são limitadas ao espaço e ao tempo, dentro do cenário que
proporciona a estrutura e o contexto social, para planejar, implementar e avaliar as
intervenções.
Em 1986, a Primeira Conferência Internacional de Promoção da Saúde, lançou a Carta de
Ottawa, que identificou:
a A saúde como resultante de uma boa alimentação; abrigo decente; paz, equilíbrio e
harmonia entre os homens e dos homens e a natureza; renda familiar que proporcione
poder de compra e resposta às necessidades básicas humanas; ecossistema estável; uso
ininterrupto de recursos; justiça social e eqüidade;
b Programas de promoção da saúde bem estruturados, compreendendo mais do que
cuidado de saúde e estilos de vida, focalizando, em lugar distinto, o bem-estar
amplamente definido;
c Cinco estratégias chave para a promoção da saúde:
d Erigir uma política pública judiciosa;
e Criar ambientes de apoio;
f Estimular a ação comunitária;
g Desenvolver a proficiência individual;
h Reorientar os serviços de saúde. Nas três primeiras estratégias, vemos com clareza a
focalização da saúde, como resultante de atividades instituídas no meio ambiente, como,
por exemplo, o estilo de vida dos homens.

Como conseqüência da industrialização e transformação da economia brasileira de agrário-


rural à urbana-industrial, houve o desenvolvimento do espaço urbano com ocupação
diferenciada das áreas metropolitanas. Essa diferença se torna mais patente e aparente entre
o círculo urbanizado e as chamadas áreas faveladas.
O fenômeno favela ocorrido com maior intensidade a partir da década de 30 se caracteriza:
a Pela sua configuração geográfica, topográfica e geológica de delimitações espaciais em
mutação, geralmente com altíssima densidade populacional;
b Pelos padrões habitacionais específicos, ditados pela sobrevivência;
c Pela ocupação desordenada do solo urbano e aglomeração de habitações;
d Pelo mercado de trabalho e comércio informal;
e Pelo comportamento político dos favelados, em que as dificuldades lhes levam a um
certo grau de solidariedade;
f Pela falta de propriedade do solo (em sua maioria);
g Pela dificuldade de acesso às moradias e adjacências;
h Pela falta ou precariedade de infra-estrutura, equipamentos e serviços básicos urbanos
(em sua maioria).

As favelas cresceram nos últimos anos em número e em tamanho como verdadeiros


cogumelos. São frutos do êxodo rural, das dificuldades de alojamento, do desemprego e da
falta de previsão urbana e de uma política sócio-econômica-habitacional equivocada. O

22
desnível entre as áreas de ocupação urbana trouxe como conseqüência maior: má qualidade
de vida e a violência. A favela representa por si mesma um risco à saúde humana e ao meio
ambiente, como também o meio ambiente pode representar um risco à favela, pela sua própria
caracterização.

Porque a escolha desse contexto?


Porque entendemos o campo da Habitação e da Promoção da Saúde como vulnerável a
uma estratégia de enfrentamento dos problemas relativos a saúde humana e ambiental.

No processo de melhoria da qualidade de vida, tendo um olhar sobre a saúde e seus


