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Município de Itajaí/SC

Guarda Municipal

Constituição da República Federativa do Brasil: Título I; Título lI/Capitulo I; Titulo III/Capitulo IV. ...... 1

Declaração Universal dos Direitos Humanos. ................................................................................... 33

Lei Federal n° 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA). ....................................... 44

Lei Federal nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso). ............................................................................. 113

Lei Federal n° 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). .......................................................................... 137

Apropriação do espaço público. ...................................................................................................... 155

Segurança pública nas Constituições Federal e Estadual e na Lei Orgânica Municipal. ................. 157

Estatuto do desarmamento e sua regulamentação. ........................................................................ 166

Lei Complementar Municipal 274/2014 e suas alterações (Guarda Municipal de Itajaí). ................. 183

Noções de Direito Penal (Decreto-lei n° 2.848/1940 - Código Penal). ............................................. 213

Noções de Direito Civil (Lei Federal nº 10.406/2002 - Código Civil). ............................................... 364

Legislação de Trânsito: Competências Municipal, Estadual e Federal (legislação de trânsito). ....... 401

Atribuições do Município (legislação de trânsito). ........................................................................... 415

Normas Gerais de Circulação e Conduta. ....................................................................................... 419

Medidas Administrativas. ................................................................................................................ 432

Lei 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro). .............................................................................. 434

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Candidatos ao Concurso Público,

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Bons estudos!

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Constituição da República Federativa do Brasil: Título I; Título lI/Capitulo
I; Titulo III/Capitulo IV.

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br

Título I;

Os princípios constituem ideias gerais e abstratas que expressam, em menor ou maior escala, todas
as normas que compõem a seara do direito. Poderíamos dizer que cada área do direito retrata a
concretização de certo número de princípios, que constituem o seu núcleo central. Eles possuem uma
força que permeia todo o campo sob seu alcance, daí por que todas as normas que compõem o direito
constitucional devem ser estudadas, interpretadas e compreendidas à luz desses princípios.
Nos princípios constitucionais, condensam-se bens e valores considerados fundamentos de validade
de todo o sistema jurídico. Assim, os princípios consagrados constitucionalmente servem, a um só tempo,
como objeto da interpretação constitucional, como diretriz para a atividade interpretativa e como guias a
opção de interpretação.
Os princípios constituem a base, o alicerce de um sistema jurídico. São verdadeiras proposições
lógicas que fundamentam e sustentam um sistema.
Sabe-se que os princípios, ao lado das regras, são normas jurídicas. Os princípios, porém, exercem
dentro do sistema normativo um papel diferente dos das regras. As regras, por descreverem fatos
hipotéticos, possuem a nítida função de regular, direta ou indiretamente, as relações jurídicas que se
enquadrem nas molduras típicas por elas descritas. Não é assim com os princípios, que são normas
generalíssimas dentro do sistema.
Serve o princípio como limite de atuação do jurista. No mesmo passo em que funciona como vetor de
interpretação, o princípio tem como função limitar a vontade subjetiva do aplicador do direito, vale dizer,
os princípios estabelecem balizamentos dentro dos quais o jurista exercitará sua criatividade, seu senso
do razoável e sua capacidade de fazer a justiça do caso concreto.
Assim, a Constituição brasileira tem o seu Título I (artigos 1º ao 4º), integralmente dedicado aos
“princípios fundamentais”, que são as regras informadoras de todo um sistema de normas, as diretrizes
básicas do ordenamento constitucional brasileiro. São regras que contêm os mais importantes valores
que informam a elaboração da Constituição da República Federativa do Brasil, e que por tal motivo
merecem estudo aprofundado, por serem tema constante em provas de concursos.

Vejamos a seguir o texto constitucional pertinente ao assunto:

TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.

O artigo define a forma de Estado (Federativa) e a forma de Governo (República) em duas palavras
“República Federativa”, “formada pela União indissolúvel” (nenhum ente pode pretender se separar),
numa Federação não existe a hipótese de separação, “constitui em Estado Democrático de Direito”. Essa
expressão traz em si a ideia do Estado formado a partir da vontade do povo, voltado para o povo e ao

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interesse do povo (o povo tem uma participação ativa, sempre com o respeito aos Direitos e garantias
fundamentais), e tem por fundamentos:
I - Soberania. Constitui um dos atributos do próprio Estado, pois não existe Estado sem soberania.
Significa a supremacia do Estado brasileiro na ordem política interna e a independência na ordem política
externa.
II - Cidadania. O termo “cidadania” foi empregado em sentido amplo, abrangendo não só a titularidade
de direitos políticos, mas também civis. Alcança tanto o exercício do direito de votar e ser votado como o
efetivo exercício dos diversos direitos previstos na Constituição, tais como educação, saúde e trabalho.
Cidadania, no conceito expresso por Hannah Arendt, o direito a ter direitos.
III - Dignidade da pessoa humana. O valor dignidade da pessoa humana deve ser entendido como o
absoluto respeito aos direitos fundamentais de todo ser humano, assegurando-se condições dignas de
existência para todos. O ser humano é considerado pelo Estado brasileiro como um fim em si mesmo,
jamais como meio para atingir outros objetivos.
IV - Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. O trabalho e a livre iniciativa foram identificados
como fundamentos da ordem econômica estabelecida no Brasil, ambos considerados indispensáveis para
o adequado desenvolvimento do Estado brasileiro. Esses dois fatores revelam o modo de produção
capitalista vigente. A Constituição pretende estabelecer um regime de harmonia entre capital e trabalho.
V - Pluralismo político. O pluralismo político significa a livre formação de correntes políticas no País,
permitindo a representação das diversas camadas da opinião pública em diferentes segmentos. Esse
dispositivo constitucional veda a adoção de leis infraconstitucionais que estabeleçam um regime de
partido único ou um sistema de bipartidarismo forçado ou que impeçam uma corrente política de se
manifestar no País.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário.

a) O Poder Executivo é um dos poderes governamentais, segundo a teoria da separação dos poderes
cuja responsabilidade é a de implementar, ou executar, as leis e a agenda diária do governo ou do
Estado.). O poder executivo varia de país a país. Nos países presidencialistas, o poder executivo é
representado pelo seu presidente, que acumula as funções de chefe de governo e chefe de estado.
b) O Poder Legislativo é o poder de legislar, criar leis. No sistema de três poderes proposto por
Montesquieu, o poder legislativo é representado pelos legisladores, homens que devem elaborar as leis
que regulam o Estado. O poder legislativo na maioria das repúblicas e monarquias é constituído por um
congresso, parlamento, assembleias ou câmaras. O objetivo do poder legislativo é elaborar normas de
direito de abrangência geral (ou, raramente, de abrangência individual) que são estabelecidas aos
cidadãos ou às instituições públicas nas suas relações recíprocas.
c) O Poder judiciário é um dos três poderes do Estado moderno na divisão preconizada por
Montesquieu em sua teoria da separação dos poderes. Ele possui a capacidade de julgar, de acordo com
as leis criadas pelo Poder Legislativo e de acordo com as regras constitucionais em determinado país.
Ministros, Desembargadores e Juízes formam a classe dos magistrados (os que julgam).

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

A nossa Constituição, quanto ao modelo, classifica-se como dirigente, pois estabelece metas que
devem ser buscadas pelo Estado brasileiro, diretrizes que devem informar os programas de atuação
governamental em todas as esferas do poder político.
Atenção! Observa-se que os objetivos previstos neste artigo, não se confundem com os fundamentos
estabelecidos no artigo 1º, tendo em vista que os fundamentos são princípios inerentes ao próprio Estado
brasileiro, fazem parte de sua construção, já os objetivos fundamentais são as finalidades a serem
alcançadas.
Foram estabelecidos quatro objetivos fundamentais para a República Federativa do Brasil: I -
construir uma sociedade livre, justa e solidária (consolidada nos princípios da liberdade, justiça e
solidariedade); II - garantir o desenvolvimento nacional (em todos os sentidos, tanto econômico, como
também social); III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais

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(redução e proteção contra as desigualdades entre os estados); IV - promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (preocupação
com a igualdade e a eliminação da discriminação).

Dica! Processos mnemônicos são muito úteis para auxiliar na fixação do conteúdo, por isso tente
desenvolver métodos que lhe ajudem no estudo. Ex.: Fundamentos memorizar a palavra:
“SoCiDigVaPlu” e Objetivos a frase: “Com garra erra pouco”, que correspondem as suas iniciais.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.

Traz os princípios que regem o Brasil nas suas relações internacionais. A República Federativa do
Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: independência nacional,
prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, não-intervenção, igualdade entre os
Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação
entre os povos para o progresso da humanidade, concessão de asilo político. A República Federativa do
Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Outros princípios fundamentais estão espalhados por todo o texto constitucional, de forma explícita ou
implícita. Muitos de forma até repetitiva, para que não sejam desconsiderados. As colisões de princípios
são resolvidas pelo critério de peso, preponderando o de maior valor no caso concreto, pois ambas as
normas jurídicas são consideradas igualmente válidas. Por exemplo: o eterno dilema entre a liberdade de
informação jornalística e a tutela da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas
(CF/88, art. 220, §1º). Há necessidade de compatibilizar ao máximo os princípios, podendo prevalecer,
no caso concreto, a aplicação de um ou outro direito.

Título lI/Capitulo I;

A Constituição de 1988 foi a primeira a estabelecer direitos não só de indivíduos, mas também de
grupos sociais, os denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser coletivamente
consideradas. Por outro lado, pela primeira vez, junto com direitos foram estabelecidos expressamente
deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos como os indivíduos têm obrigações específicas,
inclusive a de respeitar os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social.

Constituição Federal:

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

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O artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 pode ser caracterizado como
um dos mais importantes constantes do arcabouço jurídico brasileiro. Tal fato se justifica em razão de
que este apresenta, em seu bojo, a proteção dos bens jurídicos mais importantes para os cidadãos, quais
sejam: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade.
A relação extensa de direitos individuais estabelecida no art. 5º da Constituição tem caráter meramente
enunciativo, não se trata de rol taxativo. Existem outros direitos individuais resguardados em outras
normas previstas na própria Constituição (por exemplo, o previsto no art. 150, contendo garantias de
ordem tributária).

Vamos acompanhar em seguida o que prevê os demais dispositivos da norma:

I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

O inciso supracitado traz, em seu bojo, um dos princípios mais importantes existentes no ordenamento
jurídico brasileiro, qual seja, o princípio da isonomia ou da igualdade. Tal princípio igualou os direitos e
obrigações dos homens e mulheres, porém, permitindo as diferenciações realizadas nos termos da
Constituição.

II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

O inciso supracitado contém em seu conteúdo o princípio da legalidade. Ele garante a segurança
jurídica e impede que o Estado aja de forma arbitrária. Tal princípio tem por escopo explicitar que nenhum
cidadão será obrigado a realizar ou deixar de realizar condutas que não estejam definidas em lei. Ou seja,
para o particular, apenas a lei pode criar uma obrigação. Além disso, se não existe uma lei que proíba
uma determinada conduta, significa que ela é permitida.
Outro ponto importante a ser ressaltado é que legalidade não se confunde com reserva legal. A
legalidade é mais ampla, significa que deve haver lei, elaborada segundo as regras do processo
legislativo, para criar uma obrigação. Já a reserva legal é de menor abrangência e significa que,
determinadas matérias, especificadas pela Constituição, só podem ser tratadas por lei proveniente do
Poder Legislativo (ex.: art. 5.º, inciso XXXIX: "não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal", este é o famoso princípio da reserva legal).

III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

O inciso em questão garante que nenhum cidadão será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante. Tal assertiva se alicerça ao fato de que o sujeito que cometer tortura estará
cometendo crime tipificado na Lei nº 9.455/97. Cabe ressaltar, ainda, que a prática de tortura caracteriza-
se como crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Não obstante as características
anteriormente citadas, o crime de tortura ainda é considerado hediondo, conforme explicita a Lei nº
8.072/90. Crimes hediondos são aqueles considerados como repugnantes, de extrema gravidade, os
quais a sociedade não compactua com a sua realização. São exemplos de crimes hediondos: tortura,
homicídio qualificado, estupro, extorsão mediante sequestro, estupro de vulnerável, dentre outros.

IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Este inciso garante a liberdade de manifestação de pensamento, até como uma resposta à limitação
desses direitos no período da ditadura militar. Não somente por este inciso, mas por todo o conteúdo, que
a Constituição da República Federativa de 1988 consagrou-se como a “Constituição Cidadã”. Um ponto
importante a ser citado neste inciso é a proibição do anonimato. Cabe ressaltar que a adoção de eventuais
pseudônimos não afetam o conteúdo deste inciso, mas tão somente o anonimato na manifestação do
pensamento.

V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano


material, moral ou à imagem;

O referido inciso traz, em seu bojo, uma norma assecuratória de direitos fundamentais, onde se
encontra assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização correspondente
ao dano causado. Um exemplo corriqueiro da aplicação deste inciso encontra-se nas propagandas
partidárias, quando um eventual candidato realiza ofensas ao outro. Desta maneira, o candidato ofendido

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possui o direito de resposta proporcional à ofensa, ou seja, a resposta deverá ser realizada nos mesmos
parâmetros que a ofensa. Assim, se a resposta deverá possuir o mesmo tempo que durou a ofensa,
deverá ocorrer no mesmo veículo de comunicação em que foi realizada a conduta ofensiva. Não obstante,
o horário obedecido para a resposta deverá ser o mesmo que o da ofensa.
Em que pese haja a existência do direito de resposta proporcional ao agravo, ainda há possibilidade
de ajuizamento de ação de indenização por danos materiais, morais ou à imagem. Assim, estando
presente a conduta lesiva, que tenha causando um resultado danoso e seja provado o nexo de
causalidade com o eventual elemento subjetivo constatado, ou seja, a culpa, demonstra-se medida de
rigor, o arbitramento de indenização ao indivíduo lesado.

VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

Este inciso demonstra a liberdade de escolha da religião pelas pessoas. Não obstante, a segunda
parte deste resguarda a liberdade de culto, garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
liturgias. Existem doutrinadores que entendem que a liberdade expressa neste inciso é absoluta,
inexistindo qualquer tipo de restrição a tal direito. Contudo, entendemos não ser correto tal
posicionamento. Tal fato se justifica com a adoção de um simples exemplo. Imaginemos que uma
determinada religião utiliza em seu culto, alta sonorização, que causa transtornos aos vizinhos do recinto.
Aqui estamos diante de dois direitos constitucionalmente tutelados. O primeiro que diz respeito à liberdade
de culto e o segundo, referente ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, explicitado pelo artigo 225
da CF/88. Como é possível perceber com a alta sonorização empregada, estamos diante de um caso de
poluição sonora, ou seja, uma conduta lesiva ao meio ambiente. Curiosamente, estamos diante de um
conflito entre a liberdade de culto e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ambos direitos
constitucionalmente expressos. Como solucionar tal conflito? Essa antinomia deverá ser solucionada
através da adoção do princípio da cedência recíproca, ou seja, cada direito deverá ceder em seu campo
de aplicabilidade, para que ambos possam conviver harmonicamente no ordenamento jurídico brasileiro.
Desta maneira, como foi possível perceber a liberdade de culto não é absoluta, possuindo, portanto,
caráter relativo, haja vista a existência de eventuais restrições ao exercício de tal direito consagrado.
O Brasil é um país LAICO ou LEIGO, ou seja, não tem uma religião oficial.

VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva;

Neste inciso encontra-se assegurado o direito de prestação de assistência religiosa em entidades civis
e militares de internação coletiva. Quando o inciso se refere às entidades civis e militares de internação
coletiva está abarcando os sanatórios, hospitais, quartéis, dentre outros.
Cabe ressaltar que a assistência religiosa não abrange somente uma religião, mas todas. Logo, por
exemplo, os protestantes não serão obrigados a assistirem os cultos religiosos das demais religiões, e
vice versa.

VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Este inciso expressa a possibilidade de perda dos direitos pelo cidadão que, para não cumprir
obrigação legal imposta a todos e para recusar o cumprimento de prestação alternativa, alega como
motivo crença religiosa ou convicção filosófica ou política.
Um exemplo de obrigação estipulada por lei a todos os cidadãos do sexo masculino é a prestação de
serviço militar obrigatório. Nesse passo, se um cidadão deixar de prestar o serviço militar obrigatório
alegando como motivo a crença em determinada religião que o proíba poderá sofrer privação nos seus
direitos.

IX – é livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;

Este inciso tem por escopo a proteção da liberdade de expressão, sendo expressamente vedada a
censura e a licença. Como é possível perceber, mais uma vez nossa Constituição visa proteger o cidadão
de alguns direitos fundamentais que foram abolidos durante o período da ditadura militar. Para melhor

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compreensão do inciso supracitado, a censura consiste na verificação do pensamento a ser divulgado e
as normas existentes no ordenamento. Desta maneira, a Constituição veda o emprego de tal mecanismo,
visando garantir ampla liberdade ao cidadão, taxado como um bem jurídico inviolável do cidadão,
expressamente disposto no caput do artigo 5º.

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito à indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação;

Os direitos da personalidade decorrem da dignidade humana. O direito à privacidade decorre da


autonomia da vontade e do livre-arbítrio, permitindo à pessoa conduzir sua vida da forma que julgar mais
conveniente, sem intromissões alheias, desde que não viole outros valores constitucionais e direitos de
terceiro.
A CF/88 protege a privacidade, que abrange: intimidade, vida privada, honra e imagem.
A honra pode ser subjetiva (estima que a pessoa possui de si mesma) ou objetiva (reputação do
indivíduo perante o meio social em que vive). As pessoas jurídicas só possuem honra objetiva.
O direito à imagem, que envolve aspectos físicos, inclusive a voz, impede sua captação e difusão sem
o consentimento da pessoa, ainda que não haja ofensa à honra. Neste sentido, a súmula 403 do STJ:
“Súmula 403 do STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da
imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.

Este direito, como qualquer outro direito fundamental, pode ser relativizado quando em choque com
outros direitos. Por exemplo, pessoas públicas, tendem a ter uma restrição do direito à imagem frente ao
direito de informação da sociedade. Também a divulgação em contexto jornalístico de interesse público,
a captação por radares de trânsito, câmeras de segurança ou eventos de interesse público, científico,
histórico, didático ou cultural são limitações legítimas ao direito à imagem.
Por outro lado, o inciso em questão traz a possibilidade de ajuizamento de ação que vise à indenização
por danos materiais ou morais decorrentes da violação dos direitos expressamente tutelados. Entende-
se como dano material, o prejuízo sofrido na esfera patrimonial, enquanto o dano moral, aquele não
referente ao patrimônio do indivíduo, mas sim que causa ofensa à honra do indivíduo lesado.
Não obstante a responsabilização na esfera civil, ainda é possível constatar que a agressão a tais
direitos também encontra guarida no âmbito penal. Tal fato se abaliza na existência dos crimes de calúnia,
injúria e difamação, expressamente tipificados no Código Penal Brasileiro.

XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial;

O conceito de casa é amplo, alcançando os locais habitados de maneira exclusiva. Exemplo:


escritórios, oficinas, consultórios e locais de habitação coletiva (hotéis, motéis etc.) que não sejam abertos
ao público, recebendo todos estes locais esta proteção constitucional.
O referido inciso traz a inviolabilidade do domicílio do indivíduo. Todavia, tal inviolabilidade não possui
cunho absoluto, sendo que o mesmo artigo explicita os casos em que há possibilidade de penetração no
domicílio sem o consentimento do morador. Os casos em que é possível a penetração do domicílio são:

Durante o dia Durante a noite


Consentimento do Consentimento do
morador morador
Caso de flagrante Caso de flagrante
delito delito
Desastre ou Desastre ou
prestar socorro prestar socorro
Determinação --
judicial

Note-se que o ingresso em domicílio por determinação judicial somente é passível de realização
durante o dia. Tal ingresso deverá ser realizado com ordem judicial expedida por autoridade judicial

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competente, sob pena de considerar-se o ingresso desprovido desta como abuso de autoridade, além da
tipificação do crime de Violação de Domicílio, que se encontra disposto no artigo 150 do Código Penal.
Todavia, o que podemos considerar como dia e noite? Existem entendimentos que consideram o dia
como o período em que paira o sol, enquanto a noite onde há a existência do crepúsculo. No entanto,
entendemos não ser eficiente tal classificação, haja vista a existência no nosso país do horário de verão
adotado por alguns Estados e não por outros, o que pode gerar confusão na interpretação desse inciso.
Assim, para fins didáticos e de maior segurança quanto à interpretação, entendemos que o dia pode
ser compreendido entre as 6 horas e às 18 horas do mesmo dia, enquanto o período noturno é
compreendido entre as 18 horas de um dia até às 6 horas do dia seguinte (critério cronológico).

XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Este inciso tem por escopo demonstrar a inviolabilidade do sigilo de correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e comunicações telefônicas. No entanto, o próprio inciso traz a
possibilidade de quebra do sigilo telefônico, por ordem judicial, desde que respeite a lei, para que seja
possível a investigação criminal e instrução processual penal.
Para que fique mais claro o conteúdo do inciso em questão, vejamos:
- Sigilo de Correspondência: Possui como regra a inviolabilidade trazida no Texto Constitucional.
Todavia, em caso de decretação de estado de defesa ou estado de sítio poderá haver limitação a tal
inviolabilidade. Outra possibilidade de quebra de sigilo de correspondência entendida pelo Supremo
Tribunal Federal diz respeito às correspondências dos presidiários. Visando a segurança pública e a
preservação da ordem jurídica o Supremo Tribunal Federal entendeu ser possível à quebra do sigilo de
correspondência dos presidiários. Um dos motivos desse entendimento da Suprema Corte é que o direito
constitucional de inviolabilidade de sigilo de correspondência não pode servir de guarida aos criminosos
para a prática de condutas ilícitas.
- Sigilo de Comunicações Telegráficas: A regra empregada é da inviolabilidade do sigilo, sendo,
porém, possível à quebra deste em caso de estado de defesa e estado de sítio.
- Sigilo das Comunicações Telefônicas: A regra é a inviolabilidade de tal direito. Outrossim, a própria
Constituição traz no inciso supracitado a exceção. Assim, será possível a quebra do sigilo telefônico,
desde que esteja amparado por decisão judicial de autoridade competente para que seja possível a
instrução processual penal e a investigação criminal. O inciso em questão ainda exige para a quebra do
sigilo a obediência de lei. Essa lei entrou em vigor em 1996, sob o nº 9.296. A lei em questão, traz em
seu bojo, alguns requisitos que devem ser observados para que seja possível realizar a quebra do sigilo
telefônico.
Isso demonstra que não será possível a quebra dos sigilos supracitados por motivos banais, haja vista
estarmos diante de um direito constitucionalmente tutelado.
A quebra desse tipo de sigilo pode ocorrer por determinação judicial ou por Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI).
O sigilo de dados engloba dados fiscais, bancários e telefônicos (referente aos dados da conta e não
ao conteúdo das ligações).
Quanto às comunicações telefônicas (conteúdo das ligações), existe uma reserva jurisdicional. A
interceptação só pode ocorrer com ordem judicial, para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal, sob pena de constituir prova ilícita.

XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações


profissionais que a lei estabelecer;

Aqui estamos diante de uma norma de aplicabilidade contida. A norma de aplicabilidade contida possui
total eficácia, dependendo, no entanto, de uma lei posterior que reduza a aplicabilidade da primeira. Como
é possível perceber o inciso em questão demonstra a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou
profissão, devendo, no entanto, serem obedecidas às qualificações profissionais que a lei posterior
estabeleça. Note-se que essa lei posterior reduz os efeitos de aplicabilidade da lei anterior que garante a
liberdade de exercício de trabalho, ofício ou profissão.
Um exemplo muito utilizado pela doutrina é o do Exame aplicado pela Ordem dos Advogados do Brasil
aos bacharéis em Direito, para que estes obtenham habilitação para exercer a profissão de advogados.
Como é notório, a lei garante a liberdade de trabalho, sendo, no entanto, que a lei posterior, ou seja, o

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Estatuto da OAB, prevê a realização do exame para que seja possível o exercício da profissão de
advogado.

XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando


necessário ao exercício profissional;

Este inciso prega a proteção ao direito de liberdade de informação. Aqui estamos tratando do direito
de informar, como também o de ser informado. Tal é a importância da proteção desse direito que a própria
Constituição trouxe no bojo do seu artigo 5º, mais precisamente no seu inciso XXXIII, que todos têm
direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou
geral. É importante salientar que no caso de desrespeito a tal direito, há existência de um remédio
constitucional, denominado habeas data, que tem por objetivo dar às pessoas informações constantes
em bancos de dados, bem como de retificá-los, seja através de processo sigiloso, judicial ou
administrativo. Cabe ressaltar, ainda, que o referido inciso traz a possibilidade de se resguardar o sigilo
da fonte. Esse sigilo diz respeito àquela pessoa que prestou as informações. Todavia, esse sigilo não
possui conotação absoluta, haja vista que há possibilidade de revelação da fonte informadora, em casos
expressos na lei.

XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

O inciso em questão prega o direito de locomoção. Esse direito abrange o fato de se entrar,
permanecer, transitar e sair do país, com ou sem bens. Quando o texto constitucional explicita que
qualquer pessoa está abrangida pelo direito de locomoção, não há diferenciação entre brasileiros natos
e naturalizados, bem como nenhuma questão atinente aos estrangeiros. Assim, no presente caso a
Constituição tutela não somente o direito de locomoção do brasileiro nato, bem como o do naturalizado e
do estrangeiro.
Desta forma, como é possível perceber a locomoção será livre em tempo de paz. Porém tal direito é
relativo, podendo ser restringido em casos expressamente dispostos na Constituição, como por exemplo,
no estado de sítio e no estado de defesa.

XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Neste inciso encontra-se presente outro direito constitucional, qual seja: o direito de reunião. A grande
característica da reunião é a descontinuidade, ou seja, pessoas se reúnem para discutirem determinado
assunto, e finda a discussão, a reunião se encerra. Cabe ressaltar que a diferença entre reunião e
associação está intimamente ligada a tal característica. Enquanto a reunião não é contínua, a
associação tem caráter permanente.
Explicita o referido inciso, a possibilidade da realização de reuniões em locais abertos ao público,
desde que não haja presença de armas e que não frustre reunião previamente convocada. É importante
salientar que o texto constitucional não exige que a reunião seja autorizada, mas tão somente haja uma
prévia comunicação à autoridade competente.
De forma similar ao direito de locomoção, o direito de reunião também é relativo, pois poderá ser
restringido em caso de estado de defesa e estado de sítio.

XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Como foi explicitado na explicação referente ao inciso anterior, a maior diferença entre reunião e
associação está na descontinuidade da primeira e na permanência da segunda. Este inciso prega a
liberdade de associação. É importante salientar que a associação deve ser para fins lícitos, haja vista que
a ilicitude do fim pode tipificar conduta criminosa.
O inciso supracitado ainda traz uma vedação, que consiste no fato da proibição de criação de
associações com caráter paramilitar. Quando falamos em associações com caráter paramilitar estamos
nos referindo àquelas que buscam se estruturar de maneira análoga às forças armadas ou policiais.
Assim, para que não haja a existência de tais espécies de associações o texto constitucional traz
expressamente a vedação.

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XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

Neste inciso está presente o desdobramento da liberdade de associação, onde a criação de


cooperativas e associações independem de autorização. É importante salientar que o constituinte também
trouxe no bojo deste inciso uma vedação no que diz respeito à interferência estatal no funcionamento de
tais órgãos. O constituinte vedou a possibilidade de interferência estatal no funcionamento das
associações e cooperativas obedecendo à própria liberdade de associação.

XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades


suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

O texto constitucional traz expressamente as questões referentes à dissolução e suspensão das


atividades das associações. Neste inciso estamos diante de duas situações diversas. Quando a questão
for referente à suspensão de atividades da associação, a mesma somente se concretizará através de
decisão judicial. Todavia, quando falamos em dissolução compulsória das entidades associativas, é
importante salientar que a mesma somente alcançará êxito através de decisão judicial transitada em
julgado.
Logo, para ambas as situações, seja na dissolução compulsória, seja na suspensão de atividades,
será necessária decisão judicial. Entretanto, como a dissolução compulsória possui uma maior gravidade
exige-se o trânsito em julgado da decisão judicial.
Para uma compreensão mais simples do inciso em questão, o que podemos entender como decisão
judicial transitada em julgado? A decisão judicial transitada em julgado consiste em uma decisão emanada
pelo Poder Judiciário onde não seja mais possível a interposição de recursos.

XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

Aqui se encontra outro desdobramento da liberdade de associação. Estamos diante da liberdade


associativa, ou seja, do fato que ninguém será obrigado a associar-se ou a permanecer associado.

XXI- as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para


representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Este inciso expressa a possibilidade das entidades associativas, desde que expressamente
autorizadas, representem seus filiados judicial ou extrajudicialmente. Cabe ressaltar que, de acordo com
a legislação processual civil, ninguém poderá alegar em nome próprio direito alheio, ou seja, o próprio
titular do direito buscará a sua efetivação. No entanto, aqui estamos diante de uma exceção a tal regra,
ou seja, há existência de legitimidade extraordinária na defesa dos interesses dos filiados. Assim, desde
que expressamente previsto no estatuto social, as entidades associativas passam a ter legitimidade para
representar os filiados judicial ou extrajudicialmente. Quando falamos em legitimidade na esfera judicial,
estamos nos referindo à tutela dos interesses no Poder Judiciário. Porém, quando falamos em tutela
extrajudicial a tutela pode ser realizada administrativamente.

XXII- é garantido o direito de propriedade;

Este inciso traz a tutela de um dos direitos mais importantes na esfera jurídica, qual seja: a propriedade.
Em que pese tenha o artigo 5º, caput, consagrado à propriedade como um direito fundamental, o inciso
em questão garante o direito de propriedade. De acordo com a doutrina civilista, o direito de propriedade
caracteriza-se pelo uso, gozo e disposição de um bem. Todavia, o direito de propriedade não é absoluto,
pois existem restrições ao seu exercício, como por exemplo, a obediência à função social da propriedade.

XXIII- a propriedade atenderá a sua função social;

Neste inciso encontra-se presente uma das limitações ao direito de propriedade, qual seja: a função
social. A propriedade urbana estará atendendo sua função social quando atender as exigências
expressas no plano diretor. O plano diretor consiste em um instrumento de política desenvolvimentista,
obrigatório para as cidades que possuam mais de vinte mil habitantes. Tal plano tem por objetivo traçar
metas que serão obedecidas para o desenvolvimento das cidades.

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XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
casos previstos nesta Constituição;

O inciso XXIV traz o instituto da desapropriação. A Desapropriação é o procedimento pelo qual o Poder
Público, fundado na necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, compulsoriamente, priva
alguém de certo bem, móvel ou imóvel, adquirindo-o para si em caráter originário, mediante justa e
prévia indenização. É, em geral, um ato promovido pelo Estado, mas poderá ser concedido a particulares
permissionários ou concessionários de serviços públicos, mediante autorização da Lei ou de Contrato
com a Administração. Assim, desde que sejam obedecidos alguns requisitos o proprietário poderá ter
subtraída a coisa de sua propriedade. São eles:
- Necessidade pública;
- Utilidade pública;
- Interesse social;
- Justa e prévia indenização; e
- Indenização em dinheiro.

XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

No caso do inciso XXV estamos diante do instituto da requisição administrativa. Este instituto, como o
próprio inciso denota, permite à autoridade competente utilizar propriedades particulares em caso de
iminente perigo público. Desta maneira, utilizada a propriedade particular será seu proprietário
indenizado, posteriormente, caso seja constatada a existência de dano. Em caso negativo, este não será
indenizado. Um exemplo típico do instituto da requisição administrativa é o encontrado no caso de
guerras. A título exemplificativo, se o nosso país estivesse em guerra, propriedades particulares poderiam
ser utilizadas e, caso fosse comprovada a ocorrência de danos, os proprietários seriam indenizados.

XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

Este inciso traz a impenhorabilidade da pequena propriedade rural. É importante salientar que a regra
de impenhorabilidade da pequena propriedade rural para pagamento de débitos decorrentes da atividade
produtiva abrange somente aquela trabalhada pela família. Cabe ressaltar que essa proteção acaba por
trazer consequências negativas para os pequenos produtores. Tal assertiva se justifica pelo fato de que,
não podendo ser a propriedade rural objeto de penhora, com certeza a busca pelo crédito será mais difícil,
haja vista a inexistência de garantias para eventuais financiamentos.

Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel


pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a
terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da
sua família.

XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de


suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

Este inciso tem por escopo a tutela do direito de propriedade intelectual, quais sejam: a propriedade
industrial e os direitos do autor. Como é possível extrair do inciso supracitado esses direitos são passíveis
de transmissão por herança, sendo, todavia, submetidos a um tempo fixado pela lei. Desta maneira, não
é pelo simples fato de ser herdeiro do autor de uma determinada obra que lhe será garantida a
propriedade da mesma, pois a lei estabelecerá um tempo para que os herdeiros possam explorar a obra.
Após o tempo estabelecido a obra pertencerá a todos.

XXVIII- são assegurados, nos termos da lei:

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a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que
participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e
associativas;

Este inciso preza a proteção dos direitos individuais do autor quando participe de uma obra coletiva.
Um exemplo que pode ilustrar o conteúdo da alínea “a” diz respeito à gravação de um CD por diversos
cantores. Não é pelo simples fato da gravação ser coletiva que não serão garantidos os direitos autorais
individuais dos cantores. Pelo contrário, serão respeitados os direitos individuais de cada cantor.
Ato contínuo, o inciso “b” traz o instituto do direito de fiscalização do aproveitamento das obras. A
alínea em questão expressa que o próprio autor poderá fiscalizar o aproveitamento econômico da obra,
bem como os intérpretes, representações sindicais e associações.

XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico
e econômico do País;

Este inciso trata, ainda, da tutela do direito de propriedade intelectual, explicitando o caráter não-
definitivo de exploração das obras, haja vista a limitação temporal de exploração por lei. Isso ocorre pelo
fato de que há imbuído um grande interesse da sociedade em conhecer o conteúdo das pesquisas e
inventos que podem trazer maior qualidade de vida à população.

XXX- é garantido o direito de herança;

Como um desdobramento do direito de propriedade, a Constituição consagra, no presente inciso, o


direito de herança. Segundo Maria Helena Diniz “o objeto da sucessão causa mortis é a herança, dado
que, com a abertura da sucessão, ocorre a mutação subjetiva do patrimônio do de cujus, que se transmite
aos seus herdeiros, os quais se sub-rogam nas relações jurídicas do defunto, tanto no ativo como no
passivo até os limites da herança”.
De acordo com a citação da doutrinadora supracitada, podemos concluir que a herança é o objeto da
sucessão. Com a morte abre-se a sucessão, que tem por objetivo transferir o patrimônio do falecido aos
seus herdeiros. É importante salientar que são transferidos aos herdeiros tanto créditos (ativo) como
dívidas (passivo), até que seja satisfeita a totalidade da herança.
Os herdeiros só respondem pelas dívidas de seu sucessor nas forças da herança.

XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei
pessoal do de cujus;

Neste inciso estamos diante da sucessão de bens de estrangeiros situados no nosso país. A regra,
conforme denota o inciso supracitado, é que a sucessão dos bens do estrangeiro será regulada pela lei
brasileira. Todavia, o próprio inciso traz uma exceção, que admite a possibilidade da sucessão ser
regulada pela lei do falecido, desde que seja mais benéfica ao cônjuge e aos filhos brasileiros.

XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

Este inciso traz, em seu conteúdo, a intenção do Estado em atuar na defesa do consumidor, ou seja,
da parte hipossuficiente da relação de consumo. O inciso supracitado explicita que o Estado promoverá,
na forma da lei, a defesa do consumidor. A lei citada pelo inciso entrou em vigor no dia 11 de setembro
de 1990 e foi denominada como Código de Defesa do Consumidor, sob o nº 8.078/90.

XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado;

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Aqui encontramos um desdobramento do direito à informação. Como é cediço é direito fundamental
ao cidadão informar e ser informado. Desta maneira, todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse ou de interesse coletivo ou geral. Para que seja efetivado o direito de
informação, em caso de descumprimento, o ofendido poderá utilizar-se do remédio constitucional
denominado habeas data, que tem por escopo assegurar o conhecimento das informações dos indivíduos
que estejam em bancos de dados, bem como de retificar informações que estejam incorretas, por meio
sigiloso, judicial ou administrativo.
É importante salientar que as informações deverão ser prestadas dentro do prazo estipulado em lei,
sob pena de responsabilidade.
Todavia, o final do inciso supracitado traz uma limitação à liberdade de informação qual seja: a restrição
aos dados cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:


a) o direito de petição aos Poder Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento
de situações de interesse pessoal;

Preliminarmente, é importante salientar que tanto o direito de petição ao Poder Público, como o direito
de obtenção de certidões em repartições públicas são assegurados, independentemente, do pagamento
de taxas. Isso não quer dizer que o exercício desses direitos seja realizado gratuitamente, mas sim, que
podem ser isentos de taxas para as pessoas reconhecidamente pobres.
A alínea “a” traz, em seu bojo, o direito de petição. Tal direito consiste na possibilidade de levar ao
conhecimento do Poder Público a ocorrência de atos eivados de ilegalidade ou abuso de poder.
Posteriormente, a alínea “b” trata da obtenção de certidões em repartições públicas. De acordo com a
Lei nº 9.051/95 o prazo para o esclarecimento de situações e expedição de certidões é de quinze dias.
Todavia, se a certidão não for expedida a medida jurídica cabível é a impetração do mandado de
segurança e não o habeas data.

XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Neste inciso encontra-se consagrado o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Como explicita o


próprio conteúdo do inciso supracitado, não poderão haver óbices para o acesso ao Poder Judiciário.
Havendo lesão ou ameaça de lesão a direito, tal questão deverá ser levada até o Poder Judiciário para
que possa ser dirimida. Quando a lesão acontecer no âmbito administrativo não será necessário o
esgotamento das vias administrativas. Assim, o lesado poderá ingressar com a medida cabível no Poder
Judiciário, independentemente do esgotamento das vias administrativas. Todavia, há uma exceção a essa
regra. Tal exceção diz respeito à Justiça Desportiva, que exige para o ingresso no Poder Judiciário, o
esgotamento de todos os recursos administrativos cabíveis.

XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Quando este inciso explicita que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada, a real intenção é a preservação da segurança jurídica, pois com a observância deste
estaremos diante da estabilidade das relações jurídicas. Para um melhor entendimento, o conceito dos
institutos supracitados estão dispostos no artigo 6º da LINDB (Lei de Introdução às Normas de Direito
Brasileiro). São eles:
- Direito adquirido: Direito que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo
começo do exercício tenha termo prefixo ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem;
- Ato jurídico perfeito: Ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou;
- Coisa julgada: Decisão judicial de que não caiba mais recurso.

Estes institutos são de extrema relevância no ordenamento jurídico brasileiro, pois eles garantem a
estabilidade de relações jurídicas firmadas. Imaginemos se inexistissem tais institutos e uma lei que
trouxesse malefícios entrasse em vigor? Estaríamos diante de total insegurança e anarquia jurídica, pois,
transações realizadas, contratos firmados, sentenças prolatadas poderiam ser alteradas pela
superveniência de um ato normativo publicado. Assim, com a existência de tais institutos jurídicos, uma
lei posterior não poderá alterar o conteúdo de relações jurídicas firmadas, o que enseja ao jurisdicionado
um sentimento de segurança ao buscar o acesso ao Poder Judiciário.

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XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 apresenta no inciso supracitado, a


impossibilidade de adoção no ordenamento jurídico brasileiro, do juízo ou tribunal de exceção. São
considerados juízos ou tribunais de exceção, aqueles organizados posteriormente à ocorrência do caso
concreto. O juízo de exceção é caracterizado pela transitoriedade e pela arbitrariedade aplicada a cada
caso concreto. Esse juízo ofende claramente ao princípio do juiz natural, que prevê a garantia de ser
julgado por autoridade judiciária previamente competente.

XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude da defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

A instituição do Tribunal do Júri foi criada originariamente com o escopo de julgar os crimes de
imprensa. Todavia, com o passar dos tempos, essa instituição passou a ser utilizada com a finalidade de
julgar os crimes dolosos contra a vida.
Os crimes contra a vida, compreendidos entre os artigos 121 a 128 do Código Penal, são os seguintes:
homicídio; induzimento; instigação e auxílio ao suicídio; infanticídio e aborto. Cabe ressaltar que a
instituição do júri somente é competente para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, cabendo ao
juízo monocrático ou singular o julgamento dos crimes culposos.
Crime doloso, segundo o Código Penal, é aquele onde o sujeito praticante da conduta lesiva quer que
o resultado lesivo se produza ou assume o risco de produzi-lo. Já, o crime culposo, é aquele onde o
sujeito ativo praticante da conduta agiu sob imprudência, negligência ou imperícia.
Como característica dessa instituição está à plenitude de defesa. A plenitude de defesa admite a
possibilidade de todos os meios de defesa, sendo caracterizado como um nível maior de defesa do que
a ampla defesa, defendida em todos os procedimentos judiciais, sob pena de nulidade processual.
Outra característica importante acerca da instituição do Tribunal do Júri é o sigilo das votações. No dia
do julgamento em plenário, após os debates, o juiz presidente do Tribunal do Júri efetua a leitura dos
quesitos formulados acerca do crime para os sete jurados, que compõe o Conselho de Sentença, e os
questiona se estão preparadas para a votação. Caso seja afirmativa a resposta, estes serão
encaminhados, juntamente com o magistrado até uma sala onde será realizada a votação. Neste ato, o
juiz efetua a leitura dos quesitos e um oficial entrega duas cédulas de papel contendo as palavras sim e
não aos jurados. Posteriormente, estas são recolhidas, para que seja possível chegar ao resultado final
do julgamento. É importante salientar que essa característica de sigilo atribuída à votação deriva do fato
que inexiste possibilidade de se descobrir qual o voto explicitado pelos jurados individualmente. Isso
decorre que inexiste qualquer identificação nas cédulas utilizadas para a votação.
A última característica referente à instituição do Tribunal do Júri diz respeito à soberania dos
veredictos. Essa característica pressupõe que as decisões tomadas pelo Tribunal do Júri não poderão
ser alteradas pelo Tribunal de Justiça respectivo. No entanto, um entendimento doutrinário atual considera
a possibilidade de alteração da sentença condenatória prolatada no Tribunal do Júri, quando estiver
pairando questão pertinente aos princípios da plenitude de defesa, do devido processo legal e da verdade
real.

XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

Esse princípio, muito utilizado no Direito Penal, encontra-se bipartido em dois subprincípios, quais
sejam: subprincípio da reserva legal e subprincípio da anterioridade.
O primeiro explicita que não haverá crime sem uma lei que o defina, ou seja, não será possível imputar
determinado crime a um indivíduo, sem que a conduta cometida por este esteja tipificada, ou seja, prevista
em lei como crime. Ainda o subprincípio da reserva legal explicita que não haverá pena sem cominação
legal.
Já, o subprincípio da anterioridade, demonstra que há necessidade uma lei anterior ao cometimento
da conduta para que seja imputado o crime ao sujeito ativo praticante da conduta lesiva. Outrossim, não
será possível a aplicabilidade de pena, sem uma cominação legal estabelecida previamente.
Não teria sentido adotarmos o princípio da legalidade, sem a correspondente anterioridade, pois criar
uma lei, após o cometimento do fato, seria totalmente inútil para a segurança que a norma penal deve
representar a todos os seus destinatários.

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O indivíduo somente está protegido contra os abusos do Estado, caso possa ter certeza de que as leis
penais são aplicáveis para o futuro, a partir de sua criação, não retroagindo para abranger condutas já
realizadas.
A lei penal produz efeitos a partir de sua entrada em vigor, não se admitindo sua retroatividade
maléfica. Não pode retroagir, salvo se beneficiar o réu.
É proibida a aplicação da lei penal inclusive aos fatos praticados durante seu período de vacatio.
Embora já publicada e vigente, a lei ainda não estará em vigor e não alcançará as condutas praticadas
em tal período.
Vale destacar, entretanto, a existência de entendimentos no sentido de aplicabilidade da lei em vacatio,
desde que para beneficiar o réu.

Vacatio refere-se ao tempo em que a lei é publicada até a sua entrada em vigor. A lei somente será
aplicável a fatos praticados posteriormente a sua vigência.

XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Nesse caso estamos diante da irretroatividade da lei penal. Como é possível perceber, o inciso em
questão veda expressamente a retroatividade da lei penal. Todavia, a retroatividade, exceção
expressamente prevista, somente será possível no caso de aplicação de lei benéfica ao réu.
Cabe ressaltar que o réu é o sujeito ativo praticante da conduta criminosa. No caso específico deste
inciso estamos diante de aplicação de leis penais no tempo. A critério exemplificativo, imaginemos: o
artigo 121, caput, do Código Penal explicita que o indivíduo que cometa o crime de homicídio (matar
alguém) terá contra si aplicada pena de 6 a 20 anos. Um indivíduo que cometa essa conduta na vigência
desta lei terá contra si aplicada a pena supracitada. Agora, imaginemos que após a realização de tal
conduta seja publicada uma lei que aumente o limite de pena a ser aplicada aos praticantes do crime de
homicídio para 10 a 30 anos. Essa lei poderá retroagir e atingir a situação processual do indivíduo que
cometeu o crime sob a égide da lei anterior mais benéfica? A resposta é negativa. Isso ocorre pelo fato
de que não é possível a retroatividade de lei maléfica ao réu.
Agora, imaginemos que após a realização da conduta criminosa haja a superveniência de uma lei que
reduza a pena aplicada ao sujeito ativo praticante do crime de homicídio para 1 a 3 anos ou determine
que a prática de tal conduta não será mais considerada como crime pelo ordenamento jurídico. Tal lei
poderá retroagir? A resposta é afirmativa. Isso ocorre pelo fato de que a existência de lei mais benéfica
ao réu retroagirá.

XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

Este inciso garante que a lei punirá qualquer conduta discriminatória que atente contra os direitos e
liberdades fundamentais. Todavia, como é possível perceber há necessidade da existência de uma lei
que descreva a punição aos sujeitos praticantes dessas condutas, tendo em vista a obediência ao
princípio da legalidade.

XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de


reclusão, nos termos da lei;

Atualmente, um dos grandes objetivos da sociedade global é a luta pela extinção do racismo no mundo.
A nossa Constituição no inciso supracitado foi muito feliz em abordar tal assunto, haja vista a importância
do mesmo dentro da conjectura social do nosso país.
De acordo com o inciso XLII, a prática de racismo constitui crime inafiançável, imprescritível e sujeito
à pena de reclusão. O caráter de inafiançabilidade deriva do fato que não será admitido o pagamento de
fiança em razão do cometimento de uma conduta racista. Como é cediço, a fiança consiste na prestação
de caução pecuniária ou prestação de obrigações que garantem a liberdade ao indivíduo até sentença
condenatória.
Outrossim, a prática do racismo constitui crime imprescritível. Para interpretar de maneira mais eficaz
o conteúdo do inciso supracitado é necessário entendermos em que consiste o instituto da prescrição. A
prescrição consiste na perda do direito de punir pelo Estado, em razão do elevado tempo para apuração
dos fatos. Assim, o Estado não possui tempo delimitado para a apuração do fato delituoso, podendo o
procedimento perdurar por vários anos. Cabe ressaltar que existem diversas espécies de prescrição,
todavia, nos ateremos somente ao gênero para uma noção do instituto tratado.

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Ademais, o inciso estabelece que o crime em questão será sujeito à pena de reclusão. A reclusão é
uma modalidade de pena privativa de liberdade que comporta alguns regimes prisionais, quais sejam: o
fechado, o semiaberto e o aberto.

XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática de


tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;

O inciso em questão tem por objetivo vetar alguns benefícios processuais aos praticantes de crimes
considerados como repugnantes pela sociedade. Os crimes explicitados pelo inciso são: tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os hediondos.

LXIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Este inciso demonstra o caráter inafiançável e imprescritível da ação de grupos, armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Como já foi explicitado anteriormente, o
cometimento de tais crimes não são submetidos ao pagamento de fiança, para que o sujeito praticante
do mesmo possa aguardar em liberdade eventual sentença condenatória. Não obstante, a prática de tais
ações se caracteriza como imprescritíveis, ou seja, o Estado não possui um tempo delimitado para
apuração dos fatos, podendo levar anos para solucionar o caso.

XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Neste inciso estamos diante do princípio da personalização da pena. Preliminarmente, para melhor
compreensão do inciso é necessário explicitar que estamos diante de responsabilidades nos âmbitos civil
e penal.
No âmbito penal, a pena é personalíssima, ou seja, deverá ser cumprida pelo sujeito praticante do
delito, não podendo ser transferida a seus herdeiros. Esta assertiva se justifica pelo fato de que se o
condenado falecer, de acordo com o artigo 107 do Código Penal, será extinta sua punibilidade.
Todavia, quando tratamos de responsabilidade no âmbito civil, a interpretação é realizada de maneira
diversa. De acordo com o inciso supracitado, a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento
de bens podem se estender aos sucessores do condenado e contra eles executadas, até o limite do valor
do patrimônio transferido. Isso ocorre pelo fato que no âmbito civil a pena não possui o caráter
personalíssimo.

XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


a) privação ou restrição de liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Este inciso expressa o princípio da individualização da pena. Desta maneira, além do princípio da
personalização da pena, há o emprego da individualização no cumprimento da pena, pois é necessário
que exista uma correspondência entre a conduta externalizada pelo sujeito e a punição descrita pelo texto
legal.
Nesse passo, o inciso XLVI traz, em seu bojo, as espécies de penas admissíveis de aplicação no
Direito Pátrio. São elas:
a) privação ou restrição de direitos
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
Assim, o inciso apresenta um rol exemplificativo das penas admissíveis no ordenamento jurídico
brasileiro, para, posteriormente, no inciso subsequente expressar as espécies de penas vedadas.

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XLVII- não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Aqui estamos diante do rol taxativo de penas não passíveis de aplicação no ordenamento jurídico
brasileiro. São elas:
- Pena de morte: em regra, não será admitida sua aplicação no Direito Pátrio. Porém, a própria alínea
“a” demonstra a possibilidade de aplicação de tal pena nos casos de guerra declarada.
- Pena de caráter perpétuo: Não é admissível sua aplicação, pois uma das características inerentes
da pena é o caráter de provisoriedade.
- Pena de trabalhos forçados: Essa espécie de pena proíbe o trabalho infamante, prejudicial ao
condenado, em condições muito difíceis. No entanto, é importante salientar que a proibição de trabalhos
forçados não impede o trabalho penitenciário, utilizado como sistemática de recuperação.
- Pena de banimento: A pena de banimento consiste na expulsão do brasileiro do território nacional.
Tal pena é proibida pela nossa Constituição sem qualquer ressalva.
- Pena cruel: Essa espécie de pena é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro. Todavia, a
definição de crueldade é complexa, haja vista se tratar de questão subjetiva, pois cada pessoa pode
atribuir um conceito diverso a tal expressão.

XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do


delito, a idade e o sexo do apenado;

De acordo com o inciso supracitado a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, devendo-se
levar em conta critérios, como: natureza do delito, idade e sexo do apenado. Um exemplo a ser citado é
o da Fundação CASA, para onde são destinados os adolescentes que cometem atos infracionais.

XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

A tutela do preso cabe ao Estado. Assim, sua integridade física e moral deve ser preservada, sob pena
de responsabilização do Estado pela conduta dos seus agentes e dos outros presos. O fato de estar preso
não significa que ele poderá receber tratamento desumano ou degradante.
É importante salientar que este inciso é um desdobramento do princípio da dignidade da pessoa
humana, pois, independentemente do instinto criminoso, o preso é uma pessoa que possui seus direitos
protegidos pela Carta Magna.

L- às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação;

Neste inciso não se busca a proteção dos direitos da presidiária, mas sim dos filhos, pois, como é
cediço, é de extrema importância à alimentação das crianças com leite materno, bem como a convivência
com a mãe nos primeiros dias de vida.

LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

O presente inciso demonstra a impossibilidade de extradição do brasileiro nato. Em hipótese alguma


o brasileiro nato será extraditado. Contudo, o brasileiro naturalizado, poderá ser extraditado desde que
ocorram as seguintes situações:

Antes da Depois da
naturalização naturalização
- prática de crime
--
comum

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- comprovado - comprovado
envolvimento em envolvimento em
tráfico ilícito de tráfico ilícito de
entorpecentes e entorpecentes e
drogas afins drogas afins.

LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

Este inciso traz as únicas hipóteses em que o estrangeiro não será extraditado, quais sejam: O
cometimento de crime político ou de opinião. É importante não confundir a expressão “crime político” com
a expressão “crime eleitoral”. Essa diferenciação é de extrema importância, pois crimes políticos são
aqueles que atentam contra a estrutura política de um Estado, enquanto os crimes eleitorais são aqueles
referentes ao processo eleitoral, explicitados pelo respectivo Código.
Com relação aos crimes de opinião, podemos defini-los como aqueles que sua execução consiste na
manifestação de pensamento. Sendo estes a calúnia, a difamação e a injúria.

LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por autoridade competente;

Este inciso expressa a existência de dois princípios consagrados pela doutrina. O primeiro diz respeito
ao princípio do promotor natural e o segundo ao princípio do juiz natural. O princípio do promotor natural
consiste no fato que ninguém será processado, senão por autoridade competente, ou seja, será
necessária a existência de um Promotor de Justiça previamente competente ao caso, não se admitindo,
portanto, a designação de uma autoridade para atuar em determinado caso. Já a segunda parte do inciso
demonstra a presença do princípio do juiz natural, onde há a consagração que ninguém será sentenciado,
senão por autoridade competente. Isso importa dizer que não será possível existência de juízos ou
tribunais de exceção, ou seja, especificamente destinados à análise de um caso concreto.

LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Este inciso denota o princípio constitucional do devido processo legal. Vislumbra-se que para que haja
um processo legal, há necessidade da observância do contraditório e da ampla defesa. Além disso, não
poderão ser utilizadas provas ilícitas bem como julgamento por autoridade incompetente. Assim, como é
possível perceber, o princípio do devido processo legal abrange vários outros princípios, visando, desta
maneira, chegar a um provimento jurisdicional satisfativo.

LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Neste inciso estamos diante dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Esses princípios,
definitivamente, são dois dos mais importantes existentes no ordenamento jurídico. É importante salientar
que o contraditório e a ampla defesa devem ser observados não somente em processos judiciais, mas
também nos administrativos.
Todavia, existem questões controversas acerca do contraditório e da ampla defesa. Uma delas diz
respeito ao inquérito policial, onde para alguns doutrinadores não há que se cogitar a aplicação destes
princípios, já que no inquérito inexiste acusação, sendo este apenas um instrumento administrativo
tendente à coleta de provas que visem embasar a propositura da ação penal pelo membro do Ministério
Público.

LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

A Constituição ao explicitar serem inadmissíveis no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, diz
respeito às provas adquiridas em violação a normas constitucionais ou legais. Em outras palavras: prova
ilícita é a que viola regra de direito material, seja constitucional ou legal, no momento de sua obtenção
(ex.: confissão mediante tortura). Por outro lado, as provas que atingem regra de direito processual, no
momento de sua produção em Juízo, como por exemplo, interrogatório sem a presença de advogado;
colheita de depoimento sem a presença de advogado, não são taxadas de ilícitas, mas sim de ilegítimas.
Em que pese essas considerações, ambos os tipos de provas são inadmissíveis no processo, sob pena
de nulidade.

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LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória;

Aqui estamos diante do princípio da presunção de inocência ou da não-culpabilidade. Conforme dispõe


o próprio inciso, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória. Quando falamos em trânsito em julgado da sentença penal condenatória, estamos diante
de uma sentença que condenou alguém pela prática de um crime e não há mais possibilidade de
interposição de recursos. Assim, após o trânsito em julgado da sentença será possível lançar o nome do
réu no rol dos culpados.
A sentença de pronúncia é aquela que encerra a primeira fase do procedimento do júri, após verificadas
a presença de autoria e materialidade. Como já dito anteriormente, não é possível efetuar o lançamento
do nome do réu no rol dos culpados após essa sentença, pois este ainda será julgado pelo Tribunal do
Júri, constitucionalmente competente para julgar os crimes dolosos contra a vida.
Outro ponto controverso diz respeito à prisão preventiva. Muito se discutiu se a prisão preventiva
afetaria ao princípio da presunção de inocência. Porém, esse assunto já foi dirimido pela jurisprudência,
ficando decidido que a prisão processual não afeta o princípio esposado no inciso em questão.

LVIII- o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;

A regra admitida pelo Texto Constitucional é que o indivíduo já identificado civilmente não deverá ser
submetido à outra identificação, para fins criminais. Todavia, o inciso supracitado, traz, em sua parte final,
uma exceção à regra, admitindo a identificação criminal aos civilmente identificados, desde que haja
previsão legal.

Atualmente, a Lei nº 12.037/2009, traz em seu artigo 3º, as hipóteses em que o civilmente
identificado deverá proceder à identificação criminal. São elas:
– o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
– o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
– o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
– a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade
judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do
Ministério Público ou da defesa;
– constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
– o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento
apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.

LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal;

O inciso LIX consagra a possibilidade de ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública.
Preliminarmente, antes de tecer quaisquer comentários acerca dessa espécie de ação, cabe ressaltar
que as ações penais se dividem em: ações penais públicas e ações penais privadas.
As ações penais públicas, que possuem o Ministério Público como legitimado privativo na sua
proposição, se dividem em ações penais públicas incondicionadas e ações penais públicas
condicionadas.
As ações penais públicas incondicionadas independem de qualquer espécie de condição para a sua
propositura. Neste caso, se o membro do Ministério Público, após a análise do caso concreto, se
convencer da ocorrência de crime, deverá oferecer a denúncia, peça processual inaugural da ação penal.
Neste caso, o membro do Ministério Público poderá iniciar a ação penal sem a necessidade de obediência
de qualquer condição.
Noutro passo, as ações penais condicionadas dependem da obediência de algumas condições para
que o Ministério Público possa oferecer a denúncia, e assim, dar início à ação penal que levará a uma
sentença penal que poderá ter cunho condenatório ou absolutório. As condições a serem obedecidas são
as seguintes: representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça.
É importante salientar que os crimes onde seja necessário o ajuizamento de ação penal pública
condicionada e os de ação penal privada serão expressamente dispostos. Assim, podemos chegar à

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conclusão de que, subtraídos os crimes de ação penal pública condicionada e os crimes de ação penal
privada, os demais serão de ação penal pública incondicionada.
Os crimes de ação penal privada são aqueles em que o Estado transferiu a titularidade do ajuizamento
da ação ao ofendido, ou seja, à vítima do crime.
A ação penal privada se divide em algumas espécies, mas vamos nos ater à ação penal privada
subsidiária da pública, objeto do inciso em estudo.
Essa espécie de ação penal privada irá entrar em cena quando o Ministério Público, legitimado
privativamente ao exercício da ação penal pública, ficar inerte, não agir, como por exemplo, deixar de
oferecer a denúncia.
Assim, em caso de inércia do Ministério Público, o próprio ofendido poderá ajuizar a ação penal. Cabe
ressaltar, no presente caso, que mesmo havendo a inércia do Ministério Público e o eventual ajuizamento
da ação pelo ofendido, a legitimidade privativa no ajuizamento da ação penal conferida ao Ministério
Público não é transferida.

LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade
ou o interesse social o exigirem;

A regra, de acordo com o artigo 93, inciso IX, da Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, é a publicidade de todos os atos processuais. Contudo o inciso LX, dispõe que poderá haver
restrição da publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem. Um exemplo do presente caso diz respeito às questões referentes ao Direito de Família (ex.:
ação de reconhecimento de paternidade).

LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos caso de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;

A liberdade é um direito do cidadão constitucionalmente tutelado. Porém, a prisão constitui uma das
restrições à aplicabilidade do direito à liberdade. Este inciso explicita que ninguém será preso, senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos
de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. De acordo com este inciso só
existem duas maneiras de se efetuar a prisão de um indivíduo. A primeira se dá através da prisão em
flagrante, ou seja, quando, em regra, o indivíduo é flagrado praticando o crime. É importante salientar que
existem diversas espécies de prisão em flagrante, todavia, nos ateremos somente ao gênero para
entendimento deste inciso. Cabe ressaltar que a prisão em flagrante não pressupõe a existência de
ordem escrita e fundamentada de juiz competente, pois este tipo de prisão pode ser realizada por qualquer
pessoa.
Já a segunda maneira é a prisão realizada por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente (ou seja, mandado de prisão). É importante ressaltar que existem outras espécies de prisão,
tais como: prisão preventiva e prisão temporária. Essas prisões para se efetivarem, necessitam da
existência de um mandado de prisão assinado pelo juiz competente.
Em que pese à garantia de que ninguém será preso senão através das hipóteses supracitadas, cabe
ressaltar que para os militares existem algumas ressalvas. De acordo com a parte final do inciso
comentado, os militares poderão ser presos em razão de transgressão militar ou pelo cometimento de
crime militar, previstos em lei.

LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente
ao juiz competente e à família ou à pessoa por ele indicada;

Este inciso demonstra alguns dos direitos do preso, dentre eles a comunicação à família ou pessoa
por ele indicada. Ademais, é importante salientar que o juiz competente também será comunicado para
que tome as medidas cabíveis.

LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-
lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

Neste inciso, outros direitos do preso estão presentes, quais sejam: o de permanecer calado, de
assistência da família e de advogado. O primeiro deles trata da possibilidade do preso permanecer calado,

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haja vista que este não é obrigado a produzir prova contra si. Ademais, os outros garantem que seja
assegurado este a assistência de sua família e de um advogado.

LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;

Este inciso visa à identificação das pessoas ou autoridades responsáveis pela prisão ou pelo
interrogatório, pois com a identificação destes há facilidade de responsabilização em caso de eventuais
atos abusivos cometidos contra o preso.

LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

Este inciso é de extrema relevância, pois permite o relaxamento da prisão do indivíduo que porventura
tenha sofrido cerceamento em sua liberdade por uma prisão que esteja eivada de ilegalidade. Esta
ilegalidade pode ocorrer por diversos motivos, como por exemplo, nulidades, abuso de autoridade no ato
da prisão, dentre outros.
Desta maneira, comprovada a ilegalidade da prisão, o relaxamento desta é medida indispensável, ou
seja, deverá ser libertado o indivíduo do cárcere.

LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
com ou sem fiança;

Diferentemente do inciso anterior, onde a prisão encontrava-se eivada de ilegalidade, aqui estamos
diante de prisão legalmente realizada, sem ocorrência de nulidades, vícios ou abusos. Todavia, o Código
de Processo Penal brasileiro admite que o indivíduo responda ao processo pelo crime que cometeu em
liberdade, desde que, previamente, efetue o pagamento de fiança. Contudo, existem outros casos em
que é admissível a liberdade provisória, sem o pagamento de fiança.
Cabe ressaltar que a liberdade provisória com o pagamento de fiança constitui dever tanto do Juiz de
Direito como do Delegado de Polícia, (sendo deste somente nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima não seja superior a 4 anos). Já, a liberdade provisória, sem o pagamento de fiança
deverá ser analisada somente pelo Juiz de Direito.

LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

Este inciso consagra, em regra, a impossibilidade de prisão civil por dívida no ordenamento jurídico
brasileiro. A prisão civil é medida privativa de liberdade, sem caráter de pena, com a finalidade de compelir
o devedor a satisfazer uma obrigação. Nos termos da Constituição Federal a prisão civil será cabível em
duas situações, no caso de inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e no caso
do depositário infiel. Porém, o Pacto de San José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil (recepcionado de
forma equivalente a norma constitucional), autoriza a prisão somente em razão de dívida alimentar. Desta
forma, com base no pacto não se admite, por manifesta inconstitucionalidade, a prisão civil por dívida no
Brasil, quer do alienante fiduciário, quer do depositário infiel. O Supremo Tribunal Federal firmou o
entendimento de que só é possível a prisão civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia.

LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Neste inciso estamos diante de um dos remédios constitucionais processuais mais importantes
existentes no ordenamento jurídico, qual seja: o habeas corpus.
Este remédio constitucional tem por escopo assegurar a efetiva aplicação do direito de locomoção, ou
seja, o direito de ir, vir e permanecer em um determinado local.
Como é possível perceber, este remédio constitucional poderá ser utilizado tanto no caso de iminência
de violência ou coação à liberdade de locomoção, como no caso de efetiva ocorrência de ato atentatório
à liberdade supracitada.
Assim, são duas as espécies de habeas corpus:
- Preventivo ou salvo-conduto: Neste caso o habeas corpus será impetrado pelo indivíduo que se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de

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poder. Esta espécie de habeas corpus será impetrada na iminência de ocorrência de violência ou coação
à liberdade de locomoção, com a finalidade de obter um salvo-conduto, ou seja, um documento para
garantir o livre trânsito em sua liberdade de locomoção (ir, vir e permanecer). Por exemplo, Fulano está
sendo acusado de cometer um crime de roubo, porém existem indícios de que não foi ele que comete o
crime, este impetra o Habeas Corpus preventivo, o juiz reconhecendo legítimos seus argumentos concede
a este o salvo-conduto, que permitirá que este se mantenha solto até a decisão final do processo.
- Repressivo ou liberatório: Aqui haverá a impetração quando alguém sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Assim, estamos diante de um ato
atentatório já realizado contra a liberdade de locomoção do indivíduo. Nesse passo, o habeas corpus será
impetrado com a finalidade de obter a expedição de um alvará de soltura (documento no qual consta
ordem emitida pelo juiz para que alguém seja posto em liberdade).

LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de Poder Público;

O mandado de segurança é outro importante remédio constitucional que tem por objetivo a tutela de
direito líquido e certo, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso do poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
De acordo com o inciso supracitado, o objeto desta ação constitucional é a proteção de direito líquido
e certo.
Direito líquido e certo é aquele que pode ser demonstrado de plano, através de prova pré-constituída,
sendo, portanto, dispensada a dilação probatória.
É importante salientar que somente será possível a impetração de mandado de segurança, nos casos
não amparados por habeas corpus ou habeas data. Isso ocorre pelo fato de que é necessário utilizar o
remédio processual adequado ao caso. Caber ressaltar que um dos requisitos mais importantes para a
impetração do mandado de segurança é a identificação da autoridade coatora pela ilegalidade ou abuso
do poder. De acordo com o inciso em questão a autoridade poderá ser pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício das atribuições de Poder Público. Para fins de impetração de mandado de segurança,
autoridade é o agente investido no poder de decisão. É importante tal caracterização, pois, desta maneira,
não há o risco de ilegitimidade passiva na impetração do mandado de segurança.
Similarmente ao habeas corpus, existem duas espécies de mandado de segurança:
- Preventivo: Quando estamos diante de ameaça ao direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de
poder.
- Repressivo: Quando a ilegalidade ou abuso de poder já foram praticados.

LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:


a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Neste inciso encontra-se presente o remédio constitucional denominado de mandado de segurança


coletivo. Este remédio constitucional tem por finalidade a proteção de direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, por ilegalidade ou abuso de poder referente à proteção ou reparação
de interesses da coletividade.
É importante salientar que somente serão legitimados para a impetração do mandado de segurança
coletivo os disposto no inciso supracitado. São eles:
- Partido político com representação no Congresso Nacional;
- Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída há pelo menos um
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.
Cabe frisar que deverão ser obedecidos todos os requisitos estabelecidos para que seja possível a
impetração do remédio constitucional. Ressalta-se ainda, que uma associação legalmente constituída há
menos de um ano não pode impetrar mandado de segurança coletivo, pois há necessidade da
constituição legal desta por, no mínimo, um ano. Ademais, há necessidade de que o objeto da tutela seja
a defesa dos interesses dos membros ou associados, sob pena de não consagração do remédio
constitucional supracitado.
Outrossim, para que os partidos políticos sejam legitimados ativos para a impetração de mandado de
segurança coletivo há necessidade de que estes possuam representação no Congresso Nacional.

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LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;

Este inciso traz, em seu bojo, o mandado de injunção, que tem por escopo principal combater a
inefetividade das normas constitucionais. Para que seja possível a impetração de mandado de injunção
há necessidade da presença de dois requisitos:
- Existência de norma constitucional que preveja o exercício de direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
- Inexistência de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
A grande consequência do mandado de injunção consiste na comunicação ao Poder Legislativo para
que elabore a lei necessária ao exercício dos direitos e liberdades constitucionais.

Durante muitos anos não houve uma lei regulamentando o procedimento do mandado de injunção,
e por tal razão, aplicava-se, por analogia, as regras procedimentais do mandado de segurança.
Contudo, após longa espera foi editada a Lei nº 13.300/2016, que disciplina o processo e o
julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo.
A grande consequência do mandado de injunção consiste na comunicação ao Poder Legislativo
para que elabore a lei necessária ao exercício dos direitos e liberdades constitucionais.

LXXII- conceder-se-á habeas data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;

O habeas data, considerado como um remédio constitucional tem por escopo assegurar o direito de
informação consagrado no artigo 5º, XXXIII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
De acordo com o princípio da informação todos têm direito de receber informações dos órgãos públicos,
sendo apresentadas algumas ressalvas. Assim, o habeas data é o remédio constitucional adequado à
tutela do direito de informação, pois, através dele busca-se assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, constante de registros ou banco de dados de entidades governamentais
ou de caráter público.
Não obstante, o habeas data é utilizado para a retificação de dados do impetrante, sempre que não se
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.

LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

Neste inciso estamos diante da Ação Popular, efetivo instrumento processual utilizado para anulação
de atos lesivos ao patrimônio público e para a defesa de alguns interesses de extrema importância como
o meio ambiente.
Tal instrumento, regido pela Lei nº 4.717/65, confere legitimidade de propositura ao cidadão, imbuído
de direitos políticos, civis e sociais. Este remédio constitucional, cuja legitimidade para propositura, é do
cidadão, visa um provimento jurisdicional (sentença) que declare a nulidade de atos lesivos ao patrimônio
público.
Quando o inciso em questão explicita que qualquer cidadão poderá ser parte legítima para proporá a
ação popular, é necessário ter em mente que somente aquele que se encontra no gozo dos direitos
políticos, ou seja, possa votar e ser votado, será detentor de tal prerrogativa.
Existe um grande debate na doutrina sobre um eventual conflito de aplicabilidade entre a ação popular
e a ação civil pública.
A ação civil pública, explicitada pela Lei nº 7.347/85, é um instrumento processual tendente a tutelar
interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Neste caso, a Lei da Ação Civil Pública, dispõe,
em seu artigo 5º, um rol de legitimados à propositura da ação, como por exemplo: a União, os Estados,
os Municípios, o Distrito Federal, o Ministério Público, dentre outros. Desta maneira, se formos analisar

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minuciosamente o conteúdo disposto no artigo 5º, podemos perceber que o cidadão individualmente
considerado, detentor de direitos políticos, não é legitimado para a propositura de tal ação. Assim, não há
que cogitar de conflito entre essas ações, pois, indubitavelmente, ambas se completam em seus objetos.

LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;

De acordo com o inciso supracitado será dever do Estado à prestação de assistência jurídica integral
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Desta maneira, com a finalidade de atender
aos indivíduos mais necessitados, a própria Constituição em seu artigo 134, trata da Defensoria Pública,
instituição especificamente destinada a esse fim. De acordo com o artigo 134, a Defensoria Pública é
instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em
todos os graus, dos necessitados, na forma do artigo 5º, LXXIV.

LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença;

Este inciso consagra o dever de indenização do Estado no caso de erro judiciário e de prisão além do
tempo fixado na sentença. Aqui estamos diante de responsabilidade objetiva do Estado, ou seja,
comprovado o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado danoso, será exigível a indenização,
independentemente da comprovação de culpa ou dolo.

LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:


a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;

Conforme explicita o inciso em tela, a Constituição garante aos reconhecidamente pobres a gratuidade
do registro civil de nascimento e da certidão de óbito. É importante salientar que a gratuidade somente
alcança aos reconhecidamente pobres.

LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data e, na forma da lei, os atos
necessário ao exercício da cidadania;

Este inciso expressa a gratuidade das ações de habeas corpus e habeas data, além dos atos
necessários ao exercício da cidadania, como por exemplo, a emissão do título de eleitor, que garante ao
indivíduo o caráter de cidadão, para fins de propositura de ação popular.

LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do


processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Visando combater a morosidade do Poder Judiciário, este inciso trouxe ao ordenamento jurídico
brasileiro a garantia de razoabilidade na duração do processo. Como é possível perceber, a duração
razoável do processo deverá ser empregada tanto na esfera judicial, como administrativa, fazendo com
que o jurisdicionado não necessite aguardar longos anos à espera de um provimento jurisdicional. Não
obstante, o inciso em questão ainda denota que serão assegurados os meios que garantam a celeridade
da tramitação do processo.

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

O parágrafo em tela demonstra que os direitos e garantias fundamentais constantes no bojo de toda a
Carta Magna passaram a ter total validade com a entrada em vigor da Constituição, independentemente,
da necessidade de regulamentação de algumas matérias por lei infraconstitucional.

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do


regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.

O parágrafo 2º explicita que os direitos e garantias expressos em toda a Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios adotados, ou dos tratados internacionais em que o Brasil

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seja parte. Desta maneira, além dos direitos e garantias já existentes, este parágrafo consagra a
possibilidade de existência de outros decorrentes do regime democrático. Não obstante, o parágrafo
supracitado não exclui outros princípios derivados de tratados internacionais em que o Brasil seja
signatário. Quando o assunto abordado diz respeito aos tratados, cabe ressaltar a importante alteração
trazida pela Emenda Constitucional nº 45/04, que inseriu o parágrafo 3º, que será analisado
posteriormente.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em


cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Este parágrafo trouxe uma novidade inserida pela Emenda Constitucional nº 45/04 (Reforma do
Judiciário). A novidade consiste em atribuir aos tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos o mesmo valor de emendas constitucionais, desde que sejam aprovados pelo rito necessário.
Para que as emendas alcancem tal caráter é necessária à aprovação em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos membros. Contudo, cabe ressaltar que este
parágrafo somente abrange os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos. Assim, os
demais tratados serão recepcionados pelo ordenamento jurídico brasileiro com o caráter de lei ordinária,
diferentemente do tratamento dado aos tratados de direitos humanos, com a edição da Emenda nº 45/04.

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha


manifestado adesão.

Este parágrafo é outra novidade inserida ao ordenamento jurídico pela Emenda Constitucional nº
45/04. Nos moldes do parágrafo supracitado o Brasil se submete à jurisdição do TPI (Tribunal Penal
Internacional), a cuja criação tenha manifestado adesão. Referido tribunal foi criado pelo Estatuto de
Roma em 17 de julho de 1998, o qual foi subscrito pelo Brasil. Trata-se de instituição permanente, com
jurisdição para julgar genocídio, crimes de guerra, contra a humanidade e de agressão, e cuja sede se
encontra em Haia, na Holanda. Os crimes de competência desse Tribunal são imprescritíveis, dado que
atentam contra a humanidade como um todo. O tratado foi aprovado pelo Decreto Legislativo nº 112, de
6 de junho de 2002, antes, portanto, de sua entrada em vigor, que ocorreu em 1 de julho de 2002.
Tal tratado foi equiparado no ordenamento jurídico brasileiro às leis ordinárias. Em que pese tenha
adquirido este caráter, o mencionado tratado diz respeito a direitos humanos, porém não possui
característica de emenda constitucional, pois entrou em vigor em nosso ordenamento jurídico antes da
edição da Emenda Constitucional nº 45/04. Para que tal tratado seja equiparado às emendas
constitucionais deverá passar pelo mesmo rito de aprovação destas.

Titulo III/Capitulo IV

A nossa Constituição Federal, em seu Título III regulamenta a organização do Estado Brasileiro.
Falar em organização de um estado é falar de como ele está composto, como está dividido, quais os
poderes, as atribuições e competências de cada entidade que o compõe, é falar o que é proibido a cada
poder e os relacionamentos que devem ter um para com os outros.
Desta organização, o Edital do presente concurso pretende que o estudo seja direcionado a apenas
um dos entes do Estado, sendo ele o Município. Deste modo, vamos estudar a seguir aquilo que disciplina
a Constituição sobre o tema:

Dos Municípios.

O Município pode ser definido como pessoa jurídica de direito público interno e autônoma nos termos
e de acordo com as regras estabelecidas na CF/88.
Muito se questionou a respeito de serrem os Municípios parte integrante ou não de nossa Federação,
bem como sobre a sua autonomia. A análise dos arts. 1º e 18, bem como de todo o capítulo reservado
aos Municípios, leva-nos ao único entendimento de que eles são entes federativos, dotados de autonomia
própria, materializada por sua capacidade de auto-organização (art. 29, caput, da CF), autogoverno
(elege, diretamente, o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores, conforme incisos do art. 29 da CF),
autoadministração e auto legislação (art. 30 da CF). Ainda mais diante do art. 34, VII, “c”, que
estabelece a intervenção federal na hipótese de o Estado não respeitar a autonomia municipal.

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Lei orgânica

O Município reger-se-á por Lei Orgânica, votada em dois turnos, com o interstício (pequeno intervalo)
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal, na Constituição do respectivo Estado e os
seguintes preceitos:
- Eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito
direto e simultâneo realizado em todo o País;
- Eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao
término do mandato dos que devam suceder, aplicadas às regras do art. 77, no caso de Municípios com
mais de duzentos mil eleitores;
- Posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição;
- Para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de vereadores de
acordo com o número de habitantes nos Municípios, nos termos do art. 29, IV, da CF.
- Subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais, fixados por lei de iniciativa da
Câmara Municipal, observado o teto estabelecido pela Constituição Federal;
Com relação à competência municipal, importante destacar que o legislador constituinte optou por
enumerar num mesmo artigo - artigo 30 - as competências legislativas e materiais, abandonando a técnica
de separar essas modalidades em artigos diferentes. O presente estudo assume, contudo, a proposta de
abordar as competências legislativas dos incisos I e II do art. 30.
Em caso de violação à autonomia do Município por parte do Estado-membro onde aquele se situa
enseja a intervenção federal, na forma do artigo 34, inciso V, alínea b e inciso VII, alínea c da Constituição
da República.
Ademais, a violação da autonomia municipal por parte da União enseja o controle de
constitucionalidade abstrato ou concreto pelo Poder Judiciário. Entretanto, quando o Município não aplicar
o mínimo exigido da receita destinada à saúde e à educação a intervenção do Estado no Município será
a medida cabível (artigo 35, inciso III da Constituição).

Remuneração dos agentes políticos.

Para Hely Lopes Meirelles1, os “agentes políticos são os componentes do Governo nos seus
primeiros escalões, investidos em cargos, funções, mandatos ou comissões, por nomeação,
eleição, designação ou delegação para o exercício de atribuições constitucionais”.
Remuneração, em sentido amplo, exprime a recompensa, o pagamento ou a retribuição por serviços
prestados. Sua principal característica é a retribuição permanente e normal. Já subsídio, na terminologia
do Direito Constitucional, designa a remuneração, fixa e mensal, paga aos agentes políticos.

O “teto” é a figura de linguagem correspondente a limite superior, à maior remuneração paga pela
Administração. No Município, o teto para servidores e agentes políticos é o valor recebido pelo Prefeito
Municipal, conforme previsto no artigo 37, XI, da Constituição.

O subsídio do Prefeito, por sua vez, não pode superar o subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal (artigo 37, XI, CF), podendo, contudo, o Estado, mediante emenda à sua própria
Constituição, fixar no âmbito de seu território, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores
do respectivo Tribunal de Justiça, restrito isso a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal (Artigo 37, § 12, CF).
Os subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais serão fixados em parcela única,
por lei de iniciativa da Câmara Municipal (artigo 29, V, da CF).
O subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para
a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na
respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

1 Manual básico – Remuneração dos Agentes Políticos Municipais – TCE/SP – disponível em:
http://www4.tce.sp.gov.br/sites/default/files/2007_remuneracao_ag_politicos_municipais.pdf.

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c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

Poder legislativo municipal

Cabe às Câmaras Municipais a função do Poder Legislativo municipal, sendo composta pelos
vereadores. A palavra “vereador” tem origem no verbo “verear” que significa administrar, reger, governar.
São eleitos pelo voto secreto e direto pelos eleitores para representá-los nos assuntos de interesse do
município; são agentes políticos investidos de mandato legislativo municipal, competindo o direito de
participar de todas as discussões e deliberações do Plenário, votar para a estrutura interna dos serviços
da Câmara, concorrer aos cargos da Mesa e Comissões, usar da palavra em defesa das proposições
atinentes a assuntos municipais, apresentar projetos de lei e pedidos de informação.

São características do poder legislativo municipal:

- O total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco
por cento da receita do Município;
- Inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do Município;
- Proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto
nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para
os membros da Assembleia Legislativa;
- Julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
- Organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;
- Cooperação das associações representativas no planejamento municipal;
- Iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros,
através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
- Perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único. (Perderá o mandato o
Governador que assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a
posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V).

Súmula 525 do STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade
judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais.

Formação dos Municípios:

O art. 18, §4º, da CF/88, com a nova redação dada pela E.C. nº 15/96, estabelece as regras para a
criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, nos seguintes termos e obedecendo
às seguintes etapas:
Lei complementar federal: determinará o período para a mencionada criação, incorporação, fusão
ou desmembramento de Municípios, bem como o procedimento;
Estudo de viabilidade municipal: deverá ser apresentado, publicado e divulgado, na forma da lei,
estudo demonstrando a viabilidade da criação, incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios;
Plebiscito: desde que positivo o estudo de viabilidade, far-se-á consulta às populações dos municípios
envolvidos (de todos os Municípios envolvidos, e não apenas da área a ser desmembrada), para
aprovarem ou não a criação, incorporação, fusão ou desmembramento.
Lei estadual: dentro do período que a lei complementar federal definir desde que já tenha havido um
estudo de viabilidade e aprovação plebiscitária, serão criados, incorporados, fundidos ou desmembrados
Municípios, através de lei estadual.

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Para a criação de novos Municípios, o art. 18, § 4º da CF/88 exige a edição de uma Lei Complementar Federal
estabelecendo o procedimento e o período no qual os Municípios poderão ser criados, incorporados, fundidos
ou desmembrados. Como atualmente não existe essa LC, as leis estaduais que forem editadas criando novos
Municípios serão inconstitucionais por violarem a exigência do § 4º do art. 18. STF. Plenário. ADI 4992/RO, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2014 (Info 758).

Deveres do município

Segundo a CF/88, devem os municípios prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, serviços de atendimento à saúde da população e promover o adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; promover a
proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e
estadual.

Fiscalização e controle dos municípios

Conforme previsto no Art. 31 da CF/88, a fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo
Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal,
na forma da lei. O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde
houver.
O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
Para fiscalização pela população, as contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-
lhes a legitimidade, nos termos da lei.
Segundo orientação do Supremo Tribunal Federal, as contas gerais do Chefe do Executivo Municipal
submetem-se à apreciação da Câmara de Vereadores, por autoridade e jurisdição privativa, podendo o
Tribunal de Contas estadual julgar as contas dos ordenadores de despesas, exceto as do prefeito, ainda
que diretamente tenha exercido essa atribuição.

Texto Constitucional sobre o assunto:

TÍTULO III
Da Organização do Estado
(...)
CAPÍTULO IV
Dos Municípios

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo
de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e
os seguintes preceitos:
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos,
mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano
anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso
de Municípios com mais de duzentos mil eleitores;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de:
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes;
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até
30.000 (trinta mil) habitantes;
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até
50.000 (cinquenta mil) habitantes;
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até
80.000 (oitenta mil) habitantes;

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e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até
120.000 (cento e vinte mil) habitantes;
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e
de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes;
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000 (cento e sessenta mil)
habitantes e de até 300.000 (trezentos mil) habitantes;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e
de até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta
mil) habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e
de até 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes;
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil)
habitantes e de até 900.000 (novecentos mil) habitantes;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e
de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta
mil) habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos
mil) habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta
mil) habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos
mil) habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos
mil) habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 2.400.000 (dois milhões e
quatrocentos mil) habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de
habitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de
habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de
habitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de
habitantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes;
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de
habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de
habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados por lei de
iniciativa da Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I;
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada
legislatura para a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios
estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a vinte por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos
Vereadores corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos
Vereadores corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

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VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante
de cinco por cento da receita do Município;
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do
mandato e na circunscrição do Município;
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao
disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e na Constituição do
respectivo Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;
XII - cooperação das associações representativas no planejamento municipal;
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de
bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único.

Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos
Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais,
relativos ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos
arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior:
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até 100.000 (cem mil) habitantes;
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre 100.000 (cem mil) e 300.000
(trezentos mil) habitantes;
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre 300.001 (trezentos mil e um) e
500.000 (quinhentos mil) habitantes;
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população entre
500.001 (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre 3.000.001 (três milhões e um) e
8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população acima de
8.000.001 (oito milhões e um) habitantes.
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de
pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária.
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao
§ 1o deste artigo.

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços
públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de
educação infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de
atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual.

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da
lei.

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§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de
qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
termos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

Questões

01. (IF/TO - Auditor - IF/TO/2016) Quantos aos princípios do Estado brasileiro constantes na
Constituição Federal, assinale a alternativa incorreta.
(A) A promoção da cidadania e a dignidade da pessoa humana são exemplos de fundamentos da
República Federativa do Brasil.
(B) São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.
(C) A República Federativa do Brasil apenas é formada pela união dos Municípios e do Distrito Federal.
(D) Construir uma sociedade livre, justa e solidária, bem como garantir o desenvolvimento nacional,
são exemplos de objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.
(E) A prevalência dos direitos humanos, assim como o repúdio ao terrorismo e ao racismo, são
exemplos de princípios que devem reger o Brasil nas relações internacionais.

02. (DPE/BA - Defensor Público - FCC/2016) De acordo com disposição expressa da Constituição
Federal, a República Federativa do Brasil tem como fundamento
(A) desenvolvimento nacional.
(B) estado social de direito.
(C) defesa da paz.
(D) soberania.
(E) prevalência dos direitos humanos.

03. (Prefeitura de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito IOBV/2016) Assinale a alternativa que está
incorreta:
(A) A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal.
(B) São Poderes da União, independentes e sucessivos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Conselho Nacional de Justiça.
(C) A soberania e o pluralismo político são fundamentos da República Federativa do Brasil.
(D) É objetivo fundamental da República Federativa do Brasil garantir o desenvolvimento nacional.

04. (IFF - Assistente de Administração - FCM/2016) NÃO é um dos objetivos fundamentais da


República Federativa do Brasil
(A) garantir o desenvolvimento nacional.
(B) construir uma sociedade livre, justa e solidária.
(C) constituir uma supremacia perante os países da América Latina.
(D) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
(E) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

05. (Prefeitura de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito - IOBV/2016) De acordo com o texto


constitucional, é direito fundamental do cidadão:
(A) A manifestação do pensamento, ainda que através do anonimato.
(B) A liberdade de associação para fins lícitos, inclusive de caráter paramilitar.
(C) Ser compelido a fazer ou deixar de fazer alguma coisa somente em virtude de lei.
(D) Ser livre para expressar atividade intelectual e artística, mediante licença do Ministério da
Educação e Cultura.

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06. (Prefeitura de Valença/BA - Técnico Ambiental - AOCP/2016) Sobre os direitos fundamentais,
assinale a alternativa correta.
(A) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, exceto apenas no caso de flagrante delito.
(B) É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
(C) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, não podendo a lei estabelecer qualquer
requisito.
(D) O homicídio constitui crime inafiançável e imprescritível.
(E) No Brasil, não se admite pena de morte em hipótese alguma.

07. (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC/2016) Sobre o disposto nos incisos do art. 5º da
Constituição Federal, é INCORRETO afirmar que é
(A) livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer.
(B) permitido se reunir pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente
de autorização ou prévio aviso, desde que a iniciativa não frustre outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local.
(C) livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença.
(D) assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nos estabelecimentos
penitenciários.
(E) livre a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas, independentemente de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.

08. (IFF - Assistente de Administração - FCM/2016) Sobre os direitos constitucionais individuais e


coletivos,
(A) não há restrições para o direito de se reunir pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização.
(B) o acesso à informação é garantido apenas aos cidadãos que estejam politicamente regulares com
a administração pública, no âmbito federal, estadual e municipal.
(C) no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
(D) apesar de aceito pela jurisprudência atual, não há dispositivo legal na Constituição Federal de 1988
que preveja expressamente o direito à indenização por danos morais.
(E) são assegurados a todos, comprovado o pagamento das respectivas taxas, o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

09. (EBSERH - Advogado - IBFC/2016) No título que trata sobre a organização do Estado, a
Constituição Federal, no tocante aos municípios, especifica que este reger-se-á por lei orgânica, votada
em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará. Também discrimina a composição dessas Câmaras Municipais,
considerando a quantidade de habitantes de cada local. Analise as alternativas abaixo e selecione a que
aponta a proporção CORRETA.
(A) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 70.000 (setenta mil) habitantes e de até
120.000 (cento e vinte mil) habitantes
(B) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes
e de até 400.000 (quatrocentos mil) habitantes
(C) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil)
habitantes e de até 950.000 (novecentos e cinquenta mil) habitantes
(D) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil)
habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes
(E) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes
e de até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes

10. (Prefeitura de Teresina/PI - Analista Administrativo - FCC/2016) Dentre as competências


atribuídas pela Constituição Federal aos Municípios, inclui-se

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(A) promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora municipal.
(B) instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem a
obrigatoriedade de prestar contas a outros entes da Federação.
(C) criar, organizar e suprimir distritos, por sua própria legislação.
(D) organizar e prestar, diretamente, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte
coletivo, que tem caráter essencial.
(E) legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e a estadual no que
couber.
Respostas

01. Resposta: “C”


Dispõe o caput do art. 1º da CF/88, que “a República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito” (...). Deste modo, a alternativa “C” está incorreta, por mencionar que está é constituída “apenas”
pela união dos Municípios e do Distrito Federal.

02. Resposta: “D”


Conforme art. 1º da CF/88: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais
do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.

03. Resposta: “B”


Dispõe o artigo 2º, CF/88: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,
o Executivo e o Judiciário”. Assim, observa-se que os Poderes não são sucessivos, mas sim harmônicos
entre si. Ademais, no texto foi substituído o Poder Judiciário pelo Conselho Nacional de Justiça.

04. Resposta: “C”


Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estão previsto no art. 3º da CF/88, não
estando entre eles o de constituir uma supremacia perante os países da América Latina.

05. Resposta: “C”. A alternativa “A” está incorreta, porque é livre a manifestação do pensamento,
sendo vedado o anonimato (art. 5º, IV); a “B” está incorreta, porque é plena a liberdade de associação
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (art. 5º, XVII); a “D” está incorreta, pois é livre a expressão
da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença
(art. 5º, IX). Assim, resta somente como correta a alternativa “C”, que traz a redação do art.5º, II, da CF.

06. Resposta: “B”. É o que prevê o art. 5º, XII, da CF/88: “é inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal”.

07. Resposta: “B”. Conforme Art. 5°, XVI da CF/88: “todos podem reunir-se pacificamente, sem
armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente.”

08. Resposta: “C”. Dispõe o art. 5º, inciso XXV, da CF/88: “no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior, se houver dano”. Esse dispositivo disciplina a requisição administrativa.

09. Resposta: “D”.


Dispõe o art. 29, IV, “i”, da CF/88: para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite
máximo de 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta
mil) habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes.

10. Resposta: “E”.


Dentre outras são competências previstas pelo art. 30 da CF/88, aos municípios:

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I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Resolução nº 217 da
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 10 de dezembro de 1948. O
documento é a base da luta universal contra a opressão e a discriminação, defende a igualdade e a
dignidade das pessoas e reconhece que os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser
aplicados a cada cidadão do planeta.
Os direitos humanos são os direitos essenciais a todos os seres humanos, sem que haja discriminação
por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade ou por qualquer outro motivo (como religião e opinião
política). Eles podem ser civis ou políticos, como o direito à vida, à igualdade perante a lei e à liberdade
de expressão. Podem também ser econômicos, sociais e culturais, como o direito ao trabalho e à
educação e coletivos, como o direito ao desenvolvimento. A garantia dos direitos humanos universais é
feita por lei, na forma de tratados e de leis internacionais, por exemplo.
Deste modo, o objetivo da Declaração Universal dos Direitos Humanos é proteger os direitos de todas
as pessoas, sem distinção. De uma maneira geral, seus 30 artigos falam sobre o direito ao trabalho, à
saúde, à alimentação, à educação; direitos sociais, econômicos e culturais, bem como o direito à vida, a
segurança social, à liberdade, direito de ir e vir, liberdade de expressão e pensamento e, por fim, direitos
políticos.

Declaração Universal dos Direitos Humanos2


(Resolução nº 217 – Assembleia Geral da ONU)

Aprovada pela Res. nº 217, durante a 3ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da ONU, em
Paris, França, em 10-12-1948.

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família


humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz
no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos
bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que os
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e
da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para
que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos
humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos
homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de
vida em uma liberdade mais ampla,
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com
as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais da pessoa
e a observância desses direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta
importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembleia Geral proclama:

A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por
todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da
sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação,
por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de
caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância

2
Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm, Acesso em: 25/06/2015

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universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos
dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo 1º

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Como fundamento inicial, a DUDH, traz o reconhecimento das dimensões que se referem aos
princípios da liberdade e da igualdade. Este artigo também faz reconhecimento explícito sobre a razão
e consciência como fundamentos essenciais à pessoa humana e estabelece a necessidade de
reciprocidade no tratamento, ou seja, espírito de fraternidade.
Cabe ressaltar, que nenhuma liberdade individual é absoluta, e não deve ser interpretada como
justificativa de intervenção ou interferência nos direitos alheios.
Debater o conceito de igualdade não é tarefa simples. Diversos filósofos já se enveredaram por esse
caminho, no entanto, não se tem entre eles um consenso. Contudo, vê-se que os elementos trazidos pelo
pensador grego Aristóteles quando trata de igualdade ainda estão presentes no discurso moderno.
José Afonso da Silva reduz o raciocínio aristotélico a tal colocação: "Aristóteles vinculou a ideia de
igualdade à ideia de justiça, mas, nele, trata-se de igualdade de justiça relativa que dá a cada um o que
é seu". Assim, seu pensamento é sintetizado na célebre epígrafe: “Deve-se tratar os iguais de maneira
igual e os desiguais de maneira desigual”. Esse modelo de justiça pressuporia uma relação de
subordinação. O Estado distribuiria as benesses aos cidadãos baseado nos seus critérios distintivos, os
escalonando, benesses semelhantes entre os semelhantes e benesses díspares entre cidadãos
dessemelhantes.3
O assunto também foi tratado no art. 5º, caput, da Constituição Federal: “Todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (...).

Artigo 2º

Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição.
Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território
independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania.

O texto declaratório está focado na igualdade, sob uma perspectiva de condenar a distinção, mas deixa
a desejar pois não menciona mecanismos visando abolir ou reduzir algumas formas de distinção, o que
coube à pactos e convenções específicas.
Proclamar esse primeiro, inviolável, direito, mãe de todos os direitos humanos, abre-nos a uma
perspectiva da humanidade como verdadeira fraternidade. Já alguém recordou oportuna mente que os
direitos humanos são muito mais que uma realidade jurídica, enquanto refletem um ‘dever ser’, uma
desafiadora prospectiva que a humanidade se impõe para respeitar sua própria dignidade; para ser uma
humanidade não apenas hominizada, mas plenamente humanizada.4
Por sua vez, a Constituição Federal abriga a mesma veemente condenação, colocando homens e
mulheres iguais em direitos e obrigações, garantindo a liberdade religiosa, a convicção filosófica ou
política, punindo severamente as práticas de racismo.

Artigo 3º

Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

3 Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/c1.html, Acesso em: 02/07/2015


4
Dom Pedro Casaldáliga. Direitos Humanos: Conquistas e Desafios, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/2.html, Acesso em: 02/07/2015

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Sem sombras de dúvida a vida é o bem mais precioso da pessoa humana, e assim sendo, recebeu
lugar de destaque entre os direitos à serem protegidos, tanto na DUDH, como em todas as leis ao redor
do mundo.
Nas palavras de José Afonso da Silva5, o direito à existência consiste no direito de estar vivo, de lutar
peio viver, de defender a própria vida, de permanecer vivo. É o direito de não ter interrompido o processo
vital senão pela morte espontânea e inevitável. Existir é o movimento espontâneo contrário ao estado
morte.
A vida humana não é apenas um conjunto de elementos materiais. Integram-na, outrossim, valores
imateriais, como os morais. A Constituição, mais que as outras, realçou o valor da moral individual,
tornando-a mesmo um bem indenizável (art. 5º - V e X). A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o
bom nome, a boa fama, a reputação que integram a vida humana como dimensão imaterial.
A liberdade aparece em conjunto com o direito à vida, por se tratar de pressuposto básico para que
haja desenvolvimento intelectual e material. Esta liberdade não pode ser vista como atributo da igualdade,
mas trata-se de um direito essencial do indivíduo, formando o trio de direitos pessoais essenciais do
indivíduo: vida, liberdade e segurança pessoal, direitos estes que visam proporcionar à pessoa as
condições mínimas de sobrevivência.
Nossa Constituição Federal reproduz de forma extremamente fiel esses três preceitos declaratórios,
principalmente reproduzidos no Art. 5º.

Artigo 4º

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão


proibidos em todas as suas formas.

O combate à escravidão tem como preceitos a liberdade e a legalidade, o que busca impedir que
alguém seja tolhido de seus direitos básicos em nome de uma pretensa superioridade, seja ela física,
racial ou mesmo econômica.
A escravidão é o estado ou a condição a que é submetido um ser humano, para utilização de sua força,
em proveito econômico de outrem.6
Conforme ensina René Ariel Dotti7, em senso comum, a servidão implica numa relação de dependência
de uma pessoa sobre outra que é o servo ou escravo. Sociologicamente, o vocábulo é empregado para
traduzir a relação de dependência entre um grupo ou camada social sobre outra como ocorre na
aristocracia e que é submetida ao pagamento de tributos e a obrigação de prestar serviços.

Artigo 5º

Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou


degradante.

A proibição quanto à tortura, já vinha estabelecida no Código de Hamurabi, em seu Art. 19: Desde já,
ficam abolidos ao açoites, a tortura, a marca de ferro quente e todas as mais penas cruéis.
Em seu livro Direitos Humanos – Conquistas e Desafios8, o rabino Henry Sobel afirma que a tortura,
um crime inafiançável de acordo com a Constituição brasileira, continua a ser praticada pelos agentes do
Estado, aviltando toda a polícia. O espancamento, o choque elétrico e o pau-de-arara são técnicas usadas
rotineiramente para esclarecer crimes. O tratamento nas prisões é cruel, desumano e degradante. As
condições nas penitenciárias e nas cadeias públicas do país são abomináveis.
O conceito específico de tortura vem tratado na Convenção Internacional contra a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes, e no âmbito interno, está regulamentado na
Lei nº 9.455/1997, faz sua própria conceituação, baseada na convenção citada.

Artigo 6º

5
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/3.html, Acesso em: 02/07/2015

6
Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html, Acesso em
02/07/2015
7
DOTTI, René Ariel, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html, Acesso em 02/07/2015
8
SOLBEL, Henry. Direitos Humanos – Conquistas e Desafios, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/5.html, Acesso: 02/07/2015

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Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

O presente dispositivo traz como premissa reconhecer que toda pessoa, todos os indivíduos, sem
qualquer tipo de distinção, devem ser tratados como pessoa humana, o que significa existir uma
consideração implícita no sentido de que todos, se refere à todas as pessoas.
Pode-se afirmar que ser considerado como pessoa é um pressuposto no qual se amparam os
legisladores e que é a base para todos os outros direitos afirmados aqui.
Todo ser dotado de vida é indivíduo, isto é: algo que não se pode dividir, sob pena de deixar de ser. O
homem é um indivíduo, mas é mais que isto, é uma pessoa. (...) Por isso é que ela constitui a fonte
primária de todos os outros bens jurídicos9.

Artigo 7º

Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei.
Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração
e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Aqui nota-se que a princípio da igualdade foi novamente abordado, reafirmando-o, contudo em caráter
mais específico, visando a proteção legal, tanto em face da própria discriminação, quanto em face à
proteção contra qualquer tipo de incitamento à qualquer discriminação.

Artigo 8º

Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes recurso efetivo para os
atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
lei.

A características fundamental do presente dispositivo é a busca para efetivar a prestação judicial, ou


a aplicação da justiça, em qualquer situação, principalmente quando houver a ameaça a direito. A
Constituição Federal abriga o presente dispositivo e ainda reconhece, de forma subsidiaria, princípios que
visam garantir seu efetivo cumprimento.
Importante ressaltar que a Constituição Federal, em seu Art. 5º, assegura a todos o direito de obter a
tutela jurisdicional, trazendo mesmo uma proteção da justiça, e manifesta-se no sentido de que não se
pode excluir da apreciação do judiciário qualquer assunto, simples ou complexo, que a pessoa tenha
necessidade de apreciação.

