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A Mensagem de Spurgeon sobre

o Sacrifício Expiatório de Cristo

Thomas Nettles
Traduzido do original em Inglês
Spurgeon’s Message of Christ’s Atoning Sacrifice
By Thomas Nettles

Via: Founders.org

Tradução por José Antônio de Araújo Neto


Revisão por Camila Almeida
Capa por William Teixeira

1ª Edição: Fevereiro de 2016

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

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A Mensagem de Spurgeon
Sobre o Sacrifício Expiatório de Cristo
Por Thomas Nettles

“Estou convicto de que difamamos a Cristo quando pensamos que estamos atraindo as
pessoas por alguma outra coisa que não seja a pregação de Cristo crucificado. Sabemos
que a maior concentração de pessoas em Londres foi reunida durante estes 30 anos
graças a nada mais do que a pregação de Cristo crucificado. Onde está a nossa música?
Onde está a nossa oratória? Onde está a arquitetura atraente, ou a beleza do ritual? ‘Um
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serviço nu’, eles o chamam. Sim, mas Cristo compensa todas as deficiências”.

O Senhor Jesus Cristo em Sua cruz de redenção era o centro, circunferência, e somatório do
ministério de pregação de Charles Haddon Spurgeon. Seus temas se repetiam contínua e
incansavelmente, mas sempre com um frescor de poder e paixão que poderia impactar seus
ouvintes e colocá-los na congregação da Galácia, perante os olhos de quem Cristo foi
claramente retratado como crucificado. Spurgeon foi uma catarata, uma avalanche, uma
inundação Mississippiana em sua ênfase implacável sobre a morte por crucificação do Senhor
Jesus Cristo. A Redenção é o “coração do evangelho” e a “essência da redenção é
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a expiação substitutiva de Cristo” . É tanto o coração quanto a “pedra angular do Evan-
gelho”. Ao anunciá-la como seu tema, com algum espanto ele se perguntaria muitas
vezes: “Quantas vezes vou conseguir, eu me pergunto? A doutrina de Cristo crucificado
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está sempre comigo”.

Ironicamente, Spurgeon acreditava que essa verdade estava tão claramente delineada
nas Escrituras que no início de seu ministério ele duvidava que ela jamais seria um ponto
de controvérsia entre os Cristãos. “Há alguns homens que zombam da declaração e
rejeitam a ideia de sacrifício”, Spurgeon reconheceu, em 1859, mas estes “nunca serão
mais do que uns poucos; eles nunca poderão ser muitos”. O sistema que “nega a doutrina
da expiação pelo sangue de Jesus... nunca pode ter sucesso [e] que nunca vai convencer
as massas”. Ao invés de discutir com tais escarnecedores devemos destruir seus
argumentos “por nossa própria determinação pessoal para pregar mais intensamente e de
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forma mais consistente `Jesus Cristo, e este crucificado’”.

Em 1886, no entanto, Spurgeon estava preocupado com as novas interpretações e filoso-fias


daqueles que “negam as doutrinas que professam ensinar” e disse que alguns que sa-bem no
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que eles acreditam “devem apenas colocar o pé no chão e manter a nossa posi-ção” . Em
abril de 1887 Spurgeon, nos primeiros meses da Controvérsia Downgrade, atuali-zou a
potência de sua linguagem: “Nossa guerra é com os homens que estão desistindo do

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sacrifício expiatório” . Em outubro, Spurgeon escreveu: “Se nós acreditamos na inspiração
das Escrituras, na Queda, e no grande sacrifício de Cristo pelo pecado, cabe-nos ver que não
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nos tornemos cúmplices com aqueles que ensinam outro evangelho” . Em dezembro, depois
que ele demitiu-se da União Batista, ele mostrou que sentiu-se obrigado a “argumen-tar”
muito sinceramente, para “sair em protesto sério” contra aqueles que “tratam a Bíblia como
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resíduos de papel, e não consideram a morte de Cristo como substitutiva”.

Spurgeon nada sabia de um cristianismo sem o sangue de Cristo porque a própria


Sagrada Escritura estabelece a doutrina da morte de Cristo como “o âmago do
Cristianismo”. Ele sustentou que “um erro neste aspecto conduziria inevitavelmente a um
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erro através do todo sistema de nossa crença” . “A morte de Cristo pelos homens é a
grande doutrina da igreja” e tão necessária de ser realçada continuamente que Spurgeon
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“não se sentiria satisfeito sem partir o pão a cada Dia do Senhor” e sentia que era
impossível pensar ou pregar sobre isso com muita frequência.

Um homem nunca é responsabilizado no Céu por pregar demais a Cristo. Na terra o toque
dessa única corda, monótona para alguns, estabelece ressonâncias e vibrações tão simpá-
ticas ao povo de Deus que eles não poderiam ouvir harmonias mais surpreendentes em todas
as outras doutrinas juntas. “Todas as coisas boas estão dentro do compasso da cruz”,
Spurgeon diria. É na cruz que se pode começar a compreender o todo da realidade, porque,
“os braços estendidos na cruz ofuscam todo o mundo do pensamento” e de fato a morte de
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Cristo é a “dobradiça da história do mundo” . “O seu pé é plantado profundamente em
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mistérios eternos e seu topo penetra todas as nuvens, e sobe ao trono do Altíssimo” .

A Centralidade da Redenção

Por uma série de razões Spurgeon insiste nesta centralidade da cruz. Na verdade, que o
próprio Deus quer que isto fique sempre claro em nossas mentes é visto no estabelecimento
das duas Ordenanças, sendo ambas imagens da morte de Cristo e seus efeitos.

Central à Escritura

Uma das razões para a sua centralidade é que todo o corpo da Escritura encontra a sua
coerência no pressuposto da cruz. Os sermões de Spurgeon sobre o sacerdócio do
Antigo Testamento, o sistema sacrificial, profecia, profetas, as leis dos reis, o Êxodo, e
muitos ou-tros temas, todos deslizam através de uma estrada majestosa e claramente
iluminada até o Calvário.

Spurgeon (na maioria das vezes) não força a questão em tais textos, mas mostra que tem

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base clara para tal procedimento. A teologia bíblica, reconhecendo que tudo isso é subju-
gado para a glória de Deus, move-se inexoravelmente da Queda à Redenção. A Bíblia
não pode ser entendida à parte de Cristo e este crucificado. Nem o ministério e a
pregação de Spurgeon.

Quando Cristo disse: “Está consumado”, todos os “tipos, promessas e profecias foram
ple-namente cumpridos nEle”. De fato, “o livro inteiro, do começo ao fim, tanto a lei e os
profe-tas, foi consumado nEle” Do Éden até Malaquias, da novilha vermelha à rola, de um
ramo de hissopo ao templo de Salomão, se maiores ou menores, todos os tipos foram
cumpridos nEle. Todas as profecias, todas as aparentes contradições, todos os mistérios,
os ofícios de profeta, sacerdote e rei, bem como todos os libertadores de Israel, ser
adorado e despre-zado, reinar para sempre depois de morrer e ser sepultado, tomados
em conjunto eles aparecem como hieróglifos indecifráveis até alguém vir e exclamar: “A
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cruz de Cristo e o Filho de Deus encarnado”.

Falando sobre o rasgar do véu na morte de Cristo, Spurgeon indaga: “Será que isso não
significa que a morte de Cristo é a revelação e explicação de todos os segredos?”. Desva-
necidos são todos os tipos e sombras da lei cerimonial. Eles foram abolidos, Spurgeon
elabora, porque são “cumpridos e explicados pela morte de Cristo”.