determinantes, a Promoção da Saúde passa a ser um “processo que articula saberes
técnicos e populares e mobiliza recursos institucionais e comunitários, públicos e
privados para o enfrentamento dos problemas e sua resolução”. (OTTAWA,1986). É um
processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e
saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, livre do medo o indivíduo e o grupo devem saber
“identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio
ambiente”. (BUSS & OUTROS - 1998).
O conceito de saúde que é subjacente ao da Promoção da Saúde “enfatiza o recurso
social e pessoal, bem como a capacidade física. A saúde é o maior recurso pessoal,
assim como uma importante dimensão da qualidade de vida” (Carta de Ottawa,1986). A
saúde é condicionada por fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais,
comportamentais e biológicos, que podem tanto favorecer como prejudicar a saúde. Dessa
forma a promoção da saúde deve atuar sobre os determinantes da saúde e objetivar
condições cada vez mais favoráveis de saúde. Essas condições de salubridade somente
serão atingidas com o cumprimento de dois compromissos básicos da promoção da saúde que
são: eqüidade e intersetorialidade. Entendemos a equidade como um processo de redução
das diferenças no estado da saúde da população e asseguradas as oportunidades e recursos
igualitários para capacitar todas as pessoas a realizar completamente seu potencial de saúde.
Esse processo só será possível com o controle dos fatores determinantes do estado de saúde.
A intersetorialidade no contexto da promoção da saúde é fundamental, pois a salubridade
não é responsabilidade exclusiva do setor saúde. Demanda uma ação coordenada entre todas
as partes envolvidas: governo, setor saúde e outros setores como os sociais, econômicos,
organizações voluntárias e não-governamentais movimentos sociais, autoridades locais,
indústrias, comércio e mídia. Os conhecimentos modernos foram ao longo do tempo se
compartimentando, originando lacunas devido à segmentação do conhecimento, o que nós
leva a proposição de intercâmbio com participação constante integrada e articulada
entre os setores técnico-científicos ao qual denominamos intersetorialidade.
Segundo a Carta de Ottawa (1986) as condições e recursos para se ter saúde são: paz,
habitação, educação, alimentação, renda, eco-sistema estável, recursos sustentáveis, justiça
social e equidade.
Os papéis da promoção da saúde entendidos como estratégias fundamentais são: defesa
da causa da saúde (advocacy); capacitação individual e social para saúde e mediação
entre os diversos setores envolvidos. A Saúde é um direito de todos cidadãos. Devemos
lutar para a eqüidade no acesso aos serviços da atenção básica de saúde. O trabalho
intersetorial e multidisciplinar é de fundamental importância para se entender a complexa
realidade que nos rodeia e melhorar as condições de saúde da população menos favorecida.
Capacitar maior número de profissionais e reciclagem de conhecimentos é também importante
para dar conta da demanda crescente de necessitados de serviços de saúde. Segundo
Anderson (1984); Green & Krenter (1991); Green & Raeburn (1990); Macdonald & Bunton
(1992): “O interesse contínuo e renovado na promoção da saúde resultou da
confluência de forças distintas, incluindo: (a) ênfase crescente na saúde perfeita e na
qualidade de vida melhorada; ( b) reconhecimento da natureza holística da saúde – isto
é, da qualidade de vida social, mental e espiritual; (c) Desejo de indivíduos e
comunidades de exercer controle sobre suas vidas, associado, em parte à ampliação do
conceito de ‘consumidor’ de cuidados de saúde e de política de saúde; (d) movimentos
comunitários de desenvolvimento e participação que promoveram iniciativas de baixo
para cima e não ao contrário; (e) movimentos de cuidados autônomos e de mulheres,
que exigiram mudança na distribuição de poder dos ‘especialistas’ para indivíduos; (f)
eficácia limitada das estratégias pedagógicas tradicionais; (g) reconhecimento de que

23
muitos problemas de saúde são relacionados com estilos de vida individuais e que
estes estilos de vida não ocorrem em um vácuo mas têm, eles próprios, potentes
determinantes sócioeconômicos e culturais; (h) evidência de que o investimento
acrescido no cuidado de saúde produziu retornos marginais decrescentes, medidos
pela melhora das condições da saúde; (i) pressão imposta aos programas sociais e de
cuidados médicos de alta tecnologia pelas condições econômicas e ambientais, em
processo de deterioração por todo o mundo.”
Segundo a Carta de Ottawa (1986) os campos de ação em promoção da saúde são:
elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; criação de ambientes favoráveis
à saúde; reforço da ação comunitária; desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação
dos sistemas e serviços de saúde.
A Declaração de Adelaide (1988) caracterizou as políticas públicas saudáveis pelo
interesse e preocupação explícitos de todas as áreas e níveis das políticas públicas em relação
à saúde, eqüidade e pelos compromissos com o impacto de tais políticas sobre a saúde da
população. Ao longo do século XX, as políticas públicas e a saúde voltaram a se destacar,
mundialmente, por gerar malefícios como o impulsionamento da economia urbano-industrial,
gerando desigualdades sociais, danos ambientais irreparáveis (em alguns casos) e ambientes
sociais mórbidos geradores de sociopatias e psicopatias (violências de todas as formas, uso
exacerbado e crescente de álcool e tóxico por adolescentes e adultos).
As políticas saudáveis têm como propósito: a criação de ambientes sociais, econômicos,
físicos e culturais para que as pessoas possam viver vidas saudáveis e possibilitar opções
saudáveis as pessoas. Porém, com o movimento de renovação do conceito de promoção da
saúde, estão sendo debatidos mecanismos de julgamento e legitimação das políticas públicas
segundo duas posturas: a reativa - no sentido de impedir que as políticas públicas provoquem
danos à saúde e seus efeitos sobre a saúde da população e a proativa – no sentido de que as
políticas públicas produzam saúde. (BUSS & OUTROS,1998)
Como mecanismos de obtenção de políticas públicas saudáveis temos: a
responsabilização dos diferentes setores do poder público com as conseqüências das políticas
sobre a saúde; ação inter-setorial; formulação e implementação integrada de políticas e
intervenções; nova “governance”; empowerment da população em torno das políticas e
construção de alianças. Atualmente, a idéia sobre as políticas públicas saudáveis é de
compromisso político e técnico. O compromisso político é de situar a saúde no topo da
agenda pública, promovendo-a de setor da administração a critério de governo. O
compromisso técnico é de enfatizar como foco de intervenção os fatores determinantes do
processo saúde-doença.
As políticas públicas saudáveis envolvem como objeto os riscos ou obstáculos que devemos
transpor para obter uma vida com qualidade, com bem-estar, com autonomia e incorporando
as demandas por condições básicas de vida, de conforto e de superação das dificuldades
existentes na vida seja urbana, da periferia ou rural. As políticas para serem consideradas
saudáveis devem restabelecer a centralidade de seu caráter público e de sua responsabilidade
social. Isso implica em um redesenho institucional para superar déficits de eficiência, eficácia e
efetividade, bem como déficits de representatividade e sensibilidade, no sentido de definição do
que realmente deve ser feito, segundo os interesses e necessidades da sociedade. Seria a
redefinição do conceito de comunidade e da sua real / efetiva aproximação do poder público
para negociação sobre demandas e prioridades dessa dada comunidade. Criam-se fóruns
comunitários onde esta representada a diversidade de interesse e necessidade e se redistribui
a responsabilidade pela melhoria das condições de vida entre Estado e a sociedade. É preciso
haver mudanças nos paradigmas estabelecidos para a saúde pública e pensar em paradigmas
da economia da saúde. Com isso queremos determinar a articulação, integração e
subordinação dos princípios da eqüidade, intersetorialidade aos da eficácia, efetividade na
agenda da saúde. A abordagem interdisciplinar é fundamental para a realização desse
movimento de construção de uma nova agenda para a saúde. Esse processo é dinâmico e
determinado para cada espaço social segundo interesses, desejos, hábitos e valores, sendo
fruto de interlocução e de pacto entre os vários atores sociais envolvidos nessa situação. A
formulação e implementação de estratégias devem levar em conta os cenários (settings) reais
e não situações normativas ideais.
Um programa de promoção da saúde só será realmente efetivo se implementar estratégias que
levem em conta a construção de cenários reais, onde haja o compromisso dos profissionais
envolvidos no programa com demandas e prioridades das comunidades e movimentos sociais
organizados. Cada parte envolvida terá sua responsabilidade no sucesso do programa, através