Artigo 9º

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Novamente o dispositivo declaratório invoca o princípio da legalidade, enquanto instrumento abstrato


de garantia, a fim de que qualquer comando jurídico que venha a impor um comportamento forçado deve
se originar de regra geral, o que significa uma irrestrita submissão e respeito à lei.
O princípio da reserva legal decorre deste dispositivo, tendo natureza concreta, circunscrevendo um
comportamento pessoal que deve se pautar em cada um dos limites impostos pela lei formal.
Aqui verifica-se que a intangibilidade física e a incolumidade moral das pessoal está sujeita à custódia
do Estado, garantidas pelo presente dispositivo e reafirmadas internamente pelo inciso XLIX, do Art. 5º
da Constituição Federal.

Artigo 10

Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de
qualquer acusação criminal contra ela.

9
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/6.html, Acesso em 02/07/2015

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Mais uma vez a DUDH invoca o princípio da igualdade, agora combinado com a independência e à
imparcialidade perante à Justiça, visando garantir que decisões sejam emanadas por um tribunal, visando
também impedir a existência de tribunal de exceção.
Este dispositivo reconhece a instituição do júri para julgamento dos crimes dolosos contra a vida, onde
é possível assegurar a plena defesa, o sigilo das votações e a soberania dos veredictos.
A Declaração é expressa: assegura a qualquer pessoa direito de audiência junto ao poder judiciário,
que é independente e imparcial, não só por torça da investidura de seus membros, na carreira, por
concurso de títulos e provas, mas também por pertencer a um poder que, pela Constituição, não é
subordinado a nenhum outro. A independência do juiz é absoluta e mesmo na hierarquia judiciária ele
não deve obediência a magistrados superiores. O seu julgamento deve seguir exclusivamente o seu
entendimento, de acordo com a sua consciência10.

Artigo 11

§ 1º Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que
a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
§ 2º Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não
constituam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais
forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Em um primeiro momento, este artigo da DUDH aborda o princípio da presunção de não


culpabilidade, situação em que o Estado deve comprovar a culpa do indivíduo, produzindo as provas
necessárias para tal.
Conforme ensina Dotti11, a presunção de inocência é um dos princípios relativos à prova e que incide
no sistema de processo penal, salvo as exceções determinadas na lei (prisão provisória, busca e
apreensão, violação do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas etc.).
Diante deste dispositivo, percebe-se que o Estado Democrático de Direito pressupõe a existência de
interligação entre o princípio aqui estabelecido e os princípios do devido processo legal, da ampla defesa
e do contraditório.
A segunda parte deste dispositivo consagra o princípio da reserva legal e o princípio da anterioridade
em matéria penal, o que significa dizer que fixam a obrigatoriedade da existência prévia de lei restritiva,
sendo que só assim será possível considerar uma conduta como delituosa, e esta somente poderá ser
punida se houver estipulação prévia da punição cabível.

Artigo 12

Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na de sua família, no seu lar ou na
sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção
da lei contra tais interferências ou ataques.

Este artigo abriga o direito à inviolabilidade da vida privada de cada indivíduo, o que inclui sua
intimidade, a honra, a reputação, sendo que este direito se estende à casa e à família, incluindo também
o direito à proteção da lei contra atos que possam, de alguma forma, violar essa garantia.
José Afonso da Silva12 ensina que a vida privada, em última análise, integra a esfera íntima da pessoa,
porque é repositório de segredos e particularidades do foro moral e íntimo do indivíduo. A tutela
constitucional visa proteger as pessoas de dois atentados particulares:
(a) ao segredo da vida privada; e
(b) à liberdade da vida privada

10 Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/10.html, Acesso em:


02/07/2015

11
DOTTI, René Ariel, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/11.html, Acesso em: 02/07/2015
12
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/12.html, Acesso em: 02/07/2015

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Artigo 13

§ 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de
cada Estado.
§ 2º Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Aqui trata-se do direito à liberdade de locomoção, ou o tão proclamado direito ou liberdade de ir e vir,
preceito este que afasta qualquer restrição à plena liberdade material da pessoa humana.
Neste direito estão compreendidos o direito de acesso, de ingresso e de trânsito em todo o território
nacional, incluindo também o direito de permanência e saída do país, cabendo a escolha apenas à
conveniência pessoal.
É bastante claro que se trata de um preceito que deriva do princípio da liberdade, tratando de confirmar
a natureza humana de movimentar-se ou deslocar-se de um lugar à outro, garantindo assim, a
permanência pelo tempo que desejar, podendo estabelecer residência conforme sua vontade.

Artigo 14

§ 1º Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros
países.
§ 2º Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por
crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Os preceitos aqui descritos podem ser conferidos, de forma genérica, no § 2º, do Art. 5º da Constituição
Federal e complementadas pelo Art. 4º, X, também da Constituição Federal.
A intensão do legislador foi garantir o trânsito entre os países, voltado para aqueles que se encontram
em situação precária, dada a perseguição, seja ela política, militar ou mesmo social.
O próprio dispositivo traz a exceção no sentido de que não será considerado como perseguido aquele
que cometeu crime, seja ele elencado na legislação comum ou crime contra os Direitos Humanos, sendo
que nesses casos, o autor do crime deverá responder por eles.

Artigo 15

§ 1º Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.


§ 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.

O presente dispositivo tem como finalidade garantir que todas as pessoas possam ter os direitos
conferidos ao cidadão de cada Estado, impedindo a existência dos chamados apátridas, o que significa
dizer que todas as pessoas tem direito a estar oficialmente vinculadas à um Estado ou país, o que vai lhe
garantir que possa gozar dos direitos e garantias constituídas por aquele.
Este dispositivo está plenamente formalizado na Constituição Federal, em seu Art. 12, I e II, garantindo
também o direito à nacionalidade.
Artigo 16

§ 1º Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou


religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em
relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
§ 2º O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
§ 3º A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da
sociedade e do Estado.

Aqui nota-se a reafirmação da proscrição à discriminação, bem como a garantia da liberdade de


expressão e a soberania da manifestação da vontade, sendo que o direito ao casamento e à constituição
de família deve ser plenamente garantido pelo Estado.
No direito pátrio, tais garantias estão estabelecidas no Art. 226 da Constituição Federal.

Artigo 17

§ 1º Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

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§ 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

O mundo ocidental sempre buscou mecanismos de proteger a propriedade, sendo esta bastante
enaltecida pelas sociedades capitalistas, mas também foi objeto de regramento em sociedades africanas
e asiáticas. Desta forma, considerou-se a propriedade como um princípio essencial para o
desenvolvimento da atividade humana, como resultado de seu trabalho e de sua capacidade.
Em um primeiro momento, a propriedade era tratada como bem absoluto, permitindo que seu senhor
praticasse quaisquer tipos de atos. Conforme a evolução e a necessidade de proteção surgiram, passou-
se a dar maior limitação à propriedade. Atualmente o direito à propriedade, bem como o direito de uso da
mesma, está restringido principalmente pelo princípio da função social, sendo que ao proprietário cabe o
uso e gozo de seu bem desde que de maneira que não cause distúrbios à coletividade.

Artigo 18

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a
liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo
ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em
particular.

Trata-se de mais um princípio que reforça a liberdade, em termos gerais, e que a concretiza em termos
específicos ao determinar que cada indivíduo terá liberdade de pensamento, e como consequência,
também tem liberdade de consciência e de religião.
Por liberdade de pensamento, entende-se como o direito de exprimir, por qualquer forma, o que se
pense em ciência, religião, arte, ou o que for’. Trata-se de liberdade de conteúdo intelectual e supõe o
contato do indivíduo com seus semelhantes, pela qual ‘o homem tenda, por exemplo, a participar a outros
suas crenças, seus conhecimentos, sua concepção do mundo, suas opiniões políticas ou religiosas, seus
trabalhos científicos13.
No direito pátrio, a Constituição Federal não traz explicitamente o direito à liberdade de pensamento,
mas o utiliza como pressuposto para garantir a sua manifestação, que está expressamente garantida na
Carta Maior. Como decorrência lógica, tem-se ainda a liberdade de expressão, que também é garantida.

Artigo 19

Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de,
sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por
quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Este dispositivo é decorrência do dispositivo anterior, ou seja, a garantia da liberdade de pensamento


é que assegura a liberdade de opinião e de expressão. Trata-se de preservar um dos direitos
fundamentais para o homem, no que tange a sua vida social.
A liberdade de expressão, ou de manifestação do pensamento, é um dos aspectos externos da
liberdade de opinião. Desta forma, nota-se que há uma correlação entre a liberdade de opinião e a
liberdade de recepção de informações e ideias, o que também dá sustentação ao direito de expressão e
visam garantir a plenitude do princípio da liberdade.
Para Alexandre de Moraes14, o direito de receber informações verdadeiras é um direito de liberdade e
caracteriza-se essencialmente por estar dirigido a todos os cidadãos, independentemente de raça, credo
ou convicção político-filosófica, com a finalidade de fornecimento de subsídios para a formação de
convicções relativas a assuntos públicos.

Artigo 20

§ 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.


§ 2º Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

13
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/18.html, Acesso em: 02/07/2015
14
MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/19.html, Acesso em: 02/07/2015

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O dispositivo busca a garantia da liberdade, tanto de reunião como de associação, uma vez que se
tratam de coisas distintas. Para Alexandre de Moraes15, o direito de reunião é uma manifestação coletiva
da liberdade de expressão, exercitada por meio de uma associação transitória de pessoas e tendo por
finalidade o intercâmbio de ideias, a defesa de interesses, a publicidade de problemas e de determinadas
reivindicações. O direito de reunião apresenta-se, ao mesmo tempo, como um direito individual em
relação a cada um de seus participantes e um direito coletivo no tocante a seu exercício conjunto.
O direito de reunião tem como pressuposto a pluralidade de participantes e também uma noção de
duração limitada no tempo, pois se assim não fosse, estaríamos diante de uma associação.
O Art. 5º da Constituição Federal tem dispositivos garantindo as duas coisas, reunião e associação, e
impõe limites quanto à sua finalidade, exigindo que estas sejam realizadas com propósitos pacíficos.

Artigo 21

§ 1º Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos.
§ 2º Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
§ 3º A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente
que assegure a liberdade de voto.

Este dispositivo traz três postulados básicos, que visam garantir o livre exercício dos direitos políticos.
Os direitos políticos estão fundamentados pelo princípio da soberania popular e devem ser entendidos
como meios de garantir que cada cidadão possa participar das decisões políticas de seu país, bem como
ser capaz de votar e ser votado e ainda, garantia de um sistema eleitoral claro, que permita o acesso
amplo para todos.

Artigo 22

Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo
esforço nacional, pela cooperação internacional de acordo com a organização e recursos de cada
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre
desenvolvimento da sua personalidade.

Este dispositivo afirma que todos tem direito à seguridade social, o que está fundamentado no fato de
que cada pessoa tem a condição de membro da sociedade. A referida seguridade social é destinada a
promover a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais, entendidos como indispensáveis à
dignidade humana.
Cabe a cada Estado a promoção destes direitos, dentro de sua organização e respeitando os limites
de seus recursos, sendo possível a cooperação internacional para que se possa atingir as metas.

Artigo 23

§ 1º Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
§ 2º Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
§ 3º Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe
assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que
se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
§ 4º Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para a proteção de seus
interesses.

Este dispositivo traz uma melhor especificação do princípio da liberdade e ainda, um reforço da
proibição com relação à escravidão. Trata-se de dispositivo que permite que cada indivíduo busque seu
trabalho digno e as condições que melhor lhe aprouverem para realização do mesmo.
Importante notar que há um reforço quanto à igualdade, ao se estabelecer que não podem haver
distinções salariais.

15
MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/20.html, Acesso em: 02/07/2015

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A Constituição Federal contempla tal dispositivo, regulamentando em seus Arts. 7º à 11, que traz os
princípios básicos quanto às relações de trabalho.

Artigo 24

Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho
e a férias periódicas remuneradas.

Trata-se de um complemento quanto às relações de trabalho, buscando a garantia de que o


trabalhador terá tempo específico para descansar, não sendo obrigado a trabalhar ininterruptamente.
Mais uma vez, tal dispositivo foi recepcionado pela Constituição Federal em seus artigos 7º a 11,
conforme mencionado no dispositivo anterior.

Artigo 25

§ 1º Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde
e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice
ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
§ 2º A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as
crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Trata-se de disposição de amplo aspecto e que enfrenta grandes obstáculos para sua implementação.
O que se busca é a garantia de todos os aspectos da vida do indivíduo e para isso determina direito a um
padrão de vida, o que seria o mínimo necessário para que se tenha uma vida digna.
O dispositivo especifica alguns direitos, contudo deve-se salientar que em termos gerais, todos já foram
tratados anteriormente. No direito pátrio, encontram-se positivados nos artigos 6º a 9º e 226 a 230 da
Constituição Federal.

Artigo 26

§ 1º Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
§ 2º A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana
e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos
raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da
paz.
§ 3º Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a
seus filhos.

A educação, enquanto direito fundamental da pessoa humana, é algo que foi consolidado somente
nos tempos modernos e de forma bastante elitista e excludente, sendo que na prática, não permitia o
acesso das classes inferiores.
Conforme ensina Cesare de Florio La Rocca16, a formulação adotada pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos é, ao mesmo tempo, genérica, abrangente e específica. Nela aparecem claramente as
dimensões instrução, da formação, da expansão. Poderíamos afirmar que o artigo 26 conseguiu resumir
em seu texto o objetivo fundamental da educação que é o de educar para a vida. E não apenas a vida do
cotidiano, e sim desse, inserido de maneira dinâmica, construtiva e participativa na própria caminhada
existencial do gênero humano.

16 LA ROCCA, Cesare de Florio. Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em:
http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/orocca.html, Acesso em 03/07/2015

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Artigo 27

§ 1º Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir
as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
§ 2º Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de
qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Este dispositivo apresenta dois preceitos básicos, sendo que o primeiro está voltado para a garantia
do direito de participação na vida cultural, incluindo as artes e processos científicos. Já o segundo preceito
refere-se à garantia dos interesses morais, tido como subjetivos, e materiais, objetivos, relativos à
produção cultural.
Trata-se de direito bastante recente. O direito à propriedade imaterial é manifestado com o
reconhecimento dos direitos que protegem todas as formas de uso de obras intelectuais, artísticas ou
científicas.
Artigo 28

Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades
estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Aqui tem-se que a efetiva realização dos direitos do homem tem como precondição a existência de
uma ordem social interna em cada país que reúna as condições essenciais para que possa ser
reivindicado o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, e ainda, uma ordem internacional
de coexistência dos países entre si que assegure a cada um deles uma realidade em que se atenda ao
pleno exercício dos direitos e das liberdades consagrados na Declaração17.
Os autores da DUDH, sabiamente percebem que a proteção aos direitos estabelecidos nesta, pode
ser frustrada se não houver, formalmente, um quadro interno e externo, em que seja possível cultuar o
respeito aos direitos de cada indivíduo.

Artigo 29

§ 1º Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento
de sua personalidade é possível.
§ 2º No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações
determinadas por lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública
e do bem-estar de uma sociedade democrática.
§ 3º Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente
aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Trata-se de fixar expressamente os deveres de cada indivíduo para com a comunidade, numa forma
de contrapartida em face dos direitos anteriormente assegurados.
Nas palavras de DOTTI18, os indivíduos têm deveres para com a sua família e a sociedade onde vivem
assim como são titulares de direitos cujo reconhecimento e proteção não dependem somente do Estado
mas também de todos os cidadãos. Daí porque os deveres comunitários constituem um caminho de dupla
via.
Artigo 30

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a


qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

Este último dispositivo, que fecha a DUDH, busca manter aberta as possibilidades de concretizar
outros valores que possam estar presentes no discurso jurídico politicamente utilizável.
Em termos de técnica legislativa, inova, se confrontada com textos constitucionais nacionais e normas
internacionais. E justamente porque abandonou o esquema de democracia formal: proclamar direitos e

17 Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em:
http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/lavenere.html, Acesso em: 03/07/2015
18
DOTTI, René Ariel, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/29.html, Acesso em: 03/07/2015

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remeter, para um possível interior do próprio texto (Constituição ou Tratado), ou para princípios existentes
em dado sistema legal, o conteúdo do direito apontado mas não definido19.

Questões

01. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo - FEPESE/2016) A Declaração Universal dos


Direitos Humanos aprovada pela ONU em 1948 declara expressamente.
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião nos países
ocidentais e cristãos.
2. Afirma que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
3. Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de,
sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer
meios e independentemente de fronteiras.
4. Toda pessoa vítima de perseguição tem o direito de procurar e de gozar refúgio em outros países,
mesmo em casos de perseguição legitimamente motivada por crime de direito comum.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


(A) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
(B) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
(C) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
(D) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
(E) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.

02. (Prefeitura de Natal/RN - Advogado - IDECAN/2016) Assinale a alternativa que NÃO está de
acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
(A) Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, mas não a este
regressar.
(B) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
(C) Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para
os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
(D) Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de
qualquer acusação criminal contra ele.

03. (AL/GO - Analista Legislativo - Comunicador Social - CS-UFG/2015) “Todo homem tem direito
à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e
procurar, receber e difundir in- formações e ideias por quaisquer meios de expressão, independentemente
de fronteiras” (Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos). Esse direito refere-se à:
(A) Liberdade de cátedra.
(B) Liberdade de imprensa.
(C) Liberdade sindical.
(D) Liberdade de expressão.

04. (CBM-MG - Oficial do Corpo de Bombeiros Militar – IDECAN/2015) Quanto às considerações


enunciadas no preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, marque a afirmativa
INCORRETA.
(A) O desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros que ultrajam a
consciência da humanidade.
(B) Aspira-se por um mundo em que todos gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade
de viverem a salvo do temor e da necessidade.
(C) É essencial que os direitos humanos sejam protegidos por meio de rebeliões contra a opressão
para que o ser humano não seja compelido ao império da lei.

19 Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em:
http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/pinaude.html, Acesso em: 03/07/2015

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(D) Os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos
fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres.

05. (SEE-MG - Professor de Educação Básica – IBFC/2015) Assinale a alternativa correta sobre o
órgão que proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
(A) Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
(B) Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
(C) Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.
(D) Assembleia Especial de Justiça da Organização das Nações Unidas.

Respostas

01. Resposta: “C”


Antes de analisarmos a resposta da questão, cabe destacar que algumas traduções da Declaração
Universal dos Direitos Humanos é substituída a palavra “ser(es) humano(s)” por “pessoa(s)”.
1. Está correta, pois está de acordo com que prevê o artigo 18, da Declaração;
2. Está correta, uma vez que sua redação é a mesma do artigo 1º, da Declaração;
3. Está correta, tendo em vista que o previsto no artigo 19, da Declaração.
4. Por fim, a única afirmativa incorreta é esta, pois conflita com o que dispõe o Artigo 14, da Declaração,
vejamos: “§ 1º Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros
países. § 2º Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por
crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas”.

02. Resposta: “A”


Nos termos do que dispõe o artigo 13, §2º, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, toda
pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

03. Resposta: D. O princípio constante da questão está expresso no Art. 18 da DUDH, que reforça a
liberdade de modo geral e garante que cada indivíduo possa expressar seus pensamentos livremente.

04. Resposta: C. O desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros que
ultrajam a consciência da humanidade. Quando a questão menciona o desprezo e o desrespeito PELOS
direitos humanos, deixa entender que a palavra PELO faz referência aos atos causados pelos Direitos
Humanos e não contra os Direitos Humanos.

05. Resposta: A. Conforme consta no preâmbulo: A Assembleia Geral das Nações Unidas proclama
a presente "Declaração Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos
os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo
sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito
a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional,
por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos
próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Lei Federal n° 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA).

Estatuto da Criança e do Adolescente

1- Noções Gerais.
Antes de adentrarmos na integralidade do Estatuto da Criança e do Adolescente faz-se necessário
estudarmos alguns conceitos e princípios atinentes à criança e adolescente. Vamos lá!

A proteção à criança e ao adolescente começa na Constituição Federal, em seu art. 227 que
estabelece que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,

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além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.
A partir desse preceito constitucional cria-se o Estatuto da Criança e do Adolescente, que tutela de
forma ampla e plena a criança e o adolescente.
O princípio maior do Estatuto é o da proteção integral e absoluta prioridade. Por proteção integral
entende-se conjunto amplo de mecanismos jurídicos voltados à tutela da criança e do adolescente.
A proteção integral tem ligação com outro princípio importante, o do melhor interesse do menor.
Desse, decorre a ideia que no caso concreto busca-se a solução que proporcionar o maior benefício
possível para criança ou adolescente.

Com o advento do Estatuto, as crianças e adolescentes passaram a ser sujeitos de direitos (art. 5º).

Mas, quem seria criança e adolescente?


De acordo com o art. 2º criança é a pessoa com até 12 anos incompletos e adolescente a pessoa que
conta com 12 anos completos e 18 anos incompletos.

Uma dúvida que sempre paira é se seria possível a aplicação do ECA a quem já completou a
maioridade.
Nos termos do parágrafo único do art. 2º o ECA será aplicado excepcionalmente às pessoas entre 18
e 21 anos.

2- Os direitos fundamentais no ECA.


O Estatuto da Criança e do Adolescente elenca de forma minuciosa os direitos fundamentais em seus
arts. 7º a 69.
Os direitos fundamentais contidos no Estatuto são, em sua maioria, de caráter prestacional, ou seja,
contêm deveres de fazer ou de dar impostos ao Poder Público e aos pais e responsáveis.
São os seguintes: direito à vida e à saúde; direito à liberdade, ao respeito e à dignidade; direito à
convivência familiar e comunitária; direito à educação e à cultura, ao esporte e ao lazer; direito à
profissionalização e à proteção no trabalho. Vejamos cada um deles separadamente:

Direito à vida e à saúde (arts. 7º a 14):


O direito à vida é sem dúvidas um dos direitos primordiais do estatuto, pois prestigia um dos valores
supremos de nosso ordenamento jurídico. Ao seu lado encontramos o direito à saúde, que é justamente
a qualificação do primeiro.

O artigo 7° prevê a necessidade de "efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento
e desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência".

O capítulo que trata do direito à vida e à saúde de crianças e adolescentes traz previsões relativas à
gestante e ao seu atendimento hospitalar. O artigo 8° garante o atendimento pré e perinatal à gestante.
É importante ressaltar que esse artigo sofreu alteração no ano de 2016. Veja a sua integralidade:

Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher
e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao
parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único
de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária. (Redação dada pela
Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre
da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-
nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros
serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

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§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período
pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que
manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se
encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período
do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar
saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de
vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
2016)
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural
cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos
médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as
consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016)
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se
encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias
e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de
ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

O art. 10 assegura o direito à identificação adequada evitando-se assim a troca de bebês.

Garante ainda o ECA, tratamento igualitário de todos os sujeitos, independentemente da condição


social (art. 11). Os portadores de deficientes receberão tratamento especializado (§ 1º), incumbindo ao
poder público o fornecimento gratuito de medicamentos, próteses e outros recursos quando necessários
(§ 2º). No caso de internação da criança e do adolescente, os hospitais deverão propiciar condições para
que um dos pais permaneça com o paciente (art.12). O Sistema Único de Saúde promoverá ainda
programas de assistência médica, odontológica e campanhas de vacinação das crianças (art. 14).

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade (arts. 15 a 18):


O direito à liberdade compreende:
- ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
- opinião e expressão;
- crença e culto religioso;
- brincar, praticar esportes e divertir-se;
- participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
- participar da vida política, na forma da lei;
- buscar refúgio, auxílio e orientação.

Já o direito ao respeito está compreendido no art. 17 e consiste “na inviolabilidade da integridade física,
psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.

Por fim, o princípio da dignidade da pessoa humana prestigiado no art. 18. Em se tratando de postulado
normativo também possui previsão no texto constitucional (art. 1º, II, CF).

Direito à convivência familiar (arts. 19 a 52):


Esse tema abrange os direitos e deveres ligados à família natural, a família substituta, guarda, tutela
e adoção.

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O art. 19 do ECA prevê: É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.

A intenção do legislador é de dar sempre preferência à família natural, ou seja, aquela em que a criança
ou adolescente possui laços de sangue. Entretanto, se isso não for benéfico a criança ou adolescente
sua colocação dar-se-á em família substituta, por meio da guarda, tutela ou adoção.

Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer (arts. 53 a 59):


Esses direitos estão ligados ao desenvolvimento sadio e pleno de nossas crianças e adolescentes.

O Estatuto em seu art. 54 estabelece os deveres do Estado acerca da educação:

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:


I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade
própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada
pela Lei nº 13.306, de 2016)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa
responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada
e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.

Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho (arts. 60 a 69):


Esse direito fundamental é mais voltado ao adolescente já que a criança não é permitido o exercício
da atividade laborativa.
A partir dos 14 anos completos, o adolescente pode trabalhar em determinadas condições.

3- Das Medidas de Proteção.


Outro ponto que merece destaque são as medidas de proteção. Essas medidas estão dispostas nos
arts. 98 a 102.
As medidas de proteção são as elencadas no art. 101 e serão aplicadas a criança ou adolescente
que sofrer lesão ou ameaça de lesão a seus direitos. O rol desse artigo é exemplificativo.
Já as medidas socioeducativas, são aplicáveis ao adolescente que pratica ato infracional (art. 112,
incisos I a VI). O rol é taxativo.

O último Título do Estatuto trata dos crimes e infrações administrativas (arts. 225 a 258).
Todos os crimes previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada, ou seja, independe
da manifestação de vontade da parte ofendida em querer ver processada o autor do delito (representação
da vítima). Basta que o Ministério Público tenha conhecimento do fato para propositura da ação penal
cabível.

Atenção! o STF, na ADI nº 869-2, declarou inconstitucional a parte final do §2º do art. 247, que permite
à autoridade judiciária determinar “a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como
da publicação do periódico até por dois números”.

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Após essas considerações, segue na íntegra o Estatuto. Lembramos o(a) candidato(a) que sempre é
de suma importância uma leitura atenta ao texto de lei seca.

4- Medidas Socioeducativas.
4.1- Noções Gerais.
A aplicação de medida socioeducativa é consequência da prática de um ato infracional praticado pelo
adolescente. Com a imposição de uma punição objetiva-se demonstrar ao adolescente que há
responsabilidades e consequências das atitudes que toma.
Guilherme Freire de Melo Barros traz em sua obra “Direito da Criança e do Adolescente” o conceito de
medidas socioeducativas elaborado por Wilson Donizeti Liberati: “A medida socioeducativa é a
manifestação do Estado, em resposta ao ato infracional, praticado por menores de 8 anos, de natureza
jurídica impositiva, sancionatória e retributiva, cuja aplicação objetiva inibir a reincidência, desenvolvida
com finalidade pedagógica-educativa. Tem caráter impositivo, porque a medida é aplicada independente
da vontade do infrator - com exceção daquelas aplicadas em sede de remissão, que tem finalidade
transacional. Além de impositiva, as medidas socioeducativas têm cunho sancionatório, porque, com sua
ação ou omissão, o infrator quebrou a regra de convivência dirigida a todos. E, por fim, ela pode ser
considerada uma medida de natureza retributiva, na medida em que é uma resposta do Estado à prática
do ato infracional praticado”.
O ECA prevê as medidas socioeducativas nos artigos 112 a 125.

Capítulo IV
Das Medidas Sócio-Educativas
Seção I
Disposições Gerais

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente
as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as
circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e
especializado, em local adequado às suas condições.

Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.

Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de
provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos
termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e
indícios suficientes da autoria.
Seção II
Da Advertência

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.

Seção III
Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar,
se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma,
compense o prejuízo da vítima.

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Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra
adequada.

Seção IV
Da Prestação de Serviços à Comunidade

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse
geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros
estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser
cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em
dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.

Seção V
Da Liberdade Assistida

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o
fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser
recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo
ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o
defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização
dos seguintes encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se
necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua
matrícula;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de
trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.

Seção VI
Do Regime de Semi-liberdade

Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição
para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização
judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser
utilizados os recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas
à internação.

Seção VII
Da Internação

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo
expressa determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante
decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado
em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

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§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério
Público.
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade
judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:


I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a 3 (três)
meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei nº
12.594, de 2012)
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto
daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e
gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
pedagógicas.

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais
ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo
comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em
sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou
responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do
adolescente.

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as
medidas adequadas de contenção e segurança.

Para a aplicação das medidas socioeducativas o juiz deve observar alguns requisitos:
- a capacidade do adolescente de cumpri-la;
- as circunstâncias; e
- a gravidade do ato praticado (art. 112, § 1°).

Atenção! A lei nº 12.594/12 (Lei do Sinase) regulamenta a execução das medidas socioeducativa.

O ECA permite que haja cumulação das medidas e ainda a substituição das medidas a qualquer tempo.
Para a substituição das medidas é preciso uma análise mais cuidadosa, sob pena de ferir o princípio do
contraditório. A substituição de medida mais grave por outra de menor gravidade pode ser realizada sem

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maiores problemas. Porém, o contrário não é permitido. Para imposição de medida mais gravosa é preciso
oportunizar a manifestação do adolescente, na forma da súmula 265 do Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 265. É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida sócio-
educativa.

Para a aplicação da medida socioeducativo é necessário a comprovação da autoria e da


materialidade, ou seja, é preciso instaurar uma relação jurídica processual em contraditório, com garantia
de ampla defesa para que, ao final, diante da comprovação da prática de ato infracional seja imposta
medida socioeducativa.

O adolescente deve ser liberado compulsoriamente do cumprimento de quaisquer medidas aos 21


anos (art. 121, § 5°). Se estiver internado, deve ser colocado em liberdade.

Com o advento do Código Civil de 2002 que reduziu a maioridade para 18 anos discutiu-se se o
encerramento das medidas socioeducativas também deveriam ocorrer quando o adolescente
completasse essa idade. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que a medida
socioeducativa pode ser exigida até os 21 anos de idade.

As medidas socioeducativas por terem viés punitivo também se submetem aos prazos prescricionais,
no caso das medidas elas seguem as regras previstas no art. 109 do Código Penal.

4.2- Medidas em espécie.

4.2.1- Advertência (art. 115, ECA).


É a medida mais branda e consiste numa admoestação verbal.
Pode ser aplicada independentemente de prova cabal acerca da autoria.

4.2.2- Obrigação de Reparar o Dano (art. 116, ECA).


Tendo o ato infracional reflexos patrimoniais o adolescente deverá reparar os danos da vítima.

4.2.3- Prestação de Serviços à Comunidade (art. 117, ECA).


A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,
por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros
estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Pode ser aplicada pelo prazo máximo de 6 meses, a ser estabelecido de acordo com a gravidade do
ato infracional.
As tarefas serão cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos
e feriados ou em dias úteis (art. 117, parágrafo único).

4.2.4- Liberdade Assistida (arts. 118 e 119, ECA).


É a mais rigorosa das medidas.

O adolescente que cumpre liberdade assistida é acompanhado pela equipe interdisciplinar de uma
entidade de atendimento, responsável por promover socialmente o adolescente e sua família,
supervisionar sua frequência e aproveitamento escolar, diligenciar acerca de sua profissionalização e
inserção no mercado de trabalho.

O prazo mínimo de duração será de 06 meses. Não há previsão de prazo máximo.


Acerca do prazo máximo, o STJ consolidou no sentido de fixar o limite máximo de 3 anos - em
aplicação por analogia da previsão de tempo máximo de internação (art. 121, § 30).

i. O art. 118, § 2°, da Lei n.0 8.069/90 não estabeleceu o prazo máximo de duração da liberdade
assistida, mas tão-somente a duração mínima, a qual pode ser prorrogada até o limite de 3 (três) anos,
pela aplicação subsidiária do art. 121, § 3°, da mesma Lei. (HC 172.017/SP, Rei. Min. Laurita Vaz, 5ª
Turma, julgado em 05/ 05/2011, D]e 18/05/2011)

4.2.5- Semiliberdade (art. 120, ECA).

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Consiste em medida que priva a liberdade do adolescente. O prazo máximo de cumprimento é de 03
anos.

4.2.6- Internação (arts. 121 a 125, ECA).


É a mais gravosa das medidas.
Sujeita-se aos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.

Essa medida não se submete a prazo certo. O juízo, em sua sentença, se limita a impor a medida de
internação.
Periodicamente, no máximo a cada seis meses, o adolescente tem o direito de ter reavaliada sua
medida.

Veja a lei na íntegra:

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.

Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

Título I
Das Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos,
e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas
entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios,
todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes,
sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente
social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a
comunidade em que vivem. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à
juventude.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais.

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Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências
do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do
adolescente como pessoas em desenvolvimento.

Título II
Dos Direitos Fundamentais
Capítulo I
Do Direito à Vida e à Saúde

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência.

Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher
e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao
parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único
de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária. (Redação dada pela
Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre
da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-
nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros
serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período
pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal.
§ 5º A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que
manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se
encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período
do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar
saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de
vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
2016)
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural
cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos
médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as
consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016)
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se
encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias
e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de
ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao


aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.
§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais
ou coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção
e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável, de forma contínua. (Incluído
pela Lei nº 13.257, de 2016)

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§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano
ou unidade de coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e


particulares, são obrigados a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de
dezoito anos;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão
digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do
recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e
do desenvolvimento do neonato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica
adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente.
(Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017)

Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do
adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a
ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
de 2016)
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação,
em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada pela
Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos,
órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para
crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira infância
receberão formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento
psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
2016)

Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia


intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo
integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e
de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar
da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010,
de 2014)
§ 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude.
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em
seu componente especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os
demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima
prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação
de violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede
e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

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Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para
a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de
educação sanitária para pais, educadores e alunos.
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes, de
forma transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à
criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função educativa protetiva e será prestada, inicialmente,
antes de o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no décimo
segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será atendida pelo Sistema Único
de Saúde. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Capítulo II
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas
humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:


I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da
criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de
qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer
outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes
públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles,
tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a
criança ou o adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao
adolescente que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

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Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores
de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes,
tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como
formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; Incluído pela Lei nº 13.010,
de 2014)
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem
prejuízo de outras providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

Capítulo III
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
Seção I
Disposições Gerais

Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente
que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou
institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade
judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar,
decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
§ 2º A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se
prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior
interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em
relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas de
proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1º do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos
incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 4º Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade,
por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento
institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial. (Incluído pela Lei nº
12.962, de 2014)

Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos
e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do
que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância,
recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes
ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão
familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

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Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a
suspensão do poder familiar.
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o
adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em
serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na
hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha.
(Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento
contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento
injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.

Seção II
Da Família Natural

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus
descendentes.
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da
unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou
adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou
separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento
público, qualquer que seja a origem da filiação.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao
falecimento, se deixar descendentes.

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível,


podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo
de Justiça.

Seção III
Da Família Substituta
Subseção I
Disposições Gerais

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção,
independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe
interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as
implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada.
§ 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido
em audiência.
§ 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou
de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
§ 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta,
ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a
excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo
dos vínculos fraternais.
§ 5º A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação
gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da
Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da
política municipal de garantia do direito à convivência familiar.

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§ 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente
de quilombo, é ainda obrigatório:
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e
tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros
da mesma etnia;
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no
caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou
multidisciplinar que irá acompanhar o caso.

Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo,
incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a
terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.

Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente
admissível na modalidade de adoção.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.

Subseção II
Da Guarda

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou
adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou
incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a
situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de
representação para a prática de atos determinados.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos
de direito, inclusive previdenciários.
§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente,
ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou
adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de
prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou do
Ministério Público.

Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.
§ 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento familiar terá preferência a
seu acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da
medida, nos termos desta Lei.
§ 2º Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento
familiar poderá receber a criança ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. 28 a
33 desta Lei.
§ 3º A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em família acolhedora como política
pública, os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de
adolescentes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não estejam
no cadastro de adoção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

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§ 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos
serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família
acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido
o Ministério Público.

Subseção III
Da Tutela

Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do
poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda.

Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, conforme previsto no
parágrafo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo
de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do
ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29
desta Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar
comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores
condições de assumi-la.

Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.

Subseção IV
Da Adoção

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados
os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do
parágrafo único do art. 25 desta Lei.
§ 2º É vedada a adoção por procuração.

Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver
sob a guarda ou tutela dos adotantes.

Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive
sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre
o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus
ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil.
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.
§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham
união estável, comprovada a estabilidade da família.
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.
§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente,
contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha
sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da
concessão.

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§ 5º Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será
assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 - Código Civil.
§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a
falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em
motivos legítimos.

Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o
curador adotar o pupilo ou o curatelado.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando.
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam
desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu
consentimento.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo
que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso.
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda
legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição
do vínculo.
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de
convivência.
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de
convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias.
§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da
Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da
política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da
conveniência do deferimento da medida.

Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil
mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado.
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município
de sua residência.
§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro.
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá
determinar a modificação do prenome.
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando,
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na
hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito.
§ 8º O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo,
admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para
consulta a qualquer tempo.
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou
adolescente com deficiência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)

Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito
ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos.

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Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de
18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.

Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais.

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e
adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido
o Ministério Público.
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os requisitos legais, ou verificada
qualquer das hipóteses previstas no art. 29.
§ 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de preparação psicossocial e
jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência
familiar.
§ 4º Sempre que possível e recomendável, a preparação referida no § 3o deste artigo incluirá o contato
com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem adotados,
a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da
Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela execução da
política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
§ 5º Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em
condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
§ 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão
consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § 5o
deste artigo.
§ 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros,
incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema.
§ 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das
crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca
de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual
e nacional referidos no § 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade.
§ 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção e correta alimentação dos
cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.
§ 10. A adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou
casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos
cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado interessado com
residência permanente no Brasil.
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o
adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
programa de acolhimento familiar.
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas
pelo Ministério Público.
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado
previamente nos termos desta Lei quando:
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e
afetividade;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou
adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e
afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts.
237 ou 238 desta Lei.
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá comprovar, no curso do
procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.

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Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente
ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de
1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada
pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de
junho de 1999.
§ 1º A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá
lugar quando restar comprovado:
I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto;
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família
substituta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei;
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu
estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado
por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção
internacional de criança ou adolescente brasileiro.
§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal
em matéria de adoção internacional.

Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com
as seguintes adaptações:
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá
formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional
no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual;
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos
para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e
adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os
motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional;
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com
cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira;
IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial
elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente,
acompanhada da respectiva prova de vigência;
V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular,
observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por
tradutor público juramentado;
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo
psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da
legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos
requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como
da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá
validade por, no máximo, 1 (um) ano;
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção
perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente,
conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual.
§ 1º Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à
adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados.
§ 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e
estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior
comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
próprio da internet.
§ 3º Somente será admissível o credenciamento de organismos que:

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I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam devidamente
credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
para atuar em adoção internacional no Brasil;
II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e
responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de
adoção internacional;
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas
estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira.
§ 4º Os organismos credenciados deverão ainda:
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites fixados pelas
autoridades competentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central
Federal Brasileira;
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com
comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo
Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante
publicação de portaria do órgão federal competente;
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e
no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira;
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades
desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a
Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será
mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida
para o adotado;
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central
Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.
§ 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste artigo pelo organismo credenciado
poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento.
§ 6º O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de
adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos.
§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante requerimento protocolado na
Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo prazo
de validade.
§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida
a saída do adotando do território nacional.
§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com
autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as
características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços
peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo
o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre
a situação das crianças e adolescentes adotados.
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam considerados
abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é
causa de seu descredenciamento.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade
credenciada para atuar na cooperação em adoção internacional.
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1
(um) ano, podendo ser renovada.

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§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou
estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com
crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a devida autorização judicial.
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessão de novos
credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.

Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos


provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional
a organismos nacionais ou a pessoas físicas.
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da
Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da
Criança e do Adolescente.

Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo
processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de
residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente
recepcionada com o reingresso no Brasil.
§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá
a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma
vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior
Tribunal de Justiça.

Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade
competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central
Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à
Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de
Naturalização Provisório.
§ 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os
efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública
ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente.
§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público
deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do
adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à
Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.

Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha
sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na
hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido
à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional.

Capítulo IV
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como
participar da definição das propostas educacionais.

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Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade
própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada
pela Lei nº 13.306, de 2016)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa
responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada
e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.

Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular
de ensino.

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar


os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.

Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário,
seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes
excluídos do ensino fundamental obrigatório.

Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios
do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso
às fontes de cultura.

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de
recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a
juventude.

Capítulo V
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de
aprendiz.

Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do
disposto nesta Lei.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes


e bases da legislação de educação em vigor.

Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:


I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;

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II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.

Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.

Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e
previdenciários.

Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica,
assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral
e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola.

Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade
governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele
participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas
ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos
produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.

Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os


seguintes aspectos, entre outros:
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

Título III
Da Prevenção
Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do
adolescente.

Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma articulada
na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico
ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de
adolescentes, tendo como principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do direito da criança e do
adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou
degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, com
o Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não
governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência social
e dos demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à identificação de

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evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência contra
a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os direitos da criança e do
adolescente, desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de
promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de castigo físico ou
de tratamento cruel ou degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de ações e a elaboração de planos
de atuação conjunta focados nas famílias em situação de violência, com participação de profissionais de
saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da
criança e do adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com deficiência terão prioridade de
atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)

Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre
outras, devem contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao
Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes.
(Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunicação de que trata este artigo, as pessoas
encarregadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado,
assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado
retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)

Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões,
espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção especial outras decorrentes dos
princípios por ela adotados.

Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou
jurídica, nos termos desta Lei.

Capítulo II
Da Prevenção Especial
Seção I
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos

Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos,
informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que
sua apresentação se mostre inadequada.
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos deverão afixar, em lugar
visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do
espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.

Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos classificados
como adequados à sua faixa etária.
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos
locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.

Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público
infanto juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.

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Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação,
antes de sua transmissão, apresentação ou exibição.

Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que explorem a venda ou
aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo
com a classificação atribuída pelo órgão competente.
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, no invólucro, informação sobre a
natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.

Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e


adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens pornográficas
ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.

Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações,
fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão
respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar, sinuca ou
congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmente,
cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local,
afixando aviso para orientação do público.

Seção II
Dos Produtos e Serviços

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:


I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por
utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes
de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou


estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.

Seção III
Da Autorização para Viajar

Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais
ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou
incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por
dois anos.

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Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou
adolescente:
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento
com firma reconhecida.

Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em
território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.

PARTE ESPECIAL
TÍTULO I

Da Política de Atendimento
Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um
conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios.

Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:


I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e
de prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Redação dada
pela Lei nº 13.257, de 2016)
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência,
maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes
desaparecidos;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio
familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes
afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de
adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.

Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:


I - municipalização do atendimento;
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente,
órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular
paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;
III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-
administrativa;
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos
direitos da criança e do adolescente;
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública
e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento
inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização
do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou
institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar
comprovadamente inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas
no art. 28 desta Lei;

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VII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da
sociedade.
VIII - especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da
atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre
desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do adolescente que
favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral;
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da
violência. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos
da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e não será remunerada.

Capítulo II
Das Entidades de Atendimento
Seção I
Disposições Gerais

Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim
como pelo planejamento e execução de programas de proteção e socioeducativos destinados a crianças
e adolescentes, em regime de:
I - orientação e apoio sócio-familiar;
II - apoio socioeducativo em meio aberto;
III - colocação familiar;
IV - acolhimento institucional;
V - prestação de serviços à comunidade;
VI - liberdade assistida;
VII - semiliberdade; e
VIII - internação.
§ 1º As entidades governamentais e não governamentais deverão proceder à inscrição de seus
programas, especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas
alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.
§ 2º Os recursos destinados à implementação e manutenção dos programas relacionados neste artigo
serão previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de Educação,
Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e
ao adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único
do art. 4o desta Lei.
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança
e do Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação da
autorização de funcionamento:
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como às resoluções relativas à modalidade
de atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos
os níveis;
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério
Público e pela Justiça da Infância e da Juventude;
III - em se tratando de programas de acolhimento institucional ou familiar, serão considerados os
índices de sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso.

Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão funcionar depois de registradas no


Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao Conselho
Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade.
§ 1º Será negado o registro à entidade que:

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a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
segurança;
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princípios desta Lei;
c) esteja irregularmente constituída;
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e deliberações relativas à modalidade de
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os
níveis.
§ 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observado o
disposto no § 1o deste artigo.

Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou institucional deverão
adotar os seguintes princípios:
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar;
II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família natural
ou extensa;
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de coeducação;
V - não desmembramento de grupos de irmãos;
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes
abrigados;
VII - participação na vida da comunidade local;
VIII - preparação gradativa para o desligamento;
IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.
§ 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado ao
guardião, para todos os efeitos de direito.
§ 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional
remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da
situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1o
do art. 19 desta Lei.
§ 3º Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo e Judiciário, promoverão
conjuntamente a permanente qualificação dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em
programas de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes,
incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar.
§ 4º Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária competente, as entidades que
desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do Conselho
Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o contato da criança ou adolescente com seus
pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
§ 5º As entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional somente
poderão receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e finalidades
desta Lei.
§ 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente de entidade que desenvolva
programas de acolhimento familiar ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apuração
de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal.
§ 7º Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em acolhimento institucional, dar-se-á
especial atenção à atuação de educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos, às
rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto como prioritárias.
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter
excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade
competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da
Juventude, sob pena de responsabilidade.

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Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e se
necessário com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promover a
imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso
possível ou recomendável, para seu encaminhamento a programa de acolhimento familiar, institucional
ou a família substituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei.

Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de internação têm as seguintes obrigações, entre
outras:
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na decisão de internação;
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos reduzidos;
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao adolescente;
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos familiares;
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se mostre inviável ou
impossível o reatamento dos vínculos familiares;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos adolescentes
atendidos;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;
X - propiciar escolarização e profissionalização;
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos
resultados à autoridade competente;
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação processual;
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes portadores de moléstias
infectocontagiosas;
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos;
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do
adolescente, seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua
formação, relação de seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a
individualização do atendimento.
§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes deste artigo às entidades que mantêm
programas de acolhimento institucional e familiar.
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as entidades utilizarão preferencialmente
os recursos da comunidade.

Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes,
ainda que em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a reconhecer e
reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de
2014)

Seção II
Da Fiscalização das Entidades

Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas


pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.

Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão apresentados ao estado ou ao


município, conforme a origem das dotações orçamentárias.

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Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento que descumprirem obrigação constante
do art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:
I - às entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
II - às entidades não-governamentais:
a) advertência;
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
d) cassação do registro.
§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades de atendimento, que coloquem em risco
os direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou representado
perante autoridade judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive suspensão das
atividades ou dissolução da entidade.
§ 2º As pessoas jurídicas de direito público e as organizações não governamentais responderão pelos
danos que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descumprimento dos
princípios norteadores das atividades de proteção específica.

Título II
Das Medidas de Proteção
Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.

Capítulo II
Das Medidas Específicas de Proteção

Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem
como substituídas a qualquer tempo.

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-
se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas:
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os
titulares dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal;
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida nesta
Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são
titulares;
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos assegurados
a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta
expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo,
sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de programas por
entidades não governamentais;
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos
interesses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros
interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto;

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V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no
respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a
situação de perigo seja conhecida;
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e
instituições cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do
adolescente;
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de
perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada;
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os
seus deveres para com a criança e o adolescente;
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve
ser dada prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou,
se isto não for possível, que promovam a sua integração em família substituta;
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, respeitado seu estágio de
desenvolvimento e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos
seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma como esta se processa;
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos
pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a
ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção,
sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, observado o disposto
nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei.

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá
determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da
família, da criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX - colocação em família substituta.
§ 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais,
utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação
em família substituta, não implicando privação de liberdade.
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso
sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou adolescente do
convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido
do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual
se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
§ 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam
programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento,
expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros:
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos;
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência;
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda;
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar.
§ 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo
programa de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando
à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de

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autoridade judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família
substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.
§ 5º O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo
programa de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos
pais ou do responsável.
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros:
I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e
seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e
fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família
substituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária.
§ 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do
responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade,
a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social,
sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.
§ 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento
familiar ou institucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério
Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
§ 9º Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família
de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e
promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição
pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da
entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar,
para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a
ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos
complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo
informações atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e
institucional sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de
cada um, bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família
substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência
Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos
quais incumbe deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o número de
crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em programa
de acolhimento.

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão acompanhadas da regularização
do registro civil.
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da criança ou adolescente
será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata este artigo são isentos de multas,
custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado procedimento específico destinado à sua
averiguação, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992.
§ 4º Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de investigação
de paternidade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em
assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção.
§ 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer tempo, do nome do pai no assento de
nascimento são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. (Incluído dada
pela Lei nº 13.257, de 2016)

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§ 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do reconhecimento de paternidade no
assento de nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

Título III
Da Prática de Ato Infracional
Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas
nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do
fato.

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.

Capítulo II
Dos Direitos Individuais

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou
por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão,
devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti
comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de
liberação imediata.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e
cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e
materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos
órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

Capítulo III
Das Garantias Processuais

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.

Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:


I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir
todas as provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

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Capítulo IV
Das Medidas Socioeducativas
Seção I
Disposições Gerais

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente
as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as
circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e
especializado, em local adequado às suas condições.

Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.

Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de
provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos
termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e
indícios suficientes da autoria.

Seção II
Da Advertência

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.

Seção III
Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar,
se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma,
compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra
adequada.

Seção IV
Da Prestação de Serviços à Comunidade

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse
geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros
estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser
cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em
dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.

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Seção V
Da Liberdade Assistida

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o
fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser
recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo
ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o
defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização
dos seguintes encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se
necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua
matrícula;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de
trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.

Seção VI
Do Regime de Semiliberdade

Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição
para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização
judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser
utilizados os recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas
à internação.

Seção VII
Da Internação

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo
expressa determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante
decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado
em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério
Público.
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade
judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:


I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

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§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a 3 (três)
meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto
daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e
gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
pedagógicas.

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais
ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo
comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em
sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou
responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do
adolescente.

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as
medidas adequadas de contenção e segurança.

Capítulo V
Da Remissão

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante
do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e
sua maior ou menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária
importará na suspensão ou extinção do processo.

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da


responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação.

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Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

Título IV
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:


I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção
da família; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do poder familiar.
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o
disposto nos arts. 23 e 24.

Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou
responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor
da moradia comum.
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que
necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de 2011)

Título V
Do Conselho Tutelar
Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.

Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo,
1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco)
membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma)
recondução, mediante novo processo de escolha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)

Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
III - residir no município.

Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho
Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a:
(Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal;
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)

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V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos
necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos
conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)

Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e
estabelecerá presunção de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)

Capítulo II
Das Atribuições do Conselho

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:


I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas
previstas no art. 101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e
segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas
deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal
contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I
a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e
programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220,
§ 3º, inciso II, da Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar,
após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e
treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído
pela Lei nº 13.046, de 2014)
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o
afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe
informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio
e a promoção social da família.

Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a
pedido de quem tenha legítimo interesse.
Capítulo III
Da Competência

Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência constante do art. 147.

Capítulo IV
Da Escolha dos Conselheiros

Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei
municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)

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§ 1º O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o
território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente
ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
§ 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo
de escolha. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
§ 3º No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer,
prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de
pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)

Capítulo V
Dos Impedimentos

Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes,
sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e
enteado.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma deste artigo, em relação à
autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da
Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.

Título VI
Do Acesso à Justiça
Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério
Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor
público ou advogado nomeado.
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e
emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.

Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e os maiores de dezesseis e menores
de vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou
processual.
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que
os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação
ou assistência legal ainda que eventual.

Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a
crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente,
vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do
nome e sobrenome.

Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refere o artigo anterior somente será
deferida pela autoridade judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a finalidade.

Capítulo II
Da Justiça da Infância e da Juventude
Seção I
Disposições Gerais

Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e
da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes,
dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.

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Seção II
Do Juiz

Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce
essa função, na forma da lei de organização judiciária local.

Art. 147. A competência será determinada:


I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável.
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão,
observadas as regras de conexão, continência e prevenção.
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais
ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja
mais de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local
da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou
retransmissoras do respectivo estado.

Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:


I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional
atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança
e ao adolescente, observado o disposto no art. 209;
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as
medidas cabíveis;
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou
adolescente;
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também
competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda;
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do
poder familiar;
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de outros
procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito.

Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável,
em:
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
b) bailes ou promoções dançantes;
c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - a participação de criança e adolescente em:
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
b) certames de beleza.

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§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
a) os princípios desta Lei;
b) as peculiaridades locais;
c) a existência de instalações adequadas;
d) o tipo de frequência habitual ao local;
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou frequência de crianças e adolescentes;
f) a natureza do espetáculo.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso,
vedadas as determinações de caráter geral.

Seção III
Dos Serviços Auxiliares

Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para
manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude.

Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela
legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem
assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo
sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista
técnico.

Capítulo III
Dos Procedimentos
Seção I
Disposições Gerais

Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as normas gerais
previstas na legislação processual pertinente.
Parágrafo único. É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos
processos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais
a eles referentes.

Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento previsto nesta ou em
outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias,
ouvido o Ministério Público.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o fim de afastamento da criança ou do
adolescente de sua família de origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos.

Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.

Seção II
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar

Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá início por provocação do
Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.

Art. 156. A petição inicial indicará:


I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a
qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público;
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos.

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Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a
suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a
criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.

Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as
provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.

§ 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios para sua realização. (Incluído pela Lei
nº 12.962, de 2014)
§ 2º O requerido privado de liberdade deverá ser citado pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de
2014)

Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir advogado, sem prejuízo do próprio
sustento e de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá
a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de nomeação.
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar,
no momento da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela Lei nº 12.962,
de 2014)

Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará de qualquer repartição ou órgão público
a apresentação de documento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das partes ou do
Ministério Público.

Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério
Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo.
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público,
determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem
como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou
destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
- Código Civil, ou no art. 24 desta Lei.
§ 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à
equipe profissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de representantes do órgão federal
responsável pela política indigenista, observado o disposto no § 6º do art. 28 desta Lei.
§ 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável,
a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão
sobre as implicações da medida.
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identificados e estiverem em local
conhecido.
§ 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a autoridade judicial requisitará sua
apresentação para a oitiva. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)

Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público,
por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e
julgamento.
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária
poderá determinar a realização de estudo social ou, se possível, de perícia por equipe interprofissional.
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-
se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente
o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por
mais dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente,
designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias.

Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias.

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Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à
margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente.

Seção III
Da Destituição da Tutela

Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento para a remoção de tutor previsto na
lei processual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.

Seção IV
Da Colocação em Família Substituta

Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de colocação em família substituta:
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa
anuência deste;
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança
ou adolescente, especificando se tem ou não parente vivo;
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus pais, se conhecidos;
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se possível, uma cópia da respectiva
certidão;
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos relativos à criança ou ao
adolescente.
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão também os requisitos específicos.

Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos do poder familiar, ou
houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser
formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a
assistência de advogado.
§ 1º Na hipótese de concordância dos pais, esses serão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo
representante do Ministério Público, tomando-se por termo as declarações.
§ 2º O consentimento dos titulares do poder familiar será precedido de orientações e esclarecimentos
prestados pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, no caso de
adoção, sobre a irrevogabilidade da medida.
§ 3º O consentimento dos titulares do poder familiar será colhido pela autoridade judiciária competente
em audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação de vontade e esgotados os
esforços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa.
§ 4º O consentimento prestado por escrito não terá validade se não for ratificado na audiência a que
se refere o § 3o deste artigo.
§ 5º O consentimento é retratável até a data da publicação da sentença constitutiva da adoção.
§ 6º O consentimento somente terá valor se for dado após o nascimento da criança.
§ 7º A família substituta receberá a devida orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional
a serviço do Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da
política municipal de garantia do direito à convivência familiar.

Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público,
determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo
sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência.
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou do estágio de convivência, a criança
ou o adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade.

Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança
ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a
autoridade judiciária em igual prazo.

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Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar
constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o
procedimento contraditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo.
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do
procedimento, observado o disposto no art. 35.

Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o
contido no art. 47.
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa
de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este responsável no
prazo máximo de 5 (cinco) dias.

Seção V
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente

Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à
autoridade judiciária.

Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à
autoridade policial competente.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se
tratando de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição
especializada, que, após as providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à
repartição policial própria.

Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a
pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;
II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da
infração.
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída por
boletim de ocorrência circunstanciada.

Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado
pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao
representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato,
exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente
permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.

Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao
representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de
ocorrência.
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o adolescente à
entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de
vinte e quatro horas.
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á pela
autoridade policial. À falta de repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação
em dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo
referido no parágrafo anterior.

Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao


representante do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

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Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente na
prática de ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público
relatório das investigações e demais documentos.

Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou
transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade,
ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.

Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do
auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial
e com informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua
oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público notificará os
pais ou responsável para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil
e militar.

Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério Público
poderá:
I - promover o arquivamento dos autos;
II - conceder a remissão;
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa.

Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissão pelo representante do
Ministério Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão
conclusos à autoridade judiciária para homologação.
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária determinará, conforme o caso,
o cumprimento da medida.
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça,
mediante despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro membro do
Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a
autoridade judiciária obrigada a homologar.

Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não promover o arquivamento
ou conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de
procedimento para aplicação da medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.
§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação
do ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em
sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída da autoria e materialidade.

Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o adolescente
internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do


adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, observado o
disposto no art. 108 e parágrafo.
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da representação, e
notificados a comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao
adolescente.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária expedirá mandado de busca e
apreensão, determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da
notificação dos pais ou responsável.

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Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
estabelecimento prisional.
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art. 123, o adolescente deverá
ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repartição
policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar
o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária procederá à
oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado.
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o representante do Ministério
Público, proferindo decisão.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou colocação em regime de
semiliberdade, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado constituído,
nomeará defensor, designando, desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a realização
de diligências e estudo do caso.
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias contado da audiência de
apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na representação e na defesa
prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao
representante do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para
cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.

Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente à audiência


de apresentação, a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva.

Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em
qualquer fase do procedimento, antes da sentença.

Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reconheça na sentença:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato ato infracional;
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente internado, será imediatamente
colocado em liberdade.

Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de internação ou regime de semiliberdade será
feita:
I - ao adolescente e ao seu defensor;
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unicamente na pessoa do defensor.
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer
da sentença.

Seção V-A
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual
de Criança e de Adolescente

Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos
nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes regras:
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

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I – será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e fundamentada, que
estabelecerá os limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela
Lei nº 13.441, de 2017)
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia e
conterá a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos
das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a
identificação dessas pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde
que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a
critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de
infiltração antes do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
13.441, de 2017)
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº
13.441, de 2017)
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de
Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado
ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso
tenha sido atribuído no momento da conexão.
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida por
outros meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz


responsável pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao
Ministério Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo
das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher
indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D
desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação
responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados próprios,
mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessárias à
efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Seção será numerado e tombado em livro
específico. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão
ser registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com
relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos em autos
apartados e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a
preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes
envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Seção VI
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento

Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em entidade governamental e não-


governamental terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério
Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos fatos.

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Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público,
decretar liminarmente o afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão
fundamentada.

Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita,
podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir.

Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a autoridade judiciária designará
audiência de instrução e julgamento, intimando as partes.
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão cinco dias para oferecer
alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, a
autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, marcando
prazo para a substituição.
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção
das irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento de
mérito.
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou programa de atendimento.

Seção VII
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente

Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade administrativa por infração às normas de
proteção à criança e ao adolescente terá início por representação do Ministério Público, ou do Conselho
Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas
testemunhas, se possível.
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão ser usadas fórmulas impressas,
especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se,
em caso contrário, dos motivos do retardamento.

Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação de defesa, contado da data da
intimação, que será feita:
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na presença do requerido;
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, que entregará cópia do auto ou da
representação ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o requerido ou seu representante
legal;
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu
representante legal.

Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos
do Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.

Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procederá na conformidade do artigo anterior,
ou, sendo necessário, designará audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão sucessivamente o Ministério Público e o
procurador do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério
da autoridade judiciária, que em seguida proferirá sentença.

Seção VIII
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção

Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial na qual
conste:
I - qualificação completa;
II - dados familiares;

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III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou declaração relativa ao período
de união estável;
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas;
V - comprovante de renda e domicílio;
VI - atestados de sanidade física e mental;
VII - certidão de antecedentes criminais;
VIII - certidão negativa de distribuição cível.

Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao
Ministério Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissional encarregada de elaborar o
estudo técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei;
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e testemunhas;
III - requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que
entender necessárias.

Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância
e da Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que permitam aferir a
capacidade e o preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou maternidade
responsável, à luz dos requisitos e princípios desta Lei.
§ 1º É obrigatória a participação dos postulantes em programa oferecido pela Justiça da Infância e da
Juventude preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal
de garantia do direito à convivência familiar, que inclua preparação psicológica, orientação e estímulo à
adoção inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou
com deficiências e de grupos de irmãos.
§ 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigatória da preparação referida no § 1o deste
artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou institucional
em condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe
técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
acolhimento familiar ou institucional e pela execução da política municipal de garantia do direito à
convivência familiar.

Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação no programa referido no art. 197-C desta
Lei, a autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das diligências
requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme
o caso, audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade
judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério
Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.

Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta
Lei, sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilitação e
conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.
§ 1º A ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser observada pela autoridade
judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa a melhor
solução no interesse do adotando.
§ 2º A recusa sistemática na adoção das crianças ou adolescentes indicados importará na reavaliação
da habilitação concedida.
Capítulo IV
Dos Recursos

Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude, inclusive os relativos à
execução das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 5.869, de 11 de janeiro
de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes adaptações:

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I - os recursos serão interpostos independentemente de preparo;
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o prazo para o Ministério Público e para
a defesa será sempre de 10 (dez) dias;
III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor;
IV - Revogado
V - Revogado
VI - Revogado
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, no caso de apelação, ou do
instrumento, no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo ou
reformando a decisão, no prazo de cinco dias;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior
instância dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; se a reformar,
a remessa dos autos dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no
prazo de cinco dias, contados da intimação.

Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 caberá recurso de apelação.

Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que
será recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou se houver
perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando

Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos genitores do poder familiar fica sujeita a
apelação, que deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.

Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de destituição de poder familiar, em face da
relevância das questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente
distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão
colocados em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público.

Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para julgamento no prazo máximo de 60
(sessenta) dias, contado da sua conclusão.
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do julgamento e poderá na sessão, se
entender necessário, apresentar oralmente seu parecer.

Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração de procedimento para apuração de
responsabilidades se constatar o descumprimento das providências e do prazo previstos nos artigos
anteriores.

Capítulo V
Do Ministério Público

Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva
lei orgânica.

Art. 201. Compete ao Ministério Público:


I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de suspensão e destituição
do poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os
demais procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude;
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca
legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e
adolescentes nas hipóteses do art. 98;
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos
ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da
Constituição Federal;
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:
a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não
comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;

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b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e
federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas;
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes,
promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou
tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente;
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas contra as normas
de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do
infrator, quando cabível;
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta
Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades
porventura verificadas;
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares,
educacionais e de assistência social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a
finalidade do Ministério Público.
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local
onde se encontre criança ou adolescente.
§ 4º O representante do Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações e
documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste artigo, poderá o representante do
Ministério Público:
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o competente procedimento, sob sua
presidência;
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade reclamada, em dia, local e horário
previamente notificados ou acertados;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública afetos à
criança e ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.

Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério
Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos
depois das partes, podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.

Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.

Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada
de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.

Art. 205. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser


fundamentadas.

Capítulo VI
Do Advogado

Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo
interesse na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de
advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o
segredo de justiça.
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.

Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ainda que ausente ou
foragido, será processado sem defensor.
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo
tempo, constituir outro de sua preferência.

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§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de nenhum ato do processo, devendo o juiz
nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de defensor nomeado ou, sido
constituído, tiver sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária.

Capítulo VII
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos

Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos
assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:
I - do ensino obrigatório;
II - de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência;
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada
pela Lei nº 13.306, de 2016)
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
V - de programas suplementares de oferta de material didático-escolar, transporte e assistência à
saúde do educando do ensino fundamental;
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e à
adolescência, bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem;
VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de liberdade.
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e promoção social de famílias e destinados
ao pleno exercício do direito à convivência familiar por crianças e adolescentes.
X - de programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas e aplicação de
medidas de proteção.
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à criança e ao adolescente vítima ou
testemunha de violência. (Incluído pela Lei nº 13.341/2017)
§ 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses individuais,
difusos ou coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei.
§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou adolescentes será realizada imediatamente
após notificação aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia
Rodoviária e companhias de transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados
necessários à identificação do desaparecido.

Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva
ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a
competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores.

Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
concorrentemente:
I - o Ministério Público;
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os territórios;
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da
assembleia, se houver prévia autorização estatutária.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos estados na
defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou
outro legitimado poderá assumir a titularidade ativa.

Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento
de sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.

Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as
espécies de ações pertinentes.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do Código de Processo Civil.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
de atribuições do poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação
mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.

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Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando o réu.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo
razoável para o cumprimento do preceito.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável ao autor, mas
será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.

Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e
do Adolescente do respectivo município.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas
através de execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos
demais legitimados.
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial
de crédito, em conta com correção monetária.

Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.

Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao poder público, o juiz
determinará a remessa de peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.

Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória sem que a
associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa
aos demais legitimados.

Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os honorários advocatícios arbitrados
na conformidade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil),
quando reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela
propositura da ação serão solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de
responsabilidade por perdas e danos.

Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas.

Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério
Público, prestando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando-lhe os
elementos de convicção.

Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais tiverem conhecimento de fatos que
possam ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências
cabíveis.

Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as
certidões e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.

Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de
qualquer pessoa, organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo
que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de
fundamento para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou
das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão remetidos, sob pena de
se incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.

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§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, em sessão do Conselho
Superior do Ministério público, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do
Ministério Público, conforme dispuser o seu regimento.
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde
logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho
de 1985.

Título VII
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
Capítulo I
Dos Crimes
Seção I
Disposições Gerais

Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou
omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal.

Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e,
quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.

Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada

Breves comentários:
Os tipos penais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente tutelam os direitos das crianças e
adolescentes. É importante frisar que esse rol não é exaustivo, isso significa que temos outros tipos penais
previstos em diversos outros diplomas legislativos que também tutelam crianças e adolescentes.
Podemos citar, por exemplo, no Código Penal o art. 133 que dispõe sobre o abandono de incapaz.

Os crimes aqui previstos são de ação penal pública incondicionada (art. 227), ou seja, independem de
representação da vítima.

A regra prescricional para tais crimes segue o disposto no art. 111 do Código Penal.

Esses crimes seguirão as regras processuais previstas no Código de Processo Penal (art. 226).

Seção II
Dos Crimes em Espécie

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de


gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei,
bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de
nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder
aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar
em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:

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Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das
formalidades legais.

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer
imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele
indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 233. Revogado

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança
ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado
de liberdade:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou
representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou
ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para
o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo
explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo
intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda
quem com esses contracena.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime:
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por
adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha
autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

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Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio,
inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que
trata o caput deste artigo;
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens
de que trata o caput deste artigo.
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste artigo são puníveis quando o responsável
legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito
de que trata o caput deste artigo.

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se
refere o caput deste artigo.
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades
competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a
comunicação for feita por:
I – agente público no exercício de suas funções;
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o
recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por
meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial,
ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica
por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de
representação visual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui,
publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do
caput deste artigo.

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com
o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica
com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma
pornográfica ou sexualmente explícita.

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou
pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins
primordialmente sexuais

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.

Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma,
a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes
possam causar dependência física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)

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Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º desta Lei, à
prostituição ou à exploração sexual:
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na prática
criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado
ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação
dada pela Lei nº 13.440, de 2017)
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se
verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de
funcionamento do estabelecimento.

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando
infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas
utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração
cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990. Capítulo II

Das Infrações Administrativas

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de
ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos direitos
constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação,
nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou
adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente
envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam
atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena
prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a
suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por
dois números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN 869-2)

Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o
fim de regularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico,
mesmo que autorizado pelos pais ou responsável:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência,
independentemente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.

Observação: A Lei nº 13.431/2017 revoga o art. 248, entretanto, essa lei só entrará em vigor após 1
ano de sua publicação (04/04/2018).

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Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente
de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem
autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:
Pena – multa.
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar
o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será
definitivamente fechado e terá sua licença cassada.

Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos
arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil
acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo
e a faixa etária especificada no certificado de classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os
limites de idade a que não se recomendem:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência, aplicável,
separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.

Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem
aviso de sua classificação:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade
judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.

Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como
inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a
suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com
a classificação atribuída pelo órgão competente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária
poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:


Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem
prejuízo de apreensão da revista ou publicação.

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta
Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no
espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária
poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização dos


cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais).
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de
crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção
e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar.

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Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de
gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento
de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção:
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou comunitário destinado
à garantia do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no caput deste
artigo.

Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº
13.106, de 2015)
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); Redação dada pela Lei nº
13.106, de 2015)
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comercial até o recolhimento da multa aplicada.
(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)

Disposições Finais e Transitórias

Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publicação deste Estatuto, elaborará projeto
de lei dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de atendimento
fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do Livro II.
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promoverem a adaptação de seus órgãos e
programas às diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.

Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do
Adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas
integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes limites:
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com
base no lucro real; e
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas pessoas físicas na Declaração de
Ajuste Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997.
§ 1º - Revogado
§ 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recursos captados pelos fundos
nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as
disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes
à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. (Redação dada pela
Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente fixarão
critérios de utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais receitas,
aplicando necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças
e adolescentes e para programas de atenção integral à primeira infância em áreas de maior carência
socioeconômica e em situações de calamidade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento,
regulamentará a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo.
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma de fiscalização da aplicação, pelo
Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste artigo.
§ 5º Observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução
de que trata o inciso I do caput:
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite em conjunto com outras deduções do
imposto; e
II - não poderá ser computada como despesa operacional na apuração do lucro real.

Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de 2009, a pessoa física poderá optar pela
doação de que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste Anual.
§ 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os seguintes percentuais aplicados sobre
o imposto apurado na declaração:
I - (VETADO);
II - (VETADO);
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
§ 2º A dedução de que trata o caput:

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I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado na declaração de
que trata o inciso II do caput do art. 260;
II - não se aplica à pessoa física que:
a) utilizar o desconto simplificado;
b) apresentar declaração em formulário; ou
c) entregar a declaração fora do prazo;
III - só se aplica às doações em espécie; e
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vigor.
§ 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a data de vencimento da primeira quota ou quota
única do imposto, observadas instruções específicas da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
§ 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela
de dedução, ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto devido apurado
na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais previstos na legislação.
§ 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual as doações
feitas, no respectivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da Criança e
do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que trata
o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art. 260.

Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá ser deduzida:
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as pessoas jurídicas que apuram o imposto
anualmente.
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do período a que se refere a apuração do
imposto.

Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser depositadas em conta específica, em
instituição financeira pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260.

Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos Direitos da
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em favor do
doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente do Conselho correspondente, especificando:
I - número de ordem;
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e endereço do emitente;
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doador;
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
V - ano-calendário a que se refere a doação.
§ 1º O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser emitido anualmente, desde que
discrimine os valores doados mês a mês.
§ 2º No caso de doação em bens, o comprovante deve conter a identificação dos bens, mediante
descrição em campo próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando também se houve
avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores.

Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá:


I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documentação hábil;
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, quando se tratar de pessoa física, e na
escrituração, no caso de pessoa jurídica; e
III - considerar como valor dos bens doados:
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declaração do imposto de renda, desde que
não exceda o valor de mercado;
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será considerado na determinação do valor
dos bens doados, exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária.

Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo
contribuinte por um prazo de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita
Federal do Brasil.

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Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das contas dos Fundos dos Direitos da
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
II - manter controle das doações recebidas; e
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil as doações recebidas mês a mês,
identificando os seguintes dados por doador:
a) nome, CNPJ ou CPF;
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em bens.

Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações previstas no art. 260-G, a Secretaria da
Receita Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público.

Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e
municipais divulgarão amplamente à comunidade:
I - o calendário de suas reuniões;
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendimento à criança e ao adolescente;
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem beneficiados com recursos dos Fundos dos
Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais;
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário e o valor dos recursos previstos para
implementação das ações, por projeto;
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por projeto atendido, inclusive com
cadastramento na base de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais.

Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca, a forma de fiscalização da aplicação
dos incentivos fiscais referidos no art. 260 desta Lei.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a
responder por ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a requerimento
ou representação de qualquer cidadão.
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à
Secretaria da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico contendo a
relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais e
municipais, com a indicação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias
específicas mantidas em instituições financeiras públicas, destinadas exclusivamente a gerir os recursos
dos Fundos.

Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as instruções necessárias à aplicação
do disposto nos arts. 260 a 260-K.

Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescente, os registros,
inscrições e alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados
perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a entidade.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados e municípios, e os estados aos
municípios, os recursos referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam
criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos seus respectivos níveis.

Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão
exercidas pela autoridade judiciária.

Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
seguintes alterações:
1) Art. 121 ............................................................
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de inobservância de
regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
2) Art. 129 ...............................................................
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.

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§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
3) Art. 136.................................................................
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
4) Art. 213 ..................................................................
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
Pena - reclusão de quatro a dez anos.
5) Art. 214...................................................................
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
Pena - reclusão de três a nove anos

Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de 1973, fica acrescido do seguinte item:
"Art. 102 ....................................................................
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "

Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da administração direta ou indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular do texto integral
deste Estatuto, que será posto à disposição das escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos
direitos da criança e do adolescente.

Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla divulgação dos direitos da criança e do
adolescente nos meios de comunicação social. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será veiculada em linguagem clara,
compreensível e adequada a crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6
(seis) anos. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publicação.
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser promovidas atividades e campanhas de
divulgação e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.

Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de
Menores), e as demais disposições em contrário.

Questões

01. (UFPB - Auxiliar em Assuntos Educacionais – IDECAN/2016). Considerando a prática de ato


infracional por adolescentes e os direitos individuais assegurados, nessa situação, pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), assinale a alternativa correta.
(A) Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime e não a estabelecida como
contravenção penal.
(B) O adolescente não pode ser privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
(C) O adolescente que comete ato infracional perde o direito à identificação dos responsáveis pela sua
apreensão, devendo, contudo, ser informado acerca de seus direitos.
(D) O adolescente civilmente identificado será submetido à identificação compulsória pelos órgãos
policiais, de proteção e judiciais, independente se para efeito de confrontação em caso de dúvida fundada.

02. (MPE/SC - Promotor de Justiça – Vespertina – MPE-SC/2016). Com a edição da Lei n.


12.962/14, a alterar o art. 23 da Lei n. 8.069/90, a condenação criminal do pai ou da mãe traz como efeito
específico a destituição do poder familiar se aplicada pena privativa de liberdade, detenção ou reclusão,
por delito doloso contra o próprio filho ou filha.
( ) Certo ( ) Errado

03. (SEARH/RN - Professor de Ensino Religioso – IDECAN/2016). De acordo com o Estatuto da


Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/1990, caso ocorra a prática de algum ato infracional, além das
medidas protetivas de acordo com a supracitada lei, a autoridade competente poderá aplicar medida
socioeducativa de acordo com a capacidade do ofensor, circunstâncias do fato e a gravidade da infração.
De acordo com o exposto, analise as alternativas a seguir.
I. Advertências.
II. Obrigação de reparar o dano.

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III. Prestação de serviços à comunidade.
IV. Liberdade assistida.
V. Semiliberdade.
VI. Internação.

Estão corretas as alternativas


(A) I, II, III, IV, V, VI.
(B) I, IV e V, apenas.
(C) II, IV, V e VI, apenas.
(D) II, III, IV, V e VI, apenas.

04. (MPE/SC - Promotor de Justiça – Vespertina – MPE-SC/2016). Segundo a Lei n. 8.069/90, o


regime de semiliberdade pode ser efetivado como forma de transição para o meio aberto, com admissão
da realização de atividades externas pelo adolescente, independentemente de autorização judicial.

( ) Certo ( ) Errado

05. (TJM/SP - Juiz de Direito Substituto – VUNESP/2016). Nos termos preconizados pela Lei no
8.069, de 13 de julho de 1990, a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e
sociais garantidos na Constituição e nas leis. E, ainda, estabelece que o direito ao respeito consiste
(A) em buscar refúgio, auxílio e orientação, bem como crença e culto religioso.
(B) na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente.
(C) na participação da vida política, na forma da lei, como também da vida familiar e comunitária, sem
discriminação.
(D) em ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais.
(E) em ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta.

06. (IF-PA – Pedagogo – FUNRIO/2016) Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é um(a)


(A) lei que dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
(B) decreto presidencial para proteção aos jovens e crianças.
(C) resolução do Senado Nacional para auxiliar o conselho tutelar.
(D) lei que se dirige às crianças e jovens até os 24 anos de idade.
(E) conjunto de resoluções e decretos a fim de proteger as crianças dos crimes e violências.

07. (TCE-PA - Auditor de Controle Externo - Área Administrativa - Serviço Social - CESPE/2016)
Julgue o item subsecutivo, acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
De acordo com o ECA, é considerada criança a pessoa com até doze anos de idade incompletos.
( ) Certo
( ) Errado

08. (INSS - Analista do Seguro Social - Serviço Social – CESPE/2016) Com fundamento no Estatuto
do Idoso e no ECA, julgue o item subsequente.
O acolhimento familiar configura medida de proteção de caráter definitivo da criança e do adolescente.
( ) Certo
( ) Errado

09. (Prefeitura de Fortaleza – CE – Psicologia - Prefeitura de Fortaleza/2016) Assinale o item


correto quanto à definição de família extensa ou ampliada para o Estatuto da Criança e Adolescente
(ECA).
(A) É aquela comunidade formada pelos pais ou qualquer membro consanguíneo e seus
descendentes.
(B) É aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por
parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
afetividade.
(C) É aquela unidade residencial para a qual a criança ou adolescente deve ser encaminhado de
maneira excepcional, por meio de qualquer das três modalidades possíveis, que são: guarda, tutela e
adoção.

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(D) É aquela configuração numerosa, composta não só do núcleo conjugal e de seus filhos, mas
incluindo um grande número de parentes, aderentes e agregados submetidos todos ao poder do homem
pai.

10. (Ceron – RO - Serviço Social – EXATUS/2016) Complete corretamente a afirmação abaixo: “O


Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado _____________ de
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente”. (ECA, 1990)
(A) Pelo Estado.
(B) Pela sociedade.
(C) Pelo Conselho dos direitos da criança e do adolescente.
(D) Pelo Judiciário

11. (TCE-PA - Auditor de Controle Externo - Área Administrativa - Serviço Social – CESPE/2016)
Julgue o item subsecutivo, acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O poder público, a família, a sociedade e a comunidade devem garantir a efetivação dos direitos da
criança e do adolescente.
( ) Certo
( ) Errado

12. (UFPB - Auxiliar em Assuntos Educacionais – IDECAN/2016) Considerando a prática de ato


infracional por adolescentes e os direitos individuais assegurados, nessa situação, pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), assinale a alternativa correta.
(A) Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime e não a estabelecida como
contravenção penal.
(B) O adolescente não pode ser privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
(C) O adolescente que comete ato infracional perde o direito à identificação dos responsáveis pela sua
apreensão, devendo, contudo, ser informado acerca de seus direitos.
(D) O adolescente civilmente identificado será submetido à identificação compulsória pelos órgãos
policiais, de proteção e judiciais, independente se para efeito de confrontação em caso de dúvida fundada.

13. (Prefeitura de Trindade – GO - Monitor de Educação Infantil – FUNRIO/2016) No ECA há


direitos e deveres de competência do Estado, como também dos responsáveis e dos dirigentes de
estabelecimento de ensino.
Um dos deveres relacionados aos dirigentes de estabelecimentos de ensino está indicado na seguinte
alternativa:
(A) Comunicar, exclusivamente aos pais ou responsáveis, as faltas injustificadas.
(B) Comunicar ao Conselho Tutelar os casos de maus tratos sofridos por seus alunos.
(C) Analisar e registrar, apenas no âmbito da Unidade Escolar, os casos de reincidente repetência.
(D) Matricular as crianças na rede regular de ensino, mesmo não existindo nenhuma obrigatoriedade
a cumprir.
(E) Encaminhar direto ao Conselho Tutelar os possíveis casos de evasão escolar, visto que não são
previstas ações pertencentes à escola.

14. (IF-PE - Assistente de Alunos – IFPE/2016) Assinale a alternativa CORRETA em relação às


providências que devem ser tomadas nos casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de
tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente, de acordo com o Art. 13
do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8.069/90).
(A) Comunicar, primeiramente, ao adulto de confiança da criança e, caso ele autorize, comunicar à
delegacia mais próxima da respectiva localidade.
(B) Comunicar, obrigatoriamente, ao Conselho Tutelar da respectiva localidade e aos responsáveis
pela criança ou adolescente, sem prejuízo de outras providências legais.
(C) Comunicar, obrigatoriamente, ao Conselho Tutelar e ao Ministério Público da respectiva localidade.
(D) Comunicar, obrigatoriamente, à delegacia mais próxima da respectiva localidade.
(E) Comunicar, obrigatoriamente, ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
providências legais.

15. (FCC) Pelo que anuncia o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente em suas disposições
preliminares, esta lei

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(A) declara que os direitos fundamentais de crianças e adolescentes são limitáveis somente pelo justo
exercício do poder familiar ou por ordem judicial fundamentada.
(B) destina-se a oferecer cuidado e proteção aos menores em situação irregular.
(C) considera criança pessoa de zero a quatorze anos incompletos.
(D) aplica-se, em alguns casos, a pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
(E) compreende um conjunto de normas especialmente voltadas à tutela de crianças e adolescentes
em situação de risco social ou pessoal.

16. (VUNESP) Relativamente às Disposições Preliminares do Estatuto da Criança e do Adolescente,


assinale a alternativa correta.
(A) Considera-se criança a pessoa com até doze anos completos, e adolescente aquela entre treze e
dezoito anos de idade incompletos.
(B) Nos casos em que a lei determinar, deverá ser constantemente aplicado o Estatuto da Criança e
do Adolescente às pessoas entre dezenove e vinte anos de idade.
(C) A garantia de prioridade para o adolescente compreende a primazia na formulação das políticas
sociais públicas para o lazer.
(D) Na aplicação dessa Lei, deverão ser levados em conta os fins políticos a que ela se destina.
(E) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e
à juventude.

17. Como projeção do direito à liberdade, a criança e o adolescente não têm direito a
(A) opinião e expressão
(B) crença e culto religioso
(C) brincadeiras, prática de esportes e diversões
(D) participação da vida familiar e comunitária, sem discriminação
(E) inscrição em partido político

18. (IOBF) Brincar, praticar esportes e divertir-se, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente
é um direito:
(A) Ao respeito.
(B) À liberdade.
(C) À dignidade.
(D) À educação.

19. (CETRO) Assinale a alternativa que não apresenta um direito à liberdade da criança e do
adolescente, de acordo com o ECA.
(A) Praticar esportes.
(B) Participar da vida familiar e comunitária.
(C) Brincar.
(D) Obediência aos mais velhos.
(E) Opinião e expressão.

20. (FCC) Com relação ao direito à profissionalização e proteção ao trabalho de adolescentes, consta
do Estatuto da Criança e do Adolescente:
(A) É vedado o trabalho noturno ao adolescente submetido a regime familiar de trabalho.
(B) As normas de proteção ao trabalho de adolescentes estão reguladas exclusivamente pelo ECA e
pela Constituição Federal.
(C) O programa social que tenha por base o trabalho socioeducativo não poderá estar sob a
responsabilidade de entidade governamental, mas somente não governamental sem fins lucrativos.
(D) O adolescente aprendiz, maior de catorze anos, tem assegurado os direitos trabalhistas, afastando-
se os previdenciários em razão da natureza do serviço.
(E) O adolescente que mantiver participação na venda de produtos originários de seu trabalho perderá
a condição de trabalho educativo de sua atividade.

21. (UTFPR) O Estatuto da Criança e do Adolescente, disposto pela Lei nº 8.069/1990, versa sobre a
proteção integral à criança e ao adolescente. Assinale a alternativa que estabelece um Direito à
Profissionalização e à Proteção no Trabalho previsto no Estatuto.
(A) Ao adolescente até quatorze anos de idade são assegurados os direitos trabalhistas e
previdenciários.

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(B) É vedado o trabalho a adolescente portador de deficiência em razão do princípio da proteção
integral.
(C) Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica,
assistido em entidade governamental ou não-governamental, é autorizado o trabalho noturno se realizado
entre as vinte e duas e as vinte e três horas.
(D) O adolescente aprendiz pode ser submetido ao grau mínimo de insalubridade, mas deve ser
remunerado como se exposto ao grau máximo.
(E) O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade
governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele
participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.

22. (CS-UFG) O Art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente prescreve:


“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.”

A prioridade às crianças e aos adolescentes garantida por essa lei compreende:


(A) precedência de atendimento nos serviços particulares.
(B) garantia de cursar a educação básica com remuneração.
(C) preferência de receber proteção e socorro em qualquer circunstância.
(D) destinação privilegiada de recursos públicos para áreas relativas ao mundo do trabalho.

23. (Prefeitura de Trindade – GO - Monitor de Educação Infantil –FUNRIO/2016) O Estatuto da


Criança e do Adolescente (ECA) assegura à criança e ao adolescente o direito à educação.
Um outro direito garantido pelo ECA é:
(A) Respeito do corpo docente, desde que faça por merecer.
(B) Igualdade de condições para acesso e permanência na escola.
(C) Acesso à escola pública e gratuita, respeitando a existência de vaga.
(D) Contestação de critérios de avaliação no âmbito da própria unidade escolar.
(E) Participação em atividades pedagógicas na escola e extracurriculares, excluindo aquelas ligadas
a entidades estudantis.

24. (Câmara de Barra Velha – SC - Advogado – IOBV/2016) De acordo com o Estatuto da Criança
e do Adolescente – ECA, a autorização judicial para criança viajar será exigida quando:
(A) Tratar-se de viagem para comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região metropolitana.
(B) A criança viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável.
(C) A criança viajar acompanhada de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco.
(D) A criança viajar acompanhada de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou
responsável.

25. (INSS - Analista do Seguro Social - Serviço Social – CESPE/2016) Com fundamento no Estatuto
do Idoso e no ECA, julgue o item subsequente.
Conforme o ECA, figura entre as atribuições do conselho tutelar promover a execução de suas
decisões, podendo ele, para tanto, requisitar serviço público na área de previdência.
( ) Certo
( ) Errado

26. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz do Trabalho Substituto – FCC/2016) NÃO está compreendido, nos
termos do Estatuto da Criança e do Adolescente − ECA (Lei n° 8.069/90), dentro do direito ao respeito à
criança e do adolescente, a preservação
(A) da autonomia.
(B) da imagem.
(C) dos recursos materiais.
(D) dos objetos pessoais.
(E) das ideias.

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27. (TCE-PA - Auditor de Controle Externo - Área Administrativa - Serviço Social – CESPE/2016)
Julgue o item subsecutivo, acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A participação na vida política e a prática de esportes são consideradas aspectos do direito à liberdade
do adolescente.
( ) Certo
( ) Errado

28. (UFPB - Auxiliar em Assuntos Educacionais – IDECAN/2016) Considerando a prática de ato


infracional por adolescentes e os direitos individuais assegurados, nessa situação, pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), assinale a alternativa correta.
(A) Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime e não a estabelecida como
contravenção penal.
(B) O adolescente não pode ser privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
(C) O adolescente que comete ato infracional perde o direito à identificação dos responsáveis pela sua
apreensão, devendo, contudo, ser informado acerca de seus direitos.
(D) O adolescente civilmente identificado será submetido à identificação compulsória pelos órgãos
policiais, de proteção e judiciais, independente se para efeito de confrontação em caso de dúvida fundada.

29. (Prefeitura de Cruzeiro – SP - Instrutor de Desenho Técnico e Mecânico – INSTITUTO


EXCELÊNCIA/2016) Em relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a alternativa
incorreta:
(A) A falta ou a carência de recursos materiais constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão
do poder familiar.
(B) Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda,
no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
(C) Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
(D) Nenhuma das alternativas estão corretas.

30. (TJ-PI - Analista Judiciário -Escrivão Judicial - FGV) Em relação ao Estatuto da Criança e
Adolescente (Lei nº 8.069/90), é correto afirmar que:
(A) deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, é crime apenado com reclusão;
(B) privar a criança ou adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente, é crime
apenado com reclusão;
(C) deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer
imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele
indicada é crime apenado com reclusão;
(D) promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o
exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro é crime apenado com
detenção;
(E) adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente é crime apenado
com reclusão.

Respostas

01. Resposta: B
Lei nº 8069/1990
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou
por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

02. Resposta: errado


Lei nº 8069/1990
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a
suspensão do pátrio poder familiar.
( )

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§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na
hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha.

03. Resposta: A
Lei nº 8069/1990
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente
as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI

04. Resposta: certo


Lei nº 8069/1990
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição
para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização
judicial

05. Resposta: B
Lei nº 8069/1990
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da
criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

06. Resposta: A.
O art. 1º do Estatuto define que a Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

07. Resposta: Certo.


Literalidade do art. 2º do Estatuto.

08. Resposta: Errado.


De acordo com o §1º do art. 101 do Estatuto o acolhimento familiar e o acolhimento institucional são
medidas provisórias e excepcionais.

09. Resposta: B.
Entende-se por família extensa ou família ampliada, aquela formada por parentes próximos que
compõem o círculo de convivência da criança ou adolescente, cuja afinidade e afetividade são marcantes.

10. Resposta: B.
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.

11. Resposta: Certo.


É o que extraímos da leitura do art. 4º do Estatuto.

12. Resposta: B.
Essa garantia do adolescente está disciplinada no art. 106 do Estatuto. Nenhum adolescente será
privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente.

13. Resposta: B.
Art. 56, I do Estatuto.

14. Resposta: E.
Art. 13, do Estatuto.

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15. Resposta: D.
Art. 2º, parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às
pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

16. Resposta: E.
Art. 4º, parágrafo único, “d” - destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com
a proteção à infância e à juventude.

17. Resposta: E.
O art. 16 traz o rol dos direitos da criança e do adolescente relacionados à liberdade.
- ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
- opinião e expressão;
- crença e culto religioso;
- brincar, praticar esportes e divertir-se;
- participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
- participar da vida política, na forma da lei;
- buscar refúgio, auxílio e orientação.

Obs.: O direito de “participar da vida política, na forma da lei”, não inclui a inscrição em partido político.

18. Resposta: B.
Art. 16, IV.

19. Resposta: D.
A “obediência aos mais velhos” não se encontra no rol do art. 16 do ECA.

20. Resposta: A.
Art. 67 Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica,
assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;

21. Resposta: E.
Literalidade do art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob
responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá
assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade
regular remunerada.

22. Resposta: C.
Art. 4º, parágrafo único, “a” - primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

23. Resposta: B.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

24. Resposta: B.
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais
ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou
incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por
dois anos.

25. Resposta: Certo.


Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:

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(...)
III – promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e
segurança;

26. Resposta: C.
O artigo 17 do ECA traz os direitos da criança e do adolescente que devem ser preservados, e entre
eles não encontramos a preservação dos recursos materiais. Confira:

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da
criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

27. Resposta: Certo.


Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
VI - participar da vida política, na forma da lei;

28. Resposta: B.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou
por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão,
devendo ser informado acerca de seus direitos.

29. Resposta: A.
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a
suspensão do poder familiar.

30. Resposta: E.
É o crime do art. 241-B do ECA, cuja pena é de reclusão de 1 a 4 anos e multa.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Lei Federal nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).

ESTATUTO DO IDOSO

Após sete anos tramitando no Congresso, o ESTATUTO DO IDOSO foi aprovado em setembro de
2003 e sancionado pelo presidente da República no mês seguinte, ampliando os direitos dos cidadãos
com idade acima de 60 anos. O mesmo vem mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, lei de
1994, que dava garantias à terceira idade. E uma de suas principais inovações legais é o fato do estatuto
instituir penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade.

O Estatuto do Idoso é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas, considerando-se a


idade cronológica igual ou superior a 60 anos e de dispor de seus direitos fundamentais e de cidadania,
bem como a assistência judiciária. Além de preocupar-se com a execução dos direitos pelas entidades
de atendimento que o promovem, também volta-se para sua vigilância e defesa, por meio de instituições
públicas. Tendo como seu principal objetivo, assegurar os direitos da pessoa idosa.
O Estatuto do Idoso vem implementar a participação de parcela significativa do povo brasileiro (os
idosos), por intermédio de entidades representativas, os Conselhos, que têm por objetivo deliberar sobre
políticas públicas, controlar ações de atendimento, além de zelar pelo cumprimento dos direitos do idoso,
de acordo com o novo Estatuto, em seu Art. 7º.

As entidades de atendimento ao idoso podem ser classificas como aquelas que executam atividades
lucrativas e atividades filantrópicas (que podem incluir gratuidade parcial ou total de serviços). Contudo,
suas obrigações são idênticas frente à questão do atendimento das necessidades do idoso, enquanto
direito fundamental.

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O Estatuto do Idoso, assim como o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), é mais um
instrumento para a realização da cidadania.
O idoso possui direito à liberdade, à dignidade, à integridade, à educação, à saúde, a um meio
ambiente de qualidade, entre outros direitos fundamentais (individuais, sociais, difusos e coletivos),
cabendo ao Estado, à Sociedade e à família a responsabilidade pela proteção e garantia desses direitos.
Pode-se afirmar que o cerne do Estatuto está nas normas gerais que referem sobre a PROTEÇÃO
INTEGRAL.
A natureza e essência encontram-se no Artigo 2º, quando estabelece a sucessão de direitos do idoso
e visualiza sua condição como ser constituído de corpo, mente e espírito – já prevê a preservação de seu
bem-estar físico, mental e espiritual – e identifica a existência de instrumentos que assegurem seu bem-
estar, o qual na lei seria:

Art. 2º - O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde, em condições de liberdade e dignidade.
O grande desafio diário é construir uma consciência coletiva de forma a que tenhamos “uma
sociedade para todas as idades”, com justiça e garantia plena de direitos.

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Art.4º- Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade
ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

Art.10- É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a


dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, político, individuais e sociais, dos espaços e
dos objetos pessoais.
§2º - O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral,
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos
espaços e dos objetos pessoais.
§3º - É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Art.15- É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio dos Sistema Único de Saúde
- SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e
serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial
às doenças que afetam preferencialmente os idosos.
§2º - Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os
de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação
ou reabilitação.

Art.19- Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra idoso serão obrigatoriamente


comunicados pelos profissionais de saúde a quaisquer dos seguintes órgãos:
I - Autoridade Policial;
II - Ministério Público;
III - Conselho Municipal do Idoso;
IV - Conselho Estadual do Idoso;
V - Conselho Nacional do Idoso;

Art.74- Compete ao Ministério Público:


I - instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos,
individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso.

Art.230 da Constituição Federal- A Família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as


pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar
e garantindo-lhes o direito à vida.
§1º. Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.
§2º. Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.

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Política Nacional do Idoso:

Tem como objetivo assegurar os direitos sociais do idoso para assim promover sua autonomia,
integração e participação efetiva na sociedade.

No artigo 3º, estabelece: ·A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos
os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo a sua dignidade, bem-
estar e direito à vida; ·O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem
efetivadas por meio desta política; ·O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza. A
regulamentação da Política Nacional do Idoso foi publicada no dia 3 de junho de 1996, por meio do decreto
1.948, explicitando a forma de implementação dos avanços previstos na lei 8.842/94 e estabelecendo as
competências dos órgãos e das entidades públicas envolvidas no processo.

Objetivo:
O Estatuto do Idoso tem como objetivo promover a inclusão social e garantir os direitos desses
cidadãos uma vez que essa parcela da população brasileira se encontra desprotegida, apesar de as
estatísticas indicarem a importância de políticas públicas devido ao grande número de pessoas com mais
de 60 anos no Brasil, garantindo e ampliando os direitos desses brasileiros com mais de 60 anos.
Mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, considera os mais velhos como prioridade absoluta
e institui penas aplicáveis a quem desrespeitar ou abandonar cidadãos idosos. Entre outras coisas, além
do direito de prioridade, garante:

. A distribuição gratuita de próteses, órteses e medicamentos;


. Que os planos de saúde não possam reajustar as mensalidades pelo critério de idade;
. O direito ao transporte coletivo público gratuito e reservas de 10% dos assentos;
. Nos transportes coletivos estaduais, a reserva de duas vagas gratuitas para idosos com renda igual
ou inferior a dois salários mínimos;
. No Art. 40, II diz: idoso terá desconto de 50%, no mínimo, no valor das passagens, para aqueles que
excederem as vagas gratuitas destinadas a estes, tendo renda inferior a dois salários mínimos; portanto
cabendo aos órgãos competentes destinados a definir os mecanismos e critérios para exercício do inciso
II;
. Que nenhum idoso seja objeto de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão;
. Prioridade na tramitação dos processos, procedimentos e execução dos atos e diligências judiciais;
. 50% de descontos em atividades de cultura, esporte e lazer;
. Reserva de 3% de unidades residências nos programas habitacionais públicos;
. A cargo dos Conselhos Nacional, Estadual e municipais do idoso e do Ministério Público, a
fiscalização e controle da aplicação do Estatuto.
DICA:
Os direitos das pessoas com mais de 60 anos não se resumem a poder pegar a fila preferencial ou
andar de ônibus de graça. Mas, apesar de o Estatuto do Idoso já ter completado dez anos, a maioria dos
brasileiros costuma conhecer apenas esses direitos mais manjados. Segundo Adriana Zorub Fonte Feal,
presidente da comissão dos direitos dos advogados idosos da OAB/ SP, o país está envelhecendo, mas
ainda não parece pronto para isso. "Ao não reconhecer o próprio envelhecimento, o idoso abre mão de
seus direitos", explica a advogada. Por isso é importante conhecer bem a lei e fazer questão de que ela
seja cumprida.
Veja, a seguir, alguns pontos do estatuto bem importantes:

BEM-ESTAR: O que são maus-tratos? Maus-tratos contra idosos não são apenas agressões físicas
de fato, como aqueles espancamentos horríveis que vivem aparecendo no noticiário. Deixar um velho
sozinho a maior parte do tempo, não trocar a fralda geriátrica na frequência necessária ou não oferecer
alimentação adequada também são exemplos de ações consideradas maus-tratos pelo Estatuto do Idoso.
A quem recorrer? Qualquer tipo de denúncia pode ser registrada numa delegacia do idoso, presente em
vários municípios, ou mesmo numa delegacia comum. Para pedidos de pensão alimentícia, vá à
Defensoria Pública. Em situações de risco, como abandono ou maus-tratos, também é possível procurar
o promotor de Justiça no Ministério Público.

FINANÇAS: Pessoas com 65 anos ou mais que nunca contribuíram para a previdência e fazem parte
de uma família com renda per capita inferior a R$ 181 (um quarto do salário-mínimo) têm direito ao BPC
(Benefício de Prestação Continuada), cujo valor é um salário mínimo por mês. Para calcular a renda per

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capita da família, some os rendimentos de todos e divida o resultado pelo número de pessoas que vivem
na casa. Para solicitar o BPC, basta ir a uma agência do INSS com comprovante de residência, certidão
de nascimento, CPF, documento de identidade e carteira de trabalho do idoso e dos outros membros da
família.
Caso não tenha como se manter por conta própria, o idoso também pode pedir pensão alimentícia
para seus descendentes (filhos, netos, sobrinhos etc) ou ascendentes (pais ou avos). O valor e calculado
de acordo com a possibilidade financeira do parente. Mesmo quem recebe aposentadoria pode solicitar
a pensão alimentícia caso o benefício não seja suficiente para as necessidades da pessoa. Quem desvia
o dinheiro ou usa os cartões dos mais velhos indevidamente pode ser punido por isso. Essa violência
financeira representa 70% das denúncias registradas pelos idosos, revela Adriana. Idosos que recebem
aposentadoria ou pensão e tem alguma doença grave são isentos do imposto de renda.