Mas, mesmo para além da sua relevância essencial para a compreensão bíblica, a morte
de Cristo é a “chave para toda verdadeira filosofia”. “Deus feito carne, um homem mortal –
se isso não explica um mistério, não pode ser explicado”. E mais: “Se com este cordão
em sua mão você não pode seguir pelo labirinto dos assuntos humanos, e conhecer o
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grande propósito de Deus, então você não pode segui-lo em absoluto .

Central para a Plena Compreensão de Deus e do Homem

Outra razão para a sua centralidade é que a cruz é a exibição compendiada do caráter de
Deus e da depravação do homem. A sabedoria de Deus, Seu poder, justiça, santidade, e
amor, são todos mostrados mais claramente na cruz; mais claramente até do que na lei. A
cruz mostra o horror moral absoluto em que a humanidade caiu. “Você não precisa falar sobre
as virtudes do mundo”, Spurgeon recordaria em Londres; “Isso matou a Cristo e isso
é suficiente para condená-lo”. E para fazer o ponto mais pungente, acrescenta, “Não
quere-mos nenhuma outra prova de sua culpa; você não pode trazer evidências mais
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completas e esmagadoras do que esta: eles mataram o Senhor da vida e da glória” .

E em outro lugar, Spurgeon aponta sua congregação para a luta de Cristo com os nossos
pecados: “Vejam queridos amigos, que coisa má é o pecado, uma vez que o Crucificado
sofre tão amargamente para fazer expiação por ele”. Considere também as implicações

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preocupantes de tratamento irreverente do homem ao Senhor: “Amados, o tratamento de
nosso Senhor Jesus Cristo pelos homens é a prova mais clara da depravação total que
pode, eventualmente, ser apresentada. Esses devem ser corações empedernidos, de
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fato, que podem rir de um Salvador morrendo, e mesmo zombar de Sua fé em Deus!”.

E alguém ousa não passar sem grande melancolia e medo pelo caminho no qual os
homens hoje ignoram tal maravilha tão infinita quanto a cruz. Os próprios demônios são
incapazes de um pecado maior do que este: “O Deus encarnado sangra até a morte para
salvar os homens, e os homens odeiam tanto a Deus que eles nem sequer se importam,
enquanto Ele morre para salvá-los”. Embora Ele Se incline de Sua imponência para a
aflição deles, eles se recusam a se reconciliar com o seu Criador”. “Isso é a completa
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depravação e rebelião desesperada”.

De um modo igualmente infalível e consumado o caráter de Deus é apresentado na cruz,


de tal modo que ao contemplá-lo Spurgeon diria: “Eu vi Seu pé descer tão profundo como
são as nossas misérias; e que visão tive do Teu esplendor, ó Crucificado!”. A verdade, a
justiça, a santidade, a sabedoria, a imutabilidade, a ira, a compaixão, o amor, e a graça,
todas se fundem na cruz de Cristo sem a menor diminuição de qualquer atributo. “Apren-
dam, meus amigos”, Spurgeon apelou, “a olhar para Deus como sendo tão severo em
Sua justiça como se não fosse amoroso, e ainda assim tão amoroso como se não fosse
severo. Seu amor não diminui Sua justiça nem a justiça, no mínimo grau, conflita com Seu
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amor. Os dois são docemente unidos na expiação de Cristo” .

Central para o Poder Evangelístico

Uma terceira razão para a centralidade da cruz é que por ela os pecadores são atraídos para
a salvação. Certamente os pecadores são atraídos efetivamente pelo Espírito de Deus, que
altera as afeições e subjuga a vontade. Mas o conteúdo desta atração é a ilumi-nação da
mente no conhecimento de Cristo e sua ação é o abraçar a Cristo livremente ofe-recido a nós
no Evangelho. Depois de um discurso incomparável descrevendo o alcance geográfico e
histórico do poder de atração de Cristo, Spurgeon disse: “o povo de Cristo será feito voluntário
no dia do Seu poder; e a grande atração pela qual eles serão chamados a Ele será a Sua
morte na cruz”. Em uma discussão sobre a realeza de Jesus e como ela se aplica a
empreendimentos missionários ele descreveu o poder magnético da Pessoa de Cristo
apresentado como um Rei no ápice de Sua humilhação. “Isso é o que toca o coração dos
homens”, disse ele. “Cristo crucificado é o conquistador”.

Não com vestes de glória Ele subjuga o coração, mas com vestes de vergonha. Não assen-
tado sobre o trono Ele ganha a fé e as afeições dos pecadores, mas sangrando, sofrendo e
morrendo no lugar deles... E embora todos os temas que estão conectados com o

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Salvador devessem desempenhar o seu papel no nosso ministério, este é o tema principal. A
obra expiatória de Jesus é a nossa grande arma. A cruz é o poderoso aríete para quebrar em
pedaços os portões de bronze dos preconceitos humanos e as barras de ferro da obstinação.
O Cristo juiz alarma, mas Cristo, o Homem de Dores, subjuga. A coroa de espinhos tem um
poder real que impele a uma aliança voluntária, o cetro de cana quebranta corações melhor
do que uma vara de ferro, e as vestes de zombaria inspiram mais amor do que a púrpura
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imperial de César. Não há nada como isso debaixo do Céu.

Central Para a Doutrina

A cruz é central também porque é o fator coerente na Doutrina Bíblica. Argumentos abun-
dam que fazem distinção entre a pregação para edificar os santos e a pregação estrita-
mente evangelística. Tal divisão não pode ser feita entre as duas. Nem mesmo a espada
do Espírito, que é a espada afiada de dois gumes, poderia cortar tanto. Por exemplo, o
livro de Hebreus é para edificação dos crentes ou é evangelístico? E o livro de 1 João?
Será que essas passagens que edificam os crentes não mostram também o caminho da
salvação para os incrédulos? Não são avisos destinados ao mesmo tempo para condenar
os ímpios e servir como um cânone para exame para o santo? E as passagens de
conforto aos filhos de Deus, pela graça de Deus não chamam aqueles que estão
espiritualmente cegos, tor-nando-os desejosos por tais prazeres que estão na mão direita
de Deus? Alguns sermões intencionalmente são projetados para chamar o incrédulo ao
arrependimento e à fé; mas se o fizerem através de uma exposição do Evangelho, os
crentes, inevitavelmente, serão edificados.

Alguns podem isolar passagens do todo do contexto bíblico tão severamente que eles po-
dem pregar um sermão completo com esboço, estudo de palavras e conselhos bastante
aceitáveis, mas sem ter o poder da cruz na sua entrega. Spurgeon não poderia fazer isso,
e qualquer tentativa de fazê-lo não seria uma mensagem bíblica.

Em um sermão em João 13:1, Spurgeon finaliza resumindo sua intenção. “Eu tenho prega-do
o que eu confio que vai consolar o povo de Deus”; ele imediatamente acrescenta: “mas eu
desejo que alguma pobre alma venha a Cristo através dele”. E, como que para estabele-cer a
validade de seu estilo de homilética e a unidade da exortação e do evangelismo, afir-ma: “eu
acredito que é o modo certo de pregar o Evangelho”. Referindo-se brevemente à parábola do
filho pródigo, ele começou então a aplicar as palavras do Pai: “Vamos comer”. “Então,
queridos irmãos e irmãs em Cristo, vamos comer”, Spurgeon incentiva, “e então pecadores
começarão a sentir suas bocas salivando, e eles também vão querer comer, e ter parte na
festa”. Pressionando este ponto e continuando a demonstrar a teoria que sus-tentava sua
pregação, Spurgeon acrescenta: “Então, se você e eu desfrutamos a doçura do amor de
Cristo, pode haver alguns na galeria, e alguns no andar de baixo que irão dizer,

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‘Nós desejamos conhecer isso também’ e eles vão querer isso; essa é a maneira de fazê-
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los comer”.