24
da construção de mecanismos eficientes que promovam a integração, articulação e avaliação
das ações concretizadas.
Outro campo da promoção da saúde é a construção de ambientes favoráveis à saúde.
Segundo a Declaração de Sundsvall, 1991 o conceito de ambiente foi ampliado
considerando as dimensões: físicas (água, esgoto, resíduos sólidos domésticos e industriais,
drenagem urbana, controle de vetores, proteções da atmosfera, solo, rios, lagoas e oceanos);
sociais; políticas; econômicas e culturais; relações com a Agenda 21 (RIO 92) e o direito à
cidade (Istambul 1996). O Brasil, após a Conferência das Nações Unidas pelo Meio Ambiente e
o Desenvolvimento (RIO 92), assumiu o compromisso de implementar o seu principal
documento – a Agenda 21. O objetivo desse documento era de avaliar as potencialidades
brasileiras e instituir um modelo de desenvolvimento sustentável para o país, determinando
estratégias e linha de ação partilhada entre a sociedade civil e o setor público, visando o
desenvolvimento de nossas comunidades sem destruir o meio ambiente e com o compromisso
de promover maior justiça social.
A Carta Panamericana sobre Salud e el Ambiente en Desenvolvimiento Sustentable
(OPS,1995), afirma que “la protección y promoción de la salud de todas las personas, en
un ambiente que propicie su bienestar, debe ser el principal criterio que oriente las
decisiones en la planificación y la gestión del desarrollo socioeconómico y que
prevenir los problemas de salud y el deterioro del ambiente es más humano y más
eficaz en función Del costo que corregir y tratar los daños ya infligidos.(...) Es necesario
incluir este concepto en los programas de todos los sectores y organizaciones cuyas
actividades podrían impulsar o obstaculizar dicha prevención”. O documento propõe
como estratégia para atingir o desenvolvimento sustentável o desenvolvimento de mercado
sólido com equidade e política de prevenção e proteção ambiental através da utilização como
estratégia o incentivo à atenção primária ao ambiente e à atenção primária a saúde.
Segundo Teixeira (1997) “a atenção primária ambiental é uma estratégia de ação
ambiental preventiva e participativa, que reconhece o direito das pessoas a viverem em
um meio ambiente saudável e de serem informadas sobre os riscos ambientais em
relação a sua saúde e bem-estar. Chama-as a participar, definindo responsabilidades e
deveres na proteção, conservação e recuperação do ambiente e da saúde comunitária”.
A solução dos problemas ambientais está relacionada ao nível local ou primário. Devemos
“pensar globalmente e agir localmente”. Para podermos mudar a forma de pensar e de agir
é necessário que haja uma gestão ambiental local, onde estarão incluídos todos os atores
locais como lideranças comunitárias e promover o reforço do poder das comunidades, bem
como sua articulação e integração a níveis municipal, estadual e federal.
A atenção primária ambiental envolve medidas preventivas, no caso de redutos ecológicos e
medidas de proteção e preservação ambientais, em locais onde a ocupação urbana se
encontra em estágio de crescente adensamento. Porém em regiões que se encontram em
quadro de crise ambiental é preciso a tomada de medidas corretivas, para se instaurar
novamente o equilíbrio ecológico. Em área densamente povoada é necessária a realização de
trabalho de educação ambiental, que promova a mobilização comunitária para as questões
ambientais e a construção de ambientes saudáveis para se viver.