SAÚDE: Embora o governo não tenha programas específicos de distribuição de medicamentos para
essa faixa etária, os maiores de 60 podem recorrer às lojas que fazem parte do programa Farmácia
Popular, do Ministério da Saúde, para comprar alguns remédios com desconto e para retirar, de graça,
fraldas geriátricas e medicamentos para diabetes, hipertensão e asma, disponíveis para toda a população.
Idosos doentes não podem ser obrigados a ir a um órgão público para atender chamados do governo. O
órgão deve mandar um representante até a casa da pessoa para resolver a questão. Se estiver lúcido, o
idoso tem direito de tomar as decisões relativas a tratamentos aos quais tenha que se submeter.

LAZER: A turma da terceira idade paga meia-entrada em cinemas, teatros, shows e eventos
esportivos. Idosos com renda inferior a dois salários-mínimos podem viajar de graça em ônibus
interestaduais. Se a renda for maior que isso, pagam apenas metade do valor da passagem.

LEI Nº 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003

Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,
intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso,


com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar
e comunitária.
§1º. A garantia de prioridade compreende: (Renumerado pela Lei nº 13.466/17)
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados
prestadores de serviços à população;
II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais
gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar,
exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na
prestação de serviços aos idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter
educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;

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VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda.
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se
suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos. (NR) (Acrescido pela Lei
nº 13.466/17)

Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade
ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.
§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios
por ela adotados.

Art. 5º A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade à pessoa física ou


jurídica nos termos da lei.

Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação
a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.

Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei
no 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei.

TÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DO DIREITO À VIDA

Art. 8º O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos
desta Lei e da legislação vigente.

Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação
de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.

CAPÍTULO II
DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE

Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a
dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na
Constituição e nas leis.
§ 1º O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes aspectos:
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as
restrições legais;
II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
IV – prática de esportes e de diversões;
V – participação na vida familiar e comunitária;
VI – participação na vida política, na forma da lei;
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
§ 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo
a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos
objetos pessoais.
§ 3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

CAPÍTULO III
DOS ALIMENTOS

Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil.

Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.

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Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou
Defensor Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos termos
da lei processual civil.

Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento,
impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social.

CAPÍTULO IV
DO DIREITO À SAÚDE

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde
– SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e
serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial
às doenças que afetam preferencialmente os idosos.
§ 1º A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:
I – cadastramento da população idosa em base territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e
gerontologia social;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja
impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas,
filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano
e rural;
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das sequelas decorrentes do
agravo da saúde.
§ 2º Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os
de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação
ou reabilitação.
§ 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados
em razão da idade.
§ 4º Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão atendimento
especializado, nos termos da lei.
§ 5º É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual
será admitido o seguinte procedimento:
I - quando de interesse do poder público, o agente promoverá o contato necessário com o idoso em
sua residência; ou
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará representar por procurador legalmente
constituído.
§ 6º É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional
do Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, contratado ou
conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo de saúde necessário
ao exercício de seus direitos sociais e de isenção tributária.
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos terão preferência especial sobre os
demais idosos, exceto em caso de emergência.” (NR) (Acrescido pela Lei nº 13.466/17)

Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o


órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral,
segundo o critério médico.
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização
para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.

Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar
pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta será feita:
I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contatado em tempo hábil;
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para consulta a
curador ou familiar;

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IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em que deverá
comunicar o fato ao Ministério Público.

Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às
necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como
orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda.

Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de
notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem como
serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos:
I – autoridade policial;
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal do Idoso;
IV – Conselho Estadual do Idoso;
V – Conselho Nacional do Idoso.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão
praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
§ 2º Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória prevista no caput deste artigo, o disposto na
Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975.

CAPÍTULO V
DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER

Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e
serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.

Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos,
metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados.
§ 1º Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação,
computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.
§ 2º Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para transmissão de
conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da identidade
culturais.

Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos
voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o
preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.

Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante
descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais,
esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.

Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais voltados aos idosos, com
finalidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de envelhecimento.

Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará
a publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a
leitura, considerada a natural redução da capacidade visual.

CAPÍTULO VI
DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO

Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas,
intelectuais e psíquicas.

Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação
de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo
o exigir.

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Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concurso público será a idade, dando-se
preferência ao de idade mais elevada.

Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de:


I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e habilidades para
atividades regulares e remuneradas;
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por
meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre os
direitos sociais e de cidadania;
III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho.

CAPÍTULO VII
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral da Previdência Social observarão,
na sua concessão, critérios de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais incidiram
contribuição, nos termos da legislação vigente.
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção serão reajustados na mesma data de
reajuste do salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu último
reajustamento, com base em percentual definido em regulamento, observados os critérios estabelecidos
pela Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.

Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria
por idade, desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido
para efeito de carência na data de requerimento do benefício.
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no caput observará o disposto no caput e §
2º do art. 3º da Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de-contribuição
recolhidos a partir da competência de julho de 1994, o disposto no art. 35 da Lei nº 8.213, de 1991.

Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efetuado com atraso por responsabilidade da
Previdência Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social, verificado no período compreendido entre o mês que deveria ter
sido pago e o mês do efetivo pagamento.

Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1º de Maio, é a data-base dos aposentados e pensionistas.

CAPÍTULO VIII
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme os princípios e
diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único
de Saúde e demais normas pertinentes.

Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-
mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será
computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.

Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de
prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada.
§ 1º No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de participação do idoso
no custeio da entidade.
§ 2º O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a
forma de participação prevista no § 1º, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer
benefício previdenciário ou de assistência social percebido pelo idoso.
§ 3º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar o contrato a que se refere
o caput deste artigo.

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Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza
a dependência econômica, para os efeitos legais.

CAPÍTULO IX
DA HABITAÇÃO

Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou
desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou
privada.
§ 1º A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada quando
verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios
ou da família.
§ 2º Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter identificação externa
visível, sob pena de interdição, além de atender toda a legislação pertinente.
§ 3º As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis
com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às
normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei.

Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de
prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades habitacionais residenciais para atendimento
aos idosos;
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso;
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão.
Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para atendimento a idosos devem situar-se,
preferencialmente, no pavimento térreo.

CAPÍTULO X
DO TRANSPORTE

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes
coletivos públicos urbanos e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados
paralelamente aos serviços regulares.
§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça
prova de sua idade.
§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento)
dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para
idosos.
§ 3º No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco)
anos, ficará a critério da legislação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos
meios de transporte previstos no caput deste artigo.

Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação
específica:
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois)
salários-mínimos;
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que
excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os critérios para o exercício
dos direitos previstos nos incisos I e II.

Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das
vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir
a melhor comodidade ao idoso.

Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança do idoso nos procedimentos de embarque e
desembarque nos veículos do sistema de transporte coletivo.

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TÍTULO III
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta
Lei forem ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento;
III – em razão de sua condição pessoal.

CAPÍTULO II
DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO

Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou
cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários.

Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder
Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários
dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause
perturbação;
V – abrigo em entidade;
VI – abrigo temporário.

TÍTULO IV
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do conjunto articulado de ações
governamentais e não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:


I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994;
II – políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que necessitarem;
III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas de negligência, maus-tratos,
exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV – serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos abandonados em
hospitais e instituições de longa permanência;
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos dos idosos;
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação dos diversos segmentos da sociedade
no atendimento do idoso.

CAPÍTULO II
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO

Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades,
observadas as normas de planejamento e execução emanadas do órgão competente da Política Nacional
do Idoso, conforme a Lei no 8.842, de 1994.
Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governamentais de assistência ao idoso ficam
sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho
Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa,
especificando os regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos:

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I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
segurança;
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho compatíveis com os princípios desta Lei;
III – estar regularmente constituída;
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.

Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institucionalização de longa permanência


adotarão os seguintes princípios:
I – preservação dos vínculos familiares;
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior;
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo;
V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade.
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso responderá civil e
criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções administrativas.

Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento:


I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o tipo de atendimento,
as obrigações da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, se for o
caso;
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos;
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente;
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade;
V – oferecer atendimento personalizado;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares;
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas;
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso;
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer;
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso portador de doenças
infectocontagiosas;
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os documentos necessários ao
exercício da cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos idosos;
XV – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do
idoso, responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor de
contribuições, e suas alterações, se houver, e demais dados que possibilitem sua identificação e a
individualização do atendimento;
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de abandono moral
ou material por parte dos familiares;
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica.

Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos prestadoras de serviço ao idoso terão direito
à assistência judiciária gratuita.

CAPÍTULO III
DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO

Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais de atendimento ao idoso serão


fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos em lei.

Art. 53. O art. 7º da Lei nº 8.842, de 1994, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 7º Compete aos Conselhos de que trata o art. 6º desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a
fiscalização e a avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-
administrativas." (NR)

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Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos recursos públicos e privados recebidos
pelas entidades de atendimento.

Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as determinações desta Lei ficarão sujeitas,
sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguintes
penalidades, observado o devido processo legal:
I – as entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
II – as entidades não-governamentais:
a) advertência;
b) multa;
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público.
§ 1º Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de fraude em relação ao programa, caberá
o afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do programa.
§ 2º A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas ocorrerá quando verificada a má
aplicação ou desvio de finalidade dos recursos.
§ 3º Na ocorrência de infração por entidade de atendimento, que coloque em risco os direitos
assegurados nesta Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis,
inclusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução da entidade, com a proibição de
atendimento a idosos a bem do interesse público, sem prejuízo das providências a serem tomadas pela
Vigilância Sanitária.
§ 4º Na aplicação das penalidades, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida,
os danos que dela provierem para o idoso, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
da entidade.

CAPÍTULO IV
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as determinações do art. 50 desta Lei:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se o fato não for
caracterizado como crime, podendo haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas as
exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de longa permanência, os idosos abrigados
serão transferidos para outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, enquanto durar a
interdição.

Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de saúde ou instituição
de longa permanência de comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra idoso de que
tiver conhecimento:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no
caso de reincidência.

Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a prioridade no atendimento ao idoso:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada
pelo juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso.

CAPÍTULO V
DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS
NORMAS DE PROTEÇÃO AO IDOSO

Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão atualizados anualmente, na forma da
lei.

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Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade administrativa por infração às normas de
proteção ao idoso terá início com requisição do Ministério Público ou auto de infração elaborado por
servidor efetivo e assinado, se possível, por duas testemunhas.
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração poderão ser usadas fórmulas impressas,
especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do auto, ou este será
lavrado dentro de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado.

Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresentação da defesa, contado da data da
intimação, que será feita:
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for lavrado na presença do infrator;
II – por via postal, com aviso de recebimento.

Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a autoridade competente aplicará à entidade
de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que vierem a
ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a fiscalização.

Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a
autoridade competente aplicará à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da
iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais
instituições legitimadas para a fiscalização.

CAPÍTULO VI
DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE ATENDIMENTO

Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento administrativo de que trata este Capítulo as
disposições das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de 1999.

Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em entidade governamental e não-


governamental de atendimento ao idoso terá início mediante petição fundamentada de pessoa
interessada ou iniciativa do Ministério Público.

Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar adequadas,
para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão fundamentada.

Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita,
podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir.

Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformidade do art. 69 ou, se necessário,
designará audiência de instrução e julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de outras
provas.
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão 5 (cinco) dias para
oferecer alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, a
autoridade judiciária oficiará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, fixando-lhe
prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder à substituição.
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção
das irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento do
mérito.
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou ao responsável pelo programa
de atendimento.
TÍTULO V
DO ACESSO À JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capítulo, o procedimento sumário previsto
no Código de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei.

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Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e exclusivas do idoso.

Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos
atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior
a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
§ 1º O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade,
requererá o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as
providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo.
§ 2º A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge
supérstite, companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.
§ 3º A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, empresas
prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria
Pública da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária.
§ 4º Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos assentos e caixas,
identificados com a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.
§ 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade especial aos maiores de oitenta anos.” (NR)
(Acrescido pela Lei nº 13.466/17)

CAPÍTULO II
DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 72. (VETADO)

Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei, serão exercidas nos termos da respectiva
Lei Orgânica.

Art. 74. Compete ao Ministério Público:


I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos ou
coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de designação de
curador especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos em que se
discutam os direitos de idosos em condições de risco;
III – atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme o disposto no art. 43
desta Lei;
IV – promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43
desta Lei, quando necessário ou o interesse público justificar;
V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento
injustificado da pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e
federais, da administração direta e indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos particulares de instituições privadas;
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial,
para a apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao idoso;
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao idoso, promovendo as
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata
esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
irregularidades porventura verificadas;
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de saúde, educacionais e de
assistência social, públicos, para o desempenho de suas atribuições;
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos idosos previstos nesta Lei.
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei.
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a
finalidade e atribuições do Ministério Público.
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a toda
entidade de atendimento ao idoso.

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Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério
Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos autos
depois das partes, podendo juntar documentos, requerer diligências e produção de outras provas, usando
os recursos cabíveis.

Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.

Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada
de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.

CAPÍTULO III
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS
INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS

Art. 78. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser


fundamentadas.

Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos
assegurados ao idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:
I – acesso às ações e serviços de saúde;
II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiência ou com limitação incapacitante;
III – atendimento especializado ao idoso portador de doença infectocontagiosa;
IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses
difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios do idoso, protegidos em lei.

Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo
terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a
competência originária dos Tribunais Superiores.

Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou
homogêneos, consideram-se legitimados, concorrentemente:
I – o Ministério Público;
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da
assembleia, se houver prévia autorização estatutária.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos Estados na
defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou
outro legitimado deverá assumir a titularidade ativa.

Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as
espécies de ação pertinentes.
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições de Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá
ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.

Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz
concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao adimplemento.
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na forma do
art. 273 do Código de Processo Civil.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do § 1º ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente
do pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o
cumprimento do preceito.

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§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável ao autor, mas
será devida desde o dia em que se houver configurado.

Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na
falta deste, ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento ao idoso.
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias após o trânsito em julgado da decisão
serão exigidas por meio de execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada
igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia daquele.

Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.

Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao Poder Público, o juiz
determinará a remessa de peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.

Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da sentença condenatória favorável ao
idoso sem que o autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada, igual
iniciativa aos demais legitimados, como assistentes ou assumindo o polo ativo, em caso de inércia desse
órgão.

Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas.
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério Público.

Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar a iniciativa do Ministério Público,
prestando-lhe informações sobre os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os
elementos de convicção.

Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no exercício de suas funções, quando
tiverem conhecimento de fatos que possam configurar crime de ação pública contra idoso ou ensejar a
propositura de ação para sua defesa, devem encaminhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para
as providências cabíveis.

Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as
certidões e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de
qualquer pessoa, organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo
que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de
fundamento para a propositura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu arquivamento,
fazendo-o fundamentadamente.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão remetidos, sob pena de
se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público ou à
Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público.
§ 3º Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, pelo Conselho Superior do Ministério
Público ou por Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público, as associações legitimadas
poderão apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados ou anexados às peças de
informação.
§ 4º Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público de
homologar a promoção de arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público para o
ajuizamento da ação.

O Estatuto do Idoso traz em seu Título VI importantes disposições acerca da tutela penal ao idoso. Tal
proteção tem como bem jurídico a dignidade da pessoa humana.

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TÍTULO VI
DOS CRIMES
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
1985.

Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4
(quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, e,
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

CAPÍTULO II
DOS CRIMES EM ESPÉCIE

Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes aplicando
os arts. 181 e 182 do Código Penal.

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos
meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao
exercício da cidadania, por motivo de idade:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa,
por qualquer motivo.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou
responsabilidade do agente.

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação
de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não
pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.

Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou
congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.

Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições
desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a
fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2º Se resulta a morte:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa
causa, a pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida
na ação civil a que alude esta Lei;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta
Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.

Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial
expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso:

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Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso,
dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por recusa deste em
outorgar procuração à entidade de atendimento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do
idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de
dívida:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas
ou injuriosas à pessoa do idoso:
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de
administração de bens ou deles dispor livremente:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida
representação legal:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Ministério Público ou de qualquer outro agente
fiscalizador:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
"Art. 61. ............................................................................
II - ............................................................................
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
............................................................................." (NR)

"Art. 121. ............................................................................


§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
............................................................................." (NR)

"Art. 133. ............................................................................


§ 3º ............................................................................
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos." (NR)

"Art. 140. ............................................................................


§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:

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............................................................................ (NR)

"Art. 141. ............................................................................


IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
............................................................................." (NR)

"Art. 148. ............................................................................


§ 1º............................................................................
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente ou maior de 60 (sessenta) anos.
............................................................................" (NR)

"Art. 159............................................................................
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito)
ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
............................................................................" (NR)

"Art. 183............................................................................
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos." (NR)

"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18
(dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não
lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou
ascendente, gravemente enfermo:
............................................................................" (NR)
Art. 111. O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais,
passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:

"Art. 21............................................................................
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60
(sessenta) anos." (NR)

Art. 112. O inciso II do § 4º do art. 1º da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a
seguinte redação:

"Art. 1º ............................................................................
§ 4º ............................................................................
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de
60 (sessenta) anos;
............................................................................" (NR)

Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar com a
seguinte redação:

"Art. 18............................................................................
III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminuída ou
suprimida a capacidade de discernimento ou de autodeterminação:
............................................................................" (NR)

Art. 114. O art. 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte
redação:

"Art. 1º As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento
prioritário, nos termos desta Lei." (NR)

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Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fundo Nacional de Assistência Social, até
que o Fundo Nacional do Idoso seja criado, os recursos necessários, em cada exercício financeiro, para
aplicação em programas e ações relativos ao idoso.

Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados relativos à população idosa do País.

Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei revendo os critérios de
concessão do Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, de
forma a garantir que o acesso ao direito seja condizente com o estágio de desenvolvimento
socioeconômico alcançado pelo País.

Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias da sua publicação, ressalvado o disposto
no caput do art. 36, que vigorará a partir de 1º de janeiro de 2004.

Questões

01. (Prefeitura de Sul Brasil – SC - Educador Social – ALTERNATIVE CONCURSOS/2017) De


acordo com o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, art. 23, a participação dos idosos em atividades
culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos _____________________
nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial
aos respectivos locais.
(A) 5% (cinco por cento)
(B) 15% (quinze por cento)
(C) 25% (vinte e cinco por cento)
(D) 50% (cinquenta por cento)
(E) 75% (setenta e cinco por cento)

02. (TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Serviço Social – CONSUPLAN/2017) O Estatuto do


Idoso regula os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos. Sobre
estes direitos previstos na Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, é INCORRETO afirmar que:
(A) Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo
tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.
(B) O Poder Público criará e estimulará programas de profissionalização especializada para os idosos,
aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regulares e remuneradas.
(C) Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral da Previdência Social observarão, na
sua concessão, critérios de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais incidiram
contribuição, nos termos da legislação vigente.
(D) Aos idosos, a partir de sessenta e cinco anos, que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de um salário-mínimo,
nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas. O benefício já concedido a qualquer membro
da família nos termos exposto anteriormente será computado para os fins do cálculo da renda familiar per
capita a que se refere a LOAS.

03. (Prefeitura de Sul Brasil – SC - Educador Social – Alternative Concursos/2017) De acordo


com o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, art. 28, o Poder Público criará e estimulará programas de:
I. Profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e habilidades para
atividades regulares e remuneradas.
II. Preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 5 (cinco) anos,
por meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre os
direitos sociais e de cidadania.
III. Estímulo às empresas públicas para admissão de idosos ao trabalho.
(A) Somente I está incorreta.
(B) Somente II e III estão incorretas.
(C) Somente III está incorreta.
(D) Somente I e III estão incorretas.
(E) Todas estão corretas.

04. (Prefeitura de Natal/RN - Advogado – IDECAN/2016). Estabelece o Estatuto do Idoso que NÃO
constitui obrigação das entidades de atendimento ao idoso:

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(A) Oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade.
(B) Comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de abandono moral ou
material por parte dos familiares.
(C) Fornecer vestuário adequado, se for privada, e assistência religiosa mesmo àqueles que não
desejarem e de acordo com suas crenças.
(D) Celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o tipo de atendimento,
as obrigações da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, se for o
caso.

05. (MPE/GO – Promotor de Justiça- MPE/GO/2016) De acordo com o Estatuto do Idoso (Lei n.
10.471/03):
(A) O Ministério Público tem legitimidade para a promoção da tutela coletiva dos direitos de pessoas
com idade igual ou superior a sessenta anos, mas não poderá atuar na esfera individual de direitos dessa
parcela da população, uma vez que a senilidade não induz incapacidade para os atos da vida civil.
(B) O idoso, que necessite de alimentos, deverá acionar simultaneamente os filhos, cobrando de cada
qual, na medida de suas possibilidades.
(C) O Poder Judiciário, a requerimento do Ministério Público, poderá determinar medidas protetivas
em favor de idoso em situação de risco, tais como: requisição de tratamento de saúde, em regime
ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; encaminhamento à família ou curador, mediante termo de
responsabilidade; abrigamento em entidade.
(D) O Poder Público tem responsabilidade residual e, no âmbito da assistência social, estará obrigado
a assegurar os direitos fundamentais de pessoa idosa, em caso de inexistência de parentes na linha reta
ou colateral até o 3º grau.

06. (Prefeitura de Xaxim/SC – Assistente Social – ASSCONPP/2015) Assinale a alternativa correta


a respeito do estatuto do idoso.
(A) Priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar,
exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência.
(B) Atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados
prestadores de serviços à população.
(C) Garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.
(D) Todas as alternativas estão corretas

07. (PC-SC - Delegado de Polícia - ACAFE) Analise as afirmações a seguir, identifique o que constitui
crime praticado contra o idoso e assinale a alternativa correta.
l Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade.
ll Recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa,
a pessoa com mais de 55 anos.
lll Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas
ações em que for parte ou interveniente pessoa com mais de 65 anos.
lV Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão de pessoa
com mais de 70 anos, bem como qualquer outro documento, com objetivo de assegurar recebimento ou
ressarcimento de dívida.
(A) Todas as afirmações estão corretas.
(B) Apenas II e III estão corretas.
(C) Apenas I, II e III estão corretas
(D) Apenas I, III e IV estão corretas.
(E) Apenas III e IV estão corretas.

08. (MPE/SC - Promotor de Justiça - MPE-SC) Analise os enunciados das questões abaixo e assinale
se ele é Certo ou Errado.
A Lei n. 10.741/03 (Estatuto do Idoso) possui tipo penal específico para punir tabelião que lavrar ato
notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos e sem a devida representação legal.

(A) Certo
(B) Errado

09. (PC-SP - Investigador de Polícia - VUNESP) Minerva, 45 anos de idade, é filha de Pomona, 62
anos de idade. Ambas vivem juntas. Quando Pomona veio a adoecer gravemente, Minerva a levou para

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um hospital público e lá a abandonou sob os cuidados médicos do estabelecimento, não mais retornando
para buscá-la. Essa conduta de Minerva.
(A) é considerada um crime de preconceito punível pelo Estatuto do Idoso
(B) não é considerada como crime, uma vez que Pomona, embora abandonada, foi deixada sob
cuidados médicos.
(C) não é considerada crime, por se tratar de hospital público, que tem a obrigação legal de cuidar de
Pomona.
(D) seria considerada crime pelo Estatuto do Idoso apenas se Pomona fosse maior de 65 anos de
idade.
(E) é considerada um crime pelo Estatuto do Idoso.

10. (DPE/PB - Defensor Público – FCC) O Estatuto do Idoso define o idoso como aquele com idade
igual ou superior a
(A) 60 (sessenta) anos, garantindo a ele todos os direitos previstos no respectivo diploma legal.
(B) 65 (sessenta e cinco) anos, garantindo a ele todos os direitos previstos no respectivo diploma legal.
(C) 70 (setenta) anos, garantindo a ele todos os direitos previstos no respectivo diploma legal.
(D) 60 (sessenta) anos, mas estabelecendo idades e circunstâncias diferenciadas para o exercício
pleno de todos os direitos previstos no respectivo diploma legal.
(E) 65 (sessenta e cinco) anos, mas estabelecendo idades e circunstâncias diferenciadas para o
exercício pleno de todos os direitos previstos no respectivo diploma legal.

11. (DPE/AM - Defensor Público – FCC) O Estatuto do Idoso define a violência contra o idoso como
sendo
(A) o atentado contra a pessoa do idoso, nos termos da lei penal.
(B) a prática dos crimes contra a vida, de lesões corporais, de periclitação da vida e da saúde e contra
a liberdade individual do idoso.
(C) o crime que envolver violência doméstica e familiar contra o idoso.
(D) o atentado contra os direitos fundamentais do idoso.
(E) a ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento
físico ou psicológico.

12. (DPE/SC - Técnico Administrativo – FEPESE) Assinale a alternativa correta de acordo com o
Estatuto do Idoso.
(A) É dever exclusivo dos familiares prevenir as ameaças ou violação aos direitos do idoso.
(B) A proteção ao idoso deve ser restrita à preservação de sua saúde física e mental.
(C) Somente as pessoas físicas poderão ser responsabilizadas pela inobservância das normas de
prevenção e proteção ao idoso.
(D) O Estatuto do Idoso, por ser norma especial em razão da matéria, impede a aplicação de qualquer
outra legislação.
(E) Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a
esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.

13. (TJ/RJ - Comissário da Infância e da Juventude – FCC) Segundo prevê o Estatuto do Idoso, é
obrigação da entidade de atendimento ao idoso
(A) comunicar ao juiz as situações de abandono moral ou material por parte dos familiares.
(B) celebrar contrato escrito ou verbal de prestação de serviço com o idoso.
(C) elaborar e remeter ao Ministério Público plano individual de atendimento para cada caso com vistas
à reintegração familiar.
(D) administrar os rendimentos financeiros de seus usuários.
(E) proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso.

14. (MPE/TO: Promotor de Justiça – CESPE) Assinale a opção correta com referência ao Estatuto
do Idoso e ao que ele dispõe.
(A) Entre os direitos reconhecidos legalmente ao idoso no domínio de suas faculdades mentais inclui-
se o de ele optar pelo tratamento de saúde que julgar mais favorável.
(B) Apesar de exercer uma função protetiva em relação ao idoso, o referido estatuto não define um
sistema claro de defesa dos interesses da pessoa idosa na condição de pessoa humana.
(C) Todos os direitos reconhecidos ao idoso, incluída a gratuidade nos transportes coletivos urbanos
e semiurbanos, aplicam-se aos indivíduos que alcancem sessenta anos de idade ou mais.

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(D) No tocante à defesa dos direitos dos idosos em juízo, guardam competência subsidiária em relação
ao MP e à OAB a União, os estados, o DF e os municípios.
(E) Associações particulares podem figurar em juízo na defesa dos interesses dos idosos, desde que
autorizadas por assembleia convocada para tal finalidade.

15. (Pref. Angra dos Reis/RJ - Enfermeiro – Diarista - FEC/UFF) De acordo com o Estatuto do Idoso,
é obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade,
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição
e nas leis. Nesse sentido, Assinale a alternativa que caracteriza o direito ao respeito:
(A) faculdade de buscar.
(B) preservação da autonomia.
(C) faculdade de buscar auxílio.
(D) a liberdade de crença e culto religioso.
(E) faculdade de buscar refúgio.

Respostas

01. Resposta: D.
Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante
descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais,
esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.

02. Resposta: D.
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-
mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.)
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será
computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.

03. Resposta: B.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de:
I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e habilidades para
atividades regulares e remuneradas;
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por
meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre os
direitos sociais e de cidadania;
III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho.

04. Resposta: C
Lei 10741/2013
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento:
( )
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente;

05. Resposta: C.
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder
Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários
dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause
perturbação;
V – abrigo em entidade;
VI – abrigo temporário.

06. Resposta: D.
a) Art. 3º, V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do
atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria

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sobrevivência; b) Art. 3º, I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos
e privados prestadores de serviços à população; c) Art. 3º, VIII – garantia de acesso à rede de serviços
de saúde e de assistência social locais.

07. Resposta: D
Está questão cobra para sua resolução o conhecimento dos limites de idade previstos no Estatuto do
Idoso. Assim, a afirmativa I está correta, haja vista que de acordo com o tipificado no artigo 100, I, da Lei.
A alternativa III está correta, pois se enquadra no previsto pelo artigo 100, IV, da norma; importante aqui
destacar que embora o dispositivo legal mencionado não apresente expressamente idade, sabemos que
quando aparece a palavra “idoso” podemos presumir que se fala de pessoa com idade igual ou superior
a 60 (sessenta) anos. A afirmativa IV está correta, posto que se enquadra no previsto no art.104, da
norma. Por fim, apenas a afirmativa II está incorreta, tendo em vista que nem todos que possuem mais
de 55 (cinquenta e cinco) anos, possuem 60 (sessenta) anos ou mais e, por essa razão, nem todos serão
idosos, sendo incorreto afirmar que a proteção do Estatuto igualmente se aplica estes.

08. Resposta: A
O enunciado da questão está correto, uma vez que de acordo com o que dispõe o artigo 108 do
Estatuto do idoso, vejamos: “Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus
atos, sem a devida representação legal: Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos”.

09. Resposta: E
É o que dispõe o artigo 98 da norma: “Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de
longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei
ou mandado: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa”.

10. Resposta: D
A resposta correta é a alternativa “D”, pois está de acordo com o artigo 1º, do Estatuto do Idoso:
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
O Estatuto do Idoso é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas, considerando-se a
idade cronológica igual ou superior a 60 anos e de dispor de seus direitos fundamentais e
de cidadania, bem como a assistência judiciária. Além de preocupar-se com a execução dos direitos pelas
entidades de atendimento que o promovem, também volta-se para sua vigilância e defesa, por meio de
instituições públicas. Tendo como seu principal objetivo, assegurar os direitos da pessoa idosa.

11. Resposta: E
De acordo com o artigo 19, §1º do Estatuto do Idoso, considera-se violência contra o idoso:
Art. 19. (...)
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão
praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
(...)

12. Resposta: E
De acordo com o artigo 6º do Estatuto do Idoso:
Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação
a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.

13. Resposta: E
De acordo com o artigo 50, inciso VIII, do Estatuto do Idoso:
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento:
(...)
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso;
(...)

14. Resposta: A
De acordo com o artigo 17, “caput”, do Estatuto do Idoso:
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar
pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.
(...)

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15. Resposta: B.
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a
dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na
Constituição e nas leis.
§ 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo
a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos
objetos pessoais.

Lei Federal n° 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).

LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006

A Lei Maria da Penha, denominação popular da Lei nº. 11.340 é um dispositivo legal brasileiro que
visa combater a violência doméstica e familiar, bem como aumentar o rigor das punições aos homens
que agridem física ou psicologicamente a uma mulher ou à esposa, o que é mais recorrente.
A Lei nº 11.340/06 foi concebida para tutelar a mulher que se encontra em uma situação de
vulnerabilidade no âmbito de uma relação doméstica, familiar ou íntima de afeto, é nesse sentido que
seus dispositivos deverão ser interpretados, atentando o operador sobremaneira às peculiares condições
das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Os Artigos 5º e 7º da Lei Maria da Penha, trazem o conceito ou definição do que seria violência
doméstica.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA é todo tipo de ação ou omissão, baseadas no gênero (no caso feminino),
que cause qualquer tipo de sofrimento à mulher, seja este sofrimento de ordem física, emocional,
psicológica, sexual, moral, ou até mesmo patrimonial, desde que praticado num contexto de uma unidade
doméstica, ou seja, num ambiente familiar ou numa relação íntima de afeto.
Atentamos ao conceito inovador desta lei, ao tratar da relação íntima de afeto, ou seja, a mesma
abrange todo tipo de relacionamento, independente da vítima ainda “viver” ou coabitar com o parceiro
agressor.
Muito importante para concursos públicos, sabermos que esta lei abrange inclusive, ex-relações, ou
relações ainda que atuais, mas que o casal não “more junto”. Engloba por exemplo, agressões
provenientes de namoros, noivados, relacionamentos já rompidos e até mesmo o famoso “ficar”, tão
comum nos dias atuais.
A Lei Maria da Penha é de extrema importância, visto que anteriormente a mesma, os casos de
violência contra a mulher eram tratados pela Justiça, baseados na Lei 9099/95, ou seja, pela Lei dos
Juizados Especiais Criminais. O procedimento era realizado em uma conciliação, sem nenhuma
intervenção multidisciplinar. Era realizada apenas uma transação penal, ou seja, o pagamento de uma
multa, e o processo não tinha seguimento. Inclusive tal multa, muitas vezes era convertida em prestação
de cesta básica.
A Lei Maria da Penha veio quebrar esse paradigma relativo a essa tolerância, nesses casos de
agressão contra a mulher. Seria uma litigiosidade contida, que com esta lei, veio sair do anonimato.
Ela surgiu de um consórcio, ou seja, um conjunto de articulações de parlamentares, movimentos
sociais, e do movimento feminista e ganhou “força final” com o caso da cearense Maria da Penha, que foi
vitimada de tentativa de homicídio por duas vezes pelo marido, e ainda assim, o caso não tinha
andamento. Somente após anos, quando a senhora Maria da Penha, já estava em cadeira de rodas,
tendo ficado a mesma paraplégica, por conta dessas agressões sofridas pelo marido que a lei surgiu e
ganhou o seu nome.
É uma lei de políticas públicas de todos os tipos, inclusive de prevenção.
E é uma lei popular, visto que, de acordo com pesquisas, apenas 2% da população brasileira não
conhece a mesma.
Uma pergunta interessante e de relevante interesse aos concursos públicos, é se seria possível a
aplicação da Lei Maria da Penha, quando o homem for o vitimado numa relação doméstica ou afetiva?
Resposta: Já existem alguns poucos precedentes, principalmente no Rio Grande do Sul, porém, ainda
com grande dificuldade de aplicação, visto que, este não é o objetivo da mesma. A Lei Maria da Penha
prevê que a violência sofrida tenha sido praticada em função do gênero (no caso feminino), por ser este
mais vulnerável. Também já existem algumas hipóteses dessa lei aplicada a transexuais, discutidas por
sua identidade civil que se comporta com gênero feminino. Agora ser aplicada a homens, há muita
dificuldade.

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Outra inovação legal trazida por essa lei são as chamadas Medidas Protetivas. Exemplo: proibir o
agressor de se aproximar ou manter qualquer tipo de contato com a vítima, até mesmo o afastamento do
lar. Essas Medidas Protetivas podem ser obtidas com base no Código de Processo Penal, com sua última
alteração.
Quando a Lei Maria da Penha menciona as formas de violência a qual a mesma é aplicada, ela dá
visibilidade para um tipo de violência até então, pouco conhecida, que é a violência psicológica.
A Lei Maria da Penha também abrange a possibilidade da prisão preventiva do agressor.
Porém, uma das grandes dificuldades que essa lei enfrenta para sua aplicação definitiva, ainda é a
sub – notificação dos casos de violência contra as mulheres, visto que as mesmas ainda demoram
anos para “romper” com o silêncio e denunciar. Além disso, existe a constante mudança de disposição
da vítima.
IMPORTANTE PARA CONCURSOS PÚBLICOS: Anteriormente, nos crimes de lesão corporal e
ameaça, a vítima poderia se retratar, ou seja, se arrepender da denúncia que fez contra seu agressor,
assim, ainda que já realizada a primeira denúncia e já registrada a ocorrência, o promotor de justiça não
poderia ajuizar a ação penal, não podendo entrar com a denúncia e nem tão pouco processar.
Hoje em dia, com base na decisão do Supremo Tribunal Federal, a retratação apenas é cabível nos
casos de ameaça. Em caso de lesão corporal, não cabe mais retratação por parte da vítima.
A ação penal é pública incondicionada e o promotor deve agir.
Porém, continua a se enfrentar esse problema em relação à ameaça. A mudança da versão da vítima
em juízo atrapalha muito nas provas e na instrução. Deve ser efetivamente trabalhada essa mudança de
disposição por parte da vítima. Exemplo: se arrepender da denúncia, pois o agressor é pai de seus filhos.

Para finalizar, apontaremos alguns desafios para que a Lei Maria da Penha possa ser efetivamente
aplicada:
- Ampliação de trabalhos e projetos de conscientização da sociedade;
- Políticas que fiscalizem as medidas protetivas;
- Criação de uma qualificadora objetiva referente às circunstâncias de gênero (exemplo: “no contexto
de violência no âmbito doméstico, uma qualificadora para agressões sexuais, provenientes de tortura, ou
que causem mutilações no rosto da vítima”).

Feitas estas considerações, vamos acompanhar a seguir o que prevê a Lei nº 11.340/06:

LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8 o do
art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o
Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher,
nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do
Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e
estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe
asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental
e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

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Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à
segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no
âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo
exercício dos direitos enunciados no caput.

Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e,
especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

TÍTULO II
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos
direitos humanos.

CAPÍTULO II
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER

Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo
à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores
e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

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TÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CAPÍTULO I
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO

Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por
meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e
de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as
áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a
perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da
violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família,
de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar,
de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da
Constituição Federal;
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas
Delegacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e
familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos
instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de
parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo
a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de
Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às
questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos
aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e
familiar contra a mulher.
CAPÍTULO II
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no
Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
integridade física e psicológica:
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou
indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até
seis meses.
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos
benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção
de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de
violência sexual.
CAPÍTULO III
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a
autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais
cabíveis.

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Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva
de urgência deferida.

Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial
deverá, entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao
Poder Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando
houver risco de vida;
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da
ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.

Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da
ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo
daqueles previstos no Código de Processo Penal:
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da
ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames
periciais necessários;
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia
de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais
e postos de saúde.

TÍTULO IV
DOS PROCEDIMENTOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática
de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal
e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não
conflitarem com o estabelecido nesta Lei.

Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária
com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e
pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de
violência doméstica e familiar contra a mulher.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
as normas de organização judiciária.

Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor.

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Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei,
só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com
tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas
de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o
pagamento isolado de multa.

CAPÍTULO II
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
Seção I
Disposições Gerais

Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.

Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do
Ministério Público ou a pedido da ofendida.
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de
audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser
substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta
Lei forem ameaçados ou violados.
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da
ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.

Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do
agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação
da autoridade policial.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente
dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou
do defensor público.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.

Seção II
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei,
o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas
protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos
termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de
distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da
ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

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§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em
vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser
comunicada ao Ministério Público.
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas
no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo
órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição
do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da
determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme
o caso.
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer
momento, auxílio da força policial.
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º
do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).

Seção III
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de
atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após
afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda
dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.

Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de
propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III
deste artigo.

CAPÍTULO III
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes
da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de
segurança, entre outros;
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de
violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no
tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.

CAPÍTULO IV
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica
e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.

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Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços
de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial,
mediante atendimento específico e humanizado.

TÍTULO V
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR

Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados
poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.

Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem
reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à
Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de
orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os
familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.

Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar
a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento
multidisciplinar.

Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá prever recursos para
a criação e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes
Orçamentárias.

TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,
as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do
Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o
julgamento das causas referidas no caput.

TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser
acompanhada pela implantação das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.

Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, no limite
das respectivas competências:
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em
situação de violência doméstica e familiar;
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situação de violência
doméstica e familiar;
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal
especializados no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.

Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a adaptação de seus
órgãos e de seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.

Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poderá ser exercida,
concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação de atuação na área, regularmente constituída
há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.

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Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que
não há outra entidade com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva.

Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher serão incluídas nas
bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema
nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão
remeter suas informações criminais para a base de dados do Ministério da Justiça.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no limite de suas competências e nos
termos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamentárias
específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei.

Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras decorrentes dos princípios por ela
adotados.

Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente
da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal),
passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
“Art. 313. .................................................
................................................................
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica,
para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.” (NR)

Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 61. ..................................................
.................................................................
II - ............................................................
.................................................................
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
........................................................... ” (NR)

Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar
com as seguintes alterações:
“Art. 129. ..................................................
..................................................................
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
..................................................................
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência.” (NR)
Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar
com a seguinte redação:
“Art. 152. ...................................................
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o
comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR)

Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após sua publicação.

Questões

01. (MPE-RJ - Analista do Ministério Público – Processual – FGV/2016) Penha foi vítima de um
crime de lesão corporal leve praticada por seu companheiro Leopoldo, que não aceitou ver a companheira

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conversando com um ex-namorado na rua. Penha comparece ao Ministério Público para narrar os fatos,
sendo oferecida denúncia em face de Leopoldo. Antes do recebimento da denúncia, Penha novamente
comparece ao Ministério Público e afirma que não mais tem interesse em ver seu companheiro
processado criminalmente. Diante da situação narrada e das previsões da Lei nº 11.340/06, é correto
afirmar que:
(A) a retratação de Penha ao direito de representação deverá ser ratificada na presença do magistrado,
em audiência especialmente designada para tanto, para gerar a extinção da punibilidade;
(B) a vontade de Penha é irrelevante, pois, uma vez oferecida representação, não cabe sua retratação,
independente do crime praticado quando no contexto da Lei nº 11.340/06;
(C) poderá ser aplicado a Leopoldo o benefício da transação penal, em razão da pena prevista ao
delito;
(D) não cabe retratação ao direito de representação no contexto da Lei nº 11.340/06 após o
oferecimento da denúncia;
(E) a vontade de Penha é irrelevante, tendo em vista que a infração penal praticada é de natureza
pública incondicionada.

02. (Ceron – RO - Suporte Administrativo – EXATUS/2016) No que tange a Lei nº 11.340/2006,


assinale a alternativa correta:
(A) É permitida a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o
pagamento isolado de multa.
(B) Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão definitiva do
agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação
da autoridade policial.
(C) Caberá ao Poder Judiciário, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica
e familiar contra a mulher, requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de
assistência social e de segurança.
(D) Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099/1995.

03. (TJ-AM - Juiz Substituto – CESPE/2016) Com relação às disposições da Lei n° 11.340/2006 —
Lei Maria da Penha —, assinale a opção correta.
(A) Para os efeitos da referida lei, a configuração da violência doméstica e familiar contra a mulher
depende da demonstração de coabitação da ofendida e do agressor.
(B) Os juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher têm competência
exclusivamente criminal.
(C) É tido como o âmbito da unidade doméstica o espaço de convívio permanente de pessoas, com
ou sem vínculo familiar, salvo as esporadicamente agregadas.
(D) A ofendida poderá entregar intimação ou notificação ao agressor se não houver outro meio de
realizar a comunicação.
(E) Considera-se violência sexual a conduta de forçar a mulher ao matrimônio mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação, assim como a conduta de limitar ou anular o exercício de seus
direitos sexuais e reprodutivos.

04. (CASSEMS – MS - Técnico de Enfermagem – MS Concursos/2016) Tendo em mente a Lei nº


11.340/2006 (Lei Maria da Penha), analise as alternativas e marque a incorreta.
(A) As relações pessoais enunciadas no art. 5º da Lei Maria da Penha dependem de orientação sexual.
(B) A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos
humanos.
(C) São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras a violência moral,
entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
(D) O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

05. (PC-GO - Agente de Polícia Substituto – CESPE/2016) De acordo com as disposições da Lei n.º
11.340/2006 — Lei Maria da Penha —, assinale a opção correta.
(A) No caso de mulher em situação de violência doméstica e familiar, quando for necessário o
afastamento do local de trabalho para preservar a sua integridade física e psicológica, o juiz assegurará
a manutenção do vínculo trabalhista por prazo indeterminado.

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(B) Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular
da mulher, o juiz determinará a proibição temporária da celebração de atos e contratos de compra, venda
e locação de propriedade em comum, salvo se houver procurações previamente conferidas pela ofendida
ao agressor.
(C) A referida lei trata de violência doméstica e familiar em que, necessariamente, a vítima é mulher,
e o sujeito ativo, homem.
(D) Na hipótese de o patrão praticar violência contra sua empregada doméstica, a relação empregatícia
impedirá a aplicação da lei em questão.
(E) As formas de violência doméstica e familiar contra a mulher incluem violência física, psicológica,
sexual e patrimonial, que podem envolver condutas por parte do sujeito ativo tipificadas como crime ou
não.

06. (IF Sudeste – MG - Assistente Social – FCM/2016) De acordo com a Lei 11.340\2006 (Lei Maria
da Penha), constatada a prática da violência doméstica, é conduta proibida ao agressor
(A) a visita a equipamentos da Assistência Social.
(B) o trabalho remunerado e com carteira assinada.
(C) a frequência em curso de qualificação profissional, técnico ou superior.
(D) a participação em atividades comunitárias, esportivas e de caráter religioso.
(E) o convívio com familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação.

07. (CASSEMS – MS - Farmacêutico – MS Concursos/2016) À luz da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria


da Penha), analise as alternativas e marque a incorreta.
(A) A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio
de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de
ações não-governamentais.
(B) São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras, a violência física,
entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
(C) É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: do
seu domicílio ou de sua residência, do lugar do fato em que se baseou a demanda e do domicílio do
agressor.
(D) Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só
será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal
finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

08. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – CONSUPLAN/2016) De


acordo com a Lei nº 11.340/2006, são medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor, EXCETO:
(A) Proibição de frequentação a determinados lugares a fim de preservar a integridade física do
agressor.
(B) Afastamento do local de convivência com a ofendida.
(C) Proibição de contato com familiares da ofendida.
(D) Prestação de alimentos provisórios.

09. (Prefeitura de Fortaleza – CE - Psicologia - Prefeitura de Fortaleza – CE/2016) De acordo com


a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha, assinale a alternativa correta quanto as
Medidas Protetivas de Urgência ao Agressor.
(A) Prisão em 48 horas e afastamento temporário do lar, domicílio ou local de convivência com a
ofendida.
(B) Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvindo a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar.
(C) Determinação da separação de corpos.
(D) Determinação do afastamento da mulher e seus filhos do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a
bens, guarda dos filhos e alimentos.

10. (Ceron – RO - Suporte Administrativo – EXATUS/2016) A Lei Maria da Penha prevê as formas
de violência doméstica e familiar contra a mulher. Dentre as hipóteses apresentadas pela Lei nº
11.340/2006, assinale a alternativa correta:
(A) Violência contra a honra, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou
injúria.

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(B) Violência corporal, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde
corporal.
(C) Violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a
participar de relação sexual desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força.
(D) Violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da autoestima.

11. (TJ/BA - Analista Judiciário – Psicologia - FGV/2015) A Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
configura como violência doméstica e familiar contra a mulher:
(A) qualquer ação que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e danos morais;
(B) qualquer omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento sexual ou psicológico e danos morais;
(C) qualquer ação e omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento sexual e danos morais;
(D) qualquer ação ou omissão, independentemente da relação de gênero, que lhe cause morte, lesão,
sofrimento sexual e dano patrimonial ou moral;
(E) qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual
ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

12. (PC/AC - Perito Criminal - FUNCAB/2015) Com base na Lei n° 11.340/2006 (Lei Maria da Penha),
assinale a alternativa correta.
(A) Na hipótese da prática de violência doméstica contra a mulher, somente a autoridade judiciária
poderá autorizar o encaminhamento da ofendida ao Instituto Médico Legal, para realização do regular
exame de corpo de delito.
(B) A competência para o processo e julgamento dos delitos decorrentes de violência doméstica é
determinada exclusivamente pelo domicílio ou pela residência da ofendida por economia processual e
objetivando facilitar a prática dos atos processuais.
(C) Após registrar a ocorrência de violência doméstica e familiar em uma Unidade de Polícia Judiciária
e, em consequência, ter sido instaurado inquérito policial, a vítima, desejando impedir o prosseguimento
da investigação criminal, deve manifestar expressamente o seu desejo de renúncia diretamente à
autoridade policial.
(D) Para concessão de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha, o juiz deverá
colher prévia manifestação do Ministério Público, sob pena de nulidade absoluta do ato.
(E) Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e
familiar deverá estar acompanhada de advogado, contudo, poderá, excepcionalmente, sem assistência
de advogado, pedir ao juiz a concessão de medida protetiva de urgência.

13. (SAEB/BA - Técnico de Registro de Comércio - IBFC/2015) Assinale a alternativa correta sobre
o que a Lei Federal n° 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) estabelece como qualquer
conduta que configure destruição parcial ou total de objetos da mulher pelo seu agressor.
(A) Violência física.
(B) Violência psicológica.
(C) Violência sexual.
(D) Violência patrimonial.
(E) Violência moral.

14. (SAEB/BA - Técnico de Registro de Comércio - IBFC/2015) Considere as disposições da Lei


Federal n° 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) e assinale a alternativa correta sobre o
rol exato das áreas que, segundo a referida lei, são indicadas para integrar as equipes de atendimento
multidisciplinar ligadas aos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser
criados.
(A) Jurídica e de Saúde.
(B) Religiosa e jurídica.
(C) Psicossocial, jurídica e de saúde.
(D) Religiosa, jurídica e psicossocial.
(E) Psicossocial, religiosa e de saúde.

15. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1ª Classe - VUNESP/2015) A Lei nº 11.340/2006, conhecida
como “Lei Maria da Penha”, estabelece que
(A) em qualquer fase do inquérito policial ou da ação penal cabe prisão preventiva contra o agressor.
(B) em nenhuma hipótese o sujeito ativo dos crimes previstos nessa Lei poderá ser uma mulher.

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(C) para efeito dessa Lei são formas de violência a física e a sexual.
(D) na ocorrência de uma briga (com agressão física) entre vizinhos, desde que envolvendo um homem
e uma mulher e com residências próximas, aplicam-se as disposições da Lei Maria da Penha.
(E) se o agressor comprovar que é o proprietário da residência conjugal, não poderá ser determinado
o seu afastamento do lar.

16. (MPE/PA - Promotor de Justiça - FCC) Em relação às medidas protetivas de urgência previstas
na Lei nº 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, é correto afirmar:
(A) O juiz pode aplicar o afastamento do agressor, mas não da ofendida, do lar.
(B) A suspensão do porte de arma é medida protetiva de urgência que o juiz pode aplicar contra o
agressor caso constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
(C) As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, desde que ouvido
previamente o Ministério Público.
(D) A própria ofendida poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.
(E) A prestação de alimentos provisionais ou provisórios não está no rol de medidas protetivas de
urgência que o juiz pode aplicar contra o agressor caso constatada a prática de violência doméstica e
familiar contra a mulher.

17. (PC/SP - Desenhista Técnico-Pericial - VUNESP) À luz da Lei n.º 11.340/2006 – Lei Maria da
Penha, é correto afirmar que
(A) a violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos
humanos.
(B) tal norma não é aplicável aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra crianças
e adolescentes de sexo feminino.
(C) não caracteriza violência moral a conduta que configure calúnia, difamação ou injúria contra a
mulher.
(D) é permitida a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o
pagamento isolado de multa.
(E) aplica-se a Lei n.º 9.099/1995 – Juizados Especiais Cíveis e Criminais – aos crimes praticados com
violência doméstica e familiar contra a mulher.

18. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XIII - Primeira Fase - FGV) Fernanda, durante uma
discussão com seu marido Renato, levou vários socos e chutes. Inconformada com a agressão, dirigiu-
se à Delegacia de Polícia mais próxima e narrou todo o ocorrido. Após a realização do exame de corpo
de delito, foi constatada a prática de lesão corporal leve por parte de Renato. O Delegado de Polícia
registrou a ocorrência e requereu as medidas cautelares constantes no Artigo 23 da Lei nº 11.340/2006.
Após alguns dias e com objetivo de reconciliação com o marido, Fernanda foi novamente à Delegacia de
Polícia requerendo a cessação das investigações para que não fosse ajuizada a ação penal respectiva.
Diante do caso narrado, de acordo com o recente entendimento do Supremo Tribunal Federal, assinale
a afirmativa correta.
(A) No âmbito da Lei Maria da Penha, nos crimes de lesão corporal leve, a ação penal é condicionada
à representação. Desta forma, é possível a sua retratação, pois não houve o oferecimento da denúncia.
(B) No âmbito da Lei Maria da Penha, nos crimes de lesão corporal leve, a ação penal é pública
incondicionada, sendo impossível interromper as investigações e obstar o prosseguimento da ação penal.
(C) No âmbito da Lei Maria da Penha, nos crimes de lesão corporal leve, a ação penal é pública
incondicionada, mas é possível a retratação da representação antes do oferecimento da denúncia.
(D) No âmbito da Lei Maria da Penha, nos crimes de lesão corporal leve, a ação penal é pública
condicionada à representação, mas como os fatos já foram levados ao conhecimento da autoridade
policial será impossível impedir o prosseguimento das investigações e o ajuizamento da ação penal.

19. (PC/SP - Escrivão de Polícia Civil - VUNESP) Assinale a alternativa que está de acordo com o
disposto na Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006).
(A) Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do
agressor, a ser decretada pela autoridade policial competente, desde que esta entenda urgente e
indispensável a sua aplicação.
(B) Nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, poderão ser aplicadas ao réu as penas
de detenção, reclusão, de pagamento de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a
imposição de multa.

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(C) Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, poderá ser aplicada ao
agressor, entre outras, a medida protetiva de urgência de afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida, podendo a intimação ser entregue pela ofendida diretamente ao agressor.
(D) No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial
deverá, entre outras providências, conceder-lhe as medidas protetivas de urgência cabíveis no caso.
(E) O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
integridade física e psicológica, a manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento
do local de trabalho, por até seis meses.

20. (PC/SP - Investigador de Polícia - VUNESP) Fulano, casado com Ciclana, num momento de
discussão no lar, destruiu parte dos instrumentos de trabalho de sua esposa. Considerando a conduta de
Fulano em face do disposto na Lei Maria da Penha, pode-se afirmar que
(A) Fulano, pela sua conduta, poderá ser submetido à pena de pagamento de cestas básicas em favor
de entidades assistenciais.
(B) Fulano não se sujeitará às penas da Lei Maria da Penha, pois a sua conduta ocorreu apenas dentro
do ambiente familiar.
(C) Fulano estará sujeito à prisão preventiva, a ser decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do
Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.
(D) Fulano não poderá ser processado pela Lei Maria da Penha, tendo em vista que esta se destina a
proteger a mulher contra agressões físicas, psicológicas ou morais, mas não patrimoniais.
(E) Ciclana terá direito a obter medida judicial protetiva de urgência contra Fulano, podendo entregar
pessoalmente a intimação da respectiva medida ao seu marido.

21. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – CESPE/2017) À luz do posicionamento


jurisprudencial e doutrinário dominantes acerca das disposições da Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da
Penha), assinale a opção correta.
(A) Caracteriza o crime de desobediência o reiterado descumprimento, pelo agressor, de medida
protetiva decretada no âmbito das disposições da Lei Maria da Penha.
(B) Em se tratando dos crimes de lesão corporal leve e ameaça, pode o Ministério Público dar início a
ação penal sem necessidade de representação da vítima de violência doméstica.
(C) No caso de condenação à pena de detenção em regime aberto pela prática do crime de ameaça
no âmbito doméstico e familiar, é possível a substituição da pena pelo pagamento isolado de multa.
(D) No âmbito de aplicação da referida lei, as medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas
independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, o qual deverá ser
prontamente comunicado.
(E) Afasta-se a incidência da Lei Maria da Penha na violência havida em relações homoafetivas se o
sujeito ativo é uma mulher.

22. (AGERBA - Técnico em Regulação – IBFC/2017) Assinale a alternativa INCORRETA


considerando as disposições da Lei Federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha),
sobre a assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar.
(A) A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no
Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso
(B) O juiz determinará, por prazo incerto, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal
(C) O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
integridade física e psicológica, acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da
administração direta ou indireta
(D) O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
integridade física e psicológica manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do
local de trabalho, por até seis meses
(E) A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos
benefícios decorrentes do desenvolvimento científco e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção
de emergência, a proflaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de
violência sexual.

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23. (AGERBA - Técnico em Regulação – IBFC/2017) Assinale a alternativa correta sobre a espécie
de violência que a Lei Federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) indica, em termos
expressos e precisos, como qualquer conduta contra a mulher que lhe cause dano emocional e diminuição
da autoestima, que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento, que vise degradar ou controlar
suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça.
(A) Violência psicológica
(B) Violência moral
(C) Violência imaterial
(D) Violência uxória
(E) Violência extra corporal

24. (IBFC/2017) Assinale a alternativa INCORRETA considerando as disposições da Lei Federal nº


11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), sobre a assistência à mulher em situação de
violência doméstica e familiar.
(A) A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no
Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso
(B) O juiz determinará, por prazo incerto, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal
(C) O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
integridade física e psicológica, acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da
administração direta ou indireta
(D) O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
integridade física e psicológica manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do
local de trabalho, por até seis meses
(E) A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos
benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção
de emergência, a proflaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de
violência sexual

Respostas
01. Resposta: E.
O crime de lesão corporal, ainda que de natureza leve, é de ação penal pública incondicionada, ou
seja, independe de manifestação da vítima para o oferecimento da denúncia.
Lembre-se ainda que o art. 41 da Lei 11.340/06 veda a aplicação da Lei 9.099/95.

Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente
da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Ademais, esse entendimento foi sumulado pelo STJ:


Súmula 542. A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra
a mulher é pública incondicionada.

02. Resposta: D.
Literalidade do art. 41 da Lei 11.340/06.

Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente
da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

03. Resposta: E.
Lei 11.340/06, Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
sexuais e reprodutivos;

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04. Resposta: A.
Atenção! a questão pede a alternativa INCORRETA.

Lei 11.340/06, Art. 5º, Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de
orientação sexual.

05. Resposta: E.
Os arts. 5º, caput e 7º da lei 11.340/06 indicam o que configura violência doméstica e familiar e quais
seriam suas formas.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial:

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo
à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores
e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

06. Resposta: E.
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei,
o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas
protetivas de urgência, entre outras:
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;

07. Resposta: B.
A alternativa está incorreta porque classifica a calúnia, difamação ou injúria como forma de violência
física quando o correto é forma de violência moral.

Art. 7º, V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação
ou injúria.

08. Resposta: A.
Não é a integridade física do agressor que deve ser preservada, mas sim da ofendida.

Art. 22, III, c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica
da ofendida;

09. Resposta: B.
Art. 22, IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de
atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

10. Resposta: D.
Vamos analisar as alternativas:

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A- Incorreta. A violência que configura calúnia, difamação ou injúria é a moral.
B- Incorreta. Qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal é classifica como
violência física.
C- Incorreta. A relação sexual será não desejada na violência sexual.
D- Correta. Violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo
à saúde psicológica e à autodeterminação (art. 7º, II);

11. Resposta: E
É o que dispõe o art. 5º, da Lei Maria da Penha: “Para os efeitos desta Lei, configura violência
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.

12. Resposta: E.
Dita a Lei 11.340/2006:
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica
e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.

13. Resposta: D.
Dita a Lei 11.340/2006:
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: (...)
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores
e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

14. Resposta: C.
Dita a Lei 11.340/2006:
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados
poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.

15. Resposta: A
Dita a Lei 11.340/2006:
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do
agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação
da autoridade policial.

16. Resposta: B
Dentre as Medidas Protetivas de urgência que obrigam o agressor, previstas no art. 22 da Lei Maria
da Penha, está prevista a possibilidade do juiz suspender o porte de armas, vejamos:
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei,
o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas
protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos
termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003.

17. Resposta: A
A alternativa correta é a “A”, posto que se enquadra no previsto pelo art. 6º, da norma: “A violência
doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos”.

18. Resposta: B
Com base no recente entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) para que não fique exaurida
a proteção que o Estado deve dar às mulheres, os artigos 12 (inciso I), 16 e 41, da Lei 11.340/2006 (Lei
Maria da Penha), devem ser entendidos no sentido de que não se aplica a Lei nº 9.099/95, dos Juizados
Especiais – aos crimes da Lei Maria da Penha, e que nos crimes de lesão corporal praticados contra a

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mulher no ambiente doméstico, mesmo de caráter leve, atua-se mediante ação penal pública
incondicionada.

19. Resposta: E
Considerando o disposto na Lei Maria da Penha sobre a assistência à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, a alternativa correta é a “E”, o juiz assegurará à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica, a manutenção do vínculo
trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses (art. 9º, §2º, II, da
Lei).

20. Resposta: C
A conduta praticada por Fulano estará sujeita à prisão preventiva, tendo em vista que em qualquer
fase do inquérito policial ou da instrução criminal, esta poderá ser decreta pelo juiz, de ofício, a
requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. É o que dispõe o
artigo 20 da Lei Maria da Penha.

21. Resposta: D.
Art. 19. § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato,
independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser
prontamente comunicado.

22. Resposta: B.
Art. 9º § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência
doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

23. Resposta: A.
A Lei Maria da Penha protege diversas formas de violência a física, psicológica, sexual, patrimonial e
moral. Veja a definição que o art. 7º traz de cada uma delas.

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo
à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores
e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

24. Resposta: B.
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no
Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

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Apropriação do espaço público.

Os espaços públicos caracterizam fundamentalmente uma cidade. Isso significa que sem eles, o
terreno apenas denso e altamente construído não é uma cidade. E isso pode ser visto quando há uma
vasta faixa de edifícios residenciais ou comerciais altos - esses espaços não são cidades, são apenas
um terreno densamente construído.

Vamos iniciar nossos estudos acerca de espaço público com um conceito pontual.
No singular, "espaço público" refere-se à esfera pública, ao domínio dos processos propriamente
políticos, das relações de poder e das formas que estas assumem nas sociedades contemporâneas. Nos
espaços das cidades, na mídia ou na internet, é a esfera da cidadania e da expressão política das forças
sociais, inclusive daquelas que pretendem a despolitização das relações humanas. No plural, o termo
"espaços públicos" compreende os lugares urbanos que, em conjunto com infraestruturas e equipamentos
coletivos, dão suporte à vida em comum: ruas, avenidas, praças, parques. Nessa acepção, são bens
públicos, carregados de significados, palco de disputas e conflitos, mas também de festas e celebrações.
Esses dois sentidos se interpenetram e, mais, não podem ser tomados fora de suas articulações ao
domínio privado - o qual inclui pessoas, famílias, grupos, empresas, corporações. Limites, estrutura, forma
e função desses espaços constituem partes de agenciamentos complexos e dinâmicos, que se
diferenciam conforme países e culturas. Para arquitetos e urbanistas, o desafio é expressar tal
complexidade de modo crítico, não redutivo, empenhado e por vezes insurgente, apontando outras
práticas possíveis.

Feita essas considerações iniciais, parte-se então, ao entendimento atribuído por vários autores à rua,
à praça e ao parque.

Conforme Lamas a rua, considerada de fato como estruturadora do traçado, corresponde a “um dos
elementos mais claramente identificáveis tanto na forma de uma cidade como no gesto de a projetar.
Assenta num suporte geográfico preexistente, regula a disposição dos edifícios e quarteirões, ligas os
vários espaços e partes da cidade, e confunde-se com o gesto criador”.

A praça, para Lamas “é um elemento morfológico das cidades ocidentais”, inexistentes anteriormente,
distinguindo-se “de outros espaços, que são resultado acidental de alargamento ou confluência de
traçados - pela organização espacial e intencionalidade de desenho. [...] A praça pressupõe a vontade e
o desenho de uma forma e de um programa”. Deste modo, o autor caracteriza a rua como “lugar de
circulação” e a praça como “lugar intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de
práticas sociais, de manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio, e, consequentemente, de
funções estruturantes e arquiteturas significativas”. Lamas indica ainda que a praça na cidade tradicional,
como a rua, estabelece “estreita relação do vazio (espaço de permanência) com os edifícios, os seus
planos marginais e as fachadas. Estas definem os limites da praça e caracterizam-na, organizando o
cenário urbano”. Para o autor, este é um aspecto menos presente na praça da urbanística moderna, tendo
em vista “as dificuldades de delimitação e definição provocadas pela menor incidência dos edifícios e
fachadas”.

Observa-se que, ao caracterizar a praça pela intencionalidade e como resultante de um programa,


Lamas a diferencia, de espaços como o largo e o terreiro, caracterizados pelo autor como espaços
acidentais: vazios ou alargamentos da estrutura urbana e que, com o tempo foram apropriados e usados.
...estes espaços nunca adquirem significação igual ao da praça porque não nasceram como tal. [...] o
largo do mercado, o adro fronteiro à igreja, ou outros pequenos espaços vazios da cidade medieval não
são ainda verdadeiras praças.

Cabe destacar que tais distinções também podem ser aplicadas a determinados espaços no Brasil,
como demonstrado pela pesquisa de Carneiro e Mesquita.

Sobre o parque, Lamas não atribui conceitos específicos como nos casos anteriores referentes à rua
e à praça. O grande parque encontra-se inserido no bojo dos ambientes caracterizados pelas estruturas
verdes, referentes, portanto, à vegetação que apresentam, como o canteiro e o jardim. Estas estruturas
verdes são reconhecidas pelo autor como “elementos identificáveis na estrutura urbana. Caracterizam a

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imagem da cidade; têm individualidade própria; desempenham funções precisas: são elementos de
composição e do desenho urbano; servem para organizar, definir e conter espaços”.
Lamas insere ainda o parque, junto à alameda e ao jardim, na categoria denominada por “espaços
verdes”, caracterizando-os “como elementos de composição da cidade”. Lamas ressalta a introdução da
árvore na cidade como evolução e requinte no modo de viver, gerando novos ambientes, como “o recinto
arborizado, o parque, o jardim, o passeio e a alameda, como espaços de recreio e novas práticas sociais”.
O autor indica ainda a estruturação da arte de jardinaria no período clássico barroco, “como um campo
específico de arquitetura da paisagem e de organização territorial”. Realizam-se então, segundo o autor
“grandes composições de domínio da natureza”, a partir de elementos naturais apoiados em elementos
construídos. Para ele, “esta atitude vai imprimir à natureza os mesmos atributos culturais e estéticos que
à cidade, dando-lhe forma e conteúdo cultural e estético, e está na gênese da manipulação da paisagem
como objeto estético”.

Espaços públicos e seu planejamento


Enquanto Caldeira demonstra a crescente segregação sócio espacial, como consequência de ações
privadas e ausência do poder público, Arantes chega a indicar a própria participação do poder público na
construção desta segregação. Esta autora, ao tratar da atitude da administração pública em sua ação de
planejamento urbano, observa a frequência com que resultados divulgados como sendo de êxito referem-
se à requalificação de espaços urbanos micro dimensionais, desarticulada, portanto, de uma
programação e um planejamento mais amplos, seja no âmbito físico-territorial, seja no âmbito social.
Tratam-se de áreas rigorosamente recortadas e preparadas de modo a tornarem-se superequipadas,
produzindo uma rígida delimitação de territórios em termos sociais e econômicos.
Destaca-se que a temática cultural vem norteando os discursos de ações desta natureza, cujos
aparatos por vezes inserem-se em circuito turístico nacional e internacional, sendo comum o fato destes
equipamentos contarem com eficiente e segura articulação de transporte e acessibilidade, em contraste
com as condições de vida do ambiente, onde se encontram inseridos.
Buscando apresentar e debater alternativas a este contexto, Souza aponta, nos campos acadêmico,
de planejamento e gestão, a importância da noção de “desenvolvimento sócio-espacial” em contraponto
à ideia limitada de desenvolvimento econômico, desenvolvimento urbano ou de desenvolvimento social.
Para o autor, desenvolvimento é entendido como uma ‘mudança social positiva’, cujo conteúdo é tido
como não devendo ser definido ‘a priori’, à revelia dos desejos e expectativas dos grupos sociais
concretos, com seus valores culturais próprios e suas particularidades histórico-geográficas.

Desenvolvimento é então associado à mudança e “mudança para melhor”. Para Souza


desenvolvimento sócio-espacial corresponde a “uma melhoria da qualidade de vida e um aumento da
justiça social”. O autor atribui especial importância ao espaço, como palco, arena, referencial simbólico e
condicionador das atividades humanas, indicando que “a mudança social positiva, no caso, precisa
contemplar não apenas as relações sociais, mas, igualmente, a espacialidade”. Vinculada à questão,
emerge a noção de autonomia, visto que para o autor: Uma vez que o caminho democraticamente mais
legítimo para se alcançarem mais justiça social e uma melhor qualidade de vida é quando os próprios
indivíduos e grupos específicos definem os conteúdos concretos e estabelecem as prioridades com
relação a isso, podem-se considerar justiça social e qualidade de vida como subordinados à autonomia
individual e coletiva enquanto princípio e parâmetro.

Indica-se crescente tendência de segmentação, segregação e mesmo desuso quanto ao espaço


público, estes fatores não se apresentam na atualidade de modo totalmente abrangente e definitivo. É
notória a permanência dos espaços públicos como importantes locais de embelezamento urbano e,
também, como ambientes de deslocamento físico. Entretanto, mais do que isto, destaca-se a apropriação
do espaço público como importante fator relacionado à cidadania.

Referências:
http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/232/o-que-e-espaco-publico-292045-1.aspx
http://reverbe.net/cidades/wp-content/uploads/2011/08/Apropriacoes-do-espa%C3%A7o-p%C3%BAblico.pdf

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Segurança pública nas Constituições Federal e Estadual e na Lei Orgânica
Municipal.

Da Segurança Pública - Perfil constitucional: funções institucionais

A Segurança é um direito constitucionalmente consagrado e constitui, juntamente com a Justiça e o


Bem-estar, um dos três fins do Estado Social. Viver em segurança é uma necessidade básica dos
cidadãos, é um direito destes e uma garantia a ser prestada pelo Estado.
Assim, o objetivo fundamental da segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
No título V da Constituição Federal de 1988, “Da defesa do Estado e das instituições democráticas”,
está o capítulo III, “Da segurança pública” que em seu único artigo dispõe: “Art. 144. A segurança pública,
dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e
da incolumidade das pessoas e do patrimônio...”.
A segurança pública é um serviço público que deve ser universalizado, sendo “dever do estado” e
“direito de todos”. O art. 5º da Constituição Federal, em seu caput, eleva a segurança à condição de direito
fundamental. Como a convivência harmônica reclama a preservação dos direitos e garantias
fundamentais, é necessário existir uma atividade constante de vigilância, prevenção e repressão de
condutas delituosas.
O poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais
em benefícios do interesse público.
A atividade policial divide-se, então em duas grandes áreas: administrativa e judiciária. A polícia
administrativa (polícia preventiva ou ostensiva) atua preventivamente, evitando que o crime aconteça e
preservando a ordem pública, fica a cargo das polícias militares, forças auxiliares e reserva do Exército.
Já a polícia judiciária (polícia de investigação) atua repressivamente, depois de ocorrido o ilícito. A
investigação e a apuração de infrações penais (exceto militares e aquelas de competência da polícia
federal), ou seja, o exercício da polícia judiciária, em âmbito estadual, cabe às policias civis, dirigidas por
delegados de polícia de carreira.

Órgãos da segurança pública

A segurança pública efetiva-se por meio dos seguintes órgãos:


- Polícia Federal - instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se a:
a) apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações
cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se
dispuser em lei;
b) prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,
sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
c) exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; e
d) exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

- Polícia rodoviária federal - órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, nos termos da Lei n° 9.654, de 2 de junho de 1998, ao patrulhamento ostensivo das
rodovias federais.
- Polícia ferroviária federal - órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
- Polícias civis - dirigidas por delegados de carreira, exercem, ressalvada a competência da União,
as funções de polícia judiciária e de apuração de infrações penais, exceto as militares. Deve ser
observado que a Resolução n° 2, de 20 de fevereiro de 2002, do Conselho Nacional de Segurança
Pública, estabelece diretrizes para as polícias civil e militar dos Estados e do Distrito Federal em relação
às Corregedorias e recomenda a criação de Ouvidorias autônomas e independentes dos órgãos policiais.
- Polícias militares - realizam o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública; aos corpos
de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de
defesa civil. Nesse caso, há a Resolução n° 4, de 20 de fevereiro de 2002, do Conselho Nacional de

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Segurança Pública, que estatui os procedimentos a serem adotados pela Polícia Militar em relação às
suas atribuições legais, e dá outras providências.
- Corpos de bombeiros militares - são forças auxiliares que se subordinam, conjuntamente com as
polícias civis, aos governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Importante lembrar que os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção
de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei e a segurança viária, exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas
compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em
lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e compete, no âmbito dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de
trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.

O homicídio cometido contra integrantes dos órgãos de segurança pública (ou contra seus
familiares) passa a ser considerado como homicídio qualificado, se o delito tiver relação com a função
exercida.
A Lei n° 13.142/2015 acrescentou o inciso VII ao § 2º do art. 121 do CP prevendo o seguinte:

Art. 121. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
(...)
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
(...)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

2) A pena da LESÃO CORPORAL será aumentada de 1/3 a 2/3 se essa lesão tiver sido praticada
contra integrantes dos órgãos de segurança pública (ou contra seus familiares), desde que o delito
tenha relação com a função exercida.

A Lei n° 13.142/2015 acrescentou o § 12 ao art. 129 do CP, prevendo o seguinte:

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


Pena - detenção, de três meses a um ano.
(...)
Aumento de pena
(...)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de
um a dois terços.

3) Foram previstos como crimes hediondos (Lei nº 8.072, de 25 de Julho de 1990):


- Lesão corporal dolosa gravíssima (art. 129, § 2º)
- Lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º)
- Homicídio qualificado praticados contra integrantes dos órgãos de segurança pública (ou contra
seus familiares), se o delito tiver relação com a função exercida.

CAPÍTULO III
DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:

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I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

O direito a segurança é prerrogativa constitucional indisponível, garantido mediante a implementação


de políticas públicas, impondo ao Estado a obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o
efetivo acesso a tal serviço. É possível ao Poder Judiciário determinar a implementação pelo Estado,
quando inadimplente, de políticas públicas constitucionalmente previstas, sem que haja ingerência em
questão que envolve o poder discricionário do Poder Executivo20
O conceito jurídico de ordem pública não se confunde com incolumidade das pessoas e do patrimônio
(art. 144 da CF/1988). Sem embargo, ordem pública se constitui em bem jurídico que pode resultar mais
ou menos fragilizado pelo modo personalizado com que se dá a concreta violação da integridade das
pessoas ou do patrimônio de terceiros, tanto quanto da saúde pública (nas hipóteses de tráfico de
entorpecentes e drogas afins).
Daí sua categorização jurídico-positiva, não como descrição do delito nem cominação de pena, porém
como pressuposto de prisão cautelar; ou seja, como imperiosa necessidade de acautelar o meio social
contra fatores de perturbação que já se localizam na gravidade incomum da execução de certos crimes.
Não há incomum gravidade abstrata desse ou daquele crime, mas da incomum gravidade na
perpetração em si do crime, levando à consistente ilação de que, solto, o agente reincidirá no delito.
Donde o vínculo operacional entre necessidade de preservação da ordem pública e acautelamento do
meio social. Logo, conceito de ordem pública que se desvincula do conceito de incolumidade das pessoas
e do patrimônio alheio (assim como da violação à saúde pública), mas que se enlaça umbilicalmente à
noção de acautelamento do meio social21.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:"
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas
de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

Cabe salientar que a mútua cooperação entre organismos policiais, o intercâmbio de informações, o
fornecimento recíproco de dados investigatórios e a assistência técnica entre a Polícia Federal e as
polícias estaduais, com o propósito comum de viabilizar a mais completa apuração de fatos delituosos
gravíssimos, notadamente naqueles casos em que se alega o envolvimento de policiais militares na
formação de grupos de extermínio, encontram fundamento, segundo penso, no próprio modelo
constitucional de federalismo cooperativo cuja institucionalização surge, em caráter inovador, no plano de
nosso ordenamento constitucional positivo, na CF de 1934, que se afastou da fórmula do federalismo
dualista inaugurada pela Constituição republicana de 1891, que impunha, por efeito da outorga de
competências estanques, rígida separação entre as atribuições federais e estaduais22.

A cláusula de exclusividade inscrita no art. 144, § 1º, IV, da Constituição da República – que não inibe
a atividade de investigação criminal do Ministério Público – tem por única finalidade conferir à Polícia
Federal, dentre os diversos organismos policiais que compõem o aparato repressivo da União Federal
(Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal), primazia investigatória na

20 RE 559.646-AgR, rel. min.Ellen Gracie, julgamento em 7-6-2011, Segunda Turma, DJE de 24-6-2011. No mesmo sentido: ARE 654.823-
AgR, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 12-11-2013, Primeira Turma, DJE de 5-12-2013
21 HC 101.300, rel. min. Ayres Britto, julgamento em 5-10-2010, Segunda Turma, DJE 18-11-2010
22 RHC 116.002, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 12-3-2014, decisão monocrática, DJE de 17-3-2014.

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apuração dos crimes previstos no próprio texto da Lei Fundamental ou, ainda, em tratados ou convenções
internacionais23.

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e


estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias
federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias
federais.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto
as militares.
A Constituição do Brasil – art. 144, § 4º – define incumbirem às polícias civis ‘as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares’. Não menciona a atividade penitenciária,
que diz com a guarda dos estabelecimentos prisionais; não atribui essa atividade específica à polícia
civil24.

§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos


corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.

“(...) reputo não haver que se falar em manifesta ilegalidade em ato emanado de superior hierárquico
consistente em determinar a subordinado que se dirija à cadeia pública, a fim de reforçar a guarda do
local. Por outro lado, tenho para mim que a obediência reflete um dos grandes deveres do militar, não
cabendo ao subalterno recusar a obediência devida ao superior, sobretudo levando-se em conta os
primados da hierarquia e da disciplina. Ademais, inviável delimitar, de forma peremptória, o que seria,
dentro da organização militar, ordem legal, ilegal ou manifestamente ilegal, uma vez que não há rol
taxativo a determinar as diversas atividades inerentes à função policial militar. Observo ainda que,
levando-se em conta a quadra atual a envolver os presídios brasileiros, com a problemática da
superpopulação carcerária em contraste com a escassez de mão de obra, entendo razoável a
participação da Polícia Militar em serviços de custódia e guarda de presos, sobretudo a fim manter a
ordem nos estabelecimentos prisionais. Por fim, emerge dos documentos acostados aos autos que a
ordem foi dada no sentido de reforçar a guarda, temporariamente, em serviços inerentes à carceragem,
e não para substituir agentes penitenciários como afirma a defesa25.”

§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do


Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.

O § 6º do art. 144 da Constituição diz que os Delegados de Polícia são subordinados, hierarquizados
administrativamente aos governadores de Estado, do Distrito Federal e dos Territórios. E uma vez que os
delegados são, por expressa dicção constitucional, agentes subordinados, eu os excluiria desse foro
especial, ratione personae ou intuitu personae26.
Polícias estaduais: regra constitucional local que subordina diretamente ao governador a Polícia Civil
e a Polícia Militar do Estado: inconstitucionalidade na medida em que, invadindo a autonomia dos Estados
para dispor sobre sua organização administrativa, impõe dar a cada uma das duas corporações policiais
a hierarquia de secretarias e aos seus dirigentes o status de secretários27.

§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança


pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo
será fixada na forma do § 4º do art. 39.
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:

23 HC 89.837, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 20-10-2009, Segunda Turma, DJE de 20-11-2009.
24 ADI 3.916, rel. min.Eros Grau, julgamento em 3-2-2010, Plenário, DJE de 14-5-2010.
25 HC 101.564, voto do rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 30-11-2010, Segunda Turma, DJE de 15-12-2010.
26 ADI 2.587, voto do rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, julgamento em 1º-12-2004, Plenário, DJ de 6-11-2006.
27 ADI 132, rel. min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 30-4-2003, Plenário, DJ de 30-5-2003.

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1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos
órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da
lei.

Cabe destacar ainda o que prevê a Lei nº 13.060/2014, que disciplina o uso dos instrumentos de menor
potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública, em todo o território nacional:

LEI Nº 13.060, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2014.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

Art. 1º Esta Lei disciplina o uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo pelos agentes de
segurança pública em todo o território nacional.

Art. 2º Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a utilização dos instrumentos de menor
potencial ofensivo, desde que o seu uso não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos
policiais, e deverão obedecer aos seguintes princípios:
I - legalidade;
II - necessidade;
III - razoabilidade e proporcionalidade.

Parágrafo único. Não é legítimo o uso de arma de fogo:


I - contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou de
lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros; e
II - contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente
risco de morte ou lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros.

Art. 3º Os cursos de formação e capacitação dos agentes de segurança pública deverão incluir
conteúdo programático que os habilite ao uso dos instrumentos não letais.

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos de menor potencial ofensivo aqueles
projetados especificamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes,
conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas.

Art. 5º O poder público tem o dever de fornecer a todo agente de segurança pública instrumentos de
menor potencial ofensivo para o uso racional da força.

Art. 6º Sempre que do uso da força praticada pelos agentes de segurança pública decorrerem
ferimentos em pessoas, deverá ser assegurada a imediata prestação de assistência e socorro médico
aos feridos, bem como a comunicação do ocorrido à família ou à pessoa por eles indicada.

Art. 7º O Poder Executivo editará regulamento classificando e disciplinando a utilização dos


instrumentos não letais.

Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL

[...]
TÍTULO V
DA SEGURANÇA PÚBLICA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO GERAL

Art. 105 — A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para
a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos:

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I - Polícia Civil;
II - Polícia Militar;
III - Corpo de Bombeiros Militar; e
IV – (ADI nº 3469 - Declarada a inconstitucionalidade do art. 1º da EC 39/05 (IV do art. 105)
(16.09.2010).
§ 1º — A lei disciplinará a organização, a competência, o funcionamento e os efetivos dos órgãos
responsáveis pela segurança pública do Estado, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 2º — O regulamento disciplinar dos militares estaduais será revisto periodicamente, com intervalo de
no máximo cinco anos, visando o seu aprimoramento e atualização.

Art. 105-A — A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados no art. 105
será fixada na forma do art. 23-A.

CAPÍTULO II
DA POLÍCIA CIVIL

Art. 106 — A Polícia Civil, dirigida por delegado de polícia, subordina-se ao Governador do Estado,
cabendo-lhe:
I - ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações
penais, exceto as militares;
II - (revogado);
III - a execução dos serviços administrativos de trânsito;
IV - a supervisão dos serviços de segurança privada;
V - o controle da propriedade e uso de armas, munições, explosivos e outros produtos controlados;
VI - a fiscalização de jogos e diversões públicas.
§ 1º — O chefe da Polícia Civil, nomeado pelo Governador do Estado, será escolhido dentre os
delegados de polícia. (ADI nº 3038 – Julgou procedente a ação direta para dar interpretação conforme ao
§ 1º do art. 106 da CESC, no sentido de que se mostra inconstitucional nomear, para a chefia da Polícia
Civil, delegado que não integre a respectiva carreira, ou seja, que nela não tenha ingressado por meio de
concurso público. (11.12.2014)
§ 2º — Lei complementar disporá sobre o ingresso, garantias, remuneração, organização e
estruturação das carreiras da Polícia Civil.
§ 3º — Os cargos da Polícia Civil serão organizados em escala vertical.
§ 4º — O cargo de Delegado de Polícia Civil, privativo de bacharel em Direito, exerce atribuição
essencial à função jurisdicional do Estado e à defesa da ordem jurídica, vedada a vinculação a quaisquer
espécies remuneratórias às demais carreiras jurídicas de Estado.
§ 5º — Aos Delegados de Polícia Civil é assegurada independência funcional pela livre convicção nos
atos de polícia judiciária.

CAPÍTULO III
DA POLÍCIA MILITAR

Art. 107 — À Polícia Militar, órgão permanente, força auxiliar, reserva do Exército, organizada com
base na hierarquia e na disciplina, subordinada ao Governador do Estado, cabe, nos limites de sua
competência, além de outras atribuições estabelecidas em Lei:
I - exercer a polícia ostensiva relacionada com:
a) a preservação da ordem e da segurança pública;
b) o radiopatrulhamento terrestre, aéreo, lacustre e fluvial;
c) o patrulhamento rodoviário;
d) a guarda e a fiscalização das florestas e dos mananciais;
e) a guarda e a fiscalização do trânsito urbano;
f) a polícia judiciária militar, nos termos de lei federal;
g) a proteção do meio ambiente; e
h) a garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos e entidades públicas, especialmente da área
fazendária, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e de patrimônio cultural;
II - cooperar com órgãos de defesa civil; e
III - atuar preventivamente como força de dissuasão e repressivamente como de restauração da ordem
pública.
§ 1º — A Polícia Militar:

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1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
I - é comandada por oficial da ativa do último posto da corporação; e
II - disporá de quadro de pessoal civil para a execução de atividades administrativas, auxiliares de
apoio e de manutenção.
§ 2º — Os cargos não previstos nos quadros de organização da corporação poderão ser exercidos
pelo pessoal da Polícia Militar, por nomeação do Governador do Estado.
§ 3º — O cargo de Oficial da Polícia Militar, pertencente ao Quadro de Oficiais Policiais Militares
(QOPM), organizados em carreira que dependa de aprovação em concurso público e diploma de Bacharel
em Direito, exerce função essencial à justiça e à defesa da ordem jurídica, vedada a vinculação a
quaisquer espécies remuneratórias às demais carreiras jurídicas do Estado.
§ 4º — Aos Oficiais da Polícia Militar é assegurada independência funcional pela livre convicção nos
atos de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública.

CAPÍTULO III-A
DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

Art. 108 — O Corpo de Bombeiros Militar, órgão permanente, força auxiliar, reserva do Exército,
organizado com base na hierarquia e disciplina, subordinado ao Governador do Estado, cabe, nos limites
de sua competência, além de outras atribuições estabelecidas em lei:
I - realizar os serviços de prevenção de sinistros ou catástrofes, de combate a incêndio e de busca e
salvamento de pessoas e bens e o atendimento pré-hospitalar;
II - estabelecer normas relativas à segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio, catástrofe
ou produtos perigosos;
III - analisar, previamente, os projetos de segurança contra incêndio em edificações, contra sinistros
em áreas de risco e de armazenagem, manipulação e transporte de produtos perigosos, acompanhar e
fiscalizar sua execução, e impor sanções administrativas estabelecidas em lei;
IV - realizar perícias de incêndio e de áreas sinistradas no limite de sua competência;
V - colaborar com os órgãos da defesa civil;
VI - exercer a polícia judiciária militar, nos termos de lei federal;
VII - estabelecer a prevenção balneária por salva-vidas; e
VIII - prevenir acidentes e incêndios na orla marítima e fluvial.
§ 1º — O Corpo de Bombeiros Militar:
I - é comandado por oficial da ativa do último posto da corporação; e
II - disporá de quadro de pessoal civil para a execução de atividades administrativas, auxiliares de
apoio e de manutenção.
§ 2º — Os cargos não previstos nos quadros de organização da corporação, poderão ser exercidos
pelo pessoal do Corpo de Bombeiros Militar, por nomeação do Governador do Estado.

CAPÍTULO IV
DA DEFESA CIVIL

Art. 109 — A Defesa Civil, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, tem por objetivo
planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas e situações emergenciais.
§ 1º — A lei disciplinará a organização, o funcionamento e o quadro de pessoal da Defesa Civil, de
maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 2º — O Estado estimulará e apoiará, técnica e financeiramente, a atuação de entidades privadas na
defesa civil, particularmente os corpos de bombeiros voluntários.

[...]

SEGURANÇA PÚBLICA NA LEI ORGÂNICA DE ITAJAÍ

A Lei Orgânica em seu artigo 9º dispõe que é de competência do Município em comum com a
União e o Estado estabelecer e implantar a política de educação para a segurança do trânsito.

Veja o dispositivo:

Art. 9º Da competência do Município em comum com a União e o Estado:


XII - estabelecer e implantar a política de educação para a segurança do trânsito.

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E o que seria essa competência em comum?
A competência comum, cumulativa ou paralela é atribuída a todos os entes federados que a exercem
em igualdade, afastando a exclusão dos demais, por ser uma modalidade cumulativa de repartição de
competência, conforme a própria nomenclatura a designa.

Significa que o Município em conjunto com a União e os Estados poderão estabelecer e implantar
políticas de segurança no trânsito.

Em âmbito municipal foi criada a Lei Complementar n. 274/2014 que será objeto de estudo em tópico
adiante.

Questões

01. (TJM/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP/2017) Nos termos da Constituição Federal,
os policiais militares estaduais têm, entre suas funções,
(A) a segurança nacional, se o caso.
(B) a garantia dos poderes constitucionais.
(C) a preservação da ordem pública.
(D) a de polícia judiciária.
(E) a apuração de infrações penais.

02. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo - FEPESE/2016) De acordo com a Constituição


Federal, a segurança pública é composta pelos seguintes órgãos:
1. Bombeiro militar
2. Defesa civil
3. Polícia federal

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


(A) É correta apenas a afirmativa 1.
(B) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
(C) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
(D) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
(E) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.

03. (Câmara de Natal/RN - Guarda Legislativo - COMPERVE/2016) A segurança pública, dever do


Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio de órgãos variados, dentre eles a polícia federal,
cujas competências envolvem
(A) exercer, sem exclusividade, as funções de polícia judiciária da União e atuar no patrulhamento
ostensivo das ferrovias federais.
(B) prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, não cabendo a esse órgão atuar
para prevenir e reprimir o contrabando e o descaminho.
(C) executar as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras e exercer as atividades de
patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
(D) apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas.

04. (Câmara de Natal/RN - Guarda Legislativo - COMPERVE/2016) Além da polícia federal, outros
órgãos atuam para promover a segurança pública no âmbito do território brasileiro, como é o caso das
polícias civis, das polícias militares e corpos de bombeiros militares. A Constituição, tratando das diretrizes
referentes a esses entes, determinou que
(A) às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
(B) às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, inclusive das
militares.
(C) as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército,
subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Prefeitos e Governadores dos Estados.

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(D) as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército,
subordinam-se, juntamente com as polícias civis, ao Presidente da República, Prefeitos e Governadores
dos Estados.

05. (PC/DF - Perito Criminal – IADES/2016) A segurança pública é dever do Estado e direito e
responsabilidade de todos. É exercida pela Polícia Federal e por outros órgãos, com base na Constituição
Federal, para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Acerca
desse tema, assinale a alternativa correta.
(A) Juntamente com a Polícia Civil, cabe à Polícia Federal exercer funções de Polícia Judiciária da
União.
(B) A Polícia Federal é um órgão permanente, organizado e mantido pela União, e estruturado em
carreira que se destina, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
(C) As Polícias Federais, Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, as forças auxiliares e a reserva
do Exército subordinam-se, juntamente com as Polícias Civis, aos governadores dos estados, do Distrito
Federal e dos territórios.
(D) À Polícia Federal cabe apurar as infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento
de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas.
(E) Às Polícias Civis incumbe, ressalvada a competência da União, a apuração de infrações penais,
incluindo as militares.

Respostas

01. Resposta: “C”


Dispõe o art. 144, §5º, da CF/88: Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da
ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
execução de atividades de defesa civil.

02. Resposta: “C”


A segurança pública é exercida através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

03. Resposta: “D”


É a disciplina constitucional: “Artigo 144, § 1º, CF/88. A polícia federal, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações
penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de
suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II -
prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III -
exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; IV - exercer, com exclusividade, as
funções de polícia judiciária da União.

04. Resposta: “A”


A alternativa “A” se enquadra na redação literal do que disciplina o artigo 144, § 4º, da CF/88: “Às
polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”.

05. Resposta: “D”


Consoante o que dispõe o art. 144, §1º, I, da CF/88, a polícia federal, dentre outras atribuição, destina-
se a apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações
cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se
dispuser em lei.

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Estatuto do desarmamento e sua regulamentação.

Estatuto do Desarmamento

O Estatuto do Desarmamento é uma lei federal, que fora regulamentada em razão da necessidade
da aplicação de alguns de seus artigos, entre eles o teste psicotécnico para a aquisição e porte de armas
de fogo, marcação de munição e indenização para o indivíduo que possuísse arma e a entregasse,
conforme solicitado.
A presente lei proíbe o porte de armas por civis, com exceção para os casos onde haja necessidade
comprovada; nesses casos, haverá uma duração previamente determinada e sujeita o indivíduo à
demonstração de sua necessidade em portá-la, com efetuação de registro e porte junto à Polícia Federal
(Sinarm), para armas de uso permitido, ou ao Comando do Exército (Sigma), para armas de uso restrito,
e pagar as taxas, que foram aumentadas
Frise-se que o porte pode ser cassado a qualquer tempo, principalmente no caso do portador ser
abordado com sua arma em estado de embriaguez ou ainda sob efeito de drogas ou medicamentos que
provoquem alteração do desempenho intelectual ou motor.
Destarte, a Lei estabelece que somente poderão portar arma de fogo os responsáveis pela garantia
da segurança pública, integrantes das Forças Armadas, policiais civis, militares, federais e rodoviários
federais, agentes de inteligência, agentes e guardas prisionais, auditores fiscais e os agentes de
segurança privada unicamente quando em serviço.

LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.

Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional
de Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS

Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia
Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.

Art. 2o Ao Sinarm compete:


I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro;
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País;
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia
Federal;
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis
de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança
privada e de transporte de valores;
V – identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo;
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e
judiciais;
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade;
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores
autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e de
microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo
fabricante;
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e
autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro
atualizado para consulta.

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Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e
Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios.

CAPÍTULO II
DO REGISTRO

Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente.


Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na forma
do regulamento desta Lei.

Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva
necessidade, atender aos seguintes requisitos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais
fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial
ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos;
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo,
atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos
anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta
autorização.
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e
na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei.
§ 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a comunicar a venda
à autoridade competente, como também a manter banco de dados com todas as características da arma
e cópia dos documentos previstos neste artigo.
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde legalmente por
essas mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas somente será
efetivada mediante autorização do Sinarm.
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será concedida, ou recusada com a devida
fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do cumprimento dos requisitos dos incisos I,
II e III deste artigo.
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III do caput deste artigo, na forma do
regulamento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar autorizado a
portar arma com as mesmas características daquela a ser adquirida.

Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza
o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou
dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável
legal pelo estabelecimento ou empresa.
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de
autorização do Sinarm.
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4o deverão ser comprovados periodicamente,
em período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para
a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade expedido por órgão
estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega espontânea
prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o dia 31 de
dezembro de 2008, ante a apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de
residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências
constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei.
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na rede mundial
de computadores - internet, na forma do regulamento e obedecidos os procedimentos a seguir:
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias;
e

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II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Federal do certificado de registro provisório
pelo prazo que estimar como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro de
propriedade.

CAPÍTULO III
DO PORTE

Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos
em legislação própria e para:
I – os integrantes das Forças Armadas;
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal;
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de
Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição
Federal;
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas
de presos e as guardas portuárias;
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta
Lei;
IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber,
a legislação ambiental.
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do
Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios
Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que
efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo
Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar arma
de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de
serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes
dos incisos I, II, V e VI.
§ 1º-A. (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo
de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço,
desde que estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de
2014)
§ 1º-C. (VETADO).
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições descritas nos incisos
V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refere o inciso
III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei.
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada à formação
funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência de
mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei,
observada a supervisão do Ministério da Justiça.
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal, bem
como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4 o, ficam
dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do regulamento
desta Lei.
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do
emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia
Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido,

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de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis),
desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados
os seguintes documentos:
I - documento de identificação pessoal;
II - comprovante de residência em área rural; e
III - atestado de bons antecedentes.
§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de outras
tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso
permitido.
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões metropolitanas será
autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço.

Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de
transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda das
respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas observar as
condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de
registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança privada e de transporte de valores
responderá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções
administrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda,
furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua
guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá apresentar documentação
comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados
que portarão arma de fogo.
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser atualizada
semestralmente junto ao Sinarm.

Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições descritas no inciso XI do art. 6o
serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente podendo ser
utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos
pela Polícia Federal em nome da instituição.
§ 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que trata este artigo independe do pagamento de
taxa.
§ 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público designará os servidores de seus quadros
pessoais no exercício de funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado o limite
máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de servidores que exerçam funções de segurança.
§ 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de que trata este artigo fica condicionado à
apresentação de documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o
desta Lei, bem como à formação funcional em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à
existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no
regulamento desta Lei.
§ 4º A listagem dos servidores das instituições de que trata este artigo deverá ser atualizada
semestralmente no Sinarm.
§ 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas a registrar ocorrência policial e a comunicar
à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios
e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o
fato.

Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem obedecer
às condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o possuidor
ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei.

Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela
segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos
termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para
colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional
oficial de tiro realizada no território nacional.

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Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é
de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial
limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça
à sua integridade física;
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro no
órgão competente.
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá automaticamente sua
eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de
substâncias químicas ou alucinógenas.

Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela prestação
de serviços relativos:
I – ao registro de arma de fogo;
II – à renovação de registro de arma de fogo;
III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
V – à renovação de porte de arma de fogo;
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo.
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manutenção das atividades do Sinarm, da
Polícia Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilidades.
§ 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo as pessoas e as instituições a que se
referem os incisos I a VII e X e o § 5o do art. 6o desta Lei.

Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as condições do credenciamento de


profissionais pela Polícia Federal para comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica para
o manuseio de arma de fogo.
§ 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao
valor médio dos honorários profissionais para realização de avaliação psicológica constante do item 1.16
da tabela do Conselho Federal de Psicologia.
§ 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não
poderá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da munição.
§ 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ 1o e 2o deste artigo implicará o
descredenciamento do profissional pela Polícia Federal.

CAPÍTULO IV
DOS CRIMES E DAS PENAS

Posse irregular de arma de fogo de uso permitido


Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta,
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Breves Comentários:

Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).


Sujeito passivo: coletividade (crime vago).

É crime permanente, ou seja, seu momento consumativo se prolonga no tempo.

Conduta:
As condutas são 2:
a- possuir;
b- manter sob guarda.

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Atenção! A posse ou manutenção da arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido deve dar-
se no interior da residência do sujeito ativo, ou dependência desta, ou ainda no seu local de trabalho,
desde que seja o titular ou responsável legal do estabelecimento ou empresa.

Arma de fogo, acessório ou munição em local de trabalho configura qual crime?


Depende. Pode ser crime de posse ou crime de porte, depende se infrator é proprietário do local ou
não.

Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido. É norma penal em branco,
portanto, seu complemento encontra-se num Decreto.

Elemento subjetivo: dolo.

Consumação:
A consumação se dá com a mera posse ou guarda da arma, mesmo que a conduta não gera real
situação de perigo.

Não admite tentativa.

Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que
seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Breves comentários:

Sujeito ativo: proprietário ou possuidor da arma (crime próprio).


Sujeito passivo: temos dois. Primário, a coletividade; secundário, as pessoas menores de 18 anos e
as pessoas portadoras de deficiência mental.

Conduta: “Deixar de observar as cautelas necessárias” [...]


Esse crime é omissivo puro ou próprio, ou seja, a omissão criminosa está no próprio tipo incriminador.
É crime culposo. Porque “deixar de observar as cautelas necessárias” indica quebra do dever de
cuidado objetivo, que configura conduta culposa.

Consumação:
A consumação ocorre com o apoderamento da arma pela vítima.

Por ser crime omissivo puro e culposo não admite tentativa.

Objeto material: arma de fogo de uso permitido ou restrito.

Atenção! acessório e munição não são objetos materiais do crime.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Breves comentários:

A doutrina chama o parágrafo único do art. 13 de Omissão de Comunicação.

Sujeito ativo: proprietário ou diretor responsável de empresa de transporte de valores e de segurança


(crime próprio).
Sujeito passivo: primário, Estado; secundário, coletividade.

Condutas:

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a. Deixar de comunicar a polícia federal;
b. Deixar de registrar ocorrência policial;

Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido ou restrito.


Consumação e tentativa:
Consumação: só ocorre após 24 horas do fato.

É crime omissivo puro ou próprio, por isso não admite tentativa.

Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido


Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver
registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1 – que declarou inconstitucional esse dispositivo)

Breves comentários:

Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).


Sujeito passivo: coletividade (crime vago).

É crime permanente, ou seja, seu momento consumativo se prolonga no tempo.

Conduta:
A conduta do art. 14 é de ação múltipla ou variada (tipo misto alternativo). Temos ao total treze verbos
(portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar),

O porte não se restringe somente a conduta de portar (fornecer, emprestar, remeter, etc.).

Segundo o STJ a conduta “arma enterrada no quintal da casa” caracteriza porte de arma (“ocultar”).

Esse crime admitirá tentativa em algumas condutas, como por exemplo na modalidade “adquirir”.

Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido.

Consumação: com a prática de uma ou mais condutas previstas no tipo penal.

Atenção! Sendo crime de conteúdo variado, a prática de mais de uma conduta não importa em
concurso de crimes.

A tentativa, em tese, é admitida.

Disparo de arma de fogo


Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1 – que declarou
inconstitucional esse dispositivo)

Breves comentários:

Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).


Sujeito passivo: a coletividade.

Condutas:
a. Disparar arma de fogo.
b. Acionar munição: é o simples acionamento de munição sem disparo.

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# O disparo acidental é considerado crime?
Não, porque o crime é punido somente na forma dolosa.

Caso o disparo atingir alguém o agente responderá por homicídio culposo ou lesão corporal.

Consumação:
O crime consuma-se com o disparo.

Admite-se a tentativa, embora difícil de ocorrer na prática.

