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Contato: conlegestudos@senado.gov.br
Índice
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 6
1. O CONCEITO DE EXTENSÃO RURAL .................................................................................. 7
2. BREVE HISTÓRICO DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL E SEUS REFERENCIAIS LEGAIS ........... 11
3. MARCOS LEGAIS DA ATER PÓS-CONSTITUIÇÃO DE 1988 ................................................... 25
4. OS PAPÉIS DOS MINISTÉRIOS E AS MUDANÇAS DA ATER NA DÉCADA DE 90........................ 29
5. ENFIM, UMA POLÍTICA E UM PROGRAMA NACIONAL DE ATER, NO MDA .............................. 33
6. A ATER NO MANUAL DE CRÉDITO RURAL ........................................................................... 41
7. CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 45
ANEXO ...................................................................................................................................... 48
Lista de tabelas
Lista de Siglas
Marcus Peixoto 1
RESUMO
ABSTRACT
Agricultural extension is an essential service for the
development process of rural areas or agricultural and
livestock activities. Although most studies on this subject
state that such service originated at the middle of twentieth
century, the study of Brazilian laws shows that the legal
obligation of agricultural extension actions was always
present, including at Federal Constitution of 1988. In reality,
the governmental support to these services decreased since
the eighties, causing a general crisis that only in the five past
years has began to be reverted, though still in an incipient
way.
1
Consultor Legislativo do Senado Federal, Mestre em Desenvolvimento Agrícola, doutorando em
Desenvolvimento e Agricultura. Contato: marcusp@senado.gov.br
6
INTRODUÇÃO
A assistência técnica e a extensão rural têm importância fundamental no processo
de comunicação de novas tecnologias, geradas pela pesquisa, e de conhecimentos
diversos, essenciais ao desenvolvimento rural no sentido amplo e, especificamente, ao
desenvolvimento das atividades agropecuária, florestal e pesqueira.
Mas, o que vem a ser extensão rural? Por que instituições públicas devem utilizar
o dinheiro dos contribuintes para oferecer esse serviço aos agricultores? Qual a
diferença em relação ao conceito de assistência técnica? Como tais serviços evoluíram
no Brasil? Qual a legislação brasileira que dispõe sobre esse tema? O presente estudo
visa apresentar cronologicamente como a legislação brasileira tratou os serviços de
assistência técnica e extensão rural (ATER) ao longo do século XX e do atual. Para
atingir este objetivo, a primeira seção propõe conceitos de assistência técnica e de
extensão rural e apresenta um quadro com modelos de provisão privada ou pública de
serviços e de financiamento. A segunda seção trata resumidamente do histórico dos
serviços de Ater no Brasil, procurando mostrar que a legislação já regulava tais serviços
antes da sua institucionalização efetiva a nível nacional.
A terceira seção trata da evolução dos aspectos legais da Ater nos 20 anos
posteriores à promulgação da Carta Magna, na quarta seção é enfocado particularmente
o papel dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Desenvolvimento
Agrário, e na quinta são abordadas brevemente as normas do Manual de Crédito Rural
atinentes ao tema. Na conclusão faz-se uma análise do modelo atual e breves reflexões
quanto a possíveis aperfeiçoamentos.
2
Não desconsiderando que existe hoje todo um conjunto de teorias e estudos sobre o processo de comunicação,
ressaltamos o fato de que Paulo Freire já levantava em 1968 (FREIRE, 1982) a crítica ao processo de extensão
rural, por então apresentar um fluxo de informações unidirecional e impositivo, defendendo um processo
efetivamente comunicativo, dialógico, de troca de saberes, a ser estabelecido entre o técnico e o produtor rural.
8
Observe-se que a literatura estrangeira sobre o tema não adota uma separação
entre os termos assistência técnica e extensão rural. Em inglês o termo mais usado é
agricultural extension, mas também são empregados os termos rural extension ou
agricultural advisory service (serviço de consultoria agrícola). Dificilmente uma ação de
extensão rural deixará de abranger ações de assistência técnica.
O termo extensão rural também pode ser entendido como uma política pública.
Neste caso referimo-nos às políticas de extensão rural, traçadas pelos governos (federal,
estaduais ou municipais) ao longo do tempo, através de dispositivos legais ou
programáticos, mas que podem ser executadas por organizações públicas e/ou privadas.