Segundo [(SCHAFFER ,1994) BUSS & OUTROS,1998]:


“A cooperação e coordenação intersetorial, participação e descentralização são as
estratégias-chave para a implementação de ações de saúde e ambiente, particularmente
a nível local, o que coincide com conceitos caros à promoção da saúde.
Adequadamente interpretado e aplicado, o termo cooperação e coordenação
intersetorial significam para o autor que”:
v Os problemas tratados são comuns, nos quais todos os participantes têm algo em
jogo;
v Um setor inclue não apenas as agências governamentais, como também todas as
organizações públicas e privadas, as pessoas afetadas e os interesses ativos no
setor;
v As autoridades normativas, o pessoal técnico e de serviço e os voluntários – a
nível nacional e local – tem funções concretas e potenciais a realizar;
v No que referem aos temas específicos, diversos participantes podem desempenhar
as funções principais e de apoio;
v A cooperação consiste não só em ratificar as propostas, como também em
participar na definição dos temas, atribuindo prioridade às necessidades,

25
recolhendo e interpretando a informação, formulando e avaliando alternativas e
transmitindo os conhecimentos necessários à execução; e
v Os mecanismos cooperativos se estabelecem, alimentam e revisam,segundo a
experiência.”

A realização de trabalho intersetorial é de fundamental importância para implementação de


ações mais complexas que integrem e articule programas de saúde e ambientais.
A Declaração de Sundswall, no contexto da promoção da saúde, preconizou uma pirâmide
para ambientes favoráveis à saúde contendo como elementos-chave: educação; alimentação
e nutrição; habitações e vizinhanças; trabalho; transporte e serviços sociais. Através da
iniciativa Mundial das Escolas Promotoras da Saúde, preconizou a criação de ambientes
saudáveis nas escolas. Dentro das dimensões in e out, criação de ambientes de trabalho
urbano e rural saudáveis. No campo da habitação e da urbanização preconizou, também a
elaboração de projetos que discutam o conceito de habitação não somente físico e o ampliem
para as dimensões sanitária, sócio-cultural e psíquica com: adequação e funcionalidade dos
espaços físicos intra e peridomiciliares; prevenção de acidentes e desastres; criação de áreas
de convívio para realização de atividades culturais, esporte e de lazer; trabalho de educação
ambiental e desenvolvimento econômico com criação de oportunidades de ampliação do
mercado de trabalho. Nesse sentido, o projeto Universidade Aberta e a COOTRAM, dentro de
um programa intersetorial de desenvolvimento local integrado e sustentável em Manguinhos,
estamos operacionalizando a interdisciplinaridade através da realização de trabalho em grupos
nos campos da geração de trabalho e renda; urbanização, habitação, saneamento e infra-
estrutura; saúde, alimentação e nutrição e educação, cultura, esporte e lazer.

Outro campo da promoção da saúde é o desenvolvimento de habilidades pessoais. Esse


campo é extremamente importante porque é através do desenvolvimento do papel da
Educação e Saúde é que poderemos aumentar as potencialidades individuais e fazer trabalho
de sensibilizar pessoas para promoção e prevenção da saúde.
Dentro desse contexto o ensino passa a ser peça fundamental para o processo de
conscientização ecológica e necessária ao programa de Promoção da Saúde. Somente a
educação pode modificar a atitude das pessoas em relação ao meio ambiente e começar uma
convivência harmoniosa. Sensibilizar os indivíduos sobre a problemática ambiental é
faze-los participar das soluções, através do fomento da responsabilidade individual e
coletiva em relação ao Desenvolvimento Sustentável. O trabalho de educação ambiental
deve mexer com valores, reforçar atitudes e medidas no processo de desenvolvimento.
Para resolução de problemas de caráter sócio – ambientais, é necessário à utilização de
metodologia que enfatize o ensino-pesquisa-ação e trabalhe de forma interdisciplinar e
intersetorial.