Cuidado! O elemento espacial do tipo está na expressão: “[...] lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela [...]”. Não há crime se o disparo ocorrer em lugar ermo, desabitado.

Observação: a quantidade de disparos será considerada na dosagem da pena.

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito


Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de
uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial,
perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição
ou explosivo.

Breves comentários:

Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Sujeito passivo: a coletividade.

Conduta:
A conduta típica vem expressa por quatorze verbos (possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber,
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob
sua guarda ou ocultar), ou seja, é tipo misto alternativo.
A realização de mais de um comportamento pelo mesmo agente implicará sempre um único delito.

Será indiferente para a configuração do delito, estar a arma de fogo desmuniciada por ocasião da
apreensão. Isso porque esse crime é de mera conduta e de perigo abstrato, consumando-se
independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo para a sociedade, sendo que a probabilidade de vir
a ocorrer algum dano é presumida pelo tipo penal.

Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição, de uso proibido ou restrito.

Consumação:
Consuma-se com a prática de uma ou mais condutas previstas no tipo penal.
A prática de mais de uma conduta não importa em concurso de crimes.

Em tese admite-se a tentativa.

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Com relação as figuras do parágrafo único é interessante o estudo do inciso V:

“Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo
a criança ou adolescente”;

Nota-se que esse inciso confronta com o art. 242 do ECA:

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.

Veja o quadro com as diferenças:

Art. 16, parágrafo único, V, Estatuto Art. 242, ECA


Vender, entregar ou fornecer a criança ou Vender, entregar ou fornecer a criança ou
adolescente arma de fogo, acessório, adolescente arma, munição ou explosivo.
munição ou explosivo.
Aplica-se a arma de fogo, acessório, munição Só se aplica para arma branca.
ou explosivo.

Questões controvertidas sobre posse e porte (arts. 12, art. 14 e art. 16):

1. Exame pericial na arma:


A realização de exame pericial não é imprescindível para a prova do crime.
A ausência de exame poderá ser suprida por outros meios de prova.

2. Arma Desmuniciada:
O que tem prevalecido no STF e no STJ é que a arma desmuniciada caracteriza um dos crimes do
Estatuto do Desarmamento. O fundamento é que o crime é de perigo abstrato.

3. Munição desarmada:
Temos duas correntes. Traremos a vocês o posicionamento dos Tribunais Superiores.
Segundo o STF e STJ, munição desarmada é crime sim, mesmo que não exista condições de pronto
municiamento.
Fundamentos: haverá crime por dois motivos: estamos diante de um crime de perigo abstrato e os
tipos penais expressamente preveem a munição como objeto material.

4. Arma quebrada:
Depende.
- se absolutamente inapta para disparar: crime impossível por absoluta impropriedade do objeto.
- se relativamente inapta para disparar: há crime.

5. Porte ou Posse de munição e princípio da insignificância: o bem jurídico protegido é incompatível


com o princípio da insignificância.

6. Posse ou Porte de Arma e homicídio: se o porte ou posse ocorreu exclusivamente para a prática do
homicídio fica absorvido como crime meio.
Se a posse ou porte não for meio para a prática de homicídio haverá concurso material com o crime
de porte ou posse de arma de fogo.
STF e STJ não estão conhecendo de habeas corpus impetrado para discutir a absorção do porte pelo
homicídio, pois é matéria fática (de mérito) inviável a ser discutida via habeas corpus.

7. Posse ou Porte simultâneo de duas ou mais armas: configura crime único.


A situação de perigo gerado é uma só, portanto, há um só crime.
O número de armas influenciará na dosagem da pena.

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Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer
forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
residência.

Breves Comentários:

Sujeito ativo: comerciante ou industrial (legal ou clandestino) de arma de fogo, acessório ou munição.
É crime próprio.
Sujeito passivo: a coletividade.

Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido ou proibido ou restrito.

Atenção! Sendo a arma de fogo de uso proibido ou restrito haverá aumento de pena de ½ (art. 19,
Estatuto do Desarmamento).

Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição, seja de uso permitido ou proibido ou restrito.

Consumação: com a efetiva prática de uma das condutas incriminadas. Trata-se de crime de perigo
abstrato.

Admite-se a tentativa.

Tráfico internacional de arma de fogo


Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Breves comentários:

Atenção! É crime de competência da Justiça Federal.

Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Sujeito passivo: a coletividade.

Condutas:
a – importar ou exportar: crime material, ou seja, consuma-se com a efetiva entrada ou saída do objeto
do país. Admite tentativa.
Por ser crime comum, sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.

b- facilitar a entrada ou saída: crime formal, consuma-se com a “facilitação”, ainda que a arma não
entra ou saia do país. A tentativa é possível na forma escrita.
É crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive funcionário público.

Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, proibido ou restrito.

Atenção! Sendo a arma de fogo de uso proibido ou restrito haverá aumento de pena de ½ (art. 19,
Estatuto do Desarmamento).

Consumação:
Na modalidade de conduta “importar”, consuma-se com o efetivo ingresso da arma de fogo,
acessório ou munição no País.

Admite tentativa, salvo na hipótese de favorecimento por omissão.

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Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem
praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.

Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin
3.112-1 – que declarou inconstitucional esse dispositivo)

Atenção!
Com o julgamento da ADI 3112-1 pelo STF os parágrafos únicos dos arts. 14, 15 e o art. 21 do Estatuto
do Desarmamento foram declarados inconstitucionais.
Os dois primeiros dispositivos vedavam a fiança e o último não permitia a liberdade provisória aos
crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 do Estatuto.
Portanto, atualmente é cabível fiança e liberdade provisória em todos os crimes do Estatuto do
Desarmamento, até mesmo crimes de tráfico internacional de armas e comércio ilegal.

CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com os Estados e o Distrito Federal para o
cumprimento do disposto nesta Lei.

Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a definição das armas de fogo e demais
produtos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão
disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do Exército.
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar acondicionadas em embalagens com
sistema de código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante e do
adquirente, entre outras informações definidas pelo regulamento desta Lei.
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão expedidas autorizações de compra de munição
com identificação do lote e do adquirente
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da data de publicação desta Lei conterão
dispositivo intrínseco de segurança e de identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo
regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6o.
§ 4o As instituições de ensino policial e as guardas municipais referidas nos incisos III e IV do caput
do art. 6o desta Lei e no seu § 7o poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de munição para o fim
exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante autorização concedida nos termos definidos em
regulamento.

Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército
autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio de
armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo
de colecionadores, atiradores e caçadores.

Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao
Comando do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos
órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.
§ 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército que receberem parecer favorável à
doação, obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública,
atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Comando do
Exército, serão arroladas em relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições,
abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interesse.
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas a serem doadas ao juiz competente,
que determinará o seu perdimento em favor da instituição beneficiada.
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas será de responsabilidade da instituição beneficiada, que
procederá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma.
§ 4o (VETADO)

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§ 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma,
conforme se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de armas
acauteladas em juízo, mencionando suas características e o local onde se encontram.

Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas
e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir.
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao
adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército.

Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo
de uso restrito.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisições dos Comandos Militares.

Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados os
integrantes das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei.

Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após
a publicação desta Lei.
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de validade superior a 90 (noventa) dias poderá
renová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no prazo de 90
(noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o requerente.

Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada deverão
solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de
identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou
comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada
na qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário, ficando este dispensado do
pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do
art. 4o desta Lei.
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no caput deste artigo, o proprietário de arma
de fogo poderá obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na
forma do § 4o do art. 5o desta Lei.

Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer
tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do regulamento desta
Lei.

Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente,


mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando
extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma.

Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais),
conforme especificar o regulamento desta Lei:
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que
deliberadamente, por qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou munição
sem a devida autorização ou com inobservância das normas de segurança;
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que realize publicidade para venda,
estimulando o uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.

Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com aglomeração superior a 1000 (um mil)
pessoas, adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o ingresso de
pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5o da Constituição Federal.
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos serviços de transporte internacional e
interestadual de passageiros adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de
passageiros armados.

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CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo
para as entidades previstas no art. 6o desta Lei.
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de aprovação mediante referendo popular, a ser
realizado em outubro de 2005.
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto neste artigo entrará em vigor na data de
publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.

Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

ATO ADMINISTRATIVO R$
I - Registro de arma de fogo:
- até 31 de dezembro de 2008 Gratuito
(art. 30)
- a partir de 1o de janeiro de 2009 60,00
II - Renovação do certificado de registro de arma de fogo:
Gratuito
- até 31 de dezembro de 2008 (art. 5o,
§ 3o)

- a partir de 1o de janeiro de 2009 60,00


III - Registro de arma de fogo para empresa de segurança 60,00
privada e de transporte
de valores
IV - Renovação do certificado de registro de arma de fogo
para empresa de
segurança privada e de transporte de valores:

- até 30 de junho de 2008 30,00

- de 1o de julho de 2008 a 31 de outubro de 2008 45,00

- a partir de 1o de novembro de 2008 60,00


V - Expedição de porte de arma de fogo 1.000,00
VI - Renovação de porte de arma de fogo 1.000,00
VII - Expedição de segunda via de certificado de registro de
60,00
arma de fogo
VIII - Expedição de segunda via de porte de arma de fogo 60,00

Questões

01. (CODESA - Guarda Portuário – FUNCAB/2016) Sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei n°


10.826, de 2003), é correto afirmar que:
(A) a supressão de sinal identificador de arma de fogo é conduta equiparada ao porte de arma de fogo
de uso permitido.
(B) há norma penal no Estatuto do Desarmamento tratando dos artefatos explosivos, mas não dos
incendiários.
(C) se o comércio é clandestino, não se caracteriza o crime de comércio ilegal de arma de fogo.
(D) constitui crime previsto na lei especial disparar culposamente arma de fogo em direção à via
pública.
(E) quando a arma de fogo é de uso restrito, posse e porte são punidos pelo mesmo tipo penal.

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02. (PC-PA - Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016) Nos termos do Estatuto do Desarmamento,
Lei n° 10.826, de 2003, dentre as categorias de pessoas a seguir enumeradas, qual é aquela, para a qual
existe a restrição ao direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, com validade em âmbito nacional?
(A) integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
500.000 (quinhentos mil) habitantes.
(B) integrantes das Forças Armadas.
(C) integrantes da polícia da Câmara dos Deputados.
(D) agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência.
(E) agentes do departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
da República.

03. (CODEBA - Guarda Portuário – FGV/2016) Segundo o Estatuto do Desarmamento, para adquirir
arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos
seguintes requisitos:
I. comprovação de idoneidade.
II. apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa.
III. comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo.

Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

04. (MPE-SC - Promotor de Justiça – Matutina - MPE-SC/2016) O tipo penal do art. 15 da Lei n.
10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) prevê pena de reclusão e multa para a conduta de disparar arma
de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a
ela, apresentando, contudo, uma ressalva que caracteriza ser o crime referido de natureza subsidiária,
qual seja, desde que as condutas acima referidas não tenham como finalidade a prática de outro crime.
( ) Certo
( ) Errado

05. (CODEBA - Guarda Portuário – FGV/2016) De acordo com o Estatuto do Desarmamento (Lei nº
10.826/2003), assinale a afirmativa correta.
(A) A aquisição de munição no calibre correspondente à arma registrada é ilimitada, mas, em outro
calibre, a quantidade deve ser registrada.
(B) A empresa que comercializa arma de fogo em território nacional é obrigada a comunicar a venda
à autoridade competente.
(C) A empresa que comercializa armas de fogo e acessórios responde legalmente por essas
mercadorias que, mesmo depois de vendidas, ficam registradas como de sua propriedade.
(D) A empresa que comercializa arma de fogo em território nacional está desobrigada a manter banco
de dados com as características das armas vendidas.
(E) A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas obedece à lei
da oferta e da procura e de autorização do SINARM.

06. (PC/CE - Escrivão de Polícia Civil de 1ª Classe - VUNESP/2015) É cominada pena de detenção
aos seguintes crimes da Lei nº 10.826/03:
(A) posse de arma de fogo de uso permitido e posse de arma de fogo de uso restrito.
(B) disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
(C) posse irregular de arma de fogo de uso permitido e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
(D) posse irregular de arma de fogo de uso permitido e omissão de cautela.
(E) disparo de arma de fogo e omissão de cautela.

07. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1ª Classe - VUNESP/2015) Sobre o Estatuto do


Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), está correto afirmar que
(A) a posse e guarda de arma de fogo no interior da residência ou no local de trabalho é autorizada,
desde que a arma de fogo seja de uso permitido.

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(B) o Estatuto do Desarmamento só regula condutas envolvendo armas de fogo de uso permitido
(C) o artigo 14 do Estatuto do Desarmamento dispõe sobre o porte de arma de fogo de uso permitido
e o artigo 16 da mesma lei dispõe sobre o porte de arma de fogo de uso restrito.
(D) o crime de disparo de arma de fogo previsto no artigo 15 do Estatuto admite tanto a conduta dolosa
(disparo proposital), como culposa (disparo acidental).
(E) o Estatuto do Desarmamento não pune o porte ou a posse de acessório ou munição para armas
de fogo.

08. (PC/DF - Perito Médico-Legista - FUNIVERSA/2015) Quem vender, entregar ou fornecer, ainda
que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente, segundo o
Estatuto do Desarmamento, incide nas penas do crime de:
(A) disparo de arma de fogo.
(B) omissão de cautela.
(C) porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
(D) posse irregular de arma de fogo de uso permitido.
(E) posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

09. (DPE/PR - Defensor Público - NC-UFPR) A respeito do Estatuto do Desarmamento (Lei nº


10.826/2003), assinale a alternativa correta.
(A) O delito de disparo de arma de fogo (art. 15) é um crime culposo.
(B) O crime de omissão de cautela (art. 13) se configura quando o possuidor ou proprietário deixa de
observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 14 (quatorze) anos se apodere de arma de
fogo.
(C) O porte compartilhado de arma de fogo é circunstância legalmente prevista como agravante da
pena.
(D) Para efeito de tipificação dos crimes do Estatuto do Desarmamento, as réplicas e simulacros de
armas de fogo nunca se equiparam às armas de fogo.
(E) É constitucional a insuscetibilidade de liberdade provisória no delito de posse ou porte ilegal de
arma de fogo de uso restrito (art. 16).

10. (PC-RO - Delegado de Polícia Civil - FUNCAB) De acordo com a Lei n° 10.826/2003, Estatuto
do Desarmamento, aquele que, em via pública, porta arma de fogo de uso permitido com numeração
suprimida responde:
(A) como incurso nas penas do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disposto no
artigo 14 do referido Estatuto.
(B) como incurso nas penas do crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disposto
no artigo 16 do referido estatuto.
(C) como incurso nas penas do crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido, disposto
no artigo 12 do referido Estatuto.
(D) como incurso nas penas do crime de disparo de arma de fogo, disposto no artigo 15 do referido
Estatuto.
(E) como incurso nas penas do crime de omissão de cautela, disposto no artigo 13 do referido Estatuto.

11. (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil - UESPI) Dentre as alternativas sobre o Estatuto do
Desarmamento (Lei nº 10.826), marque a alternativa CORRETA.
(A) É obrigatório o registro de arma de fogo no departamento de Polícia Federal e no Ministério do
Exército.
(B) Somente é possível adquirir arma de fogo no Brasil os integrantes das forças armadas e das
guardas municipais.
(C) Perde a autorização de porte de arma de fogo, o portador dela, que for detido sob efeito de
substâncias químicas ou alucinógenas.
(D) Não há qualquer ilicitude possuir arma de fogo sem registro, desde que seja na sua residência.
(E) A empresa, no Brasil, que comercializa arma de fogo não poderá comunicar a venda daquele
produto as autoridades competentes, pois é fato sigiloso.

12. (TRF - 4ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC) Em 2003, foi sancionado o Estatuto do
Desarmamento que trouxe importantes modificações na tipificação dos crimes relacionados com armas
de fogo. Analisando-se os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento, em havendo a utilização de

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armas de fogo, acessórios ou munições de uso proibido ou restrito, terá a pena aumentada da metade o
crime de
(A) suprimir ou alterar marca, numeração de arma de fogo.
(B) omissão de cautela.
(C) comércio ilegal de arma de fogo.
(D) disparo de arma de fogo.
(E) recarregar, sem autorização legal, de qualquer forma, munição ou explosivo.

13. (TJ/PE - Juiz – FCC) NÃO incorre nas mesmas penas cominadas para o delito de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito quem
(A) vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente.
(B) suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
artefato.
(C) possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar.
(D) deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de
sua propriedade.
(E) produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição
ou explosivo.

14. (DPE/SC - Analista Técnico - FEPESE) Assinale a alternativa correta de acordo com a Lei nº
10.826/03, que trata do Estatuto do Desarmamento.
(A) Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios é vedado o porte de arma de fogo.
(B) O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de outras
tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso
permitido.
(C) A fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de
armas de fogo deverão ser autorizadas pelo Comando do Exército.
(D) As armas de fogo de uso restrito serão registradas na Polícia Federal.
(E) É permitido o porte de arma de fogo em todo o território nacional para uso exclusivo de servidores
públicos que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança.

15. (PC-RJ - Oficial de Cartório - IBFC) No que se refere ao Estatuto do Desarmamento (Lei n.
10.826/2003), podemos afirmar corretamente que:
(A) O porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é crime inafiançável, salvo quando a arma estiver
registrada em nome do agente.
(B) Possuir arma de fogo de uso permitido com numeração raspada constitui crime cuja pena se
equipara ao comércio ilegal de arma de fogo.
(C) O crime de tráfico internacional de armas, por expressa disposição legal, é insuscetível de liberdade
provisória com ou sem fiança.
(D) O disparo de arma de fogo em via pública constitui crime inafiançável, mesmo que o autor a esteja
portando regularmente.
(E) Comete crime cuja pena se equipara à do delito omissão de cautela o proprietário de empresa de
segurança e de transporte de valores que deixa de registrar ocorrência policial e de comunicar a Polícia
Federal furto ou roubo de arma de fogo sob sua guarda, nas primeiras vinte e quatro horas após o
ocorrido.
Respostas
01. Resposta: E.
Veja esse quadro comparativo:
Arts. 12 e 14 Art. 16
Arma de uso permitido Arma de uso proibido ou restrito
Art. 12: posse Posse e Porte
Art. 14: porte

02. Resposta: A.
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos
em legislação própria e para:

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IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;

03. Resposta: E.
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva
necessidade, atender aos seguintes requisitos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais
fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial
ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos;
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo,
atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.

04. Resposta: Certo.


A subsidiariedade desse delito está expressa no tipo penal:

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:

05. Resposta: B.
Art. 4º, § 3º A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a comunicar
a venda à autoridade competente, como também a manter banco de dados com todas as características
da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.

06. Resposta: D
De acordo com o que prevê o Estatuto do Desarmamento serão punidos com pena de:
- Detenção, a posse irregular de arma de fogo de uso permitido e omissão de cautela (art.12).
- Reclusão, todos os demais (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disparo de arma de fogo,
posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, comércio ilegal de arma de fogo, tráfico internacional
de arma de fogo).

07. Resposta: C
Considerando os ensinamentos trazidos pelo Estatuto do Desarmamento a resposta correta é a “C”,
tendo em vista que transcreve o exposto na norma.

08. Resposta: E
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
(...)
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente.

09. Resposta: D
A única alternativa correta é a “D”. As armas de brinquedo, simulacros ou réplicas não constituem
armas de fogo, de modo que o seu porte não está abrangido na figura penal.

10. Resposta: B
A alternativa correta é a “B”, pois está em consonância com o que prevê o artigo 16, parágrafo único,
I, da Lei: “Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar. Incorrendo na mesma pena aquele que suprimir ou alterar marca, numeração
ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato.

11. Resposta: C
A alternativa correta é a “C”, tendo em vista que reproduz o que dispõe o artigo 10, §2º, do Estatuto do
Desarmamento. Cuidado se você assinalou ou cogitou a possibilidade da alternativa “A” estar correta,

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pois esta alternativa trata-se de uma cilada armada pela banca. A afirmativa não especifica o tipo de arma,
se de uso permitido ou restrito. No caso de uso permitido o registro é na Polícia Federal (art.10) e de uso
restrito é no Comando do Exército (art. 3), logo a afirmativa estaria correta se ela afirmasse que é
obrigatório o registro de arma de fogo no departamento de Polícia Federal OU no Ministério do Exército.

12. Resposta: C
Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
(...)
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

13. Resposta: D
Encontra-se tipificado no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento o delito de posse ou porte ilegal de
arma de fogo de uso restrito, sendo atribuída a este a pena de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
multa. Em seu parágrafo único traz quais as situações serão aplicadas a mesma pena, não estando entre
estas apenas a constante na alternativa “D”, tendo em vista que a conduta mencionada diz respeito ao
delito de omissão de cautela (art. 13 da Lei).

14. Resposta: B
Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do
emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia
Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido,
de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis),
desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados
os alguns documentos exigidos pela lei. O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de
fogo, independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou
por disparo de arma de fogo de uso permitido.

15. Resposta: E
Consoante o previsto no artigo 13, parágrafo único, do Estatuto do Desarmamento, comete crime cuja
pena se equipara à do delito omissão de cautela o proprietário de empresa de segurança e de transporte
de valores que deixa de registrar ocorrência policial e de comunicar a Polícia Federal furto ou roubo de
arma de fogo sob sua guarda, nas primeiras vinte e quatro horas após o ocorrido.
Importante lembrar ainda que todos os crimes do Estatuto do Desarmamento são afiançáveis, bem
como todos são suscetíveis de liberdade provisória. Assim, o que você encontrar sobre inafiançabilidade
ou vedação a liberdade provisória é inconstitucional e, consequentemente, a alternativa está incorreta. É
o que dispõe a ADIN nº3.112-1.

Lei Complementar Municipal 274/2014 e suas alterações (Guarda


Municipal de Itajaí).

LEI COMPLEMENTAR Nº 274, DE 25 DE NOVEMBRO DE 201428.

Cria a Guarda Municipal e dá outras providências.

Prefeito Municipal de Itajaí. Faço saber que a Câmara de Vereadores votou e aprovou e eu sanciono
a seguinte Lei Complementar:

28
https://leismunicipais.com.br/camara/sc/itajai?q=guarda+municipal&page=2. Acessado em: 06.09.2017

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1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
TITULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Capítulo I
DA CRIAÇÃO, REGIME JURÍDICO, HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO E PLANTÃO.

Art. 1º Esta Lei Complementar dispõe sobre a criação da Guarda Municipal, subordinada diretamente
à Secretaria Municipal de Segurança do Cidadão, com base nos Arts. 23, 30, incisos I e II e 144, § 8º, da
Constituição Federal, no Estatuto Geral das Guardas Civis Municipais (Lei Federal 13.022/2014) e no Art.
8º inciso XIV, da Lei Orgânica Municipal, sendo uma instituição de caráter civil, uniformizada, com regime
especial de hierarquia e disciplina, com a função de proteção municipal preventiva, destinada à proteção
de seus bens, tanto os de uso comum, os de uso especial e os dominiais, serviços e instalações,
ressalvadas, quando presentes, as competências da União e do Estado.
§ 1º O regime de trabalho dos integrantes efetivos da Guarda Municipal é o estabelecido pela presente
Lei Complementar e pela Lei nº 2.960, de 03 de abril de 1995, a qual dispõe sobre o regime jurídico único
dos servidores públicos civis da administração direta, das autarquias e fundações públicas do município
de Itajaí e suas modificações, prevalecendo sempre as disposições da presente, quando conflitantes com
dispositivos da mencionada lei ordinária.
§ 2º O regime de previdência do Guarda Municipal é o regime próprio da municipalidade, administrado
pelo IPI - Instituto de Previdência de Itajaí.
§ 3º O regime de trabalho dos ocupantes de cargos comissionados criados por esta Lei Complementar
é o estabelecido na Lei nº 2.960/95 e suas modificações posteriores e o regime de previdência destes é
o Regime Geral da Previdência Social.
§ 4º A Guarda Municipal funcionará 24h por dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados, devendo
a Secretaria Municipal de Segurança do Cidadão, garantir regime de plantão fora dos horários normais
de atendimento.
§ 5º As escalas de plantão serão divulgadas com antecedência.

Capítulo II
DAS COMPETÊNCIAS

Art. 2º É competência geral da Guarda Municipal a proteção de bens, serviços e instalações do


Município, nos termos da presente Lei Complementar.

Art. 3º São competências específicas da Guarda Municipal, respeitadas as competências federais e


estaduais:
I - promover e manter a segurança e proteção dos bens móveis e imóveis, serviços e instalações do
município;
II - prevenir e inibir, pela presença, rondas e vigilância, inclusive eletrônica, bem como coibir, infrações
penais ou administrativas e atos infracionais que atentem contra bens, serviços e instalações municipais
e participando de ações educativas junto ao corpo discente e docente das unidades de ensino municipal;
III - colaborar de forma integrada com os órgãos de segurança pública em ações que contribuam para
a paz social;
IV - exercer as competências do trânsito, nas vias e logradouros municipais, na qualidade de agentes
da autoridade de trânsito, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro, lavrando autos de infração de
trânsito, notificando as infrações de trânsito ocorridas e exercendo todas as demais atribuições destes
agentes, estabelecidas em lei;
V - auxiliar na proteção do patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e ambiental do
município, inclusive adotando medidas educativas de caráter preventivo e informando aos órgãos
competentes para aplicação das eventuais sanções administrativas estabelecidas em lei;
VI - auxiliar nas atividades de defesa civil municipal ou apoiar os demais órgãos de defesa civil de
outras esferas de governo em suas atividades no município;
VII - interagir com a sociedade civil para discussão de soluções de problemas e projetos locais voltados
à melhoria das condições de segurança das comunidades;
VIII - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais, federais e/ou de municípios vizinhos, por meio
da celebração de convênios ou consórcios, desde logo autorizados, com vistas ao desenvolvimento de
ações preventivas integradas;
IX - garantir o atendimento de ocorrências emergenciais ou quando deparar-se com elas dar
atendimento imediato, levando-as ao conhecimento do órgão competente;

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1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
X - desenvolver ações de prevenção primária à violência e criminalidade, podendo ser em conjunto
com os demais órgãos da própria municipalidade, com outros municípios ou com os demais órgãos das
esferas estadual e federal, não se confundindo com ações típicas de polícia;
XI - articular-se com os órgãos municipais de políticas sociais, visando à adoção de ações
interdisciplinares de proteção de bens, serviços e instalações do Município;
XII - integrar-se com os demais órgãos de poder de polícia administrativa, visando a contribuir para a
normatização e a fiscalização das posturas e ordenamento urbano municipal;
XIII - encaminhar ao delegado de polícia, diante de flagrante delito o autor da infração, preservando o
local dos acontecimentos até a chegada da autoridade competente;
XV - participar do estudo de impacto na segurança local, conforme plano diretor municipal, quando na
construção de empreendimentos de grande porte;
XVI - auxiliar na segurança de grandes eventos, no que lhe compete.
§ 1º Para o exercício de suas competências, a Guarda Municipal poderá colaborar ou atuar
conjuntamente com órgãos de segurança pública da União e dos Estados ou de congêneres vizinhos.
§ 2º Nas hipóteses de atuação conjunta a Guarda Municipal manterá a chefia de suas frações.

Capítulo III
DOS MEIOS DE ATUAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL

Art. 4º São meios norteadores da atuação da Guarda Municipal:


I - proteção dos direitos humanos e fundamentais, do exercício da cidadania e das liberdades públicas;
II - justiça, legalidade, democracia e respeito à coisa pública;
III - plano de segurança pública municipal.

Capítulo IV
DO CONCURSO

Art. 5º Do concurso público constarão os seguintes exames:


I - exame de conhecimento, de caráter eliminatório e classificatório;
II - exames de seleção, de caráter eliminatório, constando o seguinte:
a) exame de saúde (médico/odontológico/toxicológico de larga janela de detecção);
b) exame físico;
c) avaliação psicológica;
d) questionário de investigação social, a ser aplicado aos candidatos classificados dentro do número
de vagas ofertadas.
§ 1º No exame de saúde (médico/odontológico/toxicológico de larga janela de detecção) e na avaliação
psicológica, à Junta Médica Oficial do Município será facultada a solicitação de laudos médicos externos
ou especializados e exames laboratoriais que entender necessários para concluir pela aprovação ou não
no exame de seleção previsto no inciso II, letras "a" e "c".
§ 2º Constará do edital as matérias e os assuntos a serem abordados no exame de conhecimento,
bem como os pontos a serem alcançados no exame físico.

Art. 6º Para acompanhar o Concurso Público, será constituída uma comissão de quatro membros, dois
da Secretaria Municipal da Administração e dois da Secretaria Municipal de Segurança do Cidadão, os
quais, sendo o certame terceirizado, terão competência suplementar à entidade terceirizada para prestar
as informações durante toda a realização do concurso.

Capítulo V
DAS EXIGÊNCIAS PARA INVESTIDURA

Art. 7º São requisitos básicos para investidura em cargo público na Guarda Municipal:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - ter o ensino médio completo de escolaridade na data de nomeação;
V - a idade mínima de dezoito anos completos;
VI - aptidão física, mental e psicológica;
VII - idoneidade moral comprovada por investigação social e certidões expedidas junto ao poder
judiciário estadual e federal;

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VIII - ter carteira nacional de habilitação (CNH) no mínimo na categoria AB;
IX - ter sido regularmente inscrito, aprovado, classificado dentro do número de vagas oferecidas no
concurso e ter sido deferida a matricula e aprovação no Curso de Formação da Guarda Municipal;
X - outros requisitos presentes no edital do concurso público de acesso.
Parágrafo Único - O acesso dar-se-á sempre no nível inicial da carreira como Guarda Municipal, nível
I, observadas as exceções previstas nesta Lei Complementar.

Capítulo VI
DA CAPACITAÇÃO

Art. 8º O exercício das atribuições dos cargos da Guarda Municipal requer capacitação específica, com
matriz curricular compatível com suas atividades, com duração mínima de:
I - 600 horas, para o curso de formação para o ingresso na carreira;
II - 80 horas para o curso de qualificação profissional anual, que não serão computadas para o fim
previsto no inciso III deste artigo;
III - 60 horas para acesso à progressão na carreira, desde que cumprido o previsto no inciso II do
presente artigo.
§ 1º Para fins do disposto no caput será utilizada a matriz curricular nacional para a formação em
segurança pública, elaborada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP do Ministério da
Justiça.
§ 2º Para fins do disposto nos itens I e II serão destinadas 20 horas aulas sobre a utilização específica
em tecnologias de menor potencial ofensivo.
§ 3º Além das horas previstas nos incisos I a III, a cada dois anos os Guardas Municipais serão
submetidos a teste de capacidade física, psicológica e exame toxicológico de larga janela de detecção.
§ 4º Sempre que o Guarda Municipal estiver envolvido em evento de disparo de arma de fogo em via
pública, com ou sem vítima(s), deverá apresentar relatório circunstanciado ao Coordenador da Guarda e
ao Corregedor para justificar o motivo da utilização da arma.

Art. 9º É facultada ao Município a criação de órgão ou serviço de formação, treinamento e


aperfeiçoamento dos integrantes da Guarda Municipal, observadas as normas pertinentes, tendo como
princípios norteadores os mencionados no art. 4º desta Lei Complementar.
Parágrafo Único - O Município poderá firmar contratos, convênios ou consorciar-se, visando ao
atendimento do disposto no caput deste artigo e no art. 6º desta Lei Complementar.

Capítulo VII
O CURSO DE FORMAÇÃO DA GUARDA

Art. 10 O candidato regularmente inscrito, aprovado e classificado no concurso público dentro do


número de vagas estabelecidas e dentro do prazo de validade do concurso, que seja considerado apto
pelos exames de seleção, e que apresente, no prazo estipulado, os documentos obrigatórios, será
matriculado no curso de formação da Guarda Municipal.
§ 1º Perderá o direito à matrícula no Curso de Formação da Guarda Municipal, o candidato que deixar
de apresentar até a data estipulada os documentos obrigatórios para a sua matrícula, e de realizar os
exames de seleção, conforme constar no edital para o concurso público, sendo chamado o que lhe seguir
em classificação.
§ 2º Se o candidato classificado para a matrícula no curso desistir do mesmo, será chamado o que lhe
seguir em classificação, porém se a desistência for posterior aos primeiros 15 (quinze) dias de aula a
vaga para o curso de formação, não será preenchida.

Art. 11 O candidato após preencher os requisitos e as formalidades legais para a matrícula, frequentará
o Curso de Formação da Guarda Municipal.
Art. 12 O Curso de Formação da Guarda Municipal deverá ter por fundamento princípios dirigidos para
atitudes que assegurem adequada base humanística ao preparo técnico profissional e ao
desenvolvimento da cultura geral dos integrantes da Instituição.
Parágrafo Único - O Curso de Formação da Guarda Municipal incorporará pessoas selecionadas com
aptidão e continuará a selecioná-las durante as atividades educativas de formação, tendo por base os
fundamentos:
I - MORAL - caracterizado pelo mais alto senso de honra, de disciplina, de personalidade profissional
e de conduta social, a ser trabalhada no convívio diário do aluno no estabelecimento de ensino;

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II - INTELECTUAL - traduzida por aprimorada cultura, que coloque o aluno à altura da missão social
da Guarda Municipal, no que se refere ao desenvolvimento de habilidades conceituais necessárias ao
desempenho adequado ao exercício de sua função;
III - TÉCNICO PROFISSIONAL - consubstanciado por conhecimentos indispensáveis ao exercício das
habilidades de procedimentos e atitudes, destacando processos, técnicas, valores, e convicções, tendo
por expectativa as atividades a serem desenvolvida frente às demandas sociais;
IV - SAÚDE FISICA - destinada a garantir condições de saúde e vigor físico indispensável ao Guarda
Municipal, desenvolvendo-lhe o espírito de cooperação e a capacidade de agir.

Art. 13 O Curso de Formação da Guarda Municipal terá grade curricular com o rol de matérias,
respectivas cargas horárias e assuntos a serem ministrados, que deverá constar do respectivo Plano de
Curso, conforme orientação e matriz Curricular para Formação de Guardas Municipais da Secretaria
Nacional de Segurança Pública - SENASP, a ser aprovado pela Secretaria Municipal de Segurança do
Cidadão.

Art. 14 O candidato frequentando o Curso de Formação da Guarda Municipal será designado como
"ALUNO GUARDA MUNICIPAL" e receberá da municipalidade, durante a realização do curso,
exclusivamente, uma ajuda de custo de R$ 700,00 (setecentos reais) mensais, mais vale-transporte e
vale-alimentação, sendo este do mesmo valor percebido pelos servidores com carga horária de 20h
semanais.
Parágrafo Único - Os Agentes de Trânsito e os Guardas Patrimoniais, não perceberão a ajuda de
custo, no entanto, serão dispensados de comparecimento ao trabalho, nas horas de realização do curso.

Art. 15 A assiduidade às aulas é um dos requisitos estabelecidos para a aprovação no curso, devendo
o participante ter, no mínimo, 90% (noventa por cento) de frequência, do total das aulas ministradas em
cada disciplina.
§ 1º No mês seguinte serão descontados 1/30 (um trinta avos) a cada falta às aulas, tanto da ajuda de
custo como do vale-alimentação e do vale transporte, e, 1/60 (um sessenta avos) a cada dia que o aluno
chegar com atraso superior a 5 (cinco) minutos.
§ 2º A frequência aos trabalhos escolares é obrigatória, não podendo o instrutor ou o professor,
dispensar os alunos destes trabalhos.

Art. 16 O aluno que ultrapassar o limite de 10% de faltas em qualquer disciplina será considerado
reprovado, e consequentemente desligado do Curso de Formação da Guarda Municipal.
Parágrafo Único - Se do cálculo do percentual de 10% de faltas possíveis em uma disciplina resultar
um número fracionado, o arredondamento será feito para cima, resultando no número de faltas permitido.

Art. 17 Será atribuída falta ao aluno, com perda de 01 (um) ponto, que deixar de comparecer às aulas
teóricas, sendo considerada falta, com a perda de 0,5 (zero vírgula cinco) ponto, a não participação do
aluno em aula prática, embora esteja presente.

Art. 18 O número de faltas por aluno e por disciplina será publicado no órgão oficial de imprensa do
Município de Itajaí, por atos da Secretaria Municipal de Segurança do Cidadão.

Art. 19 Em cada disciplina, o rendimento da aprendizagem do aluno será avaliado pelo professor
mediante provas, seminários, trabalhos teóricos e práticos em geral, sendo o grau final expresso por meio
de conceitos qualitativos e o seu grau numérico correspondente em termos quantitativos, com
aproximação até centésimo, da seguinte forma:

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Art. 20 A avaliação do rendimento da aprendizagem tem por finalidade a seleção e classificação dos
alunos e será feita através de:
I - Verificação Corrente (VC): visa avaliar o processo do aluno em certa faixa do Programa de Matéria
e sua duração não deverá exceder a 02 (duas) horas aulas, sendo fixada e divulgada com antecedência
à data de sua realização. É opcional a sua aplicação pelo professor, e constará de prova teórica e/ou
prática, seminários e trabalhos escolares em geral;
II - Verificação Final (VF): tem a finalidade de avaliar o conhecimento obtido com relação aos assuntos
ministrados na carga horária total da disciplina do curso. É obrigatória, e constará de prova teórica e/ou
prática, ou, trabalhos escolares em geral, ao término da disciplina. Constará do planejamento do curso,
estando prevista no Quadro de Trabalho Semanal (QTS) e sua duração não poderá exceder 03 (três)
horas aulas;
III - Verificação de Segunda Chamada (VSC): é a oportunidade facultada ao aluno que por restrição
médica, luto, ou requisição legal, encontra-se impedido de submeter-se a quaisquer das verificações.
Deve ser aplicada, em princípio, durante o período de realização do curso, e no máximo, até 40 (quarenta)
dias úteis após o final do curso e no prazo de 02 (dois) dias úteis após cessar o motivo do impedimento;
IV - Verificação de Segunda Época (VSE): visa oferecer nova oportunidade ao aluno que não tenha
atingido a média final de aprovação em até 02 (duas) disciplinas. Sua realização ocorrerá ao término da
carga horária curricular, devendo constar em QTS. A VSE será realizada com intervalo mínimo de 03
(três) dias úteis após a divulgação da nota VF e no máximo em até 05 (cinco) dias úteis antes da data de
formatura.

Art. 21 Para fins de cálculo da Média Final de aprovação em cada Disciplina (MFD), em primeira época
e/ou segunda época, será atribuído peso 03 (três) a VF e/ou VSE, e peso 02 (dois) à média aritmética
das demais verificações, tendo por divisor 5 (cinco), cuja formula é a seguinte: MFD = (média aritmética
das VC x 2) + (VF ou VSE x 3) ÷ 5.
Parágrafo Único - Para a aprovação na disciplina, o aluno deverá obter no mínimo, Conceito Regular,
na Média Final.

Art. 22 A média final de cada disciplina (MFD), para fins de classificação no curso, será a de primeira
época, não sendo considerada a média final obtida na matéria com a VSE, que será levada em conta
apenas para efeito de aprovação.

Art. 23 A Média Geral do Curso (MGC) será a média aritmética das Médias Finais das Disciplinas
(MFD) e será aplicada para a classificação final dos alunos, em ordem decrescente de valor.
Parágrafo Único - Para a aprovação no curso, o aluno deverá obter no mínimo Conceito Bom, na Média
Geral.

Art. 24 Será atribuída nota 0 (zero) ao aluno que por motivos injustificáveis, deixar de comparecer a
qualquer avaliação do rendimento da aprendizagem.

Art. 25 Em caso de empate na classificação final dos alunos serão aplicados sucessivamente, os
seguintes critérios:
I - melhor conceito no Módulo Tecnologia de Guarda Municipal;
II - melhor conceito disciplinar;
III - maior idade.

Art. 26 Será considerado reprovado e consequentemente desligado do curso de formação da Guarda


Municipal, o aluno que:
I - obtiver conceito Insuficiente em qualquer disciplina;
II - ficar em Verificação de Segunda Época em mais de 02 (duas) disciplinas;
III - obtiver conceito Regular na Média Geral do Curso;
IV - ultrapassar o limite de 10% de faltas em qualquer disciplina;
V - for classificado, nos termos da lei de regência, como "MAU COMPORTAMENTO", ficando impedido
de participar de outro concurso público para a Guarda Municipal;
VI - for condenado por qualquer infração penal dolosa, ainda que por fato anterior a sua admissão na
Guarda Municipal;
VII - utilizar-se de meios ilícitos ou fraudulentos em atividade de ensino ou avaliação;
VIII - deixar de realizar a VSC nos prazos previstos.

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Art. 27 Será admitido recurso quanto ao resultado de qualquer avaliação do rendimento da
aprendizagem, no prazo de até 02 (dois) dias úteis após a divulgação do resultado.
Parágrafo Único - Somente serão apreciados os recursos expressos em termos convenientes que
apontem as circunstancias que os justifiquem.

Art. 28 O Aluno Guarda Municipal, aprovado no Curso de Formação da Guarda Municipal, após prestar
juramento será declarado Guarda Municipal nível I, do Município de Itajaí, e será admitido na instituição,
por ato do Prefeito Municipal.

Capítulo VIII
DO ESTÁGIO PROBATÓRIO

Art. 29 O servidor da Guarda Municipal nomeado para o cargo de provimento efetivo, ficará sujeito a
estágio probatório pelo período de 03 (três) anos, sendo condição para adquirir estabilidade a avaliação
semestral de desempenho por comissão designada pelo Secretário de Segurança do Cidadão, para esse
fim.
§ 1º Ao término do estágio probatório, a autoridade competente deverá, através de ato próprio,
exonerar o servidor, se não for avaliado satisfatoriamente, ou confirmá-lo no cargo, em caso de avaliação
satisfatória.
§ 2º O servidor da Guarda Municipal que, observadas as regras constantes neste artigo, não for
aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente
ocupado, observadas as regras constitucionais e legais relativas à recondução.
§ 3º A exoneração de que tratam os parágrafos anteriores só ocorrerá após o cumprimento do princípio
constitucional da ampla defesa e do contraditório.

Art. 30 Ao servidor em estágio probatório poderão ser concedidas as licenças para tratamento de
saúde, à gestante, à adotante, por paternidade, por acidente em serviço e para tratamento de pessoa da
família, considerando-se esse período na contagem do prazo do estágio probatório.
Parágrafo Único - O servidor da Guarda Municipal em estágio probatório não poderá ser cedido.

Art. 31 Será suspensa a contagem do prazo do estágio probatório quando o servidor:


I - exercer qualquer cargo de provimento em comissão ou função de confiança;
II - estiver no gozo das licenças:
a) para acompanhar cônjuge;
b) para o serviço militar;
c) para atividade política;
d) para desempenho de mandato classista.
III - estiver afastado para desempenho de mandato eletivo.
Parágrafo Único - A contagem do prazo do estágio probatório de que se trata este artigo será reiniciada
a partir da data do término da licença ou do afastamento.

Capítulo IX
DO CONTROLE

Art. 32 O funcionamento da Guarda Municipal será acompanhado por órgãos permanentes, autônomos
e com atribuições de fiscalização, investigação e auditoria, mediante:
I - controle interno, exercido por corregedoria, para apurar denúncias e infrações disciplinares
atribuídas aos integrantes de seu quadro; e,
II - controle externo, exercido pela Controladoria-Geral do Município, pela Câmara de Vereadores, que
atuarão de forma concorrente, para receber, examinar e encaminhar reclamações, sugestões, elogios e
denúncias acerca da conduta de seus dirigentes e integrantes e das atividades do órgão, propor soluções,
oferecer recomendações e informar os resultados aos interessados, garantindo-lhes orientação,
informação e resposta.
Parágrafo Único - A análise da alocação e aplicação dos recursos públicos, afetos a Guarda Municipal,
monitorando os objetivos, metas e métodos do órgão, e, posteriormente, sobre a adequação e eventual
necessidade de adaptações das medidas adotadas face aos resultados obtidos, será feita pela Secretaria
de Segurança do Cidadão.

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Capítulo X
DAS PRERROGATIVAS

Art. 33 Os cargos de carreira da Guarda Municipal deverão ser providos por membros efetivos do
quadro de carreira da instituição, nos termos desta Lei Complementar.
§ 1º Será garantida a progressão funcional da carreira em todos os níveis.
§ 2º Aos Guardas Municipais em exercício ostensivo pleno e operacional de suas funções é devido o
adicional de periculosidade, na forma como estabelecido na Lei nº 2.960/95.
§ 3º Não será devido o adicional de periculosidade ao Guarda Municipal em licença, mesmo que
remunerada, a não ser que esta decorra direta e objetivamente do exercício de suas funções na Guarda
Municipal.
§ 4º Os Guardas Municipais terão jornada de trabalho de 40h semanais, com intervalo entre jornadas
de, no mínimo, 12h, intervalo mínimo de 1h intrajornada para escalas de 8h dia, garantido o mínimo de
um dia (24h) de descanso semanal remunerado, devendo a escala de trabalho ser divulgada com
antecedência, garantindo equidade entre todos para escala em trabalho noturno, sábados, domingos e
feriados, observadas o máximo de 6 (seis) jornadas semanais para escalas em jornadas de 6h e de 5
(cinco) para jornadas de 8h ou mistas de 6h e 8h, observada sempre a jornada máxima de 40h semanais.
§ 5º Só será reconhecido o início da jornada, a partir do registro de ponto e o encerramento, do mesmo
modo, não sendo devida hora extra por antecipação ou prorrogação de jornada, fora dos parâmetros,
excepcionalidade e justificativa previstos no parágrafo seguinte.
§ 6º O adicional por hora extra será de 50%, sobre as horas que ultrapassarem a 40h semanais,
devendo a realização das mesmas ter o caráter de excepcionalidade e temporalidade, sendo previamente
justificadas pelo superior hierárquico e não podendo, em hipótese alguma, ultrapassar a 60h extras
mensais, sendo calculadas sempre sobre a hora vencimento fixo.
§ 7º Será devido adicional noturno, nos termos do Art. 78 da Lei Municipal 2960/1995.
§ 8º Aos Guardas Municipais escalados para o trabalho aos sábados, entre 6h e 12h será devido o
adicional de 10%, por hora/vencimento fixo, e a partir das 12h até às 24h, o adicional corresponderá a
20%, ambos incidentes também sobre a hora vencimento fixo, sendo que, a partir das 22h incidirá também
o adicional noturno, previsto no § 7º, sempre sobre a hora vencimento fixo.
§ 9º Aos Guardas Municipais escalados a partir da zero hora até às 24h de domingos e feriados o
adicional será de 100% sobre o vencimento hora fixo, sendo que o trabalho no horário noturno incidirá
também o adicional noturno (§ 7º), ambos sempre calculados sobre o vencimento hora fixo.
§ 10 O fator de divisão para o cálculo do valor nominal da hora extra é 200, assim determinado: 40h
(semanais) dividido por 6 (dias da semana) igual 6,66 x 30 (dias do mês) igual a 200.

Art. 34 O porte de arma de fogo é deferido aos ocupantes de cargos da carreira de Guarda Municipal,
quando em serviço, por força e condições estabelecidas no inciso IV, do art. 6º da Lei Federal nº
10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) e alterações posteriores, regulamentada especificamente na
Subseção V - "Das Guardas Municipais", arts. 40 a 44 do Decreto Federal nº 5.123/2004 e normatizações
do Departamento de Policia Federal, disciplinando a autorização de porte de arma de fogo para os
integrantes das Guardas Municipais e demais normas regulamentares pertinentes.
§ 1º Os integrantes da carreira da Guarda Municipal deverão portar documento de identificação
expedido pela instituição onde constará, expressamente, dados indispensáveis a sua identificação e
autorização para uso de arma de fogo.
§ 2º Suspende-se o direito ao porte da arma de fogo em razão de restrição médica, decisão judicial ou
do respectivo dirigente que justifique a adoção da medida.
Art. 35 Serão estendidas aos Guardas Municipais outras prerrogativas que a legislação federal vier a
estipular à categoria, em legislação própria, desde que ratificadas por lei municipal.

Capítulo XI
DAS VEDAÇÕES

Art. 36 É vedado à Guarda Municipal:


I - participar de atividades político-partidárias, exceto para fazer a proteção exclusiva de bens públicos
ou controle de trânsito no local;
II - exercer atividades de competência exclusiva da União ou do Estado.

Art. 37 É vedada a utilização da Guarda Municipal:


I - na proteção pessoal de munícipes;

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II - para impedimento de cumprimento de decisão judicial contra o Município ou de decreto de
intervenção neste.

Capítulo XII
DO UNIFORME

Art. 38 A Guarda Municipal utilizará uniforme padronizado, com a cor predominante azul-marinho.
Parágrafo Único - O uniforme é o símbolo da autoridade e o seu uso correto é o elemento primordial
na boa apresentação individual e coletiva do pessoal da Guarda Municipal, constituindo-se em importante
fator para o fortalecimento da disciplina e da hierarquia, o desenvolvimento do espírito de corpo e o bom
conceito da Guarda Municipal junto à sociedade.

Art. 39 O uniforme, as insígnias e equipamentos usados pela Guarda Municipal no serviço, para ambos
os sexos, serão regulamentados por decreto, observadas as disposições desta Lei Complementar.
Parágrafo Único - A arma de fogo somente será usada em serviço, devendo ser deixada na sede da
Guarda Municipal no encerramento da jornada de trabalho, exceto se expressamente autorizado pela
Polícia Federal, por razões excepcionais, mediante justificativa apresentada pelo Coordenador e pelo
Guarda Municipal.

Art. 40 Os equipamentos a serem usados pela Guarda Municipal poderão ser similares aos adotados
pela Polícia Militar já testados e aprovados ao longo do tempo, obedecendo a cor da Guarda Municipal.

TITULO II
DA GUARDA MUNICIPAL
Capítulo I
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Art. 41 A estrutura organizacional básica da Guarda Municipal compõe-se de:


I - Coordenadoria;
II - Corregedoria;
III - Diretoria Administrativa;
IV - Diretoria Operacional;
V - Ouvidoria;
VI - Guardas Municipais Inspetores, nível III, II e I.
§ 1º A Guarda Municipal será dirigida pelo Coordenador da Guarda Municipal, cargo de provimento em
comissão, com nível vencimental, DGA-1, a ser exercido por profissional estranho ou não a seus quadros,
o qual terá, preferencialmente, experiência e formação na área de segurança pública, com reconhecida
capacidade e idoneidade moral, de livre escolha, nomeação e exoneração do Prefeito Municipal.
§ 2º Ficam também criados os cargos de provimento em comissão de Corregedor da Guarda Municipal,
Diretor Administrativo da Guarda Municipal e Diretor Operacional da Guarda Municipal, todos com nível
vencimental DGA-2, cujo nomeado deverá ter experiência profissional na área de segurança pública, de
livre nomeação e exoneração do Prefeito Municipal, exceto o cargo de Corregedor, conforme previsto
nesta Lei Complementar.
§ 3º Fica criado o cargo de provimento em comissão de Ouvidor da Guarda Municipal, com nível
vencimental DGA-2, de livre escolha e nomeação pelo Prefeito Municipal, a ser preenchido,
preferencialmente, por profissional com formação na área de direito.
§ 4º Caso o Coordenador da Guarda Municipal seja profissional dos próprios quadros efetivos da
Guarda Municipal ou dos quadros efetivos do Município, poderá optar pelo recebimento do vencimento
de Coordenador, nível vencimental DGA-1, ou pelo vencimento do seu cargo efetivo acrescido de
gratificação de função de Coordenador da Guarda Municipal, no valor equivalente a 24,89 UFM - Unidade
Fiscal do Município.

SEÇÃO I
DA COORDENAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL E DO COORDENADOR

Art. 42 O Coordenador da Guarda Municipal terá as seguintes atribuições:


I - coordenar a Guarda Municipal administrativa, técnico-operacional e disciplinarmente;
II - planejar, coordenar e fiscalizar todos os serviços e operações que forem executados pela Guarda
Municipal;

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III - aplicar penalidades cabíveis aos Guardas Municipais de acordo com a presente Lei Complementar,
ou disposições legais municipais, na esfera de suas atribuições, determinando o encaminhamento ao
Secretário Municipal de Segurança do Cidadão e/ou ao Prefeito Municipal, quando estiver além de sua
competência;
IV - manter um relacionamento de cooperação mútua com todos os órgãos públicos principalmente
com os da área de Segurança Pública;
V - procurar desenvolver em seus coordenados um relacionamento fundado no respeito e na
camaradagem;
VI - fazer constar nos assentamentos funcionais, registros referentes a atos e fatos relativos aos
integrantes da Guarda Municipal;
VII - providenciar para que a Guarda Municipal esteja sempre em condições de ser prontamente
empregada;
VIII - nomear servidores e designar comissões que se tornem necessárias ao bom andamento do
serviço;
IX - realizar movimentação interna de pessoal, objetivando melhor convivência e a otimização do
serviço;
X - conceder a seus subordinados, férias anuais, de acordo com as normas vigentes;
XI - despachar ou informar com presteza os requerimentos consultas, queixas, pedidos,
reconsiderações que receber decidindo sempre de forma motivada;
XII - representar a Guarda Municipal em todos os eventos em que esta for convidada ou, no seu
impedimento nomear outro para que o faça;
XIII - promover os atos comemorativos alusivos ao órgão;
XIV - responsabilizar-se pelo patrimônio da instituição, principalmente viaturas, armamentos e
artefatos;
XV - promover o teste físico anual dos membros da Guarda Municipal;
XVI - designar entre os ocupantes das funções de coordenação membro para exercer as relações
públicas da instituição;
XVII - realizar a classificação e reclassificação do comportamento dos membros da Guarda Municipal;
XVIII - encaminhar representação a Corregedoria da Guarda Municipal solicitando providências
quando tiver conhecimento de irregularidade no serviço ou denúncia de qualquer atitude inadequada por
parte de membro da Guarda Municipal;
XIX - despachar ou informar os requerimentos, consultas, queixas, pedidos e reconsiderações de seus
subordinados;
XX - enviar ao Secretário Municipal de Segurança do Cidadão, os relatórios das atividades da Guarda
Municipal;
XXI - estabelecer as normas gerais de ação (NGA) da Guarda Municipal, submetendo à aprovação do
Secretário Municipal de Segurança do Cidadão;
XXII - planejar e organizar, o programa de instrução da Guarda Municipal, com a inclusão obrigatória
de atividades físicas, submetendo à aprovação do Secretário Municipal de Segurança do Cidadão;
XXIII - elaborar e submeter à aprovação do Prefeito Municipal, via Secretário Municipal de Segurança
do Cidadão, a diretriz de ensino da Guarda Municipal;
XXIV - elaborar e submeter à aprovação do Prefeito Municipal, via Secretário Municipal de Segurança
do Cidadão, o regulamento de uniformes da Guarda Municipal.

SEÇÃO II
DA CORREGEDORIA E DO CORREGEDOR

Art. 43 Entende-se por Corregedoria o órgão próprio permanente, autônomo, independente e


harmônico com a Coordenadoria, tendo como objetivo promover inspeções e correições ordinárias e
extraordinárias bem como realizar fiscalizações e orientações, apurando e investigando denúncias e
infrações disciplinares atribuídas aos integrantes da Guarda Municipal.

Art. 44 O Corregedor é cargo de provimento em comissão de livre escolha do Prefeito Municipal,


exercendo suas funções pelo período de 2 (dois) anos, permitida uma única recondução consecutiva, e
receberá a título de função gratificada de Corregedor, a soma equivalente a 20,66 UFM, e, quando de
fora dos quadros efetivos da municipalidade, o respectivo vencimento corresponderá ao nível DGA-2.
§ 1º O Corregedor só poderá perder o cargo por decisão de, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos membros
da Câmara de Vereadores, em face de falta grave, onde lhe será assegurada ampla defesa, mediante
processo de iniciativa de 1/3 (um terço) dos membros da Câmara de Vereadores ou do Prefeito Municipal.

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§ 2º O Corregedor deverá ter, obrigatoriamente, formação na área do Direito podendo ser do quadro
de servidores do Município ou de fora dele, com reconhecida capacidade e idoneidade moral, a quem
compete:
I - assistir direta e imediatamente o Secretário da Secretaria Municipal de Segurança do Cidadão;
II - apurar denúncias e infrações disciplinares atribuídas aos integrantes da Guarda Municipal;
III - apreciar e investigar as representações que lhe forem dirigidas, relativamente à atuação em
desconformidade com a lei ou eventual apuração de responsabilidade funcional decorrente do exercício
irregular de atribuições dos servidores lotados na Guarda Municipal;
IV - manter em arquivo sob sua guarda todas as sindicâncias e/ou processos administrativos
disciplinares instauradas no âmbito da Guarda Municipal;
V - propor, ao Secretário Municipal de Segurança do Cidadão os nomes dos servidores, do âmbito da
Guarda Municipal ou de fora dela, para comporem as Comissões de Sindicância e Processo
Administrativo Disciplinar;
VI - providenciar a análise quanto a forma dos procedimentos instaurados, determinando a sua
correção, quando necessário, e antes de seu encaminhamento para a Procuradoria-Geral do Município;
VII - realizar visitas de inspeção e correições em qualquer unidade da Guarda Municipal;
VIII - promover investigação sobre o comportamento ético, social e funcional dos candidatos aos
cargos de provimento efetivo da Guarda Municipal, bem como dos ocupantes destes cargos em estágio
probatório e dos indicados para o exercício de diretorias, observadas as normas legais e regulamentares
aplicáveis;
IX - assistir ao Coordenador da Guarda Municipal nos assuntos disciplinares de todos os servidores
lotados na Guarda Municipal;
X - decidir, preliminarmente, sobre as representações ou denúncias fundamentadas que receber,
indicando as providências cabíveis;
XI - promover, quando as circunstâncias assim o exigirem, a realização de diligências e levantamentos
de integrantes dos quadros da Guarda Municipal que estejam envolvidos em qualquer situação que
contrarie as legislações ou normas a que estejam subordinados;
XII - manifestar-se, através de pareceres, sobre assuntos de natureza disciplinar que devam ser
submetidos à apreciação do Coordenador da Guarda Municipal;
XIII - acompanhar procedimentos e processos administrativos disciplinares em curso em outros órgãos
da municipalidade envolvendo servidores lotados na Guarda Municipal;
XIV - solicitar pedidos de perícias, laudos técnicos e outros procedimentos que se fizerem necessários
junto aos órgãos competentes, inclusive fora do âmbito da Administração Municipal;
XV - responder às consultas formuladas pelos órgãos da Administração Pública sobre assuntos de sua
competência;
XVI - remeter sempre relatório reservado ao Secretário Municipal de Segurança do Cidadão sobre as
correições extraordinárias nas unidades da Secretaria;
XVII - remeter ao Secretário Municipal de Segurança do Cidadão relatório circunstanciado sobre a
atuação pessoal e funcional de servidores lotados no órgão, em estágio probatório, propondo, se for o
caso, a instauração de procedimento especial, observada a legislação pertinente;
XVIII - remeter ao Secretário Municipal de Segurança do Cidadão, quando solicitado, relatório
circunstanciado sobre a atuação pessoal e funcional de servidor integrante do quadro, indicado para o
exercício de chefias, diretorias ou coordenação, observada a legislação aplicável;
XIX - solicitar junto às demais secretarias do município ou qualquer outro órgão ou entidade municipal,
ou, quando for o caso, propor ao Secretário Municipal de Segurança do Cidadão que sejam solicitadas
as informações e os documentos necessários ao desenvolvimento dos trabalhos pertinentes;
XX - reunir e manter disponível a legislação jurídica atinente aos interesses desenvolvidos pela Guarda
Municipal;
XXI - registrar as reclamações, elogios e pedidos da comunidade, encaminhados diretamente, pela
Ouvidoria da Guarda ou do Município ou ainda pela Câmara de Vereadores, dando-lhe o devido
encaminhamento.

Seção III
Da Diretoria Administrativa e do Diretor

Art. 45 São atribuições da Diretoria Administrativa da Guarda Municipal:


I - assessorar a Coordenadoria da Guarda Municipal, substituindo o seu titular nas suas faltas e
impedimentos;

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II - supervisionar seus subordinados, tendo por objetivo manter o bom andamento dos serviços da
Guarda Municipal;
III - manter o cadastro atualizado de todos os componentes da Guarda Municipal, bem como controlar
a frequência dos mesmos;
IV - manter atualizado e sob seu controle, toda documentação relativa aos serviços executados pelos
Guardas Municipais;
V - controlar e aprovar as escalas de serviço;
VI - manter atualizado o histórico da Guarda Municipal;
VII - manter atualizado os livros e registros diários, mapas, relações, em conformidade com as normas
de ações editadas;
VIII - prestar informações em procedimentos de instrução;
IX - cumprir e fazer cumprir as normas gerais de ação da Guarda Municipal e demais regulamentações
pertinentes;
X - registrar os bens patrimoniais da Guarda;
XI - colaborar com a Coordenação na elaboração de proposta orçamentária;
XII - exercer o controle, manutenção e fornecimento do material;
XIII - prestar os serviços de transporte necessários ao bom desempenho da Guarda Municipal;
XIV - controlar o movimento dos veículos pertencentes à Guarda;
XV - manter os veículos em condições de funcionamento;
XVI - executar as atividades de protocolo;
XVII - providenciar a execução dos serviços de limpeza das instalações da Guarda;
XVIII - elaborar relatórios mensais e anuais relativos às suas atividades;
XIX - assinar documentos ou tomar providências de caráter urgente na ausência ou impedimento
ocasional do Coordenador, dando-lhe conhecimento na primeira oportunidade;
XX - organizar e coordenar a matéria que deve ser publicado em boletim;
XXI - ter perfeito conhecimento dos regulamentos, instruções, avisos e ordens gerais do Comandante,
bem como organizar índices dos boletins internos e todos os atos oficiais da Guarda Municipal;
XXII - organizar as fichas de promoção dos Guardas Municipais, processos de aposentadoria e de
concessão de elogio;
XXIII - auxiliar o Coordenador na administração da Guarda Municipal, sendo principal responsável pela
perfeita observância de todas as disposições regulamentares relativas à administração;
XXIV - executar os trabalhos de arquivo que lhe forem distribuídos, ficando responsável pela correção
e exatidão dos mesmos;
XXV - responder pela pesquisa de preço para aquisição de bens da Guarda Municipal;
XXVI - elaborar o plano de férias dos integrantes da Guarda Municipal;
XXVII - exercer outras atividades determinadas pelo Coordenador da Guarda;
XXVIII - cumprir e fazer cumprir as atribuições legais da Guarda Municipal dentro de suas
competências.

Art. 46 Ficam vinculados à Diretoria Administrativa, os serviços de psicologia da Guarda Municipal com
as seguintes atribuições:
I - avaliar o controle emocional dos servidores da Guarda Municipal;
II - prestar atendimento em psicoterapia aos Guardas Municipais em eventuais situações que envolva
dependência química, ou em qualquer situação que caracterize necessidade de natureza emocional e/ou
funcional e, quando necessário, providenciar o encaminhamento a profissionais e instituições congêneres,
bem como orientar seus familiares;
III - proporcionar meios de superação no trato dos problemas de relacionamento, inadequação
funcional e motivação dos servidores que atuam na área de segurança do Município;
IV - realizar, por solicitação da Secretaria Municipal de Segurança do Cidadão, avaliações psicológicas
dos servidores da Guarda Municipal, em especial nos casos de desajuste funcional ou qualquer outro
problema de ordem comportamental;
V - manifestar-se, quando solicitado, nos casos de concessão de auxílio-saúde, readaptação,
aproveitamento, exoneração e demissão dos servidores da Guarda;
VI - propor meios de avaliação e acompanhamento do desempenho dos servidores da Guarda
Municipal;
VII - atuar na área do desenvolvimento de recursos humanos, assessorando os órgãos deliberativos
na identificação das necessidades de seu pessoal, bem como na definição de estratégias e
aperfeiçoamento das atividades funcionais;

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VIII - apresentar programas de capacitação e aperfeiçoamento a partir de necessidades funcionais e
motivacionais identificadas no pessoal, planejando, realizando e avaliando cursos e outras atividades de
cunho profissional;
IX - desenvolver estudos e pesquisas objetivando ampliar o conhecimento sobre o comportamento
humano que possam contribuir com os objetivos gerais da Secretaria Municipal de Segurança do
Cidadão;
X - planejar e executar avaliações psicológicas, bem como elaborar e emitir os respectivos laudos
psicológicos, especialmente, nos processos seletivos para provimento de cargos no âmbito da Secretaria
Municipal de Segurança do Cidadão e para concessão da licença para porte de arma ao Guarda
Municipal, ou para a suspensão dessa licença, independente das exigências de outras esferas de
governo, neste campo;
XI - integrar comissões e participar de atividades juntamente com outras entidades em assuntos de
interesse da segurança pública municipal;
XII - participar, quando solicitado pela autoridade competente, no planejamento e execução de
campanhas educativas;
XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com as atribuições do cargo e com o Código de Ética
Profissional do Psicólogo.
Parágrafo Único - Os serviços de que trata o caput, serão exercidos por psicólogo, servidor efetivo do
Município, que tenha no mínimo de 5 (cinco) anos de exercício nos quadros deste município, devidamente
comprovado, sendo-lhe atribuída função gratificada de Psicólogo da Guarda Municipal, no valor
equivalente a 14,87 UFM, para atuar especificamente na Guarda Municipal, sendo sua nomeação e
exoneração, nesta função, de livre arbítrio do Prefeito Municipal.

SEÇÃO IV
DA DIRETORIA OPERACIONAL E DO DIRETOR

Art. 47 O Diretor Operacional da Guarda Municipal é o responsável pela coordenação, execução e


fiscalização das ordens do Coordenador, relativas às operações da Guarda Municipal, e terá as seguintes
atribuições e competências:
I - auxiliar a Coordenadoria na administração e fiscalização de todos os serviços que forem executados
pelos integrantes da Guarda;
II - fiscalizar e supervisionar cumprimento das escalas de serviço dos subordinados, procurando
manter o bom andamento e o fiel cumprimento dos serviços da Guarda;
III - informar à Coordenadoria de ocorrências graves envolvendo a Guarda, tão logo tenha
conhecimento destes fatos;
IV - alterar a escala de serviço, em caso de qualquer emergência que necessite de intervenção da
Guarda, informando o Coordenador da Guarda sobre a decisão tomada;
V - encaminhar ao Coordenador da Guarda Municipal, todos os documentos que dependam de sua
decisão;
VI - velar assiduamente pela conduta dos guardas municipais quer quando em serviço ou fora dele;
VII - coordenar as atividades de proteção dos bens pertencentes ao município;
VIII - solicitar ao Departamento Administrativo o apoio logístico necessário ao desempenho das
atividades;
IX - elaborar relatórios mensais e anuais, relativos as suas atividades;
X - organizar e fiscalizar a execução do boletim do coordenador, relatórios, livros de comunicação e
estatísticas;
XI - encaminhar ao Coordenador todas as alterações e informações referentes ao serviço;
XII - intermediar na expedição de todas as ordens relativas à disciplina e aos serviços gerais;
XIII - auxiliar o Coordenador da Guarda Municipal, fazendo com que os serviços operacionais sejam
realmente executados e suas ordens cumpridas;
XIV - fiscalizar para que seus subordinados se apresentem com correção e asseio, tanto pessoal
quanto de seus uniformes;
XV - participar das revistas diárias, para transmitir novas ordens ou instruções, comentando as
ocorrências atendidas;
XVI - fiscalizar, orientar e corrigir atitudes dos subordinados, no trato que devem dispensar as suas
atividades e ao público em geral;
XVII - zelar pela boa conduta disciplinar de seus subordinados, mantendo-os instruídos quanto às
prescrições disciplinares regulamentares da Guarda Municipal;

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XVIII - comunicar ao Coordenador da Guarda Municipal os fatos contrários à disciplina e os que lhe
pareçam merecer recompensa;
XIX - esclarecer, em documento, toda queixa apresentada contra seus comandados, ou por estes
contra terceiros;
XX - primar pelo bom relacionamento com as autoridades e o público em geral;
XXI - não permitir o uso de violência e força física desnecessária e manter seus subordinados
instruídos a respeito;
XXII - comunicar eventuais extravios e danos de material da instituição, indicando os responsáveis ou
solicitando averiguações;
XXIII - zelar pelo correto uso da viatura da Guarda Municipal, ou qualquer outro meio, para que seja
usada exclusivamente em serviço de patrulhamento e prestação de socorros, apurando a
responsabilidade pelo seu uso indevido;
XXIV - controlar a utilização dos meios de comunicação, visando exclusivamente sua utilização no
serviço de segurança e de prestação de socorro público;
XXV - controlar, distribuir e fiscalizar os armamentos disponíveis na Guarda Municipal;
XXVI - manter o armamento revisado e limpo, em condições de uso imediato, providenciando, para
isso, os necessários consertos, manutenção e reposição;
XXVII - manter o armamento e munição não distribuídos, em local seguro, de acordo com as normas
de segurança e de estocagem deste material;
XXVIII - cumprir e fazer cumprir as atribuições legais da Guarda Municipal dentro de suas
competências.

Art. 48 Ficam vinculados à Diretoria Operacional da Guarda Municipal:


I - a Supervisão dos Serviços;
II - a Inspetoria.
§ 1º A Supervisão dos Serviços, é realizada por até 02 (dois) Guardas Municipais Inspetores
designados, escalados, um em cada turno, pelo Secretário Municipal de Segurança do Cidadão com
função gratificada de Supervisores, a qual será atribuía o valor mensal equivalente a 9,91 UFM com as
seguintes atribuições:
I - fiscalizar os serviços que forem executados pelos integrantes da Guarda, durante o seu turno de
serviço;
II - conferir as escalas de serviço de seus subordinados antes destes assumirem seus serviços;
III - informar de imediato o Diretor Operacional sobre ocorrências graves que envolvam a Guarda
Municipal ou qualquer de seus integrantes;
IV - alterar a escala do turno de serviço, em caso de qualquer emergência que necessite de intervenção
da Guarda Municipal;
V - encaminhar à Coordenadoria da Guarda Municipal, todos os documentos que dependam da
decisão do Coordenador;
VI - assinar documentos ou tomar providências de caráter urgente, na ausência ou impedimento
ocasional do Diretor Operacional, dando-lhe conhecimento na primeira oportunidade;
VII - velar assiduamente pela conduta dos Guardas em serviço;
VIII - cumprir e fazer cumprir as normas gerais de ação, previstas nesta Lei Complementar, eventual
estatuto e demais regulamentos pertinentes à Guarda Municipal;
IX - exercer outras atividades determinadas pelo Diretor Operacional.
§ 2º A Inspetoria da Guarda Municipal tem as seguintes atribuições:
I - ministrar instrução profissional aos integrantes da Guarda Municipal;
II - auxiliar a Diretoria Operacional na fiscalização de todos os serviços que forem executados pelos
Guardas Municipais, notadamente os de ordem operacional e disciplinar;
III - propor medidas de interesse da Guarda Municipal observadas na realização dos serviços afetos
ao órgão;
IV - imprimir a todos os seus atos máxima correção, pontualidade e justiça;
V - auxiliar no planejamento e organização da instrução da Guarda Municipal;
VI - velar assiduamente pela conduta dos Guardas;
VII - dar conhecimento aos Supervisores de todas as ocorrências e fatos, a respeito das quais haja
tomado providências por iniciativa própria;
VIII - cumprir e fazer cumprir com as Normas Gerais de Ação existentes na Guarda Municipal, em
Regulamento e neste diploma legal;
IX - representar o Diretor Operacional quando designado;
X - auxiliar nas escalar de serviço em cumprimento ao Plano Operacional;

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XI - exercer outras atividades determinadas pelo Diretor Operacional.
§ 3º A Inspetoria é realizada pelos Guardas Municipais cujo comportamento demonstre capacidade de
liderança e conhecimento cultural próprio, e reúna condições de desenvolvimento de relações positivas
para o aperfeiçoamento dos serviços, fiscalizando e atuando como elo entre as respectivas chefias e
subordinados.
§ 4º Para a promoção a Guarda Inspetor, o Guarda Municipal nível III será indicado, por uma comissão
presidida pelo Secretário Municipal de Segurança do Cidadão, tendo como membros o Coordenador da
Guarda Municipal, o Corregedor, o Diretor Operacional e o Diretor Administrativo, que será secretário da
comissão, atendendo os seguintes requisitos, cumulativamente:
I - existência de vaga;
II - ter bom comportamento;
III - demonstrar capacidade de liderança perante seus pares;
IV - antiguidade na carreira;
V - melhor pontuação obtida no Formulário de Avaliação de Reconhecimento Pessoal e Profissional;
VI - Formulário de Gestão Profissional;
VII - cursos de aperfeiçoamento na área de segurança pública;
VIII - ter concluído curso de nível superior.
§ 5º O Guarda Inspetor é considerado superior hierárquico aos demais Guardas Municipais e serão 10
(dez) vagas disponíveis, a serem preenchidas paulatinamente, de acordo com as necessidades da
instituição.
§ 6º A antiguidade entre os Guardas Inspetores, se dará pelo tempo de serviço efetivo na Guarda
Municipal, entretanto, para preencher até as 02 (duas) primeiras vagas, será requisito, a melhor
classificação no Curso de Formação de Guardas Municipais, entre os Guardas Municipais de nível I que
possuírem formação em curso de nível superior reconhecido pelo MEC.

SEÇÃO V
DA OUVIDORIA E DO OUVIDOR

Art. 49 A Ouvidoria é um canal de comunicação direto entre o cidadão e o Poder Público, de


interlocução com a sociedade, recebendo dela reclamações, denúncias, sugestões e elogios.

Art. 50 Cabe ao Ouvidor da Guarda Municipal:


I - facilitar o acesso gratuito, informal e direto a qualquer cidadão e a todos os membros da Guarda
Municipal ao serviço da Ouvidoria;
II - receber as reclamações e denúncias que lhe forem dirigidas, encaminhando-as aos órgãos e
setores competentes e, quando cabível, propor ao Coordenador da Guarda Municipal a instauração de
sindicâncias e processos administrativos disciplinares, nos termos da legislação vigente;
III - rejeitar e determinar o arquivamento de reclamações e denúncias improcedentes, mediante
despacho fundamentado;
IV - receber, analisar e encaminhar ao setor competente, sugestões, informações e questionamentos
sobre o funcionamento da Guarda Municipal, acompanhando a tramitação até a decisão final;
V - propor a edição, alteração e revogação de atos normativos internos, com vistas ao aprimoramento
dos trabalhos da Instituição;
VI - solicitar acesso a arquivos, dados, informações, documentos e demais elementos necessários ao
desempenho de suas funções;
VII - recusar, como objeto de apreciação, questões concretas pendentes de decisão judicial podendo,
entretanto, recomendar soluções no âmbito administrativo;
VIII - registrar todas as manifestações encaminhadas ao serviço de Ouvidoria e as respostas
apresentadas aos usuários, mantendo atualizadas as informações e estatísticas referentes ao setor;
IX - manter contato direto com outras Ouvidorias e, em especial com a Ouvidoria da Prefeitura
Municipal de Itajaí, com vistas ao aprimoramento dos serviços e do exercício da cidadania;
X - agir com integridade, transparência e imparcialidade; e
XI - promover a divulgação do serviço de Ouvidoria.

SEÇÃO VI
DO GUARDA MUNICIPAL

Art. 51 O Guarda Municipal é servidor público efetivo admitido em decorrência de concurso público,
com o curso de formação da Guarda Municipal concluído, já nomeado e integrado na função e em
condições para realizar os serviços atribuídos à instituição, assim definido como atividade operacional.

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§ 1º O número de vagas dos cargos efetivos de Guarda Municipal será de no mínimo 120 (cento e
vinte), as quais serão preenchidas paulatinamente, de acordo com as necessidades do serviço, excluindo-
se deste número as vagas que forem preenchidas pelos Agentes de Autoridade de Trânsito e Guardas
Patrimoniais.
§ 2º O acesso se dará no nível I, ficando ressalvado o enquadramento dos Agentes de Autoridade de
Trânsito e Guardas Patrimoniais aprovados no Curso de Formação, exames e avaliações na forma do
que determina o art. 5º, II, desta Lei Complementar e que apresentem o certificado de conclusão do 2º
grau, sem que haja prejuízo vencimental em face deste enquadramento.
§ 3º A promoção para o nível II, se dará após 04 (quatro) anos da data na posse no cargo de Guarda
Municipal, além do atendimento dos requisitos de disciplina e boa conduta, previstos neste diploma legal
e nas demais normas internas da instituição e/ou no estatuto dos servidores municipais, bem como a
participação em curso de capacitação ou aperfeiçoamento.
§ 4º A promoção do Guarda Municipal nível II para o nível III, dar-se-á por tempo de serviço, com um
mínimo de 08 (oito) anos após sua primeira promoção na Guarda Municipal, observando-se ainda a
disciplina exemplar, boa conduta, participação em curso de capacitação/aperfeiçoamento, podendo haver
aplicação de prova escrita de conhecimentos específicos na forma prevista nesta Lei Complementar.
§ 5º Após o ingresso na Guarda Municipal, como estímulo ao aperfeiçoamento, será concedida ao
servidor, independente do número de cursos que este possuir, uma única gratificação de 5% (cinco por
cento) sobre o vencimento do servidor pela conclusão de curso de nível superior aprovado pelo MEC, ou
uma única gratificação de 8% (oito por cento) pela conclusão de curso em nível de pós-graduação, sendo
que a gratificação referente a pós-graduação substituirá a gratificação pela conclusão de curso de nível
superior, caso existente.
§ 6º No desenvolvimento de atividades típicas de Guarda Municipal os integrantes do nível II terão
precedência hierárquica sobre o nível I, os do nível III sobre os níveis II e I e os Inspetores sobre os níveis
III, II e I, sendo que dentro do mesmo nível, a precedência hierárquica será considerada observando-se
a antiguidade na carreira e as notas finais do curso de formação da Guarda.
§ 7º Aplicam-se aos Agentes da Autoridade de Trânsito e Guardas Patrimoniais, aprovados no Curso
de Formação previsto no art. 10 desta Lei Complementar, no que couber, as disposições dos parágrafos
deste artigo.

Art. 52 O acesso ao nível II, da Guarda Municipal, dependerá de curso de aperfeiçoamento ou


capacitação para Guarda Municipal de no mínimo 60 (sessenta) horas e demais requisitos desta Lei
Complementar, inclusive do previsto no Art.8º, II, desta Lei complementar, sendo que a grade curricular
com o rol de matérias, respectivas cargas horárias e assuntos a serem ministrados deverão constar do
respectivo Plano de Curso a ser aprovado pela Secretaria Municipal de Segurança do Cidadão.
§ 1º O acesso ao nível III da Guarda Municipal se dará da mesma forma prevista no caput.
§ 2º Aplicam-se aos integrantes dos Cursos de Aperfeiçoamento, as mesmas normas estabelecidas
para o Curso de Formação quanto à conduta do ensino.

Art. 53 Além dos Cursos Técnico Profissionais de Formação e Aperfeiçoamento para Guarda
Municipal, a Instituição desenvolverá e/ou, indicará em outras instituições, cursos adicionais voltados ao
exercício do cargo, tendo por objetivo a atualização e o aprimoramento da qualificação profissional de
seus integrantes, sendo que a grade curricular com o rol de matérias, respectivas cargas horárias e
assuntos a serem ministrados deverão constar do respectivo Plano de Curso a ser aprovado pela
Secretaria Municipal de Segurança do Cidadão.
§ 1º Os cursos adicionais constituem-se em pré-requisito para a promoção do Guarda Municipal nível
III para nível Inspetor dentro das vagas ofertadas.
§ 2º Aplicam-se aos cursos adicionais, a mesma norma estabelecida para o Curso de Formação quanto
à conduta do ensino.

Art. 54 As promoções na carreira de Guarda Municipal se darão pela progressão vertical.

Art. 55 A progressão na carreira da Guarda Municipal consiste na passagem do nível I para o II, deste
para o nível III e deste último para o Inspetor, observada a exceção prevista no Art. 48, § 6º desta Lei
Complementar, condicionando ao número de vagas ofertadas, e à disposição orçamentária prevista pela
administração municipal.

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Art. 56 Para a progressão, o critério de "MERECIMENTO" será baseado no tempo de serviço,
disciplina, boa conduta, participação em curso de capacitação/aperfeiçoamento, podendo haver aplicação
de prova escrita de conhecimentos específicos na forma desta Lei Complementar.

Art. 57 A Guarda Municipal, através da Diretoria Administrativa, manterá uma Ficha Funcional para
cada um de seus membros onde constarão todas as alterações relativas à vida profissional do Guarda
Municipal, tais como: data da admissão, matrícula, classificação no curso de formação, recompensas,
punições, referências elogiosas, trabalho voluntário, dispensas médicas, cursos e/ou estágios feitos na
instituição ou em outra instituição desde que de interesse profissional da Guarda Municipal, licenças para
tratamento de saúde ou de interesse particular, e outros dados pessoais, que servirão de base para o
preenchimento do Formulário de Avaliação de Reconhecimento Pessoal e Profissional.

Art. 58 De posse dos dados constantes da Ficha Funcional e da observação diária, o Diretor
Administrativo, expedirá a Ficha de Conceito de cada um dos membros da Guarda Municipal, para a
progressão, considerando o seguinte:
I - capacidade de trabalho - SUPERIOR - NORMAL - INFERIOR;
II - conhecimento Geral - SUPERIOR - NORMAL - INFERIOR;
III - cultura Profissional - SUPERIOR - NORMAL - INFERIOR;
IV - zelo Individual - SUPERIOR - NORMAL - INFERIOR;
V - zelo Profissional - SUPERIOR - NORMAL - INFERIOR.
§ 1º O valor a ser atribuído aos conceitos referidos neste artigo será de 5 (cinco), 3 (três) e 1 (um),
respectivamente, e será lançado na Ficha de Conceito para ser considerado pela Comissão de Promoção
na época da progressão.
§ 2º O Diretor Administrativo deverá enviar as Fichas de Conceito dos concorrentes para progressão
à Comissão de Promoção, 30 (trinta) dias úteis antes da data marcada para a promoção.

Art. 59 Será constituída para deliberar sobre as progressões, a seguinte Comissão de Promoção:
I - Secretário Municipal de Segurança do Cidadão, como Presidente;
II - Corregedor Geral, como membro;
III - Coordenador da Guarda Municipal, como membro;
IV - Diretor Operacional, como membro;
V - Diretor Administrativo, como membro Secretário.
§ 1º A Comissão de Promoção reunir-se-á 15 (quinze) dias úteis antes das datas marcadas para a
promoção, a qual ocorrerá sempre no dia do aniversário do município e dia do servidor público.
§ 2º Após a decisão da Comissão, a progressão se dará por ato do Prefeito Municipal.
§ 3º Os efeitos financeiros da promoção só ocorrerão a partir do 1º dia do mês seguinte à publicação
no Jornal Oficial do Município, da portaria que estabelecer a promoção de cada membro efetivo da Guarda
Municipal.

Art. 60 Para a progressão a Comissão de Promoção tomará como referência para o preenchimento do
Formulário de Avaliação de Reconhecimento Pessoal e Profissional, a Ficha de Conceito emitida pelo
Diretor Administrativo da Guarda Municipal e a Ficha Funcional de cada concorrente.

Art. 61 A Comissão de Promoção emitirá o Formulário de Avaliação de Reconhecimento Pessoal e


Profissional de cada concorrente, tendo por base os seguintes atributos e valores correspondentes:
I - tempo de serviço como Guarda Municipal: 02 (dois) pontos para cada ano ou fração superior a 06
(seis) meses de efetivo serviço;
II - tempo no nível: 01 (um) ponto para cada ano ou fração superior a 06 (seis) meses;
III - curso de Formação Técnico Profissional: 02 (duas) vezes a média final;
IV - curso de aperfeiçoamento para a Guarda Municipal: 02 (duas) vezes a média final;
V - cursos adicionais voltados ao exercício do cargo, no máximo 03 (três), com carga horária mínima
de 100 (cem) horas: 05 (cinco) pontos por curso;
VI - comportamento: 10 (dez) pontos para o excepcional, 05 (cinco) pontos para o ótimo e 2,5 (dois
vírgula cinco) pontos para o bom;
VII - elogio por serviço relevante ou ação meritória: 03 (três) pontos para cada um;
VIII - punições: descontam-se 04 (quatro) e 03 (três) pontos por suspensão e advertência
respectivamente, nos últimos 03 (três) anos e 01 (um) ponto por falta ao serviço não justificada.

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Art. 62 A soma dos pontos expressa a aferição de conhecimentos compatíveis com o acréscimo de
responsabilidade e complexidade existente entre o nível ocupado e o pretendido pelo Guarda Municipal.
§ 1º Havendo empate considera-se o mais antigo e continuando o empate, o de maior idade.
§ 2º A antiguidade se baseia na data de início do serviço na Guarda Municipal e havendo igualdade
de data de início, baseia-se no tempo de serviço prestado no nível.

Art. 63 Para participação da progressão o Guarda Municipal deverá preencher as seguintes condições:
I - ser estável e ter o tempo de serviço mínimo exigido;
II - estar em efetivo exercício das atribuições do cargo;
III - ter cumprido com os deveres funcionais.

Art. 64 O procedimento da progressão será composto das seguintes fases, de caráter eliminatório e/ou
classificatório:
I - aferição de conhecimentos compatíveis com o acréscimo de responsabilidade e complexidade
existente entre o nível ocupado e o pretendido, avaliado em prova escrita;
II - prova de títulos em assuntos de interesse da Guarda Municipal, aprovados pela Secretaria
Municipal de Segurança do Cidadão;
III - pontuação mínima de (3) três pontos da média aritmética do resultado obtido no Formulário de
Avaliação de Reconhecimento Pessoal e Profissional;
IV - ter sido aprovado em exame médico-ocupacional.

Art. 65 Os procedimentos específicos de progressão ocorrerão de acordo com o estipulado no art. 51


e seus parágrafos.

Art. 66 Poderá haver progressão por merecimento "post-mortem", em reconhecimento e homenagem


ao Guarda Municipal que tiver falecido em decorrência de ferimento que tenha a sua causa e efeito
relacionado com o exercício da atividade operacional.

Capítulo II
DO REGIME DISCIPLINAR

Art. 67 O regime disciplinar da Guarda Municipal tem por finalidade especificar e classificar as
transgressões disciplinares, estabelecer normas relativas à aplicação das respectivas punições, voltadas
à classificação do comportamento do integrante da Guarda Municipal e à interposição de recursos, com
base neste Regimento e no Estatuto dos Servidores Públicos Municipais.
Parágrafo Único - Caberá a Corregedoria da Guarda Municipal instruir o procedimento para apuração
de infrações disciplinares do servidor integrante da Guarda Municipal.

Art. 68 A disciplina é o cumprimento dos deveres de cada um dos integrantes da Guarda Municipal,
independentemente dos escalões de comando e em todos os graus da hierarquia.

Art. 69 São manifestações essenciais da disciplina:


I - a obediência às ordens do superior hierárquico;
II - a rigorosa observância às prescrições das leis e regulamentos;
III - primar pela boa apresentação pessoal e a correção de atitudes;
IV - a colaboração espontânea à disciplina coletiva e à eficiência da Guarda Municipal;
V - a consciência das responsabilidades;
VI - a lealdade à instituição que serve;
VII - atendimento ao público em geral, prestando as informações e orientações requeridas, ressalvadas
as protegidas por sigilo;
VIII - o sigilo sobre assuntos da repartição ou de órgãos públicos ou particulares, para os quais
prestarem serviços inerentes à Guarda Municipal;
IX - o zelo pelo uniforme, armamento, munição, equipamento e qualquer outro tipo de material
pertencente ao patrimônio municipal que lhe tenha sido confiado.

Art. 70 Aos componentes da Guarda Municipal em curso, estágio ou especialização aplicam-se as


disposições desta Lei Complementar quanto à disciplina.

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Art. 71 As demonstrações de camaradagem, cortesia e consideração, obrigatórias entre os Guardas
Municipais, devem ser dispensadas aos membros de outras Instituições Municipais, Estaduais e Federais.

Art. 72 Estão sujeitos a este regulamento, além dos membros efetivos da Guarda Municipal:
I - os alunos dos Cursos de Formação da Guarda Municipal;
II - os ocupantes de cargos em comissão da Guarda Municipal, nomeados pelo Prefeito Municipal.

Art. 73 A competência para aplicação das disposições disciplinares contidas neste regulamento é
definida de acordo com a seguinte ordem hierárquica:
I - ao Prefeito Municipal, com relação a todos os integrantes da Guarda Municipal;
II - ao Secretário Municipal de Segurança do Cidadão, em relação a todos os integrantes da Guarda
Municipal;
III - ao Coordenador da Guarda Municipal, com relação a todos os que estiverem sob o seu comando.

Art. 74 Todo integrante da Guarda Municipal que tiver conhecimento de fato contrário aos
regulamentos e à disciplina, deverá comunicá-lo, por escrito, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito)
horas através de queixa ao Coordenador ou a seu superior, conforme envolva subordinado ou superior
do comunicante.
§ 1º A informação deve ser clara, concisa e precisa, contendo todos os dados capazes de identificar
as pessoas envolvidas, o local, a data e a hora da ocorrência e caracterizar as circunstâncias que
envolveram, sem tecer comentários e opiniões pessoais.
§ 2º Quando, para preservação da disciplina e do decoro da instituição, a ocorrência exigir uma pronta
intervenção, mesmo sem possuir ascendência funcional sobre o transgressor, o Guarda Municipal que
presenciar ou tiver conhecimento do fato deverá tomar imediatas providências, dando ciência,
imediatamente, a seu superior hierárquico.
§ 3º Toda queixa deverá ser encaminhada pelo Coordenador ao conhecimento do Corregedor, sob
pena de transgressão em caso de omissão.

Art. 75 A hierarquia é a ordenação constituída pela estrutura da Guarda Municipal, da autoridade em


níveis diferentes.

Art. 76 Entende-se por hierarquia o vínculo que une os integrantes dos diversos níveis de carreira da
Guarda Municipal, subordinando-os uns aos outros, e estabelecendo uma escala, pela qual sob esse
aspecto, são uns em relação aos outros, superiores e subordinados.
§ 1º A hierarquia confere ao superior o poder de dar ordens, de fiscalizar e de rever decisões em
relação ao subordinado.
§ 2º A precedência hierárquica na Guarda Municipal é a seguinte:
I - Prefeito Municipal;
II - Secretário Municipal de Segurança do Cidadão;
III - Coordenador da Guarda Municipal;
IV - Diretor Administrativo;
V - Diretor Operacional;
VI - Guarda Supervisor;
VII - Guarda Inspetor;
VIII - Guarda nível III;
IX - Guarda nível II;
X - Guarda nível I.
§ 3º O Corregedor e o Ouvidor são autônomos e independentes.

Capítulo III
DOS ELOGIOS

Art. 77 Nos atos meritórios praticados pelos integrantes da Guarda Municipal, considerados de
relevância e acima do dever, o Coordenador, após análise cuidadosa, poderá conceder elogio individual,
o qual será publicado em Jornal do Município e registrado nos assentamentos do Guarda Municipal
elogiado.
Parágrafo Único - No caso de ações meritórias do Coordenador ou Diretores da Guarda, o Chefe do
Poder Executivo ou Secretário Municipal de Segurança do Cidadão é quem patrocinará o elogio
procedendo ao que preceitua o caput do artigo.

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Capítulo IV
DOS DEVERES

Art. 78 São deveres específicos do servidor da Guarda Municipal:


I - pautar-se pela verdade;
II - submeter-se a avaliação psicológica para uso de arma de fogo, quando convocado pelo
Coordenador;
III - participar de cursos de capacitação, quando determinado pelo Coordenador;
IV - manter seu condicionamento físico apto;
V - submeter-se a teste de aptidão física, quando convocado, exceto nos casos de incapacidade física
atestada por laudo médico;
VI - manter em dia seu documento de habilitação para condução de veículos automotores;
VII - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
VIII - ser leal à instituição;
IX - observar as normas legais e regulamentares;
X - cumprir as ordens de superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
XI - atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de
interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
XII - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do
cargo;
XIII - zelar pela economia do material e conservação do patrimônio público;
XIV - guardar sigilo sobre assuntos da instituição;
XV - manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
XVI - tratar com urbanidade as pessoas;
XVII - ser assíduo e pontual ao serviço;
XVIII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder;
XIX - atualizar seus dados cadastrais, quando solicitado;
XX - prestar declarações em processo administrativo disciplinar ou de sindicância quando
regularmente intimado.
Parágrafo Único - A representação de que trata o inciso XVIII, deste artigo, será encaminhada pela via
hierárquica e apreciada pela autoridade superior, àquela contra a qual é formulada assegurando-se ao
representado, ampla defesa, com a ciência do Corregedor.

Capítulo V
DAS PROIBIÇÕES

Art. 79 Ao servidor da Guarda Municipal é proibido:


I - ausentar-se do serviço, sem prévia autorização do superior imediato;
II - deixar de comparecer ao serviço, sem causa justificada;
III - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da
instituição;
IV - recusar fé ou fazer constar informação em documento público;
V - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço;
VI - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da instituição ou tornar-se solidário a
tal manifestação;
VII - referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso às autoridades públicas ou aos atos do Poder
Público, mediante manifestação escrita ou oral;
VIII - cometer a pessoa estranha à instituição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de
atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função
pública;
X - participar de gerência ou administração de empresa privada, de sociedade civil, ou exercer o
comércio e, nessa qualidade, transacionar com o Município;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
percepção de vencimentos e vantagens de parentes até 2º grau;

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XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
XIII - praticar usura, sob qualquer de suas formas, no âmbito do serviço público ou fora dele;
XIV - proceder de forma desidiosa;
XV - utilizar pessoal ou recursos materiais da instituição em serviços ou atividades particulares;
XVI - cometer a outro servidor, atribuições estranhas às do cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias;
XVII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
com o horário de trabalho;
XVIII - inserir, ou facilitar a inserção, de dados falsos no sistema de informações;
XIX - trabalhar mal, intencionalmente ou por falta de atenção, em qualquer serviço ou instrução.

Capítulo VI
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES

Art. 80 Transgressão disciplinar é toda violação aos princípios da ética, dos deveres, das obrigações
e das atribuições funcionais dos integrantes da Guarda Municipal.

Art. 81 São transgressões disciplinares todas as ações ou omissões contrárias às normas contidas
nesta Lei Complementar e demais regulamentos, leis ou normas vigentes relativas à Guarda Municipal
ou ao serviço público.

Art. 82 As transgressões, segundo sua intensidade, classificam-se em leves, médias e graves:


I - leves são as transgressões disciplinares a que se comina em advertência;
II - médias são as transgressões disciplinares a que se comina em suspensão;
III - graves são as transgressões disciplinares a que se comina em demissão ou destituição de cargo
ou função comissionada.
Parágrafo Único - A classificação da transgressão compete a quem couber aplicar a penalidade,
considerando a natureza dos fatos e as consequências que possam surgir.

Art. 83 A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua
apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
ampla defesa.

Art. 84 É de competência do Chefe do Poder Executivo, do Secretário Municipal de Segurança do


Cidadão, do Coordenador da Guarda, ou ainda do Corregedor mandar apurar transgressões disciplinares
ou irregularidades em serviço público atribuídas aos seus subordinados.
Parágrafo Único - A denúncia de irregularidade cabe a qualquer cidadão.

SEÇÃO I
DAS PENALIDADES

Art. 85 São penalidades disciplinares:


I - advertência escrita;
II - suspensão;
III - demissão;
IV - destituição de cargo em comissão.

Art. 86 Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração


cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
atenuantes e os antecedentes funcionais.

Art. 87 A advertência será anotada em documento próprio e encaminhado para devido registro.
Art. 88 Aplicar-se-á advertência escrita ao Guarda Municipal que incorrer nas seguintes transgressões
disciplinares:
I - deixar de apresentar-se ao superior hierárquico, estando em serviço;
II - apresentar-se para o serviço com atraso;
III - comparecer ao serviço com uniforme diferente ao daquele que tenha sido designado;
IV - deixar de verificar, com antecedência necessária, a escala de serviço;

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V - deixar de se apresentar à Sede da Guarda Municipal, estando de folga, quando houver necessidade
declarada de serviço extraordinário;
VI - demorar-se na apresentação ao superior, quando chamado para o serviço, ainda que fora das
horas de trabalho;
VII - apresentar-se nas formaturas diárias ou em público:
a) com falta de asseio pessoal;
b) com uniforme em desalinho ou desasseado, portando nos bolsos ou cinto, volumes ou chaveiros
que prejudiquem a imagem da Guarda.
VIII - utilizar-se de veículo oficial sem autorização de quem de direito ou fazê-lo para fins particulares;
IX - usar aparelho telefônico da Guarda Municipal para conversas particulares, sem a devida
autorização;
X - permitir o uso do aparelho telefônico da Guarda Municipal para conversas particulares, sem
registrar o número do aparelho chamado;
XI - deixar de comunicar a quem de direito, transgressão cometida por integrante da Guarda Municipal;
XII - portar ostensivamente, equipamentos ou aprestos, não estando em serviço e fardado;
XIII - usar termos descorteses para com superiores, subordinados, colegas ou particulares;
XIV - procurar resolver assunto referente à disciplina ou serviço que escape de sua alçada;
XV - usar termos de gíria em comunicação, informação ou atos semelhantes;
XVI - deixar de comunicar ao superior, execução de ordem dele recebida;
XVII - alegar desconhecimento, de normas publicadas no Jornal do Município, bem como das Normas
Gerais de Ação ou qualquer ordem baixada por documento legal;
XVIII - revelar indiscrição, em linguagem falada ou escrita;
XIX - perturbar locais onde é exigido silêncio;
XX - portar-se inconvenientemente em solenidades ou reuniões sociais;
XXI - deixar de trazer consigo a credencial de Guarda Municipal e respectiva cédula de identidade
quando de serviço regular;
XXII - afastar-se do posto de vigilância ou de qualquer lugar, em que se deva achar por força de ordem;
XXIII - deixar de comunicar ao superior imediato, em tempo oportuno:
a) as ordens que tiver recebido, sobre pessoal ou material;
b) os casos atendidos durante o turno de serviço;
c) estragos ou extravios de qualquer material da Guarda Municipal que tenha sob sua
responsabilidade;
d) os recados telefônicos ou pessoais;
XXIV - fumar:
a) no atendimento ao público;
b) em local que tal seja vedado.
XXV - tratar de assuntos particulares durante o serviço, sem a devida autorização;
XXVI - faltar com o devido respeito às autoridades civis, militares e eclesiásticas;
XXVII - retirar-se da presença de superior hierárquico, sem pedir a necessária licença;
XXVIII - simular doença para obter dispensa de serviço, licença ou qualquer outra vantagem;
XXIX - permitir a permanência de pessoas estranhas ao serviço, nos locais em que isso seja vedado;
XXX - entreter-se ou preocupar-se com atividades estranhas ao serviço durante as horas de trabalho;
XXXI - ponderar ordens ou orientações de qualquer natureza;
XXXII - imiscuir-se em assuntos que embora sejam da Guarda Municipal, não de sua competência;
XXXIII - interceder por conhecidos autuados por infração de trânsito;
XXXIV - deixar de apresentar no tempo determinado:
a) as autoridades, no caso de requisição, para depor ou prestar declarações;
b) no local determinado por superior hierárquico, em ordem manifestamente legal;
XXXV - dirigir-se ou referir-se ao superior, de modo inadequado ou desrespeitoso;
XXXVI - não ter o devido zelo, com qualquer material que lhe seja confiado;
XXXVII - dirigir-se verbalmente ou por escrito, à superior, sem ser por intermédio daquele a quem
estiver direta ou indiretamente subordinado;
XXXVIII - criticar ato praticado por superior hierárquico;
XXXIX - queixar-se ou representar, sem observar as prescrições regulamentares;
XL - usar equipamento ou uniforme que não seja regulamentar no período de serviço;
XLI - omitir ou retardar, a comunicação de mudança de residência;
XLII - usar no uniforme, insígnias de sociedade particular, associação religiosa, política, esportiva ou
quaisquer outras não regulamentares;
XLIII - retirar sem permissão, documento, livro ou objeto existente na repartição ou local de trabalho;

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XLIV - perambular ou permanecer uniformizado, quando de folga, em logradouros públicos;
XLV - sobrepor os interesses particulares, aos da instituição;
XLVI - deixar de manter em dia os seus assentamentos, ou de sua família na seção pessoal, e no
prontuário da instituição;
XLVII - deixar de atender a reclamação justa de subordinado, ou impedi-lo de recorrer à autoridade
superior, sempre que a intervenção desta se torne indispensável;
XLVIII - deixar de prestar informações que lhe competirem;
XLIX - dar a superior, tratamento íntimo verbal ou por escrito;
L - atrasar sem motivo justificável:
a) a entrega de objetos achados;
b) a prestação de contas de pagamentos;
c) o encaminhamento de informações e documentos;
d) a entrega de equipamento e outros destinados ao serviço.
LI - utilizar equipamento de serviço sem necessidade;
LII - violação de proibição constante no art. 79, incisos I a VIII e XIX.