A cruz penetra tudo na Escritura, e se ela não penetra a nossa pregação, então não esta-
mos cumprindo a convocação de ministros Cristãos. Ele estava em toda parte com
Spurgeon, porque ele acreditava ser o fator determinante de todas as facetas dos
caminhos de Deus com os homens.

Isto é particularmente notório no modo como Spurgeon desenvolveu a centralidade da cruz


para as doutrinas da graça. “Lembrem-se, queridos amigos”, Spurgeon ternamente lembra
aos seus ouvintes, “que a redenção é o que dá sentido a todas as outras grandes bênçãos de
Deus”. Todas essas “grandes bênçãos” precisam da redenção para completá-las. A Eleição,
“o carro-chefe da graça, precisa do fio condutor de redenção para trazer seus fluxos para os
pecadores”. O sermos escolhidos por Deus assegura a nossa obediência e torna necessária a
aspersão do sangue de Jesus. Se os santos são escolhidos nEle, de que adiantaria a eleição
sem Ele? Seria um chamado sem qualquer propósito, sem redenção? “Vão seria sermos
chamados se não houvesse nenhuma festa do amor morrendo por nós para sermos
convidados, e nenhuma fonte cheia de sangue para que pudéssemos atender
à chamada”. A morte redentora de Cristo “é a plenitude de todas as bênçãos de Deus”, a
“chave do céu, o canal da graça, a porta da esperança”. Ela constitui a substância da
nossa adoração, e, portanto, a motivação para a nossa perseverança, nesta jornada
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terrena “e será o tema de nossa eterna canção lá em cima”.

A Pessoa do Redentor

Um fator chave para a compreensão de Spurgeon sobre a expiação, e ao qual ele se


refere explicitamente, muitas vezes, e, implicitamente, sem falha, é a Pessoa de Nosso
Senhor Jesus Cristo na ortodoxia formada por Nicéia e Calcedônia. A adesão ao mistério
da pieda-de foi vista como essencial para a soteriologia bíblica desde que a igreja se
envolveu em interação literária com o mundo. Irineu, Tertuliano e Atanásio todos
defenderam a plena divindade e humanidade de Cristo, duas naturezas em uma Pessoa,
como particularmente necessária “para nós homens e para nossa salvação”.

Em seu sermão, “O nosso Substituto Sofredor”, Spurgeon diz: “O Substituto era de natureza
complexa [uma frase favorita de Spurgeon]. Ele era verdadeiramente homem, e ainda assim
Ele era verdadeiramente Deus”. Em sua humanidade, Cristo compartilhava da substância de
Sua mãe e de todas as fraquezas naturais dos seres humanos, mas sem a depravação
original ou pecado. Embora o depósito das tentações do Inferno tenha se esvaziado sobre
Ele, permaneceu invencível e invulnerável; na verdade, “Ele não poderia ser ferido pela

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tentação”. Se Ele tinha que redimir o homem pagando a dívida humana pelo pecado, e dar ao
homem a vida eterna vencendo a morte, então Ele próprio teria que ser um ser humano.

Mas tenhamos também em mente que Ele era, na frase de Nicéia citada com frequência
por Spurgeon, “Deus de verdadeiro Deus”. Sua perfeita humanidade não diminuiu Sua
perfeita divindade. Spurgeon declara: “Nada sabemos de uma expiação humana
separada da Divindade de Cristo Jesus. Não ousamos confiar nossas almas a um
Salvador que seja um mero homem”. Nem se todos os homens que já viveram, e todos os
anjos que existem, tivessem trabalhado por toda a eternidade, conseguiriam forjar um
sacrifício para propicia-ção pelos pecados de um único homem. Eles falhariam
completamente. “Nada, senão os ombros do Deus encarnado poderiam suportar esse
jugo estupendo. Nenhuma mão, senão a que formou os mundos, poderia abalar as
montanhas de nossa culpa, e afastá-las para sempre. Precisamos de um Sacrifício Divino,
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e é nossa alegria saber que o temos na Pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo”.

A Divindade foi requerida na expiação por causa dos problemas infinitos e eternos envol -
vidos no pecado contra Deus. “Não é possível manter uma propiciação substitutiva adequa-da
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para o pecado, a menos que você sustente que Cristo era Deus” . Um dos desenvolvi-
mentos clássicos desta ideia é a discussão de Anselmo da proposição: “Você ainda não
considerou o que o pecado é”, em Por que Deus se fez homem. Na ocasião, Spurgeon
combinou o impacto dessa condescendência moral por parte de nosso Senhor com uma
contemplação da condescendência metafísica. Não só o Santo veio habitar entre os peca-
dores e levar a sua maldição, mas o Único infinito, eterno e imutável colocou-Se dentro da
esfera e estrutura do temporal e mutável para resgatá-los, da corrupção, sim, mas também da
mutabilidade e decadência da condição temporal também.

Quem Se abaixou para pegar-te, ó inseto que dura um dia? Quem Se inclinou para te
salvar? Quem, senão Aquele que sustenta os grandes pilares da Terra e que estendeu os
céus? O Filho de Deus onipotente, eterno e infinito, amou os caídos filhos dos homens, e
por eles vestiu a veste de carne humana, e em carne sofreu até a morte, e morreu a
morte mais vergonhosa no Calvário. Oh, conte em todos os lugares que Jesus Cristo, que
é Deus sobre todos, bendito para sempre, nos redimiu! E depois disso, quem dirá que não
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pertencemos a Ele?

E no sermão “Majestade na Miséria” Spurgeon maravilha-se de que “o Deus, que reinou


em glória sobre miríades de anjos, teve que ser ridicularizado por canalhas” que, em uma
ironia infinita da relação do eterno com o temporal “não poderiam mesmo ter vivido mais
que um instante em Sua presença se Ele não tivesse permitido”. A incongruência é
insondável que “Aquele que fez os céus e a terra, estava ali para ser desprezado e
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rejeitado pelos homens, e para ser tratado com a máxima injúria e desprezo”.

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Substituição e Propiciação

Absolutamente essencial para uma visão bíblica adequada da expiação é o entendimento


de Spurgeon de que é substitutiva e propiciatória. Ele visualizou estes elementos como
inseparáveis e inegociáveis. Em 1858, ele pregou: “Pense quão grande deve ter sido a
substituição de Cristo, quando satisfez a Deus por todos os pecados de Seu povo...
Pense no que deve ter sido a grandeza da expiação que foi a substituição de toda essa
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agonia que Deus teria lançado sobre nós, se Ele não a tivesse derramado sobre Cristo” .
Trinta anos mais tarde, ele afirmou sem vacilação: “Não existe caminho de salvação
debaixo do céu, a não ser pela fé no sacrifício substitutivo de Jesus Cristo”; e, mexendo
no ingrediente da propiciação, ele imediatamente continua: “e a maneira pela qual somos
redimidos da ira eterna é por Cristo ter oferecido a Si mesmo como substituto por nós, e
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ter morrido em nosso lugar”.

Por causa da expiação propiciatória de Cristo, a justiça e a misericórdia pacificamente se


abraçam e conferem dupla honra uma à outra. Estes dois elementos combinam-se inextri-
cavelmente em um ponto. Spurgeon explica desta forma:

Foi conhecer que o Substituto deveria ter um castigo semelhante ao que deveria ter caído
sobre o pecador... Ele suportou a dor, a perda, a separação, a angústia da morte. Ele ainda
foi abandonado por Deus... A lei exigia a morte, e a morte caiu sobre a nossa cabeça...
Alegremo-nos porque o Senhor Jesus Cristo tem, evidentemente, por Seu sacrifício
substi-tutivo removido, não uma parte ou porção do nosso pecado, mas todo ele. Por
suportar a morte, Ele removeu todas as nossas obrigações legais, e nos colocou fora do
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alcance de novas demandas.