3
Este segmento privado, que presta assistência técnica aos produtores rurais, tem sido negligenciado pelos
estudos sobre assistência técnica e extensão rural e, conseqüentemente, não se conhece sua participação relativa
no serviço de Ater como um todo, e seu impacto no desenvolvimento tecnológico do setor agropecuário.
9
É sobretudo à aplicação deste terceiro sentido do termo extensão rural que o presente
Estudo se dedica, uma vez que, no sentido de processo, já há muitos trabalhos realizados
(embora a necessidade da ampliação e renovação de tais estudos nunca se esgote), assim
como sobre as instituições estaduais de Ater e sua história.
Neste estudo prevalecerá uma interface do sentido legal (política) com o sentido
institucional (organização), uma vez que o modelo de extensão rural privilegiado no
Brasil foi o público gratuito. Assim, como veremos, a legislação existente faz muitas
referências às instituições estatais que prestam serviço de Ater.
Terceiro Setor: (4) Contratos (8) Advisory (15) ONGs (18) ORs
organizações rurais financiados service staff financiam staff contratam seu
(OR) publicamente para hired by FBO, de serviços de próprio staff de
OR´s farmers pay fees extensão extensão e
contratado a provêem serviços
OR´s gratuitos aos
membros
Pelo que será apresentado a seguir nesse estudo, é importante citar, a título de
informação, que a extensão rural, como processo, faz uso de métodos pedagógicos
construídos e consagrados ao longo do tempo. Sucintamente, a título de informação,
quanto ao número de produtores participantes, os métodos tradicionais de Ater se
dividem em:
Por outro lado, ressalte-se que a leitura da legislação não permite identificar com
clareza as razões dos legisladores para as medidas adotadas, bem como os processos
políticos e socioeconômicos que as motivaram. Também não foi possível pesquisarmos
as legislações estaduais que eventualmente tenham tratado de Ater, sendo a base de
dados do próprio Sicon limitada à legislação federal.
4
O Sicon pode ser consultado em: http://www6.senado.gov.br/sicon/PreparaPesquisa.action.
12
[...]
[...]
8º, crear e manter hum periodico no qual além dos trabalhos proprios do Instituto e
dos Estabelecimentos normaes, se publiquem artigos, memorias, traducções e
noticias de reconhecida utilidade para a nossa Agricultura, e que exponha em
linguagem accommodada á intelligencia da generalidade dos Agricultores os
melhoramentos que mereção ser adoptados cada processo da Agricultura, e os
principios de economia rural indispensaveis para o judicioso emprego dos capitaes,
boa administração das Fazendas, e aproveitamento de seus productos;
indispensaveis para que o trabalho se torne mais suave, util e vantajoso. Em quanto
não se crear estas Escolas, que ficão dependentes de hum Regulamento especial,
haverá nos Estabelecimentos normaes Agricultores profissionaes, que deem as
instrucções que forem pedidas, e que sendo possivel tambem visitem os
Estabelecimentos particulares. [grifos nossos]
5
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=74554.
6
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=59358.
14
O Capítulo XLIII tratou das Conferências Agrícolas, que podiam ser realizadas pelos
inspetores agrícolas e seus ajudantes, pelo pessoal dos cursos ambulantes, sendo
invariavelmente seguidas de demonstrações práticas. O Capítulo XLVII tratava
detalhadamente da criação de Campos de Demonstração, que tinham por fim divulgar os
conhecimentos praticos, adquiridos em experimentações anteriores, tendo em vista o
augmento de producção agrícola (art. 410). O Capítulo XLVIII tratava da criação de
Fazendas Experimentais, que destinavam-se ao ensino pratico da agricultura, em seus
differentes ramos, por meio de demonstrações e culturas systematicas das plantas uteis,
principalmente das que forem communs á região em que se acharem estabelecidas e com
auxilio de praticas referentes á zootechnia e ás industrias ruraes (art. 428).