Art. 89 Aplicar-se-á a penalidade de suspensão ao servidor da Guarda Municipal que incorrer nas
seguintes transgressões disciplinares:
I - deixar de assumir a responsabilidade de seus atos ou dos subordinados que agirem em
cumprimento de suas ordens;
II - dirigir veículo com imperícia, imprudência ou negligência ou praticando infração de trânsito mesmo
que não venha causar acidente estando de serviço;
III - revelar falta de compostura por atitudes ou gestos, estando de uniforme;
IV - esquivar-se de satisfazer compromisso pecuniário ou de ordem moral;
V - entrar uniformizado, não estando em serviço em:
a) boates, cabarés ou casas semelhantes;
b) locais de prostituição;
c) locais considerados suspeitos;
d) clubes de carteado;
e) salões de bilhar e de jogos semelhantes;
f) outros locais que, pela localização, frequência, finalidade ou habituais, possam comprometer a
austeridade e o bom nome da classe.
VI - deixar de comunicar a Polícia Militar e/ou Civil os crimes e contravenções que presenciar;
VII - infringir maus tratos aos seus familiares ou a pessoa com quem tenha contato durante o serviço;
VIII - deixar de comunicar ao superior, falta grave de que tenha conhecimento;
IX - deixar de prestar auxílio que estiver ao seu alcance a necessitados;
X - apropriar-se de material da instituição para uso particular;
XI - ingerir bebidas alcoólicas estando em serviço;
XII - tentar introduzir bebidas alcoólicas em dependência da instituição ou em repartição pública;
XIII - induzir superior a erro ou engano, mediante informações inexatas;
XIV - negar-se a receber uniforme e/ou objeto que lhe sejam destinados regularmente, ou que devam
ficar em seu poder;
XV - permutar e/ou faltar serviço sem permissão e/ou justificativa;
XVI - solicitar interferência de pessoas estranhas a Guarda Municipal, a fim de obter para si ou outrem,
qualquer vantagem ou benefícios;
XVII - faltar com a verdade;
XVIII - apresentar comunicação, representação ou queixas, destituídas de fundamentos;
XIX - concorrer para discórdia ou desavença entre os componentes da instituição;
XX - fazer uso de armas sem que haja necessidade para tal;
XXI - fornecer notícias à imprensa sobre serviços que atender ou de que tenha conhecimento, quando
o caso exigir sigilo;
XXII - divulgar decisão, despacho, ordem ou informação, antes de publicadas;
XXIII - aconselhar para que não seja cumprida ordem legal, ou retardar a sua execução;
XXIV - ofender ou ameaçar superiores, pares e subordinados, com palavras ou gestos;
XXV - exercer atividades incompatíveis com a função de Guarda Municipal, quando fora de serviço;
XXVI - deixar de entregar à autoridade superior, objeto achado ou que lhe venha para mãos em razão
de suas funções;
XXVII - proceder de forma a colocar em dúvida a integridade da instituição;

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XXVIII - emprestar a pessoas estranhas a Guarda Municipal, distintivos, peças do uniforme,
equipamento, ou qualquer material pertencente à instituição, sem permissão de quem de direito;
XXIX - deixar abandonado o posto de vigilância ou setor de serviço seja por não assumi-lo ou
abandoná-lo, mesmo que temporariamente;
XXX - dormir durante as horas de trabalho;
XXXI - espalhar notícias falsas em prejuízo da ordem, da disciplina ou do bom nome da instituição;
XXXII - ofender com gestos ou palavras, a moral e os bons costumes;
XXXIII - usar linguagem ofensiva ou injuriosa em requerimento, comunicação, informação ou ato
semelhante;
XXXIV - deixar por culpa ou dolo que extravie, deteriore ou estrague material da Guarda Municipal,
sob sua guarda ou responsabilidade direta;
XXXV - fazer propaganda político-partidária, em dependência da Guarda Municipal ou outra repartição
pública;
XXXVI - utilizar-se do anonimato;
XXXVII - entrar ou permanecer em comitê político ou comícios, estando uniformizado, salvo em
situação de serviço;
XXXVIII - deixar o cartão de identificação profissional com pessoas estranhas a instituição;
XXXIX - introduzir, distribuir, ou tentar fazê-lo, em dependência da Guarda Municipal, ou em lugar
público, estampas e publicações que atentem contra a disciplina e moral;
XL - dar, alugar, penhorar, ou vender, peças do uniforme ou de equipamento, novas ou usadas;
XLI - promover desordem em local público ou não;
XLII - subtrair em benefício próprio ou de outrem, documento de interesse da Administração;
XLIII - recusar-se a auxiliar as autoridades públicas ou seus agentes, que estejam nos exercícios de
suas funções, e que em virtude destas, necessitem de auxílio;
XLIV - recusar-se obstinadamente a cumprir ordem legal dada por autoridade competente;
XLV - censurar, pela imprensa ou por qualquer outro meio de comunicação, as autoridades
constituídas, superior hierárquico ou criticar ato da Administração;
XLVI - deixar de atender pedido de socorro;
XLVII - omitir-se em atender ocorrência em locais de trabalho de alto risco;
XLVIII - praticar atos obscenos em lugar público;
XLIX - pedir ou aceitar por empréstimo, dinheiro ou outro qualquer valor a pessoa que:
a) trate de interesse próprio na repartição;
b) esteja sujeito a sua fiscalização.
L - apresentar-se publicamente em visível estado de embriaguez, estando uniformizado;
LI - adulterar qualquer espécie de documento em proveito próprio ou alheio;
LII - aliciar, ameaçar ou coagir parte, testemunha ou perito que funcione em processo administrativo
ou judicial.

Art. 90 A suspensão poderá ser aplicada de 01 (um) a 90 (noventa) dias, com perda da remuneração
no período de cumprimento da pena, após devido processo legal, sendo-lhe assegurado o direito a ampla
defesa.

Art. 91 Aplicar-se-á a penalidade de demissão ou destituição do cargo em comissão, após processo


ordinário disciplinar, onde será assegurada ampla defesa, com prazo para impugnação da imputação de
15 (quinze) dias, a aquele que incorrer nas seguintes transgressões:
I - acumulação proibida de cargo ou função pública;
II - ingressar qualquer guarda no mau comportamento antes de completar 03 (três) anos de serviço;
III - praticar crime contra a Administração Pública, a Fé Pública, ou os previstos nas leis relativas à
Segurança e a Defesa Nacional;
IV - lesar os cofres municipais ou dilapidar o patrimônio público;
V - trazer consigo ou usar entorpecentes;
VI - introduzir entorpecentes em dependência da Guarda Municipal, em outras repartições, ou facilitar
sua introdução;
VII - prestar declarações falsas, a fim de obter vantagem econômica para si ou para outrem;
VIII - abandono de cargo;
IX - inassiduidade habitual;
X - improbidade administrativa;
XI - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
XII - insubordinação grave em serviço;

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XIII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de
outrem;
XIV - aplicação irregular de dinheiro público;
XV - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
XVI - violação de proibição constante no art. 79, incisos IX a XVIII.

Art. 92 As transgressões disciplinares de advertência e suspensão serão canceladas em 03 (três) e 05


(cinco) anos respectivamente, se o servidor da Guarda Municipal não houver, nesse período, praticado
nova transgressão disciplinar.
Parágrafo Único - O cancelamento das transgressões disciplinares de que trata o presente artigo, irá
influenciar na categoria de comportamento do Guarda Municipal, que deverá ser atualizado pelo Diretor
Administrativo da Guarda Municipal.

Art. 93 Na aplicação das penalidades previstas nesta Lei Complementar, obrigatoriamente, serão
mencionados:
I - autoridade que aplicar a penalidade;
II - a competência legal para sua aplicação;
III - a transgressão cometida, em termos precisos;
IV - a natureza da penalidade e o número de dias, quando se tratar de suspensão;
V - o nome do Guarda Municipal;
VI - o texto desta Lei Complementar ou de outras leis ou normas que incidiu o transgressor;
VII - as circunstâncias atenuantes e agravantes se houverem, com indicação dos respectivos números,
parágrafos e artigos;
VIII - a categoria de comportamento em que ingressa ou permanece o transgressor.

Art. 94 A imposição, cancelamento ou anulação da penalidade e alteração da categoria de


comportamento, deverá, obrigatoriamente, ser lançado no prontuário do servidor da Guarda Municipal.

Art. 95 Não poderá ser imposta mais de uma penalidade para cada infração disciplinar.
Parágrafo Único - Nenhuma penalidade de suspensão, demissão ou destituição do cargo em
comissão, será aplicada sem observância do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, bem como dos
dispositivos desta Lei Complementar.

Art. 96 Na ocorrência de várias transgressões, sem conexão entre si, a cada uma será aplicada a
penalidade correspondente.
Parágrafo Único - Ocorrendo a hipótese prevista no caput, as de menor importância disciplinar serão
consideradas circunstâncias agravantes das transgressões mais graves.

Art. 97 As penas aplicadas serão cumpridas a partir da data estipulada por quem aplicou.
§ 1º Encontrando-se o punido suspenso, a pena será cumprida após se concluir a anterior.
§ 2º Encontrando-se o punido afastado legalmente, a penalidade será cumprida, a partir da data que
tiver que reassumir.

SEÇÃO II
DA COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES E CIRCUNSTANCIAS QUE
INFLUEM NO JULGAMENTO

Art. 98 É de competência do Prefeito Municipal aplicar as penas de demissão e destituição do cargo


de provimento em comissão em conformidade com o disposto nesta Lei Complementar, sendo a pena de
suspensão aplicada pelo Secretário Municipal de Segurança do Cidadão e as demais penalidades, pelo
Coordenador da Instituição.

Art. 99 Influem no julgamento da transgressão:


I - as seguintes causas de justificação:
a) motivo de força maior plenamente comprovado e justificado;
b) ter sido cometida a transgressão, na prática de ação meritória, no interesse do serviço, da ordem
ou do sossego público;
c) ter sido cometida a transgressão em legítima defesa própria, ou de outrem;
d) ter sido cometida a transgressão em obediência à ordem superior, não manifestamente ilegal.

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II - as seguintes circunstâncias atenuantes:
a) o bom, ótimo e excelente comportamento;
b) relevância da prática do serviço;
c) falta de prática do serviço;
d) ter sido cometida a transgressão para evitar um mal maior;
e) ter sido cometida a transgressão em defesa própria de seus direitos, ou de outrem;
f) ter sido confessada espontaneamente a transgressão, quando ignorado ou imputada a outrem.

III - as seguintes circunstâncias agravantes:


a) mau comportamento;
b) prática simultânea de duas ou mais transgressões;
c) conluio de duas ou mais pessoas;
d) ser praticada a transgressão durante a execução de serviço;
e) ser cometida a transgressão em presença de subordinado;
f) ter abusado o transgressor de sua autoridade hierárquica ou funcional;
g) ter sido praticada transgressão premeditadamente;
h) ter sido praticada transgressão, em presença de formatura ou em público.

Parágrafo Único - Não haverá punição quando no julgamento da transgressão, for reconhecido
qualquer causa de justificação.

SEÇÃO III
DA PRESCRIÇÃO

Art. 100 A ação disciplinar prescreverá:


I - em 05 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou
disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II - em 02 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido pela autoridade
competente para agir.
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
também como crime.
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo administrativo disciplinar interrompe a
prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a
interrupção.

Capítulo VII
DA CLASSIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO

Art. 101 Considera-se de:


I - excelente comportamento, o Guarda Municipal que no período de 06 (seis) anos, não haja sofrido
qualquer penalidade;
II - ótimo comportamento, o Guarda Municipal que no período de 03 (três) anos, haja sofrido apenas
01 (uma) advertência;
III - bom comportamento, o Guarda Municipal que no período de 02 (dois) anos, haja sofrido apenas
01 (uma) advertência;
IV - regular comportamento, o Guarda Municipal que no período de 01 (um) ano, haja sofrido
suspensões que somadas não ultrapassem o total de 08 (oito) dias;
V - mau comportamento, o Guarda Municipal que no período de 01 (um) ano, haja sofrido suspensões
que somadas ultrapassem o total de 08 (oito) dias.
Parágrafo Único - Bastará 01 (uma) advertência, além dos limites acima estabelecidos, para alterar a
categoria de comportamento.

Art. 102 Para os efeitos de comportamento as penalidades são conversíveis uma às outras, da
seguinte forma: 02 (duas) advertências equivalem a 01 (um) dia de suspensão.

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Art. 103 A melhoria do comportamento far-se-á automaticamente de acordo com os prazos
prescricionais estabelecidos nesta Lei Complementar.

Art. 104 A contagem do prazo para melhoria de comportamento deve ser iniciada a partir da data que
expirar efetivamente, o cumprimento da penalidade.

Art. 105 A cada 02 (dois) elogios, previsto no art. 77 deste Estatuto e devidamente registrado nos
assentamentos funcionais e publicado no órgão de imprensa oficial do Município, será anulada
automaticamente 01 (uma) advertência e a cada 03 (três) elogios será anulado 01 (um) dia de suspensão.

Capítulo VIII
DA COMISSÃO DE SINDICÂNCIA E PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.

Art. 106 A Comissão de Sindicância terá como função apurar infrações disciplinares e identificar seus
autores, atribuídas aos integrantes da Guarda Municipal, com a responsabilidade de ao final do processo,
emitir relatório circunstanciado sobre tudo o que foi apurado, opinando pelo arquivamento ou
encerramento da sindicância e abertura de processo administrativo disciplinar, informando os dispositivos
burlados e individualizando as responsabilidades, na conformidade com o disposto nesta Lei
Complementar.

Art. 107 A Comissão de Sindicância e Processo Administrativo será formada por três servidores
efetivos indicados pelo Corregedor, com formação na área de direito e nomeados pelo Secretário
Municipal de Segurança do Cidadão, aos quais será atribuída gratificação de função equivalente a 7,43
UFM cada, por processo concluído.
Parágrafo Único - Além da gratificação prevista no caput deste artigo, durante as reuniões ou
diligências da Comissão, os seus integrantes ficarão dispensados de suas funções e do registro de ponto.

Art. 108 Ao final do processo administrativo disciplinar, caberá ao Procurador Geral do Município
designar um Procurador efetivo para analisar o processo quanto a sua legalidade e regularidade,
observados a ampla defesa e o contraditório, conforme o disposto nesta Lei Complementar e no Estatuto
dos Servidores Públicos Municipais.
Parágrafo Único - A título de gratificação, receberá o Procurador nomeado, a soma equivalente a 6,61
UFM por processo administrativo disciplinar.

Capítulo IX
DA CONCLUSÃO E REVISÃO DO PROCESSO

Art. 109 Todo processo deverá ser concluído no prazo estabelecido na portaria que mandar apurar a
transgressão, podendo ser prorrogado ou reaberto prazo pela autoridade mediante solicitação da
Comissão, e a penalidade deve ser lançada nos assentos funcionais do infrator, sendo os procedimentos
de apuração regulares aqueles previstos nesta Lei Complementar ou na legislação competente.

Art. 110 Somente se admitirá revisão de processo, além do previsto na Lei nº 2960/95, e suas
modificações posteriores, quando:
I - a penalidade for contrária a lei vigente no tempo em que for proferida;
II - a penalidade tiver como fundamento depoimentos manifestamente falsos;
III - no processo houver sido preterida formalidade substancial, como evidentes prejuízos da defesa
do acusado;
IV - a penalidade for aplicada, contrariando a evidência dos autos;
V - após cumprimento da penalidade, se forem descobertas novas e irrecusáveis provas de inocência
do acusado.

Art. 111 O reconhecimento da injustiça de uma penalidade disciplinar isentará o punido de seus efeitos.
Parágrafo Único - Em caso de isenção, caberá ao Chefe do Poder Executivo Municipal, ao Secretário
Municipal de Segurança do Cidadão ou ao Coordenador da Guarda Municipal, anulá-la.

Art. 112 O prazo para que o acusado apresente seu pedido de revisão é previsto na Lei nº 2960/95.

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TITULO III
DA DIVULGAÇÃO DOS ASSUNTOS RELATIVOS À INSTITUIÇÃO
Capítulo I
DA PUBLICIDADE DOS ATOS DA INSTITUIÇÃO

Art. 113 Os assuntos da Guarda Municipal, publicados no órgão oficial de imprensa do Município de
Itajaí são oficiais para todos os efeitos.

Capítulo II
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 114 Dentro de até 180 (cento e oitenta) dias da publicação desta Lei Complementar, deverá ser
elaborado o Regulamento Interno e o de Uniformes da Guarda Municipal, apresentado pela Secretaria
Municipal de Segurança do Cidadão, respeitadas as disposições desta Lei Complementar, sendo
aprovados pelo Chefe do Poder Executivo através de Decreto.

Art. 115 As atribuições dos Guardas Patrimoniais de que trata a legislação municipal, ficam restritas,
exclusivamente, a partir da vigência desta Lei Complementar, à vigilância interna de prédios públicos
municipais.
Parágrafo Único - No anexo I-B da Lei Complementar nº 130, de 02 de abril de 2.008, quando trata
das atribuições do Guarda Patrimonial, onde se lê: "Efetuar policiamento interno e externo das instalações
municipais, segurança interna dos funcionários e mercadorias existentes no interior do órgão.", passa-se
a ler: "Efetuar vigilância interna das instalações municipais, segurança interna dos funcionários e
mercadorias existentes no interior do órgão."

Art. 116 Ficarão acrescidas as atribuições previstas nesta Lei Complementar aos Agentes da
Autoridade de Trânsito e Guardas Patrimoniais que se inscreverem e forem aprovados no Curso de
Formação de Guarda Municipal, previsto no art. 10, desde que preenchidas as exigências do art. 7º da
presente, aos quais, neste caso, serão atribuídos os direitos, vantagens, obrigações e restrições
consignados na presente Lei Complementar.
Parágrafo Único - A inscrição no Curso de Formação de Guarda Municipal, referido no caput, é
facultativa aos Agentes da Autoridade de Trânsito e Guardas Patrimoniais, podendo ocorrer apenas no
primeiro Curso de Formação da Guarda Municipal após a publicação da presente Lei Complementar,
sendo que os que optarem por não se inscreverem, ou inscritos não lograrem aprovação no referido curso,
permanecerão na situação jurídica e funcional em que se encontram, no seu respectivo quadro funcional,
e com as mesmas atribuições existentes anteriormente a esta Lei Complementar.

Art. 117 Para a consecução dos objetivos, atribuições, aperfeiçoamento e cumprimento de quaisquer
dispositivos da presente Lei Complementar, fica o Município, através da Secretaria Municipal de
Segurança do Cidadão autorizado a firmar convênios ou contratos, acordos, protocolos de intenção ou
qualquer outro ajuste, observadas as normas legais existentes.

Art. 118 O Chefe do Poder Executivo Municipal, se necessário, poderá expedir por Decreto, normas
regulamentadoras de qualquer dispositivo desta Lei Complementar.

Art. 119 Os adicionais previstos nesta Lei Complementar devem ser identificados em separado do
vencimento, aplicando-se aos mesmos as incidências do regime próprio de previdência municipal,
administrado pelo Instituto de Previdência de Itajaí - IPI, não se incorporando, no entanto, ao vencimento.

Art. 120 As funções gratificadas e gratificações previstas nesta Lei Complementar são destinadas,
exclusivamente, a servidor efetivo, devendo também ser identificadas em separado do vencimento, sendo
devidas apenas durante o exercício da função, perdendo tal gratificação quando da exoneração ou
destituição da função gratificada e não se incorporando ao vencimento ou aposentadoria para qualquer
efeito, nem para o cálculo da licença prêmio.
§ 1º No caso de afastamento, por qualquer motivo, do exercício da função gratificada, por prazo
superior a 30 (trinta) dias, o designado perderá o direito a receber tal gratificação durante o afastamento,
podendo ser designado outro servidor efetivo para tal função.
§ 2º O pagamento do 13º salário ou gratificação natalina e bem assim a incidência sobre as férias, no
que se refere à função gratificada, será proporcional ao número de meses de exercício.

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Art. 121 Às verbas das férias anuais e ao 13º salário ou gratificação natalina, aplicam-se o disposto no
Estatuto dos Servidores Públicos Municipais.

Art. 122 Os valores mencionados em moeda corrente, nesta Lei Complementar, serão
automaticamente corrigidos em face de revisão ou reajuste concedidos aos servidores municipais, a partir
da vigência desta Lei Complementar.

Art. 123 As despesas decorrentes da presente Lei Complementar correrão por conta das dotações
orçamentárias próprias.

Art. 124 Esta Lei Complementar entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições
em contrário.

Prefeitura Municipal de Itajaí, 25 de novembro de 2014.


JANDIR BELLINI
Prefeito Municipal
ROGÉRIO NASSIF RIBAS
Procurador-Geral do Município

ANEXO I
CARGOS EFETIVOS DA GUARDA MUNICIPAL

ANEXO II
CARGOS COMISSIONADOS

Questões

01. São requisitos básicos para investidura em cargo público na Guarda Municipal, exceto:
(A) a nacionalidade brasileira;
(B) o gozo dos direitos políticos;
(C) a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
(D) a idade mínima de dezesseis anos completos;
(E) aptidão física, mental e psicológica;

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02. Nos termos da Lei complementar nº 274/2014, julgue o item a seguir:

O servidor da Guarda Municipal nomeado para o cargo de provimento efetivo, ficará sujeito a estágio
probatório pelo período de 02 (dois) anos, sendo condição para adquirir estabilidade a avaliação
semestral de desempenho por comissão designada pelo Secretário de Segurança do Cidadão, para esse
fim.
( ) Certo ( ) Errado

03. De acordo com o que dispõe a Lei complementar nº 274/2014, julgue o item a seguir:

O uniforme é o símbolo da autoridade e o seu uso correto é o elemento primordial na boa apresentação
individual e coletiva do pessoal da Guarda Municipal, constituindo-se em importante fator para o
fortalecimento da disciplina e da hierarquia, o desenvolvimento do espírito de corpo e o bom conceito da
Guarda Municipal junto à sociedade.

( ) Certo ( ) Errado

04. A disciplina é o cumprimento dos deveres de cada um dos integrantes da Guarda Municipal,
independentemente dos escalões de comando e em todos os graus da hierarquia. Neste contexto, são
manifestações essenciais da disciplina:
I - a obediência às ordens do superior hierárquico;
II - a colaboração espontânea à disciplina coletiva e à eficiência da Guarda Municipal;
III - atendimento ao público em geral, prestando as informações e orientações requeridas, sem
exceções;
IV - o zelo pelo uniforme, armamento, munição, equipamento e qualquer outro tipo de material
pertencente ao patrimônio municipal que lhe tenha sido confiado.

Está(ão) INCORRETA(s) somente:


(A) a afirmativa I.
(B) a afirmativa II.
(C) a afirmativa III.
(D) as afirmativas I e II.
(E) as afirmativas II e III.

05. De acordo com a Lei Complementar nº 274/2014, são deveres específicos do servidor da Guarda
Municipal:
(A) ausentar-se do serviço, sem prévia autorização do superior imediato;
(B) submeter-se a avaliação psicológica para uso de arma de fogo, quando convocado pelo
Coordenador;
(C) deixar de comparecer ao serviço, sem causa justificada;
(D) cumprir as ordens de superiores, inclusive quando manifestamente ilegais;

Respostas

01. Resposta: D
Art. 7º, da Lei.

02. Resposta: Errado


Art. 29, da Lei. O período é de 3 (três) anos.

03. Resposta: Certo


Art. 38, parágrafo único, da Lei.

04. Resposta: C
Art. 69, da Lei. Não devem ser prestadas as informações protegidas pelo sigilo.

05. Resposta: B
Art. 78, II, da Lei.

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Noções de Direito Penal (Decreto-lei n° 2.848/1940 - Código Penal).

A vida em sociedade exige um complexo de normas disciplinadoras que estabeleça as regras


indispensáveis ao convívio entre os indivíduos que a compõem. O conjunto dessas regras, denominado
direito positivo, que deve ser obedecido e cumprido por todos os integrantes do grupo social, prevê as
consequências e sanções aos que violarem seus preceitos. À reunião das normas jurídicas pelas quais o
Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, estabelecendo ainda os princípios
gerais e os pressupostos para a aplicação das penas e das medidas de segurança, dá-se o nome de
Direito Penal.
O direito penal é o segmento do ordenamento jurídico que detém a função de selecionar os
comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco valores
fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como infrações penais, imputando-lhes, em
consequência, as respectivas sanções além de estabelecer todas as regras complementares e gerais
necessárias à sua correta e justa aplicação.
A expressão Direito Penal, porém, designa também o sistema de interpretação da legislação penal, ou
seja, a Ciência do Direito Penal, conjunto de conhecimentos e princípios ordenados metodicamente, de
modo que torne possível a elucidação do conteúdo das normas e dos institutos em que eles se agrupam,
com vistas em sua aplicação aos casos ocorrentes, segundo critérios rigorosos de justiça.
O objetivo do Direito Penal é proteger os valores fundamentais para a subsistência do corpo social,
tais como a vida, a saúde, a liberdade, a propriedade etc., denominados bens jurídicos.
Essa proteção é exercida não apenas pela intimidação coletiva, mais conhecida como prevenção geral
e exercida mediante a difusão do temor aos possíveis infratores do risco da sanção penal, mas, sobretudo
pela celebração de compromissos éticos entre o Estado e o indivíduo, pelos quais se consigna o respeito
às normas, menos por receio de punição e mais pela convicção da sua necessidade e justiça.
Como o Estado não pode aplicar as sanções penais arbitrariamente, na legislação penal são definidos
esses fatos graves, que passam a ser ilícitos penais (crimes e contravenções), estabelecendo-se as
penas e as medidas de segurança aplicáveis aos infratores dessas normas.
Assim, àquele que pratica um homicídio simples, será aplicada a pena de seis a vinte anos de reclusão;
o inimputável que comete um ilícito penal será submetido a uma medida de segurança; ao chamado semi-
imputável poder-se-á aplicar uma pena ou submetê-lo a uma medida de segurança, etc.
O Código Penal vigente no Brasil, que nos traz as regras mencionadas acima, foi criado pelo Decreto-
lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, pelo então presidente Getúlio Vargas durante o período do Estado
Novo, tendo como ministro da justiça Francisco Campos. O atual código é o 3º da história do Brasil e o
mais longo em vigênciaː os anteriores foram os de 1830 e 1890. Apesar da criação em 1940, o atual
Código só entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 1942 (artigo 361).

Feitas tais considerações, vamos estudar a seguir os principais dispositivos do Código Penal,
que possuem maior incidência em concursos públicos.

DA APLICAÇÃO DA PENA

Diz o Código Penal acerca da aplicação da lei penal:

ANTERIORIDADE DA LEI

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.

O teor da norma contida no artigo 1.º do Código Penal desdobra-se em dois enunciados tidos como
garantias fundamentais no direito penal: a) o princípio da legalidade (reserva legal) e b) o da
anterioridade da lei penal.

a) Princípio da Legalidade: Além de previsto no Código Penal, o princípio da legalidade foi também
recepcionado na Constituição Federal, sendo nela destacado em seu art. 5.º, inc. XXXIX, arrolado entre
as garantias fundamentais da Constituição Federal. Ele significa, em resumo, que somente a lei em
sentido estrito pode descrever crimes e cominar penas.

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Por consequência, a reserva exclusiva da lei na disciplina da norma penal impede que os demais textos
legais (Decretos, Medidas Provisórias, etc) sejam manejados para descrição de crimes e fixação de
penas, assim como para a regulação dos institutos contidos na Parte Geral do Código Penal.
Nesse aspecto, aliás, há tempos a doutrina destaca, de forma uníssona, que a Medida Provisória não
pode versar sobre matéria de direito penal.
Outro aspecto relevante sobre o princípio da legalidade é a exigência de que a lei deve ser taxativa na
descrição do delito, contendo condutas certas. A taxatividade da norma repugna o tipo delineado de forma
vaga e indeterminada. A cominação da sanção, do mesmo modo, também não pode ser vaga, indefinida,
sem definição de limites mínimos e máximos de pena.
As normas penais em branco (aquelas que exigem complementação por outras normas, de igual nível
[leis] ou de nível diverso [decretos, regulamentos etc.]). Não ferem o princípio da reserva legal.

b) Princípio da anterioridade da lei penal: Por tal princípio, a norma penal (diga-se, a mais severa)
só se aplica aos fatos praticados após sua vigência. Novamente neste ponto a Constituição Federal
recepcionou tal garantia penal, pois prevista no inciso XL do seu art. 5.º, nos seguintes termos: “a lei penal
não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
Diz-se de tal princípio que ele implica também na irretroatividade da lei penal, já que ela não alcançará
os fatos praticados antes de sua vigência, ainda que venham a ser futuramente tidos como crime (salvo
a exceção do art. 2º, parágrafo único, do Código Penal que será discutida abaixo).

EFICÁCIA DA LEI PENAL

A lei penal, assim como as demais leis nasce, vive e morre e tem efeito em um determinado espaço
geográfico. A isso chama-se eficácia, que pode ser temporal ou geográfica, como se passa a estudar.

Eficácia Temporal

A lei penal para ter vigência precisa ser sancionada, promulgada e publicada. Após a publicação a lei
já pode surtir efeito, hipótese em que seu próprio texto prevê “essa lei entra em vigor na data de sua
publicação”.
Pode ainda ser outro o momento do efeito, basta que o texto legal expresse quando ela passa a vigorar.
Caso o texto seja silente, então, aplica-se a regra geral contida no art. 4º da Lei de Introdução do
Código Civil que diz que, não havendo determinação expressa, a lei entra em vigor 45 dias após a sua
publicação.
Esse período entre a publicação e a eficácia da lei, chama-se vacatio legis.
Uma vez em vigor, a lei somente para de surtir efeito com a revogação. São duas as formas de
revogação, a saber:

Ab-rogação: extinção total da lei;

Derrogação: extinção parcial da lei, quando apenas parte da lei é revogada, um artigo, por exemplo.

A revogação pode ser expressa ou tácita.


Na primeira, a lei nova diz expressamente que a lei anterior está revogada. Na segunda, embora a lei
nova não diga que a anterior está revogada, elas são incompatíveis.
Algumas leis têm seu fim determinado desde o início de sua vigência. É o caso da lei temporária e da
lei excepcional.
A lei temporária é aquela que traz em seu próprio corpo a data de sua revogação;
Já a lei excepcional é aquela que tem sua vigência condicionada à determinada condição. Ex: guerra,
calamidade pública, etc.
Essas leis são chamadas de autorrevogáveis, posto que a lei temporária se autorrevoga na data
estabelecida e a lei excepcional se autorrevoga assim que os motivos que ensejaram sua criação
terminam.

CONFLITOS DE LEI NO TEMPO

A eficácia da lei está situada entre sua entrada em vigor e a revogação. Logo, em regra, não atinge
fatos anteriores à sua vigência e nem posteriores a sua revogação, por causa do princípio que prega que
o tempo rege o ato.

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O conflito da lei no tempo surge quando a pessoa comete o crime na vigência de uma lei e é julgado
na vigência de outra, ou quando o comportamento se dá na vigência de uma lei e o resultado na vigência
de outra.
Para solucionar o conflito é preciso atentar para dois princípios, quais sejam:

Princípio da irretroatividade da lei penal mais severa: prega que a lei que agrava a situação do réu
não pode ser retroativa, ou seja, não pode ser aplicada a fatos passados.
Assim, se alguém comete um crime sob a vigência de uma lei e, posteriormente entra em vigor lei mais
severa, essa não retroagirá, ou seja, o sujeito irá responder pela lei mais benigna que, no caso
apresentado, é a anterior, a que vigia ao tempo da ação ou omissão.
Assim, pode-se dizer que a lei mais benéfica é dotada de ultra atividade, que é a capacidade que tem
a lei de surtir efeito mesmo após sua revogação.

Princípio da retroatividade da lei mais benigna: ao contrário da lei mais severa, a lei que favorece
o réu é retroativa.
Imagine que um sujeito cometeu um crime com pena abstrata de 10 a 15 anos. Alguns meses depois,
entra em vigor uma lei que prevê para o mesmo crime pena abstrata de 05 a 10 anos. Essa lei, por ser
mais benéfica, retroage, ou seja, o sujeito, embora tenha cometido o crime sob a égide da lei mais severa,
irá responder pela lei mais benéfica.
É o que se chama de extra-atividade, qualidade que possui a lei de surtir efeito para casos ocorridos
antes de sua vigência.

RESUMINDO:
1. A lei mais benéfica é retroativa, ultra-ativa e extra-ativa.
2. A lei mais severa é irretroativa, não ultra-ativa e não extra-ativa

O conflito de leis no tempo pode ocorrer das seguintes formas:

a) Abolitio Criminis: ocorre quando a lei nova deixa de considerar como crime comportamento que
anteriormente era. O art. 2º, CP determina que ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa
de considerar crime e que os efeitos penais e a execução devem ser cessados.
Logo, se alguém cometeu adultério antes de 28 de março de 2005, incorreu em prática delituosa.
Ocorre que nessa data, esse crime foi abolido pela Lei nº 11.106/05. Logo, deve-se aplicar o disposto no
art. 2º, CP. Assim, se o sujeito ainda não foi processado, não mais poderá ser.
Caso o processo esteja em andamento, deverá ser trancado, visto que a abolitio criminis é causa
extintiva de punibilidade de acordo com o art. 107, CP29.
Se o sujeito já foi condenado por sentença transitada em julgado, não poderá sofrer a execução e, se
acaso já estiver cumprindo pena, deverá ser solto, por conta da extinção de punibilidade.
A sentença condenatória tem efeitos penais primários e secundários. Por primários tem-se a própria
condenação com a consequente aplicação da pena. Os efeitos secundários decorrem da condenação.
Damásio30 os enumera: a) ela forja a reincidência (art. 61, I); b) impede o benefício da suspensão
condicional da execução da pena (sursis – art. 77, I); c) opera a revogação do sursis (art. 81, I); d) torna
facultativa a revogação do sursis (art. 81, § 1º); e) no livramento condicional, a condenação passada em
julgado causa sua revogação obrigatória (art. 86, I e II) ou facultativa (art. 87); f) depois de tornar-se
irrecorrível a sentença condenatória, a prescrição da pretensão executória não corre durante o tempo em
que o condenado está preso por outro motivo (art. 116, parágrafo único); g) a reabilitação é revogada se
o reabilitado sofre nova condenação, por sentença irrecorrível, a pena que não seja de multa (art. 95); h)
a condenação irrecorrível tem influência sobre a exceção da verdade no crime de calúnia (art. 138, § 3º,
I e III); i) no ‘porte de arma’ branca a pena é aumentada de um terço até a metade se o agente já tiver
sido condenado, em sentença irrecorrível, por violência contra a pessoa (LCP, art. 19, § 1º).

29
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
30
JESUS, Damásio. Direito Penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2014.

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Todos esses efeitos secundários acima relacionados desaparecem com a abolitio criminis.
Contudo, os efeitos civis permanecem. Assim, imagine que o sujeito que cometeu o adultério fora
condenado tanto na vara criminal, quanto na cível, sendo que nessa última fora condenado ao pagamento
de indenização por danos morais. Os efeitos penais, sejam eles primários ou secundários, desaparecem
mas, os efeitos cíveis não, de sorte que, o sujeito deverá arcar com a reparação do dano moral a que foi
condenado.

b) Novatio Legis Incriminadora: a lei nova cria uma figura criminosa, ou seja, tipifica comportamento
que anteriormente não era considerado crime.

c) Novatio Legis in Pejus: é a lei mais severa, aquela que, de alguma forma prejudica o réu. São
várias as formas que a lei pode prejudicar o réu. Seguem alguns exemplos:
- cominação de pena qualitativamente mais severa. Ex: de pena de multa passa a pena privativa de
liberdade;
- atribuição de forma de execução mais gravosa;
- aumento da pena abstratamente prevista;
- exclusão de circunstâncias atenuantes ou de causas de diminuição de pena;
- inclusão de qualificadoras;
- supressão de benefícios ou aumento no rigor para a sua consecução;
- exclusão de causa de extinção de punibilidade ou imposição de dificuldades para a sua ocorrência,
etc.

d) Novatio Legis in Mellius: é a lei mais benéfica, ou seja, aquela que, de alguma forma, favorece o
réu.
A lei mais benéfica deve ser apurada pela análise do caso concreto, ou seja, a cada caso deve o
aplicador da lei verificar qual a lei que mais beneficia o réu e, em havendo dúvidas, a lei nova só deve ser
aplicada aos fatos ainda não decididos. Pode-se ainda ouvir o réu.
A competência para a aplicação da lei mais benéfica é do juiz que for sentenciar o caso e, se já houver
sentença transitada em julgado, do juiz da execução.
Há doutrinadores que afirmam ser possível a combinação de leis. Assim se a lei antiga beneficia o réu
em determinado aspecto e a lei nova em outro, esses defendem a junção das duas, de sorte que o sujeito
seja beneficiado com as partes que mais lhe favorecem em cada lei. Essa não é uma posição unânime e
seus opositores pregam sua impossibilidade, sob o argumento de que o aplicador da lei estaria agindo
como legislador, pois, ao unir partes de duas leis, estar-se-ia criando uma terceira.
As leis excepcionais e temporárias têm regras diferentes, pois ainda que mais benéficas, não se
aplicam a fatos ocorridos antes de sua vigência, ou seja, não retroagem. Contudo, são ultra-ativas, já que
são aplicadas mesmo após sua revogação mas, somente para os fatos que ocorreram durante seu
período de vigência. É o que ocorre, por exemplo, quando o sujeito pratica o crime durante a vigência de
uma dessas leis mas, é julgado após sua revogação. É isso o que determina o art. 3º do Código Penal.
Em se tratando de norma penal em branco, que é aquela que necessita ser complementada por outra,
não ocorre a retroatividade.
Damásio exemplifica: “A vende mercadoria por preço superior ao tabelado, praticando crime contra a
economia popular. No transcorrer do processo uma nova tabela aumenta o preço da mercadoria,
elevando seu custo além do recebido por ele. Suponha-se que a tabela tivesse fixado o preço de R$
100,00 pelo produto, tendo cobrado R$ 150,00 por ele, e a nova tabela o elevasse a R$ 200,00.
Modificado o complemento da norma penal em branco, de molde a favorecer o vendedor processado,
deve a norma retroagir nos termos do princípio da abolitio criminis? A nova tabela constante de portara
não estaria deixando de considerar o fato praticado pelo agente? Observa-se que, em face do novo
complemento, vender a mercadoria por R$ 150,00 não constitui crime.”.
A doutrina diverge sobre o assunto, de sorte que alguns defendem haver a abolitio criminis e outros
não. Prevalece a corrente que não aceita a abolitio criminis posto que o complemento, em regra, expressa
a necessidade de determinado período de tempo e, se houvesse a retroatividade, a lei perderia sua
função.
A LEI PENAL NO TEMPO

A eficácia da lei penal no tempo é regulamentada pelo artigo 2º do Código Penal, que diz:

LEI PENAL NO TEMPO

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Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Assim, temos que, em regra, a lei penal não pode retroagir (irretroatividade da lei penal). Porém, há
exceção: poderá retroagir quando trouxer algum benefício para o agente no caso concreto. Vale lembrar
que isto se restringe somente às normas penais.

A lei que revoga um tipo incriminador extingue o direito de punir (abolitio criminis). A consequência do
abolitio criminis é a extinção da punibilidade do agente. Por beneficiar o agente, o abolitio criminis alcança
fatos anteriores e será aplicado pelo Juiz do processo, podendo ser aplicado antes do final do processo,
levando ao afastamento de quaisquer efeitos da sentença, ou após a condenação transitada em julgado.
No caso de já existir condenação transitada em julgado, o abolitio criminis causa os seguintes efeitos: a
extinção imediata da pena principal e de sua execução, a libertação imediata do condenado preso e
extinção dos efeitos penais da sentença condenatória (Exemplo: reincidência, inscrição no rol dos
culpados, pagamento das custas etc.).
Vale lembrar que os efeitos extrapenais, contudo, subsistem, como a perda de cargo público, perda
de pátrio poder, perda da habilitação, confisco dos instrumentos do crime etc. A competência para a
aplicação do abolitio criminis após o trânsito em julgado é do juízo da execução:

Súmula nº 611 do STF: “Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das
execuções a aplicação da lei mais benigna.

O parágrafo único do artigo 2º trata do fenômeno da extratividade da lei penal, ou seja; a lei pode
retroagir SOMENTE quando para beneficiar o agente.

Extratividade: É o fenômeno pelo qual a lei produz efeitos fora de seu período de vigência. Divide-se
em duas modalidades: retroatividade e ultratividade.
Na retroatividade, a lei retroage aos fatos anteriores à sua entrada em vigor, se houver benefício para
o agente; enquanto na ultratividade, a lei produz efeitos mesmo após o término de sua vigência.
Não há que se falar em conflito de leis entre o artigo primeiro (legalidade) e o parágrafo único do artigo
2º (extratividade). Vejamos:
a) No artigo 1º, decretando a irretroatividade da lei, o Código Penal (CP) procurou defender a dignidade
humana e a estrutura democrática brasileiras, ambos fundamentos cruciais à existência da nossa
República federativa (Art. 1º, III e parágrafo único da CF/88), porque trata-se de uma barreira à
discricionariedade estatal no que se refere à punição. Ele reflete o objetivo claro de controle dos bens
jurídicos da sociedade. O que seria de uma nação se qualquer pessoa com poder pudesse escolher as
condutas que devem ser punidas e assim fazê-lo do modo que lhe der mais satisfação?
b) O artigo 2º, por sua vez, em seu parágrafo único, faz exatamente o mesmo do artigo 1º. A
retroatividade que valida é restringida aos efeitos benéficos do dispositivo penal em questão, o que é
relacionado com os objetivos da punição estatal e igualmente ao princípio da dignidade humana, porque
evitar que as mudanças sociais se estendam àqueles que, por exemplo, têm o direito constitucional de ir
e vir cerceado por uma conduta que não é mais considerada lesiva, é negar a igualdade de tratamento
do Estado a toda a sociedade, sobretudo quanto à defesa da dignidade e quanto à justiça, ambos também
explicitamente acobertas constitucionalmente.
Neste contexto, a lei posterior continua a considerar o fato como criminoso, mas traz alguma benesse
ao acusado: pena menor, maior facilidade para obtenção de livramento condicional etc.

Desta forma, pela combinação dos arts. 1º e 2º do Código Penal, podemos chegar a duas conclusões:
1) a norma penal, em regra, não pode atingir fatos passados. Não pode, portanto, retroagir;
2) a norma penal mais benéfica, entretanto, retroage para atingir fatos pretéritos.

LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

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As leis acima citadas são autorrevogáveis, ou seja, são exceções à regra de que uma lei se revoga
por outra lei. Subdividem-se em duas espécies:
- leis temporárias: Aquelas que já trazem no seu próprio texto a data de cessação de sua vigência,
ou seja, a data do término de vigência já se encontra explícito no texto da lei.
- leis excepcionais: Aquelas feitas para um período excepcional de anormalidade. São leis criadas
para regular um período de instabilidade. Neste caso, a data do término de vigência depende do término
do fato para o qual ela foi elaborada.
Estas duas espécies são ultrativas, ainda que prejudiquem o agente (Exemplo: Num surto de febre
amarela é criado um crime de omissão de notificação de febre amarela; caso alguém cometa o crime e
logo em seguida o surto seja controlado, cessando a vigência da lei, o agente responderá pelo crime). Se
não fosse assim, a lei perderia sua força coercitiva, visto que o agente, sabendo qual seria o término da
vigência da lei, poderia retardar o processo para que não fosse apenado pelo crime.

CONFLITO APARENTE DE NORMAS

Ocorre o conflito de leis penais quando um mesmo fato é aparentemente regulado por duas ou mais
normas penais, ambas instituídas por leis de mesma hierarquia e originárias da mesma fonte de produção,
além de ambas estarem em vigor ao tempo da prática da conduta.
Dessa forma, existe apenas um fato punível, mas com diversos tipos penais aparentemente aplicáveis
ao caso concreto. Contudo, é injusta a aplicação de mais de uma sanção penal, pela prática de uma única
conduta, motivo pelo qual é necessária a escolha de um único dispositivo legal que tenha melhor
adequação a conduta criminosa praticada.
Diz-se que o conflito é aparente, porque depois da interpretação da lei penal através de princípios,
aplica-se a norma pertinente e o conflito desaparece.

Os requisitos estão inseridos no próprio conceito de conflito aparente de normas, quais sejam:
- unidade de fato;
- pluralidade de normas penais;
- vigência simultânea de todas as normas.

A finalidade da solução desse conflito é manter a coerência do ordenamento jurídico e evitar o bis in
idem.

Princípios para solução do conflito aparente de leis penais:

Princípio da Especialidade: Damásio31 assim o explica:


“Diz-se que uma norma penal incriminadora é especial em relação a outra, geral, quando possui em
sua definição legal todos os elementos típicos desta, e mais alguns, de natureza objetiva ou subjetiva,
denominados especializantes, apresentando, por isso, um minus ou um plus de severidade. A norma
especial, ou seja, a que acresce elemento próprio à descrição legal do crime previsto na geral, prefere a
esta: lex specialis derogat generali; semper specialia generalibus insunt; generi per speciem derogantur.
Afasta-se, dessa forma, o bis in idem, pois o comportamento do sujeito só é enquadrado na norma
incriminadora especial, embora também descrito pela geral. Nestes casos, há um typus specialis,
contendo um “crime específico”, e um typus generalis, descrevendo um “crime genérico”. Aquele prefere
a este.”.

Um exemplo de norma especial que prevalece em relação a geral é o crime de infanticídio (artigo 123
do Código Penal), que núcleo igual ao artigo 121 (homicídio), mas com elementos especiais, quais sejam:
a autora deve ser a mãe; a vítima seu próprio filho, nascente ou neonato, cometendo-se o delito durante
o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal.
Em suma, o critério da especialidade reclama duas leis penais em concurso, caracterizadas pela
relação de gênero e espécie, na qual esta prefere àquela, excluindo a sua aplicação para fins de
tipicidade. A lei específica deve abrigar todos os elementos da genérica, apresentando ainda outras
particulares características que podem ser denominadas elementos especializantes, constituindo uma
subespécie agravada ou atenuada daquela.32

31
JESUS, Damásio. Direito Penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2014.
32
MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Médodo. 8ª edição. 2014.

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Princípio da Subsidiariedade: os crimes subsidiários são aqueles que somente são punidos se não
constituírem fatos mais graves. Ex: crime de ameaça. Só há punição se a ameaça for um fim em si mesma.
Caso seja meio para o cometimento de outro crime, o sujeito somente responderá pelo mais grave. É isso
que prega o princípio da subsidiariedade.
Segundo o doutrinador Cleber Masson33, este princípio:
Estabelece que a lei primária tem prevalência sobre a lei subsidiária (lex primaria derogat subsidiarie).
Esta é a que define como crime uma fato incluído por aquela na previsão de delito mais grave, como
qualificadora, agravante, causa de aumento de pena ou, inclusive, modo de execução.
Portanto, há subsidiariedade entre duas leis penais quando se trata de estágios ou graus diversos de
ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais ampla e dotada de maior gravidade,
descrita pela lei primária, engloba a menos ampla, contida na subsidiária, ficando a aplicabilidade desta
condicionada à não incidência da outra.

Princípio da Consunção ou da absorção: por esse princípio, o fato mais amplo e grave absorve os
fatos menos amplos e graves, atuando como meio normal de preparação ou execução daquele, ou ainda
como mero exaurimento. Por tal motivo, aplica-se somente a lei que tipifica o crime. “A lei consuntiva
prefere a lei consumida”.
Neste caso, há uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o mais amplo consome
o menos amplo, evitando a dupla punição, como parte de um todo e como crime autônomo.34
Difere do princípio da especialidade porque naquele analisa-se as normas e nesse os fatos.
Esse princípio ocorre especificamente nas situações abaixo:

-Crimes Complexos: são aqueles formados pela união de dois ou mais crimes. Ex: roubo (furto +
constrangimento ilegal). Parte da doutrina afirma tratar-se de consunção, uma vez que o crime complexo
absorveria os crimes autônomos.
Para Cleber Masson35, o crime complexo:
Também conhecido como crime composto, é a modalidade que resulta da fusão de dois ou mais
crimes, que passam a desempenhar a função de elementares ou circunstâncias daquele, tal como se dá
no roubo, originário da união entre os delitos de furto e ameaça ou lesão corporal, dependendo do meio
de execução empregado pelo agente.

-Crime Progressivo: é aquele em que o sujeito, pretendendo alcançar um resultado, desenvolve


comportamentos anteriores. Ex: desejando matar Pedro, João desfere-lhe várias facadas. O objetivo é o
homicídio mas, para alcançá-lo é necessário o cometimento de lesão corporal. Nesse caso, as lesões são
absorvidas pelo homicídio.
Em outras palavras, o agente desde o início tem um propósito mais grave, e para alcançá-lo pratica
reiteradamente atos crescentes de violação ao bem jurídico.

-Progressão Criminosa: ocorre quando o sujeito tem uma pretensão inicial, realiza os atos a fim de
alcançá-la mas, após, muda seu desígnio, passando a desejar crime mais grave. Ex: sujeito pretende ferir
seu desafeto, para tanto desfere-lhe vários socos. Durante essa conduta, resolve que quer matá-lo e
passa a sufoca-lo. Dessa feita, responderá por homicídio e não pela lesão corporal, há, portanto,
absorção.
Segundo o doutrinador Cleber Masson:36
O sujeito é guiado por uma pluralidade de desígnios, havendo alteração em seu dolo, razão pela qual
executa uma diversidade de fatos (mais de um crime), cada um correspondente a uma vontade,
destacando-se a crescente lesão ao bem jurídico. Por tal motivo, a resposta penal se dará somente para
o fato final, mais grave, ficando absorvidos os demais.

- Fatos impuníveis: são anteriores, simultâneos ou posteriores.


Na visão de Cleber Masson:37
Atos anteriores, prévios ou preliminares impuníveis são os que funcionam como meio de execução
do tipo principal, ficando por este absorvidos. No caso do roubo da bolsa da vítima que se encontra no
interior de um automóvel, eventual destruição do vidro não acarreta na imputação ao agente do crime
contido no art. 163, caput, do Código Penal.
33
idem
34
MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Médodo. 8ª edição. 2014.
35
idem
36
idem
37
idem

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Os atos concomitantes, ou simultâneos não puníveis, são aqueles praticados no instante em que
se executa o fato principal. É o caso dos ferimentos leves suportados pela mulher violentada sexualmente,
os quais restam consumidos pelo crime de estupro.
Por fim, os fatos posteriores não puníveis são visualizados quando, depois de realizada a conduta,
o sujeito pratica nova ofensa contra o mesmo bem jurídico, buscando alguma vantagem com o crime
anterior. O exaurimento deve ser aferido em consonância com a lógica razoável, pois não há dúvida de
que, exemplificativamente, o larápio usualmente vende os bens subtraídos, visando lucro financeiro. Se
o furto ou roubo se deu por força de ânimo de lucro, não seria correto puni-lo mais uma vez por ter lucrado.
Cuida-se de previsível exaurimento, ficando consumidos os atos posteriores.

Princípio da Alternatividade: ocorre quando a norma penal prevê vários fatos alternativamente para
a prática do crime.
Ex: art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. Esse
tipo penal tem três verbos (negritados) logo, se o sujeito praticar um, dois ou os três verbos, estará
incorrendo na prática de somente um crime.
Importante ressaltar que a doutrina dominante não aceita este princípio como válido para solução do
conflito aparente de leis penais, por ser a alternatividade a consunção que se instrumentaliza no interior
de um mesmo tipo penal entre condutas integrantes de leis de conteúdo variado. Em síntese, nada mais
é do que a consunção que resolve o conflito entre condutas previstas na mesma lei penal.38

TEMPO DO CRIME

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.

Importante ainda a fixação do tempo em que o delito se considera praticado para sabermos a lei que
deve ser aplicada; para estabelecer a imputabilidade do sujeito ou mesmo para fixar o marco prescricional.
Trata-se da fixação do tempo em que crime reputa-se praticado. Existem três teorias sobre o tempo
do crime:
- Teoria da atividade: O tempo do crime é o tempo da prática da conduta, ou seja, é o tempo que se
realiza a ação ou a omissão que vai configurar o crime, ainda que outro seja o momento do resultado;
- Teoria do resultado: O tempo do crime é o tempo que se produz o resultado, sendo irrelevante o
tempo da ação;
- Teoria mista ou da ubiquidade: O tempo do crime será tanto o tempo da ação quanto o tempo do
resultado.
A teoria utilizada pelo Código Penal (CP) é a teoria da ATIVIDADE (art. 4º do Código Penal). Na
teoria da atividade o agente, em caso de lei nova, responderá sempre de acordo com a última lei vigente,
seja ela mais benéfica ou não. Por exemplo, suponha-se que a pessoa com idade de 17 anos, 11 meses
e 29 dias efetue disparo contra alguém, que morre apenas uma semana depois. Ora, o homicídio só se
consumou com a morte (quando o agente já estava com 18 anos), mas o agente não poderá ser punido
criminalmente, pois, nos termos do art. 4º, considera-se praticado o delito no momento da ação (quando
o agente ainda era menor de idade). Assim, não se aplicará ao autor as normas do Código Penal, mas
sim as disposições do Estatuto da Criança e do adolescente, em face da sua inimputabilidade ao tempo
do crime.

A teoria da atividade apresenta as seguintes consequências:

- aplicação da lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se ao tempo do resultado for mais benéfica;

- a imputabilidade do agente é verificada ao tempo da conduta;

- no caso de crime permanente em que a conduta tenha se iniciado durante a vigência de uma lei, e
prossiga durante o império de outra, aplica-se a lei nova, ainda que mais severa. Fundamenta-se o
raciocínio na reiteração de ofensa ao bem jurídico, já que a conduta criminosa continua a ser praticada e
pois da entrada em vigor da lei nova, mais gravosa.39
Ex: Fulano sequestra Ciclano e pede resgate à família. A restrição da liberdade dura três meses.
Durante todo esse tempo, o crime surte efeito, portanto, trata-se de crime permanente. Agora imagine
38
MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Médodo. 8ª edição. 2014.
39
idem

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que, Fulano, ao sequestrar Ciclano tinha 17 anos mas, ao longo dos três meses completou 18 anos. Ele
será responsabilizado criminalmente, posto que sua conduta durou o mesmo tempo que o crime, ou seja,
o mesmo tempo em que o crime surtiu efeito (três meses).
O Código Penal entende que o sujeito teve vontade de continuar praticando o fato delituoso durante
todo esse tempo, logo, sua ação ou omissão também se prolongou no tempo.

- no crime continuado em que os fatos anteriores eram punidos por uma lei, operando-se o aumento
da pena por lei nova, aplica-se esta última a toda unidade delitiva, desde que sob a sua vigência continue
a ser praticada. O crime continuado, em que pese ser constituído de vários delitos parcelares, é
considerado crime único para fins de aplicação da pena (teoria da ficção jurídica).40

Imagine que o agente tenha praticado vários crimes durante a vigência de duas leis, sendo a posterior
mais grave. Essa será aplicada, porquanto ele continuou a praticar o delito mesmo ciente da maior
punição.

Se a lei nova for novatio legis incriminadora, essa somente será aplicada aos fatos cometidos após
sua vigência.
Caso ocorra a abolitio criminis haverá a retroatividade da mesma, de forma a alcançar os atos
praticados anteriormente a sua vigência.

A esse respeito importante a Súmula 711 do STF:


A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é
anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

- no caso de crime habitual em que haja sucessão de leis, deve ser aplicada a nova, ainda que mais
severa, se o agente insistir em reiterar a conduta criminosa.41

ATENÇÃO: O Código Penal adotou a teoria do resultado em matéria de prescrição, tendo em vista
que a causa extintiva de punibilidade tem por termo inicial a data da consumação da infração penal.

A LEI PENAL NO ESPAÇO

A importância da questão relativa à eficácia da lei penal no espaço reside na necessidade de


apresentar solução aos casos em que um crime viole interesses de dois ou mais países, ou porque a
conduta foi praticada no território nacional e o resultado ocorreu no exterior, ou porque a conduta foi
praticada no exterior e o resultado ocorreu no território nacional.

TERRITORIALIDADE

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se
achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

A territorialidade é a regra, sendo a principal forma de delimitação do espaço geopolítico de validade


da lei penal entre Estados soberanos.
Território é o espaço em que o Estado exerce sua soberania.
Existem várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da norma penal a fatos cometidos no Brasil:
a) Princípio da territorialidade: a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou,
pouco importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.

40
idem
41
idem

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b) Princípio da territorialidade absoluta: só a lei nacional é aplicável a fatos cometidos em seu
território.
c) Princípio da territorialidade temperada: a lei nacional se aplica aos fatos praticados em seu
território, mas, excepcionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangeira, quando assim estabelecer
algum tratado ou convenção internacional. Foi este o princípio adotado pelo art. 5º do Código Penal.
Abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua soberania: solo, rios, lagos, mares interiores,
baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12 milhas) e espaço aéreo. Bem como consideram-se
extensão do território nacional as embarcações e aeronaves mencionadas nos §§ 1º e 2º do art. 5º do
Código Penal.
O alto-mar não está sujeito à soberania de qualquer Estado. Regem-se, porém, os navios que lá
navegam pelas leis nacionais do pavilhão que os cobre; no tocante aos atos civis e criminais a bordo
praticados. No tocante ao espaço aéreo, sobre a camada atmosférica da imensidão do alto-mar e dos
territórios terrestres não sujeitos a qualquer soberania, também não existe o império da ordem jurídica de
Estado algum, salvo a do pavilhão da aeronave, para os atos nela verificados, quando cruzam esse
espaço tão amplo. Assim, cometido um crime a bordo de um navio pátrio em alto-mar, ou de uma
aeronave brasileira no espaço livre, vigoram as regras sobre a territorialidade: os delitos assim cometidos
se consideram como praticados em território nacional.
Cabe ressaltar ainda o princípio da passagem inocente, onde se um fato cometido a bordo de navio
ou avião estrangeiro de propriedade privada, que esteja apenas de passagem pelo território brasileiro,
não será aplicada a nossa lei, se o crime não afetar em nada nossos interesses.

Portanto, a lei penal no espaço é regida pelos seguintes princípios:


a) Princípio da territorialidade: regra geral. Aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos no território
nacional. Contudo, o Código Penal adota a territorialidade temperada ou mitigada quando brasileiro
pratica crime no exterior ou estrangeiro comete crime no Brasil.
b) princípio da nacionalidade ou da personalidade: autoriza a aplicação da lei brasileira por crime
praticado por brasileiro em território estrangeiro ou contra vítima brasileira.
O artigo 7º, inciso I, alínea “d” e inciso II, alínea “b”, prevê a aplicação da lei brasileira
independentemente da nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido (personalidade ativa).
O artigo 7º, §3º do Código Penal, prevê que no caso de vítima brasileira com autor que esteja em
território nacional, aplica-se também a lei brasileira (personalidade passiva).

c) princípio da defesa, real ou da proteção: Leva em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado
pelo crime, independentemente do local de sua prática ou da nacionalidade do sujeito ativo. Assim, por
exemplo, seria de aplicar-se a lei brasileira a um fato criminoso cometido no estrangeiro, lesivo ao
interesse nacional, qualquer que fosse a nacionalidade de seu autor42 (artigo 7º, inciso I, alíneas “a”, “b”
e “c”).

d) princípio da justiça universal: adotado pelo artigo 7º, inciso II, alínea “a” do Código Penal,
preconiza o poder de cada Estado de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinquente
e da vítima, ou do local de sua prática. Para imposição da pena basta encontrar-se o criminoso dentro do
território de um país.43
Seu fundamento se encontra no interesse de punir de todos os povos em relação a certos delitos,
como, por exemplo, o genocídio, o tráfico de drogas etc.
Este princípio também é conhecido como princípio da competência universal, justiça cosmopolita,
jurisdição universal, jurisdição mundial, repressão mundial ou da universalidade do direito de punir

e) princípio da representação: adotado pelo artigo 7º, inciso II, alínea “c”, do Código Penal, deve ser
aplicada a lei penal brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando estiverem em território estrangeiro e aí não sejam jugadas. 44
Este princípio também é conhecido como princípio da bandeira, do pavilhão, subsidiário ou da
substituição.

ATENÇÃO: E se a embarcação ou aeronave brasileira for pública ou estiver a serviço do Brasil?


Esta questão resolve-se com o artigo 5º, §1º, do Código Penal, ou seja, incide o princípio da

42
JESUS, Damásio de. Código Penal anotado. 22ª edição. Editora Saraiva. 2014.
43
idem
44
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territorialidade e não da representação, pois nestes casos, as embarcações e aeronaves constituem
extensão do território nacional.

f) princípio do domicílio: Segundo Cleber Masson45, o autor do crime deve ser julgado em
consonância com a lei do país em que for domiciliado, pouco importando sua nacionalidade. Previsto no
artigo 7º, inciso I, alínea “d” (“domiciliado no Brasil”) do Código Penal, no tocante ao crime de genocídio
no qual o agente não é brasileiro, mas penas domiciliado no Brasil.

LUGAR DO CRIME

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Para aplicação do princípio da territorialidade da lei penal no espaço é necessário identificar o lugar
do crime.
O Código Penal adotou a teoria mista ou da ubiquidade (artigo 6º), considerando como lugar do crime,
tanto aquele em que foi praticada a conduta (ação ou omissão), quanto aquele em que se produziu ou
deveria produzir-se o resultado.
Tal teria foi adotada para resolver os chamados crimes de espaço máximo ou a distância (crimes
executados em um país e consumados em outro). Assim, o julgamento do fato será de competência de
ambos os países.
Contudo, não se aplica a teoria da ubiquidade nos seguintes casos:
- Crimes conexos: são crimes relacionados entre si, mas cada um deles deve ser processado e
julgado no país em que foi cometido.
- crimes plurilocais: são aqueles em que a conduta ocorre em uma Comarca e o resultado em outra,
mas dentro do mesmo país. Neste caso foi adotada a teoria do resultado (art. 70 do Código de Processo
Penal), ou seja, o foro competente é o do local do resultado ou, no caso de crime tentado, o local em que
foi praticado o último ato de execução.
Importante ressaltar, que no caso de crimes dolosos contra a vida plica-se a teoria da atividade (lugar
do crime é aquele em que foi praticada a ação ou omissão), em razão da conveniência da instrução
criminal, para descoberta da verdade real dos fatos.
- infrações penais de menor potencial ofensivo: Nas infrações de competência dos Juizados
Especiais Criminais, a Lei 9.099/95 (artigo 63) seguiu a teoria da atividade, ou seja, o foro competente é
o da ação.
- crimes falimentares: artigo 183 da Lei 11.101/2005: “Compete ao juiz criminal da jurisdição onde
tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação
extrajudicial, conhecer da ação penal pelos crimes previstos nesta Lei.”
- atos infracionais: artigo 147, §1º da Lei 8.069/90 – é competente a autoridade do lugar da ação ou
omissão para as infrações cometidas por crianças e adolescentes.

EXTRATERRITORIALIDADE

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando
em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.

45
idem

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§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

A extraterritorialidade é a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos criminosos ocorridos


no exterior.

EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA: O art. 7º do CP prevê a aplicação da lei brasileira


a crimes cometidos no estrangeiro. São os casos de extraterritorialidade da lei penal.
O inciso I refere-se aos casos de extraterritorialidade incondicionada, uma vez que é obrigatória a
aplicação da lei brasileira ao crime cometido fora do território brasileiro.
As hipóteses contidas no inciso I, com exceção da última (d), são fundadas no princípio de proteção,
onde o que impera é a defesa do interesse nacional. Se o interesse nacional foi afetado de algum modo,
justifica-se a incidência da legislação pátria.

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA: O inciso II, do art. 7º, prevê três hipóteses de


aplicação da lei brasileira a autores de crimes cometidos no estrangeiro. São os casos de
extraterritorialidade condicionada, pois dependem dessas condições:
a) Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. Utilizou-se o princípio da justiça
ou competência universal;
b) Crimes praticados por brasileiro. Tendo o país o dever de obrigar o seu nacional a cumprir as leis,
permite-se a aplicação da lei brasileira ao crime por ele cometido no estrangeiro. Trata-se do dispositivo
da aplicação do princípio da nacionalidade ou personalidade ativa;
c) Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Inclui-se no Código Penal o princípio da
representação.
A aplicação da lei brasileira, nessas três hipóteses, fica subordinada a todas as condições
estabelecidas pelo § 2º do art. 7º. Depende, portanto, das condições a seguir relacionadas:
- A entrada do agente no território nacional;
- Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Na hipótese de o crime ter sido praticado
em local onde nenhum país tem jurisdição (alto-mar, certas regiões polares), é possível a aplicação da lei
brasileira.
- Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição
- Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.

O art. 7º, § 3º, prevê uma última hipótese da aplicação da lei brasileira: A do crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. É ainda um dispositivo calcado na teoria de proteção, além
dos casos de extraterritorialidade incondicionada. Exige o dispositivo em estudo, porém, além das
condições já mencionadas, outras duas:
- Que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição (pode ter sido requerida, mas não
concedida);
- Que haja requisição do Ministro da Justiça.

Alguns princípios que devem ser observados para a aplicação da extraterritorialidade:


- Nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por brasileiro
fora do Brasil. Neste caso o único critério observado é a nacionalidade do sujeito ativo (art. 7º, II, b, do
CP).

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- Nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. O que importa é a nacionalidade da vítima, mesmo que o crime
tenha sido praticado no exterior (art. 7º, §3º).
- Real, da defesa ou proteção: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido fora do Brasil, que afeta
interesse nacional (art. 7º, I, a, b e c, do CP).
- Justiça Universal ou princípio da universalidade: todo Estado tem o direito de punir qualquer
crime, seja qual for a nacionalidade do delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde que o
criminoso esteja dentro de seu território. É como se o planeta se constituísse em um só território para
efeitos repressão criminal (art. 7, I, d e II, a, do CP).
- Princípio da representação: a lei penal brasileira também é aplicável aos delitos cometidos em
aeronaves e embarcações privadas quando realizados no estrangeiro e aí não venham a ser julgados.
- Princípio da preferência da competência nacional: havendo conflito entre a justiça brasileira e a
estrangeira, prevalecerá a competência nacional.
- Princípio da limitação em razão da pena: não será concedida a extradição para países onde a
pena de morte e a prisão perpétua são previstas, a menos que deem garantias de que não irão aplica-
las.
- Jurisdição subsidiária: verifica-se a subsidiariedade da jurisdição nacional nas hipóteses do inciso
II e do § 3º do art. 7º do Código Penal. Se o autor de um crime praticado no estrangeiro for processado
perante esse juízo, sua sentença preponderará sobre a do juiz brasileiro. Caso o réu seja absolvido pelo
juiz territorial, aplicar-se-á a regra do non bis in idem (não permissão da dupla condenação pelo mesmo
fato) para impedir o persecutio criminis (art. 7º, § 2º, d, do CP). No entanto no caso de condenação, se o
condenado se subtrair à execução da pena, será julgado pelos órgãos judiciários nacionais e, se for o
caso, condenado de novo, solução, inclusive, consagrada no art. 7º, §2º, d e e, do Código Penal.

PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Considerando que, sendo possível a aplicação da lei brasileira a crimes cometidos em território de
outro país, ocorrerá também a incidência da lei estrangeira, dispõe o código como se deve proceder para
se evitar a dupla posição.
Cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no estrangeiro, será ela descontada na execução pela lei
brasileira, quando forem idênticas, respondendo efetivamente o sentenciado pelo saldo a cumprir se a
pena imposta no Brasil for mais severa. Se a pena cumprida no estrangeiro for superior à imposta no
país, é evidente que esta não será executada. No caso de penas diversas, aquela cumprida no estrangeiro
atenuará a aplicada no Brasil, de acordo com a decisão do juiz no caso concreto, já que não há regras
legais a respeito dos critérios de atenuação que devem ser obedecidos.

EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.

Quanto à eficácia de sentença estrangeira, o Código Penal, em seu art. 9°, em consonância com o art.
105, I, alínea “i”, da Constituição Federal, prescreve que a sentença estrangeira, quando a aplicação da
lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I –
obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II – sujeitá-lo a medida
de segurança.
Essa homologação compete ao Superior Tribunal de Justiça, que, por sua vez, só pode homologar
sentença já transitada em julgado.

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1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
Súmula 420 do STF: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito
em julgado.

O fundamento da homologação da sentença estrangeira está no entendimento de que nenhuma


sentença de caráter criminal que emane de autoridade jurisdicional estrangeira, terá eficácia em
determinado Estado sem o seu consentimento, pois o direito penal é fundamentalmente territorial.

CONTAGEM DE PRAZO

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum.

A contagem do prazo penal tem relevância especial nos casos de duração de pena, do livramento
condicional, do sursis, da decadência, da prescrição, etc., institutos de direito penal.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Há no caso imprecisão tecnológica;
pouco importando se o mês tenha 30 ou 31 dias, ou se o ano é ou não bissexto. O calendário comum a
que se refere o legislador tem o nome de “gregoriano”, em contraposição ao juliano, judeu, árabe, etc.
O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Assim, se uma pena começa a ser cumprida às
23h30min, os 30 minutos restantes serão contados como sendo o 1º dia.
O prazo penal distingue-se do prazo processual, pois, neste, exclui-se o 1º dia da contagem, conforme
estabelece o art. 798, § 1º, do Código de Processo Penal. Assim, se o réu é intimado da sentença no dia
10 de abril, o prazo para recorrer começa a fluir apenas no dia 11 (se for dia útil).
Os prazos penais são improrrogáveis. Desta forma, se o prazo termina em um sábado, domingo ou
feriado, estará ele encerrado. Ao contrário dos prazos processuais que se prorrogam até o 1º dia útil
subsequente.

PRAZO PENAL (Artigo 10 do O dia do começo inclui-se no


CP) cômputo do prazo.
Não se computará no prazo o
PRAZO PROCESSUAL
dia do começo, incluindo-se,
(Artigo 798, §1º do CPP)
porém, o do vencimento.

FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de
dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

Também se tem entendido que, por analogia com o art. 11, deve ser desprezada a fração de dia multa,
como se faz para o dia de pena privativa de liberdade. Extintos o cruzeiro antigo e o cruzado, o novo
cruzeiro e o cruzeiro real, o real é a unidade monetária nacional, devendo ser desprezados os centavos,
fração da nova moeda brasileira. Ex. pessoa condenada a pagar R$ 55,14 pagará apenas R$ 55,00.

LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso.

Esse dispositivo consagra a aplicação subsidiária das normas gerais do direito penal à legislação
especial, desde que esta não trate o tema de forma diferente. Ex.: o art. 14, II, do Código Penal, que trata
do instituto da tentativa, aplica-se aos crimes previstos em lei especial, mas é vedado nas contravenções
penais, uma vez que o art. 4º da Lei de Contravenções Penais declara que não é punível a tentativa de
contravenção.
Segundo Cleber Masson:46
Acolheu-se o princípio da convivência das esferas autônomas, segundo o qual as regras gerais do
Código Penal convivem em sintonia com as previstas na legislação especial. Todavia, caso a lei especial

46
MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Médodo. 8ª edição. 2014.

. 226
1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
contenha algum preceito geral, também disciplinado pelo Código Penal, prevalece a orientação da
legislação especial, em face do seu específico campo de atuação.

TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE, PUNIBILIDADE.

A tipicidade consiste no nome que se dá ao enquadramento da conduta concretizada pelo agente na


norma penal descrita em abstrato. Isto é, para que haja crime é necessário que o sujeito realize, no caso
concreto, todos os elementos componentes da descrição típica (definição legal do delito).
Não confundir ainda “tipicidade” com “tipo penal”, pois tipo é uma figura que resulta da imaginação
do legislador, enquanto juízo de tipicidade é a averiguação que se efetua sobre uma conduta para saber
se apresenta os caracteres imaginados pelo legislador. O tipo penal é composto por elementar (é todo
componente essencial do tipo sem o qual este desaparece ou se transforma em outra figura típica) e
circunstâncias (não servindo para compor a essência do crime, mas sim para influir na pena).
Assim, quando você ouvir dizer que determinada causa é excludente da tipicidade, é que por ela a
conduta praticada deixa de possuir os elementos necessários para o enquadramento no tipo penal. São
exemplos mais comuns: erro de tipo inevitável, invencível, escusável; desistência voluntária e
arrependimento eficaz; coação física irresistível; crime impossível e a aplicação do princípio da
insignificância.

A ilicitude é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, consistindo na prática de uma


ação ou omissão ilegal. Isto é, a conduta é contrária ao Direito. A princípio todo fato típico também é ilícito.
Contudo, por vezes, mesmo que uma pessoa cometa uma conduta típica, há na lei exceções permissivas
para sua conduta, de modo que não há ilicitude da ação. Por exemplo: matar alguém como legítima
defesa, a lei considera que a conduta não é ilícita.
Note-se, quando isso ocorre, o fato permanece típico, mas não há crime, excluindo-se a ilicitude, e
sendo ela requisito do crime, fica excluído o próprio delito; em consequência, o sujeito deve ser absolvido.
São causas que excluem a ilicitude do fato: estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento
de dever legal; exercício regular de direito.

A culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal.
Por essa razão, costuma ser definida como “juízo de censurabilidade” e “reprovação” exercido sobre
alguém que praticou um fato típico e ilícito. “Não se trata de elemento do crime, mas pressuposto para
imposição de pena”.
Na culpabilidade afere-se apenas se o agente deve ou não responder pelo crime cometido. Segundo
o Código penal são elementos da culpabilidade: a imputabilidade; a potencial consciência da ilicitude e a
exigibilidade de conduta diversa.
Com isso, caso existam circunstâncias que afastem esses elementos, por exemplo, a inimputabilidade
do menor de 18 anos, o fato deixa de ser culpável.
As excludentes de culpabilidade são: doença mental; menoridade; embriaguez completa, proveniente
de caso fortuito ou força maior; erro de proibição; coação moral irresistível e obediência hierárquica.

Por fim, a punibilidade dispõe sobre a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção ao
responsável pela infração penal.
Assim, praticada a infração penal, nasce a punibilidade. Contudo, é importante destacar que esta
possibilidade do Estado não é eterna, daí porque existem causas que extinguem a punibilidade, o direito
de punir estatal (jus puniendi).
São causas de extinção da punibilidade: morte do agente; anistia, graça ou indulto; abolitio criminis (lei
deixa de considerar fato como criminoso); prescrição, decadência ou perempção; renúncia do direito de
queixa; perdão do ofendido; retratação do agente e perdão judicial.

Dispositivos pertinentes ao tema:

TÍTULO II
DO CRIME
Relação de causalidade

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

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Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

Art. 14 - Diz-se o crime:


Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.

Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz


Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados.

Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída
a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida
de um a dois terços.

Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Art. 18 - Diz-se o crime:

Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.

Agravação pelo resultado


Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado
ao menos culposamente.

Erro sobre elementos do tipo


Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, se previsto em lei.

Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e
o fato é punível como crime culposo.

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Erro determinado por terceiro
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

Erro sobre a pessoa


§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram,
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime.

Erro sobre a ilicitude do fato


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

Coação irresistível e obediência hierárquica


Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso
ou culposo.

Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.

Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

IMPUTABILIDADE PENAL (ART. 26)

Imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser
juridicamente imputada a prática de um fato punível. O conceito de sujeito imputável é encontrado no
artigo 26, caput, do Código Penal, que trata dos inimputáveis. Imputável é o sujeito mentalmente são e
desenvolvido, capaz de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Em princípio, todos são imputáveis, exceto aqueles abrangidos pelas hipóteses de inimputabilidade
enumeradas na lei, que são as seguintes:
a) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado;
b) menoridade;
c) embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior;
d) dependência de substância entorpecente.

Pode ser a inimputabilidade absoluta ou relativa. Se for absoluta, isso significa que não importam as
circunstâncias, o indivíduo definido como "inimputável" não poderá ser penalmente responsabilizado por
seus atos.
Se a inimputabilidade for relativa, isso indica que o indivíduo pertencente a certas categorias definidas
em lei poderá ou não ser penalmente responsabilizado por seus atos, dependendo da análise individual

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de cada caso na Justiça, segundo a avaliação da capacidade do acusado, as circunstâncias atenuantes
ou agravantes, as peculiaridades do caso e as provas existentes.
A imputabilidade possui dois elementos:
- intelectivo (capacidade de entender);
- volitivo (capacidade de querer).
Faltando um desses elementos, o agente não será imputável.

Critérios para a definição da inimputabilidade:


- Biológico: leva em conta apenas o desenvolvimento mental do acusado (quer em face de problemas
mentais ou da idade do agente).
- Psicológico: considera apenas se o agente, ao tempo da ação ou omissão, tinha a capacidade de
entendimento e autodeterminação.
- Biopsicológico: considera inimputável aquele que, em razão de sua condição mental (causa), era,
ao tempo da ação ou omissão, totalmente incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-
se de acordo com tal entendimento (consequência).

DISTÚRBIOS MENTAIS:
Doença mental: É a perturbação mental de qualquer ordem (exemplos: psicose, esquizofrenia,
paranoia, epilepsia etc.). A dependência patológica de substância psicotrópica configura doença mental.
Desenvolvimento mental incompleto: É o desenvolvimento que ainda não se concluiu. É o caso do
menor de 18 anos e do silvícola inadaptado à sociedade.
Desenvolvimento mental retardado: É o caso dos oligofrênicos, que se classificam em débeis
mentais, imbecis e idiotas, dotados de reduzidíssima capacidade mental, e dos surdos-mudos que, em
consequência da anomalia, não têm qualquer capacidade de entendimento e de autodeterminação.
Adotou-se, quanto aos doentes mentais, o critério biopsicológico.

SEMI-IMPUTABILIDADE OU RESPONSABILIDADE DIMINUÍDA:


Difere da inimputabilidade apenas no requisito consequencial. Enquanto na inimputabilidade a perda
da capacidade de entender ou querer é total, na semi-imputabilidade, é parcial. A semi-imputabilidade
não exclui a culpabilidade, e após análise do caso concreto, a lei confere ao juiz a opção de aplicar medida
de segurança ou pena diminuída (redução de1/3 a 2/3).

MENORIDADE (ART. 27):


Nos termos do art. 27 do Código Penal, os menores de 18 anos são inimputáveis, ficando sujeitos às
normas estabelecidas na legislação especial. Adotou-se, portanto, o critério biológico, que presume, de
forma absoluta, ser o menor de 18 anos inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
A menoridade cessa no primeiro instante do dia que o agente completa os 18 anos, ou seja, se o crime
é praticado na data do 18º aniversário, o agente já é imputável e responde pelo crime.
A legislação especial que regulamenta as sanções aplicáveis aos menores inimputáveis é o Estatuto
da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), que prevê a aplicação de medidas socioeducativas aos
adolescentes (pessoas com 12 anos ou mais e menores de 18 anos), consistentes em advertência,
obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou
internação, e a aplicação de medidas de proteção às crianças (menores de 12 anos) que venham a
praticar fatos definidos como infração penal.

EMOÇÃO E PAIXÃO (art. 28, I):


A emoção é um sentimento súbito, repentino, de breve duração, passageiro e intenso (ira
momentânea, o medo, a vergonha). A paixão é duradoura, perene (o amor, a ambição, o ódio). Nem a
emoção nem a paixão excluem a imputabilidade penal. Somente a emoção pode funcionar como redutor
de pena. A emoção pode ser causa de diminuição de pena em alguns crimes, dependendo das
circunstâncias (artigos 121, §1.º, e 129, § 4.º, do Código Penal), ou pode constituir atenuante genérica
(artigo 65, inciso III, alínea “c”, do Código Penal). Ex: O marido chega em casa e encontra a esposa com
outro, comete um homicídio. Foi movido por forte emoção.

EMBRIAGUEZ (art. 28, II):


Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou substancia de efeitos análogos
(cocaína, ópio etc), cujas consequências variam desde uma ligeira excitação até o estado de paralisia e
coma.

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A embriaguez divide-se em:
a) Embriaguez não acidental: A embriaguez não acidental pode ser voluntária ou culposa.
Voluntária: Ocorre quando o individuo ingere substância tóxica, com o intuito de embriagar-se.
Culposa: Ocorre quando o indivíduo, que não queria se embriagar, ingere, por imprudência, álcool ou
outra substância de efeitos análogos em excesso, ficando embriagado. Não está acostumado, começa a
beber e fica bêbado: Será considerado imputável, pois no momento da decisão de beber, optou pela
bebida. Poderia ter evitado. Exceção: O bêbado que bebe há muito tempo (alcoolismo) doença mental.
A embriaguez voluntária ou culposa não exclui a imputabilidade, ainda que no momento do crime o
embriagado esteja privado inteiramente de sua capacidade de entender ou de querer.

b) Embriaguez acidental: A embriaguez acidental somente exclui a culpabilidade se for completa e


decorrente de caso fortuito ou força maior.
Exemplo de Força maior. Alguém obrigar outra pessoa a ingerir bebida alcoólica.
Exemplo de caso fortuito: quando sujeito está tomando determinado remédio e, inadvertidamente,
ingere bebida alcoólica, cujo efeito é potencializado em face dos remédios, fazendo com que uma
pequena quantia de bebida o faça ficar em completo estado de embriaguez. Embriaguez involuntária.

c) Embriaguez patológica: Embriaguez patológica é a decorrente de enfermidade congênita


existente, por exemplo, nos filhos de alcoólatras que se ingerirem quantidade irrisória de álcool ficam em
estado de fúria incontrolável. Se for o agente, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, estará excluída
sua imputabilidade (aplica-se a regra do art. 26, caput). Se houver mera redução dessa capacidade, o
agente responderá pelo crime, mas a pena será reduzida (art. 26, parágrafo único).

d) Embriaguez preordenada: Embriaguez preordenada ocorre quando o indivíduo, voluntariamente,


se embriaga para criar coragem para cometer um crime. Não há exclusão de imputabilidade. O agente
responde pelo crime, incidindo sobre a pena uma circunstância agravante prevista no artigo 61, inciso II,
alínea “a” CP.

DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE:


Segundo o art. 45, caput, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Tóxicos), é isento de pena (inimputável)
o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito de substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica proveniente de caso fortuito ou força maior, era ao
tempo da ação ou omissão, qualquer quer tenha sido o resultado da infração praticada (do Código
Penal, da Lei de Tóxicos ou qualquer outra lei), inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Se a redução dessa capacidade
for apenas parcial, o agente é considerado imputável, mas sua pena será reduzida de 1/3 a 2/3
(parágrafo único).

TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL

Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Menores de dezoito anos


Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial.

Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:

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I - a emoção ou a paixão;

Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de
caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

DO CONCURSO DE PESSOAS

O concurso de pessoas, também denominado de concurso de agentes, concurso de delinquentes


(concursus delinquentium) ou codelinquência, implica na concorrência de duas ou mais pessoas para o
cometimento de um ilícito penal.
Não há que se confundir o concursus delinquentium (concurso de pessoas) com o concursus
delictorum (concurso de crimes) nem tampouco com o concursus normarum (concurso de normas
penais). São três institutos penais totalmente distintos, muito embora possam vir a se relacionar.
O Código Penal Brasileiro não traz exatamente uma definição de concurso de pessoas, afirmando
apenas no caput do art. 29 que: "quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade". Dispõe, ainda, que: "se a participação for de menor
importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço" (art. 29, § 1º), bem como: que "se algum
dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave" (art. 29, § 2º).
Em nível doutrinário, tem-se definido o concurso de agentes como a reunião de duas ou mais pessoas,
de forma consciente e voluntária, concorrendo ou colaborando para o cometimento de certa infração
penal. Vejamos os elementos básicos do conceito de concurso de pessoas – caso não esteja presente
qualquer um desses requisitos não há que se falar em concurso de pessoas:

A) PLURALIDADE DE AGENTES E DE CONDUTAS: A própria ideia de concurso é de pluralidade,


portanto impossível falar em concurso de pessoas sem que exista coletividade (dois ou mais) de agentes
e, consequentemente, de condutas.

B) RELEVÂNCIA CAUSAL DE CADA CONDUTA: Não basta a multiplicidade de agentes e condutas


para que se tenha configurado o concurso de pessoas; necessário se faz que, em meio a todas essas
condutas, seja possível vislumbrar nexo de causalidade entre elas e o resultado ocorrido. Diz-se, nesse
sentido, que a conduta de cada autor ou partícipe deve concorrer objetivamente (ou seja, sob o ponto de
vista causal) para a produção do resultado. Ou ainda, que cada ação ou omissão humana (conduta) deve
gozar de importância (relevância), à luz do encadeamento causal de eventos, para a verificação daquele
crime, contribuindo objetivamente para tanto. Desse modo, condutas irrelevantes ou insignificantes para
a existência do crime são desprezadas, não constituindo sequer participação criminosa; deve-se concluir,
nesses casos, pela não concorrência do sujeito para a prática delitiva. Isso porque a participação exige o
mínimo de eficácia causal à realização da conduta típica criminosa.

C) LIAME SUBJETIVO OU NORMATIVO ENTRE AS PESSOAS: Necessário, também, que exista


vínculo psicológico ou normativo entre os diversos "atores criminosos", de maneira a fornecer uma ideia
do todo, isto é, de unidade na empreitada delitiva. Exige-se, por conseguinte, que o sujeito manifeste,
com a sua conduta, consciência e vontade de atuar em obra delitiva comum. Deve haver unidade de
desígnios. É pressuposto básico do concurso de agentes que haja uma cooperação desejada e recíproca
entre eles. É necessária a homogeneidade de elemento subjetivo (não se admite participação dolosa em
crime culposo e vice-versa).
Observação: não se exige prévio acordo de vontades, mas apenas que uma vontade adira à outra.
Assim, por exemplo, a doméstica pode deixar a porta aberta para prejudicar a patroa e um ladrão pode
entrar na casa sem que saiba estar sendo ajudado.

D) IDENTIDADE DE INFRAÇÃO PENAL: Trata-se de identidade de infração para todos os


participantes, não propriamente de um requisito, mas sim de verdadeira consequência jurídica diante das

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outras condições. Havendo liame subjetivo, todos os envolvidos devem responder pelo mesmo crime,
salvo exceções pluralísticas.

E) EXISTÊNCIA DE FATO PÚNIVEL: é necessário que o fato seja punível em seu limite mínimo, ou
seja, início da execução, em respeito ao princípio da exterioridade.

Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS

Regras comuns às penas privativas de liberdade


Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário,
não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

A extinção da punibilidade ocorre diante de algumas causas que fazem desaparecer o direito
punitivo do Estado, impedindo-o de iniciar ou prosseguir com a persecução penal. O rol a seguir exposto
não é taxativo, pois existem outras causas extintivas de punibilidade previstas na parte especial do
Código Penal e em leis especiais. Extingue-se a punibilidade:
- Pela morte do agente;
- Pela anistia, graça ou indulto;
- Pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
- Pela prescrição, decadência ou perempção;
- Pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
- Pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
- Pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

1) Morte do Agente: O juiz de posse da certidão de óbito do agente, após ouvir o Ministério Público,
decretará a extinção punibilidade. Esta certidão deve ser expedida pelo Cartório de Registro Civil.

2) Anistia, graça ou indulto: Nesses institutos o Estado, por razões de política criminal, abdica de
seu direito de punir, em nome da pacificação social. Os crimes hediondos e assemelhados não estão
sujeitos à anistia, graça ou indulto. Assim se define os três institutos:
a) anistia – Consiste na decisão do Estado de não punir as pessoas já condenadas ou que podem vir
a ser condenadas por certos atos praticados, que são tipificados penalmente. Ela tem como objetivo evitar
a punição, para os casos em que já houve a condenação penal pelo tribunal. Trata-se de uma clemência
soberana concedida por lei para atingir todos que tenham praticado determinado delito. A anistia divide-
se em própria ou imprópria, irrestrita ou parcial, incondicionada e condicionada.
b) indulto – é concedido a determinado grupo de condenado de forma coletiva. Sua concessão
compete ao Presidente da República, que pode delegá-la;
c) graça – é concedida em caráter individual para benefício de determinado agente.

3) Abolitio criminis: Quando a lei pela sua retroatividade não mais considera determinado fato
criminoso como delito. A lei penal deixa de considerar como crime determinada conduta. Pode ocorrer
antes ou depois da condenação e apaga todos os efeitos penais.

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4) Decadência: Quando o ofendido ou seu representante legal perde o direito de oferecer a queixa,
nos crimes de ação penal privada. Em regra, o prazo é de 6 meses.

5) Prescrição: Quando o Estado não exerce a pretensão punitiva ou a pretensão executória após o
decurso de determinado período de tempo. A tabela com os prazos prescricionais consta no artigo 109
do CP.

6) Perempção: É uma sanção aplicada ao querelante, em virtude da perda do direito de prosseguir na


ação penal privada, por inércia ou negligência processual. Esse instituto é aplicado exclusivamente nas
ações penais privadas. A perempção só pode ocorrer depois de recebida a queixa e até o trânsito em
julgado do processo penal.

7) Renúncia: Ato unilateral em que o ofendido abdica do seu direito de oferecer a queixa. Instituto
exclusivo da ação penal privada. A renúncia só pode ocorrer antes do recebimento da queixa. Não
necessita da concordância do ofendido.

8) Perdão do ofendido: O ofendido (querelante) desiste do prosseguimento da ação penal privada,


desculpando o autor da ofensa (querelado) pela infração penal praticada. É concedido no decorrer da
ação penal privada. Ele pode ser processual ou extraprocessual. O perdão oferecido a um dos querelados
aproveitará os demais. Quando houver mais de um querelante, o perdão por parte de um deles, não
prejudicará o direito do outro continuar a ação.

9) Retratação do agente: Ocorre quando o agente admite que praticou o fato criminoso erroneamente.
É admitida nos crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia. A retratação deve ocorrer
antes da sentença condenatória de primeira instância.

10) Perdão judicial: Causa extintiva de punibilidade por meio da qual o juiz, diante de certos requisitos
previstos em lei, renuncia o direito de punir, geralmente fundado na desnecessidade da pena. O Juiz
reconhece a prática do fato delituoso, mas deixa de aplicar a pena. A sentença concessiva do perdão
judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância


agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles
não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.

Vejamos o Código Penal:

TÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Extinção da punibilidade
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou


circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade
de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.

Prescrição antes de transitar em julgado a sentença

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Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1 o do art.
110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-
se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.

Prescrição das penas restritivas de direito


Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade.

Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória


Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena
aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o
condenado é reincidente.
§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou
depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter
por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).

Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final


Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em
que o fato se tornou conhecido.
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em
legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver
sido proposta a ação penal.

Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível


Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a
suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se
na pena.

Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional


Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição
é regulada pelo tempo que resta da pena.

Prescrição da multa
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for
alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

Redução dos prazos de prescrição


Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do
crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.

Causas impeditivas da prescrição


Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da
existência do crime;

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II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre
durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

Causas interruptivas da prescrição


Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei nº
11.596, de 2007).
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência.
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos
relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo,
estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a
correr, novamente, do dia da interrupção.

Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.

Reabilitação
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada
um, isoladamente.

Perdão judicial
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência.

Questões

01. (PC/CE - Escrivão de Polícia Civil de 1ª Classe – VUNESP/2015) O indivíduo B provocou aborto
com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado, em 20 de fevereiro de
2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou em julgado.
Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado crime por
força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta no
tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.
(A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
(B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente
que se aplica a fatos anteriores.
(C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência
ocorresse antes de 01 de fevereiro de 2015
(D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em
julgado da condenação.
(E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a
execução persistindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia
transitado em julgado.

02. (TJ/AP - Técnico Judiciário - FCC) Com relação à aplicação da lei penal, é INCORRETO afirmar:
(A) Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
(B) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
(C) Pode-se ser punido por fato que lei posterior deixe de considerar crime, se já houver sentença
penal definitiva.
(D) A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
(E) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
de seu resultado.

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03. (DPE/RS - Defensor Público – FCC) Sobre o tempo e o lugar do crime, o Código Penal para
estabelecer
(A) o tempo do crime, adotou, como regra, a teoria da ubiquidade, e, para estabelecer o lugar do crime,
a teoria da ação.
(B) o tempo e o lugar do crime, adotou, como regra, a teoria da ação.
(C) o tempo e o lugar do crime, adotou, como regra, a teoria do resultado.
(D) o tempo e o lugar do crime, adotou, como regra, a teoria da ubiquidade.
(E) o tempo do crime, adotou, como regra, a teoria da ação, e, para estabelecer o lugar do crime, a
teoria da ubiquidade.

04. (TJ/ RJ – Juiz Substituto – VUNESP) A regra tempus regit actum explica o fenômeno da
(A) retroatividade da lei penal mais benéfica.
(B) ultratividade da lei penal excepcional.
(C) territorialidade temperada.
(D) extraterritorialidade.

05. (Câmara Municipal de Poá/SP - Procurador Jurídico - VUNESP/2016) Considera-se praticado


o crime no momento
(A) do resultado.
(B) em que o agente inicia os atos preparatórios.
(C) em que o agente cogita e planeja a prática criminosa.
(D) da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
(E) da ação ou omissão, bem como no momento em que se produziu o resultado.

06. (Câmara Municipal de Marília/SP - Procurador Jurídico - VUNESP/2016) Aplica-se a lei penal
brasileira ao crime cometido no território nacional. O art. 5° do CP estende a aplicação da lei penal
brasileira para fato cometido em
(A) embarcação privada brasileira atracada em portos estrangeiros.
(B) embarcação estrangeira de propriedade privada navegando no mar territorial do Brasil.
(C) aeronave privada brasileira pousada em aeroportos estrangeiros, desde que o país respectivo
tenha acordo de extradição com o Brasil.
(D) sede de embaixada ou unidade consular do Brasil no estrangeiro.
(E) residência do embaixador brasileiro em país estrangeiro que faça parte do Mercosul.

07. (Prefeitura de Campinas/SP - Procurador - FCC/2016) O Código Penal brasileiro considera


praticado o crime no lugar em que ocorreu a
(A) ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.
(B) omissão ou ação dolosa, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado.
(C) ação ilícita, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado
esperado.
(D) ação ou omissão culposa do agente, no todo ou em parte, bem como onde se produziu o resultado.
(E) omissão, no todo ou em parte, ainda que seja outro o momento do resultado.

08. (TJ/AM - Analista Judiciário – FGV) Com relação à lei penal no espaço, assinale a afirmativa
incorreta.
(A) A legislação penal brasileira adota o princípio da territorialidade absoluta.
(B) Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados em aeronave pública brasileira ainda que
esteja em território estrangeiro.
(C) As embaixadas estrangeiras não são consideradas território estrangeiro, aplicando-se a lei
brasileira nos crimes praticados no seu interior, salvo quando o autor for agente diplomático ou possua
imunidade diplomática.
(D) São princípios empregados para solucionar a regra da extraterritorialidade: personalidade ou
nacionalidade, domicílio, defesa, justiça universal, representação ou da bandeira.
(E) Para fins de Direito Penal, o conceito de território não se restringe à área limitada pelas fronteiras
brasileiras.

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09. (TCM/GO - Auditor Controle Externo – FCC/2015) Rodrigo praticou no exterior crime sujeito à lei
brasileira e foi condenado a 1 ano de reclusão no exterior e a 2 anos de reclusão no Brasil. Cumpriu a
pena no exterior e voltou ao Brasil, tendo sido preso em razão do mandado de prisão expedido pela justiça
brasileira. Nesse caso, a pena cumprida no exterior
(A) implicará na transformação automática da pena imposta no Brasil em sanção pecuniária.
(B) será considerada circunstância atenuante e a pena fixada no Brasil será objeto de nova dosimetria.
(C) implicou exaurimento da sanção penal cabível e Rodrigo não estará sujeito ao cumprimento da
pena imposta no Brasil.
(D) será descontada da pena imposta no Brasil e, assim, Rodrigo terá que cumprir mais 1 ano de
reclusão.
(E) é irrelevante para a lei brasileira e Rodrigo deverá cumprir integralmente os 2 anos de reclusão
impostos pela justiça brasileira.

10. (TJ/AL – Auxiliar Judiciário – CESPE) Acerca dos princípios da legalidade e da anterioridade, da
lei penal no tempo e no espaço e da contagem de prazo, assinale a opção correta.
(A) Conforme previsão do Código Penal, o tempo do crime é o momento da ação ou omissão que
coincida com o momento do resultado.
(B) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, sendo irrelevante o
lugar onde ocorreu o resultado.
(C) Se determinada pessoa tiver sido vítima de homicídio no dia 1º/8/2012, a contagem dos prazos
penais, nesse caso, terá iniciado em 1º/8/2012.
(D) Segundo o princípio da legalidade, no ordenamento jurídico brasileiro determinada conduta só será
considerada crime caso seja publicada lei posterior definindo-a como tal.
(E) Exceto se já decididos por sentença transitada em julgado, a lei posterior que de qualquer modo
favorecer o agente aplica-se aos fatos anteriores.

11. (Câmara de Maria Helena/PR – Advogado - FAUEL/2017) De acordo com o Código Penal, “o
resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa”. Ainda de
acordo com o Código Penal, considera-se causa:
(A) A ação ou omissão, mesmo que incapaz de causar o resultado previsto no tipo penal.
(B) A ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
(C) A ação ou omissão imaginada pelo sujeito, mesmo que sem efetiva materialização ou
exteriorização.
(D) Apenas a ação pode ser considerada causa, pois a omissão não pode gerar resultado penalmente
punível.

12. (CRAISA de Santo André/SP – Advogado - CAIP-IMES/2016) Associe corretamente os blocos


abaixo. Nos termos da legislação penal vigente há:
I- crime tentado.
II- desistência voluntária e arrependimento eficaz.
III- arrependimento posterior.
IV- crime impossível.

( ) quando o agente esgota todos os meios de que dispõe para consumar a infração penal e se
arrepende impedindo que o resultado ocorra, responde somente pelos atos praticados.
( ) quando o agente objetiva praticar determinado crime não alcança sua meta por ineficácia absoluta
do meio empregado ou impropriedade absoluta do objeto.
( ) quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
( ) quando os atos cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, por ato voluntário, o agente
repara o dano ou restitui a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa.

Assinale a sequência correta:


(A) II, IV, I, III.
(B) III, I, IV, II.
(C) II, IV, III, I.
(D) I, III, II, IV.

13. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB/2016) Sobre o crime culposo, é correto afirmar que:

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(A) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado.
(B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado.
(C) encontra seu fundamento legal no artigo 18, I, de Código Penal.
(D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que
com isso provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.
(E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando
resultado criminoso por ele não desejado.

14. (Prefeitura de Teresina/PI - Auditor Fiscal da Receita Municipal - FCC/2016) Considere:


I. obediência hierárquica.
II. estado de necessidade.
III. exercício regular de um direito.
IV. legítima defesa.
Dentre as causas excludentes de ilicitude, incluem-se o que consta APENAS em
(A) I e II.
(B) II, III e IV.
(C) I, II e IV.
(D) I, II e III.
(E) III e IV.

15. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2017) Em relação a exclusão da ilicitude é


CORRETO afirmar:
(A) Não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade.
(B) O agente, em qualquer das hipóteses de exclusão da ilicitude não pode responder pelo excesso
doloso ou culposo.
(C) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo futuro, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
(D) Pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
(E) Entende-se em legítima defesa putativa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, somente a direito seu.

16. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR - Odontolegista - IBFC/2017) Considere as regras básicas aplicáveis


ao Direito Penal e ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa correta sobre a imputabilidade
penal.
(A) São inimputáveis os menores de dezoito anos e semi-imputáveis aqueles que, por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento
(B) São imputáveis os menores de dezoito anos e semi-imputáveis aqueles que, por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento
(C) São inimputáveis os menores de dezoito anos e aqueles que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
(D) São imputáveis os menores de dezoito anos e inimputáveis aqueles que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
(E) São imputáveis os menores de dezoito anos e inimputáveis aqueles que, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não eram inteiramente capazes
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento

17. (TRE/TO - Analista Judiciário – FCC) De acordo com o Código Penal brasileiro, são penalmente
inimputáveis:
(A) os menores de dezoito anos.
(B) os maiores de dezoito e menores de 21 anos.
(C) os que praticam fato definido como crime em estado de violenta emoção.

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(D) os que praticam fato definido como crime em estado de embriaguez, sendo esta voluntária ou
culposa.
(E) os maiores de setenta anos.

18. (PC/AC - Escrivão de Polícia Civil - IBADE/2017) São elementos caracterizadores do concurso
de pessoas (coautoria e participação em sentido estrito), entre outros:
(A) liame subjetivo e pluralidade de infrações penais.
(B) liame subjetivo e relevância causal das condutas
(C) pluralidade de agentes e pluralidade de infrações penais.
(D) acordo de vontades entre os agentes e relevância causal das condutas.
(E) pluralidade de agentes e acordo de vontades entre os agentes.

