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CONCEPÇÃO DE CRIANÇA

Enfoque histórico brasileiro

Andressa Giacomozzi1
Adelir Terezinha Gadotti2

Resumo

Esta pesquisa bibliográfica busca identificar a concepção de criança no enfoque histórico-


cultural brasileiro. Essa educação cultural esteve apoiada em concepções marcadas pelo
assistencialismo. O autoritarismo enraizado desde a colonização brasileira no século XV e
uma educação da subordinação também marcaram as primeiras iniciativas de instituições
dedicadas à criança no Brasil. A partir do século XX até o presente, políticas educacionais
surgiram para romper com este ciclo, porém, continuaram a preconizar uma concepção
assistencialista. No decorrer deste artigo buscamos trazer as inter-relações da criança com o
mundo e como ela era vista social e culturalmente, a sua evolução através da história e qual o
papel da educação institucionalizada para o progresso da concepção de infância.

Palavras-chave: Concepção de Criança; Brasil; Histórico-cultural.

CONCEPTION OF CHILD
Brazilian historical focus

Abstract

This bibliographic research seeks to identify the concept of child in brazilian cultural-
historical approach. This cultural education was supported in conceptions marked by
welfarism. The authoritarianism rooted since the Brazilian colonization in the XV century and
an education of subordination also marked the first initiatives of institutions dedicated to
children in Brazil. From the XX century until the present, educational policies have emerged
to break this cycle, however, continued to advocate a welfarist conception. In this article we
seek to bring the inter-relationships of the child with the world and how she was socially and
culturally, its evolution through history and what is the role of institutionalized education for
the progress of the conception of childhood.

Keywords: Conception of child; Brazil; Cultural-historical.

1
Acadêmica do curso de Pós-Graduação em Educação Infantil e Anos Iniciais pelo Centro Universitário
Leonardo Da Vinci. E-mail: andressarsl14@gmail.com
2
Professora Orientadora da Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Pós- Graduação em
Educação Infantil e Anos Iniciais pelo Centro Universitário Leonardo Da Vinci. E-mail:
dela_sophiati@hotmail.com
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1 INTRODUÇÃO

A educação institucional de crianças no Brasil ainda é muito recente, data de


pouco mais de um século. As dificuldades encontradas neste âmbito educativo, desde a sua
implementação, são recorrentes, dadas à maneira como a educação escolar é vista por uma
parcela significativa da população, mesmo com o grande número de legislações e documentos
norteadores educacionais, tem-se a escola como assistencialista, uma educação baseada nos
cuidados físicos e atividades ‘educativas’ de caráter moralista.
Este artigo busca rever as concepções de infância e rever o papel da sociedade e
da escola frente a este resquício histórico. Neste sentido, a educação de crianças na atualidade
precisa de um novo olhar que supere estas práticas, as quais excluem as crianças do acesso
aos bens conquistados pela humanidade, negando-lhes a condição de sujeito com deveres e
principalmente direitos.
A importância de se reconhecer a função social da criança e da necessidade de
uma educação não só institucionalizada, mas, também de uma visão coletiva. É preciso
considerar a infância como uma condição da criança. O conjunto das experiências por elas
vividas por em diferentes lugares geográficos ou sociais, é muito mais do que uma visão dos
adultos sobre a mesma.
Rousseau (1999) não compreende a criança como um adulto em miniatura,
concebe a criança em si mesma, considerando suas manifestações próprias e a capacidade
imaginativa e criativa. Para ele cada idade, cada estado da vida tem sua perfeição conveniente,
o tipo de maturidade que lhe é própria.
A partir da Constituição Federal de 1988, o olhar para a educação de crianças no
Brasil passa a focar a construção de uma nova trajetória dotada de novos métodos e um olhar
diferenciado para o que se entendia como criança e educação para os mais jovens.
Pretende-se com este estudo levantar informações e reflexões a cerca da infância
no contexto histórico-cultural brasileiro desde a colonização até os dias atuais, além de suas
marcas históricas na educação, as transições e mudanças de pensamento coletivo.

2 DESENVOLVIMENTO

No Brasil colônia pouco se era falado sobre a concepção de criança, mas, já havia
uma preocupação com a educação, surgindo então a Educação Jesuítica.
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A educação jesuítica teve início em 1549, com a Companhia de Jesus,


representante da igreja católica, fundada por Inácio de Loyola3, em um contexto de reação da
igreja católica à Reforma Protestante, sendo a protagonista do início da história educacional
brasileira, que perdurou até a Reforma Pombalina em 1759.
Sobre a Companhia de Jesus Neto et al. (2008) traz que:

[...] Era formada por padres designados de jesuítas, que tinham como missão
catequizar e evangelizar as pessoas, pregando o nome de Jesus. Os princípios
básicos dessa ordem estavam pautados em: 1) a busca da perfeição humana por meio
da palavra de Deus e a vontade dos homens; 2) a obediência absoluta e sem limites
aos superiores; 3) a disciplina severa e rígida; 4) a hierarquia baseada na estrutura
militar; 5) a valorização da aptidão pessoal de seus membros. São esses princípios
que eram rigorosamente aceitos e postos em prática por seus membros, que tornaram
a Companhia de Jesus uma poderosa e eficiente congregação.

O trabalho de catequização e conversão ao cristianismo, motivo formal da vinda dos


jesuítas para a Colônia brasileira, destinava-se à transformação do indígena em “homem
civilizado”, segundo os padrões culturais e sociais dos países europeus do século XVI, e à
subsequente formação de uma “nova sociedade”.
Mesmo o período de catequização jesuítica ter durado pouco mais de duzentos
anos, foi posto a baixo com a vinda de Marquês de Pombal para a Colônia brasileira. Com a
Reforma de Pombal, o ensino passa a ser responsabilidade da Coroa Portuguesa.