Após a edição do Decreto 8.319/10, vários decretos foram publicados nos anos
seguintes, instituindo campos de demonstração e fazendas modelo de criação, conforme pode
ser evidenciado na Tabela 2 abaixo:
8
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=49167
16
Outro dispositivo legal que instituía ações de caráter extensionista foi o Decreto-Lei no
7.449, de 9 de abril de 1945 9 , que dispôs sobre a organização da vida rural. Este Decreto, do
Presidente Vargas, foi uma tentativa de tutela pelo Estado do processo de organização dos
produtores rurais, ao obrigar cada município a possuir uma associação rural, composta de
proprietários de estabelecimentos rurais. Em último caso, se ainda não inexistisse associação
no município, caberia ao prefeito promover a sua criação, que deveria ser oficialmente
reconhecida pelo Ministério da Agricultura. As associações municipais se organizariam em
sociedades rurais, uma em cada estado, e estas na União Rural Brasileira, como órgãos
técnicos e consultivos do governo federal.
n) manter na sede um museu com os tipos padrões dos produtos locais de expressão
econômica, pugnando pela aplicação das medidas oficiais relativas à padronização e
classificação
9
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=41797
17
[...]
(...)
Conforme Queda (1987, p.75), “nos primeiros anos da década de 50 já existiam 511
Associações Rurais. Em 30 agosto de 1958, estavam registradas no Serviço de Economia
Rural do Ministério da Agricultura, 1.500 Associações Rurais”, a maior parte delas
concentrando-se em Minas Gerais (221), São Paulo (173), Ceará (105) e Rio Grande do Sul
(100).
10
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=30531
18
Normalmente os estudos e textos sobre a história da Ater no Brasil partem deste marco
histórico: a criação da Acar-MG. Mas, o que pretendemos mostrar no início desta seção do
nosso estudo é que, ao menos do ponto de vista da legislação, ações de Ater já existiam como
atributos legalmente estabelecidos.
11
Para uma análise mais aprofundada sobre as circunstâncias, o sentido e o processo de criação das Acar, bem
como o envolvimento dos Rockfeller, consultar os trabalhos de Fonseca (1985), Queda (1987) e Oliveira (1999).
19
inovação no modelo brasileiro que estava sendo implantado, uma vez que nos EUA os
produtores rurais já estavam habituados a relacionar-se com os bancos e obter empréstimos.
As demais Acar foram surgindo em cada estado, nas duas décadas seguintes (ver
Tabela 3). Vinte e três Acar estavam criadas até 1974 e, juntamente com a Abcar, substituta
do ETA e criada em 21/06/1956, formavam o então chamado Sistema Abcar, também
conhecido e tratado na legislação como Sistema Brasileiro de Extensão Rural (SIBER). No
início da década de 60 foi elaborado o Plano Diretor Qüinqüenal de Extensão Rural (1961 a
1965), servindo de marco para o Siber.
1948 ACAR-MG
1954 ANCAR (CE, PE, BA)
1955 ASCAR-RS, ANCAR (RN, PB)
1956 ABCAR, ACARESC
1958 ACAR-RJ
1957 ACAR-ES
1959 ACAR-GO, ACARPA1
1962 transformação dos programas estaduais da ANCAR em associações autônomas,
a primeira em SE
1963 ANCARs: autonomia de RN, AL, MA e BA
1964 ANCARs: autonomia de PE, PB e CE
1965 ACAR-Pará, ACAR-MT
1966 ANCAR-PI, ACAR-AM
1967 ACAR-DF
1968 ACAR-AC
1971 ACAR-RO
1972 ACAR-RR
1974 ACAR-AP
(1) O ETA Projeto 15, criado em 1956, foi o antecessor da ACARPA.
Fontes: Lopes, s/d in Fonseca (1985, p. 103) e pesquisa na Internet. Tabela elaborada pelo autor.
Paralelamente à evolução do Siber, o Governo Federal promulgou a Lei nº 2.613, de
23 de setembro de 1955 12 , que autorizou a União a criar, no âmbito do Ministério da
Agricultura, a exemplo do já existente Serviço Social da Indústria (SESI), uma Fundação
denominada Serviço Social Rural (SSR). Apesar do nome, o SSR era uma entidade
autárquica, com personalidade jurídica e patrimônio próprio, sede e foro no Distrito Federal e
jurisdição em todo o território nacional. Segundo o art. 3o da citada Lei, o SSR teria por fim:
12
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1950-1969/L2613.htm
20
Tais atribuições são típicas de um serviço de extensão rural. Entretanto, conforme a Lei
que criou o SSR, a contratação de técnicos para o órgão somente poderia dar-se através de
concurso público e, embora o SSR tenha iniciado suas atividades a partir de 1957,
aparentemente apenas após o provimento de cargos, pelo Decreto nº 50.634, de 20 de maio de
1961 13 , é que suas atividades tomaram impulso (BELTRÃO, OLIVEIRA e PINHEIRO, 2000).