19. (Câmara Municipal de Atibaia/SP – Advogado - CAIP-IMES/2016) Assinale a alternativa


incorreta. Para que se configure o concurso de pessoas na esfera penal faz-se mister:
(A) a presença de dois ou mais agentes e haver nexo de causalidade material entre as condutas
realizadas.
(B) a vontade de obtenção do resultado (vínculo de natureza psicológica).
(C) o reconhecimento da prática do mesmo delito para todos os agentes sendo que se antijuridicidade
atingir um dos coautores, se estenderá para os demais.
(D) o ajuste prévio entre os agentes.

20. (SUSEPE/RS - Agente Penitenciário - Fundação La Salle/2017) A pena do crime de peculato é


de 2 (dois) a 12 (doze) anos de reclusão, além de multa. De acordo com a previsão de prescrição antes
do trânsito em julgado da sentença, constante no art. 109 do Código Penal, o delito em tela prescreve
em:
(A) 20 (vinte) anos.
(B) 16 (dezesseis) anos.
(C) 12 (doze) anos.
(D) 08 (oito) anos.
(E) 04 (quatro) anos.

Respostas

01. Resposta: A
A alternativa A está correta visto que de acordo com o que prega o art. 2º do Código Penal:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela, a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

02. Resposta: C
Não se pode ser punido por fato que lei posterior deixe de considerar crime, mesmo que haja sentença
penal definitiva, mesmo que essa já tenha transitado em julgado. De acordo com o art. 2º, CP, a abolitio
criminis cessa a execução e os efeitos penais da sentença condenatória, portanto, a alternativa C está
incorreta.

03. Resposta: E
De acordo com o art. 4º, considera-se o momento da ação ou da omissão como o tempo do crime, não
importando quando o resultado ocorre, ou seja, adotou-se a teoria da ação. Em relação ao lugar do crime,
o Código Penal em seu art. 6º determina que esse é o local da ação, da omissão ou do resultado,
adotando, portanto, a teoria da ubiquidade.

04. Resposta: B
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
A lei excepcional é a feita para vigorar em períodos especiais, como guerra, calamidade, etc. Ela
vigorará enquanto perdurar o período excepcional.
Já a lei temporária é a feita para vigorar em um período de tempo pré-determinado fixado pelo
legislador. A lei traz em seu texto a data de cessação de sua vigência.

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Segundo o princípio do tempus regit actum, a lei a ser aplicada ao delito é a lei vigente no momento
da prática da conduta delituosa.
As leis penais temporárias e excepcionais possuem característica ultrativa, de acordo com art. 3º o
Código Penal, embora cessadas as circunstâncias que determinaram a lei excepcional ou mesmo
decorrido o período de vigência da lei temporária, aplicam-se elas aos fatos ocorridos durante a sua
vigência, ainda que prejudique o agente.

05. Resposta: D
De acordo com o que disciplina o art. 4º, do CP, considera-se praticado o crime no momento da ação
ou da omissão, não importando quando o resultado ocorre. Adotou-se a teoria da atividade ou da ação.

06. Resposta: B
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional. (...)
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

07. Resposta: A
Dispõe o art. 6º, do CP: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Aqui adota-se para
o lugar do crime a teoria da ubiquidade.

08. Resposta: A
A alternativa A está incorreta porque a legislação brasileira adota o princípio da territorialidade
temperada e não absoluta, haja vista que a lei penal aplica-se tanto ao território geográfico brasileiro,
como às suas extensões (território jurídico) e a alguns casos de extraterritorialidade previstos no art. 7º,
CP.

09. Resposta: D
De acordo com o art. 8º do Código Penal, a pena cumprida no estrangeiro, quando da mesma espécie
é computada, somente tendo Rodrigo que cumprir um ano aqui no Brasil.

10. Reposta: C
A contagem de prazos penais inclui-se o dia do começo no cômputo do prazo, conforme disposto no
art. 10, do Código Penal.
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.

11. Resposta: B
Nos termos do art. 13 do CP - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido

12. Resposta: A
A sequência correta é: (II) desistência voluntária e arrependimento eficaz; (IV) crime impossível; (I)
crime tentado e (III) arrependimento posterior.

13. Resposta: E
No crime culposo, o agente não quer nem assume o risco de produzir o resultado, mas a ele dá causa.
Assim, podemos afirmar que existe a culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever
de cuidado, provocando resultado criminoso por ele não desejado.

14. Resposta: B
O art. 23 do Código Penal prevê as causas excludentes de ilicitude, trazendo de maneira expressa
que: Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

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15. Resposta: A
Somente a alternativa “A” é a correta, pois conforme previsto no art. 23 do CP, não há crime quando o
agente pratica o crime em estado de necessidade, sendo assim, uma causa de exclusão da ilicitude. A
alternativa “B” está incorreta, porque responde o agente pelo excesso doloso ou culposo. A alternativa
“C’ está incorreta, pois o perigo tem que ser “atual” e não futuro. A alternativa “D” está incorreta, uma vez
que não pode alegar o estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. E, por fim,
a alternativa “E” está incorreta, pois ao mencionar “somente a direito seu”, exclui o direito de outrem, que
também é considerado com legitima defesa.

16. Resposta: C
Segundo o que preleciona o art. 26, do Código Penal, é inimputável, e consequentemente isento de
pena, o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento. Cabe relembrar que aquele que não era inteiramente capaz é
considerado semi-imputável, podendo ter sua pena reduzida de um a dois terços.

17. Resposta: A
Consoante o expresso na norma penal os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial (art. 27, do CP).

18. Resposta: B
São elementos básicos para a existência do concurso de pessoas:
a) Pluralidade de agentes e de condutas, sem a qual não se pode pensar em concurso.
b) Relevância causal das condutas - sem que haja essa relevância causal, não se pode cogitar que
todos tenham contribuído para o crime.
c) Liame subjetivo ou normativo entre as pessoas - significa que o partícipe deve ter ciência de estar
colaborando para o resultado criminoso visado pelo outro.
d) Identidade de crime para todos os envolvidos - havendo o liame subjetivo, todos os envolvidos
devem responder pelo mesmo crime.
e) Existência de fato punível.

19. Resposta: D
O liame subjetivo NÃO precisa ser bilateral, o agente pode estar auxiliando outrem na pratica delituosa
sem que a outra parte tenha o conhecimento deste auxílio, ou seja, não é necessário prévio ajuste entre
os agentes delituosos.

20. Resposta: B
De acordo com o art. 109 do CP: A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o
disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada
ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.

DOS CRIMES CONTRA A VIDA (ART. 121 A 128)

É finalidade fundamental do Estado, a proteção da pessoa humana, já que é o centro e a essência de


sua existência (o Estado).
O bem de maior valor do homem, sem dúvida alguma, é a vida e, quem tira a vida de outra pessoa é
punido, desde os tempos mais remotos.
O HOMICÍDIO é definido como a eliminação da vida extrauterina de um homem por outro. No código
penal, artigo 121 a definição é simples - matar alguém, pena 6 a 20 anos de reclusão.
O objetivo do artigo é a proteção da vida, que, inclusive, é garantia constitucional.
Somente o homem pode ser sujeito ativo do homicídio, e, não se exige nenhuma qualidade especial
para isto, podendo ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).

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Pode ser sujeito passivo, qualquer pessoa, basta ser humano, não existindo distinção qualquer,
sendo importante, saber-se, somente, quando se tem o início da vida que, para efeitos do homicídio, é
início do parto e, se ocorrer antes, trata-se de aborto.
Não se importa o legislador, com a expectativa de vida do nonato, basta haver a vida, para que sua
eliminação seja punida.
Eliminando-se a vida de um animal, ou até de um vegetal, não haverá homicídio, da mesma forma
quando a ação de matar se dirige contra um cadáver.
São seres humanos os considerados monstros, os portadores de graves deficiências, os moribundos,
etc.
No caso de xifópagos, a eliminação da vida de um deles, da qual depende a do outro, será considerado
homicídio em concurso formal.
Elemento objetivo: Descrição típica é matar alguém, eliminar a vida do ser humano, que pode ser feio
por qualquer meio, diretamente ou indiretamente.
Os meios podem ser classificados como físicos, químicos, patogênicos e psíquicos ou morais, podendo
ser causado, ainda, por ação ou omissão, desde que haja o nexo causal.
Elemento subjetivo (Dolo - genérico) É a intenção, o querer eliminar a vida humana, não sendo
necessário o fim especial de agir, que, entretanto, pode estar presente, qualificando ou privilegiando o
crime.
A transmissão do vírus da AIDS, quando causa a morte é considerado homicídio, na modalidade do
dolo eventual. Se não ocorreu a morte o crime é de lesão corporal de natureza grave, mas, não caracteriza
tentativa de homicídio.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
Por ser crime material o homicídio, para consumação, depende de resultado naturalístico, que ocorre
com a morte da vítima, definida como sendo a parada de funcionamento cerebral, circulatória e
respiratória, de caráter definitivo.
A comprovação do homicídio se faz através de exame necroscópico.
É possível a tentativa de homicídio. Havendo ataque à vida e, não ocorrendo o resultado por
circunstâncias alheias à vontade do agente, haverá a tentativa de homicídio.
Deve-se diferenciar tentativa de homicídio de lesão corporal, cuja distinção se encontra na intenção
do agente, que pode ser deduzido através de critérios objetivos, como a violência do golpe, a sede das
lesões, o tipo de arma utilizada, etc., devendo existir, ainda, o efetivo ataque ao bem jurídico, não se
impostando, exclusivamente, com a gravidade das lesões sofridas pela vítima.
Fala-se em tentativa branca, quando o agente dispara contra a vítima, mas não consegue atingi-la.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO: ARTIGO 121, parágrafo 1º do C.P. Não é delito autônomo, mas, caso
de diminuição de pena pela existência de determinadas circunstâncias que tornam menos grave a
reprovabilidade da conduta e, por consequência, a pena, sendo a diminuição entre os limites de 1/6 a 1/3
que, de acordo com a maioria dos juristas é obrigatória, mas, existe entendimento em contrário.
As circunstâncias que diminuem a pena são: relevante valor social ou moral e a violenta emoção, após
a injusta provocação da vítima.
Tais circunstâncias, que já foram estudas (sentimento sociais) demonstram que o agente não possuí
um alto grau de periculosidade, devendo, pois, sofrer uma menor punição.
Os sentimentos morais, relembrando, são sentimentos individuais que podem levar a prática do crime,
como a piedade, no caso da eutanásia que, por nossa legislação é punida a título de homicídio.
Por fim se tem a violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima, quem contém os
seguintes requisitos: existência da emoção; provocação da vítima e reação imediata A emoção é um
estado grave que, momentaneamente, perturba o sentido do ser humano, levando ao crime. Assim, não
se incluí no privilégio, o chamado homicídio passional (matar por amor).
Se não estiver presente a emoção violenta, poderá existir circunstância atenuante, mas não o
privilégio.
É de suma importância a injustiça na provocação
A circunstância de tempo, logo em seguida, também deve estar presente, a reação deverá ser
imediata.

HOMICÍDIO QUALIFICADO: ARTIGO 121, parágrafo 2º.


São circunstâncias que, presentes, demonstram, ao contrário dos privilégios, uma periculosidade
maior no agente, merecendo, pois, uma sanção maior.
São causas que qualificam o homicídio:

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a) paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe: a vida não pode ser motivo de
comércio, receber alguma vantagem, em especial dinheiro para tirar a vida de outro ser humano é
repugnante e, no caso, respondem pelo crime o mandante e o agente e comunica-se ao coautor, por ser
elementar do crime.
Qualquer outro ativo repugnante, ignóbil, desprezível, como o caso de homicídio praticado para
recebimento de herança, também qualifica o homicídio.
b) motivo fútil: é o motivo pequeno, sem importância, amplamente desproporcional, e é analisada do
ponto de vista objetivo e não de acordo com o réu.
c) veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel ou de que possa
resultar perigo comum: nota-se, nos presentes casos que o agente tem um desprezo total em relação
à vítima, não se importando com o sofrimento que lhe vai impor, com a utilização dos meios cruéis,
veneno, fogo, nem tampouco com a vida de outras pessoas que possam ser atingidas por seu ato,
merecendo, assim, uma maior punição.
Para reconhecimento da qualificadora, entretanto, é necessária a comprovação do nexo entre a
utilização do meio insidioso ou cruel e a morte, inclusive com exame toxicológico.
A asfixia pode ocorrer de diversas formas, bloqueio das vias respiratórias, enforcamento, esganadura,
estrangulamento, soterramento, confinamento, etc.
Outros meios que podem ser citados é a morte por descarga elétrica de alta tensão, a armadilha, a
sabotagem, etc.
Como meios que pode causar perigo comum, aponta-se a inundação, desabamento, etc.
d) traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa
do ofendido: que demonstram covardia por parte do agente.
A traição ocorre quando o agente atinge a vítima que se encontra confiando nele, ou descuidado, por
não imaginar a intenção do assassino.
A emboscada ou tocaia é a espera e escolha do lugar melhor para a execução da vítima que
desconhece a situação.
A dissimulação é o disfarce, uma máscara que esconde da vítima seu destino e a intenção do agente.
A surpresa, quando dificulta a defesa da vítima é considerada como qualificadora, como o exemplo do
crime praticado quando a vítima estava dormindo.
e) crimes praticados para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime: Ou seja, quando haja conexão entre dois crimes, sendo um deles praticado pelo ou para o
outro, podendo ser anterior, concomitante e posterior.
A premeditação não é considerada qualificadora, podendo ser considerada circunstância judicial para
a fixação da pena acima do mínimo legal.
Matar o pai não qualifica o crime, mas, trata-se de circunstância agravante.
Conforme o caso o homicídio pode ser considerado m crime político, genocídio.
As circunstâncias qualificadoras e privilegiadoras se comunicam entre os coautores, desde que
objetivas e conhecidas pelo coautor, havendo entendimento diverso.
Outra dúvida na doutrina, a respeito destas circunstâncias, é a possibilidade de reconhecimento de
qualificadoras e privilegiadoras num mesmo fato. Alguns entendem não ser possível, pois, um crime
qualificado, não pode ser considerado ao mesmo tempo privilegiado. Numa segunda posição estão os
que entendem que é possível a coexistência de qualificadoras objetivas com o privilégio e, a terceira
entende ser possível a coexistência em qualquer hipótese.
Não é possível a combinação de circunstâncias qualificadoras de caráter subjetivo com as
circunstâncias privilegiadoras.
Com o advento do E.C.A., o crime de homicídio praticado contra menor de 14 anos, seja simples,
qualificado ou privilegiado, terá um aumento de 1/3.
Existe distinção entre o homicídio e o aborto pois nesta e conduta somente poderá ocorrer antes do
início do parto e do infanticídio pois, neste, existe uma série de elementos, como mãe, a serem
preenchidos pelo sujeito ativo.
O concurso, quer seja formal ou material, pode ocorrer quando da prática de homicídio, como ocultação
de cadáver, lesões corporais em terceiros, etc, sendo, inclusive, possível, a continuidade delitiva.
f) feminicídio: Com recente alteração à norma penal pela Lei nº 13.104/2015, foi inserida a
qualificadora que eleva a pena quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino. Diz-se de razões da condição de sexo feminino quando o crime envolve: violência
doméstica e familiar; e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Importante destacar, ainda, que utiliza-se os termos “feminicídio” ou “assassinato relacionado a
gênero”, ao assassinato de mulheres pela condição de serem mulheres. Tal tipo penal se refere a um

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crime de ódio contra as mulheres, justificada sócio-culturalmente por uma história de dominação da
mulher pelo homem e estimulada pela impunidade e indiferença da sociedade e do Estado.
O doutrinador Nucci, em comentário acerca da alteração da Lei menciona que em lugar do legislador
criar essa nova figura qualificada do delito do art. 121, maior eficácia teria, ao combate da violência contra
a mulher, se este elevasse as penas dos crimes de ameaça e lesão corporal, uma vez que estas são as
causas primárias do homicídio cometido contra a mulher. Assim, ameaçar de morte permanece com pena
de multa (a menor). Lesionar a integridade corporal, três meses de detenção, com vários benefícios, logo,
prisão não há. Quer-se punir o mais, ignorando-se o menos.
Frisa-se, ainda, que nos termos do art. 121, §7º, do CP, a pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.

g) Lei 13.142/2015: Esta norma acrescenta mais uma circunstância qualificadora ao crime de
homicídio, tornando mais severa a punição àquele que pratica ou tenta praticar este crime contra
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição.
Antes de prosseguir cabe destacar alguns pontos importantes sobre os sujeitos passivos do delito. Em
primeiro lugar, a proteção é estendida àqueles abrangidos pelo o art. 142 da CF/88, sendo estes os
membros das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica. Já o art. 144
disciplina os órgãos de segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária
federal, polícias civis, polícias militares, corpos de bombeiros militares e guardas municipais.
Na categoria integrantes do sistema prisional entende-se que não estão abrangidos apenas os agentes
presentes no dia a dia da execução penal (diretor da penitenciária, agentes penitenciários, guardas, etc),
mas também aqueles que atuam em certas etapas da execução (comissão técnica de classificação,
comissão de exame criminológico, conselho penitenciário etc).
O Departamento da Força Nacional de Segurança Pública ou Força Nacional de Segurança Pública
(FNSP), é um programa de cooperação de segurança pública brasileiro, coordenado pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública (SENASP). É um agrupamento de polícia da União que assume o papel
de polícia militar em distúrbios sociais ou em situações excepcionais nos estados brasileiros, sempre que
a ordem pública é posta em situação concreta de risco. É composta pelos quadros mais destacados das
polícias de cada Estado e da Polícia Federal, seus integrantes possuem a proteção da norma.

ATENÇÃO: Nos três casos, a qualificadora pressupõe que o crime tenha sido cometido contra o
agente no exercício da função ou em decorrência dela.

Por fim, o crime de homicídio é punido mais severamente quando cometidos contra o cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau dos agentes descritos nas alíneas anteriores.
Contudo, alerta o legislador ser indispensável que o crime tenha sido praticado em razão dessa condição,
ou seja, que o homicida escolheu matar aquela vítima exatamente por ser ela parente de policial.
Cumpre destacar ainda aqui que a Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos) foi igualmente alterada pela
norma. Com isso, o homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida de morte, quando praticados
contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3o. Grau, em razão dessa condição
passam a ser etiquetados como hediondos.

HOMICÍDIO CULPOSO: artigo 121, § 3º. a culpa é a produção de um resultado não querido, mas
previsível. Assim, homicídio culposo ocorre quando o agente consegue a morte da vítima sem ter a
intenção do resultado.
Geralmente verifica-se o crime de homicídio culposo, em acidentes de trânsito, tanto é verdade que
luta-se pela criação de delito autônomos em relação aos acidentes de trânsito, onde a culpa consiste na
transgressão de determinada regra de trânsito, devendo haver, além da transgressão, prova inequívoca
da culpa do agente. Às vezes a culpa vem revelado no fato do motorista dirigir embriagado, na contra
mão de direção, em velocidade incompatível para o local.

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Se necessário se faz a prova da culpa do agente, impõe-se o entendimento de que se a culpa for da
vítima, não haverá responsabilização penal, em relação àquele que causou a lesão, salvo no caso de
culpa recíproca.

HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO: artigo 121 § 4º. Ocorre a qualificadora do homicídio culposo,
nas seguintes hipóteses: 1- se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício, que não deve ser confundida com a imperícia, pois, no caso, o agente conhece a regra técnica,
entretanto, não a observa, como o caso do motorista que, sabendo estar obrigado a utilizar as duas mãos
no volante, dirige com apenas uma, não havendo necessidade de ser um motorista profissional, pois a lei
se refere também a arte e ofício. 2- quando o agente não prestar socorro à vítima, não procura minorar
as consequências de seu ato, ou foge da prisão em flagrante. O socorro á vítima é obrigação legal, e o
seu descumprimento implica em aumento de pena no homicídio culposo, mas, se ficar comprovado que
o agente podia evitar a morte da vítima, caso prestasse socorro, responderá por homicídio doloso, pois,
com conduta anterior criou o risco de produzir o resultado.
É natural que se o agente deixou de prestar o socorro à vítima, ou fugiu do local com a intenção de
buscar socorro próprio ou, de populares que o agrediriam, a qualificadora não poderá ser reconhecida, o
mesmo ocorrendo se a vítima foi socorrida por terceiros.
É possível o concurso formal, no caso de haver duas ou mais vítimas.
Paira dúvida, entretanto, na possibilidade de concurso entre o homicídio culposo e a contravenção de
falta de habilitação, uma corrente entendendo que não pode ser absorvida a contravenção,
reconhecendo-se, assim, o concurso. Outra corrente descorda desta posição, entendendo haver a
absorção, sendo a primeira a predominante.
Além das consequências penais o CTB prevê como consequência administrativa da condenação por
crime culposo de trânsito, a inabilitação para dirigir veículos.

PERDÃO JUDICIAL: artigo 121 § 5º. Quando as consequências da infração foram danosas para o
agente a ponto da sanção penal ser desnecessária, permite-se ao Juiz o aplicação do perdão judicial.
Como o caso do marido que perde a família num acidente de trânsito no qual foi culpado. Entretanto, a
aplicação do perdão deve ser feita com cautela e como exceção, pois, se aplicado indistintamente, poderá
consistir num caminho para a impunidade.
Nos casos de homicídio, crime contra a vida, a ação penal é pública incondicionada e, nos casos de
crime doloso, a competência para julgamento será do Tribunal do Júri.

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO: artigo 122 do C.P. - Nada mais o suicídio
do que a eliminação da própria vida. A prática do suicídio não é punida por nossa legislação, entretanto,
é considerado fato ilícito, por atingir um bem indisponível que é a vida, por isto, a coação para que seja
evitado, não constitui crime, mas, a lei pune qualquer pessoa que, de qualquer forma, participe no suicídio
de outra pessoa. A pena para quem induz, instiga ou auxilia no suicídio é de 2 a 6 anos, se este se
consuma, ou 1 a 3 anos se, da tentativa de suicídio resultar lesão corporal de natureza grave, sendo a
pena de reclusão.
Tem por objetivo o legislador a proteção da vida humana.
Pode ser sujeito ativo do crime, qualquer pessoa, excluindo aquele que tenta contra a própria vida, que
colabora com a atitude da vítima.
Sujeito passivo é o homem, desde que seja capaz de ser induzido, sendo possuidor de capacidade de
resistência, pois, caso contrário, o crime será de homicídio doloso. É necessário, também que o sujeito
passivo seja determinado, uma ou várias pessoas certas.
A descrição objetiva demonstra três possibilidades de conduta, que são, induzir, instigar (participação
moral), ou prestar auxílio, (participação física).
Induzir significa criar na mente do sujeito passivo a ideia na prática do suicídio.
Instigar é reforçar a ideia que já existe na mente do suicida, desde que a vítima seja influenciada pela
conduta, pois, caso, não, inexistirá o nexo causal e, como consequência, o crime. O induzimento e
instigação podem consistir em uma fraude, como o caso do marido que querendo ver morta a mulher com
a qual tinha um pacto de morte, finge ter morrido, obtendo o seu suicídio. Houve instigação. Se, a vítima,
não tivesse a intenção de tirar a própria vida, haveria homicídio. Na coação resistível, caso a vítima
pratique o suicídio, haverá o crime de induzimento.
Pode haver a conduta de auxiliar, participação material, como o empréstimo da arma para a prática do
suicídio, bem como no ensinar formas de conseguir a morte sem dor, impedir o socorro para que o
resultado ocorra, etc. Entretanto, se o agente pratica qualquer ato de execução, como puxar a corda por
exemplo, responderá por homicídio.

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Pode o agente praticar uma das condutas, ou as três, que o crime será o mesmo, não havendo
aumento de pena.
Os maus tratos, se forem constantes a ponto de criar na vítima a vontade de tirar a própria vida,
caracteriza o crime.
Embora discutia a possibilidade, nada impede a prática do crime em tela por omissão, como o caso do
carcereiro que deixa o preso falecer em decorrência de greve de fome, havendo, no caso um
descumprimento a um dever jurídico. Na modalidade de induzimento e instigação não existe dúvida sobre
a possibilidade, entretanto, em relação ao auxílio, a maioria entende não ser possível.
É fundamental a ocorrência do resultado morte ou de lesão corporal de natureza grave e, caso não
haja, não existe punição por este crime.
O tipo subjetivo exige a presença do dolo, ou seja, a vontade de induzir, instigar ou auxiliar o suicida,
acrescida da prova da relação de causalidade entre o induzimento e a prática do ato, pois, se, sem ele o
resultado ocorreria da mesma forma, ou seja, se a vítima já estava decidida na prática do ato, não haverá
o crime, como o exemplo daquele que fornece um revólver para a vítima, que se mata afogada. Não há
forma culposa do referido crime.
A consumação do crime ocorre com o resultado morte ou lesão corporal de natureza grave. A tentativa
de induzimento não é possível, mas se fala em tentativa de suicídio, no caso do resultado de lesão
corporal de natureza leve, onde, aquele que instigou será punido com uma pena menor.
Apresenta o crime forma qualificada, com aplicação em dobro da pena nos seguintes casos:
1- crime praticado por motivo egoístico, onde se exige a presença do dolo específico, que demonstra
um maior desprezo por parte do agente, como o caso do filho que instiga o pai a praticar o suicídio com
a finalidade de receber a herança, ou
2- quando a vítima é menor ou tem diminuía, por qualquer causa a capacidade de resistência, por
serem mais facilmente sugestionáveis, tornando tranquila a prática do crime.
Se o agente, com fraude, consegue a morte que não era querida pela vítima, responde por homicídio.
Na prática de roleta russa os sobreviventes responderão pelo crime de induzimento ao suicídio.
No casos de suicídio a dois (Romeu e Julieta), o sobrevivente responderá por homicídio, se praticou
algum ato de execução ou por instigação, caso não tenha praticado.

INFANTICÍDIO: artigo 123 CP - Nada mais é do que um homicídio privilegiado, praticado pela mãe,
sob a influência do estado puerperal, durante ou logo após o parto, contra seu próprio filho.
O fato do legislador ter utilizado como fundamento da prática do crime o estado puerperal, pois a
influência deste estado não está definida, faz com que o dispositivo seja criticado, pois, na realidade o
crime tem por matéria, mais um problema social da mãe (solteira, casada com filho espúrio), do que
simplesmente o puerpério.
A pena para a prática do crime é de detenção de 2 a 6 anos.
Com o artigo tem o legislador o objetivo de proteger a vida do ser humano, no caso, a vida extrauterina.
O delito em estudo é próprio, portanto, deve ser praticado pela mãe, sendo ela sujeito ativo do crime.
Pergunta-se, entretanto se a pessoa que colabora com a prática do crime responde por ele ou por
homicídio Alguns entendem que, como a condição de mãe, estado puerperal são elementos de caráter
pessoal, na forma do artigo 30, devem se comunicar e, portanto, o colaborador responderá por infanticídio.
Outros que entendem ser o estado puerperal personalíssimo, lutam pela responsabilização do
colaborador por homicídio.
Terceira corrente entende que se o colaborar pratica ato de execução, como dar pauladas, responderá
por homicídio, mas, se colaborar, sem praticar qualquer ato de execução (partícipe), responderá por
infanticídio.
Sujeito passivo do crime é o filho que está nascendo ou recém-nascido, mesmo se ainda não respirou,
ou se caso não fosse praticada a conduta, morreria ele de consequências naturais.
O feto abortado por não ter condições de desenvolvimento, não pode ser sujeito passivo do crime, mas
se tratar-se de parto prematuro, o recém-nascido poderá ser sujeito passivo.
A descrição objetiva do crime exige a conduta matar, que pode consistir numa ação, dar pauladas, ou
omissão, como a falta de ligadura no cordão umbilical.
O fato deve ter ocorrido sob a influência de estado puerperal, e, ainda, durante ou logo após o parto,
que se inicia com a contração do útero e termina com a eliminação da placenta.
A lei não indica o que se considera logo após o parto, entendendo alguns doutrinadores que é de sete
dias, outros, oito dias, a aqueles que entendem que o prazo deva ser examinado pelo prudente arbítrio
do julgador. O normal é considerar logo após o parto, até a data da queda do cordão umbilical.

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O tipo subjetivo exige a presença do dolo, qual seja, a vontade de matar o próprio filho, nascente ou
recém-nascido, não havendo forma culposa, podendo haver responsabilização, no caso, por homicídio
culposo.
A consumação ocorre com a morte do nascente ou recém-nascido, sendo possível, perfeitamente, a
tentativa.
O aborto diferencia-se do infanticídio, pois somente pode ocorrer antes do parto. Se não existir a
influência do estado puerperal, o crime será de homicídio. Se a conduta foi abandonar, com a finalidade
de ocultação de desonra própria, o crime será de exposição ou abandono de recém-nascido, qualificado
se resultar morte.
Poderá haver concurso do presente crime como o de ocultação de cadáver.

ABORTO: Aborto pode ser definido como a interrupção da gravidez com a destruição do produto da
concepção, (ovo, até três semanas, embrião, até 3 meses e feto, a partir dos 3 meses), não havendo
necessidade de expulsão.
Pode o aborto ser espontâneo (natural), ocorrendo nos casos de problemas de saúde da gestante;
acidental, resultante de um acidente, como queda, e provocado, criminoso e que merece punição.
O aborto não é considerado crime em diversas legislações estrangeiras, e existe no Brasil, movimento
para sua liberação.
O aborto é apresentado na nossa legislação das seguintes formas: auto-aborto ou consentimento no
aborto, (artigo 124), aborto sem o consentimento da gestante, (artigo 125) e aborto com o consentimento
da gestante, (artigo 126).
O objetivo do legislador é a proteção da vida intrauterina e a vida e integridade corporal da gestante,
no caso de aborto pratica sem o eu consentimento.
Pode ser sujeito ativo do crime de aborto, qualquer pessoa, salvo no caso do auto-aborto, onde
somente a gestante poderá ser agente no crime.
O sujeito passivo é o Estado e a comunidade Nacional, já que o feto, embora tenha garantia civil, não
é sujeito como direito e obrigações na esfera penal. No caso do aborto praticado sem consentimento a
mulher é sujeito passivo.
A descrição objetiva apresente um objeto material, que consiste no produto da concepção, desde o
início da gravidez até o início do parto (o início da gravidez, para efeitos penais se dá com a implantação
do óvulo no útero da mãe, fato que permite a utilização de pílulas anticoncepcionais).
Assim, não há crime com a interrupção de gravidez tubárica ou ovárica, bem como a molar.
A conduta exigida é qualquer uma, capaz de produzir o aborto, ou seja, causar o aborto, interrompendo
a gravidez com a morte do feto.
Diversas formas podem ser utilizadas para provocação do aborto, bem como diversos meios, químicos,
orgânicos, físicos ou psíquicos. Se o meio for ineficaz, haverá o crime impossível.
Embora a posição seja criticada é possível a prática de aborto por omissão, devendo, em qualquer
caso, haver a prova da gravidez, bem como a realização de exame pericial no feto, por ser infração que
deixa vestígios.
O tipo subjetivo exige a presença do dolo, ou seja a vontade de interromper a gravidez, com a morte
do feto, não havendo forma culposa em relação à mulher que imprudentemente, toma uma substância
abortiva, permanecendo a punição em relação ao terceiro que causou o aborto culposamente. A tentativa
de suicídio de mulher grávida, não é punida a título de tentativa de aborto.
O crime de aborto consuma-se com a interrupção da gravidez e a morte do feto.
A tentativa é possível quando as manobras abortivas não interrompem a gravidez ou provocam
somente aceleração do parto.

AUTO ABORTO E ABORTO CONSENTIDO: Artigo 124 - cuja conduta descrita é provocar aborto em
si mesma ou consentir com que o façam. No caso de consentimento, a gestante que consentiu responde
pela revisão do artigo 124, enquanto que, aquele que realiza o aborto responde pelo crime previsto no
artigo 126, com pena mais severa.
A pergunta que surge em relação ao crime de aborto, gira em torno da possibilidade do concurso de
pessoas no casos de auto-aborto e no consentimento.
Alguns entendem que poderá haver concurso na forma moral, ou seja, na instigação ou induzimento,
desde que não haja participação direta na prática do crime. Mas, se houver a prática de qualquer ato de
execução o partícipe responderia pelo crime previsto no artigo 126.
Para outra corrente, aquele que participa de qualquer forma sempre responde pelo crime previsto no
artigo 126, mesmo que não pratique ato de execução, sendo a primeira corrente a mais aceitável.
Em qualquer hipótese o consentimento da gestante deve ser válido.

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ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO: artigo 125 - pena de reclusão de 3 a 10 anos. O resultado,
sem consentimento pode advir do emprego de força, de ameaça ou, ainda, de fraude, geralmente na
última modalidade.
Existem casos de impossibilidade de consentimento e, nestes, mesmo havendo a vontade da gestante,
o crime será o previsto no artigo 125, pois, não é válido o consentimento em determinados casos, como
as menores de 14 anos e as alienadas mentais.

ABORTO CONSENSUAL: artigo 126 - define o artigo a provocação do aborto, por terceira pessoa,
com o consentimento da gestante, sendo que, a gestante que consente responderá pelo crime previsto
no artigo 124.
Existem duas formas de consentimento, o expresso e o tácito, e, caso haja a revogação do
consentimento, durante as manobras abortivas, continuando o agente, responderá pelo crime de aborto
provocado sem o consentimento.

ABORTO QUALIFICADO: artigo 127 - que prevê aumento de 1/3 na pena, caso a gestante sofra
lesões corporais de natureza grave, e a duplicação da pena se resultar a morte, nas formas do aborto
provocado e, desde que o resultado mais grave não fosse querido, manifestando-se na forma de crime
preterdoloso. Havendo intenção de obter o resultado o agente responderá por lesão corporal ou
homicídio, em concurso com o aborto.
Como a lei faz referência somente aos meios empregados, é possível a punição do agente por tentativa
de aborto qualificado. A aplicação da qualificadora só é possível nas formas previstas nos artigos 125 e
126.
Quando a lesão, mesmo de natureza grave, for consequência necessária do fato, não existirá a
qualificadora.

ABORTO NECESSÁRIO: artigo 128 - aborto legal - É o realizado por médico com a intenção de salvar
a vida da gestante e desde que o aborto seja o único meio para a salvação da grávida, não havendo
necessidade que o perigo seja atual, podendo ser futuro.
A necessidade do aborto fica a critério do médico, havendo doutrinadores que entendem ser
imprescindível o consentimento da gestante.
Caso outra pessoa, que não médico, realize o aborto, poderá haver estado de necessidade.

ABORTO SENTIMENTAL: praticado em mulher cuja gravidez resultou de estupro e, numa


interpretação extensiva, de atentado violento ao pudor.
Neste caso, não será necessário decisão judicial, bem como autorização, bastando prova da gravidez
e do crime praticado, ficando o médico adstrito somente ao seu código de ética profissional, sendo
necessário o consentimento da gestante, e, se menor, prova da menoridade ou alienação mental.

O aborto eugenésico, quando existe possibilidade de anormalidade do feto, não é permitido por nossa
legislação.
O aborto se distingue do infanticídio por ocorrer somente antes do parto. O agente que agride a grávida,
conhecendo a situação, responderá, em concurso formal pelo aborto e pelas lesões causadas, se
desconhecer e puder prever, responderá por lesões corporais de natureza gravíssima.

Se o feto é expulso com vida e assim permanece, haverá tentativa de aborto e, caso a intenção fosse
somente a aceleração do parto, haverá crime de lesão corporal. Praticadas manobras abortivas em
mulher não grávida, inexistirá o aborto, mas, haverá punição por homicídio culposo.

A lesão corporal de natureza leve está contida no crime de aborto e não será punida separadamente.
Anunciar meio abortivo é contravenção penal, prevista no artigo 20 da L.C.P.

Morrendo o feto em decorrência de homicídio da gestante e conhecendo o agente a gravidez, ele


responderá pelo crime de aborto e de homicídio, embora haja posição em contrário.

A existência de diversos fetos, (gêmeos, por exemplo), não implica na ocorrência de concurso formal,
pois, não são eles sujeitos passivos do crime.

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Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio simples
Art 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)


VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído
pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº
12.720, de 2012)
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio


Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

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Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro


Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou
é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro


II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.

DAS LESÕES CORPORAIS (ART. 129 E PARÁGRAFOS)

Nos termos do artigo 129 do CP, pode-se definir o crime de lesão corporal como a ofensa à integridade
física ou saúde de outra pessoa, ofendendo a normalidade funcional do organismo, quer do ponto de vista
físico, como o psíquico, tanto na modalidade dolosa quanto na culposa.
O objetivo jurídico do artigo é a proteção da integridade física e psíquica do indivíduo.
Pode ser sujeito ativo do crime em estudo, qualquer pessoa, menos a pessoa que se auto lesiona,
pois, a auto lesão não é punida por nossa legislação, podendo haver o delito de fraude contra o seguro.
Sujeito passivo é qualquer pessoa humana, a partir do início do parto, desde que esteja vivo. Assim, a
prática de lesão em um cadáver, caracterizará crime de vilipêndio de cadáver, mas não de lesão corporal.
Como a integridade física é bem indisponível, o consentimento da vítima é indiferente na prática do
crime, salvo nos casos de intervenções cirúrgicas de esportes violentos, onde a lesão não caracteriza
crime e o consentimento é necessário.
A evolução do direito tem levado ao caminho de se considerar a integridade corporal como bem
disponível, onde o consentimento, certamente, descaracterizará a prática do crime.
No caso específico das intervenções cirúrgicas, entendem alguns doutrinadores que falta tipicidade,
pois, a intervenção, na maioria das vezes, ao invés de ofender a integridade da vítima, acaba por melhorar
sua saúde.
Haverá crime de lesão corporal quando o ferimento é causado na fuga do ataque do sujeito ativo.

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A descrição objetiva exige a ofensa a integridade física da pessoa humana, ou seja, qualquer alteração
desfavorável produzida no organismo de outra pessoa, quer seja o mal físico, fisiológico ou psíquico, não
sendo necessário a existência de dor ou sangramento.
O crime pode ser praticado através de diversos meios e atingir o organismo humano de diversas
formas, inclusive através de uma doença.
A lesão corporal não caracteriza-se somente em causar a lesão, mas também, o fato de agravar-se
uma lesão já existente.
O crime será único se, em determinada conduta forem causados diversos ferimentos.
No casos de lesões leves entre casados, a jurisprudência, por política, indica a não punição, desde
que a vida conjugal, após o fato, é coroada de harmonia.
A lesão pode ser praticada por violência física e até moral, como um susto, por exemplo.
É possível a prática do crime por omissão, quando presente o dever jurídico de evitar-se o resultado,
bem como por meio indireto, como o caso da vítima que é dirigida para cair e um buraco.
A descrição subjetiva exige o dolo, ou seja, a vontade do agente em causar o dano à integridade física
ou psíquica da vítima.
No caso da prática de intervenções cirúrgicas e prática de esportes violentos, para aqueles que
entendem haver tipicidade, o crime será excluído, face a presença de exercício regular de direito, portanto,
causa que exclui a antijuridicidade.
Ganha importância a discussão na análise da possibilidade de operação transexual, alguns
entendendo tratar-se de lesão corporal e outros, concordando com a possibilidade da operação sem a
caracterização do crime. Se a cirurgia for realizada para correção de problema congênito, como o
hermafrodita, não haverá prática do crime de lesão corporal.
A consumação do crime ocorre quando a vítima tem sua integridade física ou mental alterada pela
conduta do sujeito ativo.
Em relação à tentativa, existem posições diversas, uns entendendo ser impossível, pois estaria
caracterizado a contravenção de vias de fato e outros, em contrariedade, entendendo ser perfeitamente
possível, quando o agente tenta causar a lesão, mas não obtém o resultado por circunstâncias alheias a
sua vontade, posição adotada pela maioria e fixada pela jurisprudência, mesmo sendo difícil a
comprovação de qual tentativa se fala, de lesão corporal de natureza leve, grave ou gravíssima, devendo
ser a decisão sempre a favor do réu.

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE: Para se determinar se a lesão corporal e de natureza


leve, utiliza-se o processo de eliminação. O legislador indica quando a lesão é de natureza grave ou
gravíssima. Se não ocorrer o resultado previsto pelo legislador, a lesão será leve.

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: artigo 129, § 1º - Neste parágrafo estão descritas
certas consequências que obtidas com a prática do crime, dão causa a uma punição maior, pois, de maios
potencial ofensivo a lesão.
São consequências que fazem considerar-se grave a lesão:
1- quando a vítima fica incapaz de realizar suas ocupações habituais por mais de 30 dias, sendo
que ocupação habitual não deve ser confundida com trabalho, mas, como qualquer atividade, ainda que
não remunerada. Assim, crianças, enfermos e velhos podem ser ficar sem suas ocupações habituais por
mais de trinta dias e estar perfeitamente caracterizado o crime. Também não se importa o legislador se a
incapacidade é relativa ou absoluta.
Não se deve também confundir incapacidade com ausência de cura, assim, pode ocorrer o fato da
lesão não estar totalmente curada no final de 30 dias, mas a vítima já se encontrar em sua atividade
normal, não estando deste forma caracterizada a lesão grave.
Para a comprovação da lesão grave se faz necessária a realização de um exame complementar no
31º dia após o crime, sendo tolerada a realização dentro de alguns dias, mas, caso não seja realizado o
exame em tempo hábil, estará excluída a gravidade da lesão.
A ocupação à qual fica incapacitada a vítima deve ser lícita e, portanto, aqueles que têm atividade
ilegal, não são alcançados por este dispositivo, tolera-se, assim, as atividades imorais. Assim, a meretriz
pode ser vítima de lesão corporal de natureza grave.
2- quando ocorrer perigo de vida: desde que o perigo seja efetivo e concreto, que é constatado por
exame pericial, como o caso de choque traumático, traumatismo craniano. Perigo de vida é probabilidade
de morte.
Não se pode levar em consideração para a determinação do perigo de vida exclusivamente a sede ou
a extensão das lesões.

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3- quando ocorrer debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou seja, uma redução
no funcionamento de parte do organismo. Os membros são os braços e pernas, sentidos são todas as
sensações do ser humano, tato, paladar, olfato, audição e visão e função, as atividades realizadas pelos
órgãos, como a função respiratória. A gravidade no caso, caracteriza-se pela diminuição de qualquer
destes, como a perda de um olho, sendo necessária prova pericial da perda parcial da função.
A compensação, através da instalação de prótese, não elimina a gravidade da lesão.
4- aceleração de parto, ou seja, quando o feto é expulso antes do final da gravidez e sobrevive, pelo
fato de que todo parto prematuro causa risco para o feto e para a gestante. A qualificadora não prevalece
se o agente desconhecia e não podia prever o estado de gravidez da vítima

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA: artigo 129, § 2º. São causa que caracterizam a lesão gravíssima:
1- incapacidade permanente para o trabalho: e não ocupações habituais e, portanto, se relaciona a
trabalho, desde que permanente.
Quando a lei diz trabalho, se relaciona a qualquer trabalho e não à atividade específica da vítima.
Assim, a qualificadora é de difícil aplicação, pois, sempre restará à vítima a possibilidade de realizar algum
trabalho, mesmo que vendedor de bilhete de loteria, entretanto, com a ocorrência desta qualificadora,
certamente outra terá ocorrido, fato que possibilita a punição do agente como lesão de natureza
gravíssima.
2- enfermidade incurável: ou moléstia que não apresenta possibilidade de cura. A transmissão de
AIDS pode ser considerado, caso não haja a morte, lesão corporal de natureza gravíssima.
3- quando ocorre perda ou inutilização de membro, sentido ou função: A qualificadora estará
caracterizada com a amputação do membro, ou inutilização do sentido ou função. A perda de somente
um dedo, ou audição de apenas um ouvido, por exemplo, não caracteriza a qualificadora.
Se devido à lesão o ser humano fica impotente, quer não podendo produzir mais filhos, quer não poder
mais ter a relação sexual, está tipificada a qualificadora. E ainda, o rompimento do hímen (perda da
virgindade) não é considerada como qualificadora.
4- quando resultar deformidade permanente: que pode ser definida como uma lesão estética no
indivíduo, desde que seja, visível e permanente, e que não possa ser reparado naturalmente, entretanto
se a vítima, através de cirurgia plástica, conseguir corrigir a deformidade, não haverá a lesão corporal de
natureza gravíssima. As deformidade geralmente se traduzem em cicatrizes ou amputações de pequenos
pedaços do corpo.
5- quando ocorrer aborto: ou seja, o agente pretende somente obter a ofensa à integridade física da
vítima, entretanto, ao praticar a conduta e como consequência desta, acaba por interromper a gravidez
da ofendida. Da mesma forma que na aceleração de parto, se o agente desconhecer totalmente o estado
gravídico da vítima, não responderá pelo resultado agravador, embora haja decisão em contrário.

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE: artigo 129, § 3º - nada mais é do que o homicídio
preterdoloso, no qual o agente pretende praticar a lesão corporal, mas, sem nenhuma intenção, acaba
por matar a vítima, como o caso do agente que empurra a vítima que, desequilibrada cai ao chão, batendo
a cabeça contra um objeto dura e acaba por fraturar o crânio. Não havendo intenção do resultado lesão
corporal, haverá homicídio culposo.

AGRAVANTE NO CRIME DE LESÃO CORPORAL: Novidade trazida pelo Estatuto da Criança e do


Adolescente e o aumento de 1/3 na pena de quem pratica o crime de lesão corporal contra criança menor
de 14 anos, não sendo possível, por este motivo, o reconhecimento da agravante genérica de ter sido o
crime praticado contra criança.

LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA: artigo 129 § 4º - ocorre no caso da prática do crime quando
presente a violenta emoção logo após a injusta provocação da vítima, ou por relevante valor social, com
diminuição na pena variando de 1/6 a 1/3.
O juiz, não sendo graves as lesões, pode substituir a pena de detenção pela pena de multa em duas
situações: I – se ocorrer qualquer das hipóteses do § 4º do art. 129; e II – se as lesões forem recíprocas.
Importante destacar que o dispositivo é aplicável somente à lesão corporal leve – as graves e gravíssimas
foram expressamente excluídas e a lesão corporal culposa o foi tacitamente.

LESÃO CORPORAL CULPOSA: artigo 129 § 6º, ou seja, será punido o agente que der causa à lesão
por negligência, imprudência ou imperícia. No caso de lesão corporal culposa, a gravidade da lesão não
será considerada para efeito de determinação (aumento) da pena, servindo-se somente como
circunstância judicial.

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Utilizar os conhecimentos ministrados a respeito do homicídio culposo.
Nos termos do art. 129, § 7º: A pena será aumentada de 1/3 se o crime resultar de inobservância de
regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixar de prestar imediato socorro à vítima, não
procurar diminuir as consequências do seu ato, ou fugir para evitar prisão em flagrante (CP, art. 121, §
4º, 1ª parte).

CONCURSO: se a lesão pratica for meio para obtenção de outro crime, será absorvido por ele, salvo
se houver disposição em contrário. Se as lesões forem praticadas por autoridades, haverá o crime de
abuso de autoridade, devendo ele responder também pelas lesões, em concurso formal. É possível a
continuidade delitiva o presente crime.
A tentativa de lesão corporal deve ser distinguida do crime de perigo de vida, pois, neste o dolo é
somente de perigo, enquanto no outro é de dano.
A tortura, conforme caso, pode caracterizar crime de lesão corporal, mas, se praticada contra criança,
tipificará crime específico previsto no E.C.A.

LESÃO CORPORAL E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: O art. 129, § 9º, disciplina forma qualificada de
lesão corporal que leva em conta o contexto em que é praticada. A pena prevista ao caso, em razão da
sua quantidade, somente deve ser aplicada na hipótese de lesão corporal leve. Se a lesão corporal for
grave, gravíssima ou seguida de morte, aplicar-se-á o art. 129 do CP. Pode ser praticada: a) contra
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro: o parentesco pode ser civil ou natural. Não
ingressam as relações decorrentes do parentesco por afinidade. Exige-se prova documental da relação
de parentesco ou do vínculo matrimonial. A união estável pode ser comprovada por testemunhas ou
outros meios de prova que não exclusivamente os documentos; b) com quem conviva ou tenha convivido:
tais expressões devem ser interpretadas restritivamente. Quanto ao trecho “tenha convivido”, exige-se
tenha sido a lesão corporal praticada em decorrência da convivência passada entre o autor e a vítima. c)
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Relações
domésticas são as criadas entre os membros de uma família, podendo ou não existir ligações de
parentesco. Coabitação é a moradia sob o mesmo teto, ainda que por breve período – deve ser lícita e
conhecida dos coabitantes. Hospitalidade é a recepção eventual, durante a estadia provisória na
residência de alguém, sem necessidade de pernoite. Em todos os casos, a relação doméstica, a
coabitação ou a hospitalidade devem existir ao tempo do crime, pouco importando tenha sido o delito
praticado fora do âmbito da relação doméstica, ou do local que ensejou a coabitação ou a hospitalidade
Se a lesão corporal for grave, gravíssima ou seguida de morte, e o crime for praticado com violência
doméstica, incidirá sobre as penas respectivas (art. 129, §§ 1º, 2º e 3º) o aumento de 1/3 imposto pelo §
10 do art. 129 do CP.
A pena da lesão corporal leve cometida com violência doméstica será aumentada de 1/3 (um terço)
quando a vítima for pessoa portadora de deficiência. Contudo, deve tratar-se de pessoa portadora de
deficiência e ligada ao autor do crime pelos laços de violência doméstica indicados pelo § 9º do art. 129
do CP.É o que dispõe o §11º.

Por fim, cabe ressaltar a alteração trazida no art. 129 pela Lei nº13.142/2015, acrescentando ao tipo
um novo parágrafo (§ 12), majorando a pena da lesão corporal (dolosa, leve, grave, gravíssima ou seguida
de morte) de um a dois terços quando praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição.

Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS

Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal de natureza grave


§ 1º Se resulta:

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I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesão corporal seguida de morte


§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu
o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.

Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.

Lesão corporal culposa


§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121
deste Código.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.

Violência Doméstica
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o
deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº
13.142, de 2015)

DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE (ART. 130 A 136)

Este capítulo trata dos chamados crimes de perigo individual, definindo crimes subsidiários, que serão
utilizados caso não seja possível a punição do agente por crime mais grave. Os doutrinadores tentam
definir o perigo através de três pontos de vista, a iniciar-se pela subjetiva, que entende o perigo como
sendo uma criação da mente do homem, ou seja, possibilidade de ocorrência de lesão a um bem jurídico
protegido pela lei penal. Do ponto de vista objetivo, o perigo é uma realidade, um fato concreto e, para

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finalizar, através do analise objetivo-subjetivo, o perigo é uma realidade que depende de uma valoração
subjetiva para definir sua existência.
O perigo pode ser abstrato, quando é presumido pela lei, mesmo não havendo o perigo concreto, pois,
por exemplos anteriores, ficou demonstrado que determinada conduta pode lesionar um bem jurídico.
Pode ser, ainda, concreto, onde a situação de perigo deve estar cabalmente comprovada. Distingue-se,
também, o dolo de dano, onde a intenção do agente é causar a lesão, e o dolo de perigo, onde a finalidade
do agente é tão somente a exposição do bem a um risco.
Em relação à quem se dirige a conduta o perigo pode ser individual, quando o visado é determinada
pessoa ou determinado grupo e os crimes de perigo comum ou coletivo, onde se visa um grupo
indeterminado de pessoas.

PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO: artigo 130 - cujo conceito é expor alguém, através de relação
sexual ou ato libidinoso ao contágio de moléstia venérea que o agente sabe ou ao menos devia saber
que estava contaminado.
O objetivo do legislador é a proteção à saúde humana, pois, algumas doenças venéreas são graves e
inclusive hereditárias, causando sérias consequências, a conduta poderia perfeitamente ser punida a
título de lesão corporal na sua forma tentada.
Podem ser sujeito ativo do crime, qualquer homem ou mulher, mesmo a meretriz.
Sujeito passivo é a pessoa com quem o agente, sabendo estar contaminado, pratica a conjunção
carnal ou o ato libidinoso com o objetivo de transmitir a moléstia, mesmo que a vítima consinta no ato.
A descrição objetiva, conduta, é a prática da relação sexual ou outro ato libidinoso (o beijo é um
exemplo de ato libidinoso) e, se por ventura o meio de contágio for outro, não haverá o crime em estudo,
mas sim, outro, definido no artigo 131.
Regulamento do Ministério da Saúde relacionam as moléstias venéreas e a enumeração não é
taxativa, podendo outras doenças serem incluídas. A AIDS não é considerada doença venérea, embora
grave.
Para a comprovação do crime, como é presumido o perigo, necessário se faz tão somente a
comprovação da prática da relação sexual, entretanto, caso seja imune a vítima em adquirir a doença, o
crime estará descaracterizado. O exame deve ser realizada no acusado e na vítima, sob pena de
desaparecer a figura criminosa.
A descrição subjetiva exige o dolo, ou seja, a vontade em praticar a relação sexual ou o ato libidinoso,
expondo a vítima a perigo, quando sabe o agente que está contaminado ou mesmo quando deveria saber.
Neste ponto o legislador equiparou uma conduta dolosa a uma culposa, punindo as duas da mesma
forma, pois, quem devia saber que estava contaminado, não soube porque não tomou os cuidados
objetivos para evitar o resultado. Esta posição embora perfeitamente aceitável, recebe críticas sob o
fundamento de que a expressão deveria saber quer indicar a presunção do perigo.
Se o agente tem a intenção de transmitir a doença, dolo específico, (finalidade específica), a pena será
mais severa.
Se o agente não deveria supor estar contaminado, como o casado que adquiriu a doença da mulher,
haverá erro de tipo, excludente do crime, e portanto, não será ele responsabilizado.
O crime estará consumado com a exposição da vítima a perigo, mesmo não havendo contaminação.
Se realmente houver a transmissão, alguns doutrinadores entendem estar caracterizado o crime de lesão
corporal culposa, entretanto, verifica-se que a pena prevista para o crime de lesão corporal culposa é
menor que a do crime em estudo e, se aceitando tal posição, aquele que somente causasse perigo,
responderia por uma pena maior do que aquele que realmente causou a lesão, entretanto se o objetivo
do agente fosse transmitir a doença, causando ela lesão corporal de natureza grave ou morte, ao agente
será atribuído o resultado.
A tentativa, embora de difícil caracterização, é possível.
Pode ocorrer concurso formal entre o crime em tela e os crimes contra os costumes, estupro, atentado
violento ao pudor, lembrando-se sempre que se a intenção do agente é transmitir a moléstia, as penas
serão somadas.
A ação penal é pública condicionada a representação.

PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE: artigo 131 - o crime consiste em praticar ato capaz
de produzir contágio, com a finalidade de transmitir a outra pessoa moléstia grave de que está
contaminado, cuja pena será de reclusão de 1 a 4 anos, além da multa.
Mais uma vez o objetivo do legislador foi a proteção da saúde humana.
Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa que esteja contaminada com a moléstia e sujeito
passivo é a pessoa com a qual se pratica o ato.

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A conduta (descrição objetiva) consiste na prática de qualquer ato que seja capaz de transmitir a
moléstia, quer de forma direta, como contato corporal, como o beijo, ou de forma indireta, com a utilização
de instrumentos, como agulha contaminada onde não contato corpo a corpo.
A moléstia deve ser considerada grave, geralmente aguda ou crônica, mesmo que seja curável, como
a tuberculose. Trata-se o artigo de norma penal em branco, pois, regulamentos da saúde é quem indicam
quais moléstias são consideradas contagiosas.
O elemento subjetivo (tipo subjetivo), exige o dolo, consistente na vontade de praticar o ato, mesmo
não ocorrendo o contágio, e, também, o elemento subjetivo do tipo, finalidade especial de transmitir a
doença. Como o legislador não prevê formal culposa, o máximo que poderá ocorrer é a punição do agente
por lesões corporais culposas, ou homicídio, caso ocorra a morte.
A consumação do crime ocorre com a prática do ato, não sendo necessária a transmissão efetiva. Se
do crime resultar a morte será o agente responsabilizado pelo crime de lesão corporal seguida de morte.
A tentativa é possível.
Se o agente tiver intenção de causar epidemia, o crime será outro (artigo 267 ou 268).

PERIGO PARA A VIDA OU A SAÚDE DE OUTREM: Pode-se apresentar como conceito deste crime,
a prática de qualquer ato que coloque em risco a vida ou a saúde de outra pessoa, tratando-se de crime
subsidiário, cuja previsão legal se encontra no artigo 132 do CP., com pena de detenção de 3 meses a 1
ano.
Mais uma vez o legislador tem por objetivo proteger a vida e a saúde da pessoa humana.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime e o sujeito passivo será a pessoa a qual a vida ou
saúde é posta em perigo, não exigindo o legislador, nenhuma qualidade especial, desde que seja
determinada.
A descrição objetiva exige a criação, através de qualquer forma, uma situação na qual a saúde ou a
vida de outra pessoa fique exposta a perigo, que deve ser concreto, a ponto de ter colocado a vida ou a
saúde da vítima em risco direto e iminente.
É natural que, no caso de profissões perigosas, o seu exercício, dentro dos limites estabelecidos pela
lei, não é considerado crime.
A subjetividade exige a presença do dolo, ou seja, a vontade do agente em colocar em perigo a saúde
ou vida da vítima, mas, se o agente pretende causar o dano responderá pelo resultado ou pela tentativa
deste.
Em qualquer hipótese, mesmo não estando presente o dolo de dano no agente, se ocorrer algum
resultado lesivo por este ele será responsabilizado.
Não há forma culposa no presente delito.
A consumação do crime ocorre com a ocorrência do perigo, sendo possível a tentativa.
Como distinção, pode-se dizer que o crime em estudo é subsidiário, na modalidade expressa, só
podendo ser aplicado se não houver a ocorrência de um crime mais grave, assim, se houver lesões
corporais o agente responderá por este, se no disparo de arma de fogo, o agente o faz longe da vítima,
haverá a contravenção penal de disparo de arma de fogo. Se o crime causar perigo comum, haverá delito
contra a incolumidade pública.
Como se trata de crime subsidiário, não é possível o concurso.

ABANDONO DE INCAPAZ: artigo 133 CP - abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
vigilância ou autoridade e, por qualquer motivo incapaz de defender-se dos riscos resultantes do
abandono, cuja pena estipulada varia de 6 meses a 3 anos de detenção.
O objetivo do legislador é a proteção da vida e saúde da pessoa, bem como a segurança individual.
Somente poderá ser sujeito ativo deste crime a pessoa que tem o dever de cuidar da vítima, sendo
crime próprio, onde se exige uma relação de dependência entre a vítima e o agente.
Sujeito passivo é o incapaz, que não se confunde com a capacidade de direito, mas sim, inclui as
pessoas que por qualquer motivo, definitiva ou temporariamente, não tem condições de se defender
sozinho, não se importando o legislador que a incapacidade seja absoluta ou relativa, e o consentimento
da vítima não elide a prática do crime, já que os bens protegidos são indisponíveis, entretanto, se for a
própria vítima quem se retira do alcance do responsável, não haverá abandono, do mesmo modo que,
sendo abandonada a pessoa ela se mostra capaz de produzir sua defesa, havendo entendimento que ,
no caso, será o juiz quem excluirá ou não a prática do crime.
A descrição objetiva exige a conduta de abandonar, que significa deixar sem assistência, largar. O
abandono pode ser obtido de duas formas: conduzindo-se a vítima para fora de seu ambiente, onde se
encontrava protegida, ou quando o sujeito ativo é quem se afasta do ambiente do sujeito ativo, deixando-
o desamparado. A regra é que o crime seja praticado por omissão, entretanto, nada impede sua prática

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através de ação, no caso da vítima levada para local onde correrá perigo, que deve ser concreto e que
haja uma separação física entre autor e vítima, assim, se a pessoa abandona e disfarçadamente fica
olhando para que nada ocorra ao abandonado, não haverá o crime, pois, o perigo não será concreto,
sendo indiferente o tempo, a duração do abandono.
O dispositivo se relaciona aos cuidados materiais.
Deve a relação entre os sujeitos se manifestar nas seguintes formas: cuidado existente no casos de
pessoas que sabem cuidar de si mesmos, mas que, temporariamente se encontram impedidos de realizar
a proteção própria; vigilância que significa o zelo pela segurança pessoal da vítima, incluindo a guarda e,
por fim, a autoridade, decorrente de um vínculo de poder, da lei, quer de ordem pública ou civil.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de abandonar, desde que o agente tenha ciência do
seu dever de cuidado. Se o agente, além da vontade de abandonar tenha intenção de causar dano à
vítima, responderá por este.
A consumação é considerada no momento em que a vítima corre perigo. É crime instantâneo de efeitos
permanentes e, caso, após o abandono o agente reassume a responsabilidade, o crime já se consumou
e ele será responsabilizado.
Embora haja entendimento contrário, a tentativa é possível.
Prevê o legislador formas qualificadas nos §§ 1º e 2º do artigo 133, havendo elevação das penas, que
passam a ser de 1 a 5 anos de reclusão, se resulta lesão corporal de natureza graves e 4 a 12 anos,
também de reclusão, se resultar a morte, salvo no caso do agente ter a intenção de obter estes resultados,
sendo, então, responsabilizado por lesões corporais ou homicídio.
Além destas, a pena terá aumento de 1/3 se o abandono ocorre em lugar ermo (solitário, onde há
pouco trânsito de pessoas, em local afastado), ou se o agente for ascendente, descendente, cônjuge,
irmão, tutor ou curador da vítima, por ser maior a sua responsabilidade, havendo o crime, inclusive no
caso de filho adotivo, não prevalecendo no caso de enteado.
Como distinção pode-se apresentar o seguinte caso, se não houver relação de dependência, o crime
será de omissão de socorro, se o abandono for de recém-nascido, para ocultar desonra própria, o crime
será outro, a ser estudado a seguir. No caso do abandono, sendo material e não causando perigo, o crime
será de abandono material.

EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO: artigo 134 do CP - Expor ou abandonar recém-


nascido, para ocultar desonra própria, cuja pena é de detenção de 6 meses a 2 anos.
O legislador tem por objetivo proteger a segurança do recém-nascido.
Sujeito ativo do crime, por ser próprio, deve ser praticado pela mãe ou pelo pai (discussão na doutrina),
que tem filho fora do matrimônio ou resultante de incesto.
Sujeito passivo do delito é o recém-nascido, ou seja, pessoa com pouco tempo de vida, havendo
fixação do tempo em 7 dias, 30 dias, poucos dias, sendo o mais correto até a queda do cordão umbilical.
A descrição objetiva exige conduta de expor ou abandonar, sendo certo que a expressão abandonar
já contém a exposição, devendo estar presente, também, o perigo concreto.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de abandonar o recém-nascido, com a ciência que a
atitude causará perigo para a vítima, além do elemento subjetivo do injusto, a finalidade especial de
ocultar desonra própria, não se considerando desonra o orgulho, ou por ter havido anulação de
casamento.
Para caracterização do crime, necessário se faz que a gestação e o nascimento sejam escondidos.
Como o elemento subjetivo se relaciona à honra sexual, as prostitutas, não podem praticar este crime,
por não possuírem esta honra.
A consumação ocorre quando a vítima corre o perigo de vida ou saúde.
A tentativa é possível no caso de conduta comissiva.
Prevê o legislador formas qualificadas, caso resulte lesão corporal de natureza grave, ou morte, com
elevação da pena.
O crime de abandono de recém-nascido deve ser distinguido do infanticídio e do homicídio, pois estes,
exigem o dolo de dano. Se não houver honra a ser protegida o crime será de abandono de incapaz.

OMISSÃO DE SOCORRO: artigo 135 do CP. - como conceito do crime pode-se apresentar o descrito
pelo legislador, qual seja, deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a
criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, socorro da autoridade pública, será apenado com detenção de 1 a 6
meses ou multa.
Tem por objetivo o legislador a proteção da vida e da saúde da pessoa humana, assegurando sua
liberdade individual.

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Qualquer pessoa ode ser sujeito ativo do crime, desde que não haja relação de responsabilidade, se
houver, haverá crime mais grave. Não há necessidade que o omitente esteja próximo, mas, que tome
conhecimento que seu auxílio é necessário.
O perigo também não pode ter sido causado pelo próprio omitente, se for, poderá responder por
homicídio ou lesões corporais, doloso ou culposo, sendo, no caso de culpa, qualificadora do crime.
Sujeito passivo deve ser, em primeiro lugar a criança abandonada ou extraviada, seja qual for sua
idade, desde que não tenha capacidade de defesa. A pessoa inválida também é sujeito passivo, inválida
é a pessoa que, por qualquer motivo, é incapaz de defender-se. Em seguida figura como sujeito passivo
a pessoa ferida, ou seja, que apresenta lesão em sua integridade física, mesmo que o ferimento não seja
grave.
É fundamental que a vítima, em qualquer hipótese, ou outra não expressa, esteja ao desamparo
precisando de auxílio.
O melhor entendimento é que não se considere como pessoa necessitando de auxílio, somente a
ferida ou inválida, bastando haver um grave ou iminente perigo, como o caso da pessoa que, mesmo sem
ter ferimentos, se encontra à beira de um abismo, segurando por um pequeno galho para que não caia,
embora exista julgados não reconhecendo a omissão de socorro neste caso.
O consentimento da vítima em não ser socorrido, não excluí a prática do crime.
A descrição objetiva prevê uma conduta omissiva (crime omissivo puro), de deixar de fazer alguma
coisa, prestar o socorro. Para exigir-se o agir da pessoa, deve estar presente a possibilidade e capacidade
para realizar o socorro, que deve ser imediato, pois, se não for, estará consumada a infração.
O crime também está caracterizado quando a pessoa que não possibilidade nem capacidade para
socorrer, não avisa a autoridade competente para providenciar o socorro.
Não exige o legislador que a pessoa arrisque a vida para o socorro, podendo ser recusado o socorro
por aquele que correrá risco pessoal.
Quando duas ou mais pessoas deixam de prestar o socorra cada uma delas praticará o crime em
estudo, mas, o socorro de uma, desobriga o das outras.
Se a vítima não corre perigo, não há crime de omissão de socorro.
A omissão de socorro é crime de perigo que, em relação a crianças e inválidos é presumido e, nos
demais casos, depende de concretização.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de não prestar a assistência, desde que possa fazê-
lo sem risco pessoal, acrescido ao conhecimento da situação de perigo.
A consumação ocorre que o sujeito deixa de agir, ou seja, no momento em que omite o socorro. Trata-
se de crime instantâneo e se o sujeito, após a omissão, volta ao local, não descaracteriza o crime, pois,
já estava consumado, é possível, entretanto, o caso de perigo permanente, onde o sujeito ativo tem
condições de prestar o socorro, enquanto perdurar a situação de perigo.
Como se trata de crime omissivo puro, a tentativa não é possível.
A existência de risco pessoal excluí a prática do crime.
Prevê o legislador formas qualificadas do crime, aumentando a pena de metade, no caso de lesão
corporal de natureza grave e triplicando no caso de morte, devendo estes resultados se relacionarem com
a omissão, pois, se socorrida a vítima, veio ela a morte em decorrência da gravidade das lesões, não
haverá a qualificadora.
Como distinção, apresenta-se o caso de ter o omitente o dever legal de socorrer, respondendo ele,
então, pelo resultado.

MAUS TRATOS: artigo 136 do CP - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade,
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer
abusando no meio de correção ou disciplina, com pena de detenção de 2 meses a 1 ano, ou multa.
Tem por objetivo o legislador a incolumidade da pessoa.
O crime e estudo é próprio, portanto, para ser sujeito ativo é necessário a existência de uma relação
jurídica entre vítima e agente, assim, somente quem tem autoridade ou seja titular de dever de guarda ou
vigilância, pode praticar o crime. A relação pode decorrer de educação, que compreende a atividade
docente, o ensino, mais amplo, relacionado a transferência de conhecimento cultural à pessoa,
tratamento, onde se incluí a cura de doenças e cuidados gerais como alimentação; e custódia, relacionada
a detenção da pessoa. Portanto, o crime pode ser praticado por pais, tutores, curadores, diretores de
colégio, hospitais, estabelecimentos penitenciários, professores, patrões, etc.
Sujeito passivo é a pessoa que está sob o cuidado, autoridade, guarda ou vigilância. Se não houver
esta relação de dependência, o crime será outro.

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A descrição objetiva exige conduta de expor a perigo a vida ou a saúde de outrem, por u abuso por
parte do sujeito ativo, que deve exercer a autoridade com moderação.
O legislador prevê de quais formas o agente praticara os maus tratos como sendo:
1- privar a vítima dos alimentos indispensáveis: que nada mais é do que negar a alimentação
necessária ao ser humano, sendo necessário que a falta cause perigo para a vítima, não caracterizando
o crime a imposição de uma dieta.
2- privação dos cuidados indispensáveis: como a falta de cama, roupas, higiene e assistência
médica.
3- trabalho excessivo: ou seja, aquele que, para ser realizado exige um grande esforço.
4- trabalho inadequado: ou impróprio para o trabalhador.
5- abuso nos meios de correção e disciplina: tais como a utilização de varas de marmelo,
palmatórias. Poderá haver a punição para efeitos de disciplinas, mas os meios deverão ser utilizados com
moderação.
O abuso deve ser examinado do ponto de vista familiar da vítima, e não se confunde abuso com
injustiça no castigo.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar uma das condutas referidas no artigo,
desde que o agente tenha conhecimento ou deva saber sobre o abuso, além de se verificar a situação
social do agente.
A consumação do crime se dá com a criação do perigo e, em alguns casos, exige-se a habitualidade,
como no caso de alimentação negada.
A tentativa é possível quando o crime é praticado na forma comissiva.
O crime pode ser excluído pelo estado de necessidade, como no exemplo da mãe que, precisava
trabalhar para sustentar o filho e não tinha com quem deixa-lo, acorrentava-o ao pé da cama para que
não saísse de casa.
Prevê o legislador formas qualificadas para o delito, no caso de resultar lesões corporais de natureza
grave, com pena de reclusão de 1 a 4 anos ou se resultar morte, com pena de reclusão de 4 a 12 anos.
O E.C.A. prevê um caso de aumento de pena de 1/3, caso a vítima seja menor de 14 anos.
Como distinção, pode-se apontar o crime de lesão corporal, que é de dano, enquanto este é de perigo,
se o meio de disciplina for vexatório o crime será de injúria. Os maus tratos pode configurar crime de
tortura.

Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Perigo de contágio venéreo


Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de
moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.

Perigo de contágio de moléstia grave


Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz
de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Perigo para a vida ou saúde de outrem


Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de
qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.

Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:

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Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos

Exposição ou abandono de recém-nascido


Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo;
ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial


Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento
prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal
de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.

Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de
correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze)
anos.

DA RIXA (ART. 137)

Rixa nada mais é que um conflito generalizado em que participam três ou mais pessoas, que praticam
reciprocamente vias de fato e violência, umas contra as outras. A definição do legislador é simples:
participar de rixa, salvo para separar os contendores, com pena de detenção de 15 dias a 2 meses ou
multa.
Tem por objetivo o legislador a proteção da incolumidade da pessoa humana, além de proteger,
também, a ordem pública, mesmo que de forma indireta.
Pode ser sujeito ativo do crime de rixa, qualquer pessoa, e, como se trata de crime plurissubjetivo,
necessariamente deve haver mais de três pessoas, mesmo sendo inimputáveis, não se considerando as
pessoas que pretendem separar a briga.
Sujeito passivo são todos aqueles que participam da rixa e o Estado, de forma secundária.

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A descrição objetiva exige conduta de participar, ou seja, praticar violência com outras pessoas,
participando da luta, seja o momento que for, mesmo que somente apanhe, entrando durante o
acontecimento do crime ou saindo antes de seu término. Se for possível a identificação de agressão de
um grupo contra o outra, não haverá o crime de rixa. O perigo, no caso, é presumido.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de participar da rixa. Se a intenção for a de ferir ou
matar alguém, o crime será de lesões corporais ou homicídio.
Não há rixa culposa.
A consumação se dá quando cessa a atividade dos contendores, embora haja entendimento de que
se trata de crime instantâneo, consumando-se, assim, quando o agente entra na briga.
A tentativa, embora haja entendimento contrário, não é possível.
Discute-se na doutrina a possibilidade de legítima defesa, alegada por qualquer dos contendores. O
melhor entendimento é de que a legítima defesa só seja alegada pela pessoa que separa ou que participa
para defender direito seu ou de terceiro.
Prevê o legislador, qualificadoras para a rixa, no caso de ocorrer morte ou lesão corporal de natureza
grave, com pena de detenção de 6 meses a 2 anos. Se caso o autor do resultado qualificador for
identificado, ele responderá por rixa qualificada e pelo resultado.
A morte ou lesão corporal devem ocorrer durante ou em consequência da rixa. Aquele que sofreu a
lesão grave também responderá pelo crime qualificado.
Só não haverá punição na forma qualificada quando o agente passou a participar depois da ocorrência
do resultado mais grave, se a participação foi antes, mesmo que o agente tenha se retirado, responderá
pela qualificadora.
Várias mortes qualificam a rixa uma só vez, podendo a quantidade de mortes ser consideradas como
circunstância judicial na aplicação da pena.
Participantes que, durante a rixa, praticam crimes autônomos, responderão por eles em concurso,
salvo o crime de ameaça e a contravenção de vias de fato.
O crime de rixa foi colocado pelo legislador para se poder punir as pessoas que causam lesões
corporais, mas não podem ser identificadas, impedindo, assim, a impunidade.

Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

CAPÍTULO IV
DA RIXA

Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

DOS CRIMES CONTRA A HONRA (ART. 138 A 145)

São crimes que atingem a incolumidade moral da pessoa humana, ofendem a honra, que pode ser
definida como o conjunto de atributos morais, intelectuais e físicos referentes à pessoa, embora a
definição não seja perfeita, pois, a honra é valor pessoal e individual.
Podem ser apresentadas, entretanto, visualizações da honra sob alguns aspectos, tais como:
dignidade, que indica atributos relacionados ao próprio ser humano e honra decoro, que contém
qualidades do homem para sua convivência social.
A honra pode ser distinguida como objetiva, sentimento imposto pela sociedade como atributos do
homem que o fazem honrado perante a sociedade e honra subjetiva, que consiste numa análise por parte
do próprio homem, de seu interior.
Existe também a honra comum, presente em qualquer ser humano e a honra especial, atributo de
determinados grupos de pessoas como é o caso do advogado (porta de cadeia), do médico (açougueiro),
etc.
São crimes contra a honra previsto no C.P. a calúnia, a injúria e a difamação, embora em outros
diplomas legais, como a lei de imprensa, o Código Eleitoral, na Lei de Segurança Nacional, onde se exige
a participação de pessoas com determinada qualidade, como a de jornalista, na Lei de Imprensa.

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CALÚNIA: artigo 138 do C.P - que pode ser definida como a imputação a outra pessoa, de fato definido
como crime, sendo sua pena de detenção de 6 meses a dois anos, além da aplicação cumulativa da
multa.
Tem por objetivo jurídico proteger a incolumidade moral do ser humano, em especial, a honra objetiva.
Pode ser sujeito ativo do crime de calúnia, qualquer pessoa, inclusive se praticado pela imprensa, onde
é desnecessário a qualidade de jornalista.
Sujeito passivo é somente o homem, pois, somente ele pode praticar crimes, fato que impede o
reconhecimento da pessoa jurídica como sujeito passivo, pois, por ser ficção jurídica, não pode praticar
crime, sendo impossível, pois, atribuir-lhe a prática de fato típico.
Em relação aos menores de idade e aos doente mentais, existe divergência na possibilidade de
figurarem no polo passivo do crime de calúnia, por que estas pessoas não cometem crime, pois,
inimputáveis, posição que deve ser afastado, face a possibilidade da prática de crimes por estas pessoas,
que, somente terão excluída a culpabilidade.
Alguns entendem que, quando se tratar à ofensa da honra subjetiva, necessário se faz analisar o grau
de entendimento destas pessoas, a fim de adequar o fato concreto à adequação típica, mas, quando se
trata da honra objetiva os inimputáveis podem, perfeitamente serem sujeitos passivos, assim, se conclui
que é possível a prática da calúnia contra inimputáveis.
Nem os desonrados estão excluídos do polo passivo, pois, sempre resta alguma honra a ser protegida.
É importante lembrar que a honra é um bem disponível e, portanto, o consentimento do sujeito passivo
descaracteriza o crime, ou, se posterior, pode inclusive consistir em uma causa de extinção da
punibilidade.
A calúnia, mesmo que praticada contra mortos é punida, conforme artigo 138, § 2º, mas, o sujeito
passivo será sempre a família e não o morto.
A descrição objetiva (tipo objetivo) impõe ação de imputar, atribuir a prática de um crime, desde que a
imputação seja falsa podem ser visualizados três elementos na composição do crime de calúnia, a saber:
imputação, de um fato descrito como crime e desde que seja falsa, sendo a falsidade presumida e só
desconstituída através da exceção de verdade, o que a impede o reconhecimento do crime, caso haja a
imputação de uma contravenção penal, embora possa caracterizar injúria.
Não há necessidade que a calúnia se dirija diretamente à vítima, e pode ser ela praticada de várias
formas, palavras, gestos, escritos, etc, mas, o fato, mesmo que não descrito em detalhes, deve ser
determinado, concreto e específico.
Pode consistir direta, ou ainda equívoca ou implícita, como a pessoa que diz ao funcionário público
que não vive de desfalques aos cofres públicos.
A calúnia pode refletir em terceira pessoa (reflexa) quando se imputa um crime indicando a participação
de outra pessoa.
A subjetividade, caracteriza pelo dolo, ou seja, a vontade de imputar o fato definido como crime
falsamente (dolo genérico), não havendo a necessidade que a ofensa ocorra, embora existam autores
que exigem o resultado.
Assim, o sarro, o conselho, o relato (sem intenção de ofender), os depoimentos de testemunhas, não
podem ser considerados como crime de calúnia, da mesma forma que a apresentação de determinada
pessoa como suspeita pela prática do crime.
A consumação do crime de calúnia ocorre quando a imputação chega ao conhecimento de terceira
pessoa, que não a vítima, salvo se utilizado telegrama, onde a consumação ocorre no momento de sua
expedição.
A tentativa pode ficar caracterizada na forma escrita, como um bilhete, interceptado antes que
chegasse a conhecimento de terceiro.
O § 1º do artigo 138, prevê mais duas formas da prática da calúnia, dizendo que nas mesmas penas
incorre aquele que, sabendo falsa a imputação a propala ou divulga. Propalar nada ais é que propagar,
espalhar, enquanto divulgar representa levar a notícia a conhecimento público, assim, serão punidos não
só o responsável pela falsa imputação, mas também as pessoas que divulgaram e espalharam, é
necessário, fundamentalmente o conhecimento que se propaga uma imputação falsa da prática de crime.
Tem o sujeito ativo a possibilidade de provar que a imputação é verdadeira e, como consequência não
responder pelo crime. A esta possibilidade denomina-se exceção da verdade, que pode ocorrer em
qualquer fase do processo, inclusive em grau de recurso, respeitado sempre o contraditório.
Existem situações, entretanto que a exceção não é permitida, ou seja o acusado não tem oportunidade
para provar a verdade, mesmo que o fato seja verdadeiro, nos casos previstos no § 3º do artigo 138, a
saber: 1- no caso de ação penal privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; 2-
quando o fato é imputado ao Presidente da República, e a chefe de governo estrangeiro; 3- No caso de
ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

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Algumas distinções podem ser apontados em relação ao crime de calúnia. Se o fato não for
considerado crime, poderá haver crime de injúria. Se a imputação der causa a início de procedimento
criminal, temos a denunciação caluniosa (crime contra a administração da justiça), também chamada de
calúnia qualificada.
Se o crime for praticado através da imprensa, aplica-se a Lei de Imprensa, mesmo sendo paga a
matéria.
É possível a continuidade delitiva nos crimes contra a honra.
A calúnia realizada pela própria vítima, auto acusação, caracteriza outro crime, mas não o de calúnia.

DIFAMAÇÃO: artigo 139 do C.P. - como conceito diz que a difamação é a imputação de fato ofensivo
à reputação da vítima, mesmo que verdadeiro o fato. A pena é de detenção de três meses a um ano e
multa.
A finalidade do legislador, mais uma vez é a proteção da honra objetiva, a incolumidade moral da
vítima, em relação ao contexto social.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de difamação.
Em relação à pessoa natural, não existe dúvida de funcionarem como sujeito passivo do crime,
existindo discussão em relação à pessoa jurídica. Existem julgados que admitem a difamação contra a
pessoa jurídica, pois, goza de determinada reputação, entretanto, atualmente a doutrina se pende no
sentido de que falta à pessoa jurídicas características fundamentais para seu enquadramento no polo
passivo, pois, realmente, não pode ser dotada de honra, mas, tão somente de reputação e a definição
exige a honra, além da reputação, assim, o entendimento predominante é de que a pessoa jurídica não
possa figurar no polo passivo dos crimes contra a honra, pois, o legislador é claro ao indicar "alguém".
O reclamo da doutrina é que se definam crimes específicos praticados contra a reputação das pessoas
jurídicas.
Como não existe previsão legal, não se pune a difamação contra os mortos.
Da mesma forma que na calúnia, o consentimento do ofendido descaracteriza o crime, salvo no caso
dos absolutamente incapazes, que não podem consentir.
A descrição objetiva do crime indica imputação, ou seja, atribuir-se um fato desonroso, sem
necessidade que seja criminoso, podendo ser uma contravenção penal, mas, sempre, determinado,
concreto e específico, e, ocorre o crime mesmo que a imputação seja verdadeira, o que impede a exceção
de verdade, como regra, já que se permite no caso de ofensa a funcionário público, desde que o fato se
relacione com a função pública.
Propalar e divulgar são termos que não estão presente na descrição do crime, entretanto, aquele que
propaga e divulga, não deixa de praticar, também, o delito de difamação, de forma autônoma.
Como elemento subjetivo temos o dolo, a intenção do agente em atribuir o fato desonroso a outra
pessoa, com a finalidade de difamar (dolo específico), não havendo crime no caso de crítica ou parecer
desfavorável, ou em informações prestadas.
A consumação do delito ocorre quando o fato imputado se torna conhecido por terceiro, não havendo
necessidade de ser um grupo. Da mesma forma que na calúnia, a tentativa é possível na forma escrita,
desde que seja interceptado pela vítima, entes que chegue ao conhecimento de terceiros.
A difamação deve ser distinguida da injúria, pois nesta, não há necessidade de imputação de fato
determinado.
Pode haver concurso entre o crime de calúnia e difamação

INJÚRIA: artigo 140 do C.P. - injuriar é ofender a dignidade ou o decoro de outrem, uma manifestação
de desrespeito ou desprezo em relação ao ser humano e a pena é de detenção, variando de um a seis
meses, ou multa.
Visa o dispositivo proteger a integridade moral do homem, em especial, sua honra subjetiva, podendo
haver, concomitantemente a ofensa à honra objetiva.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de injúria, não sendo punida a auto-injúria, salvo no
caso de atingir a terceira pessoa.
Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do crime de injúria, salvo aqueles que já não têm mais honra
subjetiva, ou por faltar dignidade ou decoro, como no caso dos doentes mentais, havendo entendimento
em contrário. A pessoa jurídica não pode ser sujeito passive, e não é punida a injúria contra os mortos.
A descrição objetiva indica a ação de ofender a honra subjetiva da vítima (dignidade ou decoro), tais
como a indicação de vícios ou defeitos da vítima, dizer que é ladrão ou ignorante, não havendo fato
determinado e específico.

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A injúria pode ser praticada por diversos meios, fala, escrito, gestos, ou atitudes outras, como atirar
lixo contra a vítima, ou mesmo bebida contra seu rosto, havendo possibilidade de sua prática por omissão,
como aquele que não aperta a mão da pessoa que lhe estendeu.
Entretanto, não protege o legislador a honra exagerada, como o daquele que se julga extremamente
honrado e que, qualquer gesto o ofenda.
A injúria pode ser imediata ou direta, quando praticada pelo próprio sujeito ativo, ou mediata ou indireta,
quando este utiliza outra pessoa ou meio, pode ser, anda, oblíqua quando se ofende uma pessoa querida
reflexa, quando atinge terceiros e até implícita, como o caso da pessoa que pendura um par de chifre na
porta da casa de um casal, não havendo necessidade que ela seja praticada na presença do ofendido,
desde que chegue ao seu conhecimento, não sendo possível, em nenhuma hipótese a exceção de
verdade.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a intenção do agente em ofender a vítima.
A consumação se dá no momento em que o ofendido toma conhecimento da ofensa, não havendo
necessidade que se sinta ofendido, por se tratar de crime formal, que não exige a ocorrência de resultado
naturalístico.
A tentativa é possível na forma escrita.
Se a injúria é cometida contra funcionário público, no exercício de suas funções, temos o crime de
desacato, se foi através da imprensa, aplica-se a Lei de Imprensa.
O § 1º do artigo 140 prevê causa específica de perdão judicial, que pode ser aplicado no caso de
provocação, por parte da vítima, ou quando há a retorsão imediata à ofensa, que não pode ser confundida
com a reciprocidade de crimes, casa não esteja presente a imediatidade.
O § 2º do artigo 140 prevê a injúria real, onde a injúria consiste em violência ou vias de fato que podem
ser considerados como aviltantes.

DISPOSIÇÕES GERAIS NOS CRIMES CONTRA A HONRA:


FORMAS QUALIFICADAS: artigo 141 do C.P.
1- quando o crime é praticado contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro,
quando não caracterizar crime contra a Segurança Nacional.
2- quando o crime é praticado contra funcionário público em razão de suas funções, protegendo, assim,
a função exercida pelo funcionário;
3- quando o crime é praticado na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação
ou propalação. Várias pessoas quer significar no mínimo três.
Se o crime é praticado mediante paga ou promessa de recompensa, a pena será duplicada.
O artigo 142 prevê três causas de exclusão de crime, por faltar o elemento subjetivo do injusto, o ânimo
de ofender, ou a exclusão da ilicitude. São os seguintes casos:
1- imunidade judiciária (excluí a antijuridicidade), quando a ofensa é irrogada em juízo, na discussão
da causa, pela parte ou por seu procurador, quer seja autor ou réu, interveniente ou assistente, etc, válida
somente para os crimes de difamação de injúria.
2- opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando é intenção a difamação
ou a injúria; e
3- no conceito emitido por funcionário público em apreciação ou informação que preste no cumprimento
do dever de ofício.
Quem, entretanto, divulga o conceito ou a ofensa irrogada em juízo, responde pelo crime.

RETRATAÇÃO: artigo 143 - causa de extinção da punibilidade. Ocorre quando, antes da sentença o
agente se retrata da calúnia ou da difamação, ocorrendo a isenção de pena, não se incluindo a injúria.
Verificar estudo anterior a respeito das causas de extinção da punibilidade.

PEDIDO DE EXPLICAÇÕES: artigo 144 - é uma medida preparatória para o oferecimento da queixa,
pois, busca-se o sentido das palavras utilizadas pelo agente quando da ofensa, que não se mostra
evidente. Se o agente se recusa a dar as explicações ou não às faz de forma suficiente, responde pelo
crime. O prazo de decadência não é interrompido ou suspenso pelo pedido de explicação.
Como regra a ação penal nos crimes contra a honra são privadas, salvo no caso da injúria real, com
lesão corporal, onde a ação penal é pública incondicionada.
No caso de crime praticado contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, deverá
haver requisição do Ministro da Justiça.
No caso de crime praticado contra funcionário público em razão de suas funções, somente se procede
mediante representação do ofendido.

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Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença
irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a
ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado,
se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou
a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa.

Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou
da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena
em dobro.

Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção
de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste
no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá
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Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica
isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-
se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios
em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
satisfatórias, responde pela ofensa.

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput
do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo,
bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL (ART. 146 A 154)

Visa o legislador a proteção da liberdade do indivíduo, que é a faculdade de exercício da vontade


própria, dentro dos limites estabelecidos pelo próprio direito. A liberdade é examinada sobre os seguintes
aspectos, pessoal, domiciliar, correspondência e segredo.
É sempre bom lembrar que existem diversos crimes, como o roubo, por exemplo, em que a liberdade
individual é atingida, mas, considera-se, para efeitos de punição, o objetivo do agente que, no caso do
exemplo, era o patrimônio.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL: artigo 146 contém o conceito do que seja constrangimento ilegal, e
estipula pena de três meses a um ano, ou multa.
O objetivo do legislador é a proteção da liberdade do indivíduo, que é garantida a nível constitucional
(ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei), sendo a liberdade
considerada do ponto de vista físico e psíquico.
Qualquer pessoa poder ser sujeito ativo do crime, e, caso seja praticado por funcionário público, no
exercício de suas funções, o crime será outro, inclusive, abuso de autoridade.
Sujeito passivo pode ser somente a pessoa que tem capacidade de querer e exercer sua liberdade,
estando, pois, excluídos, os doentes mentais, as crianças totalmente incapazes, etc.
Na descrição do tipo (descrição objetiva), o legislador impõe conduta de constranger, que implica em
obrigar, coagir, forçar.
O constrangimento pode ser realizado para impedir que a vítima faça alguma coisa, ou, ainda, coagir
para que o faça, quando não queria.
Para obtenção do constrangimento o agente pode utilizar-se de violência, que pode ser direita (lesões
corporais), ou outro ato que atinja a vítima fisicamente, como o caso de amarrar com cordas, mesmo que
o seja terceira pessoa, e indireta, como o caso de se retirar as muletas de um aleijado.
Além da violência pode o agente conseguir constranger a vítima através de grave ameaça ou qualquer
outro meio, como o emprego de narcóticos.
A coação deve ser ilegítima. A ilegitimidade pode ser absoluta, quando o agente não tem qualquer
vínculo ou relação com a vítima, que pudesse justificar a conduta e pode ser, ainda, relativa, como o caso
de constranger alguém ao pagamento de uma determinada dívida A diferença entre as duas pode ficar
estabelecida no sentido de que a absoluta, a ação ou omissão, não pode ser obtida licitamente, através
do poder judiciário e a relativa, o agente, ao invés da coação, pode obter o ato por via judicial e, no caso
de ser relativa, o crime será de exercício arbitrário das próprias razões.
A coação em determinados casos é permitida, não estando assim, nestas hipóteses, caracterizado o
crime, como o caso da coação exercida para impedir o suicídio ou a prática de crime.
É fundamental a comprovação do nexo causal entre o constrangimento e a realização ou não
realização do ato.
A descrição subjetiva exige o dolo, ou seja, a vontade de constranger alguém (dolo genérico), aliado
ao dolo específico (elemento subjetivo do injusto) que se encontra presente na intensão de obter-se a
ação ou omissão da vítima, não estando presente o fim especial de agir, o crime poderá ser de lesão
corporal, ameaça ou vias de fato.

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A consumação do crime ocorre quando a vítima pratica o ato, ou se omite e a tentativa a possível
quando a vítima, embora o constrangimento, resiste, e não pratica o ato, ou a omissão a qual estaria
sendo obrigado.
Duas formas qualificadas estão previstas pelo legislador, a primeira é a prática do crime com concurso
de ao menos quatro pessoas (mais de três), desde que todos eles participem da execução do crime. A
segunda é a utilização de arma (pois o potencial ofensivo é maior), devendo necessariamente que a arma
seja utilizada, não caracterizando a qualificadora o simples porte da arma.
O crime em estudo também é subsidiário, pois, se o constrangimento for meio para obtenção de
resultado diverso, como a conjunção carnal no estupro, a subtração da coisa móvel alheia no roubo, a
resgate na extorsão mediante sequestro, o crime será outro e não serão aplicadas as penas do crime em
tela.
Quando o constrangimento é dirigido a diversas pessoas, pode estar caracterizado o concurso formal.
Se for a coação exercida para a prática de crime (autoria mediata), haverá concurso material entre o
constrangimento e o crime praticado pelo coagido, embora haja entendimento que se trata o caso de
concurso formal. Como é parte integrante o tipo a violência é natural que possa haver o concurso material
entre o crime e lesões corporais.
O legislador prevê também casos de exclusão de crime (§ 3º), nas intervenções cirúrgicas quando
iminente o perigo de vida e a coação exercida para impedir o suicídio.

AMEAÇA: artigo 147.


Como conceito ameaçar a prometer a causação de mal grave, fato que restringe a liberdade psíquica
do indivíduo.
O objetivo do legislador é a proteção da liberdade psíquica do indivíduo, seu sossego.
Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa e, caso seja funcionário público, no exercício de suas funções,
o crime será de abuso de autoridade. Sujeito passivo pode ser, também, qualquer pessoa física que têm
capacidade de entendimento, podendo ser intimidada.
Na descrição objetiva impõe o legislador a conduta ameaçar, que significa prometer um mal, podendo
ser praticada através de palavra, escrito, por um desenho, um gesto, ou qualquer outro meio simbólico.
A ameaça pode ser direta quando dirigida pessoalmente à vítima ou indireta, quando dirigida por
intermédio de outra pessoa, pode ser, ainda, implícita ou explícita e condicional, quando o mal a ser
causado estiver condicionado a um outro fato.
O mal a ser prometido, deve ser grave, sério o suficiente para intimidar a vítima. O mal a ser causado,
deve ser possível.
O mal a ser causado, para caracterizar o crime de ameaça, deve estar na dependência do agente. Não
há crime quando o pessoa diz à outra que um raio o parta.
O mal, além de ser possível e verdadeiro, deve ser injusto, mesmo que não seja criminoso, assim, não
é ameaça o fato do agente dizer que vai executar a duplicata da vítima.
A descrição subjetiva do crime exige o dolo, vontade de ameaçar a pessoa, (dolo genérico), além do
dolo específico, o fim especial de agir que é a intimidação da vítima.
A consumação do crime ocorre no momento em que a vítima toma conhecimento da ameaça,
independentemente de seu temor.
A tentativa é possível no caso de ameaça realizada por carta, desde que o ameaçado for incapaz e a
carta for interceptada por seu representante legal, pois, ao contrário, como o crime depende de
representação, deve chegar ao conhecimento da vítima e, quando chega, esta consumado.
A ameaça pode ser meio para a prática de outro crime e, havendo este, não haverá a responsabilização
pela ameaça.
A ação penal no crime de ameaça é pública condicionada a representação da vítima ou seu
representante legal.

SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO: artigo 148.


O objetivo do legislador é proteger a liberdade física do indivíduo, em especial a liberdade de
locomoção.
Pode ser sujeito ativo do crime em tela, qualquer pessoa e, no caso de funcionário público, o crime
será outro.
Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do presente crime, inclusive os incapazes.
A descrição objetiva do legislador indica o sequestro e o cárcere privado, devendo haver, em primeiro
lugar, uma diferenciação entre os dois termos que, singelamente reside no fato de que no cárcere privado
a vítima fica retida em sua residência, enquanto no sequestro, é retirada e colocado num local de onde
ela não pode se afastas, como uma ilha, não havendo confinamento.

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Exige o legislador a privação da liberdade, sem se importar como o meio utilizado para obtenção do
crime, podendo haver violência, ameaça, fraude, havendo possibilidade da prática do presente crime por
omissão, como o médico que se recusa a dar alta para o paciente já curado.
Trata-se de crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo e qualquer pessoa que vier a
participar, responderá pelo crime, mesmo que seja no último dia do sequestro ou do cárcere. Ademais, é
crime de ação única, onde o crime pode ser praticado apenas por uma conduta, um verbo: “privar alguém
de sua liberdade”.
O consentimento descaracteriza o crime, salvo no caso de menor de 14 anos.
O tipo subjetivo exige a presença do dolo, ou seja, a vontade de privar a vítima de sua liberdade, não
havendo, no caso, finalidade específica (dolo específico).
O sequestro é crime subsidiário e, se houver uma finalidade específica o crime será outro, como a
extorsão mediante sequestro.
A consumação ocorre quando o sujeito passivo fica provado de sua liberdade de locomoção, mesmo
que seja por pouco tempo, não devendo ser o pouco tempo confundido com instantaneidade, que pode
caracterizar a tentativa, que é possível, por se tratar de crime material, que apresenta resultado
naturalístico, desde que a prática do crime seja por ação, pois, se por omissão a tentativa não será
possível.
O legislador prevê formas qualificadas do presente delito, havendo cinco circunstâncias qualificadoras.
A primeira delas e ser a vítima ascendente, descendente ou cônjuge do agente. A segunda forma é a
internação da vítima em casa de saúde ou hospital. O terceiro caso á para o cárcere ou sequestro que
dura mais de 15 dias. A quarta e a quinta forma foram inseridas em 2005 pela Lei nº 11.106, sendo a
quarta se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos e a quinta se o crime é praticado com
fins libidinosos.
Caso sofra a vítima, em decorrência do sequestro ou do cárcere, grave sofrimento físico ou moral, a
pena será aumentada em seu limite, indo para reclusão de 2 a 8 anos.
No caso do cárcere (prender os assaltantes as vítimas do roubo no banheiro para a fuga), não estará
caracterizado o crime, embora haja entendimento contrário, principalmente em relação ao que fica
encarcerado no porta-malas de veículo.
Caso haja justa causa para o ato, como o caso do preso em flagrante surpreendido e encarcerado pela
vítima até a chegada da polícia, não haverá o crime.

REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA DE ESCRAVO: artigo 149. O conceito vem previsto no referido
artigo da seguinte forma: reduzir alguém a condição análoga de escravo.
O objetivo do legislador é a proteção, mais uma vez, da liberdade do indivíduo, principalmente a
relacionado entre o poder de mando de outra pessoa.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime, havendo ressalva ao funcionário público, que pratica
outro crime e podem ser sujeito passivo, qualquer pessoa humana, independente de raça, cor, religião,
idade, sendo a pessoa civilizada ou não.
A descrição objetiva exige conduta de sujeitar a vítima à total vontade do agente, mesmo no caso da
mulher colocada exclusivamente para fins libidinosos (escrava sexual).
A descrição subjetiva exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar a redução com supressão dos estado
de liberdade.
A consumação ocorre quando o sujeito passivo passa a ser dominado pelo agente, sendo necessário
o decurso de determinado tempo para a caracterização do crime.
A tentativa ocorre quando o agente não consegue submeter a vítima à sua vontade.
Pode perfeitamente haver concurso entre o crime em estudo e o de lesões corporais e homicídio

VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO: como corolário da disposição constitucional de que a casa é asilo


inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial, prevê
o artigo 150 do CP que entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade
expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências, incorre em pena de 1
a 3 meses de detenção ou multa.
Tem por objetivo o legislador, proteger a liberdade total que deve gozar o indivíduo em sua residência,
sua tranquilidade doméstica.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime, inclusive o proprietário, quando a posse estiver em
mãos de terceiro, como no caso da locação e, se tratar-se de funcionário público, o crime será outro.
Sujeito passivo é o morador, a pessoa que tem poder para impedir que o sujeito ativo entre ou
permanece. A regra é o chefe da casa, que, na ausência, será representado por outro componente ou

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por empregados domésticos, no caso de instituição de ensino, ou saúde, o responsável será o diretor,
nas habitações coletivas, qualquer morador poderá ser sujeito passivo, inclusive impedindo a entrada ou
permanência no local de uso comum.
No caso de existência de duas ou mais pessoas com poder de decisão, pode haver desacordo em
relação a autorização para entrada de terceiros na residência. Se forem marido e mulher o direito é de
ambos e equivalente, prevalecendo em relação aos demais moradores, mas, se a discordância for entre
eles, prevalecerá a proibição, o mesmo ocorrendo em relação aos estudantes moradores em repúblicas.
Não constitui crime a entrada ou permanência de pessoas no interior de residência quando permitidas
por algum dos moradores, na ausência do outro, mesmo que para a prática de atos ilícitos. Assim, a
mulher que coloca o amante no interior da casa para relações sexuais, enquanto o marido se encontra
fora, faz excluir a conduta violadora do amante.
A descrição objetiva prevê duas condutas, entrar e permanecer. Entrar é ingressar, ultrapassar os
limites demarcadores do domicílio, a partir do momento em que se passa com todo o corpo e permanecer
é não se retirar, após ter entrado legitimamente, exigindo-se para, para esta modalidade de conduta, a
permanência por determinado tempo, que haja resistência com certa duração.
Exige, também, que a entrada seja contra a vontade tácita ou expressa do morados, denominada
entrada franca, onde há a utilização de violência ou grave ameaça.
Pode ser clandestina, quando escondida, às ocultas, sem que o morador tenha conhecimento do fato
e, por fim, pode dar-se por forma astuciosa, com a utilização de fraude. Nos dois últimos casos, presume-
se a discordância do morador, denominado dissenso implícito.
A entrada ou permanência deve ocorrer em casa ou em suas dependências. A definição de casa, para
efeito do crime em estudo é encontrada no próprio artigo, no § 4º e incisos, que independe de uma
explicação acurada, sendo perceptível com a simples leitura do dispositivo. A seguir, para espancar
qualquer dúvida, o legislador indica o que não é considerado casa, portanto, que ali está indicado,
acrescido à definição de casa, podem ser objeto do delito, fora disto, não haverá crime.
Não há violação na entrada ou permanência em pastagens ou plantações em lotes rurais.
Por fim, a casa deve ser habitada, mesmo não estando presentes os moradores.
A subjetividade exige o dolo, a vontade de entrar e permanecer na casa, nas formas expressas pelo
legislador, não havendo necessidade de finalidade específica, que, se estiver presente, caracteriza a
ocorrência de outro crime, como a violação do domicílio para a prática de furto, havendo somente o último
crime. Assim, se o agente entra e, lar alheio para fugir da polícia ou de um agressor, por faltar o elemento
subjetivo, descaracteriza o crime.
A consumação se dá no momento em que o agente transpôs o limite demarcatório da residência ou
quando permanece no interior desta após ter sido solicitada a sua saída, não havendo necessidade de
ocorrência de resultado danoso, bastando o perigo.
A tentativa é possível e ambos os casos, entrar e permanecer.
Prevê o legislador qualificadoras para o crime.
A primeira qualificadora ocorre se o crime é praticado durante à noite, sendo divergentes as opiniões
dos doutrinadores em relação à determinação deste período, uns entendendo como a ausência de luz
solar, outros equivalendo como o repouso noturno, outros que vai do entardecer ao amanhecer, alguns
das 18:00 horas de um dia até as 6:00 horas do outro, sendo certo que a qualificadora existe para
condutas realizadas de forma a dificultas a defesa da vítima, havendo entendimento que a qualificadora
não está presente quando, no local, mesmo que seja 3:00 horas da manhã, não há qualificadora se, no
local, se realiza uma festa.
O lugar ermo também qualifica o crime. Lugar ermo é aquele onde há pequeno ou nenhum trânsito de
pessoas ou tráfego de veículos, isolado, afastado, que facilita a prática do crime.
O emprego de violência também é qualificadora, bem como o emprego de arma para a prática do
crime, respondendo também o agente pelas penas correspondentes à violência.
Por fim, também qualifica o crime aquele praticado por funcionário público, fora dos casos em que há
permissão legal, ou quando forem desobedecidas as formalidades legais, podendo caracterizar, inclusive,
crime de abuso de autoridade.
Existem casos e que fica excluída a antijuridicidade. O primeiro caso é o entrar ou permanecer em
moradia contra a vontade do morador, durante o dia, obedecidas as formalidades legais, para efetuar
prisão ou outra diligência, precedido o ato de ordem judicial. O segundo é o caso de penetrar na
residência, mesmo que à noite, havendo a ocorrência de crime, justificada pelo flagrante delito, onde se
encontra a contravenção. Como última hipótese, tem-se o caso do desastre, onde a entrada tem a
finalidade de prestação de socorro.
No caso de ser o crime ato preparatório para outro, haverá punição pelo crime ou pelos atos já
praticados no caso de desistência voluntária ou arrependimento eficaz.

