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Alunos: Ana Beatriz Carneiro dos Santos, Aryane Maria Oliveira Araujo, Daniela

Soares Maia Rodriguez, Flavio Jose Esparo Coelho Junior, Gabriela Darcila Figueira
Barbosa, João Paulo Caetano Vieira, Yarlon Wagner da Silva Teixeira

HERPES

A família Herpesviridae é dividida em 3 subfamílias: Alphaherpesvirinae,


Betaherpesvirinae e Gammaherpesvirinae. O Herpes Vírus Simples HSV-1 e HSV-2
pertencem à subfamília Alphaherpesvirinae. Trata-se de vírus de DNA, com
capsídeo icosaédrico e tegumento. Tanto o HSV-1, quanto o HSV-2 acometem as
regiões oral e genital, mas o HSV-1 predomina a oral e o HSV-2 a genital. O
contágio se dá por saliva, contato com pele, sexo oral ou vaginal, toque em
superfícies contaminadas ou compartilhamento de objetos pessoais. Estima-se que
80 a 90% da população já teve contato com o vírus, mas apenas 20% desenvolvem
a doença, nos demais o vírus fica latente por anos, e pode ser ativado por
infecções, febre, excesso de radiação UV, estresse, trauma local, alterações
hormonais. Apenas 10% dos casos são sintomáticos, apresentando febre, dor de
garganta, mal-estar, inapetência, gengivoestomatite, ceratoconjuntivite,
meningoencefalite. A herpes labial apresenta três períodos: (1) prodrômico,
aparece cerca de 24 horas antes do período clínico, (2) clínico ativo dura de 2 a 4
dias, período em que aparece as vesículas características e (3) cicatricial, onde
aparecem crostas e dura 2 a 4 dias.O tratamento da herpes simples é realizado com
Aciclovir 200 mg, 5 vezes ao dia, por 5 dias. Nas formas grave deve ser feita a
hospitalização, hidratação adequada e aplicação de aciclovir intravenoso com dose
de 5 mg/kg a cada 8h. As opções medicamentosas para as infecções primárias são
o Aciclovir, Valaciclovir e Panciclovir.