13
Disponível em:
http://aplicativos.planejamento.gov.br/conlegis.nsf/0/b8bb9a2d5d9eeef883256ab70064b01e/Conteudo/M2/50.63
4-1961.doc?OpenElement.
14
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=113324.
15
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=181056.
16
Valores corrigidos pelo IGP-DI/FGV, obtidos pela Calculadora do Cidadão, disponível no site do Banco Central.
17
Não encontramos registro de lei ou projeto de lei a que se refere o art. 7º em questão.
21
Frente à valorização do Siber e, talvez pelo atraso no preenchimento dos cargos e por
outras razões, o SSR teve “vida curta”, o que se concretizou com a promulgação da Lei
Delegada nº 11, de 11 de outubro de 1962 18 , que criou a Superintendência de Política Agrária
(SUPRA). A Supra incorporou o SSR e outros órgãos 19 , mas a Lei que a criou foi mais contida
na definição das atribuições do novo órgão referentes a Ater, ao estabelecer em seu art. 2o que:
[...]
Embora o governo federal não criasse instituições encarregadas pela prestação de serviços
de Ater pública em larga escala, apoiava com recursos o Siber. Embora os dados disponíveis
sejam escassos, sabe-se que a capacidade de atuação do Siber cresceu significativamente somente
durante as décadas de 60 e 70, conforme pode ser visto na Tabela 4 a seguir:
18
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/Leis/Ldl/Ldl11.htm.
19
Além do SSR, integraram a Supra o Instituto Nacional de Imigração e Colonização, o Conselho Nacional da
Reforma Agrária e o Estabelecimento Rural do Tapajós.
20
Disponível em: http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.504-
1964?OpenDocument.
22
1948 MG -
1949 - 4 - - - - - - -
1950 - 8 - - - - - - -
1951 - 10 - - - - - - -
1952 - 21 - - - - - - -
1953 - 21 - - - - - - -
Ancar (ação regional),
1954 CE, PE e BA 42 - - - - - - -
1955 PB, RN, RS 69 - - - - - - -
1956 ABCAR, SC, 106 - - - - - - -
1957 ES 134 - - - - - - -
1958 RJ 167 - - - - - - -
1959 PR,GO 174 215 - - - - - -
1960 197 - - - - - - -
1961 - 220 - - - - - - -
1962 SE 250 - - - - - - -
1963 MA, AL 326 - - - - - - -
1964 424 - - - - - - -
1965 MT, PA 533 831 - - - - - 8.421
1966 AM, PI 725 - - - - - - 5.534
(1)
1967 DF, CATI-SP 948 - - - - - - 12.643
1968 AC 1.021 - - - - - - 19.024
1969 - 1.025 1.393 2.434 220.000 90 28.526
1971 RR, RO - - - - - - -
1974 AP 1.422 2.236 3.371 3.331 6.704 240.028 71 56.955
Início da estatização
1975 das ACAR 1.564 2.555 4.605 3.972 8.579 - - -
1976 - 1.789 2.816 6.584 5.495 12.081 - - -
1977 - 1.800 2.913 6.540 6.562 13.104 474.189 73 81.404
1978 - 1.920 3.047 7.193 7.082 14.277 - - -
1983 - 2.506 3.166 12.121 - - 1.113.557 92 -
1988 - 2.900 3.300 - - - - - -
2003 3.664 20.599 1.890.739
2006 4.295 26.877 2.492.662
Fontes: Dados numéricos: EMBRATER, Padilha, In Carvalho (1992) e Soares (2007). Dados de criação das
ANCAR: Lopes, s/d in Fonseca (1985, p. 103) e pesquisa na Internet. Tabela elaborada pelo autor.
