Você está na página 1de 5

Discurso - Waguinho

Sessão: Ordinária

Expediente: Inicial

Criação: 15/03/2011

__________________________________________________________________

Texto do Discurso

__________________________________________________________________

O SR. WAGUINHO – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, personagem


principal do Estado do Rio de Janeiro, o povo presente, muito boa
tarde a todos. Venho a esta tribuna, Sr. Presidente, agradecer a
visita dos Deputados Lucinha, Deputada Rosângela, Deputado Zaqueu,
Deputada Aspásia, que é Presidente da Comissão de Saneamento
Ambiental, à Cidade Belford Roxo. Foi de uma importância muito
grande
esse movimento dos Deputados na Cidade, pois puderam conhecer de
perto
suas dificuldades e seus problemas.
Falar hoje que Belford Roxo está ruim seria um elogio muito grande da
minha parte, pois para ficar ruim tem que melhorar muito, começando,
Sr. Presidente, pela parte do saneamento básico, que é uma coisa
esperada por todo o povo que mora nas cidades. A Cidade de Belford
Roxo, hoje, tem a carência de 85% de saneamento, isto é, 85% da
Cidade
de Belford Roxo, hoje, não têm saneamento básico. É um absurdo
estarmos no quinto mandato de prefeito, ou seja, já passamos por cinco
prefeitos e o prefeito atual está acompanhando, também, os prefeitos
anteriores que por lá passaram; está seguindo o mesmo ritmo de não
cuidar da cidade.
Falando da situação precária da Saúde de Belford Roxo, na semana
passada, tivemos um episódio muito triste: um adolescente de 14 anos
foi levado pelos seus pais à Unidade Mista do Lote XV com febre muito
alta e, em alguns dias, o adolescente internado teve constatada uma
pneumonia e logo após veio a falecer. Pasmem para o que vou dizer
para
todos vocês: por falta de medicamento para tratar a pneumonia, que
aquele adolescente estava sofrendo. E o mais absurdo, Sr. Presidente,
é que o Prefeito daquela cidade é médico. O absurdo maior, além da
morte desse adolescente de 14 anos, que já vinha denunciando aqui
desta tribuna, é a quantidade de óbitos que tem acontecido na Cidade
de Belford Roxo: 100 óbitos por falta do funcionamento da Unidade
Mista do Lote XV como da própria UPA.
Recebi hoje um e-mail da população de Belford Roxo, um comunicado,
dizendo que o hospital se encontra fechado. Dizia de bilhete que
estava colado no hospital: “Fechado por motivo e epidemia de dengue.”
Não entendi nada. Como é que um hospital pode estar fechado e o
motivo é epidemia de dengue?! No momento em que as pessoas mais
precisam do hospital, o Hospital Municipal de Belford Roxo encontra-se
com as portas fechadas, isso constatado até pelos Deputados que
estiveram comigo na cidade. Fizemos questão de perguntar a um
paciente, que tinha acabado de chegar ao hospital, e o paciente
relatou que não havia um médico sequer para atender as pessoas que
estavam procurando a emergência.
E também não estou entendendo por que existem 540 contratos de
médicos
em Belford Roxo, salários variáveis entre R$2.800 a R$6.000. E está
sendo o inverso: enquanto os médicos têm os contratos e não
comparecem
ao hospital, e continuam recebendo seus dinheiros sem trabalhar,
quase
mil professores da área da Educação tiveram seus contratos cancelados
no mês de dezembro do ano de 2010, no início do mês, que não tiveram
seus salários de dezembro pagos. Automaticamente, não conseguiram
receber seus 13º salários e continuam hoje nas escolas de Belford
Roxo. Esses mesmos professores que tinham seus contratos assinados,
hoje com os contratos cancelados, estão fazendo trabalho voluntário na
esperança de conseguirem assinar novamente seus contratos.
Enquanto os professores estão trabalhando voluntariamente, de graça