Quando mencionamos programas que promovam o desenvolvimento de habilidades pessoais,


devemos nos preocupar como os indivíduos constroem suas vidas, quais são seus valores,
ideais e desejos para que possamos construir pontos de identidade e criar estratégias que
incorporem seus pensamentos e os façam se mobilizar por causas coletivas, que realmente
melhorem suas condições de vida.
Outro tópico importante dentro do contexto da promoção da saúde é o reforço comunitário. É
necessário rever o conceito de “comunidade”. Para tanto, é necessária a adoção do
conceito de “empowerment”, processo de desenvolvimento, na comunidade, da capacidade de
controle e de habilidades para gerar mudanças nos condicionantes sociais da saúde, através
da mobilização coletiva. É a ampliação do conceito de cidadania na área da saúde e a
capacitação no sentido de identificar as forças individuais e coletivas que movimentam a
comunidade. A construção compartilhada do conhecimento através da criação de
oportunidades de troca entre o saber técnico-científico e o saber popular, denota a construção
do “terceiro conhecimento”, que é a união do conhecimento técnico, a partir da eleição de
indicadores, somados a percepção dos atores sociais envolvidos no processo. Nesse sentido é
fundamental a construção de alianças entre governantes, políticos, profissionais de saúde
pública, a participação de movimentos e organizações sociais e indivíduos. O papel da mídia
como “advocacy” da saúde é importante nesse processo de melhoria das condições de vida.

Segundo Santos (1979):

26
“Não há como evitar uma certa irracionalidade que é intrínseca mesmo as políticas
públicas e ao planejamento num quadro nacional com estas características que são
próprias de seu modo de ser, de sua estrutura global”.

Planejar e elaborar políticas públicas para nosso país pela imensa área geográfica com
características e estruturas próprias regionais torna-se uma tarefa complexa. Áreas de extrema
pobreza sem infra-estrutura contrastam com áreas que se utilizam tecnologia de ponta.

Segundo Carvalho (1991):


14.1“O conceito de desenvolvimento sustentável vem sendo utilizado como
portador de um novo projeto para a sociedade, onde a sobrevivência dos povos e
da natureza estaria garantida no presente e no futuro. Traz a promessa de
conciliar eqüidade social, crescimento econômico de mercado e preservação do
meio ambiente...”.
14.2A noção de desenvolvimento que se tornou hegemônica em nossa sociedade
associou as idéias de progresso, bem-estar, melhoria a um sentido evolutivo
unilinear, onde os povos puderam ser classificados numa escala que vai do
atraso ao progresso, do tradicional ao moderno, ou ainda do subdesenvolvimento
ao desenvolvimento. Com isso, produziu um consenso em torno de uma trilha
universal que suporta apenas a diferença dos graus e estágios evolutivos.
Pressupõe um padrão em direção ao qual todos os povos avançam. Tudo o que
não converge para esse padrão está fadado ao desaparecimento e a
infactibilidade.
14.3O desenvolvimento unilinear que conhecemos demonstrou ser o exercício da
imposição de um ideal de sociedade sobre muitas outras sociedades que
perderam seu poder de afirmação, e até mesmo a legitimidade e o direito a
existirem”.
Desenvolvimento sem progresso econômico e o bem estar físico e social, não é
desenvolvimento e sim crescimento quantitativo. O crescimento qualitativo e para o futuro, ou
seja, desenvolvimento sustentável, deverá ser montado em cima de um tripé. Em uma das
pontas do triângulo teríamos a equidade social, na outra o crescimento econômico do mercado,
e na última, a preservação do meio ambiente (Agenda 21).

Segundo Carvalho (1991):


“Desenvolvimento sustentável seria, então, o conceito dado a um modo de organizar a
vida social, criando expectativa de uma sociedade sustentável, em plena consonância
com a natureza, sem conflitos sociais que possam por em risco a sua reprodução”.

A organização da sociedade moderna deve ser revista para que haja um futuro, onde
possamos respirar oxigênio e ter alimentos naturais para comer. As agressões ambientais
devem ser controladas e se pesquisar alternativas de restabelecimento do equilíbrio ecológico
para que exista o amanhã.

No documento Agenda 21, Capitulo 36, pg 429, menciona-se:


“Reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento sustentável.
Base para a ação:
36.3. O ensino, inclusive o ensino formal, a consciência pública e o treinamento devem
ser reconhecidos como um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades,
podem desenvolver plenamente suas potencialidades. O ensino tem fundamental

27
importância na promoção de desenvolvimento sustentável e para aumentar a
capacidade do povo para abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento.
...Tanto o ensino formal como o informal são indispensáveis para modificar a atitude
das pessoas, para que estas tenham capacidade de avaliar os problemas do
desenvolvimento sustentável e aborda-los”.