Spurgeon frequentemente enfatizava que a posição de Cristo como Senhor da Aliança da


nova raça necessariamente envolvia substituição. Jesus não foi morto como indivíduo, mas foi
condenado à morte como um representante, e por Sua morte selou todas as bênçãos da
Aliança; todas as disposições da aliança eterna foram ratificadas. Spurgeon desejava que
“mais e mais desta doutrina da aliança” fosse espalhada por toda a Inglaterra. Uma pessoa
que entende as “duas alianças encontrou o coração de toda a teologia”, de acordo com
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Spurgeon, “mas quem não conhece as alianças pouco sabe do Evangelho de Cristo”.

O pacto da graça foi bem-ordenado e assegurado pelo sangue de Cristo. “Quando o sangue
do coração de Cristo salpicou o rolo Divino, nunca poderia ser revertido, nem poderia uma de
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suas ordenanças ser quebrada, nem uma de suas estipulações falhar” . Entre estas, estava
a determinação de dar novos corações e espíritos justos ao povo por quem o Fiador da
Aliança tinha morrido. Enquanto como Cabeça do Pacto Sua morte produz o perdão e a
justificação, também se torna a dinâmica pela qual o Seu povo é santificado. “Ele perdoa

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nossos pecados com intenção de curar nossa pecaminosidade. Somos perdoados para
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que possamos nos tornar santos” . Spurgeon apontou muitas vezes para a água e o
sangue do lado de Cristo e, na tradição de Toplady, falou de limpeza da culpa e do poder
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do peca-do.

Em um sermão em Zacarias 13:1 Spurgeon enfatiza a natureza dupla do mal do pecado. A


fonte aberta na expiação remove “a ofensa proferida contra a honra e a dignidade de Deus”.
Deus “puniu o pecado na Pessoa de Seu próprio Filho”. A culpa, portanto, “daqueles a quem
Ele substituiu foi removida consistentemente com a justiça do grande Legislador”. Mas, há um
segundo prejuízo, ou seja, “que a nossa natureza tornou-se imunda” e “a nossa mente é, em
si, inclinada para o mal e avessa ao bem”. Deus, portanto, não concede um perdão que deixa
“o pecador como ele era em outros aspectos”. Quando o perdão é concedido “uma renovação
da natureza é operada; a fonte aberta para o perdão também é aberta para a purificação”.
Não somente a ofensa é removida, mas o amor pela ofensa é mortificado.

Nisto há dupla a alegria, pois todo verdadeiro penitente não sente que o mero perdão
seria um benefício pobre para ele, se fosse permitido que ele continuasse em pecado?
Meu Deus, livre-me do pecado, porque este é o grande fardo de minha alma. Oh, eu
poderia ter o passado perdoado, e ainda viver como um inimigo de mim mesmo,
escravizado pelo mal, um estranho à santidade; então eu ainda estaria amaldiçoado! ...
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Amar o errado é o começo do Inferno.

A Extensão da Expiação

Em 1854, no primeiro ano completo de Spurgeon como um pastor em Londres, New Park
Street Chapel, o comentarista Albert Barnes publicou um artigo no Church Advocate
[Defen-sor da Igreja] intitulado “A Limited Atonement Not to be Preached” [Uma Expiação
Limitada Não Deve Ser Pregada]. Barnes afirmou que “não há nada que limite mais os
poderes, aprisione as mãos, e gele o coração do pregador, do que tal doutrina”. A
caracterização que ele deu do pregador que se atreveria a fazer tal é singularmente
pouco lisonjeira: “al-guém tão clara e completamente contaminado de tal forma da
teologia sistemática, tão agrilhoado e preso pela autoridade, e pelas algemas de um credo
tão inteiramente sob a influência de uma teologia derivada de uma era passada” que se
está congelado pela doutrina que prega.

Barnes considerou tão contraditório a cada aspecto do ministério do Evangelho e tão contrário
aos sentimentos mais puros de uma pessoa santificada e tão frio e fulminante em sua
influência sobre o coração que “os homens não vão pregar isso”. Se fosse considerado parte
essencial da mensagem do Evangelho, os ministros fervorosos “abandonariam a

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pregação por completo, e se envolveriam com a agricultura, ou o ensino ou a mecânica —
qualquer coisa; em vez de ter os seus melhores sentimentos submetidos à tortura cons-
tante”. Barnes, além disso, considerou a doutrina tão desagradável que ele disse que não
só não deveria ser pregada, mas que não poderia ser pregada.

Isso pode ser encontrado nos livros antigos de teologia, escritos em uma época mais
rígida, e quando os princípios de interpretação eram menos compreendidos e a natureza
grande e liberal do Evangelho era menos apreciada. É petrificada em certos credos
sustentados pela Igreja, firmes como restos fósseis em um estado de transição, quando
as opiniões antigas estavam passando para uma forma mais liberal. É ensinada em
poucos seminários, onde os homens sentem-se constrangidos a reprimir as emoções de
suas próprias mentes para chegar a conclusões que mal se podem evitar. Mas a doutrina
não é pregada, exceto quando o coração está frio e morto. Não é pregada quando a alma
está ardendo de amor pelos homens, e quando a cruz, em sua verdadeira grandeza
levanta-se para ser vista. Nunca é pregada em um reavivamento da religião — uma
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prova, não frágil, de que a doutrina não é verdadeira.

Barnes não poderia ter sabido que o mais caloroso, o mais poderoso pregador do século
XIX poderia e pregaria a doutrina que Barnes achou tão impensável, e a pregaria sem
trazer frio quer para si ou para seus ouvintes. Spurgeon acredita que a fonte do sangue
de Cristo foi aberta e limparia todo pecador que viesse a ela. Ele não sentia mais inibição
ao convidar os pecadores para esta fonte do que ao chamar todo pecador para se
arrepender e crer no Evangelho. Tanto o chamado eficaz e efetivo, ou limitado, e a
expiação são Doutrinas da Graça. A graça nunca serve como uma barreira para quem
está vindo para Cristo, nem para a liberdade com que os ministros podem, na verdade
devem, emitir o convite do Evangelho.

Incapacidade e Responsabilidade

Spurgeon trabalhava para demonstrar a congruência entre estas duas doutrinas. O


manda-mento para arrepender-se do pecado e crer em Cristo, ele pregava como uma
obrigação universal. Ele sabia, no entanto, que “há alguns que vão negar isto, e negarão
na base de que o homem não tem a capacidade espiritual de crer em Jesus”. Sua
resposta enfatiza que “é totalmente errado imaginar que a medida da capacidade moral
do pecador seja a medida de seu dever”.

A responsabilidade universal apenas acentua a prerrogativa Divina na graça para que


ninguém jamais “crê em Jesus com a fé aqui pretendida, exceto que o Espírito Santo o
tenha levado a fazê-lo”. “A fé é uma graça muito celestial”, Spurgeon argumentou, “para
brotar na natureza humana, até que esta seja renovada”. Os Cristãos devem “superar a

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meninice”, que trunca essas doutrinas e devem “não achar difícil acreditar que a fé seja
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ao mesmo tempo dever do homem e dom de Deus”.