na
cidade de Belford Roxo, na esperança de ter um contrato, os médicos
continuam com seus contratos assinados, que são 540, e não
comparecem
a nenhuma unidade hospitalar para prestarem seus serviços.
É um fato concreto na cidade. É um absurdo o que está acontecendo na
cidade de Belford Roxo. A Unidade Mista do Lote 15 fechada; Hospital
Municipal fechado; prefeito na condição de médico, formação dele
médico, e não está dando a mínima para aquela população.
Vamos continuar assim em Belford Roxo, com a quantidade de óbitos
cada
vez mais elevada por negligência do prefeito municipal.
Outra coisa absurda, nada contra a escola de samba – Belford Roxo tem
a escola de samba chamada Inocentes de Belford Roxo –, e o prefeito da
cidade liberou R$500 mil, disponibilizou R$500 mil para ajudar o
desfile da escola de samba. Tudo bem, nada contra o samba da cidade.
E o hospital fechado, a maioria das creches municipais até agora não
foram reabertas. Muitos pais estão tendo dificuldades, alguns perderam
até seus empregos porque não estão tendo condições de seus filhos irem
para as creches. E o prefeito liberando R$500 mil para o samba,
enquanto as pessoas estão morrendo à míngua na cidade de Belford
Roxo.
É um absurdo, Sr. Presidente. Coisa inaceitável em qualquer lugar do
Estado do Rio de Janeiro ou do mundo!
Na verdade, é lamentável dizer nesta Casa Legislativa que, em Belford
Roxo, hoje, não tem nada funcionando. Se tiver algum morador de
Belford Roxo que assiste a TV Alerj, algum morador de Belford Roxo que
vai fazer ciência da minha fala nesta Casa, que possa me procurar no
meu gabinete, ou procurar o Deputado Waguinho na própria cidade de
Belford Roxo, onde eu atendo todas as semanas, no bairro de
Heliópolis, para discutirmos o que funciona, hoje, Srs. Parlamentares,
na cidade de Belford Roxo: nada funciona naquela cidade.
Já acabei de relatar, a saúde está num abandono total, um óbito atrás
do outro. E é fatalidade, não: é negligência. Aqueles pais perderem um
filho de 14 anos porque o hospital não tinha medicamento para tratar
uma pneumonia. Um grande absurdo!
Eu lamento muito pela minha cidade. Lamento que a cidade venha
enfrentando esses 19 anos de emancipação.
Isso também aconteceu no governo anterior, no ex-governo da prefeita
Maria Lúcia, quando ela teve a ousadia de fechar o hospital por um ano
para obras. E quando reabriu o hospital, Sr. Presidente, a obra
realizada foi a pintura das paredes. Um ano a população ficou sem
hospital e isso se repete ainda de uma forma pior. Neste momento, o
Prefeito Alcides Rolim, que é médico, deixa a saúde abandonada e há já
dois anos e três meses do seu mandato, agora também pegou a mania
da
ex-prefeita de dizer que o hospital está fechado para obras. No final,
vamos ter mais um ano pela frente com o hospital fechado e, quando
reabrir, o dinheiro enviado pelo Ministério da Saúde para a cidade de
Belford Roxo foi abismo abaixo, porque só fica fechado e se gasta com
obras, obras que, na verdade, não passam da pintura das paredes.
A SRA. ROSÂNGELA GOMES – V.Exa. me concede um aparte?
O SR. WAGUINHO – Concedo o aparte à Deputada Rosângela Gomes.
A SRA. ROSÂNGELA GOMES – Boa tarde, Sr. Presidente Henrique.
Deputado
Waguinho, obrigada pelo aparte. Quero ser solidária com suas
observações, porque estive com V.Exa. e mais quatro deputados em
visita a Belford Roxo e ficamos muito tristes com a situação que
encontramos. Fazemos esta intervenção não porque queremos apenas
aparecer ou fazer um discurso de oposição vazio, mas porque a uma
situação é realmente alarmante.
Estivemos no Hospital do Joca - eu, V.Exa., a Deputada Aspásia, a
Deputada Lucinha, o Deputado Zaqueu - e naquele momento os
