Você está na página 1de 9

SECRETARIA MUNICIPAL DE SEGURANÇA, TRÂNSITO E TRANSPORTES

DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SETE LAGOAS – MG.

ALTIVO DOS ANJOS, RG: M4656918, CPF: 105.964.536-04, CNH nº.


2128194586, cujo registro: 00635386670, categoria: B, residente na Rua Alany
Prates 526, Industrias, Sete Lagoas - MG - CEP: 35.702-061, tendo sido
autuado através do auto de infração nº. E002691238, vem mui
respeitosamente através do presente, em conformidade com o art. 285 do CTB,
para interpor a presente DEFESA, contra referida autuação, com o objetivo de
proporcionar a oportunidade de exercitar seu legítimo direito de ampla defesa e
do exercício pleno do contraditório.

QUALIFICAÇÃO DO RECORRENTE:

Aposentado, casado, com ótima reputação, respeitado pela sociedade. Nascido


em 05/06/1944 com 76 (setenta e seis ) anos de idade, tendo sua primeira
CNH em 28/03/1971 há 49 (quarenta e nove ) anos, nunca cometeu nenhum
tipo infração gravíssima. Conforme se verifica no prontuário do recorrente, a
sua conduta moral é pautada com ética e responsabilidade, irá provar com
fundamento jurídico que não cometeu a suposta infração e não se envolveu em
acidente de trânsito de qualquer natureza.

Vale ressaltar que o recorrente é um cidadão responsável e consciente


principalmente quando está na direção de veículo, não é motorista reincidente
em multas, portanto que tal fato seja averiguado e considerado. O impacto de
ter recebido a suposta multa gera um estresse, um grande desgaste emocional
e psicológico, que já serve como punição.
DO VEÍCULO:
Ford / ESCORT L, branco, placa: GUG0072-MG, RENAVAM: 00246465883,
ano: 1988 / 1988, proprietário(a): ALTIVO DOS ANJOS.

DA INFRAÇÃO:
Auto de Infração: E002691238, Notificação: 10213880, Data: 15/11/2020, Hora:
14h46min, Data Emissão: 02/12/2020, Infração: 218*I-Transitar em
velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por
instrumento ou equipamento hábil em rodovias, vias de trânsito rápido e
vias arteriais quando a velocidade for superior a máxima em até vinte por
cento. Cód. 745-5 / Condutor, Local: Av Prefeito Alberto Moura defronte ao N
4100,

Data de Aferição: 23/09/2020.


Velocidade regulamentada: 60 km/h.
Velocidade realizada: 72 km/h.
Velocidade considerada: 65 km/h.

DA ALEGAÇÃO:

Quanto à referida autuação, o recorrente transitava regularmente, como


sempre o faz, dirigindo com prudência, o veículo estava em velocidade
compatível com a sinalização presente no local.

Insta ressaltar, que a presunção de legitimidade "Júris Tantum" do acusador,


faz do motorista culpado, até que ele prove o contrário isso se não fizerem
menção ao bom senso do recurso aqui peticionado.

Conforme o artigo 37 da Constituição de 1988:

37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Nos termos dos Incisos XXXIII e XXXIV do Artigo 5º da CF/88:
- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do estado.

- XXXIV - são todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos direitos públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade


ou abuso de poder;

O Código de Trânsito Brasileiro não trata apenas no seu conteúdo de penalizar


supostos infratores, mas também, educá-los e orientá-los conforme preceitua o
artigo 74 do CTB, evitando transformá-lo simplesmente em um mecanismo de
arrecadação, apresentando a total transparência em suas especificações, ou
seja, tornar nosso trânsito respeitável e seguro.

Desta feita, concluímos que o objetivo do CTB, não vem sendo atingido, vez
que a autoridade de trânsito prima pela imposição abusiva de multas, sem
proceder com as demais cominações legais descritas pela legislação, as quais
se fossem seguidas à risca teriam efetiva melhoria da segurança no trânsito,
além de maior impacto educativo.

O Código de Trânsito não cria deveres apenas para os cidadãos. Como o


objetivo do legislador é tornar o trânsito mais humano e seguro, diminuindo o
índice de acidentes a principal função da legislação ser educativa, cabendo à
administração promover a educação e informação aos condutores e
proprietários na forma prevista pelo Código.