Devido a que, onde existe fé, existe a regeneração. “Crer em Jesus é um melhor indicador
de regeneração do que qualquer outra coisa, e em nenhum caso isso jamais induziu ao
erro”. Da mesma forma, crer em Jesus é o indicador certo de que Jesus morreu por você.
A fé não consiste em acreditar que Cristo morreu por mim em particular. Pelo contrário,
ela está vindo de mãos vazias, mas de todo o coração ao próprio Cristo que morreu pelos
pecadores. Ao confiar somente nEle, descobre-se que Cristo morreu por ele em particular
e com efeito. Spurgeon disse:

“Eu não creio em Jesus porque estou convencido de que o Seu sangue foi derramado por
mim, mas sim por eu descobri que o Seu sangue foi derramado especialmente por mim a
partir do fato de eu ter sido levado a crer nEle. Eu temo que existem milhares de pessoas
que acreditam que Jesus morreu por elas, que não são nascidas de Deus, mas sim
endure-cidas em seu pecado por suas esperanças infundadas de misericórdia. Não há
eficácia especial em um homem supor que Cristo morreu por ele; pois é um mero truísmo,
se é verdade, como alguns ensinam, que Jesus morreu por todos. Em tal teoria cada
crente em uma expiação universal necessariamente deveria ser nascido de Deus, o que
está muito longe de ser o caso. Quando o Espírito Santo nos leva a confiar no Senhor
Jesus, então a verdade de que Deus deu o Seu Filho unigênito para que todo aquele que
crê nEle possa ser salvo, é aberta para as nossas almas, e vemos que para nós que
somos crentes, Jesus morreu com a intenção especial de que fôssemos salvos... Apenas
concluir que Jesus morreu por nós na noção de que Ele morreu por todos é tão distante
36
quanto o leste é do oeste, de ser verdadeira a fé em Jesus Cristo”.

A Fonte Aberta

Spurgeon puxa essa mesma corda da unidade para dentro das Doutrinas da Graça em
seu sermão intitulado, “A Fonte Aberta”. Ninguém participará desta fonte que erradica o
pecado e a impureza a menos que saiba que é um pecador; mas se “houver aqui alguém
realmente culpado, que sente que seu pecado é digno da ira de Deus”; que lamenta seu
pecado, confessa sua culpa, e sente-se indigno, “então você é o homem a quem a
misericórdia do Céu é hoje proclamada livremente”.

Neste contexto, então, não é de admirar que Spurgeon pudesse proclamar a eficácia salvífica
da morte de Cristo com tal entusiasmo e generosidade. Porque a fonte está aberta “não há
nenhuma barreira devido a incircuncisão ou a descendência natural”. Nós também
aprendemos que é ela “pessoalmente acessível a nós” e não dependemos de nenhum
mediador ou intercessor que não seja o próprio Senhor Jesus. Também “a fonte não está

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impedida por qualquer quantidade de pecado que nós já tenhamos cometido”. Nenhuma
barreira eficaz é criada pela consideração de nossa pecaminosidade interior, nem existem
quaisquer “exigências no Evangelho que requeiram que você se prepare para ela antes
de vir”.

Spurgeon cresce em ousadia enquanto vai prometendo empurrar qualquer teólogo para a
fonte o qual pretendesse barrar qualquer pecador que esteja vindo. “Não pode haver nada na
teologia, nem na criação, nem no Céu, nem na terra, nem no Inferno, que possa fechar o que
Deus declara estar aberto. Se queres ser salvo, se vieres a Cristo, creia nEle, não há nada
que possa fechar a fonte da vida ou impedir-te de ser purificado e curado. Se houver algo a
37
fechá-la e proibi-la é o teu coração que está fechado, e o teu orgulho que o proíbe”.

É claro que Spurgeon absorveu e implementou essa linha de pensamento desenvolvida e


defendida com tanta clareza e força por Jonathan Edwards sobre a relação entre habili-
dades naturais e habilidades morais. Todo o esquema da salvação brota da santidade de
Deus. A depravação total deve ser definida em termos da santidade de Deus e da
antipatia do pecador a esse atributo conglomerado. “Sua condição não é apenas a sua
calamidade, mas sua culpa”, Spurgeon insistia. O pecador deve não só ser lamentado,
mas culpado porque ele não tem desejo para o que é bom; “Seu ‘não posso’ significa ‘não
desejo’, sua incapacidade não é física, mas moral, não a do cego que não pode ver por
38
falta de olhos, mas a daquele ignorante que de bom grado se recusa a olhar”.

A Eleição determina que fôssemos santos e irrepreensíveis; o chamado eficaz e o novo


nascimento produzem a nova criatura que reflete verdadeira justiça e santidade; a perseve-
rança implica que a semente de Deus permanece em nós e não podemos continuar na
direção do pecado, mas devemos ser santos; a cruz atrai os pecadores a si, se eles são
atraídos para a salvação, por causa do seu justo veredicto sobre seu pecado e sua exibição
esmagadora da santidade de Deus. Portanto, a santidade da cruz é uma barreira para o
pecador abraça-la, e não o fato de que no propósito secreto de Deus, Ele determinou que ela
deve certamente ser salvífica em seus efeitos para as pessoas que Ele deu ao Filho.

Spurgeon foi esmagado com a prodigalidade da graça de Deus na expiação, e embora ele
falasse claramente da sua natureza limitada, era sempre no contexto da certeza com que
Deus realizou Seus propósitos da graça. É infinita misericórdia que um Deus santo
quisesse Se rebaixar para salvar os pecadores! E é incrível que Ele tivesse que fazê-lo de
forma pública, de modo que ninguém pudesse reclamar que fora feito em um canto.

A certeza da salvação que Deus realizou concedeu um material sem fim para as afirmações
claras de Spurgeon. “Há uma fonte aberta na expiação, através da qual a ofensa proferida à
honra e dignidade de Deus é posta de lado. E se pecamos, o Senhor puniu o pecado na

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Pessoa de Seu próprio Filho; Ele tem, assim, cumprido Sua ameaça, e comprovou a
veracidade de Sua Palavra. Em Jesus Cristo, portanto, a culpa daqueles para quem Ele
39
foi Substituto é removida de forma consistente com a justiça do grande Legislador”.

Essa “justiça do grande Legislador” em conjunto com os aspectos substitutivos e propicia-


tórios da expiação foram convincentes para Spurgeon. Eles produziram infinito consolo ao
povo de Cristo, e Spurgeon não privaria os seus ouvintes de qualquer conforto espiritual
legitimamente deles. Uma vez que Cristo sofreu a penalidade do pecado e fez recompensa
à justiça Divina, se o Senhor Jesus foi condenado por nós, então, “enquanto a justiça
sobrevive no Céu, e a misericórdia reina na terra, não é possível que uma alma
condenada em Cristo também deva ser condenada em si mesma. Se o castigo foi dado
ao seu Substituto, não é coerente nem com a misericórdia nem com a justiça que a pena
40
deva ser uma segunda vez executada”.

Claramente um hino favorito de Spurgeon foi o de Toplady intitulado: “De onde esse medo
e incredulidade?”. Ele citou-o inteiro ou em parte em várias ocasiões e era particularmente
ligado a este verso:

Se Tu tens meu resgate obtido, e livremente no meu lugar sofreu


A totalidade da ira Divina; pagamento Deus não pode duas vezes exigir,
41
Primeiro da mão sangrenta do meu Fiador, e então novamente da minha.

Ele não queria que ninguém perdesse o mistério inefável do fato de que o próprio Deus
tinha morrido pelo pecado da Sua criatura, o homem. E que isto proporcionou tal certeza
de sua eficácia, e rompeu toda limitação para as suas possibilidades, seria impossível que
ele não pudesse expiar qualquer pecado em qualquer lugar.