(1) O estado de São Paulo, optou pela criação, em 1967, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, órgão
da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento de SP. Todavia, empresas privadas (bancos, principalmente)
e a própria Secretaria (através do Instituto Agronômico de Campinas - IAC, por exemplo) já prestavam serviços de
fomento e assistência técnica desde o início do século XX (REYDON, 1989; QUEDA, 1987, p. 127).
(2) elaborados por técnicos do Sistema Abcar
Obs.: Há disparidades de informações das fontes quanto à data de fundação de algumas Acar. No Nordeste foi
fundada a Ancar, em 1954, uma única associação, que atendia a vários estados. Em 1962, os estados atendidos
pela Ancar adquiriram autonomia e cada um passou a ter a sua Ancar.
23
21
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=189918.
22
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=119982.
23
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=203575.
24
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=214479.
25
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=122480.
26
A instituição da Embrapa foi autorizada pela Lei nº 5.851, de 07 de dezembro de 1972.
24
27
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=204708.
25
28
As origens das correntes agricultura alternativa datam de fins do século XIX e início do século XX, em países
europeus, EUA e Japão.
29
Agroecologia é a base científica e tecnológica da filosofia antes empiricamente preconizada pelas correntes da
agricultura alternativa. No Brasil, os primeiros encontros e congressos nacionais de agroecologia só ocorreram
na década atual.
30
Segundo Godinho (2008),
alternância significa o processo de ensino-aprendizagem que acontece em espaços e territórios
diferenciados e alternados. O primeiro é o espaço familiar e a comunidade de origem (realidade); em
segundo, a escola onde o educando/a partilha os diversos saberes que possui com os outros atores/as e
reflete-se sobre eles em bases científicas (reflexão); e, por fim, retorna-se a família e a comunidade a fim
de continuar a práxis (prática + teoria) seja na comunidade, na propriedade (atividades de técnicas
agrícolas) ou na inserção em determinados movimentos sociais.
26
Ainda, no mesmo ano, a Lei nº 7.739, de 16 de março de 1989 33 , que dispôs sobre a
organização da Presidência da República e dos Ministérios, fundiu ao Ministério da
Agricultura o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário (MIRAD) e o Ministério
Extraordinário para Assuntos de Administração e para Assunto de Irrigação. Todavia, esta Lei
não especificou as competências do Ministério quanto à Ater.
31
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=223856.
32
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=132791.
33
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7739.htm.
34
Este Decreto foi revogado pelo Decreto no 99.226, de 27 de abril de 1990, que reafirmou a extinção da
Embrater, juntamente com outros órgãos, como o Banco Nacional de Crédito Cooperativo S. A. (BNCC). A
Companhia de Financiamento da Produção (CFP), Companhia Brasileira de Alimentos (COBAL) e Companhia
Brasileira de Armazenamento (CIBRAZEM) foram fundidas na atual CONAB, o Instituto do Açúcar e do
Álcool (IAA) e o Instituto Brasileiro do Café (IBC) foram também extintos na mesma época.
35
Para mais informações sobre a Asbraer, acessar: www.asbraer.org.br.
27
Entretanto, menos de um mês depois, de forma um tanto contraditória, uma vez que a
Embrater havia sido recém extinta, a Lei n° 8.028, de 12 de abril de 1990 36 , que novamente
dispunha sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, no art. 19, inciso
VI, p, restabeleceu a assistência técnica e extensão rural entre as competências do Mara. O
Decreto nº 99.244, de 10 de maio de 1990, que também dispôs sobre a reorganização e o
funcionamento dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios, manteve a mesma
atribuição ao Ministério.
Art. 16. A assistência técnica e extensão rural buscarão viabilizar, com o produtor
rural, proprietário ou não, suas famílias e organizações, soluções adequadas a seus
36
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8028.htm.
37
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=225280
38
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=225282.
39
Disponível em: http://legislacao.planalto.gov.br/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.171-
1991?OpenDocument.
28
Art. 17. O Poder Público manterá serviço oficial de assistência técnica e extensão
rural, sem paralelismo na área governamental ou privada, de caráter educativo,
garantindo atendimento gratuito aos pequenos produtores e suas formas associativas,
visando:
Art. 18. A ação de assistência técnica e extensão rural deverá estar integrada à
pesquisa agrícola, aos produtores rurais e suas entidades representativas e às
comunidades rurais.