Devido à complexidade dos problemas relativos a questão ambiental, o conhecimento deve ser
construído de forma uni, multi, inter e transdiciplinar. A visão uindisciplinar do modelo científico
vem conduzindo a especialização, fazendo com que cada vez mais haja uma
compartimentação do conhecimento, uma visão parcial do universo, levando a um
entendimento distorcido da realidade, por que as relações entre suas partes ficam omissas.
A multidisciplinaridade se traduz na percepção de múltiplos olhares para explicação dos muitos
elementos que compõem o universo. Conceituar um determinado objeto de estudo tendo em
vista as multidisciplinas que estão envolvidas, com seus respectivos métodos e técnicas, é a
melhor maneira de compreender o objeto e suas múltiplas relações com o universo que o
contem.
A interdisciplinaridade é um processo de produção de conhecimento que procura estabelecer
vínculos intencionais entre o objeto e o universo, na dinâmica de compreensão e explicação,
para superar a compartimentação existente devido ao método científico e conseqüente da
crescente especialização das ciências modernas.

Segundo o Professor Cynamon (informe pessoal):


“Em um projeto social se deve levar em conta a complexidade do próprio ser humano,
as razões do seu desinteresse diante de situações adversas e a de excessivo interesse
em outras, e a luta permanente pelo poder”.

A complexidade de um projeto social se deve, principalmente ao fato de lidar


com seres humanos que são complexos, com desejos, aspirações, interesses
e demandas diferenciadas. Para haver sucesso em um projeto social, o corpo
técnico deve procurar criar formas de comunicação e de identificação das reais
necessidades da comunidade. Uma equipe interdisciplinar que seja
encarregada do apoio social aos necessitados é de fundamental importância
para o sucesso do projeto.
Conduzir a construção partilhada do conhecimento junto às comunidades faveladas,
favorecendo sua sensibilização e mobilização para seus problemas. Essa proposta tem como
meta à comunhão intima entre o avanço sócio-cultural e o avanço material, através da
pesquisa-ação e ação-pesquisa como retroalimentação. Através do processo de avaliação dos
cursos e projetos de pesquisa nessa linha temática, pretendemos desenvolver publicações que
divulguem, sensibilizem mais profissionais a trabalhar nessa linha de pesquisa.
Entendemos como consciência ambiental como um exercício de cidadania e ação de
proteção e preservação ambiental. Cidadania é entendida por nós como o direito que cada um
tem de ter acesso aos serviços e infra-estrutura básicos urbana. Dessa forma, estamos
contribuindo para a defesa ambiental e para a transformação do quadro de crise ambiental, em
que vivemos na atualidade. A qualidade de vida e a saúde ambiental dependem da criação de
novas relações sociais de produção, tendo o meio ambiente ao abrigo de violências e
agressões.
A questão ambiental por ser complexa e abrangente, na atualidade é discutida por uma gama
de Escolas, cada uma achando-se em superioridade em relação às demais. Esse debate é
contínuo e permanente, pois é necessário se conceituar para determinar seu verdadeiro
espaço ou se realmente pertence a várias áreas do conhecimento ao mesmo tempo. A
consciência ambiental precisa ser retomada, para que o homem reconheça que tem
responsabilidade pela instalação do estado de crise ambiental. Ao trabalhar com tecnologias
não convencionais e educação ambiental estamos trabalhando também com conscientização
humana para preservação dos recursos naturais terrestres e na defesa do ecossistema
terrestre. A problemática ambiental somente poderá ser resolvida com a observância de uma
rígida ação a favor do ambiente, o que demanda uma apropriada legislação ambiental, sua
observância e ação intersetorial. Essa legislação ambiental deverá ser bem equacionada a

28
partir de propósitos, posturas, limites éticos e outros componentes da filosofia e política
ambiental.
Com o fetichismo da vida capitalista moderna, gera-se um círculo vicioso onde o maior
prejudicado é o próprio homem. Para absorver o mercado do capital, aumenta-se o
desmatamento de redutos naturais, poluem-se mais recursos hídricos, o solo e a atmosfera.
Sem recursos naturais disponíveis agrava-se a crise econômica e se contribuí para uma crise
energética. Em conseqüência das crises econômica e energética se favorece, ainda mais, a
crise ambiental. Dessa forma estabelece-se um ciclo vicioso.
Entendemos o processo de marginalização como um produto gerado pelo sistema, onde dez
por cento da população fica com noventa por cento do produto interno bruto e noventa por
cento fica com dez por cento do mesmo produto. Essa injustiça na distribuição de renda
aumenta o quadro de pobreza e miséria, ocasionando aumento na ocupação periférica e em
áreas de risco, causando agravo na problemática ambiental. O incremento populacional e a
crescente ocupação desordenada de áreas de risco à saúde geram mais devastações e
comprometimento de estruturas e processos ecológicos. A consciência ecológica é
fundamental para preservação ambiental. O homem deve ter a consciência que é da natureza
que tiramos os materiais para construção do abrigo, nossa proteção contra intempéries, o
alimento que nos nutre, a água que bebemos e o oxigênio para respirarmos. Nesse sentido,
um trabalho de concretização de estratégia de promoção da saúde no campo da habitação e
saúde torna-se fundamental para a continuidade da existência no nosso Planeta Terra.