Nunca poderia a justiça ser mais gloriosamente exaltada na presença de seres racionais
do que pelo Senhor de todos submetendo-Se às Suas exigências. Deve haver um mérito
infinito sobre Sua morte: um mérito indescritível, imensurável. Parece-me que se tivesse
havido um milhão de mundos para resgatar, a redenção deles não poderia ter precisado
de mais do que deste ‘sacrifício de Si mesmo’. Se todo o universo, repleto de mundos tão
diversos como as areias da praia do mar, tivesse que ser resgatado, Aquele que rendeu o
espírito pagaria o preço suficiente por todos eles. Apesar de pesados os insultos que o
pecado possa ter lançado à lei, eles devem ser todos esquecidos, uma vez que Jesus
engrandeceu a lei tão abundantemente e tornou-a tão honrosa por Sua morte. Eu acredito
no propósito especial da morte expiatória do nosso Senhor, e não vou desistir por
ninguém da minha crença no valor absolutamente infinito da oferta que nosso Senhor
42
Jesus apre-sentou; a glória de Sua Pessoa torna a ideia de limitação um insulto.

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Por esta razão Spurgeon usou a nomenclatura sobre limitação com moderação e com a
explicação positiva em sua exposição da expiação. Ele preferiu falar de eficácia e certeza.
Mas, com essa mesma força, a sua consideração de “limitação” como um insulto o levou
a rejeitar o conceito de expiação universal. Na verdade, ele estava feliz em usar o termo
“limitada” se a definição da ideia de “geral” fosse oposta a isso, pois que tal limitação não
era realmente nenhuma limitação.

Agora, amados, quando vocês ouvem alguém rindo ou zombando de uma expiação limita-
da, poderão dizer-lhe isso. A expiação geral é como uma ponte grande e larga com
apenas metade de um arco; ela não passa através do córrego; só professa percorrer
metade do caminho; não assegura a salvação de ninguém. Ora, eu, antes, poria meu pé
em cima de uma ponte tão estreita quanto Hungerford, que percorresse todo o caminho,
do que em uma ponte tão larga quanto o mundo, se esta não percorresse todo o caminho
43
através do córrego.

A Eficácia da Expiação

A infinita dignidade da Pessoa de Cristo exigiu o sucesso total de Seu objetivo em dar a Si
mesmo por causa dos pecadores. A recusa de Spurgeon de admitir qualquer inadequação
à morte de Cristo significa, sobretudo, que a eficácia da expiação não estava sujeita à von-
tade do homem. O árbitro final dessa operação infinita que foi ordenada nos decretos de
44
eternidade não pode ser a vontade de uma criatura mutável, temporal, caída e rebelde.

Além da dignidade da Pessoa que é nossa substituta, dois fatores tornam esta operação
segura e eficaz. Primeiro, era intenção e o propósito de Deus salvar um povo para Si pelo
sacrifício de Seu filho. “Nós declaramos que a medida do efeito do amor de Cristo é a me-
dida do Seu propósito. Não podemos de modo algum pensar que a intenção de Deus
Todo-Poderoso pudesse ser frustrada, ou que algo tão grande como a expiação pudesse,
45
de qualquer forma, falhar.

Sem blasfêmia não é possível conceber que Cristo falhou em Seu propósito. “É bem certo,
amados”, Spurgeon fundamentou, “que a morte de Cristo deve ter sido eficaz para a remo-ção
daqueles pecados que foram impostos sobre ele”. Não podemos conceber que Cristo
morresse em vão. “Ele foi designado por Deus para levar o pecado de muitos”, e “não é
possível que Ele fosse derrotado ou frustrado em Seu propósito. Nem um jota ou til da
intenção da morte de Cristo será frustrado. Jesus verá o fruto do trabalho da sua alma, e
ficará satisfeito. Aquilo que ele pretendia fazer pela Sua morte será feito, e Ele não derra-
46
maria o Seu sangue em vão de maneira alguma” . Se Ele foi condenado, aqueles unidos

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a Ele na Sua morte, como indicado pela sua fé nEle, de modo algum entrarão em conde-
nação.

Esta declaração de propósito leva à consideração do segundo ponto que contribui para a
eficácia infalível da morte de Cristo. Ou seja, que em algum sentido os sofrimentos de Cristo
foram quantitativos. Spurgeon pinta uma imagem mental vívida da intensidade e exata justiça
dos sofrimentos substitutivos de Cristo por Seu povo e sugere que eles supõem um homem
que passou pelo Inferno. Em seguida, supõe que o Seu tormento eterno se passaria dentro de
uma hora e seria multiplicado pelo número dos salvos, um número além de toda contagem
humana. É possível agora imaginar que “um vasto agregado de miséria haveria nos
sofrimentos de todo o povo de Deus, se tivessem sido punidos por toda a eternidade?” Então,
devemos nos lembrar de que “Cristo teve de sofrer o equivalente a todos os infernos de todos
os seus redimidos.” Cristo deu a Deus “a satisfação por todos os pecados de todo o seu povo,
47
e, consequentemente, deu-Lhe um equivalente por toda a punição deles”.

Ao falar sobre “A determinação de Cristo de sofrer por Seu povo”, Spurgeon considera por
que Cristo recusou a taça de vinho misturado com mirra. Uma das razões era que essa
recusa era “necessária para fazer a expiação completa”. Se Cristo tivesse bebido da taça
da expiação não teria sido válido porque Ele não teria sofrido “na medida em que era
abso-lutamente necessário”. Cristo sofreu “apenas o suficiente, e nenhuma partícula a
mais do que era necessário pela redenção do Seu povo”. O preço do resgate não teria
sido pago se a taça de vinho tirasse parte de Seus sofrimentos. Se tanto quanto um grão
de Seu sofri-mento fosse atenuado “a expiação não teria sido suficientemente
satisfatória”. Insuficiência em qualquer grau teria condenado o Seu povo ao desespero
perpétuo. O maior preço deve ser pago; a inexorável justiça não pode omitir uma fração
48
de sua reivindicação. Cristo deve provar toda a extensão do sofrimento.

Não só Spurgeon vê grande conforto e segurança na doutrina da expiação limitada, ele


encontrou que a doutrina da expiação universal seria positivamente destrutiva dos
atributos morais de Deus. Em sua autobiografia, Spurgeon dá uma “Defesa do
Calvinismo”, e inclui uma defesa particularmente notável da expiação limitada.

Algumas pessoas amam a doutrina da expiação universal, porque elas dizem: “É tão bonita.
É uma bela ideia a que Cristo teria morrido por todos os homens; ela recomenda a si mes-
ma”, dizem eles, “pois, em relação instintos da humanidade, há algo nela cheio de alegria e
beleza”. Admito que existe, mas a beleza pode estar muitas vezes associada com a falsi-
dade. Há muito que eu possa admirar na teoria da redenção universal, mas apenas mostra-rei
o que a suposição envolve necessariamente. Se Cristo, em Sua cruz, intencionou salvar todos
os homens, então Ele pretendia salvar os que estavam perdidos antes dEle morrer.