40
Não encontramos na Internet nenhuma menção referente à implantação desse Plano.
29
41
Não encontramos registros no Sicon de decreto efetivando as alterações estabelecidas pelo Decreto 769/93.
42
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=138222.
43
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=140009.
30
Outra importante política pública, iniciada no mesmo ano, foi a criação do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), pelo Decreto nº 1.946, de 28
de junho de 1996. O Pronaf fornecia, inicialmente, crédito de investimento e custeio a
44
Disponível em: http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/dec%201.888-
1996?OpenDocument.
45
O Incra vinculou-se ao Gabinete através do Decreto no 1.889, de 29 de setembro de 1996.
46
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=149603. Não encontramos
dispositivos legais que tenha registrado a mudança do nome do MAARA em 1996, quando lhe foram retiradas as
competências sobre a reforma agrária.
31
Não obstante a posição defendida pelos participantes do workshop, a maior parte dos
extensionistas rurais da Ater pública, em decorrência da sua formação (voltada para a
agricultura mais modernizada e de maior escala produtiva) continuou a trabalhar com a
agricultura patronal, mais capitalizada (DIAS, 2008).
47
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3338.htm.
48
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3527.htm.
33
Um importante estudo coordenado por Guanzirolli e Cardim (2000) feito para o MDA,
a partir de dados do Censo Agropecuário de 1996, mostrou que
O estudo atestou que, de fato, a Ater pública sofreu com a extinção da Embrater e a
redução dos orçamentos federal e estaduais destinados a este serviços. A criação da Asbraer, em
1990, e do Dater, em 1994, bem como as atribuições legais ministeriais de apoio aos serviços de
Ater, não se traduziram em ações ou recursos financeiros que efetivamente recuperassem a
importância e a capacidade de ação do setor extensionista.
49
O Decreto nº 4.629, de 21.3.2003, revogou o Decreto no 3.527, de 28 de junho de 2000 e extinguiu o DIER,
mas manteve as atribuições do MAPA relativas à Ater.
50
Disponível em: http://www.mda.gov.br/condraf/arquivos/1372514286.pdf
34
a maior parte das instituições foi criada ou iniciou o seu trabalho de Ater a partir dos
anos 80, e principalmente ao longo da segunda metade dos anos 90. Essa
multiplicação de instituições é decorrente de dois processos. O primeiro está
relacionado com a redemocratização pela qual passou o país nos anos 80, período
em que vários setores da sociedade civil se fortaleceram e criaram várias
organizações. O outro processo tem relação com transformações nas políticas
públicas para o meio rural, com a implantação de políticas específicas de apoio à
agricultura familiar e aumento do número de assentamentos no país, contribuindo
para a diversificação das necessidades do meio rural e levando a uma multiplicação
de atores para atendê-las.
51
Acessar os relatórios da pesquisa em: http://www.nead.org.br/index.php?acao=biblioteca&publicacaoID=302
35
(...)
A situação atual das instituições oficiais de Ater é muito distinta daquela existente
durante o período do extinto Sibrater. Atualmente apenas 11 das 27 instituições são
Ematers e existe uma diversidade muito grande de missões institucionais, figuras
jurídicas, formas de prestar serviços e se relacionar com o público. Outro
desenvolvimento institucional importante é o estabelecimento de parcerias com as
prefeituras para a prestação de serviços. Essas parcerias envolvem vários tipos de
acordo onde as prefeituras contribuem com estrutura e/ ou pagamentos de salários e
organização do trabalho, em arranjos que variam bastante mesmo dentro de um
único estado. As governamentais de Ater têm uma presença muito forte em todo
país, com alta capilaridade, o que se constitui no seu maior trunfo. Mas essa
cobertura é bastante variável de região para região: enquanto no sul ela atinge 99%
dos municípios com escritórios locais, na região nordeste este índice é de apenas
50%. Todas têm como público prioritário os produtores familiares, sendo que pelo
menos um terço das instituições atende também agricultores patronais. O nível de
atendimento varia de 65% do público potencial na região sul a 27% na região
nordeste.