moradores,
quando chegamos lá, reclamaram que não tinha um médico de plantão
na
unidade de saúde de Belford Roxo. É realmente uma situação triste,
porque era uma quarta-feira, mais ou menos meio-dia, e ali, algumas
pessoas procurando atendimento médico e não tinha sequer um médico
de
plantão na Unidade Joca.
A Baixa Fluminense sofre muito. Somos cinco milhões de habitantes, o
único hospital geral é o Hospital da Posse, em que estive ontem
fazendo visita e graças a Deus o hospital, me parece, está dando um
atendimento melhor. Mas nós precisamos de unidade de saúde que
corresponda às necessidades da nossa população. É inadmissível,
inaceitável que numa quarta-feira ao meio-dia uma unidade de saúde
não
tenha um especialista da área de saúde para atender os munícipes.
Acho
que é uma falta de respeito.
Como V.Exa. bem observou, nós fomos com o intuito de fazer uma
intervenção mais profunda, apurada, uma pesquisa mais precisa com
relação ao abastecimento de água e lá encontramos crateras na rua, vi
um ônibus quase virando no meio da rua quando fomos para Nova
Aurora,
nós vimos uma cidade tomada pelo lixo, pelos porcos, tiramos
fotografia, a televisão estava acompanhando a nossa visita, os
moradores fizeram denúncia, reclamaram da falta de respeito. Outros
até elogiaram a união dos deputados que ali estiveram ouvindo a
população. Eu me lembro que um senhor, Deputado Waguinho, falou
assim:
“Graças a Deus, até que enfim vocês vieram assistir a nossa situação
neste lugar”.
Quero parabenizar V.Exa. pelas suas observações e dizer que estamos
juntos por uma Baixada melhor. Conte com a gente.
O SR. WAGUINHO – Obrigado, Deputada Rosângela, pela contribuição,
pois
foi de grande importância a sua visita a Belford Roxo. Finalizando,
Sr. Presidente, quero ser solidário com todos os funcionários da
educação do Município de Belford Roxo, principalmente os professores,
os contratados, que estão sem receber seu salário desde o mês de
dezembro, na esperança de terem ainda o seu contrato renovado pela
Prefeitura Municipal, lembrando que a verba do Fundeb não deixa de
chegar na cidade: o governo federal tem cumprido com suas obrigações
e
mandado o dinheiro para educação da cidade. Mas o dinheiro não está
sendo aplicado para pagar o salário dos professores.
Assim, a minha solidariedade aos professores e a todo o povo da cidade
de Belford Roxo. Deixo aqui o meu agradecimento, mais uma vez, por
ter
sido escolhido por Belford Roxo para ser Deputado do Estado do Rio de
Janeiro, representando principalmente a cidade de Belford Roxo, que
me
elegeu com exclusividade. Sou o único deputado eleito da cidade de
Belford Roxo.
A minha história, Sr. Presidente, V.Exa. já sabe e alguns deputados
aqui já conhecem, porque estive conversando a respeito. Eu venho de
muita luta na cidade de Belford Roxo, enfrentei muitos desafios e,
graças a Deus, conseguimos vencer todos os obstáculos. Comecei em
1993, na minha cidade, como faxineiro da Câmara de Vereadores. Fiz
uma
trajetória bonita pela Câmara. De faxineiro cheguei a ocupar alguns
cargos. Tive oportunidade de me formar bacharel em Direito, com
dificuldade também, pegando caronas. A minha história na cidade foi
essa: da faxina, primeira vez candidato em 2008, a Vereador. Fui o
mais votado na história da minha cidade, nas eleições de 2008.
Consegui, no meu primeiro mandato, ser Presidente da Câmara, mesmo
não
tendo o apoio do Prefeito naquele momento. Mais uma vez, obrigado,
Belford Roxo, porque, candidato pela primeira vez a Deputado Estadual,
fui eleito pelo voto popular.
Muito obrigado, Sr. Presidente. Obrigado a todos os presentes;
obrigado, senhores parlamentares.

Você também pode gostar