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Se a doutrina for verdadeira, que Ele morreu por todos os homens, então Ele morreu por
alguns que estavam no inferno antes que Ele viesse a este mundo, pois, sem dúvida, havia
até então miríades que foram lançadas ali por causa de seus pecados. Mais uma vez, se
fosse a intenção de Cristo salvar todos os homens, quão deploravelmente Ele tem sido
decepcionado, pois temos Seu próprio testemunho de que existe um lago que arde com fogo
e enxofre, e nesse abismo de aflição têm sido lançadas algumas das próprias pessoas que,
segundo a teoria da redenção universal, foram compradas com o Seu sangue. Isso me parece
uma concepção mil vezes mais repugnante do que qualquer uma dessas consequências que
dizem ser associadas com a Doutrina Cristã e Calvinista da redenção especial e particular. E
pensar que meu Salvador morreu pelos homens que estavam ou estão no inferno, parece
uma suposição horrível demais para eu sustentar. Imagine por um momento que Cristo fosse
o Substituto para todos os filhos dos homens, e que Deus, após ter punido o Substituto,
posteriormente venha a punir os próprios pecadores, parece entrar em conflito com todas as
minhas noções sobre a justiça Divina. Que Cristo tenha oferecido uma expiação e satisfação
pelos pecados de todos os homens, e que depois alguns desses mesmos homens sejam
punidos pelos pecados os quais Cristo já havia expiado, parece-me ser a iniquidade mais
monstruosa que jamais poderia ter sido imputada a Saturno, a Juno, à deusa dos Thugs, ou
às divindades pagãs mais diabólicas. Que Deus não permita que alguma vez pensemos
49
assim sobre Yahwéh, que é justo, sábio e bom!

Este conceito de uma expiação definitiva incentivou Spurgeon em seu evangelismo tam-bém.
Quando Jesus usou a palavra “muitos”, indicou uma certeza na eficácia da Sua morte. Mas,
com certeza Ele quis dizer “muitos”. Não apenas alguns, mas “muitos”. “Vamos espe-rar para
ver grandes números trazidos dentro do recinto sagrado”, Spurgeon incentivava a sua
congregação. Porque o sangue é derramado por muitos, as multidões devem ser obrigadas a
entrar. Enquanto um grupo de meia dúzia que se converte nos dá alegria, por que não
devemos esperar mil vezes meia dúzia de uma vez! “Lançai a grande rede ao mar”, Spurgeon
desafiava e aos seus jovens ele pedia: “Pregue o evangelho nas ruas desta cidade lotada,
pois ele é para muitos”. E aos obreiros pessoais ele disse: “Você que vai de porta em porta,
não ache que você pode ser muito esperançoso, pois o sangue do seu Salvador foi
derramado por muitos, e o ‘muitos’ de Cristo é muito, muito grande”. Ninguém nunca deve
confiar em Cristo em vão ou achar a expiação insuficiente para ele. “Oh, por uma grande fé de
coração”, ele clamou, “para que, por santo esforço possamos prolongar nossas cordas, e
fortalecer nossas estacas, esperando ver a família de nosso Senhor se tornar muito
numerosa”. Isaías 53, uma passagem crucial na exposição de Spurgeon sobre
a expiação limitada, firma bem a realidade do “muitos”. “Ele verá o fruto do trabalho da
sua alma, e ficará satisfeito; por Sua retidão Ele justificará a muitos, porque carregará as
suas iniquidades” “Pense nessa palavra `muitos’”, Spurgeon argumentou em sua
50
recapitulação, “e deixe-a animá-lo para trabalhos de longo alcance”.

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Conclusão

O dom da oratória de Spurgeon foi exclusivamente dele e seria insensatez sentir-se capaz
ou obrigado a duplicá-lo. Seu compromisso com a centralidade da cruz e todas as suas
conexões, no entanto, é propriedade comum para o ministério Cristão. Estamos sob
comis-são para competir isso, tanto quanto é garantido pela Escritura.

Em primeiro lugar, devemos cultivar a sua paixão pela cruz. Mesmo ao ler seus sermões
pode-se sentir sua intensidade pela paixão de Cristo, ele O devorava. Ele esgotou-se ver-
balmente, emocionalmente e fisicamente procurando transferir o poder mental e espiritual
que emanava dEle a partir da cruz e energizou o seu ministério.

Em segundo lugar, não devemos ser intimidados pela disciplina moderna da teologia
bíblica de modo que possamos deixar de ver a centralidade da cruz em toda a Escritura.
Spurgeon está certo em vê-la permear todo o corpo da revelação Divina e em tratá-la
como fator de coesão. Mesmo se ocasionalmente ele leva dicas verbais desarticuladas
para se envolver em alegoria aplicativa, sua visão geral é verdadeira e fará muito para
infundir intensidade evangelística bíblica em nosso estudo e nossa comunicação.

Em terceiro lugar, devemos aprender a explorar a doutrina da segurança a partir do


funda-mento da cruz como Spurgeon fez. A morte do Verbo Encarnado e o propósito de
Deus de salvar os pecadores por essa morte deve ser um imenso incentivo para qualquer
pessoa cuja angústia vem de uma verdadeira imagem da natureza mortal de seu pecado.
Spurgeon protestaria sem parar e esgotaria seus poderes criativos e aplicativos para
mostrar a um “pecador que chega” quão firme e infalível a sua garantia pode ser, uma vez
que ele capta a realidade de que Aquele que não poupou o Seu próprio Filho, certamente
nos dará todas as coisas.

Em quarto lugar, devemos aprender a ver na cruz a apresentação tangível histórica dos
propósitos eternos de Deus no Pacto Eterno. Predestinação, eleição, chamado eficaz —
estas estão escondidas de nossa visão e são misteriosas em sua operação. A cruz,
embora seus poder, sabedoria e dimensões sejam misteriosos e insondáveis, é, no
entanto, o lugar em que todos os aspectos metafísicos da redenção se tornam imanentes.
É aí que podemos dizer: “Estas coisas não foram feitas num canto qualquer”.

Em quinto lugar, podemos aprender com Spurgeon o poder evangelístico da expiação defi-
nida. Seus sermões se movem e vibram com a aplicação positiva e otimista da doutrina ma-
ravilhosa. Muitos que acreditam na doutrina parecem secretamente acreditar que deve ser
proibida sua exibição pública. Obviamente Spurgeon meditou longamente nessa verdade
bíblica e descobriu seu poder com santos e pecadores igualmente. Ela arma o evangelista

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com certeza e cada pecador com esperança. Deus salva os pecadores e não vai trazer
este mundo a um fim até que a eficácia da morte do Messias seja plenamente satisfeita.

Em sexto lugar, podemos aprender a aplicar a cruz à santificação. Porque pela cruz
fomos comprados por um preço e já não somos de nós mesmos, podemos estar certos de
que Deus será glorificado nos corpos de Seu povo. Ele vai transformar as suas mentes,
recriá-los em verdadeira justiça e santidade, e mortificar a carne da mesma forma como
Ele os salvou de seu domínio.

“Deus me livre de gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o
mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gálatas 6:14).

Notas:

[1] Charles Spurgeon, “A Crise Deste Mundo”, em A Paixão e Morte de Nosso Senhor, vol.
6 de Um Tesouro de Spurgeon sobre a Vida e Obra de Nosso Senhor, 6 vv. (Grand
Rapids: Baker Book House, 1979), p. 8. A partir de agora esta referência será citado como
P & D [Passion and Death]. O leitor pode assumir futuramente também que todas as
notas serão de “Charles Spurgeon”, salvo indicação em contrário.
[2] “O Coração do Evangelho”, em Enciclopédia Expositiva de Spurgeon, 15 vol. (Grand
Rapids: Baker Book House, 1977) 8:91.
[3] “O Sangue Derramado por Muitos”, em P & D., p. 34.
[4] “Nosso Substituto Sofredor”. (Pensacola: Chapel Library, nd), pp. 2-3 citadas
integralmente e não editadas a partir do volume de New Park Street Pulpit, 1859.
[5] “O Coração’ em SEE 8:97.
[6] Espada e Espátula, Abril de 1887, p. 195.
[7] Ibid., Outubro de 1887, p. 513.
[8] Ibid., Em dezembro de 1887, p. 642.
[9] “Redenção Particular” em New Park Street Pulpit, 4:130.
[10] “O Sangue Derramado por Muitos” em P & D, p. 36.
[11] “Crise”, P & D, p. 2.
[12] “O Sangue Derramado por Muitos”, P & D, pp. 34-36.
[13] “Está Consumado”, P & D, p. 581.
[14] “Os Milagres da Morte do Nosso Senhor”, em P & D, p. 646.
[15] “Crise”, P & D, p. 3.
[16] “Livre-o agora”, P & D, p. 511.
[17] “Por Quem Cristo Morreu?”, Metropolitan Tabernacle 20:504.
[18] “Redenção Particular”, New Park Street 4:132.