AS IRREGULARIDADES NA SINALIZAÇÃO DO LOCAL:

DO RADAR
O radar que aplicou a multa em tela, estava escondido (oculto, camuflado),
uma armadilha, em local com insuficiência de sinalização, tornando a presente
penalidade ilegítima, por ter sido aplicada mediante a fraude e desvio de
finalidade, usando o equipamento público como uma fonte de receitas ilegal:

a) A resolução 396 de 2011 do CONTRAN acabou com exigência de placa de


alerta de radar, porém prevê que os equipamentos de fiscalização não podem
ficar escondidos (Art. 7 § 2 da Resolução 396 do CONTRAN: Para
cumprimento do disposto no caput, a operação do equipamento deverá estar
visível aos condutores).
c) Se o órgão realmente quisesse evitar o excesso de velocidade, instalaria o
radar em local visível, não escondido, com sinalização suficientemente visível e
adequada, não em local mal sinalizado.
d) Demonstra que o interesse do órgão fiscalizador é somente arrecadatório,
infelizmente em nosso País as multas de trânsito tornaram-se grande fonte de
arrecadação, em que alguns órgãos da administração pública têm seus
orçamentos fundados no que serão futuramente arrecadados.
e) É evidente o desvio de finalidade e o interesse arrecadatório, instalaram
milhares de radares no Brasil inteiro, muitos radares escondidos (como o que
aplicou a multa em tela), e em vias mal sinalizadas, subidas, descidas, em
curvas, embaixo de viadutos, dentro da vegetação, atrás de placas de
sinalização, fazendo o máximo possível para aumentar a arrecadação.
f) Pela grande frota de veículos e extensão territorial, geografia e topografia das
ruas, avenidas e estradas, se torna fácil arrecadar, difícil é sinalizar
adequadamente e conservar as vias públicas.

As placas de limite de velocidade são insuficientes, os radares estão


escondidos.

O recorrente apresenta este recurso, para demonstrar irregularidades existente


quanto à insuficiência da sinalização, que não informa corretamente aos
motoristas a velocidade no trecho em que foi aplicada a suposta infração em
total desacordo com os artigos 80 e 90 do CTB.

Art. 80 § 1º do CTB - A sinalização será colocada em posição e condições que


a tornem perfeitamente visível e legível durante o dia e a noite, em distância
compatível com a segurança do trânsito, conforme normas e especificações do
CONTRAN.

Art. 90 do CTB - Não serão aplicadas as sanções previstas neste Código por
inobservância à sinalização quando esta for insuficiente ou incorreta.
No local da infração a sinalização que deve informar o limite de velocidade está
totalmente irregular.

Ocorre que no local da infração não há sinalização visível e clara, indicando


qual a velocidade máxima permitida para o local.

Art. 61 do CTB - A velocidade máxima permitida para a via será indicada por
meio de sinalização, obedecidas a suas características técnicas e as condições
de trânsito.

§ 1º - Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será


de:

I - nas vias urbanas:

a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido:


b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;
c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;
d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;

II - nas vias rurais:


a) nas rodovias:
1) cento e dez quilômetros por hora para automóveis e camionetas;
2) noventa quilômetros por hora, para ônibus e micro-ônibus;
3) oitenta quilômetros por hora, para os demais veículos;

b) nas estradas, sessenta quilômetros por hora.


§ 2º - O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com circunscrição sobre a
via poderá regulamentar, por meio de sinalização, velocidades superiores ou
inferiores àquelas estabelecidas no parágrafo anterior.

Art. 62 do CTB - A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da


velocidade máxima estabelecida, respeitadas as condições operacionais de
trânsito e da via.

A Resolução 396/11 do CONTRAN em seu § 2º do art. 4º estabelece o


seguinte:

Para determinar a necessidade da instalação de instrumentos ou equipamentos


medidores de velocidade, deve ser realizado estudo técnico que contemple, no
mínimo, as variáveis no modelo constante no item A do Anexo I desta
Resolução, que venham a comprovar a necessidade de fiscalização,
garantindo a ampla visibilidade do equipamento. Toda vez que ocorrerem
alterações nas suas variáveis, o estudo técnico deverá ser refeito com base no
item B do Anexo I desta Resolução.

No § 6° do artigo 4 da resolução 396/2011 do CETRAN, os estudos técnicos


referidos nos §§ 2°, 3°, 4°e 5º devem: I - estar disponíveis ao público na sede
do órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via; II - ser
encaminhados às Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI dos
respectivos órgãos ou entidades. III - ser encaminhados ao órgão máximo
executivo de trânsito da União e aos Conselhos Estaduais de Trânsito -
CETRAN ou ao Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRADIFE,
quando por eles solicitados.

Por outro lado a Lei Federal de Processo Administrativo 9.784/99 no Capítulo


X: Da Instrução estabelece o seguinte:

Art. 37: Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em
documentos existentes na própria administração responsável pelo processo ou
em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá,
de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.
Art. 38: O interessado poderá, na fase instrutória e antes de tomada de
decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem
como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo.
§ 1º: Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do
relatório e da decisão.
§ 2º: Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as
provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes,
desnecessárias ou protelatórias.