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No caso de ser a violação crime meio, haverá punição somente pelo crime fim, salvo hipótese de ser
este, de menor gravidade.

VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA: É princípio constitucional a inviolabilidade de


correspondência, comunicações telegráficas, de dados e de comunicações telefônicas. A lei penal,
através do dispositivo em estudo, pune a violação deste princípio. Assim, segundo o artigo 151, "caput"
do CP, aquele que devassa indevidamente o conteúdo da correspondência fechada, dirigida a outrem,
está sujeito a uma pena de detenção de 1 a 6 meses, ou multa, mas, tal dispositivo em relação a esta
pena está revogado por legislação específica (Lei 6.538/78, que estipula pena de até seis meses, também
de detenção, ou pagamento não excedente a 20 dias multa).
Tem o legislador por objetivo, garantir a liberdade individual de manter em sigilo o conteúdo de
correspondência.
Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa, salvo o remetente e o destinatário.
Por ser um crime de dupla subjetividade passiva, devem obrigatoriamente figurar como sujeito passivo,
tanto o remetendo como o destinatário, ou seus representantes legais no caso de morte.
A descrição objetiva indica a existência de um objeto material, que é a correspondência fechada, sendo
correspondência conceituada através da lei 6.538/78, como toda comunicação pessoa a pessoa, por meio
de carta, através de via postal ou telegrama. Fora desta espécies, o crime não caracteriza-se, havendo
possibilidade de acontecimento de outro crime. A correspondência pode ser fechada por diversas formas,
cola, costuras, lacres plásticos, etc., e, se presume que, caso aberta a correspondência, não tem o
remetente ou o destinatário interesse no não conhecimento de seu conteúdo, sendo necessário que a
correspondência tenha destino certo, a uma determinada pessoa, mesmo se anônima, devendo, por fim,
ser atual.
A conduta é devassar, que significa tomar conhecimento, não caracterizando o crime e a pessoa abre
a correspondência mas não toma conhecimento de seu conteúdo, sendo possível a hipótese de punição
daquele que toma conhecimento se abri-la. Não há necessidade que o agente utilize o conhecimento para
outro fim, para estar pratica o crime
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de tomar conhecimento do conteúdo de
correspondência fechada, assim, quem lê por engano, não pratica o crime.
Contém a presente descrição elemento normativo, consistente no termo indevidamente, pois, se
houver justa causa para a leitura do conteúdo da correspondência, não haverá a prática do crime, Como
é o caso dos pais que podem ler as correspondências dos filhos menores, embora haja entendimento que
na maioria dos casos, já que a Constituição Federal faz ressalva somente a comunicação telefônica, não
é mais possível a exclusão do crime nestas hipóteses.
Em relação aos cônjuges, o entendimento é de que a leitura da correspondência dirigida ao outro, não
caracteriza o crime, por ser presumido o consentimento, havendo posição contrária, principalmente
quando um deles não concorda com o devassamento.
A consumação ocorre quando o agente toma conhecimento do conteúdo da correspondência, sendo
possível a tentativa quando o agente é surpreendido após ter aberto a correspondência, mas, ainda, não
havia tomado conhecimento de seu conteúdo.
É possível o concurso material de crime em estudo com crime de furto, quando o agente se apossa de
valores, ou sonegação de correspondência.

SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA: artigo 151, § 1º - cuja definição é se


apossar indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega
ou destrói, dispositivo também revogado pelo artigo 40 da Lei 6.538/78, que comina as mesmas penas
que a da conduta anteriormente estudada.
Tem por objetivo o legislador, mais uma vez, proteger a liberdade de correspondência.
Sujeito ativo e passivo do crime são as mesmas pessoas indicadas no crime anterior.
A descrição objetiva tem por objeto, também, a correspondência, mas, não exigindo que ela se
encontre fechada.
A conduta descrita é de se apossar da correspondência, com a finalidade de sonegação (esconder)
ou destruição.
A subjetividade exige o dolo, a vontade de se apossar da correspondência alheia, com o dolo específico
de sonegar ou destruir.
Da mesma forma, como elemento normativo, tem-se o termo indevidamente, para a caracterização do
crime.

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A consumação se dá com o apossamento da correspondência, desde que tenha o agente a finalidade
específica de sonegar ou destruir, sendo possível a tentativa, quando o agente não consegue a subtração
da correspondência.
Se o conteúdo se tratar de um documento, sua destruição pode caracterizar crime de supressão de
documento, em concurso formal.

VIOLAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEGRÁFICA, RADIOELÉTRICA OU TELEFÔNICA: artigo 151,


§ 1º, inciso II com o seguinte conceito: quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza
abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônicas
entre outras pessoas, incorre nas mesmas penas estipuladas para as condutas anteriores.
Visa o legislador proteger o sigilo de comunicação pessoa a pessoa.
Sujeitos ativo e passivo, são os mesmos que os anteriores.
A descrição objetiva prevê condutas variadas, sendo a primeira divulgar, que nada mais é que passar
a pessoas indeterminadas o conteúdo da comunicação, ou transmitir, que deve ser entendido como a
passagem do conteúdo em caráter reservado para outra pessoa. Também incrimina-se a conduta de
utilizar o conteúdo, desde que tal fato não constitua crime mais grave, como o de extorsão.
As mensagens protegidas são aquelas transmitidas por rádio, televisão, telégrafo, telefone, desde que
não dirigidas ao público.
As comunicações telefônicas podem ser violadas somente através de ordem judicial.
A subjetividade consiste na vontade de praticar as condutas descritas.
A consumação se dá quando o agente divulga, transmite ou usa a comunicação, sendo possível a
tentativa.

IMPEDIMENTO DE TELECOMUNICAÇÃO: ARTIGO 151, § 1º, inciso III - que tem como conceito
impedir a comunicação ou conversação efetuada através de telégrafo, rádio ou telefone.
Mais uma vez tem por objetivo o legislador a proteção à liberdade de transmissão do pensamento
pessoa a pessoa.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e, sujeito passivo são os remetentes e destinatários da
comunicação.
A descrição objetiva prevê conduta de impedir, que pode ser efetivada de diversas formas, como cortar
fios, fazer barulho, utilizar aparelhos que causam interferência, etc.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de impedir a comunicação.
A consumação se dá quando a comunicação é interrompida, e a tentativa é possível quando a
interferência não é suficiente para impedir a comunicação.

INSTALAÇÃO OU UTILIZAÇÕES ILEGAIS: artigo 151, § 1º, inciso IV - Tal dispositivo está revogado
pelo artigo 70 da Lei 4.117/62, Código Brasileiro de Telecomunicações, que define a conduta de
instalação de estação de telecomunicações em desacordo com a legislação pertinente, cominando pena
de 1 a 2 anos, com aumento de metade se houver danos a terceiros. Portanto, pratica o crime aquele que
instala uma central de telecomunicação ou utiliza uma já existente em desacordo com o referido diploma
legal.

DISPOSIÇÕES COMUNS: A pena será aumentada de metade se houver dano a alguém, em qualquer
das condutas previstas no capítulo, seja qual for a ordem do dano. Existe qualificadora no caso de ter
sido o crime praticado com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radiográfico ou telefônico,
desde que, específica a função.

AÇÃO PENAL: é pública condicionada a representação da vítima (remetente ou destinatário) nos


crimes previstos no CP e de representação de autoridade administrativa nos demais casos.

CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL: artigo 152 do CP - Abusar da condição de sócio ou empregado


do estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
suprimir correspondência, ou revelar a estranho o seu conteúdo, com pena de detenção de 3 meses a 2
anos.
Tem por objetivo o legislador proteger a liberdade de correspondência comercial.
Trata de crime próprio, portanto, só pode ser sujeito ativo o sócio ou o empregado do estabelecimento,
sendo necessário, pois, um relacionamento contratual, não se importando se for sócio ou empregado do
remetente ou destinatário, mesmo que a conduta não tenha sido praticada no exercício das funções,
bastando a qualidade de sócio ou empregado.

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Sujeito passivo é a empresa à qual pertença o sócio ou o empregado.
A descrição objetiva exige o objeto específico, correspondência comercial, não existindo este objeto,
o crime será de violação de correspondência. Prevê o legislador diversas condutas, podendo o agente
praticar o crime desviando (dando destino diverso), sonegando (escondendo), subtraindo (tirando) ou
suprimindo (eliminando), bem como revelando o agente o conteúdo da correspondência comercial a
estranho. É necessário, ainda, a possibilidade de dano à vítima.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar uma das condutas descritas, desde que o
agente tenha consciência de que está abusando da qualidade de sócio ou empregado.
A consumação se dá com o desvio, a sonegação, subtração ou supressão da correspondência ou,
com a revelação a estranho, sendo possível a tentativa.
A ação penal neste caso depende de representação da pessoa jurídica ofendida.
Pode haver concurso com os crimes de violação de segredo profissional ou, ainda, contra a
propriedade imaterial.

DIVULGAÇÃO DE SEGREDO: artigo 153 do CP - cuja definição é Divulgar alguém, sem justa causa,
conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor,
e cuja divulgação possa produzir dano a outrem está sujeito a uma pena de 1 a 6 meses de detenção ou
multa. A presença de uma finalidade específica no agente, pode trazer a ocorrência de outro delito, como
o caso de violação de segredo profissional.
Tem por objetivo o legislador proteger a liberdade individual de se ter segredos mantidos.
Pode ser sujeito ativo do crime o destinatário ou o detentor da correspondência ou do documento,
sendo que o remetente somente poderá ser sujeito ativo na modalidade de participação.
Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, que possa sofrer algum dano com a divulgação, inclusive o
remetente e o destinatário, caso a correspondência ou documento esteja com terceira pessoa.
A descrição objetiva exige um objeto material, o documento ou a correspondência. O que se entende
por correspondência já foi explicado e deve-se entender por documento qualquer escrito que resulte em
prova de fato jurídico relevante, tendo ou não caráter econômico. Em relação à correspondência, exige-
se que a assunto seja confidencial, secreto. Segredo é algo de conhecimento de um número limitado de
pessoas e que deseja-se manter oculto.
A conduta prevista é de divulgar, ou seja, levar a público, o segredo inscrito no documento ou
correspondência, embora exista reconhecimento do crime quando o segredo é transmitido a somente
uma pessoa. Necessário, também, a possibilidade de dano para alguém, seja ele econômico ou moral.
Contém também o dispositivo, elemento normativo consistente na expressão sem justa causa, como
o caso de se utilizar de uma correspondência para defesa em um processo.
A subjetividade consiste no dolo, na vontade de divulgar o segredo, tendo-se a consciência de que a
conduta possa causar dano a outrem.
A consumação se dá quando um número indeterminado de pessoas toma conhecimento do segredo
e a tentativa é possível.
A ação penal é pública condicionada a representação.
Nos casos de concurso, na maioria das vezes, haverá a absorção do crime meio, pelo crime fim, assim,
quem se apodera da correspondência com a finalidade de lhe revelar o segredo, responderá somente
pelo crime de divulgação deste segredo.

VIOLAÇÃO DE SEGREDO PROFISSIONAL: Como existem profissões, nas quais o profissional toma
conhecimento de diversos assuntos que lhe são confiados, estão eles obrigados a não revelá-los, por
isso o CP prevê no artigo 154, a conduta de revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem, pode
ficar sujeito a um pena de detenção que varia de 3 meses a 1 ano ou multa.
Tem por objetivo o legislador a proteção da liberdade individual de se ter determinado assunto em
segredo.
Trata-se de crime próprio e somente pode ser sujeito ativo do crime as pessoas que tomaram
conhecimento do segredo em razão de sua função, encargo derivado da lei ou por contrato; ministério,
atividade religiosa como a de padre e pastores; ofício, c com fim lucrativo sem qualificação técnico
profissional; ou profissão, atividade qualificada intelectualmente, exercida com o fim de lucro de
licitamente.
Deve fundamentalmente estar presente o nexo causal entre o exercício da atividade e o conhecimento
do segredo.
Conforme a qualificação do profissional (funcionário público por exemplo) o crime pode ser outro.

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Sujeito passivo: é a pessoa que tem interesse em que o segredo seja guardado e que pode sofrer um
dano com sua revelação.
A descrição objetiva exige conduta de revelar o segredo, transmitindo-o a outrem, com possibilidade
de prejuízo moral, econômico, familiar ou individual.
Está presente na descrição, elemento normativo, justa causa que, se existir, para a revelação,
descaracteriza o crime, pois a proteção dada pela lei ao segredo profissional é relativa, como exemplo do
advogado que comunica à polícia que seu cliente irá praticar um crime.
Se o sujeito passivo consente na revelação, não haverá crime pois, no caso, a revelação será legal,
mas, se terceira pessoa poderá sofrer algum dano, também este terá que consentir.
A subjetividade exija a vontade de revelar o segredo (dolo), acrescido do conhecimento sobre a
possibilidade de dano a outra pessoa.
A consumação se dá quando o segredo é revelado a apenas uma pessoa, podendo ser para mais de
uma, e a tentativa é possível.

INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO: O crime de invasão de dispositivo informático, previsto


no art. 154-A, do CP, consiste no fato de o agente “invadir dispositivo informático alheio, conectado ou
não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de
obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita”.
Constitui o objeto jurídico tutelado por este crime a inviolabilidade da intimidade e da vida privada,
consistente no resguardo dos dados e informações armazenadas em dispositivo informático da vítima.
Trata-se de um direito fundamental constitucionalmente assegurado, nos seguintes termos: “são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (CP, art. 5º, X).
Constituem em objeto material do delito: (1) os dados e as informações armazenadas em dispositivo
informático da vítima e que tenham sido obtidas, adulteradas ou destruídas em razão da conduta
criminosa do agente; (2) o próprio dispositivo informático da vítima na hipótese de o agente instalar
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
Sujeito ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, uma vez que o tipo penal não exige nenhuma
qualidade especial do agente.
Sujeito passivo: é a pessoa que pode sofrer dano material ou moral em consequência da indevida
obtenção, adulteração ou destruição de dados e informações em razão da invasão de dispositivo
informático, ou decorrente da instalação no mesmo de vulnerabilidades para obter vantagem ilícita, seja
seu titular ou até mesmo um terceiro.
Consumação e tentativa: A invasão de dispositivo informático é crime formal (ou de consumação
antecipada), que se consuma sem a produção do resultado naturalístico consistente na efetiva obtenção,
adulteração ou destruição de dados ou informações da vítima, que se houver, constitui no simples
exaurimento do crime. Consuma-se, portanto, no momento em que o agente invade o dispositivo
informático da vítima, mediante violação indevida de mecanismo de segurança, ou instala no mesmo
vulnerabilidades, tornando-o facilmente sujeito a violações. Trata-se de crime instantâneo, cuja
consumação não se prolonga no tempo. A tentativa é possível por se tratar de crime plurissubsistente.

Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que
ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se
reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

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I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal,
se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.

Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-
lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Sequestro e cárcere privado


Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60
(sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Redução a condição análoga à de escravo


Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados
ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais
do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa,
mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016)
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se:
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade,
de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de
emprego, cargo ou função; ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.
§ 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização
criminosa.

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SEÇÃO II
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou
tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de
arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos
legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência
de o ser.
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

SEÇÃO III
DOS CRIMES CONTRA A
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA

Violação de correspondência
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Sonegação ou destruição de correspondência
§ 1º - Na mesma pena incorre:
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em
parte, a sonega ou destrói;
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica
ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior;
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal.
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico
ou telefônico:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.

Correspondência comercial
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para,
no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu
conteúdo:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS

Divulgação de segredo
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

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§ 1º Somente se procede mediante representação.
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei,
contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada.

Violação do segredo profissional


Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Invasão de dispositivo informático


Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante
violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para
obter vantagem ilícita:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa
de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput.
§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico.
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos
comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não
autorizado do dispositivo invadido:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais
grave.
§ 4º Na hipótese do §3º, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização
ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos.
§ 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra:
I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado,
da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal;
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito
Federal.

Ação penal
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo
se o crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União,
Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (ART. 155 A 183)

FURTO: Em primeiro lugar, deve se entender o que seja patrimônio, a fim de verificar-se o que o
legislador protege com as condutas descritas neste capítulo. Pode-se definir como patrimônio, o conjunto
de relações jurídicas de uma pessoa que tiver valor econômico, a exceção dos direitos imateriais que,
embora possam ser avaliados economicamente, são protegidos em outro capítulo.
O conceito de furto vem descrito no artigo 155 do CP, que nada mais é do que a subtração da coisa
alheia móvel, para si ou para outrem, com intenção de apossamento definitivo. A pena cominada para a
conduta na forma simples é de reclusão de 1 a 4 anos e multa.
O objetivo jurídico em relação ao crime de furto é discutido entre os doutrinadores, uns entendendo
que o dispositivo protege a posse, de forma direta e a propriedade, indiretamente, ou o inverso, outros,
que a tutela é somente da propriedade e não da posse. Numa corrente dominante, entendem que a
proteção é feita tanto à posse como a propriedade, além da detenção da coisa, portanto, para a punição
do agente, é indiferente de que a pessoa tenha somente a posse ou a propriedade da coisa, bastando
que o agente se apodera da coisa ilegalmente. Assim, é possível a punição do ladrão a coisa subtraída
por outro, pois a coisa ficou mais longe da vítima.

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Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa física, desde que não seja o possuidor da coisa
subtraída. O empregado que, numa empresa é responsável e utiliza certas ferramentas para o trabalho,
tendo a posse vigiada, se transforma a posse precária, em propriedade, pratica o crime de furto.
Sujeito passivo é a pessoa física ou jurídica que tenha a posse ou a propriedade da coisa, salvo no
caso de detenção desinteressada, como o caixa de um banco, em que o sujeito passivo é o banco.
A descrição objetiva exige as condutas de subtrair, ou seja, retirar, de qualquer forma e independe da
presença da vítima.
O objeto material é a coisa que, em direito penal é toda substância corpórea, material, suscetível de
apreensão ou transporte, no estado em que se encontra, sólido, líquido ou gasoso, instrumentos ou títulos,
bem como partes do solo, de casas, árvores, navios, aeronaves, que são móveis equiparados a imóveis
para efeitos civis.
É de fundamental importância, para caracterização do crime de furto que a coisa tenha valor
econômico ou afetivo, pois todos eles são bens que satisfazem as necessidades dos homens.
As coisas comuns, como o ar e a água, também podem ser objeto material do delito, desde que,
destacadas como o caso dessas substâncias engarrafadas.
É necessário que a coisa tenha dono, pois, apoderar-se da coisa que não tem dono não é figura típica,
bem como aquelas que foram abandonadas pelo dono, mas, apropriar-se de coisa achada é crime
previsto na nossa legislação penal.
O ser humano não pode ser objeto material do crime de furto, poderá haver sequestro, mas, pode
haver furto de coisas postiças do corpo, como dentaduras, perucas, prótese.
Quando a finalidade for econômica a subtração de cadáver é furto.
Se incluem entre os objetos materiais do crime, os títulos que representam as obrigações.
Se o valor da coisa for irrelevante, pelo princípio da insignificância, não haverá crime de furto.
Por fim a coisa dever ser alheia, que não pertence ao agente.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de subtrair, somado ao elemento subjetivo do injusto,
contido na expressão para si ou para outrem, não havendo necessidade de que o agente vise o lucro,
que pode agir simplesmente por capricho. Tirar uma joia da vítima para jogá-la, não caracteriza o crime
de furto.
O consentimento da vítima na subtração, desde que seja anterior à consumação, faz desaparecer o
crime, se for após o crime já se consumou.
O momento da consumação do crime de furto é discutido entre os doutrinadores, alguns entendendo
que basta o agente tocar na coisa, outros quando a coisa é segura, outros quando é removida, ou quando
a coisa é segura, outros quando é removida, ou quando a coisa é colocado no local a qual se destinava.
A despeito das diversas opiniões, o entendimento mais correto é que o crime se consuma quando há
inversão da posse, havendo julgado entendendo estar caracterizado o crime na conduta do empregado
que escondeu a coisa no estabelecimento comercial para levá-la posteriormente.
Como se trata de crime material, com resultado naturalístico, é possível a tentativa, como o casso
daquele que tenta furtar a carteira da vítima, mas não consegue, pois ela se encontra em outro bolso,
entretanto, se a vítima não possuir nenhum valor, temos o crime impossível.
Como distinção se apresenta o fato do agente, após a prática do crime, colaborar (escondendo a coisa,
por exemplo), respondendo apenas pelo crime de favorecimento real e não pelo furto. Quem subtrai a
coisa visando ressarcir-se de prejuízo, responde pelo crime de exercício arbitrário das próprias razões.
A trombada, que não deixa de ser violência, se for leve, caracteriza o furto e não o roubo.
Quem adquire a coisa produto de crime de furto responde por receptação, na forma dolosa ou culposa.
É possível o concurso do crime de furto com diversos outros delitos, como o estupro, ou mesmo a
subtração de coisas de diversas pessoas.
Em algumas hipóteses, o crime de furto absorve outros, como a violação de domicílio, o dano, o
estelionato, no caso de subtração de talão de cheque, embora, no último exemplo, haja entendimento
contrário. Se a coisa furtada foi documento que, posteriormente, foi falsificado, haverá concurso material
entre o furto e a falsificação.
Por furto de uso deve entender-se a conduta da pessoa que se apossa da coisa com a finalidade de
utilizá-la momentaneamente e, já que o legislador exige a intenção definitiva na conduta do agente, não
está caracterizado o crime de furto, havendo entendimento contrário. Para a caraterização do uso, na
subtração, é necessário que o agente a devolva da mesma forma que a subtraiu, caso contrário, haverá
crime de furto.
A subtração de energia, seja ela de qualquer natureza, também caracteriza o crime de furto, pois o
legislador equiparou a energia a coisa móvel. Se o agente desvia energia praticará furto, mas, se obtém,
com artifícios, levando a vítima a erro, praticará estelionato.

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O § 1º do artigo 155, prevê uma agravante específica, tratando do furto praticado durante o repouso
noturno, com aumento de pena de 1/3, porque neste período é precária a vigilância sobre a coisa.
Repouso noturno não significa noite, que se caracteriza pela ausência da luz solar, enquanto aquela
significa o período em que normalmente os moradores repousam, mesmo que no local, embora tenha
moradores, não se encontrem no local, assim, o furto de veículo que se encontra na rua, durante este
período, agrava o crime.
A agravação da pena é levada a efeito, tendo-se por base a pena do furto simples, não se
considerando, pois, as qualificadoras.
O § 2º do mesmo artigo, descreve o furto privilegiado, no caso de ser o criminoso primário e ser de
pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão por detenção, diminuí-la de 1/3 a
2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
Vamos analisar os requisitos que devem estar presentes para o reconhecimento da privilegiadora, a
iniciar-se pela condição de primário do agente, lembrando que é primário aquele que nunca sofreu uma
condenação, não devendo, pois, confundir-se primariedade com não reincidência.
Segundo requisito é ser a coisa subtraída, de pequeno valor, sendo o entendimento majoritário que
pequeno valor é aquele menor que um salário mínimo da época dos fatos. Não se deve confundir,
também, pequeno valor com pequeno prejuízo, sendo que na jurisprudência existem dois entendimentos
a respeito, um entendendo que a coisa dever ser de pequeno valor e outra que o prejuízo deve ser
pequeno para o reconhecimento da privilegiadora.
Atualmente se exige, também, que o agente não revele má personalidade, nem possua antecedentes
desabonadores, fato que vem sendo aceito, porque, as possibilidades colocadas pelo legislador são de
aplicação facultativa pelo juiz, que deve analisar o aspecto subjetivo.
É natural que, pela própria colocação do dispositivo na lei, o privilégio somente pode ser aplicado aos
crimes simples e agravado pelo período noturno, embora haja entendimento contrário.

FURTO QUALIFICADO: disposto no § 4º do artigo 155, cuja pena vai de 2 a 8 anos de reclusão e
multa.
A primeira qualificadora prevista no inciso I é o rompimento do obstáculo para a subtração da coisa,
ou seja, quando o agente para a prática do crime, inutiliza, desfaz, desmancha, estraga, deteriora
obstáculos colocados para garantir o patrimônio, como as trancas, fechaduras, portas, janelas, paredes,
sendo a destruição total ou parcial e desde que a conduta atinja diretamente o obstáculo. Assim, se o
agente para furtar um veículo, quebra o vidro, não pratica o crime qualificado, mas, se a destruição foi,
no mesmo exemplo, para subtrair coisas que estavam no interior de veículo, a qualificadora persiste. Mas
se ação visa um dispositivo de segurança de veículo, como alarme, ou trinco, estará presente a
qualificadora.
O fato de o agente retirar a porta, desaparafusando, sem destruí-la, não caracteriza a qualificadora, o
mesmo ocorre com a retirada de telhas.
Para comprovação do crime é fundamental o exame pericial.
A segunda qualificadora é o abuso de confiança, previsto no inciso II, caracterizada pela diminuição
da vigilância sobre a coisa devido a esta confiança de que o agente não praticará a conduta, como o caso
do vigia contratado para cuidar de uma residência, da empregada doméstica que fica sozinha em casa,
enquanto os patrões trabalham, sendo necessário, que além do vínculo empregatício, haja a confiança
depositada no agente.
Outra qualificadora no mesmo inciso é a fraude, consistente num meio enganoso, num artifício utilizado
pelo agente, obtendo a posse devido a esse artifício, como a pessoa que se veste com uniforme da
empresa de emergia elétrica, a fim de penetrar no interior da residência e subtrair a coisa.
Não se pode confundir o furto através de fraude com o estelionato-furto, onde o artifício é utilizado para
que a vítima entregue a coisa.
A escalada também qualifica o furto, significando a utilização de uma via de acesso anormal para
penetrar na casa ou estabelecimento, com utilização de escadas, cordas, a fim de ser vencido um
obstáculo que exige esforço incomum, como o exemplo da pessoa que cava um túnel para atingir o local
onde a coisa de encontra, qualificadora que, para a sua caracterização, segundo entendimento da
maioria, independe de exame pericial.
A destreza, habilidade física ou manual do agente, impedindo a percepção da vítima em relação prática
do crime, é qualificadora. A destreza tem, por exemplo, típico o do batedor de carteira, que retira do bolso
da vítima sem que ela sinta a sua ação.
No inciso III está previsto a utilização de chave falsa, que pode ser definida como qualquer instrumento
que faça suas vezes, havendo entendimento de que a chave verdadeira, quando furtada, caracteriza a

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qualificadora, posição que não é aceita pela maioria dos doutrinadores, que entendem se tratar de fraude
e não de uso de chave falsa.
Por fim o inciso IV prevê o concurso de duas ou mais pessoas, que indica maior periculosidade dos
agentes que se unem para mais facilmente praticar o crime, não havendo necessidade, inclusive, para
reconhecimento da qualificadora que todos sejam imputáveis, havendo opinião de que deva haver a
coautoria para o reconhecimento da qualificadora e, segundo corrente majoritária, é possível seu
reconhecimento, inclusive nos casos de participação.
No caso de furto praticado por quadrilha o entendimento dominante é de que a qualificadora não
prevalece, devendo os componentes responder pelo furto e pelo crime de formação de quadrilha ou
bando.
Havendo duas ou mais qualificadoras num mesmo furto, uma delas irá qualificar, enquanto as outras
deverão ser utilizadas pelo juiz como circunstâncias agravantes, quando da aplicação da pena.

FURTO DE COISA COMUM: artigo 156 do CP, que define o crime da seguinte forma: Subtrair o
condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém a coisa comum,
estará sujeito a uma pena de detenção de 6 meses a 2 anos ou multa, sabendo-se que o condomínio é a
propriedade de uma coisa por diversas pessoas, herança é o patrimônio do falecido e sociedade é a
reunião de duas ou mais pessoas, para com esforço comum, atingir um objetivo.
Tem o legislador por objetivo a proteção da propriedade e da posse comum.
Trata-se de crime próprio, podendo ser sujeito ativo o condômino, o herdeiro ou o sócio.
Sujeitos passivos serão os demais condôminos, herdeiros e sócios ou ainda outra pessoa que tenha
a posse legítima da coisa, entretanto, no caso de sociedade, pessoa jurídica, se o bem a ela pertencer,
haverá prática de crime de furto simples.
A descrição objetiva exige os mesmos elementos que o furto simples, devendo a coisa ser comum,
não se importando com o montante que pertença ao autor do crime.
A subjetividade exige o dolo, vontade de subtrair a coisa comum, acrescida da finalidade específica,
contida na expressão para si ou para outrem.
Prevê o legislador um caso de exclusão do crime tratando-se de coisa comum fungível, aquela que
pode ser substituída por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade e, não excedendo o valor do
bem, ao da cota que o agente teria direito, está descaracterizada a infração.
A ação penal é pública condicionada à representação de qualquer um dos outros coerdeiros,
condôminos ou sócios.

DO ROUBO E DA EXTORSÃO
A subtração de coisa alheia móvel constitui o furto, mas se estiverem presentes algumas circunstâncias
especiais, tais como a violência e a grave ameaça, temos o crime de roubo, que vem previsto no artigo
157 do CP, com pena de reclusão de 4 a 12 anos de reclusão, além da multa.
Diretamente, tem o legislador por objetivo, proteger o patrimônio da vítima, mas ao mesmo tempo,
não deixa de preservar a integridade física, psíquica e a vida do ser humano.
Por se tratar de crime comum, pode o roubo ser praticado por qualquer pessoa, assim, qualquer um
pode ser sujeito ativo do crime.
Em relação ao sujeito passivo, pode-se dizer que é vítima o possuidor da coisa, mas, também,
qualquer pessoa que sofra a violência exercida pelo sujeito ativo.
A descrição objetiva exige a conduta de subtrair, a coisa alheia móvel, mas, com utilização de
violência, grave ameaça, ou qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima.
A coisa móvel alheia é o objeto material do crime, desde que tenha valor econômico.
A subjetividade exige o dolo, vontade de subtrair a coisa, aliada ao desejo de praticar a violência,
estando presente, também, o elemento subjetivo para si ou para outrem.
A consumação do crime se dá quando a coisa sai do domínio da vítima, existindo entendimento
minoritário no qual a consumação se dá com a prática da violência e a tentativa é perfeitamente possível.
O artigo 157, § 1º prevê o chamado roubo impróprio quando a violência é praticada após a subtração
da coisa, para garantir a posse da coisa subtraída ou a impunidade do crime, desde que haja um
relacionamento direto de tempo entre a subtração e a violência, pois, se decorrido muito tempo, será
caracterizado um crime de furto e outro de lesão corporal.
A previsão alcança somente a prática de violência ou grave ameaça, excluindo o outro recurso que
reduza a defesa da vítima, e consiste na presença do elemento subjetivo do injusto, qual seja, deve ter a
intenção de assegurar a impunidade ou a subtração da coisa. Neste caso a consumação se dá com a
prática da violência, mesmo que a subtração tenha sido anterior, e, não havendo a subtração, o agente
deverá responder pelo crime de tentativa de furto e de lesões corporais em concurso material, embora

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haja entendimento contrário. Quando a pessoa já subtraiu a coisa e quando tenta praticar a violência, não
obtendo êxito, ocorre a tentativa de roubo impróprio.
Por fim, e expressão logo depois deve ser entendida como imediatamente.
O § 2º do artigo 157 prevê as hipóteses de roubo qualificado, em três incisos.
A primeira qualificadora é o emprego de arma, por ser um objeto capaz de impor uma maior ameaça
e o risco de um dano em potencial para a vítima, além de demonstrar uma maior periculosidade do agente.
Arma é todo objeto utilizado para ataque ou defesa, capaz de ofender a integridade física da vítima, então,
a arma de brinquedo, não qualifica o crime de roubo, embora exista entendimento admitindo a
qualificadora nesta caso, o que não acontece com a arma descarregada que, conforme entendimento da
maioria, qualifica o crime de roubo. Para reconhecimento da qualificadora é necessário que a arma seja
utilizada, ao menos de forma implícita, não configurando o crime qualificado o seu simples porte.
A segunda qualificadora é o concurso de duas ou mais pessoas, fato que dificulta, ainda mais a
defesa da vítima, mesmo que uma destas pessoas seja inimputável e que apenas uma delas pratique
atos executórios do crime, nem, tampouco que seja identificado a outra pessoa, e, caso haja condenação
dos agentes pelo crime de quadrilha ou bando, ficará afastada a qualificadora.
O terceiro caso é quando a vítima se encontra em transporte de valores, sendo o agente
conhecedor desta circunstância, pois, estas pessoas são as mais visadas na prática do crime em estudo.
É natural que, para o reconhecimento da qualificadora é necessário que o valor transportado não seja
daquele que o realiza e que o agente conheça a realização do transporte.
No caso de existência de duas ou mais qualificadoras, no mesmo crime, uma delas servirá para
qualificar, a outra, como circunstância judicial para aplicação da pena.
A lesão corporal de natureza grave também qualifica o roubo, conforme previsão do § 3º, 1ª parte
do artigo 157. Lesões graves são as previstas no artigo 129, §§ 1º e 2º do C.P., desde que decorrente da
violência. Pela disposição de nosso código, não é possível, reconhecer-se as qualificadoras estudadas
acima, juntamente com a ora analisada, o que possibilita que uma pessoa que utilize arma para a prática
do crime, mas não cause lesão, sofrer uma pena maior do que aquela que, causou a lesão de natureza
grave, utilizando a arma.
No caso de lesão grave, considera-se consumado o crime, mesmo que o agente não tenha conseguido
a subtração.
Com a violência praticada pode ser que o agente cause a morte da vítima. Estamos diante do que a
doutrina denomina latrocínio (matar para roubar), cuja conduta vem descrita no artigo 157, § 3º, com
redação dada pela lei dos crimes hediondos.
Embora alguns doutrinadores entendam que para que haja o latrocínio o agente deve querer o
resultado morte, pela redação do dispositivo, outra interpretação não pode ocorrer a não ser no sentido
de não ser necessária a intenção do agente, basta que em decorrência da prática do crime resulte a
morte, desde que esta violência tenha sido exercida para à subtração da coisa, ou para garantir a posse
ou impunidade dela. Por consequência, se existirem desígnios autônomos, o agente responderá pelo
crime de roubo e homicídio, em concurso.
Não é necessário que a morte seja da vítima, mas, de qualquer pessoa que sofra a violência, existindo,
no caso, dois sujeitos passivos.
Embora haja entendimento contrário, a morte do coautor do crime não caracteriza o latrocínio, pois,
contra ele não é exercida violência.
A consumação do crime ocorre quando há a subtração e a morte e a doutrina discute as hipóteses
de não ocorrendo um destes resultados, por qual crime responderá o sujeito ativo.
Diversas soluções são apresentadas:
No caso de serem tentados ambos os resultados o agente responderá por tentativa de latrocínio; se
ocorrer somente a subtração e o agente tentou contra a vida na prática da violência, também ocorre a
tentativa de latrocínio; entretanto, quando ocorre a morte mas a subtração não consuma, há divergências
entre os doutrinadores.
Alguns entendem que o agente responderá por crime de furto tentado em concurso com homicídio
qualificado, pois, praticado para garantir a impunidade de outro crime. Outros entendem ser uma tentativa
de roubo em concurso com o homicídio qualificado; existe entendimento no sentido de tratar-se somente
de homicídio; de latrocínio tentado e, por fim, de latrocínio consumado, posição que, embora em
desacordo com a legislação é a dominante.
Caso o agente, na violência, não pretendia o resultado morte, (preterdolo), responderá pelo latrocínio
tentado (roubo seguido de morte).
Existe posição contrária, mas, no caso de mais de uma vítima o latrocínio será único.
Distinções podem ser apresentadas, como o exemplo da trombada que, segundo entendimento de
uns é furto e de outros é roubo.

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Roubo e extorsão são crimes diversos e a diferença reside no sentido de que no roubo há a subtração
da coisa, através do emprego da violência e, na extorsão, a violência é empregada para que a vítima
entregue a coisa.
Se o crime é praticado para salvaguardar algum direito, será o caso de exercício arbitrário das próprias
razões em concurso com a violência.
Em relação à possibilidade de concurso no crime de roubo, diversas são as situações em que se
encontra presente.
Em primeiro lugar é importante lembrar que todos os crimes componentes (furto, ameaça, lesões
leves), são absorvidas pelo roubo.
No caso de sequestro da vítima, sendo elemento do crime de roubo, é por este absorvido, entretanto,
caso ocorra após a subtração, haverá o concurso.
Embora, em tese, é possível a continuidade delitiva neste crime, a jurisprudência atual tende ao não
reconhecimento da possibilidade, por consequência, também não se aceita a continuidade entre o roubo
e o furto, o latrocínio e a extorsão.
Vislumbrando o exemplo e possibilidade de, num local onde se encontram diversas pessoas, estas
são ameaçadas e mediante esta ameaça, o agente subtrai objetos pertencentes às vítimas, tem-se
admitido no caso o concurso formal, existindo posições contrárias.
Entretanto, se tratar-se de somente um objeto, ainda que diversas pessoas sofram a violência, o crime
é único.
Embora seja também atingida a vida, indiretamente, no caso do latrocínio, a competência para
julgamento é da justiça comum e não do Tribunal do Júri.

EXTORSÃO: artigo 158 do CP, que contém o conceito deste crime.


Visa o legislador fundamentalmente, proteger o patrimônio da vítima, mas, de forma indireta também
estão protegidos a liberdade e a integridade física da vítima.
É de se notar que, no crime em estudo, o objeto material pode ser a coisa imóvel, o que diferencia este
do crime de roubo, onde há a subtração.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de extorsão, e, caso seja funcionário público, no
exercício de sua função, o crime será de concussão, ou ainda, concussão e extorsão em concurso.
Sujeito passivo é a pessoa que sofre a ameaça ou a violência, bem como aquela que sofre o prejuízo
econômico.
A descrição objetiva prevê conduta de constranger alguém, o que pode ser feito através da violência
ou da grave ameaça.
É necessário, segundo entendimento majoritário da doutrina e jurisprudência, que o ato de violência
ou a ameaça, seja capaz de intimidar a vítima, mas, existe entendimento de que a análise deverá ser feita
de acordo com o homem médio.
A forma mais comum da prática do crime de extorsão e a chantagem, no qual a ameaça consiste na
revelação de um segredo.
A vantagem a ser obtida pelo sujeito ativo deve ser injusta, pois, se justa, o crime será de exercício
arbitrário das próprias razões, ao qual pode ser somada as penas equivalentes à violência.
Prevendo o legislador a violência e grave ameaça, somente, não caracteriza o crime, o
constrangimento através de fraude. Por fim, a violência ou grave ameaça deve ser empregada para que
a vítima pratique ou deixe de praticar algum ato.
Se o ato praticado pela vítima for nulo, como consequência, não gera efeitos jurídicos e, portanto, não
poderá o agente obter vantagem econômica e, tem-se, no caso o crime impossível, entretanto, de forma
indireta pode ser que o agente consiga a vantagem com o ato nulo, de forma indireta, e, assim, estará
caracterizado o crime.
A subjetividade exige a conduta de constranger, mediante a prática de violência ou grave ameaça, a
fim de que a vítima faça ou deixe de fazer alguma coisa, acrescido do dolo específico que é a intenção
de obter uma vantagem econômica ilícita.
Em relação à consumação do crime existem duas correntes na doutrina, havendo entendimento de
que a extorsão se consuma quando o agente faz ou deixa de fazer alguma coisa, ou permite que alguém
faça. Num segundo entendimento a consumação ocorre quando o agente obtém a vantagem econômica,
sendo a primeira posição a dominante. Sendo considerada a extorsão, um crime formal, somente ocorrerá
a coautoria e a participação, antes do agente agir ou deixar de agir e, a atividade posterior consistirá em
crime autônomo.
A tentativa é possível, como exemplo cita-se o caso de a ameaça não chegar ao conhecimento da
vítima.

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Existem qualificadoras para o crime de extorsão a primeira delas é ter sido o crime praticado por duas
ou mais pessoas e quando há o emprego de arma. Os estudos realizados em relação às qualificadoras
do roube devem aqui ser aplicados.
No caso deste crime, sendo a vítima menor de 14 anos, de acordo com o E.C.A, haverá o aumento de
1/3 da pena.
No caso de resultar lesão corporal de natureza grave, ou morte, serão aplicadas as mesmas penas do
roubo qualificado pelo resultado.
É difícil a distinção entre o crime de extorsão e o de roubo, uns entendendo que a diferença reside no
fato do roubo ser uma subtração, enquanto que na extorsão a vítima é quem pratica o ato. Outros que na
extorsão sempre existe uma opção para a vítima, enquanto que no roubo, isto não ocorre. Há aqueles
que sustentam que a distinção se encontra no fato de que no roubo a vantagem é imediata, enquanto que
na extorsão é futura.
Pode ser distinguido, também o delito de extorsão do estelionato, pois, neste a vantagem é obtida
mediante fraude, enquanto que, naquele, a vantagem é resultado da violência ou grave ameaça.
Por fim, cumpre consignar que é possível a continuidade delitiva neste crime.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO: a previsão se encontra no artigo 159 do CP com as


modificações realizadas pela lei de crimes hediondos.
O objetivo do legislador á a proteção do patrimônio, mas, pela descrição, não deixa ele de proteger,
ainda que de forma indireta, a liberdade individual, a integridade física e a vida da vítima.
Pode figurar como sujeito ativo qualquer pessoa que pratique qualquer dos elementos subjetivos
contidos no tipo, mesmo quando se tratar de funcionário público, quando sua finalidade foi privar a
liberdade da vítima para obter uma vantagem.
São sujeitos passivos do crime tanto a pessoa que é sequestrada, como aquela que sofre o prejuízo
econômico.
A descrição objetiva exige a conduta de sequestrar, que nada mais é do que privar a liberdade da
pessoa, mesmo que por pouco tempo e, enquanto durar a privação, o crime estará se consumando, por
ser infração permanente.
Dúvida existe na possibilidade da pessoa privar a liberdade da vítima não através do sequestro, mas
de cárcere privado, havendo entendimento que, no segundo caso, está descaracterizada a infração, se
bem que o melhor entendimento é de que o cárcere privada é espécie do qual o sequestro é gênero,
permanecendo, assim, o crime.
A subjetividade exige o dolo, qual seja, a vontade de sequestrar, acrescido do elemento subjetivo que
é o de obter a vantagem para si ou para outrem, vantagem esta que deve ser apreciada economicamente.
Se por ventura a vantagem for devida pela vítima, teremos o crime de exercício arbitrário das próprias
razões.
Quando a lei se refere a resgate, automaticamente se pensa em dinheiro, mas, nem sempre a
vantagem consiste em dinheiro, podendo ser qualquer outra utilidade.
Como condição deve se entender a exigência da prática de algum ato que redunde em lucro (vantagem
econômica, mas, que não seja a entrega de dinheiro, como a assinatura de uma promissória.
A consumação do crime ocorre com o arrebatamento da vítima, não sendo necessária a obtenção do
resgato, por tratar-se de crime formal, de consumação antecipada.
Mesmo sendo um crime formal, a tentativa é possível, como no caso do agente é preso quando tenta
arrebatar a vítima.
Prevê o legislador formas qualificadas para o crime em estudo.
A primeira hipótese é quando a privação da liberdade dura mais de 24 horas, por haver um dano maior
à liberdade do indivíduo, bem como maior sofrimento para a família ou entes queridos.
O segundo caso é ser a vítima do sequestro menor de 18 anos, por terem estes menor possibilidade
de resistência.
O crime quando é praticado por quadrilha ou bando, também é qualificado, por ser mais fácil a prática
do crime nestas circunstâncias, sendo necessário que os componentes estejam reunidos para a prática
de crimes, o que dá possibilidade da punição pelo crime de extorsão mediante sequestro e de formação
de quadrilha ou bando em concurso.
O resultado também qualifica o crime de extorsão mediante sequestro, no caso de resultar lesão
corporal de natureza grave, ou morte, sendo que, neste último caso, a pena será de 24 a 30 anos de
reclusão, a maior estabelecida em nossa legislação penal. Entretanto, para que esteja presente a
qualificadora, necessário se faz que a morte seja do sequestrado, pois, se outro morrer, haverá crime de
homicídio em concurso com a extorsão mediante sequestro.

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Não é necessário que a morte ou lesão corporal grave decorra da violência para o sequestro, mas
também, através dos maus tratos e do modo da privação da liberdade, sem se importar se a morte adveio
de dolo ou culpa.
Além das qualificadoras o legislador também coloca agravantes no crime, quando praticado contra
vítima não maior de 14 anos, contra alienada ou débil mental, desde que o fato seja conhecido pelo agente
e se a vítima por qualquer outro motivo está impossibilitado de oferecer resistência.
Existem também um caso de redução obrigatória da pena, quando o crime é praticado por quadrilha
ou bando e u dos componentes delata os outros a ponto de ficar fácil o esclarecimento do crime e a
liberação da vítima, devendo a pena ser diminuída somente quando a polícia consegue libertar a vítima.

EXTORSÃO INDIRETA: a previsão se encontra no artigo 160 do CP e o conceito é: exigir ou receber


como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a
procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro. Exemplo é o do agente (agiota) que, para garantir
uma dívida pega uma declaração da vítima na qual ela confessa a prática de um crime.
Tem por objetivo o legislador a proteção do patrimônio da vítima, mas também, sua liberdade
individual.
Sujeito ativo é qualquer pessoa que exige ou recebe a garantia, mesmo o terceiro. Pratica o crime a
pessoa que exige garantia para interceder junto a credor para a liberação de um empréstimo.
Sujeito passivo é a pessoa que cede ou oferece a garantia.
A descrição objetiva exige as condutas de exigir ou receber, portanto, crime de ação múltipla,
praticando o crime a pessoa que incorrer em uma das ações.
Existe também o objeto material, consistente no documento oferecido ou entregue pela vítima.
O legislador exige que o documento seja passível de dar início a um procedimento criminal, mas não
exige que este procedimento seja iniciado.
Para a caracterização do crime é indispensável que o agente abuse da situação de dificuldade da
vítima, não existindo o abuso, estará descaracterizado o crime.
A subjetividade consiste no dolo, na vontade de exigir ou receber o documento que pode dar causa
a início de procedimento criminal, aliado ao elemento subjetivo que é a garantia de dívida, se este não
estiver presente o crime será de constrangimento ilegal.
A consumação ocorre no momento em que o documento é exigido ou recebido, sendo que no primeiro
caso trata-se de crime formal e a tentativa somente é possível quando a exigência é por escrito, enquanto
que, no segundo caso, é crime material, onde é perfeitamente cabível a tentativa.
Alguns entendem que, não conseguindo o agente o recebimento do crédito e utilizando o documento,
pratica crime de denunciação caluniosa em concurso, entretanto, este não é o entendimento correto, pois
o crime de extorsão já ocorrera anteriormente e a ato consistiu e exaurimento daquele e, portanto, fato
posterior não punível.

DA USURPAÇÃO: Se nos artigos anteriores o legislador protegeu o patrimônio do indivíduo em


relação às coisas móveis, a partir destes artigos, a seguir estudados, o legislador protege o patrimônio
com vistas as coisas imóveis. São eles:
ALTERAÇÃO DE LIMITES: cuja previsão se encontra no artigo 161, "caput" do CP com se seguinte
conceito: Suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. A pena é de detenção de 1 a 6 meses, além da
multa.
O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio imobiliário, visando de modo direto a posse e
indiretamente a propriedade.
Pode ser sujeito ativo a pessoa que suprime o marco ou outro sinal de divisória, fato que, a princípio
indica que somente o vizinho possa praticar o crime, mas, numa análise mais profunda se verifica que o
futuro comprador de uma área pode perfeitamente praticar o crime, bem como o condômino.
Sujeito passivo é o proprietário ou o possuidor da coisa.
A descrição objetiva exige a presença de objeto material, que é o tapume, como cercas e muros,
marcos como tocos ou barras de cimento e outro sinal indicativo de linha divisória.
A conduta é suprimir, fazer desaparecer ou deslocar, mudando de lugar, modificando, assim, os limites
do imóvel.
Como a lei é omissa no caso de colocação de tapume ou marco novo, esta conduta não caracteriza o
crime.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de alterar o limite, aliado ao elemento subjetivo do
injusto, que é a vontade de se apossar do imóvel. Se não estiver presente o crime será outro.

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A consumação ocorre com a supressão ou deslocamento do sinal divisório, mesmo que o agente não
consiga se apropriar da coisa.
A tentativa é possível.
Caso haja o emprego de violência, o agente responderá pela violência praticada em concurso.
A ação penal é privada, mas, se houver emprego de violência e a propriedade não for privada a ação
será pública incondicionada.

USURPAÇÃO DE ÁGUAS: A conduta deste crime vem descrita no artigo 161, § 1º do C.P. com a
seguinte redação: quem desvia ou represa em proveito próprio ou de outrem água alheia.
O objetivo do legislador é proteger a posse de uso e gozo de águas particulares ou comuns,
consideradas imóveis enquanto anexas ao solo.
Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa que pratica as condutas descritas, mas, o normal é
que tal crime ocorra entre vizinhos que se utilizam da mesma água.
O sujeito passivo é a pessoa que tem a posse da água para uso e gozo.
A descrição objetiva prevê objeto material, a água, que pode consistir num rio, ou lagoa, lago,
represa, nascentes, etc., sendo consideradas alheias as águas todas aquelas que não pertença ao agente
e comuns, àquela que é utilizada pelo agente, mas, também, por outras pessoas.
As condutas previstas são desviar, que significa mudar de rumo, ou represar, que significa conter em
determinado local.
A subjetividade exige o dolo, vontade de desviar ou represar a água, acrescida do dolo específico,
de obter o proveito próprio ou para terceiro.
A consumação do crime ocorre no momento do desvio ou do represamento e a tentativa é
perfeitamente possível.
Se na conduta for utilizada violência o agente responderá por ela e, caso haja inundação o crime será
o previsto no artigo 254 do C.P.
A exemplo do crime anterior, caso não haja emprego de violência e a propriedade for privada a ação
será privada e, nos demais casos, pública incondicionada.

ESBULHO POSSESSÓRIO: Este crime vem previsto no artigo 161, § 1º, inciso II do C.P. que incrimina
a conduta de quem invade com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de
duas pessoas, terreno ou edifício alheio para o fim de esbulho possessório.
O objetivo do legislador, mais uma vez é a proteção do patrimônio representado pelos bens imóveis
e, indiretamente, a integridade física e a liberdade individual da vítima.
Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa, com exceção do proprietário, sendo perfeitamente admissível
a prática do crime por parte do condômino.
Sujeito passivo do crime é o possuidor do imóvel ou seu proprietário.
A descrição objetiva prevê a conduta de invadir, que nada mais é que entrar, mas, a invasão deve
ser através de violência ou grave ameaça a pessoa e, em não havendo violência, que a prática do crime
seja realizada por concurso de mais de duas pessoas, que indica a participação de no mínimo quatro
pessoas, mais de duas, que equivale a três e o agente, totalizando quatro.
O objeto material é o terreno ou o edifício alheio, quer sejam rurais ou urbanos.
Como subjetividade deve estar presente o dolo, vontade de invadir, com a finalidade específica de
assumir a posse do imóvel.
A consumação do crime ocorre quando o agente entra, se for sua intenção o apossamento do terreno
ou edifício e a tentativa é possível.
Distinção que deve ser lembrada ocorre quando, o agente, tem algum direito sobre a coisa, o crime
praticado será de exercício arbitrário das próprias razões e, quando se tratar de unidade imóvel do
Sistema Financeiro de Habitação o crime está previsto no artigo 9º da Lei 5.741/71 e o julgamento estará
afeto à Justiça Federal.
No caso de emprego de violência, o agente responderá pelas penas correspondentes, em concurso.
A ação penal é pública incondicionado quando houver o emprego de violência ou se o imóvel for
público, nos demais casos a ação penal é privada.

SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCAS EM ANIMAIS: Artigo 162.


O objetivo do legislador é defender a propriedade dos semoventes, considerados imóveis por acepção
intelectual, considerados móveis para efeitos penais.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime em estudo, mas, caso seja o crime, meio para a
prática de outro, furto, por exemplo, será absorvido pelo crime fim.
Sujeito passivo é o proprietário do animal ou animais que tem a marca modificada ou suprimida.

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A descrição objetiva prevê condutas de suprimir, que nada mais é que fazer sumir a marca ou sinal
existente ou alterar, que nada mais é que modificar, disfarçar.
A conduta recai sobre a marca ou sinal e estes são considerados objeto material do crime. Como
marca deve se entender aquela feita a fogo no couro do animal e sinal é todo aquele distintivo que não
seja a marca, tais como brincos, argolas, corte de parte do chifre do animal, etc.
Outro entendimento que deve ser traduzido é que se refere o legislador a gado ou rebanho, sendo o
gado, os quadrúpedes de grande porte, como a vaca, rebanho quer significar animais de pequeno porte,
sendo necessário que a supressão ou alteração da marca ou sinal seja realizada no rebanho, não
caracterizando o crime caso seja somente um animal.
É fundamental que o gado ou rebanho seja alheio.
Como subjetividade pode-se identificar o dolo, qual seja, a vontade de suprimir ou alterar a marca ou
sinal, desde que indevidamente, face a existência deste elemento normativo.
A consumação ocorre quando o agente suprime ou altera a marca ou sinal no animal, existindo
entendimento de que basta em um único animal.
A tentativa é possível.
A título de concurso deve-se esclarecer que, caso o agente, após a supressão, subtraia os animais
ou deles se aproprie, responderá o agente por estes crimes e não pelo de supressão de marca ou sinal.

DO DANO: Estudaremos os crimes que afetam diretamente a coisa em seu aspecto físico.
DANO: artigo 163, cujo conceito é destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia, sendo necessária
somente a vontade de o agente destruir a coisa, mesmo que não vise nenhum lucro.
Mais uma vez o objetivo do legislador é a proteção do patrimônio, em especial a propriedade das
coisas, quer móveis ou imóveis, sendo protegida, indiretamente a posse.
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa que pratique uma das condutas, não o podendo ser o
proprietário, já que a coisa deve ser alheia, havendo posição em contrário. Sem discussão alguma a
possibilidade de praticar o crime o condômino.
Sujeito passivo é o proprietário ou possuidor da coisa que foi destruída, deteriorada ou inutilizada.
A descrição objetiva prevê três modalidades de conduta. A primeira delas é destruir, que significa
desfazer, desmanchar, inutilizar significa tornar imprestável, impossibilitar o uso, deteriorar é estragar,
mesmo que sejam totais ou parciais, pois, em ambas as hipóteses o crime está caracterizado.
A conduta fazer desaparecer não está prevista pelo legislador, portanto, por força do princípio da
legalidade, tal conduta não pode ser punida.
O crime de dano pode ser praticado tanto por ação, como por omissão.
Sem dúvida alguma existe o objeto material, qual seja, a coisa alheia móvel sobre a qual recai a
conduta do sujeito ativo, desde que esta coisa tenha valor econômico.
Por ser crime que deixa vestígios, é obrigatória a realização de exame de corpo de delito para sua
configuração.
A título de subjetividade deve estar presente, em primeiro lugar, a vontade em praticar uma das
condutas previstas pelo legislador, sendo discutida a exigência do dolo específico, ou seja, a finalidade
no agente de causar prejuízo à vítima, entendendo alguns doutrinadores que é necessária esta intenção
e outros, maioria, pugnam pela desnecessidade de tal finalidade para a caracterização do crime. Não há
necessidade de que o agente tenha a intenção de lucro para que se tenha por praticado o crime.
Não há modalidade culposa para o crime de dano, assim, acidentes de trânsito, no qual não resulta
vítima, ou mesmo resultando, os danos materiais serão discutidos na área cível, por não consistir em
ilícito penal.
A consumação do crime ocorre com a destruição, inutilização ou deterioração da coisa, e a tentativa
é perfeitamente possível.
Natural que se o crime de dano for praticado como meio para outro mais grave, será absorvido por
este.
Prevê o legislador as figuras do dano qualificado, cujas hipóteses se encontram no parágrafo único
do artigo 163 que são:
1- quando o crime é cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa, que consistem na prática
de ao menos vias de fato para a prática do crime, merecendo maior punição por demonstrar maior
periculosidade no agente. É natural que o agente também responde, em concurso, pelas penas da
violência.
2- o emprego de substância inflamável ou explosiva, quando não constituir crime mais grave (como
incêndio ou explosão), pois a utilização destas substância é sempre mais danosa e geralmente causa
perigo a outras pessoas. Como o legislador estabelece a aplicação da qualificadora quando o fato não
constituir crime mais grave, identificamos um caso de subsidiariedade expressa.

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3- quando o crime é praticado contra o patrimônio da União, estado ou município, empresa
concessionária do serviço público ou sociedade de economia mista, por haver violação de interesse
público, que, deve se sobrepor ao particular.
4- ainda qualifica o dano quando o crime é praticado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
à vítima, pois, no primeiro caso o agente demonstra um menosprezo desnecessário e antissocial,
enquanto que no segundo caso, por ser a pena, ou pelo menos a intenção do legislador, uma sanção
proporcional ao fato, sendo grande o prejuízo, maior será a pena aplicada. Como o legislador fala e
prejuízo para a vítima, deve ser levada em consideração a sua situação econômica.
A ação penal no dano simples e qualificado por motivo egoístico é privada, nos demais casos é pública
incondicionada.

INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA: Artigo 164 que define:


introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem o consentimento de quem de direito, desde que
o fato resulte prejuízo.
O objetivo do legislador é a proteção da propriedade e da posse, seja ela rural ou urbana.
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, havendo entendimento divergente de que até o proprietário
pode praticar o crime quando introduz ou deixa animal em propriedade sua, mas onde terceira pessoa
exerça a posse legítima.
Sujeito passivo é o proprietário ou o legítimo possuidor da coisa.
A descrição objetiva obriga à análise de duas condutas a primeira é introduzir, ou seja, colocar para
dentro o animal que se encontra fora. Já a conduta deixar, implica em não retirar os animais que já se
encontravam dentro da propriedade alheia.
O legislador utiliza o termo animais no plural, mas não implica que a introdução seja de diversos
animais, pode ser somente um, pois o legislador quando fala animais quer dizer, de qualquer espécie.
Como objeto material tem-se a propriedade alheia.
No caso deste crime o legislador exige a ocorrência efetiva de prejuízo e, caso não houver este o crime
estará descaracterizado.
No artigo se identifica, também, um elemento normativo, pois a conduta será lícita se houver
consentimento de quem de direito.
Na subjetividade deve estar presente o dolo, que consiste na vontade de realizar uma das condutas
descritas, não havendo necessidade de finalidade especial, mas se existir esta, poderá estar
caracterizando-se outro crime, como o exemplo do proprietário de animais que introduz estes em
propriedade alheia para alimentá-los, praticando crime de furto.
A consumação do crime ocorre com o prejuízo, portanto, é impossível a tentativa, pois ou há prejuízo
e o crime se consuma, ou não há e teremos um fato atípico.
A ação penal é privada.

DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO: Artigo 165, que


define o crime como destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude
de valor artístico, arqueológico ou histórico.
Tem por objetivo o legislador proteger o patrimônio ideológico da nação, defendendo as coisas de
interesse comum.
Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa, inclusive o proprietário, por ter a coisa interesse
público.
Sujeito passivo é a União, estado ou município e, ainda, o proprietário, quando não for sujeito ativo.
A descrição objetiva prevê as mesmas condutas para o dano simples, com diferença no objeto material,
que, no caso, é a coisa tombada.
A título de subjetividade exige o legislador o dolo, vontade de praticar uma das condutas, acrescido
do conhecimento a respeito do tombamento da coisa.
A consumação e a tentativa ocorrem nas mesmas hipóteses enumerados no dano simples.
No tocante ao concurso de crimes dúvida surge quando se tratar de coisa pública tombada, pois, é
qualificado o dano contra esta coisa, com previsão de pena maior do que a estabelecida neste artigo.
Existem doutrinadores que entendem que o agente, no caso responderá pelos dois crimes em concurso
formal, outros entendem que a responsabilização será pelo crime do artigo 165, porque é especial em
relação ao dano qualificado.
Por força do artigo 5º da Lei 3.924/61, o dano causado ao patrimônio arqueológico ou pré-histórico,
fica sujeito a penas idênticas.
A ação penal é pública incondicionado e, quando tratar-se de interesse nacional, o julgamento do
crime ficará afeto à Justiça Federal.

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ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO: Crime previsto no artigo 166 do C.P.
O objetivo do legislador é idêntico ao anterior.
Sujeito ativo: idem anterior
Sujeito passivo: idem anterior
A descrição objetiva exige conduta de alterar, que implica em modificar o local que é protegido de
forma especial, quer altere sua substância ou sua aparência, quer seja o local natural ou de produção
humana, se relacionando o crime às chamadas coisas imóveis, não prevalecendo sobre às móveis.
Verifica-se a presença de elemento normativo, no termo sem licença da autoridade competente.
Como subjetividade exige-se o dolo, ou seja, a vontade de praticar a conduta descrita no tipo, aliada
ao conhecimento de que a coisa é protegida de maneira especial.
A consumação ocorre com a alteração do local e a tentativa é possível.
Como concurso pode se apresentar com o crime de dano, quando a alteração se der por uma das
modalidades previstas naquele crime.
Pode haver, também, a prática de uma contravenção contra a fauna.
A ação penal é pública incondicionada.

DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA:

APROPRIAÇÃO INDÉBITA: a apropriação indébita considerada está prevista no artigo 168 do C.P.,
com o seguinte conceito: Apropriar-se de coisa alheia móvel de que tem a posse ou a detenção, pena de
reclusão de 1 a 4 anos e multa. Da definição pode-se extrair, a princípio que, para a prática do crime o
agente deve ter a posse ou detenção da coisa e que a tenha obtida de maneira legítima.
Tem por objetivo o legislador, mais uma vez, proteger o patrimônio da vítima, principalmente a
propriedade, mas, de forma indireta a posse da coisa móvel.
Pode ser sujeito ativo do crime qualquer pessoa que esteja na posse ou detenção da coisa móvel,
alheia, desde que posse legítima, portanto, o coerdeiro e o coproprietário, podem ser sujeito ativo.
Sujeito passivo do crime, em regra, é o proprietário, mas, toda pessoa que sofrer a perda da coisa,
como o possuidor, será considerado vítima do crime. Para não errar, considera-se vítima do crime de
apropriação indébita, aquele que sofre o prejuízo.
A descrição objetiva prevê como objeto material a coisa alheia móvel, em regra infungível, pois, as
coisas fungíveis somente podem ser objeto material quando entregues para transmissão a terceiros e são
apropriadas pelo intermediário, assim, o dinheiro, quando emprestado não pode ser objeto material do
crime, mas, no caso de cobradores que se apoderam da quantia recebida e não entregam ao credor, o
crime existe. Os direitos e ações só podem ser objeto quando representados por algum título e, se a coisa
não tem valor econômico ou sentimental não haverá crime.
O imóvel não é objeto material deste crime.
Deve estar presente o pressuposto da posse ou detenção anterior e legítima da coisa. Como posse
deve entender-se a relação da pessoa com a coisa ou o exercício de poder em relação a ela, desde que
haja utilização econômica. Como detenção deve se entender o fato da pessoa que conserva a posse em
nome de terceiro, quer por submissão a ordens, quer por permissão ou tolerância.
Tanto a posse quanto a detenção devem preexistir ao crime.
Deve ser direta a posse para que caracterize o crime, assim, o locador e o devedor não podem pratica-
lo.
A detenção, para a caracterização do crime não pode ser vigiada, caso contrário, haverá furto.
Não existe crime de apropriação de coisas ilícitas ou de origem criminosa.
Devem estar presentes, também, os seguintes requisitos: a tradição livre e consciente, a origem
legítima e a disponibilidade da coisa pelo sujeito ativo.
É legítima a posse quando decorrente de uma relação obrigacional (contrato ou quase contrato).
Como conduta prevê o legislador o verbo apropriar-se, ou seja, manifestação de fazer e usar a coisa
alheia como se fosse o proprietário, desde que ausente a intenção de restituir a coisa.
A simples utilização da coisa, sem previsão no contrato não caracteriza o crime.
É importante lembrar que, normalmente, há prazo para a devolução da coisa e o crime em estudo
somente pode ocorrer após o vencimento deste prazo.
Quando não houver prazo estabelecido, deve-se verificar a manifestação do agente em praticar a
conduta descrita na norma.
A subjetividade exige, fundamentalmente a presença do dolo, ou seja, a vontade de apropriar-se da
coisa alheia móvel, acrescido do dolo específico que consiste na vontade de ter a coisa como proprietário,
para si ou para outrem.

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Se estiver presente direito de retenção, não haverá crime, bem como no caso da pessoa que está
impossibilitada, desde que não seja por ato próprio, de restituir a coisa.
A consumação é de difícil apuração por depender exclusivamente de circunstâncias subjetivas. Deve-
se entender por consumado o crime quando o agente transforma a posse ou detenção em propriedade,
fato demonstrado através de atitudes do agente, incompatíveis com a vontade de devolver a coisa.
Para a caracterização do crime de apropriação indébita é necessário a ocorrência ou prejuízo.
Embora de difícil caracterização é possível a tentativa.
Se houver transação, composição ou novação a respeito da coisa, estará descaracterizado o crime.
Algumas distinções devem ser apresentadas. Em primeiro lugar com o estelionato, sendo que neste o
dolo está presente antes da posse da coisa enquanto na apropriação indébita o dolo é posterior à posse.
Se não houver a tradição livre e consciente haverá crime de furto. No caso de funcionário público o
crime é peculato. A apropriação de valor de Previdência Social é crime previsto no artigo 155, II, da Lei
3.807/60.
Concurso: Há entendimento de que havendo a prática de crime meio para a apropriação indébita, o
agente responderá por ambos em concurso material, desde que o crime lese bem jurídico diverso do
patrimônio, mas, alguns entendem que o crime meio será absorvido.
Admite-se a continuidade delitiva.
No caso de apropriação de coisa comum é possível o privilégio previsto no artigo 156.
Qualificadora: previstas no §1º do artigo 168.
O inciso I se refere ao caso de apropriação decorrer de depósito necessário, que se divide em legal e
miserável, sendo este o realizado em caso de calamidade pública, bem como, as bagagens de hóspedes
ou fregueses.
No inciso II, qualificou-se a apropriação praticada por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamentário ou depositário judicial por houver violação aos deveres impostos a estes encargos.
No inciso III, prevê-se a apropriação indébita em decorrência de ofício, emprego ou profissão, casos
em que se dispensa maiores detalhes.
Privilégio: Aplica-se ao crime o privilégio previsto no artigo 155, § 2º do C.P.
A ação penal, neste crime é pública incondicionada.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA:

Este ilícito está descrito no Código Penal, da seguinte forma:

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no
prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa
§1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou
custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido
reembolsados à empresa pela previdência social.
§2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento
das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a multa se o agente for primário e
de bons antecedentes, desde que:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais.

O bem jurídico tutelado são as fontes de custeio da seguridade social, particularmente os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social (art. 194 da CF). São protegidas especialmente
contra a apropriação indébita que pode ser praticada por quem tem o dever de recolher os tributos e
taxas. É, em outros termos, a tutela da subsistência financeira da previdência social.

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Sujeito ativo é o substituto tributário, que por Lei, tem o dever de recolher do contribuinte e repassar
as contribuições à previdência social. Sujeito ativo, nas figuras descritas no §1º, é o titular de firma
individual, os sócios solidários, os gerentes, diretores ou administradores que efetivamente hajam
participado da administração da empresa, concorrendo efetivamente na prática da conduta criminalizada.
Sujeito passivo é o Estado, representado pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que é órgão
encarregado da seguridade social.
A conduta tipificada no caput é “deixar de repassar” que tem o sentido de não transferir, não recolher
ou não pagar à previdência social as contribuições recolhidas ou descontadas dos contribuintes, no prazo
e forma legal ou convencional.
O crime de apropriação indébita previdenciária é delito omissivo próprio ou de pura omissão,
independentemente do resultado posterior. Segundo Damásio de Jesus os crimes omissivos próprios "se
denominam os que se perfazem com a simples abstenção da realização de um ato, independentemente
de um resultado posterior. O resultado é imputado ao sujeito pela simples omissão normativa".
O elemento subjetivo geral é o dolo, representado pela vontade consciente de deixar de repassar à
previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes.
Trata-se de crime instantâneo, eis que a sua consumação se verifica no mesmo instante em que se
vence o prazo para o agente efetuar o recolhimento e deixa de repassar a quantia a quem de direito. Isso
significa que não há uma continuidade temporal, a exemplo do que ocorre no sequestro.
Segundo Castro, o crime pode ser continuado se persistirem os repetidos atos omissivos.
Ele é monossubsistente porque se realiza com um só ato (deixar de repassar). Difere, portanto, dos
crimes plurissubsistentes, a exemplo, do crime de estelionato que exige o emprego da fraude e, ainda, a
vantagem ilícita em prejuízo alheio.
Via de regra, a competência para apurar essa infração é da Justiça Federal, conforme o art. 109, IV,
da CF.

Em resumo, trata-se o presente delito de:


a) Crime próprio (exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo, o substituto tributário, no caso
do caput);
b) Formal (para sua consumação não se exige resultado naturalístico);
c) Omissivo (a ação tipificada implica abstenção de atividade – “deixar de”);
d) Instantâneo (a consumação não se alonga no tempo, ocorrendo em momento determinado);
e) Unissubjetivo (podem ser praticado por uma única pessoa, como a maioria dos crimes, que não são
de concurso necessário); e
f) Monossubsistente ou unissubsistente (praticado em um único ato dificilmente poderá caracterizar-
se a figura tentada).

Atenção: Cabe ressaltar que embora não tenha ocorrido revogação expressa do disposto no artigo
168-A, §2º e §3º, I, do CP, com o advento da Lei nº 10.684/2003 e da Lei nº 11.941/2009, estes
dispositivos não tem mais eficácia, devendo ser observado para a extinção da punibilidade dos agentes
o previsto nas mencionadas leis. São as modificações trazidas pelas leis:
1) Lei nº 10.684/2003, artigo 9º: efetuar o pagamento integral do débito a qualquer tempo extingue a
punibilidade; e, o parcelamento, após a sua devida consolidação, suspende o processo (não exige
qualquer outro requisito).
2) Lei nº 11.941/2009, arts. 68 e 69: é suspensa a pretensão punitiva do Estado. Este preceito, porém
não é aplicado para qualquer parcelamento, apenas para os oriundos desta lei, isto é, somente os
vigentes a partir de 2009.
Nota-se que o pagamento pelo o que prevê o CP deveria ser feito antes da Ação Fiscal, ou seja, antes
da notificação do lançamento do tributo. Outrossim, com a alteração de 2003 o pagamento a qualquer
tempo passou a ser reconhecido como forma de extinção da punibilidade; sendo esta norma repetida em
2009, “assim o PAGAMENTO DO DÉBITO A QUALQUER TEMPO EXTINGUE A PUNIBILIDADE”.

A Extinção da punibilidade significa a extinção da pretensão punitiva do Estado, como acontece, por
exemplo, na prescrição penal. Você comete o crime, mas o Estado não poderá mais aplicar-lhe a pena.
Para a exclusão, é necessário o recolhimento integral do devido.

PERDÃO JUDICIAL: No parágrafo terceiro do referido artigo há o chamado Perdão Judicial, sendo
então facultado ao Juiz deixar de aplicar de pena ou somente aplicar a multa se o agente for primário e
de bons antecedentes, desde que tenha promovido após o início da ação fiscal e antes de oferecida a
denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios, ou que o valor das

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contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência
social, administrativamente, ou como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
Como vimos, caso o sujeito ativo pague a contribuição social será extinta a sua punibilidade, não havendo
que se falar em perdão judicial. Na segunda hipótese, consoante a Portaria nº 75, de 22 de março de
2012, do Ministério da Fazenda, o valor mínimo para ajuizamento de execução fiscal é de R$ 20.000,00.

FORMA PRIVILEGIADA DO CRIME: Referido delito está incluso no capítulo V, do Código Penal, o
qual dispõe sobre os crimes contra o patrimônio, sendo então aplicável o artigo 170, do CP, o qual remete
ao artigo 155, §2º, do mesmo código, que diz:

“Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o Juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”.

Dessa forma, podemos notar que o delito em estudo tem sua forma privilegiada.

APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA.


O objetivo do legislador é a proteção da propriedade das coisas móveis, já que é vedado o
enriquecimento ilícito.
Qualquer pessoa que pratica a conduta descrita pode ser sujeito ativo do crime e o proprietário da
coisa será sujeito passivo embora terceira pessoa ter incidido em erro.
Em relação à descrição objetiva pode esclarecer se o objeto material é o mesmo do crime anterior.
A diferença pode ser apontada na origem da posse da coisa que, neste caso, é havida por erro,
consistente no falso conhecimento a respeito de determinada coisa que pode incidir sobre a pessoa,
sobre a coisa, em um pagamento indevido, como o caso de sacar dinheiro depositado por engano ou
ainda por caso fortuito ou força da natureza, que podem ser definidos igualmente como fatos inevitáveis
ou que não se podia impedir.
A conduta é idêntica ao crime anterior.
Na subjetividade exige-se o dolo, qual seja, a vontade de apropriar-se da coisa, acrescido do dolo
específico que é o destino da utilização da coisa para si ou para outrem.
A consumação ocorre no momento que o agente transforma a posse em propriedade. Em relação a
tentativa, utiliza-se os conhecimentos fornecidos pela análise do crime anterior.
Aplica-se o privilégio do artigo 155, § 2º.
A título de distinção e importante saber se, caso o agente provoque o erro haverá estelionato, o mesmo
ocorrendo quando o agente conhecendo o erro, não o desfaz.

APROPRIAÇÃO DE TESOURO: artigo 169, parágrafo único, inciso I.


Protege o legislador a propriedade do tesouro.
É sujeito ativo aquele que encontra o tesouro, com exceção do proprietário das terras onde foi
encontrado.
Descrição objetiva: objeto material é o tesouro, de onde se excluem as jazidas e minas de metais
preciosos. A conduta é apropriar-se do tesouro, pois o proprietário do imóvel onde foi encontrado tem
direito a 50% do que foi encontrado.
A subjetividade exige o dolo, consistente na vontade de não entregar a cota da qual o proprietário tem
direito, desde que ele tenha autorizado a pesquisa, pois, caso contrário haverá furto.
Na consumação e tentativa devem ser utilizados os mesmos conhecimentos dos artigos anteriores.

APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA: artigo 169, parágrafo único, II.


O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio e, indiretamente a posse de coisa móvel.
Qualquer pessoa que encontra a coisa alheia perdida pode ser sujeito ativo do crime.
Sujeito passivo é o proprietário ou possuidor da coisa perdida.
Descrição objetiva: objeto material é a coisa alheia perdida (extraviada) e diverge da coisa esquecida,
a qual o dono pode saber onde se encontra, também defere de coisa abandonada, que não caracteriza o
crime.
A conduta é dupla, em primeiro lugar a vítima deve encontrar a coisa e, posteriormente deve haver a
apropriação. Neste ponto tem o agente a obrigação de restituir a coisa, quando conhecer o dono ou se
desconhecer, a obrigação de entregar à autoridade competente no prazo de 15 dias, sendo possível a
prática do crime antes deste prazo quando o agente manifesta a intenção de fazer como sua a coisa.

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A subjetividade exige o dolo, que não pode ser confundido com negligência.
Pode ocorrer, neste caso, o erro sobre a ilicitude do fato, como o velho ditado popular de que o achado
não é roubado.
Consumação e tentativa idem ao anterior.
A privilegiadora do artigo 155, § 2º é aplicada.

ESTELIONATO:
Ainda dentro dos crimes contra o patrimônio temos o estelionato, caracterizado pela não utilização de
violência, mas, do aproveitamento intelectual de uma sobre outra pessoa, através da utilização de um
meio enganoso, que causa prejuízo à vítima.
Prevê o legislador diversas condutas na qual o agente utiliza-se da malícia para a obtenção da
vantagem indevida, sendo a primeira a constante do artigo 171, conhecido como estelionato simples.
O conceito do crime é: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo
ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento, cuja pena
imposta é de reclusão de 1 a 5 anos, além da multa.
Em primeiro lugar, deve-se buscar o entendimento do significa de fraude, lembrando que ela pode
estar presente em qualquer ato humano, mas, às vezes, tem consequência civil, enquanto em outras
haverá sanção penal.
Portanto devemos diferenciar, ainda que única, a fraude civil da fraude penal. A primeira diferenciação
oferecida é a de que a fraude civil lesa somente o indivíduo individualmente, a ponto de a conduta não
interferir na vida social, enquanto a fraude penal, além do prejuízo causado individualmente à pessoa,
causa distúrbio na convivência pacífica da sociedade.
A distinção mais importante é no sentido de que na fraude civil o agente visa somente um lucro maior
num negócio lícito, enquanto na fraude penal o agente visa uma vantagem indevida.
O que deve ser lembrado é que, na essência, a fraude é uma só.
O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio e, de forma indireta, protege a regularidade dos
negócios jurídicos.
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, crime comum, inclusive terceiro beneficiado pela conduta,
desde que agindo de má-fé.
Sujeito passivo é a pessoa que sofre o prejuízo patrimonial, embora outra possa ser enganada na
conduta, devendo ser sempre pessoa determinada, pois, se indeterminada o crime será contra a
economia popular.
A descrição objetiva prevê conduta de empregar meio fraudulento que consiste no ardil, artifício ou
qualquer outro meio.
Deve-se entender como artifício o método utilizado para modificar a aparência material de alguma
coisa para que, com esta aparência a vítima seja levada a erro e sofra o prejuízo, tal como a utilização de
um documento falsificado.
Ardil é a utilização da astúcia, da conversa, sem modificação na aparência da coisa, mas sim, na
aplicação da facilidade da fala para, com ele, levar a vítima a erro, tal como a mentira utilizada para
convencer a vítima a praticar ato que termine em seu prejuízo.
Para concluir a lei fala em outro meio fraudulento, que pode ser definido como aquilo que leve a vítima
a erro, causando o prejuízo, que não consista em artifício ou ardil, tal como o silêncio a respeito de
determinado fato.
Qualquer que seja o meio empregado, deve ser ele apto a enganar a vítima e, esta aptidão é
determinada de acordo com o caso concreto e com as condições da vítima, portanto, de forma subjetiva,
havendo entendimento em contrário, assim, uma falsificação grosseira de determinado documento é meio
inidôneo e não caracteriza o crime.
A conduta é induzir e manter alguém em erro, sendo que induzir significa criar a situação para levar
ao erro, em sínteses, é o fato de criar o erro e, manter alguém em erro é aproveitar-se de um erro pré-
existente, empregando o meio para que a vítima permaneça no erro.
O objeto do crime é a vantagem a ser obtida com a conduta, qualquer que seja ela, sendo para o
agente ou para terceiro, e, ilícita, pois, se devida o crime será de exercício arbitrário das próprias razões.
O prejuízo efetivo deve estar presente para caracterização do crime.
É comum a chamada fraude bilateral nos crimes de estelionato, pois, na maioria das vezes o meio
fraudulento empregado da aparência de um lucro excessivo para a vítima que, em tese, também é
indevido. Os doutrinadores discutem se na existência desta fraude, o crime de estelionato estaria
descaracterizado, pois, tanto agente como vítima pretendiam uma vantagem ilícita. Os argumentos são
contundentes nos dois sentidos, entretanto, é bom lembrar que a vítima, mesmo tendo a intenção, nunca

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conseguiria a vantagem, bem como, não haveria prejuízo em hipótese alguma e, portanto, não há a
prática de crime, devendo a agente ser punido pela conduta praticada contra a vítima.
A subjetividade exige o dolo, consistente na vontade de induzir ou manter a vítima em erro, aliado à
finalidade específica de obter a vantagem indevida para si ou para outrem.
A consumação ocorre no momento em que o agente obtém a vantagem indevida e, como
consequência, o prejuízo da vítima e o ressarcimento do dano não exclui o crime, caracterizando apenas
diminuição da pena.
A tentativa ocorre quando o agente emprega o meio apto a induzir ou manter alguém em erro, mas,
não consegue obter a vantagem.
Algumas distinções devem ser apresentadas em relação ao crime de estelionato.
A primeira delas é em relação ao crime de furto com fraude, pois, nesta há a subtração e, naquele, a
entrega espontânea da coisa.
Também não se confunde com a apropriação indébita, pois, neste o dolo ocorre após a posse legítima
da coisa, enquanto no estelionato o dolo é utilizada para obtenção da posse da coisa.
Utilização em grande escala o cheque falsificado para a prática do estelionato e há discussão no
sentido de que o agente deverá responder por estelionato somente, ou só pela falsificação ou, ainda,
pelos dois crimes em concurso. O entendimento dominante é de que o agente responda somente pela
falsidade, mas, considerado crime meio, deverá ser absorvido pelo estelionato, e por fim há entendimento
pela responsabilização pelos dois crimes em concurso formal e até material.
Existe, também a figura privilegiada do estelionato no artigo 171, § 1º, quando for o agente primário
e de pequeno valor o prejuízo, devendo o valor ser detectado na época da consumação do crime.

DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA: Artigo 171, § 2º, inciso I, que contém a seguinte
definição: Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria.
Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa que pratique uma das condutas descritas, com exceção do
proprietário, porque exige-se que a coisa seja alheia, entretanto, o condômino pode praticar o crime
quando dispõe da parte que não lhe pertence.
Sujeito passivo do crime pode ser o comprador, ou, também, o proprietário da coisa, em geral o
primeiro e, para ficar claro, vítima é aquele que sofre o prejuízo.
A título de descrição objetiva devemos localizar o objeto material, que, no caso é a coisa alheia móvel
ou imóvel.
As condutas previstas são:
1- vender, que significa transferir a propriedade da coisa, mediante o pagamento do preço estipulado,
conduta na qual não se enquadra a simples promessa de compra e venda.
2- permutar, que indica uma troca.
3- dá em pagamento, oferecendo a coisa para pagamento de algum débito ao invés de dinheiro.
4- dá em locação, ou seja, aluga, mediante o recebimento de valor a título de aluguel.
5- dá em garantia, como o penhor, a anticrese, a hipoteca e de onde se exclui a venda da coisa
penhorada, já que a penhora nada mais é do que instituto de garantia processual.
A subjetividade exige o dolo, consistente na vontade de praticar uma das condutas descritas, não se
prevendo a vantagem indevida que se encontra implícita por ser uma das modalidades do estelionato.
A consumação ocorre no momento em que o agente obtém a vantagem, ou seja, com o recebimento
do preço na venda, da coisa na permuta, do aluguel na locação, no empréstimo na forma de dar em
garantia ou na quitação, na dação em pagamento.
A tentativa é possível, como no caso do agente empregar o meio fraudulento mas não conseguir a
vantagem.
Como distinção deve ser apresentado o caso do agente que pratica uma destas condutas com
produtos de crime, onde não há o crime, mas sim um "post factum" não punível.
Se o objeto se relacionar com o mercado de capitais, o crime será o previsto no artigo 66, § 8º da Lei
4.728/65.

ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA: Artigo 171, § 2º, inciso II.
Sujeito ativo do crime é o proprietário da coisa, portanto, crime próprio.
Sujeito passivo é aquele que sofre o prejuízo com a conduta do sujeito ativo, que podem sem a
pessoa que tinha a coisa como garantia, ou aquele que a recebeu através deste ato que pode ser anulável
e, conforme o caso, nulo.
A descrição objetiva prevê condutas idênticas ao crime anterior, vender, permutar, dar em
pagamento, etc. e, portanto, independem de comentários. A diferença reside no objeto material que, no
crime anterior era coisa alheia e, aqui, coisa própria inalienável, que significa que não pode ser negociada

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por força da lei, convenção, testamento. A coisa gravada de ônus é aquela sobre a qual recai uma garantia
real, como hipoteca, anticrese, penhor, enfiteuse, servidão, usufruto, etc. A coisa penhorada, a exemplo
do crime anterior, também não pode ser objeto material do crime, por ser a penhora, uma garantia
processual e não real.
A coisa litigiosa é aquele objeto de discussão em juízo, que pode ser negociada se o comprador tomar
conhecimento do litígio.
Como último objeto, se tem o imóvel que já estava prometido à venda em prestação e é vendido para
outra pessoa diversa do pagador das prestações.
A título de subjetividade exige o legislador o dolo, qual seja, vontade de praticar uma das condutas
descritas, desde que tenha conhecimento sobre o ônus ou inalienabilidade da coisa e silencia a este
respeito.
A consumação ocorre quando o agente obtém a vantagem ilícita, havendo entendimento que o acordo
entre as partes, antes do oferecimento da denúncia, indica falta de justa causa para o oferecimento da
denúncia.
A tentativa é possível.
Existem coisas que não podem ser vendidas, como as coisas fora do comércio, e que não caracterizam
o crime em estudo, mas sim outro específico (artigo 276 do CP).

DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR: artigo 171, § 2º, inciso III.


Sujeito ativo deste crime é o devedor que ofereceu a coisa em garantia a título de penhor, mas
conserva a sua posse, praticando a ação em prejuízo do credor pignoratício que, no caso, será o sujeito
passivo.
A descrição objetiva indica como objeto material a coisa móvel que é dada em penhor. Geralmente,
com a utilização desta garantia a coisa dada é entregue ao credor, mas, em determinadas circunstâncias,
como o crédito agrícola, a coisa fica na posse do devedor e é nestes casos que ocorre o crime, fato que
excluí o crime no caso de penhor legal, pois, aí a coisa sempre fica na posse do credor.
Como conduta prevê o legislador a alienação que em tese, significa transferir a propriedade através
da venda, permuta, etc. ou defraudar a coisa de outro modo. Deve-se verificar neste ponto que o inciso
anterior prevê a conduta de disposição de coisa alheia como própria, onde se incluí a venda de coisa
empenhada, havendo, no caso o conflito aparente de normas. O entendimento pessoal é de que no caso
de alienação haverá o crime anterior, alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria, porque, de
acordo com a análise dos incisos, verifica-se que o legislador tinha a intenção de incluir na definição a
conduta outro modo, pelo que deve realizar a interpretação restritiva para excluir deste inciso a conduta
alienar.
Na modalidade outro modo, pode se incluir a ocultação ou destruição da coisa, objeto do penhor.
A subjetividade exige o dolo, consistente na vontade de praticar a conduta descrita, com o
conhecimento de que a coisa é alienada e conforme elemento normativo só haverá crime se a alienação
não foi consentida pelo credor.
A consumação ocorre no momento da prática da conduta, mesmo não havendo a vantagem para o
agente e a tentativa é possível.

FRAUDE NA ENTREGA DE COISA: Artigo 171, § 2º, inciso IV, que oferece o conceito do crime como
sendo aquele que defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém.
Sujeito ativo do crime é o devedor de uma relação obrigacional, aquele que tem o dever de legal de
entregar a coisa, ou seu representante legal.
Sujeito passivo é o credor, aquele que recebe a coisa defraudada, bem como a pessoa que recebe
pelo credor, não podendo ser pessoa indeterminada, fato que caracteriza fraude no comércio.
A descrição objetiva prevê conduta de defraudar, que significa adulterar, falsificar fraudulentamente
a coisa, quer na sua essência (substância), quer na sua qualidade, como a entrega de pérolas cultivadas,
no lugar das naturais, quer na quantidade, consistente na dimensão, peso, ou número.
Existe no caso em tela um elemento normativo, que está presente no pressuposto obrigação de
entregar a coisa, obrigação esta que deve derivar da lei, de ordem judicial ou de um contrato e que
também seja a título oneroso, pois, se gratuito, o crime não está caracterizado.
A Subjetividade exige o dolo. A vontade de entregar a coisa defraudada, desde que o agente conheça
este fato, aliada à existência de fraude na alteração da coisa.
A consumação ocorre quando o agente entrega a coisa, embora haja entendimento de que o crime
está consumado com a adulteração, mas o verbo núcleo do tipo é claro, entregar, portanto, este é o
momento da consumação.
A tentativa é possível, como no caso da vítima, ao perceber a alteração na coisa, não a recebe.

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Este crime não pode ser confundido com o crime de fraude no comércio.

FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO: Artigo 171, § 2º,


inciso V.
Prevê o legislador diversas modalidades de condutas.
Sujeito ativo do crime é o proprietário da coisa destruída ou escondida, bem como a pessoa que
causa lesão em si mesma para recebimento do valor do seguro ou da indenização. É um crime próprio,
pois, somente a pessoa que contrata com a seguradora pode pratica-lo, a não nos casos de coautoria,
onde o coautor também será sujeito ativo e, se for na modalidade de causar lesões, o coautor responderá,
também, pelas lesões corporais, em concurso formal.
Sujeito passivo do crime é a empresa seguradora, que tem que pagar o valor a título de seguro. No
caso de lesão corporal, o beneficiário do seguro ferido será vítima das lesões corporais.
A descrição objetiva indica a necessidade de existência de um contrato prévio de seguro, de acordo
com a legislação pertinente.
As condutas previstas pelo legislador são:
1- destruir total ou parcialmente a coisa própria, que deve ser entendido como o dano imposto à coisa
de qualquer forma.
2- ocultar coisa própria, caso em que o agente esconde a coisa, inclusive em local onde não mais
possa ser encontrada, lembrando-se sempre que a coisa deve ser própria.
3- lesionar o próprio corpo ou a saúde, que independe de explicação e
4- agravar lesão ou moléstia já existente.
Ao contrário do que possa pensar-se, o objeto material do crime não é a coisa destruída ou ocultado
ou o corpo do beneficiário, mas sim, o bem patrimonial da seguradora.
O proveito a ser obtido pelo crime deve ser próprio, pois, se for de terceiro, haverá o estelionato "caput".
A subjetividade exige o dolo, na vontade de destruir ou ocultar a coisa própria, bem como no causar
lesão no próprio corpo, aliado ao dolo específico, finalidade especial de obter vantagem sobre a
seguradora.
A consumação ocorre com a prática de uma das condutas, não havendo necessidade de obtenção
da vantagem e a tentativa é possível.
A título de distinção deve-se esclarecer que as condutas previstas pelo legislador podem ser
produzidas através de incêndio ou explosão, bem como destruição de embarcação ou aeronave e, nestes
casos, para os crimes específicos, prevê o legislador uma qualificadora com eles são praticados com o
fim econômico, assim, nestes casos os agentes responderão pelo crime de incêndio ou explosão
qualificados e não pelo delito em estudo, mas, se o meio for inundação, onde não há esta qualificadora o
agente responderá pelos dois crimes em concurso formal.
Se a fraude for empregada para obtenção de benefícios da Previdência Social o crime é específico,
previsto no artigo 155, inciso IV da Lei 3.807/60 que implica pena idêntica ao estelionato "caput".

FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE: Artigo 171, § 2º, inciso VI.
Tem por objetivo o legislador proteger o patrimônio do tomador ou beneficiário (pessoa que recebe o
cheque), mas, de forma indireta protege também a lisura na circulação deste título de crédito que é
utilizado em grande escala.
Sujeito ativo do crime é a pessoa que emite o cheque sem suficiente provisão de fundos, ou, após
sua emissão regular, retira os fundos ou lhe frustra o pagamento.
O endossante, pessoa que participa da circulação do título, quando emitido ao portador, embora
posição contrária, não pode ser sujeito ativo do crime, pois, o verbo é emitir, sendo que o endossante
apenas da continuidade à circulação. Se o endossante tem conhecimento a respeito da falta de fundos e
repassa o título, pratica estelionato na sua forma fundamental.
Entretanto, o avalista, figura que garante o título, em coautoria, pode ser sujeito ativo do crime. Aquele
que ajuda a convencer o tomador a receber o cheque, sabendo não ter fundos, responde pelo crime.
Sujeito passivo do crime é o tomador, podendo ser pessoa física ou jurídica.
A descrição objetiva indica duas condutas. Emitir, que significa colocar em circulação o título,
sabendo não haver fundos em poder do sacado, fato que excluí o mero preenchimento e assinatura.
O fato do agente, após a emissão, providenciar fundo, segundo entendimento majoritário,
descaracteriza o crime, mas, no caso de pagar o débito, após a devolução do título, o crime permanece
e sujeito passivo será o sacado.
A outra conduta é frustrar o pagamento que pode ser feito através da retirada do fundo existente ou
manifestada através da contraordem, desde que, neste caso, inexista a justa causa para a sustação.

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Não ocorre o crime na emissão de cheque visado porque, neste caso o sacado garante o pagamento,
através da reserva de fundos, bem como o cheque marcado, onde o sacado determina a data para
pagamento, não sendo possível, inclusive sua frustração.
No caso do cheque especial, onde existe um limite de crédito, sendo ele ultrapassado, segundo
entendimento majoritário, haverá o crime, mas, se o cheque está dentro do limite estabelecido pelo cartão
de garantia o crime não ocorre.
É de fundamental importância a existência de fraude para a caracterização do crime, portanto, se o
cheque foi emitido como promessa de pagamento (pré-datado), ou como garantia de dívida, o crime não
existe, fato que evidencia a inexistência de fraude.
No caso de dívida de jogo, alguns entendem pela não existência do crime, pois, ela é incobrável.
A subjetividade exige o dolo, vontade de emitir o cheque, sabendo não haver fundos, ou frustrar-lhe
o pagamento, aliado à intenção de obter vantagem indevida.
O momento de consumação deste crime é discutido na doutrina. Uns entendem que se consuma o
crime com a simples emissão do título, outros com a circulação, há ainda os que entendem que o crime
se consuma no momento da apresentação e se verifica a contra ordem ou inexistência de fundos, sendo
esta última a aceita pela jurisprudência, através da interpretação da súmula 521 que determina como foro
competente para a ação penal o local onde houve a recusa do pagamento Ora, se a competência se
verifica, como regra, no local da consumação do crime, neste, praça de pagamento, deve se entender
como consumado o delito.
A possibilidade de tentativa também é discutida, uns defendendo a possibilidade da tentativa nas duas
condutas previstas, outros, entendendo que na modalidade de emissão não é possível a tentativa e
aqueles que não admitem a tentativa em nenhuma hipótese.
Resta somente analisar o fato de pagar o devedor, antes do oferecimento da denúncia, o valor
equivalente ao cheque, se existe ou não o crime. Anteriormente o pagamento do cheque, antes do
oferecimento da denúncia, por política criminal, descaracterizava o crime e, este entendimento chegou
ao ponto de extinguir-se a ação penal mesmo que o pagamento fosse efetuado durante seu curso, posição
que foi abandonada através da edição da Súmula 554 do STF. Com artigo 16, que trata da reparação do
dano, indicando que o pagamento é causa de diminuição de pena, surgiu nova discussão a respeito e,
contrariando o disposto na lei, as decisões tendem no sentido de faltar justa causa para a denúncia se o
pagamento foi efetuado antes dela.

SÚMULA 554 do STF: o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o
recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.

Como distinção pode se dizer que somente o cheque emitido pelo titular de uma conta corrente
caracteriza o crime em estudo, em qualquer outra hipótese, tem-se o estelionato "caput".
A título de privilégio, permite-se a aplicação do disposto no artigo 171, § 1º.
O estelionato será qualificado quando o crime é cometido contra entidade de direito público, instituto
de economia popular, assistência social ou beneficência.

DUPLICATA SIMULADA: Artigo 172 do CP.


Toda venda mercantil ou prestação de serviços permite a emissão de duplica, que reflita e venda
realizada ou o serviço prestado, título este que, aceito pelo devedor entra em circulação como promessa
de pagamento. O crime consiste em emitir o referido título, sem correspondência com a venda efetuada
ou serviço prestado.
Tem por objetivo o legislador a proteção do patrimônio e, de forma indireta, protege a circulação do
referido título de crédito.
Sujeito ativo do crime, na modalidade de expedir é o comerciante ou o profissional liberal que presta
serviços. Na modalidade aceitar sujeito ativo é qualquer pessoa, seja comerciante ou não, podendo haver
coautoria na modalidade de endosso ou aval.
Sujeito passivo é o tomador, bem como aquele que desconta a duplicata ou a aceita como caução.
A descrição objetiva indica condutas de expedir, que nada mais e do que preencher, criar a duplicata
que não corresponda à venda ou ao serviço prestado.
A outra conduta é aceitar, ato através do qual se assume a obrigação de paga-la e, neste caso, exige-
se que o agente tenha conhecimento de que a duplicata é simulada.
A subjetividade exige o dolo, vontade de expedir ou aceitar a duplicata simulada, assim, se o título foi
emitido por engano, não haverá o crime, ou ainda quando a expediu apenas como garantia de
empréstimo, podendo caracterizar, conforme o caso o crime de usura.

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A consumação ocorre quando o agente coloca o título em circulação, não sendo necessário a
ocorrência de prejuízo o lucro e, por ser crime unissubsistente não se admite a tentativa.
Como distinção deve-se lembrar que a emissão de duplicata simulada caracteriza o crime de falsidade
do documento, entretanto, esta falsificação é elemento do tipo, portanto, não há crime de falsidade
autônomo e, se o título é emitido para obtenção de empréstimo e é intenção do agente seu não
pagamento, haverá estelionato.

FALSIFICAÇÃO DO REGISTRO DE DUPLICATAS: Artigo 172, parágrafo único.


Consequência natural do crime estudado acima, mas que pode ter existência autônoma, consiste em
falsificar ou adulterar a escrituração do livro de registro de duplicatas.
Sujeito ativo do crime é a pessoa que falsifica o livro, bem como aquele que a determina, podendo
ocorrer autoria mediata.
Sujeito passivo é o estado, titular da exigência de regularidade na escrituração de livros contábeis.
A descrição objetiva indica conduta de falsificar ou adulterar, sendo a primeira a criação, no livro, do
título e a segunda trata-se da alteração de registro de um título emitido validamente.
A consumação ocorre com a prática da conduta e a tentativa é possível.
Se a falsificação ocorrer antes da emissão da duplica simulada, será absorvido, a falsidade posterior
será impunível.