Cumpre destacar que a pesquisa foi realizada depois que o CNDRS emitiu a
Resolução no 26, de 2001, que aprovara a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão
Rural para a Agricultura Familiar e a Política, portanto, não incorporava em suas diretrizes,
princípios e objetivos, as recomendações derivadas da conclusão da pesquisa, que só foi
concluída quase dois anos mais tarde.
Muitos textos sobre Ater afirmam que o Decreto no 4.739, de 2003, promoveu a
transferência do Dater do Mapa para o MDA. Mas já vimos que o Dier substituiu o Dater na
estrutura do Mapa, pelo Decreto no 3.527, de 28 de junho de 2000. O que foi transferido,
portanto, foi a competência legal, não o departamento.
52
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4723.htm#art6.
53
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5033.htm#art6.
37
Ainda ao longo de 2003, antes da criação efetiva do Dater, foi construída pelo MDA
uma nova Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) 54 , de forma
mais democrática e participativa que a versão formulada dois anos antes pelo CNDRS, em
articulação com diversos setores do Governo Federal, assim como os segmentos da sociedade
civil, lideranças das organizações de representação dos agricultores familiares e dos
movimentos sociais. Lançada em maio de 2004, a Pnater definiu as diretrizes para a
elaboração do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PRONATER),
cuja primeira versão 55 foi publicada em 1º de março de 2005. Após o lançamento da Pnater o
Governo Federal, através do Dater/MDA, tem estimulado os estados a elaborarem seus
programas estaduais de Ater.
Tanto a Pnater como o Pronater são documentos extensos e não é o propósito deste
Estudo analisá-los em profundidade. Uma segunda edição do Pronater, com vigência prevista
para 2007 e 2008 chegou a ser discutida na IX Reunião do Comitê de Ater do Condraf,
segundo notícia veiculada no site da Faser (2007). Mas o site do Condraf 56 não apresenta
nenhum documento a respeito do novo Programa que, segundo a Faser, prevê o atendimento
de 2 milhões de famílias e capacitar 15 mil extensionistas.
A Pnater de 2004 não menciona a sua versão antecessora (de 2001, elaborada pelo
Condraf) nem dados da pesquisa (de 2002, do próprio MDA). Ela incorpora a visão inovadora
de que os serviços de Ater devem ser caracterizados por uma pluralidade de formas
institucionais. Entre as inovações da Pnater está definição de que a nova Ater deverá
organizar-se na forma de um Sistema Nacional Descentralizado de Ater Pública, do qual
participem entidades estatais e não estatais. De acordo com a Pnater,
54
Disponível em: http://www.pronaf.gov.br/dater/arquivos/Politica%20Nacional%20de%20ATER.pdf
55
Disponível em: http://www.faser.org.br/anexos/Pronater.doc.
56
Acessível em: http://www.mda.gov.br/condraf/.
38
A Pnater estabelece que estas entidades, para fazerem parte do Sistema, devem fazer
seu credenciamento junto ao Fórum Nacional de Gestão da Ater Pública ou nos Conselhos
Estaduais de Desenvolvimento Rural Sustentável (ou similares), na forma em que este
procedimento vier a ser regulamentado pelo Fórum. 57
57
Tal Fórum não foi institucionalizado até a realização do presente Estudo.
58
A anterior (e já citada neste Estudo) Câmara de ATER do CONDRAF passou à forma institucional de Comitê
de ATER.
39
Parte dos recursos orçamentários do MDA para ações de Ater será alocada nos
Programas Estaduais de Ater, para o financiamento de instituições ou organizações
de Ater credenciadas, que tenham trabalho permanente e continuado no âmbito dos
estados e/ou municípios, conforme estabelecido neste documento. Outra parte dos
recursos deverá ser canalizada para um Fundo Nacional de Apoio aos Serviços de
Ater, a ser constituído e administrado pelo Dater/SAF/MDA. 59
No mesmo ano de 2004 o Incra criou, pela Norma de Execução nº 39, de 30 de março,
da Superintendência Nacional do Desenvolvimento Agrário, um programa chamado Serviço
de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (ATES 60 ), em moldes
semelhantes aos do Projeto Lumiar, que havia sido extinto no início de 2000.
59
Todavia, tal Fundo Nacional de Apoio aos Serviços de Ater ainda não foi legalmente instituído.