O Herpesvírus tipo 3 (HSV-3) é um vírus que possui molécula de DNA dupla fita,
também pertencente à subfamília Alphaherpesvirinae. Possui duas formas de
apresentação: uma por infecção primária, a Varicela, popularmente conhecida como
catapora, na qual o vírus se instala de forma latente no organismo, em gânglios
nervosos próximos à coluna vertebral, em caso de reativação deste vírus, ele pode
causar uma doença chamada Herpes-Zóster.
A Varicela é uma doença altamente infecciosa que frequentemente surge no final do
inverno e no início da primavera, sendo típica da infância, especialmente para a
faixa etária de 4 a 10 anos. Geralmente, de aspecto autolimitado e benigno em
crianças e evoluindo para quadros exuberantes em adultos e adolescentes. Sua
transmissão ocorre por meio do contato direto com saliva ou secreções respiratórias
da pessoa infectada, sendo raro pelo contato com as lesões, seu período de
transmissibilidade é de 1 a 2 dias antes da erupção até 5 dias após aparecimento
das primeiras vesículas. O vírus invade o corpo pelas vias aéreas superiores, assim
chega ao sistema linfático e atinge o resto do corpo, em especial o fígado, o baço e
o sistema retículo-endotelial. O corpo reage com uma resposta inflamatória
causando febre moderada, mal estar, cansaço, dor de cabeça e perda de apetite.
Após período de incubação de 14 a 16 dias, o HSV-3 atinge a pele e as mucosas
aparecendo exantema de aspecto máculo-papular, que em algumas horas, adquire
aspecto vesicular e evolui para pústulas que posteriormente, formam crostas. Por
vezes, podem se desenvolver algumas complicações, tais como: Infecção
bacteriana secundária de pele causada por S. aureus e Streptococcus pyogenes;
Síndrome da ataxia cerebelar e meningite; Pneumonia; Síndrome de Reye (edema
cerebelar e disfunção hepática); Imunodeprimidos podem apresentar varicela
disseminada; Neuralgia pós-herpética (dor persistente por 4 a 6 semanas após
erupção cutânea).
O diagnóstico da Varicela baseia-se em um diagnóstico clínico-epidemiológico, e por
segurança, deve-se descartar as seguintes patologias: Varíola (erradicada);
Coxsackioses; Infecções cutâneas; Dermatite herpetiforme de During Brocq;
Impetigo; Erupção variceliforme de Kaposi; Riquetsioses, entre outras. Caso
necessário, podem ser solicitados para auxiliar o diagnóstico de Varicela os
seguintes exames: sorologia IgM e IgG, Imunofluorescência de raspado de pele e
PCR, sendo este último o considerado padrão-ouro. Já o tratamento é baseado
tanto no tratamento tópico, através da aplicação de compressas de permanganato
de potássio (1:40.000) e água boricada a 2% várias vezes ao dia, quanto do
tratamento sintomático, utilizando Anti-histamínicos sistêmicos, banhos de
permanganato de potássio na diluição de 1:40.000, e, em caso de infecção
secundária, indica-se o uso de antibióticos sistêmicos. Para pacientes com risco de
agravamento, ainda pode ser necessário a administração de antivirais, no seguinte
esquema:
Crianças: Aciclovir, 20mg/kg/dose, VO, 4 vezes ao dia, dose máxima 800mg/dia,
durante 5 dias.
Adultos: Aciclovir, 800mg, VO, 5 vezes ao dia, durante 7 dias.
Fanciclovir: 250 mg, VO, 3 vezes ao dia, durante 5 a 7 dias (recomendado, mas não
licenciado).
Valaciclovir: 1g, VO, 3 vezes ao dia. Aprovado para uso em crianças e
adolescentes.
Crianças imunocomprometidas é indicado uso de aciclovir venoso ou em casos
graves (adulto ou criança), na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas, infundido
durante 1 hora, durante 7 a 14 dias.
A Varicela é uma doença que já possui vacina disponível, e é administrada aos 15
meses de vida através da vacina tetravalente, que além de proteger contra a
varicela, protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola. Porém, algumas
populações se encontram em situação especial e merecem atenção, são eles:
População indígena a partir de quatro anos de idade; Surto hospitalar da doença;
Profissionais de saúde, cuidadores e familiares suscetíveis à doença que estejam
em convívio domiciliar ou hospitalar com pacientes com maior risco de contrair a
doença com consequências graves, como crianças com câncer, pessoas em geral
submetidas à cirurgias, doadores de órgãos e células-tronco, entre outros;
Pacientes com doenças renais crônicas; Crianças, adolescentes e adultos
infectados pelo HIV; Doenças dermatológicas graves; e Pessoas que fazem uso
crônico de aspirina. Ainda recomenda-se medidas como: Lavar as mãos após tocar
na feridas com potencial infeccioso; Crianças com Varicela não complicada só
devem retornar à escola após todas as lesões tenham evoluído para crostas;
Crianças imunodeprimidas ou que apresentam curso clínico prolongado só deverão
retornar às atividades após o término da erupção vesicular; Isolamento para
pacientes internados; e Desinfecção dos objetos contaminados com secreções
nasofaríngeas.

Após um paciente desenvolver a varicela, o HSV-3 entra em um estado latente e


pode reaparecer como um quadro de herpes zóster. A doença pode ocorrer em
qualquer idade com aparência ocasional, mas a população idosa tende a ser mais
afetada. Pacientes infectados pelo HIV têm 15 vezes mais probabilidade de
desenvolver a doença do que indivíduos não infectados, e aproximadamente 20%
dos pacientes com HZ podem desenvolver neuralgia pós-herpética. HZ é uma
doença autolimitada que dura em média 15 dias e seus sintomas incluem neuralgia,
parestesia, queimação e prurido local. Esses sintomas são acompanhados por
febre, dor de cabeça e mal-estar. A lesão é caracterizada pela formação de
vesículas na base eritematosa que duram de 2 a 4 dias antes de se instalarem e
estão localizadas nas regiões torácica, cervical, trigêmeo e lombossacra. Em alguns
pacientes a dor causada pela HZ é persistente mesmo quando ocorre a remissão da
lesão cutânea.