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[19] “Ecce Rex”, P & D, p. 365.
[20] “Amor Mais Forte do que a Morte”, P & D, p. 19.
[21] Metropolitan Tabernacle, 20:159.
[22] “Nosso Substituto Sofredor”. cit., pp. 3-7. Consulte também “Majestade na Miséria”, P
& D, p. 232.
[23] “Jesus, o Substituto Por Seu Povo”, Metropolitan Tabernacle Pulpit, 21:159.
[24] “A Redenção e Sua Reivindicação” Metropolitan Tabernacle, 20:162.
[25] “Majestade na Miséria”, P & D, p. 233.
[26] “Redenção Particular”, New Park Street Pulpit, 4:132.
[27] “Sangue Mesmo no Altar de Ouro”, SEE, 1:366. Em uma mensagem de 1874, intitulada,
“Por Quem Cristo Morreu”, Spurgeon disse: “A morte de Nosso Senhor foi penal, infligida
pela justiça Divina: e com razão, pois nEle colocou-se as nossas iniquidades, e, portanto,
sobre Ele deveu-se colocar os sofrimentos” (Metropolitan Tabernacle Pulpit, 20: 495).
[28] “Massacrando o Sacrifício,” SEE 1:346.
[29] “O Sangue da Aliança”, Metropolitan Tabernacle, 20:444.
[30] “Está Consumado”, P & D, p. 583.
[31] “O Sangue da Aliança”, P & D, p. 41.
[32] Por exemplo, veja “Ecce Rex”, P & D, 359. “Quando o soldado com uma lança perfurou
Seu lado, ele não tinha ideia de que estava trazendo diante de todos os olhares o sangue
e a água que são para toda a igreja os emblemas da limpeza dupla que nós encontramos
em Jesus, a limpeza pelo sangue expiatório e a graça santificadora”.
[33] “A Fonte Aberta”, Metropolitan Tabernacle, 17:39.
[34] Albert Barnes, O Defensor da Igreja, 8.10.1854, p. 119.
[35] “Fé e Regeneração”, Metropolitan Tabernacle, 17: 133-144.
[36] Ibid., p. 139.
[37] “A Fonte Aberta”, Metropolitan Tabernacle, 17:45. Se examinarmos a linguagem de
Spurgeon cuidadosamente e a definirmos no contexto do conflito hiper-Calvinista dos
séculos XVIII e XIX, a partir do qual ele mesmo recebeu uma abundância de críticas, a
ameaça de Spurgeon de empurrar um teólogo para a fonte faz todo o sentido. Spurgeon
parece ter em mente o tipo de representação das doutrinas defendidas por Lewis
Wayman em 1738:
E por último, apenas suponha que todos os que ouvem o Evangelho creiam em
Cristo para a vida e salvação, de acordo com o que este autor [Matthias Maurice]
nos diz é o seu dever; se não, provavelmente, seriam milhões em todo o mundo
crendo em Cristo para a vida e salvação, para quem Deus não deu a vida eterna em
Cristo, e que nunca devem obter salvação por meio dEle? (A Further Enquiry After
Truth [Uma Nova Indagação sobre a Verdade], p. 19).
Neste contexto, tanto a liberdade da salvação e a unidade de todos os aspectos das
Doutrinas da Graça se tornam mais relevantes.

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[38] “Por quem Cristo morreu?”, Metropolitan Tabernacle 20:493.
[39] “A Fonte Aberta”, Metropolitan Tabernacle 17:39.
[40] “Jesus, o Substituto por Seu povo”, Metropolitan Tabernacle, 21:159.
[41] “O Vívido Cuidado de Cristo ao Morrer”, e “O Apelo de Cristo aos Pecadores
Ignorantes”, P & D pp. 170, 477; também “Redenção Particular”, New Park Street, 4:136.
Enciclopédia Expositiva de Spurgeon, 1:348.
[42] Enciclopédia Expositiva de Spurgeon 1:348.
[43] “Redenção Particular”, New Park Street, 4:135, 136.
[44] Spurgeon descreve a posição Arminiana desta forma:
“O Arminiano sustenta que Cristo, quando morreu, não morreu com a intenção de salvar
qualquer pessoa em particular; e ensinam que a morte de Cristo não significa por si
mesma, segurança, sem sombra de dúvida, para a salvação de qualquer homem vivo.
Eles acreditam que Cristo morreu para fazer possível a salvação de todos os homens,
ou que por fazer algo mais, qualquer homem que quiser pode alcançar a vida eterna;
consequentemente, eles são obrigados a sustentar que se a vontade do homem não
ceder e voluntariamente entregar-se à graça, então a expiação de Cristo seria inútil.
Eles sustentam que não havia nenhuma particularidade e especificidade na morte de
Cristo” (Redenção Particular, New Park Street Pulpit, 4:130).

[45] Ibid.
[46] “Jesus, o Substituto para o seu Povo,” Tabernáculo Metropolitano, 21: 160.
[47] Ibid., P. 134.
[48] “A Determinação de Cristo de Sofrer por Seu povo”. P & D., p. 467.
[49] Autobiografia, 2 vols. (Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1962) 1:172.
[50] “O Sangue Derramado por Muitos”, P & D, p. 43.

ORE para que o ESPÍRITO SANTO use estas palavras para trazer muitos
ao conhecimento salvífico de JESUS CRISTO para a glória de DEUS PAI!

Sola Scriptura! • Sola Gratia! • Sola Fide! • Solus Christus! • Soli Deo Gloria!

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 Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins  Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer


 Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink  Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon
 Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne  Sangue, O — C. H. Spurgeon
 Eleição Particular — C. H. Spurgeon  Semper Idem — Thomas Adams

— J.Especial
Owen
Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A OwenSermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,
e Charnock
 Evangelismo Moderno — A. W. Pink — C.Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de Deus)
 Excelência de Cristo, A — J. Edwards H. Spurgeon


Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon
Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink
Edwards
Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

 Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink


 Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina é
 In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen
Spurgeon
 Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos
 Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A — Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J. Owen
Jeremiah Burroughs  Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink
 Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação dos Downing
Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.
Pecadores, A — A. W. Pink
 Jesus! – C. H. Spurgeon  Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan


Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon
Livre Graça, A — C. H. Spurgeon
 Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de
Claraval


Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield
Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry
 Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica no
Batismo de Crentes — Fred Malone
 Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill
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— Sola Scriptura • Sola Gratia • Sola Fide • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
2 Coríntios 4
1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não
desfalecemos;
2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
8
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; 10 Trazendo
sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de
Jesus
se manifeste também nos nossos corpos; 11 E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12 De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13 E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
por isso também falamos. 14 Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15 Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus. 16 Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia. 17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18 Não atentando nós nas coisas que
se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas. Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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