Referências Bibliográficas:

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v Carta de Ottawa para La Promoción de La Salud (1986).
v Declaración de Adelaide – Políticas Públicas Salubres (1988).
Declaración de Yakarta sobre La Promoción de La Salud en Siglo XXI.

30
5. Organização da Rede Brasileira de Habitação para a Saúde

5.1. Objetivos

14.3.1.1.1.1.1Gerais

· Articular as instituições acadêmicas, as agências técnico-executivas e as entidades da


sociedade civil no esforço de ampliar o conhecimento e capacidade de intervenção sobre
os fatores determinantes da relação entre moradia e saúde no Brasil;
· Contribuir para a melhoria da qualidade da habitação urbana e rural no
Brasil, com a constituição de programas e projetos que integrem uma
política pública saudável e incorporem os campos de ação e as estratégias
de promoção da saúde;
14.3.1.1.1.1.1.1Específicos

· Aprofundar e difundir a reflexão sobre os marcos conceituais Habitação, Saúde e


Ambiente no Brasil;
· Propiciar o intercâmbio entre as instituições componentes de modo a permitir uma
contínua conexão entre o conhecimento produzido em pesquisas, a aplicação desse
conhecimento em experiências concretas e a difusão desse conhecimento em cursos,
oficinas, treinamentos, etc.
· Identificar e incorporar tecnologias apropriadas para a habitação saudável, a nível
normativo e de desenvolvimento tecnológico;
· Produzir conhecimentos que possam ser desenvolvidos e transformados em
metodologias de aplicação possível pelos diversos segmentos sociais e localidades
geopolíticas do país;
· Elaborar sistemas de informação e difusão das atividades da rede;
· Promover a incorporação do conceito da habitação, ambiente e saúde nos programas de
capacitação de recursos humanos.
· Identificar instituições que, pelo seu perfil e pelas suas experiências relevantes, possam
participar da Rede;

5.2. Enfoques e estratégias

Os principais enfoques pretendidos para a rede brasileira são:

· Investigação científica e produção de conhecimento;


· Desenvolvimento de tecnologias apropriadas em habitação, saúde e ambiente;
· Sistemas de informação e difusão;
· Intervenções comunitárias

Os enfoques pretendidos serão alcançados através de:

· Realização de cursos, oficinas, treinamentos, encontros e seminários;


· Realização de projetos demonstrativos;
· Elaboração de canais de comunicação como homepage, vídeos, entre outros;
· Realização de trabalhos intersetoriais que desenvolvam projetos de intervenções
comunitárias

31
32
5.3. Proposta de Estrutura Organizativa da Rede

ASSESSORIA DA OPAS ______ASSEMBLEIA DE INSTITUIÇÕES INTEGRANTES DA REDE


|
|
CONSELHO DIRETOR
|
|
COORDENAÇÃO
|
|
SECRETARIA EXECUTIVA___|
|
|
|
INVESTIGAÇÕES TECNOLOGIAS SISTEMA DE DIFUSÃO INTERVENÇÕES
TECNICO-CIENTÍFICAS APROPRIADAS DE INFRMAÇÃO COMUNITÁRIAS

33
5.4 Plano Operativo 2002 – 2004

14.3.2RESULTADO ESPERADO 14.3.3ATIVIDADES


Elaborar um documento sobre a estratégia financeira da rede.
Elaborar um documento sobre o marco metodológico-conceitual,
integrador dos temas Habitação, Saúde e Ambiente.
Consolidação da Rede como um referente institucional a nível nacional Promover e fortalecer os vínculos entre as instituições que conformam a
em relação ao tema Saúde na Habitação e Habitação para a Saúde rede.
Promover grupos de trabalho a partir dos enfoques dado à rede e articular
e integrar os grupos entre si.
Promover e fortalecer os vínculos da Rede Brasileira com a Rede
Elaborar a memória anual

14.3.4RESULTADO ESPERADO 14.3.5ATIVIDADES


Incorporação do conceito Saúde na Habitação e Habitação para a Saúde Elaborar uma banco de dados sobre cursos de capacitação, oficinas e
dentro das instituições técnicas e universitárias. treinamentos.
Fortalecer as capacitações aos níveis de agentes comunitários, técnico e
universitário em relação ao tema.