As lesões de herpes-zóster não se estendem para além da metade do corpo, isto é,


a linha média que divide o corpo. Ela também é conhecida como zoster, cobreiro ou
fogo selvagem. Seus fatores de risco são idade, doença, tratamento e uso contínuo
de medicamentos que enfraquecem o sistema imunológico. HZ tem como
complicações possíveis: neuralgia pós-herpética, problemas neurológicos, infecções
de pele, herpes zoster oftálmico e, em algumas situações raras, sua propagação.
Para o diagnóstico, são necessários avaliação clínica e testes específicos como
isolamento de vírus, testes sorológicos para avaliação de soroconversão, FAMA,
ELISA e imuno hemaglutinação. No tratamento, recomenda-se o uso de antivirais
como Aciclovir 800 mg / dia oral por 7 a 10 dias, uso de prednisona 60 mg / dia nos
primeiros 7 dias e a seguir 30 mg / dia e uso de analgésicos. Nos casos em que um
paciente com herpes zoster desenvolveu neuralgia pós-herpética, recomenda-se o
uso de um creme com capsaicina 0,025% a 0,075%, Lidocaína gel 5%, Amitriptilina
em doses de 25 a 75 mg por via oral, carbamazepina em doses de 100 a 400mg por
via oral, benzodiazepínicos, rizotomia, termocoagulação e simpatectomia. E como
recomendações gerais para os cuidados com o HZ, banhos frios ou frescos e
compressas úmidas ao redor das lesões podem ajudar a aliviar a coceira e a dor. A
pele afetada deve estar limpa e seca e não riscar as bolhas. Se o olho ou ouvido for
afetado, um especialista apropriado (oftalmologista e otorrinolaringologista) deve ser
consultado o mais breve possível.

O HHV-4 é um dos mais comuns dos herpesvírus humanos. Sua principal via de
transmissão é a saliva de indivíduos com infecção sintomática ou assintomática
excretados em secreções orais em alta concentrações, com isso o vírus ocupa as
células epiteliais da orofaringe, atingindo, na sequência, os linfócitos B que circulam
na região por 6 a 12 meses. Ele é a causa da Mononucleose Infecciosa, além de
estar associado ao linfoma de Burkitt, doença de Hodgkin e aos linfomas de células
B. Seu período de incubação é de 4 a 7 semanas, ao fim do qual podem surgir
sintomas inespecíficos, como cefaleia, mal-estar, fadiga e mialgia por 3 a 5 dias,
iniciando-se, então, a febre, acompanhada de aumento de linfonodos e faringite,
característicos da doença. Em crianças pequenas, a infecção primária é
frequentemente assintomática, enquanto que adolescentes e adultos geralmente
apresentam um quadro clínico clássico de mononucleose infecciosa. O diagnóstico
diferencial deve ser feito com patologias como a Infecção pelo citomegalovírus; a
Infecção aguda pelo vírus HIV; a Rubéola; a Brucelose; a Infecção pelo adenovírus;
e os linfomas e leucemias. Já o diagnóstico laboratorial se dá a partir de Anticorpos
Heterófilos; Anticorpos Específicos: anti-VCA, anti-EA e anti-EBNA;
Imunoglobulinas; Ensaios de Imunoblot; e Teste de avidez de anticorpos. É
realizado apenas o tratamento dos sintomas, mas a experiência clínica indica uso
de corticosteróides em casos de MI complicada com obstrução de vias aéreas,
trombocitopenia grave ou anemia hemolítica, além de Aciclovir para inibir a
replicação do EBV; repouso, hidratação e uso de precaução padrão. Ademais,
algumas complicações podem surgir com o desenvolvimento da doença, a Anemia
hemolítica autoimune, por exemplo, ocorre em 0,5 a 3% dos casos; a Ruptura
Esplênica é rara, acometendo menos de 0,5% dos adultos e acometimentos
neurológicas, cefaléias, são relatadas em até 50% dos casos de MI pelo EBV.