2.1 Reforma Pombalina

Segundo Queiroz et al (2007) as principais medidas implantadas pelo Marquês de


Pombal, por intermédio do Alvará de 28 de junho de 1759, foram:

 Total destruição da organização da educação jesuítica e sua metodologia de


ensino, tanto no Brasil quanto em Portugal;
 Instituição de aulas de gramática latina, de grego e de retórica; n criação do
cargo de ‘diretor de estudos’ – pretendia-se que fosse um órgão administrativo de
orientação e fiscalização do ensino;
 Introdução das aulas régias – aulas isoladas que substituíram o curso
secundário de humanidades criado pelos jesuítas;
 Realização de concurso para escolha de professores para ministrarem as aulas
régias;
 Aprovação e instituição das aulas de comércio.

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Inácio de Loyola (1491-1566) nasceu em Azpéitia, Espanha. De família fidalga, acabou por seguir a carreira
militar, convertendo-se à vida religiosa somente após ser ferido em 1521 no cerco de Pamplona pelas tropas
francesas. Estudou humanidades nas Universidades de Alcalá e Salamanca, Espanha, e teologia na Universidade
de Paris. Em Roma, fundou a Companhia de Jesus, que o Papa Paulo III aprovou em 1540.
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Nota-se que ainda não há um interesse social pela criança, mas, sim para a criação
de cursos secundários e de formação para o comércio.
A metodologia eclesiástica dos jesuítas é substituída pelo pensamento pedagógico
da escola pública e laica. É o surgimento do espírito moderno, marcando o divisor das águas
entre a pedagogia jesuítica e a orientação nova dos modeladores dos estatutos pombalinos de
1772.

A ramificação de tendências que, se não chegam a determinar a ruptura de unidade


de pensamento, abrem o campo aos primeiros choques entre as ideias antigas,
corporificadas no ensino jesuítico, e a nova corrente de pensamento pedagógico,
influenciada pelas ideias dos enciclopedistas franceses, vitoriosos, depois de 1789,
na obra escolar da Revolução. (AZEVEDO, 1976, p. 56-57)

Pombal não conseguiu, de fato, substituir a poderosa homogeneidade do sistema


jesuítico sendo em 1777 substituído por um novo modelo educacional que começou por volta
do século XIX, o período Joanino.

2.2 Período Joanino: criação de cursos superiores

De modo geral, podemos dizer que no século XIX ainda não havia uma política de
educação sistemática e planejada. As mudanças tendiam a resolver problemas imediatos, sem
encara-los como um todo. Quando a família real chegou ao Brasil, existiam as aulas régias do
tempo de pombal, o que obrigou o rei a criar escolas. Transformações culturais e criação de
cursos superiores.
Segundo Aranha (2006, p. 222):

Ao examinarmos os três níveis de ensino nos períodos do Primeiro e do Segundo


Império, notamos as dificuldades de sistematização dos dois primeiros níveis, por
conta dos interesses elitistas da monarquia, que não se importava com a educação da
maioria da população, ainda predominantemente rural.

Ainda no século XIX havia o descaso com a educação primária não sendo ela
obrigatória nem necessária para o ingresso no ensino superior. Ainda em Aranha (2006, p.
223):

[...] embora já na Constituição outorgada em 1824 houvesse referência um “sistema


nacional de educação”, esse projeto não foi contemplado em 1827. Sem a exigência
de conclusão do curso primário para o acesso a outros níveis, a elite educava seus
filhos em casa, com preceptores. Outras vezes, os pais se reuniam para contratar
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professores que dessem aulas em conjunto para os seus filhos em algum lugar
escolhido. Portanto, sem vínculo ao Estado.

Famílias que tinham uma condição financeira melhor (donos de terras,


comerciantes, membros do governo, etc.) possuíam mais condições de ofertar ainda que
mínima, uma qualidade de ensino melhor do que para os demais segmentos. Aranha (2006, p.
223) “Para os demais segmentos sociais, restava a oferta de poucas escolas cuja atividade se
restringia à instrução elementar: ler, escrever e contar”.
O fim do período joanino dá-se por volta de 1822 com a proclamação da
Independência do Brasil. Assim como na educação Jesuítica e Reforma Pombalina, o período
Joanino pouco levantou interesses na educação para crianças menores ou com a educação
primária, este interesse surge no Brasil por volta do século XX. A educação da criança
pequena passa do domínio privado para o público, o Estado começa a se preocupar com a
criança e organiza o Primeiro Congresso de Proteção à Infância em 1922.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta seção, devem constar, de forma sintética, os elementos desenvolvidos ao longo
do artigo (ideias essenciais do referencial teórico, da metodologia, dos resultados, da análise
etc.).
Encerra-se o artigo comparando-se esses dados ao objetivo que norteou todo o estudo,
destacando-se as reflexões do autor.
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REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. 3.


ed. Moderna: São Paulo, 2006.

AZEVEDO, F. de. A transmissão da cultura: parte 3. São Paulo: Melhoramentos/INL, 1976.

NETO, Alexandre Shigunov; MACIEL, Lizete Shizue Bomura. O ensino jesuítico no período
colonial brasileiro: algumas discussões. Editora UFPR. Curitiba, 2008. Acesso em 05 de maio
de 2019. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/er/n31/n31a11.pdf>

QUEIROZ, Cecília Telma Alves Pontes de; MOITA, Filomena Maria Gonçalves da Silva
Cordeiro Moita. Fundamentos sócio filosóficos da educação.– Campina Grande; Natal:
UEPB/UFRN, 2007.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio, ou, Da educação. Tradução: Roberto Leal Ferreira. 2. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.

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