Segundo a resolução 396 do conselho nacional de trânsito de 13 de dezembro


de 2011, que regulamenta a fiscalização de infrações de velocidade,
estabelece entre outras coisas:

Art. 6° A fiscalização de velocidade deve ocorrer em vias com sinalização de


regulamentação de velocidade máxima permitida (placa R-19), observadas as
disposições contidas no Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito - Volume
1, de forma a garantir a segurança viária e informar aos condutores dos
veículos a velocidade máxima permitida para o local. § 3º Para a fiscalização
de velocidade com medidor dos tipos fixo, estático ou portátil deve ser
observada, entre a placa R-19 e o medidor, uma distância compreendida no
intervalo estabelecido na tabela constante do Anexo IV, facultada a repetição
da placa em distâncias menores.

ANEXO IV - RESOLUÇÃO Nº 396 DO CONTRAN, DE 13 DE DEZEMBRO DE


2011.
Velocidade Intervalo de Distância
Regulamentada (metros)
(km/h) Via Via Rural
Urbana
V >= 80 400 a 500 1000 a
2000
V < 80 100 a 300 300 a 1000
Não sendo admitidas, multas aplicadas sem a devida sinalização, com radares
escondidos.
CTB - Art. 281. Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu
registro julgado insubsistente:

I - se considerado inconsistente ou irregular;

No entanto, o recorrente foi autuado, a qual foi feita mediante as


irregularidades existentes quanto à sinalização no local, e também o
equipamento medidor de velocidade estava camuflado, em total desacordo
com o que determina o § 2º do art. 3º, da Res. 146/03, alterada pela Res.
214/06. Cujas irregularidades, tanto da sinalização como do local de instalação
do equipamento, inclusive da placa de limite de velocidade, sem a informação
da existência de fiscalização eletrônica que deve estar associada àquela,
conforme determina a Res. nº 214/06.

De fato, todo e qualquer equipamento eletrônico está sujeito às falhas


operacionais, uma vez que, sofrem interferência do sistema de fornecimento de
energia elétrica, intempéries, desgastes e falhas técnicas oriundas de sua
própria instalação e fabricação. Basta lembrar, o exemplo ocorrido num só dia,
o das eleições, não obstante a elevada técnica, com as urnas eletrônicas.

ERRO NO CÁLCULO DE TOLERÂNCIA DE VELOCIDADE:

Conforme consta na infração, a velocidade regulamentada para o trecho é 60


km/h, a velocidade medida foi de 72 km/h e a considerada, foi de 65 km/h.

Neste caso, o excesso de velocidade apurado foi de 5 km/h.

Essa incerteza está em desacordo com o Item 4.2.3 do Regulamento Técnico


Metrologico a que se refere à Portaria INMETRO nº. 115 DE 29 DE JUNHO DE
1998, o qual estabelece:
A margem de erros admitidos para medição do radar em serviço é ± 7 km/h
para velocidade até 100 km/h e ± 7% para velocidade acima.
A tolerância é de 7 km/h para velocidades medidas até ou igual a 100 km/h e
de 7% para velocidades medidas acima de 100 km/h, segundo anexo II da
resolução do CONTRAN n.º 396 de 13 de setembro de 2011.

Assim, Senhores, neste caso, deve prevalecer o "in dúbio pró réu", que é o
motorista e não ao Órgão Fiscalizador.

Até agora só se falou da incerteza do aparelho, e a do condutor não se leva em


conta?

A menor leitura que se pode fazer nos velocímetros é 10 km/h, portanto esse
valor também deve ser levado em conta pelo "Órgão Fiscalizador".

Neste caso, o valor a ser considerado para efeito de aplicação de penalidade,


seria:

60 km/h ± (7,0 km/h + 10,0 km/h) = 77 km/h.

Neste caso o alegado radar só poderia começar a apurar a velocidade acima


de 77 km/h, e não de 65 km/h.

Levando em consideração as margens de erros de tolerância, o condutor não


cometeu a suposta infração!

Portanto, conforme demonstrado acima e os fundamentos legais que amparam


as razões de recurso do recorrente, não existe dúvida de que a penalidade de
multa ora recorrida está eivada de vícios desde a autuação da infração quanto
às formalidades legais para a fiscalização que deveria ser cumprida pelo órgão
autuante. Portanto, o que se espera deste órgão julgador é que a razões do
recorrente sejam reconhecidas para declarar este recurso procedente.

Você também pode gostar