14.3.6RESULTADO ESPERADO 14.3.7ATIVIDADES


Incorporação da pesquisa de tecnologias não convencionais para Realizar projetos de pesquisa sobre tecnologias não convencionais
habitação saudável em programas institucionais relativas a habitação saudável
Elaborar registro sobre as tecnologias relativas a habitação saudável

14.3.8RESULTADO ESPERADO 14.3.9ATIVIDADES


Elaborar uma Agenda de Investigação e de Projetos Demonstrativos .
Identificar e documentar investigações existentes em relação a
Habitação, Saúde e Ambiente.
Produção de conhecimentos técnico – científicos sobre habitação eElaborar proposta de pesquisa-ação, abordando temas como controle de
cidades saudáveis. vetores, manejo de risco e impacto sobra a saúde da habitação.
Elaborar uma proposta de gestão ambiental e de atenção primária
ambiental em relação a saúde da habitação e a habitação para a saúde.

34
14.3.10RESULTADO ESPERADO 14.3.11ATIVIDADES
Apresentar da imagem institucional da rede.
Difusão das atividades da rede. Organizar um sistema de comunicação (informação e difusão) da rede.
Editar periodicamente um meio de informação e comunicação.
Apoiar os grupos de trabalho em suas atividades e na difusão de
informação

14.3.12RESULTADO ESPERADO 14.3.13ATIVIDADES


Incorporação de programas de desenvolvimento local Identificar experiências relevantes no campo da intervenção comunitária.
Formular estratégias de desenvolvimento integrado e sustentável a nível
local

14.3.13.1TAREFAS REALIZADAS

Ø Realização de duas reuniões preparatórias para a rede onde foram identificadas instituições de relevância no campo do ensino, da pesquisa e da
política habitacional e traçados o perfil estratégico da rede. Foi acordado que a coordenação da rede seria inicialmente feita pela Escola Nacional de
Saúde Pública. O grupo de trabalho que apiaria a rede seria formado por representante da USP, FUNASA, SMH-RJ e CPAGM.

35
15REDE BRASILEIRA DE HABITAÇÃO SAUDÁVEL
15.1
15.2CARTA DE INTENÇÕES

Reunidas na Oficina de Trabalho: Moradia e Saúde, realizada durante o I Seminário Internacional de Engenharia de Saúde
Pública, Recife, 21 e 22 de março de 2002, os participantes e entidades representadas tornam públicas as seguintes
considerações e encaminhamentos:

15.2.1Considerando

· Que a situação habitacional brasileira caracteriza-se por um quadro de importante deficit quantitativo, uma extensiva
inadequação domiciliar e uma grave precariedade da infraestrutura urbana;
· Que tal realidade importa em riscos sanitários específicos, que ampliam a vulnerabilidade de amplos setores da população a
um largo expectro de agravos e doenças, em muito contribuindo para o agravamento da morbi-mortalidade brasileira;
· Que o paradigma e as estratégias da Promoção da Saúde e da construção de Municípios / Cidades Saudáveis exige e
pressupõe a busca de moradias saudáveis e melhoria da qualidade de vida;
· Que no Brasil existem diversas instituições, tecnicamente qualificadas e politicamente motivadas, que desenvolvem iniciativas
de enfrentamento dos problemas habitacionais, carecendo entretanto de maior conjugação entre seus esforços, tanto no plano
do intercâmbio teórico-conceitual, quanto no plano da articulação prático-operativa;
· Que a existência da Red Interamericana de Centros de Salud en la Vivienda representa um importante patrimônio de
experiências e um modelo de estratégia para intercâmbio e apoio técnico;
· Que a iniciativa de Habitação Saudável deve integrar-se e desenvolver-se em conjunto e harmônicamente com outras
iniciativas relativas aos espaços de Escolas Saudáveis, lugares de trabalhos saudáveis (saúde do trabalhador), municípios
saudáveis e outros espaços saudáveis.

15.2.2Resolvem

36
· Somar esforços para a constituição da Rede Brasileira de Habitação saudável visando, através da articulação entre
instituições acadêmicas, instituições governamentais, agências técnico-executivas, entidades da sociedade civil e outras
iniciativas relativas à promoção da saúde e municípios saudáveis, ampliar a capacidade institucional brasileira de intervir,
técnica e politicamente, sobre os fatores determinantes da relação entre moradia ambiente e saúde no Brasil;
· Buscar desde já a filiação da nova entidade à Red Interamericana de Centros de Salud en la Vivienda, solicitando a colaboração da
OPAS/OMS.

Recife, 21 de março de 2002,


FIOCRUZ – ENSP – CPqAM
Ministério da Saúde – Projeto Promoção da Saúde
USP
UFSE
ABRASCO
ABES
FISENGE
Secretaria Municipal de Habitação-RJ
Prefeitura Municipal de Resende
Fundação Casa de Cultura Macedo Miranda
Instituto Pasteur da Sec de Saúde do Estado de SP
Prefeitura Municipal de Canoas, SEMPA
Prefeitura de Jacaréacanga
Nação Mudurucu
Secretaria Estadual de Saúde do RS
Secretaria Estadual de Meio Ambiente Cultura e Turismo do MS – IMAP
Universidade Federal de Viçosa
Universidade Federal Fluminense
CONAM

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