O HSV-5 infecta preferencialmente os fibroblastos humanos que são seu único


hospedeiro, permanecendo no indivíduo durante toda a sua vida (fase de latência)
sem causar danos, caso não haja imunossupressão. As formas mais comuns de
contraí-lo são nas formas de infecção perinatal (parto ou leite materno), congênita
(transplacentária), adquirida (secreções corporais), ou transmissão iatrogênica
(transplante de órgãos ou transfusão sanguínea), sendo a infecção congênita a mais
comum (40% dos casos). As manifestações clínicas mais recorrentes, inexistentes
em imunocompetentes, são febre e esofagite, linfadenopatia, alterações
hematológicas e hepatoesplenomegalia, podendo, dessa forma, ser confundida com
síndromes gripais ou mononucleose infecciosa. Por outro lado, imunodeprimidos
podem desenvolver quadros mais graves como comprometimento do SNC,
comprometimento do TGI, pneumonia e pneumonites intersticiais, retinite (85% em
portadores de AIDS com infecção pelo CMV). No entanto, essas manifestações
mudam em neonatos podendo desenvolver prematuridade e icterícia, petéquias e
púrpuras, hepatomegalia e esplenomegalia, alterações neurológicas (microcefalia,
convulsões, diminuição do reflexo de sucção, letargia, hipotonia), cardiopatias e
mortalidade que no período neonatal chega em 30% devido a insuficiência
hepática, CIVD ou infecções bacterianas secundárias. O diagnóstico se dá por
ELISA, imunoensaio de avidez para IgG, Antigenemia para CMV e RT-PCR e o
tratamento geralmente só é feito em recém nascidos sintomáticos e indivíduos
imunossuprimidos com complicações usando Ganciclovir para pneumonites,
Foscarnet para ritinites, Cidofovir e Valganciclovir. Lembrando que o tratamento
deve continuar pelo resto da vida, e as consultas devem ser constantes para que se
tenha certeza de que o CMV não está evoluindo.

Com prevalência de 85% nos EUA, HSV 6 e HSV 7 apresentam semelhanças


genéticas. A transmissão do HHV-6 ocorre geralmente na infância, entre 6 meses e
3 anos, através de contato com indivíduos infectados, principalmente através da
saliva. Pode ser transmitida para o recém-nascido por meio de secreções vaginais,
evidenciado também na HHV-7. A infecção pelo HSV-7 ocorre posteriormente à
infecção pelo HSV-6.

A transmissão se dá por meio da saliva, portanto o vírus fará replicação pelas


glândulas salivares e orofaringe, nas tonsilas e linfonodos cervicais. O vírus
permanece em estado de latência nos linfonodos TCD 4 e TCD 8 e são mais
evidenciados (alta carga viral de HHV-7) em pacientes imunossuprimidos. O HSV 7
é considerado um vírus de menor patogenicidade quando comparado com o
HHV-6.

HHV-6 B e HHV-7 são agentes etiológicos do Exantema súbito. Este presenta um


quadro febril de 3 – 5 dias seguido pelo surgimento do exantema, normalmente nas
regiões cervicais, torácicas e na face, característico desse tipo de herpes. No
diagnostico laboratorial recomenda-se a utilização de mais de um método para
confirmação diagnostica, geralmente PCR e a detecção de IgM. Na maior parte dos
casos, o HHV-6 é responsável por doença benigna autolimitada, sendo necessária
apenas medicação sintomática para trazer conforto ao paciente e sua família.
O Herpes Vírus HSV-8 pertence à subfamília Gammaherpesviridae e está
associado ao Sarcoma de Kaposi, ao Linfoma de Efusão primária e a Doença
Multifocal de Castleman. O vírus possui cinco variantes (A, B, C, D, E) e sua
principal forma de transmissão é pela via sexual. As manifestações clínicas são
lesões violáceas maculosas, nodulares ou em placas que podem surgir em qualquer
ponto da superfície corporal e ainda podem ser cutaneomucosas e viscerais. O
Sarcoma possui quatro variantes: a clássica que apresenta nódulos
castanho-avermelhados na pele das mãos e pés, podendo apresentar a formação
de edemas, o que torna as lesões dolorosas; endêmica que geralmente apresentam
linfadenopatia e não lesões cutâneas; iatrogênica que apresenta lesões na pele e
mucosa oral; e a associada à AIDS onde as lesões afetam toda a pele, podendo
disseminar para órgãos internos. O diagnóstico é realizado através de PCR e
Imuno-histoquímico. O tratamento é feito com radioterapia ou quimioterapia e em
raros casos é necessário intervenção cirúrgica. Em relação ao Sarcoma de Kaposi
associado à AIDS ou a imunossupressão, o principal objetivo é tentar restabelecer o
sistema imune.

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