60
Criado pela Norma de Execução nº 39, de 30 de março de 2004 , da Superintendência Nacional do
Desenvolvimento Agrário do INCRA. A Norma de Execução nº 60, de 07 de maio de 2007 é a mais recente
sobre o Ates. Disponível em: http://www.incra.gov.br/arquivos/0005502376.pdf.
61
O sítio do MDA na Internet não tem links de acesso às portarias ministeriais.
62
Ver notícia “Ministro lança amanhã Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural”, de
27/03/2006, disponível em: http://www.mda.gov.br/index.php?ctuid=8724&sccid=134. Acesso em 15/04/2006.
40
O Diretor do Dater informou ainda que o MDA, em parceria com a Asbraer, estava
implementando estudos para a elaboração de indicadores a serem utilizados na avaliação dos
serviços de Ater e seus resultados. A instituição do monitoramento das ações de Ater e a avaliação
dos seus resultados (sua eficiência e eficácia), seja o serviço público ou privado, seria importante,
inédita no Brasil e, sobretudo, um bom critério para a alocação de recursos públicos.
63
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5351.htm#art6.
41
maioria delas não poderá de fato ser atendida sem a adoção de ações de Ater na sua
implantação.
O MCR não é claro sobre que sentido emprega aos termos “assistência técnica e
extensão rural”. Da forma como está redigido, subentende-se que está referindo-se a um
serviço (um processo), prestado por instituições Ater. No Manual destaca-se mais o uso
isolado do termo “assistência técnica”, sendo poucas vezes acompanhado do termo “extensão
rural”. Todavia, os problemas de produção, gerência, beneficiamento, armazenamento,
comercialização, industrialização, eletrificação, consumo, bem-estar e preservação do meio
ambiente, ao qual se refere o item, envolvem agentes diversos integrantes de cada cadeia
produtiva, além de diferentes órgãos públicos. Não pode nem é o serviço de Ater capaz,
sozinho, de propor ao produtor auxiliá-lo na implantação das soluções para os problemas em
cada uma destas complexas áreas de atuação.
O MCR proíbe (item 9) que técnicos que atuam na produção ou na venda ou revenda
de insumos sejam os responsáveis técnicos pelos projetos financiados pelos agentes de
crédito. Mas, na prática, tais técnicos de fato orientam seus clientes (os produtores), como
parte das suas estratégias de venda. Esta proibição também se aplica para as atividades de
64
Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?MANUMCR.
42
7. CONCLUSÕES
O MDA passou em 2003 a ser o principal responsável pelas políticas voltadas para a
Ater e lançou uma Política e um Programa nacionais para o setor, em 2004, bem como
‘relançou’ o Sibrater (em 2006). Não obstante esse papel assumido pelo MDA, o Ministério
da Agricultura também possui atribuições regimentais em relação a Ater e o próprio site na
Internet do Mapa reitera que em sua Missão institucional está, dentre outros objetivos, a
assistência técnica e extensão rural, embora não se conheça registro de ações programáticas
recentes deste Ministério nesse campo.
Por outro lado, o Brasil tem um perfil rural e uma economia agropecuária muito
diversificados. Um modelo ou sistema único de Ater dificilmente atenderia a toda a demanda
potencial existente. O pluralismo de modelos que combinem financiamento e agentes públicos
e privados, de modo a atender a todos os públicos é a melhor saída para um desenvolvimento
mais rápido e sustentado. Nesse sentido, o Estado tem um papel ainda por cumprir através de
um maior estímulo ao financiamento público da contratação de serviços estatais ou privados
de Ater. Embora já exista no Brasil um mercado para serviços privados de Ater, são
necessárias pesquisas a seu respeito, bem como o aperfeiçoamento da legislação existente. Se
o País quiser atender às expectativas mundiais de grande produtor de matérias primas
agropecuárias e alimentos, não poderá limitar-se à discussão sobre o fim dos subsídios
44
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Development Department of Food and Agriculture Organization of the United
Nations, 2003, 90p. Disponível em:
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Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (EMATER-PR) Curitiba,
UFPR, Dissertação de mestrado, 2005. Disponível em:
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de 2007. Disponível em:
http://www2.camara.gov.br/internet/comissoes/capadr/audiencias-
2007/rap251007josesilva.pdf. Acesso em 04/04/2008.
ANEXO