ABUSO DE INCAPAZES: Artigo 173 do CP, que define o crime da seguinte forma: Abusar, em proveito
próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade
mental de outrem, induzindo qualquer deles a prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em
prejuízo próprio ou de terceiro.
O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio dos menores e incapazes ou de terceiros a eles
relacionados.
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa que pratique a conduta.
Sujeito passivo é o menor de 18 anos, embora haja entendimento de que o menor de 21 está incluído
na proteção legal e, portanto, pode ser sujeito ativo, corrente esta minoritária e, sem nenhuma discussão,
exclui-se os emancipados.
Em relação aos alienados e portadores de debilidades mentais, utiliza-se os conhecimentos
ministrados quando do estudo da culpabilidade, com exceção dos semi-imputáveis que, modernamente
vem sendo excluídos.
Os silvícolas e os maiores de 70 anos somente poderão ser incluídos no caso de total alienabilidade.
O terceiro que sofre prejuízo também é considerado sujeito passivo do crime.
Indica a descrição objetiva o verbo abusar, que significa aproveitar-se o agente da necessidade,
paixão ou inexperiência do incapaz, não sendo necessário ardil ou artifício.
A conduta é induzir, ou seja, levar a vítima a praticar ato que gere efeitos jurídicos.
Este ato deve, ao menos criar o risco para o prejuízo patrimonial da vítima ou de terceiro, por isso no
caso de prática de ato nulo e que, por consequência, não gera efeitos, tem-se entendido pela inexistência
do crime, mas, se mesmo assim, com a prática de ato nulo, houver prejuízo, haverá o crime de estelionato.
A subjetividade exige o dolo consistente na vontade do agente persuadir o incapaz à prática do ato,
devendo o agente conhecer a deficiência da vítima, aliado à finalidade específica (dolo específico) que é
a intenção de obter vantagem indevida para si ou para outrem.
A consumação ocorre no momento da prática do ato pelo incapaz, mesmo sendo a conduta induzir,
não sendo necessária a obtenção da vantagem e a tentativa é admitida.

INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO: Artigo 174 do CP, que apresenta semelhança com o artigo
anterior.
O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio, mas, aqui, das pessoas inexperientes, simples e
portadores de deficiências mentais.
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, por se tratar de crime comum, desde que tenha
conhecimento a respeito da condição da vítima.
Sujeito passivo é a pessoa inexperiente, que não tem vivência suficiente para enfrentar os problemas
do cotidiano simples é aquela pessoa que não malícia, desconhecedora da maldade que impera na
sociedade e inferior mental, não necessariamente é doente, mas aquela que não teve a quantidade de
informações suficientes para sua formação e, portanto, são facilmente enganadas.
A descrição objetiva indica conduta idêntica ao crime anterior, qual seja, através do abuso, induz o
sujeito ativo a praticar determinado ato que, para este crime é específico, qual seja, jogo, aposta ou
especulação com títulos ou mercadoria, e, neste último caso, exige do investidor um conhecimento

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acurado sobre o mercado de capitais. É necessário que a operação será ruinosa, com prejuízo da vítima
e vantagem para o agente ou terceiro.
A subjetividade é idêntica ao crime anterior, exige o dolo, acrescido do conhecimento a respeito da
inferioridade mental da vítima e a intenção de obtenção de vantagem. Na modalidade de investimento no
mercado de ações e mercadorias o agente deve saber, também, que a operação é ruinosa.
A consumação ocorre quando a vítima pratica o jogo, a aposta ou o investimento em operação
ruinosa, mesmo que o agente não obtenha a vantagem, nem a existência de prejuízo para a vítima, pois,
mesmo se por acaso a vítima ganhe no jogo ou na aposta, o crime continuará a existir.
A tentativa é perfeitamente possível.

FRAUDE NO COMÉRCIO: Artigo 175 do CP.


O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio e, de forma indireta a moralidade do comércio.
O sujeito ativo do crime é qualquer pessoa que pratique a atividade comercial, comerciante ou
comerciários, tratando-se, pois, de crime próprio.
Sujeito passivo é a pessoa que adquire alguma coisa ou consome algum produto, que pode ser
perfeitamente um comerciante intermediário.
A descrição objetiva indica conduta de vender mercadoria falsificada ou deteriorada como verdadeira
ou perfeita, portanto, como o legislador fala venda, os demais negócios, permuta, por exemplo, estão
excluídos, podendo haver, no caso, punição por estelionato.
A outra conduta é entregar uma mercadoria por outra e, aí, pode haver o crime em qualquer negócio,
não exigindo o legislador que se trate de venda.
O objeto material do crime é a mercadoria, falsificada ou deteriorada, desde que o agente se utilize de
fraude para enganar a vítima, tendo, pois, conhecimento a respeito da falsidade ou deterioração. Exemplo
do crime é o fato da pessoa colocar no objeto deixado para o conserto, outras peças, com a intenção de
enganar a vítima.
A subjetividade exige o dolo, vontade de vender ou entregar a coisa falsificada ou deteriorada,
presente fundamentalmente o risco de prejuízo patrimonial.
A consumação ocorre com a entrega da coisa e a tentativa é possível, como o caso da pessoa que
não recebe a coisa por perceber que é falsa ou deteriorada.
Ainda dentro da fraude no comércio, destacou o legislador os negócios específicos com joias e metais
preciosos, por ser maior o prejuízo, punindo, inclusive, com penas maiores.
Na essência o crime é o mesmo, entretanto as condutas são de alterar, que significa modificar, mudar,
em obra que lhe é encomendada, qualidade ou peso do metal, ou, no mesmo caso, substituir pedra
verdadeira por falsa.
Prevê o legislador a fraude no comércio privilegiada, permitindo a aplicação do disposto no artigo 155,
§ 2º.
Distinção pode ser apresentada com o crime de fraude na entrega de coisa, onde o agente não é
comerciante. Se a mercadoria é alimentícia ou medicinal o crime será outro, contra a saúde pública. Se
o sujeito passivo for indeterminado haverá crime contra a economia popular.

OUTRAS FRAUDES: Artigo 176 do CP.


O objetivo do legislador á a proteção do patrimônio dos comerciantes que se dedicam a alimentação,
alojamento e transporte de pessoas.
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa que pratique uma das condutas descritas.
Sujeito passivo é a pessoa física ou jurídica que preste um dos serviços protegidos pelo legislador,
bem como qualquer funcionário que esteja a seu serviço.
A descrição objetiva indica as condutas de: 1- tomar refeição em restaurante, onde se incluem os
semelhantes, bem como a ingestão de bebidas, desde que o consumo seja no interior do estabelecimento,
pois, fora dele o crime será de estelionato (artigo 171). 2- alojar-se em hotel, ao qual se equiparam as
casas de hospedagem, como pensão, pensionato, etc. 3- utilizar-se de meio de transporte, geralmente
aqueles em que a cobrança do serviço é no final, como a corrida de taxi, por exemplo
Se o pagamento depende da compra de bilhete de passagem e o agente entre ou sai sorrateiramente
do meio de transporte, ou utiliza bilhete falso, haverá o crime de estelionato simples
Se por algum outro motivo o agente não paga a conta, mas havendo motivo justificado, não haverá o
crime.
A subjetividade exige o dolo, que consiste na vontade de praticar um dos verbos descritivos, tendo o
agente conhecimento de que não tem dinheiro para arcar com as despesas, assim, se o agente não tem
dinheiro porque esqueceu a carteira, não haverá crime. Quem consome mais do que pode pagar pratica
o crime.

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A consumação do crime ocorre com a prática da conduta, não se exigindo o prejuízo.
A tentativa, embora de difícil caracterização é possível.
Embora haja entendimento contrário o pagamento da despesa com cheques sem fundos caracteriza
o crime de fraude no pagamento por meio de cheque, se for falsificado o cheque haverá crime de
estelionato.
No caso em estudo a ação penal é pública condicionada à representação.
Em alguns casos, como a atitude famélica, poderá ser aplicado o perdão judicial.

EMISSÃO IRREGULAR DE CONHECIMENTO DE DEPÓSITO OU "WARRANT": Artigo 178 do CP.


O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio e, indiretamente, a regularidade comercial.
Sujeito ativo em regra é o depositário da mercadoria, entretanto, qualquer outra pessoa pode praticar
o crime.
Sujeito passivo é a pessoa que tem o título em mãos, ou aquele que compra a mercadoria deposita
e representada pelo título.
Para falar-se da descrição objetiva é necessário que se entenda, ao menos de forma superficial o
que é conhecimento de depósito e "warrant". Pode definir-se como título de crédito que representam
mercadorias depositadas em armazéns gerais e que podem livremente serem negociadas. O
conhecimento de depósito representa a propriedade sobre a mercadoria depositada e o "warrant"
representa a posse da referida mercadoria, que se encontra depositada. Os títulos referidos somente têm
existência se forem emitidos conjuntamente. Para emissão deste título devem estar preenchidos uma
série de requisitos e a emissão destes, sem obediência a estes requisitos caracteriza o crime. Assim,
pratica crime quem emite o título de mercadoria que não se encontra depositada, ou não é empresa
competente para emiti-lo, eis, pois a conduta indicada pela descrição.
A subjetividade exige o dolo, vontade de emitir o título, tendo ciência de que o faz irregularmente.
A consumação ocorre no momento em que o título é colocado em circulação, não havendo
necessidade de prejuízo.
A tentativa é impossível, pois, ou o título é endossado e entra em circulação, se consumando, ou fica
na posse do credor não havendo o crime.
O desvio da mercadoria, a título de distinção, constitui apropriação indébita.

FRAUDE À EXECUÇÃO: Artigo 179 do CP.


O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio do credor, quando há discussão judicial e,
indiretamente há proteção à administração da justiça.
Sujeito ativo do crime é o devedor que defrauda a execução praticando uma das condutas descritas
na lei, assim, qualquer pessoa, inclusive o coproprietário que tem conhecimento da execução pode
praticar o crime.
Sujeito passivo é o credor que, com a defraudação, fica sem a garantia de seu crédito.
A descrição objetiva indica como pressuposto a existência de uma ação cível em fase de execução,
ou uma ação executiva.
São diversas as condutas descritas pelo legislador. A primeira é alienar, ato através do qual se
transfere ou renuncia um patrimônio A segunda conduta é desviar, dar destino diverso à coisa que pode
garantir o crédito. A terceira é destruir ou danificar, que independe de explicação e, por fim a conduta de
simular dívidas, quando o devedor aumenta de forma irreal o passivo. Como a enumeração do legislador
é taxativa, não poderá haver crime a não ser nestas hipóteses, como a renúncia do usufruto. Não há
necessidade de penhora no processo de execução, mas, a simples citação válida.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar uma das condutas descritas desde que o
agente tenha conhecimento da existência do processo de execução, aliada ao dolo específico que é a
intenção de frustrar a ação do credor.
A consumação ocorre no momento em que o agente pratica a conduta descrita, devendo haver o
prejuízo para o credor, assim se com a conduta o devedor não afeta seu patrimônio, em detrimento do
credor, não haverá o crime.
A tentativa é possível.
A título de distinção deve-se lembrar que no caso da prática desta conduta por comerciante que
quebra, haverá crime falimentar. E, se for utilizada a falsificação, haverá concurso material entre estes
crimes.
A ação penal é privada, dependendo de queixa crime.

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DA RECEPTAÇÃO: Artigo 180 do CP.
A definição do crime é: adquirir, receber, ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
produto de crime, ou influir para que terceiro de boa-fé a adquira, receba ou oculte. A pena é de reclusão
de 1 a 4 anos, além da multa.
O objetivo do legislador é a proteção do patrimônio, como reforço, pois a proteção anterior não foi
suficiente para se evitar a prática do crime.
Sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa, com exceção dos autores, coautores ou partícipes
do crime anterior. Até o proprietário da coisa pode praticar o crime se adquire a coisa furtada que havia
sido dada como garantia real. O advogado que recebe a título de honorários, produtos nestas
circunstâncias, pratica o crime, mesmo quando convertidas em dinheiro, tendo o profissional
conhecimento de que o cliente não poderia, face sua condição financeira, saldar o débito.
Sujeito passivo o crime é o mesmo do crime anteriormente praticado.
A descrição objetiva indica, em primeiro lugar, a presença de um pressuposto, que consiste na
ocorrência de um crime anterior, tratando-se de crime acessório, pois depende sempre da existência
anterior de outro.
Não há necessidade que o crime anterior seja contra o patrimônio, embora, em regra, a receptação
ocorra nestes casos, principalmente o crime de furto, inclusive a própria receptação, salvo no caso de
terceiro de boa-fé.
Como a lei fala em produto de crime, não existe receptação de produto de contravenção.
A punição ocorre mesmo quando o agente, no crime anterior era isento de pena por qualquer forma,
mas se o fato anterior consistiu em uma excludente da antijuridicidade, na realidade, não houve crime e,
sem anterior, não haverá a receptação.
Diferentes são as condutas descritas pelo legislador, sendo necessário a divisão do crime em
receptação própria, quando o agente pratica a conduta de adquirir, receber ou ocultar.
A receptação imprópria consiste no agente influir que outra pessoa pratique uma destas condutas.
O objeto material do crime é a coisa produto de crime e discute-se a possibilidade de receptação da
coisa imóvel, havendo decisões nos dois sentidos, entretanto, o entendimento majoritário é de que não é
possível a receptação de coisas imóveis.
O crime prevalece ainda quando o agente transforma a coisa produto de crime em dinheiro.
Os instrumentos utilizados para a prática do crime não podem ser receptados e as condutas sobre
estes objetos poderão caracterizar crime de favorecimento real ou pessoal.
A subjetividade exige o dolo, vontade de adquirir, receber ou ocultar a coisa, bem como a de influir
que terceira pessoa pratique uma destas condutas, sendo necessário, também que o agente tenha
conhecimento (certeza) de que a coisa é produto de crime, portanto, não é possível a prática deste crime
através do dolo eventual, pois, se houver dúvida ocorre a receptação culposa.
Discute-se a possibilidade de se punir o agente que toma conhecimento sobre a procedência da coisa,
após ter adquirido, alguns entendendo ser possível, entretanto, pela estrutura do crime em estudo,
verifica-se que o dolo não pode, em hipótese alguma, ser posterior à conduta e, assim, o agente somente
poderia ser punido se, após o conhecimento deste fato, influencia alguém para adquirir a coisa.
Deve estar presente, também, o dolo específico, que consiste na obtenção de proveito próprio ou para
terceiro, se a conduta visar proveito ao próprio autor do crime, haverá favorecimento real e não
receptação.
A consumação do crime ocorre no momento em que o agente pratica uma das condutas descritas e,
na modalidade de influir, no momento em que o agente inicia a influência, ocorrendo o crime mesmo que
não consiga convencer ao terceiro, tratando-se, em qualquer das modalidades, no influir, de crime formal,
embora haja entendimento de que para a consumação, no último caso, o terceiro deve adquirir, receber
ou ocultar a coisa.
A receptação própria, por ser crime material admite a tentativa, o que não ocorre na modalidade de
influir onde a tentativa é impossível.
No caso de aquisição por parte de pessoa que pratica atividade comercial ou industrial, o crime será
outro, previsto no artigo 334 do CP. Do favorecimento real o crime de receptação diferencia-se porque
neste o agente não visa lucro, enquanto que, na receptação, a intenção de obter vantagem deve estar
presente.
É possível a continuidade delitiva neste crime, mas, se com uma única ação o agente adquire diversos
produtos, o crime será único.
Existe a figura da receptação privilegiada, admitindo-se a aplicação do § 2º do artigo 155.
Será qualificada a receptação de patrimônio de qualquer pessoa jurídica de direito público.
Prevê o legislador forma culposa para o crime de receptação, no artigo 180, § 1º.

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Tal previsão encontra fundamento no dever do adquirente saber a origem da coisa que está
comprando, ou, ao menos, fazer a previsão desta origem, assim, quando o agente tem dúvida a respeito
da origem criminosa da coisa, ocorre o crime de receptação culposa.
Duas são as condutas estabelecidas pelo legislador, adquirir ou receber, estando pois, excluídas, as
condutas ocultar e influenciar para que terceiro o faça.
Pode-se inferir que existe culpa do agente quando ele demonstra não ter considerados os indícios
presentes sobra a dúvida a respeito da origem do objeto adquirido ou recebido, se era ou não produto de
crime.
A lei fala sobre os fatos que dão a entender, através da presunção de que deveria haver previsão sobre
a procedência ilícita da coisa
Em primeiro lugar refere-se o legislador à natureza da coisa, tais como peças identificadas com o nome
da vítima, coisas de conhecimento público, etc., como a caso da pessoa que adquiri o quadro La Mona
Lisa, sabendo que pertence a um museu da França.
Outra forma de indicação da ilicitude na origem da coisa, é a desproporção entre o valor pago pelo
agente e o preço real da coisa, como o exemplo da pessoa que paga por um veículo Vectra, avaliado em
R$ 35.000,00, a quantia ínfima de R$ 2,000,00.
A terceira hipótese é a condição da pessoa que oferece, pois, cada uma tem determinada condição
econômica e suas ofertas devem corresponder a esta condição, assim, não se pode adquirir ou receber
de um mendigo, uma valiosa corrente de ouro, pois, sua situação não permite possuir tal objeto, e, se o
tem, presumidamente será produto de crime.
Entretanto, como qualquer crime culposo, deve ser realizada a análise da previsibilidade subjetiva, de
acordo com o caso concreto, pois, estas indicações sofrem variações em seus limites a ponto de excluir
a culpa, por não existir a possibilidade de previsão, fato que descaracteriza o crime.
A consumação deste crime ocorre com o resultado, por ser crime culposo e a tentativa é impossível.
No caso da receptação culposa, permite-se o perdão judicial desde que o agente seja primário e se o
Juiz perceber que não será necessária a aplicação da pena, mesmo que a coisa não tenha pequeno valor.

IMUNIDADES NOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO:


Como os fatos de decorrem da convivência familiar devem, em primeiro lugar, serem discutidos entre
os parentes, sendo possível um maior dano, caso haja processo crime, do que o próprio crime em si o
legislador, para casos específicos a crimes contra o patrimônio, fez previsão de determinadas imunidades,
ou seja, casos em que não haverá a incidência da lei penal.
Estas imunidades podem ser absolutas, que estão previstas no artigo 181 do CP ou relativas, quando
se referem ao processo, conforme indica o artigo 182.
A imunidade absoluta impede a instauração de inquérito policial, da ação penal, por não ser possível,
no caso, a aplicação da sanção penal.
A relativa impede o procedimento criminal, caso não haja representação por parte da vítima ou de seu
representante.
É natural que, nos crimes contra o patrimônio, onde existe o emprego de violência ou grave ameaça,
as imunidades não prevalecem.
Tais imunidades não se comunicam entre os estranhos que, com a pessoa imune, pratique o crime.
O artigo 181 prevê as imunidades absolutas isentando de pena quando o agente pratique o crime
contra cônjuge, qualquer que seja o regime do casamento ou sendo ele praticado pelo marido ou pela
mulher, não se incluindo, no caso, as concubinas e amásias e a imunidade prevalece somente durante a
constância da sociedade conjugal e, a separação de fato, somente, não excluí a isenção de pena; contra
ascendente e descendente, os chamados parentes em linha reta, mãe/pai, filhos, avôs, e vice versa,
não se preocupando a forma de parentesco, seja legítima ou ilegítima, consanguínea ou civil, excluindo
a afinidade, para prevalência da imunidade.
Qualquer estranho que participe do crime e não for cônjuge ou parente em linha reta, mesmo que
agindo em concurso de pessoas, com quem goze da imunidade, responderá pelo crime.
O artigo 182 prevê os casos de imunidades relativas, de cunho processual, fazendo depender de
representação os crimes praticados em prejuízo de cônjuge, mas, desta feita, quando separado
judicialmente, excluído o divórcio, não havendo imunidade neste caso. Também dependerá de
representação os crimes praticados contra parente colaterais, como o caso de irmãos, qualquer que seja
a categoria, exceto os afins (cunhados, por exemplo).
No caso de tios e sobrinhos, somente haverá a imunidade se, além do parentesco, habitaram juntos.
Contra primos não existe a imunidade.

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Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO

Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº
13.330, de 2016)

Furto de coisa comum


Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.

CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO

Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou
para terceiro.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além
da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.

Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

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§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena
de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária
para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

Extorsão mediante sequestro


Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
Sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por
bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a
libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento
que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

CAPÍTULO III
DA USURPAÇÃO

Alteração de limites
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:

Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;

Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas,
terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante
queixa.

Supressão ou alteração de marca em animais


Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de
propriedade:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

CAPÍTULO IV
DO DANO

Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Dano qualificado

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Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou
sociedade de economia mista;
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia


Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito,
desde que o fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.

Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico


Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de
valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Alteração de local especialmente protegido


Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido
por lei:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Ação penal
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede
mediante queixa.

CAPÍTULO V
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Apropriação indébita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário
judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

Apropriação indébita previdenciária


Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no
prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou
custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido
reembolsados à empresa pela previdência social.
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento
das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário
e de bons antecedentes, desde que:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou

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II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais.

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza


Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da
natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:

Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito
o proprietário do prédio;

Apropriação de coisa achada


II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao
dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.

Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º.

CAPÍTULO VI
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme
o disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

Disposição de coisa alheia como própria


I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria


II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
sobre qualquer dessas circunstâncias;

Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia
pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa


IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;

Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro


V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;

Fraude no pagamento por meio de cheque


VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Estelionato contra idoso


§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de
2015)

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Duplicata simulada
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro
de Registro de Duplicatas.

Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor,
ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de
produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Induzimento à especulação
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade
mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias,
sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Fraude no comércio
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo
caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender,
como precioso, metal de ou outra qualidade:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.

Outras fraudes
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem
dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as
circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações


Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação
ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular.
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular:
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço
ou comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de
outros títulos da sociedade;
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro,
dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembleia geral;
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações
da própria sociedade;
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço
falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue
a aprovação de conta ou parecer;
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;

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IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os
atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter
vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral.

Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"


Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Fraude à execução
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando
dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.

CAPÍTULO VII
DA RECEPTAÇÃO

Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Receptação qualificada
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço,
ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que
proveio a coisa.
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa
concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste
artigo aplica-se em dobro.

Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a
finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído pela Lei nº 13.330,
de 2016)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)

CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido
em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

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Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA (ART. 289 A 311-A)

Da moeda falsa: É bom trazer as palavras de Júlio F. Mirabete: “A moeda, segundo a definição dos
economistas, é a medida comum dos valores (como o metro, o grama e o litro o são de quantidade) e o
instrumento ou meio de escambo. É valorímetro de bens econômicos, o denominador comum a que se
reduz o valor das coisas úteis. A sua falsificação é o primeiro fato incriminado no capítulo I, pelo artigo
289, cuja rubrica é moeda falsa: “Falsificar, fabricando-a ou alterando a moeda metálica ou papel moeda
de curso legal (obrigado a aceitar) no país ou no estrangeiro. Pena: Reclusão, de 3 a 12 anos e multa.”
Nos parágrafos estão previstos outros tipos penais, todos relacionados à falsificação e circulação de
moeda falsa.”
O bem jurídico tutelado é a credibilidade da moeda circulante, a fé pública.
Como sujeito ativo, temos que qualquer pessoa pode praticar o delito em estudo. Já como sujeito
passivo, temos como principal o Estado e, secundariamente, o particular (pessoa física ou jurídica) lesado
pela conduta do agente.

O tipo não exige o anumus lucrani, mas para maioria dos autores só se configura com o enriquecimento
ilícito. Ou seja, só se configura quando o agente repassa a moeda.
Moeda deve ter curso legal/ forçado no país ou no estrangeiro. Se tiver valor comercial, delito pode ser
o de estelionato. A moeda deve está em vigor. Se falsificar uma moeda antiga é ESTELIONATO.
Competência para o processo é da justiça federal.
Falso deve ter idoneidade para enganar. Ex: fazer uma folha com 1 real e tentar enganar alguém, não
é crime do 389. É crime de patrimônio – Estelionato.

Sumula 73 do STJ: “Utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura em tese o


crime de estelionato, de competência da justiça estadual”.

Número de moedas/ cédulas falsificadas: Para doutrina não há insignificância no crime de moeda falsa,
pois o bem jurídico tutelado é a fé pública.

§1º – Circulação de moeda falsa: Nas mesmas penas incorre, quem por contra própria ou alheia
importa, exporta, adquire, vende, troca, empresta, guarda ou introduz em circulação moeda falsa.
- É indispensável à consequência da falsidade da moeda.
- Concurso entre falsificação e circulação? Não há.

§2º – Modalidade privilegiada: Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou
alterada, a restitui a circulação, depois de conhecer a falsidade.
- Quando alguém recebe de boa-fé, depois repassa a cédula.
- Detenção: 6 meses a 2 anos.
- Agente não inicia a circulação da moeda, apenas dar prosseguimento.
- Animo de evitar o prejuízo.
- Esse tipo não admite o dolo eventual. Quando reconhece a cédula e fica com ela.

Dica:
Cédula bem feita = Artigo 289.
Cédula mal feita = Estelionato.

§3º – É punido com reclusão de 3 a 15 anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente ou fiscal
de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação de:
I – Moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
Título = proporção que deve existir entre o metal fino e a liga metálica empregados na confecção da
moeda. (Crime próprio).
II – De papel moeda em quantidade superior a autorizada.

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- não menciona a fabricação de moeda em quantidade superior a permitida.

§4º – Desvio e circulação antecipada


Nas mesmas penas incorre quem desvia ou faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.
Tutela-se a fé pública. De fato, a moeda, no caso em apreço, conquanto verdadeira, ainda não estava
autorizada a ser posta em circulação, e, por isso, a antecipação de sua circulação ofende nitidamente a
fé pública.
Trata-se de tipo misto cumulativo, porque a consumação depende da realização de ambas as condutas
(“desviar” e “fazer circular”).

O art. 290 do C.P., com a rubrica CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA, incrimina três
condutas distintas. Vejamos cada uma delas.
a) Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas
ou bilhetes verdadeiros
O núcleo é “formar”, no sentido de compor ou montar cédula, nota ou bilhete representativo da moeda,
com base em partes de papel-moeda verdadeiro. Cria-se um novo e falso papel-moeda, partindo-se de
fragmentos imprestáveis de outros.

b) Suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal
indicativo de sua inutilização
O núcleo é “suprimir”, ou seja, retirar ou eliminar de cédula, nota ou bilhete recolhido o sinal indicativo
de sua inutilização. O sujeito elimina do papel-moeda a informação de que foi retirada de circulação.

c) Restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim
de inutilização
Restituir à circulação é devolver, retornar ao manejo público a cédula, nota ou bilhete objeto das
condutas anteriores (“formar” e “suprimir”), ou já recolhidos. De acordo com o art. 14 da Lei 4.511/1964,
o recolhimento do papel-moeda é efetivado sempre que este apresentar marcas, símbolos, desenhos ou
outros caracteres a ele estranhos, perdendo seu poder de circulação.
Nessa hipótese, o comportamento criminoso limita-se à colocação do papel-moeda em circulação. Não
há emprego de fraude, ao contrário das condutas anteriores

Dispõe o artigo 291 do CP sobre o crime de PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA


Nesta infração o objeto material é o maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer outro objeto
especialmente destinado à falsificação de moeda.
O tipo penal contém cinco núcleos: “fabricar” (criar, montar, construir ou produzir), “adquirir” (comprar
ou obter), “fornecer”, a título oneroso ou gratuito (proporcionar, dar, vender ou entregar), “possuir” (exercer
a posse) e “guardar” (conservar, manter ou proteger) maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer
outro objeto especialmente destinado à falsificação de moeda.
Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. A lei descreve vários
núcleos, e a realização de mais de um deles, em relação ao mesmo objeto material e no mesmo contexto
fático, caracteriza um único delito.

O artigo 292 do C.P. disciplina o crime de EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO
LEGAL
O tipo penal fala inicialmente em “título ao portador”, compreendido como aquele que circula pela mera
tradição, pois não há identificação expressa do seu credor. Consequentemente, qualquer pessoa que
esteja em sua posse é considerada titular do crédito e a transferência do documento acarreta igualmente
a transferência do crédito nele consignado. O título ao portador se opõe ao título nominal, o qual identifica
explicitamente seu credor.
O tipo penal equipara ao título ao portador aqueles a que falte a indicação do nome da pessoa a quem
deve ser pago, pois podem circular livremente para serem preenchidos, oportunamente, por quem ao final
pretendesse receber o crédito. Portanto, assim como ocorre nos títulos ao portador, qualquer pessoa de
posse do título pode ser considerada titular dos valores nele descritos.
O núcleo do tipo é “emitir”, ou seja, colocar em circulação a nota, bilhete, ficha, vale ou título que
contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa
a quem deva ser pago. O objeto deve ser destinado a circular como dinheiro. E como destaca Heleno

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Cláudio Fragoso: “A forma do título ou a inscrição nele contida é perfeitamente irrelevante, desde que
contenha inequívoca promessa de pagamento em dinheiro”.
Consuma-se com a emissão do título ao portador, isto é, com sua colocação em circulação,
independentemente da causação de prejuízo efetivo a alguém. Anote-se que não basta a criação (ou
subscrição do título). É imprescindível sua emissão, utilizando-o como substitutivo da moeda corrente ou
de outros títulos legalmente permitidos.

O artigo 293 do C.P. define o crime de FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS


Este delito tem como objeto jurídico a tutela da fé pública, no tocante à confiabilidade e legitimidade
dos papéis públicos.
Objeto material: São os papéis públicos indicados nos incisos do referido artigo:
– Inciso I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal
destinado à arrecadação de tributo: Esse inciso diz respeito aos documentos destinados à arrecadação
de tributos, salvo os especificados no inciso V, a exemplo do antigo selo pedágio, o qual era colado no
para-brisa do veículo para comprovar o extinto tributo.
– Inciso II – papel de crédito público que não seja moeda de curso legal: São os denominados títulos
da dívida pública, federais, estaduais ou municipais. Embora possam servir como meios de pagamento,
não se confundem com a moeda de curso legal no País.
– Inciso III – vale postal: Esse inciso foi tacitamente revogado pelo art. 36 da Lei 6.538/1976, lei
posterior e especial que dispõe sobre os serviços postais.
– Inciso IV – cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro
estabelecimento mantido por entidade de direito público: Cautela de penhor é o título de crédito
representativo do direito real de garantia registrado no Cartório de Títulos e Documentos, a teor do art.
1.432 do Código Civil. Com seu pagamento a coisa empenhada pode ser retirada. A caderneta de
depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público designa
o documento em que está consignada a movimentação da conta corrente no estabelecimento bancário.
Por sua vez, a falsificação de cadernetas de estabelecimentos privados configura o crime de falsificação
de documento particular (CP, art. 298), e não o delito em análise.
– Inciso V – talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas
públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável:
Talão é a parte destacável de livro ou caderno, no qual permanece um canhoto com idênticos dizeres.
Recibo é a declaração de quitação ou recebimento de coisas ou valores.
Guia é o documento emitido por repartição arrecadadora, ou adquirido em estabelecimentos privados,
com a finalidade de recolhimento de valores, impostos, taxas, contribuições de melhoria etc.
Alvará, no sentido do texto, é qualquer documento destinado a autorizar o recolhimento de rendas
públicas ou depósito ou caução por que o Poder Público seja responsável. Exemplo clássico de conduta
passível de subsunção no art. 293, inc. V, do Código Penal consiste na falsificação de documentos de
arrecadação da Receita Federal (DARFs), mediante inserção de autenticação bancária, como forma de
comprovação do recolhimento dos tributos devidos.
– Inciso VI – bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por
Estado ou por Município:
Bilhete é o papel impresso que confere ao seu portador o direito de usufruir de meio de transporte
coletivo por determinado percurso. Passe é o bilhete de trânsito, oneroso ou gratuito, concedido por
empresa de transporte coletivo. Conhecimento, finalmente, é o documento comprobatório de mercadoria
depositada ou entregue para transporte.
O núcleo do tipo penal é “falsificar”, ou seja, imitar, reproduzir ou modificar os papéis públicos
indicados nos diversos incisos do art. 293 do CP. A falsificação pode ocorrer mediante fabricação ou
alteração. Na fabricação, também denominada de contrafação, o agente procede à criação do papel
público, o qual surge revestido pela falsidade. Por seu turno, na alteração opera-se a modificação de
papel inicialmente verdadeiro, com a finalidade de ostentar valor superior ao real. A falsificação somente
resultará no reconhecimento do crime em apreço quando incidir nos papéis públicos taxativamente
mencionados – a falsificação de moeda importa no crime de moeda falsa (art. 289 do CP) e a falsificação
de papel público diverso caracteriza o delito de falsificação de documento público (art. 296 do CP).
Temos como sujeito ativo do crime qualquer pessoa (crime comum ou geral). Contudo, se o sujeito
ativo for funcionário público, e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena de sexta
parte, com fulcro no art. 295 do Código Penal.
O sujeito passivo é o Estado e, mediatamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta
criminosa.

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Elemento subjetivo: É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite
a modalidade culposa.
Consumação: Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado:
consuma-se com a realização de qualquer das condutas legalmente descritas, prescindindo-se da efetiva
circulação do papel público falsificado ou da causação de prejuízo a alguém. É fundamental que a atuação
do agente empreste ao papel idoneidade suficiente para enganar as pessoas em geral, pois a falsificação
grosseira exclui o delito, ensejando o reconhecimento do crime impossível (CP, art. 17).
Tentativa: É possível.
Ação penal: É pública incondicionada.
Competência: A falsificação de papéis públicos, em regra, é crime de competência da Justiça
Estadual. Entretanto, se a emissão do papel incumbir à União, suas empresas públicas ou autarquias, e
a falsificação acarretar prejuízo a tais entes, o delito será de competência da Justiça Federal, nos moldes
do art. 109, inc. IV, da Constituição Federal.
Figura equiparada (art. 293, § 1º): A Lei 11.035/2004 conferiu nova redação ao § 1º do art. 293 do
CP, para ampliar seu âmbito de incidência, que antes se limitava aos papéis falsificados, forçando muitas
vezes a utilização dos crimes de receptação (CP, art. 180) e de favorecimento real (CP, art. 349) para
evitar a impunidade de pessoas envolvidas com papéis públicos falsificados. Destarte, incorre na mesma
pena prevista no caput quem:
– Inciso I – Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo:
Trata-se de conduta posterior à falsificação dos papéis públicos, realizada por pessoa diversa do falsário.
– Inciso II – Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à
circulação selo falsificado destinado a controle tributário: O raio de incidência deste inciso é inferior ao do
inciso anterior, pois se limita ao selo falsificado destinado a controle tributário.
– Inciso III – Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca,
cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua
aplicação.
Elemento subjetivo: O crime é doloso. Contudo, além do dolo, afigura-se indispensável a presença
do especial fim de agir (elemento subjetivo específico) representado pela expressão “em proveito próprio
ou alheio”. Trata-se de crime próprio ou especial, pois somente pode ser cometido pela pessoa que se
encontre no exercício de atividade comercial ou industrial. O § 5º do art. 293 do CP veicula uma norma
penal explicativa, assim redigida: “Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros
logradouros públicos e em residências”. A alínea b do inc. III constitui-se em lei penal em branco
homogênea, pois é preciso analisar a legislação tributária para identificação das hipóteses de
obrigatoriedade do selo oficial. Fica nítida, ademais, a verdadeira preocupação do legislador: a fé pública
foi colocada em plano secundário para se proteger a ordem tributária, mediante o combate à sonegação
fiscal. De fato, não há pertinência lógica entre falsificar selo (crime contra a fé pública) e vender cigarro
sem selo oficial (delito tributário).
Supressão de carimbo ou sinal de inutilização de papéis públicos (art. 293, § 2º): Trata-se de
crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes
os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. Nessa hipótese, os papéis públicos são
legítimos, ou seja, não foram falsificados mediante contrafação ou alteração, mas já foram inutilizados. A
conduta criminosa consiste em suprimir (eliminar ou retirar) o carimbo ou sinal indicativo da inutilização.
Não basta o dolo. Exige-se um especial fim de agir (elemento subjetivo específico), contido na expressão
“com o fim de torná-los novamente utilizáveis”.
Uso de papéis públicos com carimbo ou sinal de inutilização suprimidos (art. 293, § 3º): Trata-
se de crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se
presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. Incorre na mesma pena cominada
ao § 2º, citado acima, aquele que usa, depois de alterado, qualquer dos papéis nele indicados.
Figura privilegiada (art. 293, § 4º): Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, de
competência do Juizado Especial Criminal, admitindo a transação penal e o rito sumaríssimo, em sintonia
com as disposições da Lei 9.099/1995. O tratamento penal mais suave se deve ao móvel do agente, que
não se dirige à lesão da fé pública, e sim em repassar a terceiro seu prejuízo patrimonial.

Os artigos 294 e 295 do C.P. estabelecem o crime de PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO.

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Temos como objeto jurídico a tutela da fé pública, no que diz respeito à confiabilidade e legitimidade
dos papéis públicos. O dispositivo veicula um autêntico “crime obstáculo” – o legislador, preocupado com
a falsificação de papéis públicos, não aguardou sua concretização para autorizar o Estado a exercer seu
poder punitivo, antecipando a tutela penal, incriminando condutas representativas de atos preparatórios
do crime tipificado no art. 293 do CP.
Objeto material: É o objeto especialmente destinado à falsificação dos papéis públicos especificados
art. 293 do Código Penal. A elementar “especialmente” relaciona-se à finalidade precípua do objeto
destinado à falsificação de papéis públicos, mas nada impede seja o bem utilizado também para outros
fins. Na hipótese de objeto destinado à falsificação de selo, fórmula de franqueamento ou vale postal,
estará configurado o crime definido no art. 38 da Lei 6.538/1978.
Núcleos do tipo: O tipo penal possui cinco núcleos: “fabricar” (criar, montar, construir ou produzir),
“adquirir” (comprar ou obter), “fornecer” (proporcionar, dar, vender ou entregar), “possuir” (ter a posse) e
“guardar” (manter, conservar ou proteger). Todos os verbos se ligam ao objeto especialmente destinado
à falsificação de papéis públicos. Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo
variado: há diversos núcleos, e a realização de mais de um deles, no tocante ao mesmo objeto material,
caracteriza um único delito.
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa (crime comum ou geral). Entretanto, se o sujeito ativo for
funcionário público, e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena da sexta parte,
com fulcro no art. 295 do Código Penal. Para a incidência da causa de aumento da pena não basta a
condição funcional: é imprescindível seja o delito executado em razão das facilidades proporcionadas
pela posição de funcionário público.
Sujeito passivo: É o Estado, interessado na preservação da fé pública no que diz respeito ao sistema
de emissão de papéis públicos.
Elemento subjetivo: É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite
a modalidade culposa.
Consumação: Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado:
consuma-se com a fabricação, aquisição, fornecimento, posse ou guarda dos objetos destinados à
falsificação, independentemente da sua efetiva utilização pelo agente ou por qualquer outra pessoa. Nos
núcleos “guardar” e “possuir” o crime é permanente, comportando a prisão em flagrante enquanto
perdurar a situação de contrariedade ao Direito; nas demais variantes, o crime é instantâneo.
Tentativa: Não é cabível, pois o legislador incriminou de forma autônoma atos representativos da
preparação do delito tipificado no art. 293 do Código Penal (falsificação de papéis públicos).
Ação penal: É pública incondicionada.

Observação: Lei 9.099/1995: Em razão da pena mínima cominada (um ano), trata-se de crime de
médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes os
demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995.

Petrechos de falsificação e falsificação de papéis públicos – unidade ou pluralidade de crimes: A


respeito do sujeito que possui objeto especialmente destinado à falsificação de papéis públicos e
efetivamente os falsifica há duas posições: 1ª) O agente deve ser responsabilizado pelos crimes de
petrechos de falsificação e de falsificação de papéis públicos, em concurso material. Tais crimes
consumam-se em momentos distintos, não havendo falar em absorção do em comento pelo crime definido
no art. 293 do CP. 2ª) Incide o princípio da consunção, resultando na absorção do crime-meio (petrechos
de falsificação), que funciona como fato anterior (ante factum) impunível, pelo delito-fim (falsificação de
papéis públicos).

FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO é o crime previsto no artigo 296 do CP.


De acordo com a redação constante no caput, bem como no §1 º do art. 296 do Código Penal, podemos
apontar os seguintes elementos que integram as figuras típicas: a) a conduta de falsificar, fabricando ou
alterando, selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; b) selo
ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião; c) a
conduta de usar selo ou sinal falsificado; d) utilização indevida de selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de
outrem ou em proveito próprio ou alheio; e) alteração, falsificação ou uso indevido de marcas, logotipos,
siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos da Administração Pública.
A falsificação poderá ocorrer por meio da contrafação, quando o agente fabrica, criando selo ou sinal
público, como também pela sua alteração, com a modificação do verdadeiro. Esta poderá ainda ocorrer,
sobre selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, aqui abrangidas as autarquias, por serem

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consideradas pessoas jurídicas de direito público, de natureza paraestatal. A autoridade mencionada no
inciso II do art. 296 do Código Penal, preleciona Mirabete, "é a que autentica seus documentos por meio
de selo ou sinal".
Também comete o delito em estudo, de acordo com a parte final do mencionado inciso II, aquele que
falsifica sinal público de tabelião.
O §1º do art. 296 do Código Penal prevê as mesmas penas para aquele que, embora não falsificando,
faz uso do selo ou sinal que sabe ser falsificado (inciso I), ou que utiliza o selo ou sinal verdadeiro em
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio (inciso II), ou, ainda, de acordo com o inciso III,
acrescentado ao §1º do art. 296 pela Lei nº 9.983, de 14 de julho de 2000, para o que altera, falsifica ou
faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores
de órgãos ou entidades da Administração Pública.
Dependendo da hipótese concreta, poderá ser considerado um tipo misto alternativo, a exemplo
daquele que fabrica e utiliza o selo por ele falsificado, ou tipo misto cumulativo, quando o agente, por
exemplo, vier a falsificar selo ou sinal público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou
de Município e, ainda, utilizar, indevidamente, o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em
proveito próprio ou alheio.
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa e, no caso de ser o agente funcionário público, a pena será
aumentada de sexta parte, desde que o faça em razão de sua função.
Sujeito passivo é o Estado, bem como aquelas pessoas que foram diretamente prejudicadas com a
utilização do selo ou sinal público falsificado.
A fé pública é o bem juridicamente protegido pelo tipo penal que prevê o delito.
O objeto material é o selo ou sinal público sobre o qual recai a conduta praticada pelo agente.
A consumação do delito ocorre quando o agente, nas hipóteses previstas na norma, efetivamente,
falsifica o selo ou o sinal público, levando a efeito sua fabricação ou alteração.
Como regra, será possível a tentativa, haja vista que, na maioria das hipóteses, estaremos diante de
um crime plurissubsistente.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO é o crime previsto no artigo 297 do CP.


A proteção do legislador é para a fé pública que devem dotar todos os documentos públicos, bem como
àqueles que lhes são equiparados.
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa e, no caso de ser o agente funcionário público, haverá
aumento de pena, desde que o faça em razão de sua função.
Sujeito passivo é o Estado, detentor da fé, a coletividade e também as pessoas que forem diretamente
lesadas pela conduta, fato que permite à vítima funcionar como assistente de acusação.
É de fundamental importância que se defina o que seja documento, pois é ele o objeto material do
crime.
O conceito de documento pode ser obtido através de diversos pontos de vista, entretanto, devemos
nos ater somente ao conceito sob o aspecto penal e para o direito penal documento é toda peça escrita
que condensa graficamente o pensamento de alguém, podendo provar um fato ou a realização de algum
ato de significação ou relevância jurídica. É a base das relações jurídicas e, quando emanado por alguém
que de qualquer forma está vinculado ao Estado, chamamos de público.
O documento tem como característica principal, ser uma coisa móvel, portanto, os inscritos em muros,
ou seja em qualquer imóvel, não considera-se documento.
Embora na essência não se pode dizer que um escrito a lápis não seja documento, por ser modificável
de forma muito simples, deixa de oferecer a garantia necessária, portanto, não pode ser considerado
como tal.
Escrito anônimo não se considera documento. O autor deve ser identificado pela assinatura ou o
conteúdo do escrito deve fazê-lo, quando a lei não exige assinatura.
Destes conceitos acima expostos, verifica-se que aqueles que não são escritos não se consideram
documentos, como fotografias, desenhos, pinturas, etc.
A reprodução de documento não o é, mas, se autenticado, tem o mesmo valor.
É fundamental a relevância jurídica do escrito para que se considere documento, ou seja, o
pensamento expresso deve possibilitar consequências no mundo jurídico, salvo esta possibilidade pode
ser somente instrumento de prova.
A descrição objetiva demonstra condutas de falsificar e alterar.
Falsificar significa criar o documento materialmente, contrafazer, ou seja, produz um documento com
as mesmas características do verdadeiro, como o fato daquele que pega um papel em branco e imprime
nele algo idêntico a uma carteira de identidade, ou seja, o documento é falsificado na sua matéria.

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Na modalidade alterar o sujeito ativo acrescenta dizeres ao documento, exclui alguns que constavam,
apaga determinadas indicações para apor outras.
Para diferenciar as duas condutas pode se utilizar o seguinte sistema. Quando o documento (papel) já
existe, a modalidade é alterar, entretanto se o documento não existia e o agente o cria, a modalidade é
falsificar.
Ao fato de substituir-se a fotografia da carteira de identidade por outra, segundo o entendimento de
alguns juristas, por ser ela de relevância no documento, caracteriza o crime de falsificação de documento
público, entretanto o entendimento dominante é de se tratar de crime de falsa identidade.
O crime se caracteriza com a falsificação total ou parcial do documento.
Quando se trata de documento nulo, a possibilidade de falsificação é discutida, havendo entendimento
de que, caso o documento seja somente anulável o crime pode perfeitamente existir, enquanto não
declarada a anulação, mas que quando se trata de nulidade absoluta, não é possível o crime. O
entendimento dominante é de que não transparecendo o documento algo de relevância jurídica o crime
não existe, mas, mesmo quando nulo, caso possa criar consequências no mundo jurídico, poderá ser
objeto material do crime.
Para se verificar se um documento é público, devemos ter presentes os seguintes requisitos a) redigido
por funcionário público; b) que ele seja competente para elaborá-lo; c) que esteja no exercício de suas
funções; e d) que sejam observadas as formalidades legais na sua confecção.
Documento particular com reconhecimento de firma não adquire a qualidade de público, salvo a parte
utilizada pelo funcionário do cartório quando do reconhecimento.
Existem alguns documentos que, embora particulares, são equiparados a documentos públicos, por,
de alguma forma, relacionar-se com a atividade estatal, e, portanto, necessitam de maior proteção.
Os documentos são: o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
O estudo de cada uma das instituições e documentos acima assinados fica a cargo dos outros ramos
do direito.
Seja qual for à natureza do documento, é de fundamental importância e para a caracterização do crime
é de que o conteúdo escrito tenha relevância jurídica, ou seja que deixe transparecer no mínimo a
possibilidade de dano caso ocorra a falsificação.
Como última característica da prática do crime tem-se a necessidade de que a falsificação busque a
imitação da verdade, ou seja, que realmente seja capaz de, devido a alteração, de enganar às pessoas
indeterminadas às quais será apresentado ou utilizado o documento.
O documento falsificado ou alterado de forma grosseira, a ponto de ser percebida a modificação por
pessoas leigas, não caracteriza o crime de falsificação de documento público, podendo, entretanto,
ocorrer outro, como o estelionato por exemplo.
Trata-se de crime que deixa vestígios e, portanto, necessário de faz a realização de perícia para a
comprovação da materialidade.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar a conduta descrita pelo legislador, não
havendo necessidade da existência de nenhuma finalidade especial.
A consumação do crime ocorre no momento da falsificação ou alteração, mesmo que haja a utilização
do documento posteriormente, ou que tenha havido por parte do agente, qualquer resultado querido,
desde que presente ao menos o perigo de dano para alguma pessoa, por isso é que se exige a relevância
jurídica do escrito contido no documento.
A possibilidade de ocorrência da tentativa é discutível entre os doutrinadores, havendo entendimento
de que não é possível a tentativa, face a necessidade de ser a falsidade, para caracterizar o crime,
semelhante ao documento original, portanto a tentativa faz com que esta característica não seja
preenchida e, portanto não se pode taxá-la de crime tentado.
Entretanto, outros doutrinadores aceitam a possibilidade da tentativa, por ser tratar o crime de
falsificação de documento público, plurissubsistente.
O § 1º do artigo 297 prevê caso de aumento e pena quando o crime é praticado por funcionário público,
desde que esteja ele se prevalecendo do cargo ou função, já que, neste caso, além da fé pública deque
é revestido o documento público, também há ofensa à moralidade administrativa.
Distinção que deve ser apontada se relaciona à troca de fotografia em documento de identidade,
havendo juristas que entende se tratar de crime de falsificação de documento público, enquanto outros
entendem se tratar de crime de falsa identidade.
Questão que deve ser abordada é o fato de, havendo a falsificação e também o uso do documento
falsificado por um mesmo agente, deve ele ou não responder pelos dois crimes, principalmente quando
o uso se faz para a prática de outros crimes, como o estelionato, por exemplo.

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Em relação ao crime de estelionato, existem quatro correntes a respeito. A primeira entende que o
agente responderá apenas por crime de estelionato, haja vista que a falsificação ou o uso do documento
falso foi crime meio para a prática do estelionato. A segunda corrente entende que a falsificação do
documento se sobrepõe a qualquer ardil e, portanto, o agente responderia somente pelo crime de falso,
ficando o estelionato absorvido. Uma terceira corrente entende que há, no caso, concurso material de
crimes, pois ambos são autônomos, com condutas e elementos diversos, portanto, o agente deve
responder pelos dois crimes. A última corrente entende se tratar de concurso formal e crimes, por estar
devidamente comprovadas dois resultados diversos e por considerar a falsificação equivalente ao ardil
utilizado, portanto, uma única conduta.
A mais lógica é a entende ocorrer no caso o concurso material de crimes.
Falsificar documento posteriormente à prática de crime de furto, com a finalidade de conseguir a venda
dos objetos subtraídos, caracteriza concurso material de crimes.

O artigo 298 do C.P. define o crime de FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR.


A definição objetiva do crime demonstra condutas e elementos, na sua grande maioria, idênticos às
do crime anterior, havendo distinção somente na origem, na natureza do documento falsificado, que,
neste caso se trata de documento particular, portanto se faz necessário somente estabelecer-se o
conceito de documento particular para diferenciá-lo do documento público, pois, o restante equivale-se
ao delito anterior.
Documento particular é o feito e assinados por particulares, não, sendo, então, emanados pelo poder
pública através de seus funcionários, com exceção daqueles enumerados pelo artigo 297 que, embora
de origem particular, são equiparados a documento público, portanto a melhor distinção entre documento
público e particular, reside na origem e o método mais simples é definir documento particular, como aquele
que não é público.

O artigo 299 do C.P. estabelece o crime de FALSIDADE IDEOLÓGICA.


Neste crime o documento, materialmente é verdadeiro, fato que o distingue dos crimes estudados
anteriormente.
O objetivo do legislador continua a fé pública, que deve revestir os documentos que contém escrito de
relevância jurídica e, neste crime a proteção é idêntica ao documento público e particular.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo deste crime e, sujeito passivo é o Estado, titular dos
mandamentos demonstradores da fé pública.
A descrição objetivo indica três modalidades de conduta para a prática do crime.
A primeira delas é omitir, ou seja, o fato de silenciar a respeito de determinado fato que deve constar
do documento e, embora o verbo indique uma negação sem dúvida nenhuma a conduta é comissiva, pois
na realidade, quando o agente omitiu dados que deveriam constar do documento o está fazendo de forma
incompleta, e, fazer, indica uma ação.
A segunda modalidade de conduta implica em inserir, ou seja, colocar, incluir, logicamente que com
ato próprio do agente, quando ele é o responsável pela confecção do documento.
Por fim se tem a conduta de fazer inserir, ou seja, praticar o crime de modo indireto, quando terceira
pessoa é a responsável pela feitura do documento (falsidade mediata).
Sem sombras de duvidas aquilo que é inserido no documento é a declaração falsa, ou a diversa
daquela que realmente deveria constar no documento.
O legislador inclui na descrição do crime um objetivo por parte do agente que, ao realizar uma das
condutas deve ter por escopo prejudicar direito ou criar obrigação, ou que os dados se relacionem a fatos
jurídicos relevantes, quando não houver os objetivos acima citados, portanto, a relevância jurídica do fato
ou do ato devem estar presentes e, caso contrário, se forem inócuas, o crime estará descaracterizado.
É bom lembrar que os requerimentos ou petições feitas à administração pública, não se revestem de
caráter de documento, por não estarem preenchidos os requisitos, portanto, as declarações falsas
contidas nestes papéis, não caracterizam o crime.
Os dados inverídicos que constam do documento, por fim, devem ser possíveis, pois, caso contrário,
a exemplo da falsificação grosseira, não haverá a prática do crime, como o caso da falsidade em relação
a filho menor, por parte do pai, para que o mesmo participe de um baile, pois, neste caso não há relevância
alguma em relação ao fato.
Discute-se na doutrina o caso do preenchimento de papel assinado em branco, havendo correntes no
sentido de que tal conduta caracteriza falsidade de documento particular, portanto, material e, outra
corrente entende se tratar de falsidade ideológica, pois o agente, neste caso estaria inserindo no papel
declaração que dele não deveria constar.

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Entretanto o fato deve ser analisado sob o seguinte ponto de vista: caso a pessoa que assinou o papel
em branco, havia combinado anteriormente com o agente os dados que dele deveriam constar, o crime
será de falsidade ideológica, mas, caso não houvesse o prévio ajuste, todas as palavras no papel
colocadas seriam contrafação, portanto, falsidade material.
A subjetividade exige a presença do dolo, que consiste na vontade de praticar uma das condutas
descritas pelo legislador, tendo o agente ciência de que a declaração é falsa ou se verdadeira, diversa
daquela que deveria constar no documento.
Deve ser preenchido, também, o elemento subjetivo do tipo, ou seja, a finalidade específica de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar verdade sobre fato juridicamente relevante.
Também deve estar presente o potencial de dano, ainda que o agente não o pretenda.
A consumação do crime ocorre no momento em que o agente se omite ou insere os dados de forma
direta ou indireta.
A tentativa somente é possível na forma de inserir, pois, nas duas outras duas modalidades não é
possível a tentativa, embora haja entendimento de que a tentativa somente não é possível na forma omitir,
prevalecendo nas demais.
Caso o crime seja praticado por funcionário público, prevalecendo-se do seu cargo, ou se refira ao
registro civil, haverá a forma qualificada, conforme dispõe parágrafo único do artigo 299.
Quando se trata de documento público, algumas condutas podem não caracterizar-se como crime de
falsidade ideológica, tais como o registro de nascimento (artigo 241) ou de certidão (artigo 301).
No caso de a mesma pessoa falsificar e utilizar o documento, responderá somente pela falsidade.

O artigo 300 do C.P. prevê o crime de FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA.


A fé pública continua a ser a proteção do legislador.
Trata-se de crime próprio e sujeito passivo deve ser pessoa responsável pelo reconhecimento e que,
portanto, tem fé pública, tais como o tabelião de notas, os escreventes de cartório e, deve ser lembrado
o fato de que o responsável pelo reconhecimento não é necessariamente quem assina, mas, quem
confere a assinatura ou a letra, portanto, este será considerado sujeito ativo do crime.
Se o reconhecimento for feito por pessoa não dotada da fé pública, não ocorrerá este crime, mas o
crime de falsificação de documento público ou particular.
O Estado é o sujeito passivo do crime, mas, caso haja um prejudicado também será ele considerado
sujeito passivo do crime.
A descrição objetiva exige conduta de reconhecer firma ou letra como verdadeira e por firma deve se
entender a assinatura e por letra, tudo aquilo que consta de determinado manuscrito.
O reconhecimento tem a função de atestar como verdadeira determinada assinatura ou letra.
Pode o reconhecimento ser autêntico, quando o funcionário responsável pelo reconhecimento vê o
autor da assinatura ou manuscrito o fizera fora das vistas do funcionário, mas, perante este declara ser
sua a assinatura ou letra. Pode, ainda, ser por semelhança, forma mais comum, onde o funcionário
responsável compara a assinatura ou letra constante de determinado papel com os dados constantes de
seu arquivo, verificando a semelhança entre elas. Por fim pode ser o reconhecimento indireto, quando
feito por testemunhas, duas no mínimo, comparecendo na presença do tabelião e afirmando que a letra
ou assinatura pertencem a determinada pessoa.
A subjetividade exige a presença do dolo, vontade de falsamente reconhecer a firma ou letra, aliado
ao conhecimento, por parte do agente de que não são verdadeiras e a dúvida entre a veracidade ou não
caracteriza o dolo eventual, não havendo forma culposa para o crime.
A consumação do crime ocorre quando o agente termina o atestado da veracidade da firma ou letra,
ainda que o documento não tenha sido entregue ao interessado, ou que ocorra dano para terceira pessoa.
Nada impede a ocorrência de tentativa.
Se o reconhecimento de firma ou letra for com fins eleitorais, o crime está previsto no artigo 352 do
Código Eleitoral.

O artigo 301 do C. P. estabelece o crime de CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE


FALSO.
Idêntico é o objetivo do legislador.
O crime somente pode ser praticado por funcionário que tenha competência para certificar ou atestar,
portanto, trata-se de crime próprio e, o deve fazer quando exerce a função pública.
As condutas previstas na descrição do tipo em estudo são Atestar, que significa afirmar provando algo
em caráter oficial e certificar, que significa afirmar confirmando a verdade de determinado fato, também
relacionado ao caráter público.

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A falsidade não necessita ser completa, pois o legislador, ao descrever o crime, fala, que tem
conotação de integral, mas também de circunstância, que pode consistir perfeitamente em parte de
determinado fato.
Exigência do legislador, também é que a falsidade se dirija a obtenção de cargo público, isenção de
ônus ou de serviço de caráter público ou, ainda, numa fórmula genética, qualquer outra vantagem, termo
que deve ser interpretado restritivamente, como fatos semelhantes de caráter público e, sem estas
finalidades, não haverá o crime em estudo.
A subjetividade exige o, dolo, ou seja, a vontade de atestar ou certificar falsamente determinado fato
ou circunstância, aliando á ciência por parte do funcionário que são inverídicos e o conhecimento de que
o atestado ou certidão será utilizado para a obtenção de cargo público, isenção de ônus ou serviço de
caráter público, ou, ainda, qualquer outra vantagem equivalente.
A consumação do crime ocorre no momento em que o agente conclui o atestado ou certidão, mesmo
que não haja a entrega a seu destinatário, nem que este consiga o objetivo visado. Há entendimento na
jurisprudência, entretanto de que a consumação se dá no momento em que se inicia a utilização da
certidão ou atestado para os fins que fora expedido.
A possibilidade de tentativa se equivale ao crime de falsidade ideológica.
O § 1º do artigo 301 prevê a falsidade material do atestado ou certidão e devem ser utilizados nesta
disposição os conhecimentos relativo a falsificação de documento, por serem idênticas as condutas.
Caso o agente com a conduta, vise lucro, de forma qualificada passa ser o crime, e além da pena de
prisão, será aplicada cumulativamente a pena de multa.

O artigo 302 do C. P. define o crime de FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO.


Trata-se de crime próprio e o sujeito ativo pode ser somente o médico, desde que esteja no exercício
de sua profissão, e, embora outras pessoas possam emitir atestado, como o veterinário, por exemplo,
sua conduta vai caracterizar o crime de falsidade ideológica, mas não o de falsidade de atestado médico.
Sujeito passivo do crime continua a ser o Estado, mas também qualquer outra pessoa que venha a
sofrer alguma espécie de dano pela utilização do atestado.
A conduta prevista na descrição objetiva é atestar, que significa afirmar a existência de alguma doença
ou, ainda a inexistência dela, desde que o médico o faça de forma falsa, ou seja, atestando a doença
quando ela não existe, ou se trata de outra e quando atesta a saúde, quando na realidade o beneficiário
se encontra doente, ou como exemplo, atestar uma morte sem que tenha o médico realizado o exame no
cadáver.
A subjetividade exige a presença do dolo, ou seja, vontade de fornecer o atestado falso, desde que o
médico tenha ciência da falsidade de seu conteúdo, por isso, não caracteriza o crime o erro de diagnóstico
e o legislador não faz referência a finalidade alguma na utilização de atestada falso.
A consumação do crime ocorre no momento em que o médico entrega o atestado ao beneficiário,
entretanto, não há necessidade de ocorrência de resultado lesivo e a tentativa é perfeitamente possível.
O parágrafo único do artigo prevê forma qualificada caso o médico tenha intenção de lucro, quando
então será aplicada, também a pena de multa.
Sendo o médico funcionário público e realizar a conduta utilizando-se de sua função, como por
exemplo, o atestado fornecido habilite terceiro a obter vantagem de natureza pública, como
aposentadoria, o crime será o do art. 301. Por sua vez, se é funcionário público e o atestado, em razão
de oficio, é fornecido mediante a solicitação ou recebimento de alguma vantagem, o crime será de
corrupção passiva (art. 317 CP).
Quem utiliza o atestado falso responderá pelo crime de uso de documento falso.

O crime tipificado no art. 303 do Código Penal foi tacitamente revogado pelo art. 39 da Lei 6.538/1978.
Trata-se de lei relacionada ao serviço postal e, portanto, específica, além de ser posterior ao art. 303 do
Código Penal.

Art. 39. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica de valor para coleção, salvo quando a
reprodução ou a alteração estiver visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
Pena: detenção, até dois anos, e pagamento de três a dez dias-multa.
Forma assimilada
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas, quem, para fins de comércio, faz uso de selo ou peça
filatélica de valor para coleção, ilegalmente reproduzidos ou alterados

O artigo 304 do C. P. prevê o crime de USO DE DOCUMENTO FALSO.

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Idênticos são os objetivos e os sujeitos do presente delito.
A conduta descrita na parte objetiva do dispositivo é fazer uso, ou seja utilizar o documento material
ou ideologicamente falso, entretanto a utilização, para caracterizar o crime deve ser no sentido do destino
do documento falsificado.
A utilização do documento pode ser judicial, quando entrando ou fazendo parte de algum procedimento
judicial ou extrajudicial, na medida em que o uso não se relacione à atividade judiciária.
Para a caracterização do crime também é fundamental que sua utilização seja espontânea por parte
do agente, por isso o fato do policial retirar do bolso o documento falso, não caracteriza o crime de uso
de documento falso.
Natural, ainda, que o documento falso utilizado, preencha as características das falsificações previstas
nos artigos anteriores e, portanto, devem se assemelhar a verdadeiros além de estar presente a
relevância jurídica no fato a ser praticado.
A subjetividade exige o dolo, vontade de usar o documento falso, aliado a consciência por parte do
agente de que se trata de documento falsificado, sem importância a respeito da finalidade do uso.
A consumação do crime ocorre no momento em que o documento falso é apresentado
espontaneamente a pessoa a ser iludida pela falsificação, mesmo que o agente não obtenha proveito
com o ato e a tentativa não é possível.
A jurisprudência discute o uso do documento falsificado pelo próprio falsário.
Uma corrente entende que o agente responderá pelo crime de falso, sendo o uso pós factum não
punível, apenas exaurimento do crime de falso.
Outra corrente entende que o crime de falso é meio para o crime de uso de documento falso e, portanto,
pelo princípio da absorção o agente responderá somente pelo crime de uso.
Há entendimento de que se trata de concurso material de crimes e o agente responderá pelos dois
crimes.
Será competente para julgamento do crime de uso o local onde o documento falso foi utilizado.

O artigo 305 do C.P. prevê o crime de SUPRESSÃO DE DOCUMENTO.


Idênticos o objetivo e os sujeitos do delito.
São três as modalidades de conduta na descrição objetiva do tipo.
A primeira delas é destruir, que significa desfazer destruir, que significa desfaz, eliminar, tal como
queimar, dilacerar, ou ainda, qualquer ação sobre o documento que faça perder sua essência, quer seja
a destruição total ou parcial.
A segunda conduta prevista é suprimir, ou seja, fazer desaparecer o documento sem que haja sua
destruição, tal como riscar o documento, atirar tinta nele, tornando-o imprestável, sem que se consiga sua
destruição.
A terceira conduta prevista é ocultar, que significa esconder, tirar do alcance de outra pessoa, sendo
praticado o crime seja qual for a forma através da qual o agente tenha obtido o documento, mesma que
seja de forma ilícita. Nesta conduta pode ser incluída a sonegação, quando o agente é chamado a
apresentar o documento e não apresenta.
Não caracteriza o crime se a conduta recair sobre cópia, atestados, certidões, pois, de forma fácil se
consegue o documento original, como a duplicata, que poderá ser substituída pela triplicata.
Não se preocupa o legislador com a origem do documento, podendo ser público ou privado para a
caracterização do crime.
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar uma das condutas, aliado ao elemento
subjetivo, pois deve o agente praticar o crime em proveito próprio ou de terceiro ou ainda em prejuízo
alheio, podendo ser o proveito ou o prejuízo de qualquer natureza, mesmo que moral.
A consumação ocorre com a conduta, mesmo não obtendo o agente o proveito ou causando o prejuízo
e a tentativa é possível, como no caso do documento que foi rasgado pelo agente e reconstituído por
outra pessoa.
No caso de crimes de furto, dano e apropriação indébita cujo objeto seja documento, haverá a absorção
do delito de supressão de documento.

O artigo 306 do C.P. disciplina o crime de FALSIFICAÇÃO DO SINAL EMPREGADO NO


CONTRASTE DE METAL PRECIOSO OU NA FISCALIZAÇÃO ALFANDEGÁRIA, OU PARA OUTROS
FINS.
O tipo penal visa tutelar a fé pública, no que diz respeito à confiança da sociedade nas marcas ou
sinais empregados pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou
sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou para comprovar o cumprimento de
formalidade legal.

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São núcleos do tipo: falsificar e usar.
- Falsificar é imitar, reproduzir ou modificar a marca ou sinal empregado no contraste de metal
precioso ou na fiscalização alfandegária. A falsificação pode se dar mediante fabricação (contrafação),
com a formação ou reprodução integral da marca ou sinal, ou alteração, na qual se efetua a modificação
da marca ou sinal, para que passe a ostentar, mediante acréscimo ou supressão, composição diferente
da original. A falsificação, assim como nos demais crimes contra a fé pública, deve ser idônea a ludibriar
as pessoas em geral. Se for grosseira, facilmente perceptível, incidirá a regra inerente ao crime impossível
(CP, art. 17), excluindo-se a tipicidade do fato.
- Usar é empregar ou utilizar a marca ou sinal falsificados por outrem.
Se a mesma pessoa que falsifica (falsário) vem a usar a marca ou sinal empregado pelo poder público
no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, deverá ser responsabilizada unicamente
pelo crime na modalidade “falsificar”, pois o uso representa mero fato posterior impunível, funcionando
como desdobramento normal do delito. Na modalidade “usar”, é imprescindível que seja a conduta
praticada por pessoa diversa do falsificador da marca ou sinal, pois este responderá unicamente pela
contrafação ou alteração.

O artigo 307 do C.P. define o crime de FALSA IDENTIDADE.


Pode ser sujeito ativo do crime em estudo qualquer pessoa e, sujeito passivo é o Estado, bem como
qualquer pessoa que, eventualmente sofra algum com a conduta.
A descrição objetiva demonstras duas condutas para a caracterização do crime.
A primeira é atribuir-se, que significa tomar a si a identidade de outra pessoa. Identidade pode ser
definida de forma bem simples como o conjunto de característica que individualizam uma pessoa, tal
como o nome, a idade, o sexo, a cor da pelo, dos olhos, do cabelo, etc.
Assim, pratica o crime não só a pessoa que atribui a si o nome de outra pessoa, mas também aquele
que se passa por sexo diverso do seu, que procura imitação de outra pessoa em seus gestos, inclusive
defeitos físicos.
Não ocorrerá o crime, entretanto, se o agente somente dissimula sua própria identidade, sem atribuir-
se a identidade de outra pessoa.
É fundamental para a caracterização do crime que a conduta seja suficiente no sentido do agente se
passar por outra pessoa, caso contrário o crime não ocorre.
A segunda conduta é atribuir a outra pessoa falsa identidade, ou seja, apresentar determinada pessoa
por outra, fazer a indicação de que determinada pessoa se trata de Beltrano, quando na realidade é
Fulano.
Para a prática do crime é fundamental que o agente pretenda obter vantagem em proveito próprio ou
de terceiro, seja qual for a natureza da vantagem, desde que seja indevida, pois, se devida, não haverá
a prática do crime.
Sem dúvida alguma a conduta deve enganar alguém, pois, se grosseira a falsa identidade o crime não
se caracteriza.
Exemplo não aceito totalmente pelos doutrinadores, mas que deve ser apresentado é o caso do
travesti, que se passa por mulher quando na realidade não é.
Outra discussão apresentada gira no sentido de estar ou não caracterizado o crime no caso de pessoa
que se apresenta por outra ao ser interrogado, havendo decisões em ambos os sentidos, sendo, contudo
o posicionamento do STJ pela existência do crime, ainda que em situação de alegada autodefesa.

Súmula 522, do STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica,
ainda que em situação de alegada autodefesa.

A subjetividade exige o dolo que consiste na vontade de praticar a conduta, aliado ao elemento
subjetivo do injusto, que consiste no fim especial de obter vantagem indevida para si ou para outrem
A consumação ocorre no momento quando o agente se atribui outra identidade ou a atribui a terceiro,
independentemente de ter o agente conseguido ou não a vantagem e a tentativa é possível, por se tratar
de crime plurissubsistente.
Há entendimento de que a conduta de substituir a fotografia em documento de identidade, caracteriza
o crime em estudo, mas, outros entendem que, no caso, o crime é de falsificação de documento público.
A falsa identidade para a prática de estelionato é por ele absorvido.
Dizer-se funcionário público caracteriza a contravenção prevista no artigo 45 e a utilização de uniforme,
distintivo ou sinal indevidamente está previsto no artigo 46 da L.C.P.

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O artigo 308 do C.P. estabelece o crime de USO DE DOCUMENTO DE IDENTIDADE ALHEIA.
Idênticos são o objetivo do legislador e os sujeitos do delito.
A descrição objetiva prevê duas modalidades de conduta.
A primeira é usar como próprio, que significa utilizar como se fosse seu, documento de identidade
alheia, seja qual for a finalidade.
A segunda conduta é ceder, que significa entregar a outra pessoa, transferir a posse de documento de
identidade de terceira pessoa para que aquele que recebe o utilize.
O legislador especifica quais os documentos são considerados como objeto do presente crime,
entretanto, se refere a outros de maneira genérica a ponto de se dizer que não são somente os indicados
no artigo que caracterizam o crime, mas, qualquer documento que sirva como identidade alheia, tendo
fotografia ou não, embora haja entendimento contrário.
A carteira de identidade estudantil, por não conter dados essenciais a respeito da identidade, não se
considera como objeto do crime.
A subjetividade exige a presença do dolo que consiste na vontade de usar o documento de identidade
alheia ou transferir para que terceiro o utilize, desde que o agente tenha consciência de que utiliza ou
cede o documento que não lhe pertence, bem como não pertença ao terceiro, havendo entendimento de
que neste caso, cessão, deve estar preenchido, também o elemento subjetivo no tipo que consiste na
finalidade de uso por parte do terceiro.
A consumação do crime na primeira conduta ocorre com o uso e, na segunda modalidade se consuma
com a cessão, não praticando crime a pessoa que não recebe, salvo se utiliza quando praticará o crime
na primeira modalidade de conduta.
A tentativa somente é admissível na modalidade de cessão.

O crime de ADULTERAÇÃO DE SINAL DE VEÍCULO AUTOMOTOR previsto no artigo 311 do CP,


tem a finalidade de coibir a crescente comercialização clandestina de veículos automotores e de suas
peças, e subsiste em vigor nos dias atuais, não tendo sido revogado com o advento da Lei 9.503/1997 –
Código de Trânsito Brasileiro. Antes da entrada em vigor da Lei 9.426/1996, não havia como combater a
ação espúria de proprietários de oficinas mecânicas e demais pessoas capacitadas para o conserto de
veículos automotores que, depois de praticados crimes contra o patrimônio, auxiliavam seus responsáveis
a permanecerem incólumes ao Estado, mediante a adulteração ou remarcação de sinais identificadores
dos automóveis. Como tais indivíduos somente intervinham depois de consumado o delito patrimonial,
não podiam ser considerados coautores ou partícipes deste. Consequentemente, esta lacuna legislativa,
atualmente superada pelo art. 311 do Código Penal, contribuía para o aumento dos crimes contra o
patrimônio, deixando impunes aqueles que colaboravam para comportamentos deste jaez.
O objeto jurídico tutelado pela norma é a fé pública, no que diz respeito à proteção da propriedade e
da segurança no registro de automóvel. A lei se preocupa, portanto, com a autenticidade dos sinais
identificadores de veículo automotor

O art. 311-A do CP prevê o crime de FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO. Este


crime foi incorporado ao Código Penal pela Lei 12.550/2011, a qual autorizou o Poder Executivo a criar a
empresa pública unipessoal denominada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH. Fica
fácil notar, portanto, que a matéria disciplinada neste diploma legal, na quase totalidade do seu texto (arts.
1º a 17), não guarda nenhuma relação com as fraudes em certames de interesse público. Diante das
inúmeras falcatruas cometidas em provas e concursos, causadas pela péssima (ou nenhuma) fiscalização
promovida pelo Estado e pelo desvirtuamento de conduta dos responsáveis pela promoção dos certames
em geral, o legislador agiu às pressas e aproveitou-se de um projeto de lei em vias de aprovação para
nele incluir o crime em comento no Código Penal.
- Objeto jurídico: O bem jurídico penalmente tutelado é a fé pública, no tocante à lisura, à
impessoalidade, à moralidade, à isonomia, à probidade e à credibilidade depositadas nos certames de
interesse público, notadamente em face do seu caráter sigiloso. Tais características asseguram a todos
os interessados, e também à coletividade, a garantia da disputa de vagas em igualdade de condições,
possibilitando a escolha dos mais capacitados unicamente pelo mérito, de forma democrática e em
sintonia com os anseios da sociedade. Portanto, no âmbito da teoria constitucional do Direito Penal, o
delito em apreço encontra seu fundamento de validade em vários dispositivos da Lei Suprema,
especialmente no art. 5º, caput (princípio da isonomia), e no art. 37, caput (princípios da impessoalidade
e da moralidade da Administração Pública).
- Núcleos do tipo: O tipo penal contém dois núcleos: “utilizar” e “divulgar”. Utilizar é empregar, fazer
uso ou aproveitar-se de alguma coisa. Divulgar, por sua vez, equivale a tornar público, dar conhecimento
ou comunicar algo, ainda que a uma única pessoa. Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação

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múltipla ou de conteúdo variado, pois se o sujeito realizar ambas as condutas, no tocante ao mesmo
objeto material, estará caracterizado um único delito. Sem prejuízo, a fraude em certames de interesse
público é crime de forma livre, compatível com os mais variados meios de execução: palavras, gestos,
escritos, etc.
- Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa (crime comum ou geral). Se o crime for praticado por
funcionário público, a pena será aumentada de 1/3, a teor da regra inserida no § 3º do dispositivo em
comento. O conceito de funcionário público – próprio e também por equiparação – encontra-se no art.
327, caput e § 1º, do CP.
- Sujeito passivo: No plano imediato, sujeito passivo é o Estado, titular da fé pública. Em plano
secundário ou mediato, as pessoas físicas (exemplos: candidatos reprovados, candidatos aprovados em
colocação inferior à merecida, todos os inscritos lesados pela anulação do certame e interesse público
em razão da fraude etc.) ou jurídicas (exemplos: entes públicos ou privados que iniciaram o certame,
empresas promotoras dos processos seletivos, exames, concursos ou avaliações etc.) prejudicadas pela
conduta criminosa.
- Elemento subjetivo: É o dolo, direto ou eventual. O tipo penal reclama um especial fim de agir
(elemento subjetivo específico), representado pelas expressões “com o fim de beneficiar a si ou a outrem”
ou “com o fim de comprometer a credibilidade do certame”. Não se admite a modalidade culposa. Desta
forma, não caracteriza o crime em análise a conduta daquele que, com negligência, divulga
indevidamente conteúdo sigiloso de concurso público, avaliação ou exame públicos, processo seletivo
para ingresso no ensino superior ou exame ou processo seletivo previstos em lei.
- Consumação: Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado:
consuma-se com a utilização ou divulgação indevida do conteúdo sigiloso de concurso público, avaliação
ou exame públicos, processo seletivo para ingresso no ensino superior ou exame ou processo seletivo
previstos em lei, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame
de interesse público. Não se exige a obtenção de benefício próprio ou de terceiro, nem o efetivo
comprometimento da credibilidade do certame. Prescinde-se da causação de dano real à Administração
Pública. Esta conclusão torna-se inquestionável com a simples leitura do § 2º do dispositivo.
- Tentativa: Admite, em face do caráter plurissubsistente do delito, permitindo o fracionamento do iter
criminis.
- Ação penal: É pública incondicionada, em todas as variantes do crime.
- Lei 9.099/1995: Em sua modalidade fundamental (art. 311-A, caput), a fraude em certames de
interesse público constitui-se em crime de médio potencial ofensivo. A pena privativa de liberdade
cominada em seu patamar mínimo – reclusão, de 1 (um) ano – autoriza a suspensão condicional do
processo, desde que presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995.35 Este
benefício não será cabível na hipótese de crime cometido por funcionário público, como corolário da
incidência da causa de aumento da pena contida no § 3º.

Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

TÍTULO X
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
CAPÍTULO I
DA MOEDA FALSA

Moeda Falsa
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.

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Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas
ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à
circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais
condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por
funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso,
em razão do cargo

Petrechos para falsificação de moeda


Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Emissão de título ao portador sem permissão legal


Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de
pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste
artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.

CAPÍTULO II
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

Falsificação de papéis públicos


Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à
arrecadação de tributo;
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;
III - vale postal;
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento
mantido por entidade de direito público;
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas
ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou
por Município:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo;
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação
selo falsificado destinado a controle tributário;
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua
aplicação.
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente
utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
parágrafo anterior.
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou
alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre
na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em
residências.

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Petrechos de falsificação
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação
de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se
a pena de sexta parte.

CAPÍTULO III
DA FALSIDADE DOCUMENTAL

Falsificação do selo ou sinal público


Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de
tabelião:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio
ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos
utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a
pena de sexta parte.

Falsificação de documento público


Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a
pena de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal,
o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis
e o testamento particular.
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante
a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir
efeito perante a previdência social, declaração
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da
empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Falsificação de documento particular (Redação dada pela Lei nº 12.737, de 2012)


Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito
ou débito.

Falsidade ideológica
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir
ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos,
e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou
se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

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Falso reconhecimento de firma ou letra
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa,
se o documento é particular.

Certidão ou atestado ideologicamente falso


Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite
alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Falsidade material de atestado ou certidão


§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de
ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de
multa.

Falsidade de atestado médico


Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica


Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a
reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça
filatélica.

Nota: como já mencionado acima o crime tipificado no art. 303 do Código Penal foi tacitamente
revogado pelo art. 39 da Lei 6.538/1978.

Uso de documento falso


Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a
302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Supressão de documento
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,
documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco
anos, e multa, se o documento é particular.

CAPÍTULO IV
DE OUTRAS FALSIDADES

Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária,


ou para outros fins
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no
contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza,
falsificado por outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de
fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento
de formalidade legal:
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.

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Falsa identidade
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza,
próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.

Fraude de lei sobre estrangeiro


Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território
nacional:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a
estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

Adulteração de sinal identificador de veículo automotor


Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor,
de seu componente ou equipamento:)
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é
aumentada de um terço.
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro
do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.

CAPÍTULO V
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO

Fraudes em certames de interesse público


Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
autorizadas às informações mencionadas no caput.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público.

DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO


CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

PECULATO – art. 312

O peculato visa proteger a probidade administrativa (patrimônio público). Em todas as modalidades de


peculato, tutela-se a Administração Pública, tanto em seu aspecto patrimonial, consistente na
preservação do erário, como também em sua face moral, representada pela lealdade e probidade dos
agentes públicos.

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O sujeito ativo é o funcionário público e o sujeito passivo é o Estado, visto como Administração
Pública. Pode existir um sujeito passivo secundário (particular).
O pressuposto do peculato é a posse da coisa pela Administração Pública. O dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel precisa estar na posse do funcionário público. A palavra deve ser interpretada
em sentido amplo, abrangendo tanto a posse direta como a posse indireta, e também a detenção. A lei é
clara ao exigir que a posse deva ser em razão do cargo: é imprescindível a relação de causa e efeito
entre ela (posse) e este (cargo). Não é pelo fato de ser funcionário público que o sujeito deve
automaticamente responder pelo crime de peculato. A finalidade da lei é outra. Somente estará
caracterizado o crime de peculato quando o sujeito comete a apropriação, o desvio ou a subtração em
razão das facilidades proporcionadas pelo seu cargo.

Podemos dividir o peculato em dois grandes grupos; doloso e culposo:


a) Peculato Doloso:
- Peculato-apropriação: art. 312, caput, primeira parte.
- Peculato-desvio: art. 312, caput, segunda parte.
- Peculato-furto: art. 312, § 1.º.
- Peculato mediante erro de outrem: art. 313.

b) Peculato Culposo:
- O peculato culposo está descrito no art. 312, § 2.º, do Código Penal.

1. PECULATO APROPRIAÇÃO:
a) apropriar-se;
b) funcionário público;
c) dinheiro, valor, bem móvel, público ou privado;
d) posse em razão do cargo;
e) proveito próprio ou alheio.

Elementos objetivos do tipo: O núcleo é “apropriar-se”, ou seja, fazer sua a coisa alheia. A pessoa
tem a posse e passa a agir como se fosse dona. O agente muda a sua intenção em relação à coisa. O
fundamento é a posse lícita anterior.
No caso da posse em razão do cargo, temos que a posse está com a Administração. O bem tem de
estar sob custódia da Administração. Exemplo: Um automóvel apreendido na rua vai para o pátio da
Delegacia; o policial militar subtrai o aparelho de DVD. Ele praticou peculato-furto, pois não tinha a posse
do bem. Se o funcionário fosse o responsável pelo bem, seria caso de peculato-apropriação. Se o carro
estivesse na rua, seria furto.
No “peculato-apropriação” e no “peculato mediante erro de outrem” o núcleo do tipo é a apropriação,
ou seja, a posse anterior lícita; a diferença está no erro de outrem.

Objeto material: Dinheiro, valor ou bem móvel. Tudo que for imóvel não é admitido no peculato. O
crime que admite imóvel é o estelionato.

Consumação: A consumação do peculato-apropriação se dá no momento em que ocorreu a


apropriação: quando o agente inverteu o animus, quando passou a agir como se fosse dono.

2. PECULATO-DESVIO: Artigo 312, Segunda Parte, do Código Penal. No peculato-desvio o que muda
é apenas a conduta, que passa a ser “desviar”. Desviar é alterar a finalidade, o destino. Exemplo: existe
um contrato que prevê o pagamento de certo valor por uma obra. O funcionário paga esse valor, sem a
obra ser realizada. Nesse caso, há peculato-desvio. Liberação de dinheiro para obra superfaturada
também é caso de peculato-desvio.

Elemento subjetivo do tipo: O elemento subjetivo do tipo é a intenção do desvio para proveito próprio
ou alheio. O funcionário tem de ter a posse lícita da coisa. Se alguém desviar em proveito da própria
Administração, haverá outro crime, qual seja, uso ou emprego irregular de verbas públicas (art. 315 do
CP).

3. PECULATO-FURTO: Artigo 312, § 1.º, do Código Penal. Funcionário público que, embora não tendo
a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou

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alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Nesse caso é aplicada a
mesma pena.
A conduta é subtrair, ou seja, tirar da esfera de proteção da vítima, de sua disponibilidade. Outra
conduta possível é a de concorrer dolosamente.
Não basta ser funcionário público; ele precisa se valer da facilidade que essa qualidade lhe proporciona
(a execução do crime é mais fácil para ele). Por facilidade, entende-se crachá, segredo de cofre etc. Um
funcionário público pode praticar furto ou peculato-furto, dependendo se houve, ou não, a facilidade.

Consumação e tentativa: O crime consuma-se com a efetiva retirada da coisa da esfera de vigilância
da vítima. A tentativa é possível.

4. PECULATO CULPOSO: Artigo 312, § 2.º, do Código Penal. São requisitos do crime de peculato
culposo: a conduta culposa do funcionário público e que terceiro pratique um crime doloso, aproveitando-
se da facilidade provocada por aquela conduta.

Consumação e tentativa: Peculato culposo é crime independente do crime de outrem, mas estará
consumado quando se consumar o crime de outrem. Não há tentativa de peculato culposo, pois não existe
tentativa de crime culposo. Se o crime de outrem é tentado, este responderá por tentativa, porém o fato
é atípico para o funcionário público.

Reparação de danos no peculato culposo – Artigo 312, § 3.º, do Código Penal: É a devolução do
objeto ou o ressarcimento do dano. É preciso ficar atento para as seguintes regras:
- Se a reparação do dano for anterior à sentença irrecorrível (antes do trânsito em julgado – primeira
ou segunda instância), extingue a punibilidade.
- Se a reparação do dano for posterior à sentença irrecorrível (depois do trânsito em julgado), ocorre
a diminuição da pena, pela metade.

Atenção: No peculato doloso não se aplicam essas regras.

5. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM - Art. 313: Não é um estelionato, pois o erro da vítima
não é provocado pelo agente. O núcleo do tipo é apropriar-se (para tanto, é preciso posse lícita anterior).
Na verdade, é um peculato-apropriação, diferenciado pelo erro da vítima.
O erro de outrem tem de ser espontâneo, e o recebimento, por parte do funcionário de boa-fé. Não há
fraude. Exemplo: Pessoa deve dinheiro para a Prefeitura, erra a conta e paga a mais. O funcionário recebe
o dinheiro sem perceber o erro. Depois, ao perceber o erro, apropria-se do excedente – trata-se de
peculato mediante erro.
O elemento subjetivo é o dolo de se apropriar. O crime consuma-se no momento da apropriação, ou
seja, no momento em que o agente passa a agir como se fosse dono.
Em síntese, o erro da pessoa que entrega o dinheiro ou qualquer outra utilidade (vítima) deve ser
espontâneo, pouco importando qual a sua causa; se dolosamente provocado pelo funcionário público,
estará configurado o crime de estelionato (art. 171 do CP).

Antes de encerrarmos o tema cabe ainda um comentário acerco do peculato de uso. Considera-se a
existência do peculato de uso na hipótese em que o funcionário público apropria-se, desvia, subtrai bem
móvel, público ou particular que se encontra sob a custódia da Administração Pública, para
posteriormente restituí-lo. A doutrina diverge sobre a possibilidade de admitir-se a figura do peculato de
uso. Uma primeira corrente entende que a intenção (falsa ou verdadeira) de restituir o bem móvel de que
o agente apropriou-se, desviou ou subtraiu não exclui o peculato doloso, pouco importando se o
funcionário público possui recursos financeiros para tanto, bem como se a coisa era fungível ou infungível.
Não admite, portanto, a figura do peculato de uso. Também não se afasta o crime com a prova de que se
produziu alguma vantagem para a Administração Pública, pois a vantagem indevida não deve aproveitar
ao Estado. Se a coisa móvel é utilizada em fim diverso daquele a que era destinado, desde que o agente
vise a proveito próprio ou alheio, apresenta-se o peculato na modalidade desvio. Por outro lado, há quem
admita o peculato de uso, considerando-o fato irrelevante. Para os partidários dessa linha de pensamento,
é atípico o fato relacionado ao uso momentâneo de coisa infungível, sem a intenção de incorporá-la ao
patrimônio pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral restituição a quem de direito.

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INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES – art. 313-A

Bem jurídico: interesse em preservar o patrimônio público e garantir o respeito à probidade


administrativa.
Sujeitos:
a) Ativo: funcionário público, sendo admissível o concurso com particular.
b) Passivos: União, Estados-membros, Distrito Federal, municípios e as demais pessoas mencionadas
no artigo 327, §1º. Secundariamente, o particular que sofreu o dano.
Tipo objetivo: Inserir ou facilitar a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano.
Tipo subjetivo: O dolo e o elemento subjetivo especial do tipo – fim especial de agir – consubstanciado
na expressão com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano.

Consumação: por se tratar de crime formal, ocorre com a concreção de qualquer uma das condutas,
não se exigindo a obtenção da vantagem indevida nem que haja o dano almejado (exaurimento).
Tentativa: Admissível, por ser o crime plurissubsistente.
Pena e Ação penal: A pena é de dois a doze anos de reclusão, além da multa, e a ação é pública
incondicionada.

MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES – art. 313-


B

Bem jurídico: O interesse em se preservar o normal funcionamento da Administração Pública,


especialmente o seu patrimônio e o do administrado, bem como assegurar o prestígio que deve gravitar
em torno dos atos daquela.
Sujeitos:
a) Ativo: funcionário público, sendo admissível o concurso como particular.
b) Passivos: União, Estados-membros, Distrito Federal, municípios e demais pessoas mencionadas
no artigo 327, §1º, bem como o particular que sofreu o dano.
Tipo objetivo: Modificar ou alterar sistema de informações ou programa de informática sem
autorização ou solicitação de autoridade competente.
Tipo subjetivo: O dolo.
Consumação: Por se tratar de crime formal, dá-se no momento da concreção de qualquer uma das
condutas, não se exigindo a superveniência de dano, que, no caso, qualifica o crime.
Tentativa: Admissível, por ser o crime plurissubsistente.

EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO – art. 314

Seguindo a regra dos demais crimes deste Capítulo, o bem jurídico tutelado é a Administração Pública.
Sujeitos ativo e passivo. Como não poderia deixar de ser, o sujeito ativo é somente o funcionário
público, sendo a vítima o Estado e, eventualmente, o particular que tem documento sob a guarda da
Administração.
A lei pune três condutas:
- extraviar: fazer desaparecer, ocultar;
- sonegar: sinônimo de não apresentar, não exibir quando alguém o solicita;
- inutilizar: tornar imprestável.
Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado – a prática de duas
ou mais condutas, no mesmo contexto fático e contra o mesmo bem jurídico, caracteriza um único crime.

Nas três hipóteses a conduta deve recair sobre livro oficial, que é aquele pertencente à Administração
Pública, ou sobre qualquer documento público ou particular que esteja sob a guarda da Administração.
Nos termos da lei, o crime subsiste ainda que a conduta atinja parcialmente o livro ou documento.
Elemento subjetivo. O dolo.
Consumação. A infração penal se consuma com o extravio ou inutilização, ainda que parcial e
independentemente de qualquer outro resultado.
Já na modalidade sonegar, o crime se consuma no instante em que o agente deveria fazer a entrega
e, intencionalmente, não o faz. Nessa hipótese, bem como nos casos de extravio, o crime é permanente.
Tentativa. A tentativa não é admissível apenas na modalidade omissiva (sonegar).

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Distinção. Aquele que inutiliza documento ou objeto de valor probatório que recebeu na qualidade de
advogado ou procurador comete o crime do art. 356 do Código Penal. Por outro lado, o particular que
subtrai ou inutiliza, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à Administração
comete o crime do art. 337 do Código Penal.
Absorção. A própria lei estabelece que esse crime é subsidiário, ou seja, deixa de existir se o fato
constitui crime mais grave, como corrupção passiva (art. 317), supressão de documento (art. 305) etc.

EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS – art. 315

Análise do núcleo do tipo. A conduta consiste em dar aplicação, e tem como objeto as verbas ou
rendas públicas.
Sujeitos:
a) ativo: funcionário público.
b) passivo: o Estado, secundariamente, a entidade de direito público prejudicada.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige elemento subjetivo específico, nem se pune a forma
culposa.
Objetos material e jurídico. Objeto material é a verba ou a renda pública, objeto jurídico é a
administração pública, em seus interesses patrimonial e moral.
Classificação. Crime próprio, material, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente, omissivo
impróprio, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente; admite tentativa.

CONCUSSÃO – art. 316

O crime de concussão guarda certa semelhança com o delito de corrupção passiva, principalmente no
que se refere à primeira modalidade desta última infração (solicitar vantagem indevida). Na concussão,
porém, o funcionário público constrange, exige a vantagem indevida. A vítima, temendo alguma
represália, cede à exigência. Na corrupção passiva (em sua primeira figura) há mero pedido, mera
solicitação. A concussão, portanto, descreve fato mais grave e, por isso, deveria possuir pena mais
elevada. Ocorre que, após o advento da Lei n. 10.763/2003, a pena de corrupção passiva passou, por
incrível que pareça, a ser maior que a de concussão.
Nesse crime, o funcionário público faz exigência de uma vantagem. Essa exigência carrega,
necessariamente, uma ameaça à vítima, pois do contrário haveria mero pedido, que caracterizaria a
corrupção passiva.
Assim, o crime de concussão é diferente do crime de corrupção passiva. A diferença está no núcleo
do tipo. A concussão tem por conduta exigir; é um “querer imperativo”, que traz consigo uma ameaça,
ainda que implícita. A corrupção passiva tem por conduta solicitar, receber, aceitar promessa.
Na concussão, há vítima na outra ponta. A concussão é uma extorsão praticada por funcionário público
em razão da função.
Exigir significa coagir, obrigar. A ameaça pode ser implícita ou explícita e, ainda assim, será
concussão. O agente pode exigir direta ou indiretamente – por meio de terceiro, ou por outro meio
qualquer.

Desta forma, a ameaça pode ser:


- explícita: exigir dinheiro para não fechar uma empresa, para não instaurar inquérito, para permitir o
funcionamento de obras etc.;
- implícita: não há promessa de um mal determinado, mas a vítima fica amedrontada pelo simples
temor que o exercício do cargo público inspira.

A exigência pode ser ainda:


- direta: quando o funcionário público a formula na presença da vítima, sem deixar qualquer margem
de dúvida de que está querendo uma vantagem indevida;
- indireta: o funcionário se vale de uma terceira pessoa para que a exigência chegue ao conhecimento
da vítima ou a faz de forma velada, capciosa, ou seja, o funcionário público não fala que quer a vantagem,
mas deixa isso implícito.

A concussão é uma forma especial de extorsão praticada por funcionário público com abuso de
autoridade. Deve, assim, haver um nexo entre a represália prometida, a exigência feita e a função
exercida pelo funcionário público.

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Por isso, se o funcionário público empregar violência ou grave ameaça referente a mal estranho à
função pública, haverá crime de extorsão ou roubo. Ex.: um policial aponta um revólver para a vítima e,
mediante ameaça de morte, pede que ela lhe entregue o carro.
Na concussão não é necessário que o funcionário público esteja trabalhando no momento da
exigência. O próprio tipo diz que ele pode estar fora da função (horário de descanso, férias, licença) ou,
até mesmo, nem tê-la assumido (quando já passou no concurso, mas ainda não tomou posse). O que é
necessário é que a exigência diga respeito à função pública e as represálias a ela se refiram.
Se o crime for cometido por policial militar estará configurado o crime do art. 305 do Código Penal
Militar, que é igualmente chamado de concussão.
Se alguém finge ser policial e exige dinheiro para não prender a vítima, não há concussão, porque o
agente não é funcionário público. Responderá, nesse caso, por crime de extorsão (art. 158).
Concluindo, a concussão é um crime em que a vítima é constrangida a conceder uma vantagem
indevida a funcionário público em razão do temor de uma represália imediata ou futura decorrente de
exigência feita por este e relacionada necessariamente com sua função.
A vantagem exigida tem de ser indevida. Se for devida, haverá crime de abuso de autoridade do art.
4º, h, da Lei n. 4.898/65, em razão da ameaça feita.
A lei se refere a vantagem indevida:
- Damásio E. de Jesus, Nélson Hungria e M. Noronha entendem que deve ser vantagem patrimonial.
- Júlio F. Mirabete e Fernando Capez, por outro lado, dizem que pode ser qualquer espécie de
vantagem, uma vez que a lei não faz distinção. Ex.: proveitos patrimoniais, sentimentais, de vaidade,
sexuais etc.
O agente deve visar proveito para ele próprio ou para terceira pessoa.
Como na concussão o funcionário público faz uma ameaça explícita ou implícita, se a vítima vier a
entregar o dinheiro exigido, não cometerá corrupção ativa, uma vez que somente o terá feito por se ter
sentido constrangida.
Consumação. O crime de concussão consuma-se no momento em que a exigência chega ao
conhecimento da vítima, independentemente da efetiva obtenção da vantagem visada. Trata-se de crime
formal. A obtenção da vantagem é mero exaurimento.
Não desnatura o crime, portanto, a devolução posterior da vantagem (mero arrependimento posterior
— art. 16 do CP) ou a ausência de prejuízo.
Um policial exige hoje a entrega de certa quantia em dinheiro. A vítima concorda e se compromete a
entregar a quantia em um lugar determinado, três dias depois. Ela, entretanto, chama outros policiais,
que prendem o sujeito na hora da entrega. Há flagrante provocado?
No flagrante provocado o sujeito é induzido a praticar um crime, mas se tomam providências que
inviabilizam totalmente a sua consumação. Nesse caso, não há crime, pois se trata de hipótese de crime
impossível (Súmula 145 do STF).
Assim, na questão em análise, verifica-se não ter ocorrido o flagrante provocado, pois não houve
qualquer provocação, ou seja, ninguém induziu o policial a fazer a exigência. Temos, na hipótese, um
crime de concussão consumado, já que a infração se aperfeiçoou com a simples exigência que ocorrera
três dias antes da data combinada para a entrega do dinheiro.
Tentativa. É possível a tentativa. Exemplos: a) peço para terceiro fazer a exigência à vítima, mas ele
morre antes de encontrá-la; b) uma carta contendo a exigência se extravia.
Sujeitos.
a) ativo: somente o funcionário público.
b) passivo: Estado e, secundariamente, a entidade de direito público ou a pessoa diretamente
prejudicada.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se o elemento subjetivo específico, consistente em destinar
a vantagem para i ou para outra pessoa. Não existe forma culposa.
Objetos material e jurídico. Objeto material é a vantagem indevida e objeto jurídico é a administração
púbica (aspectos material e moral).
Classificação. Crime próprio, formal, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente, omissivo
impróprio, instantâneo, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissusistente, forma em que admite tentativa.

EXCESSO DE EXAÇÃO - art. 316, §§1º e 2º

Exação é a cobrança pontual de impostos. Pune-se o excesso, sabido que o abuso de direito é
considerado ilícito. Assim, quando o funcionário público cobre imposto além da quantia efetivamente
devida, comete o excesso de exação.

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Análise do núcleo do tipo. Há duas formas para compor o excesso de exação: a) exigir o pagamento
de tributo ou contribuição sindical indevidos; b) empregar meio vexatório na cobrança.
Na primeira modalidade, o funcionário público exige tributo ou contribuição social que sabe ou deve
saber indevido, sem amparo válido para cobrança, seja porque seu valor já foi pago pela vítima, seja
porque a quantia cobrada é superior à fixada em lei. A palavra “indevido” funciona como elemento
normativo do tipo. Na outra hipótese, o tributo ou contribuição social é devido. Entretanto, o funcionário
público emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, não autorizado por lei. Meio vexatório é o que
desonra e humilha a vítima; meio gravoso é o que acarreta maiores despesas ao contribuinte.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, nas modalidades direta e indireta. Não há elemento subjetivo do
tipo, nem se pune a forma culposa.
Elemento normativo do tipo. Meio vexatório é o que causa vergonha ou ultraje; gravoso é o meio
oneroso ou opressor.
Norma em branco. É preciso consultar os meios de cobrança de tributos e contribuições, instituídos
em lei específica, para apurar se está havendo excesso de exação.
Objetos material e jurídico. O objeto material é o tributo ou a contribuição social. O objeto jurídico é
a administração pública (interesses material e moral).
Classificação: crime próprio, formal na forma exigir e material na modalidade empregar na cobrança,
de forma livre, comissivo ou omissivo impróprio, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente, forma
em que se admite tentativa.

CORRUPÇÃO PASSIVA – art. 317

Na corrupção passiva não há ameaça, nem constrangimento. Se o funcionário pede e a pessoa coloca
a mão dentro do bolso e entrega, não é caso de corrupção ativa, pois não existe tipificação para entregar,
só para prometer, oferecer. Só há corrupção passiva nesse caso.
Na modalidade solicitar, onde a iniciativa é do funcionário público, não há crime de corrupção ativa, e
sim de corrupção passiva.
Já, nas modalidades de receber e aceitar promessa, ocorre corrupção ativa na outra ponta, pois a
iniciativa foi de terceiro.
Vantagem indevida na corrupção passiva é para que o funcionário faça alguma coisa, deixe de fazer,
ou então retarde.
A consumação ocorre quando houver a solicitação, o recebimento ou a aceitação da vantagem. A
consumação não depende da prática ou da omissão de ato por parte do funcionário. O recebimento da
vantagem só é importante para a modalidade receber.

Elementos Objetivos do Tipo:


- Solicitar, pedir. Quem pede não constrange, não ameaça, simplesmente pede. A atitude de solicitar
é iniciativa do funcionário público.
- Receber, entrar na posse. É preciso ao menos o indício de que a pessoa entrou na posse.
- Aceitar promessa, concordar com a proposta. Pode ser por silêncio, gesto, palavra. A iniciativa é de
terceiro que faz a proposta. Alguém propõe e o funcionário aceita.

Corrupção Passiva Privilegiada – § 2º: A corrupção passiva privilegiada ocorre com pedido ou
influência de outrem. Corrupção privilegiada é um crime material – praticar, deixar de praticar.

DA FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO – art. 318

Conduta típica. É a facilitação com violação do dever funcional do descaminho ou contrabando. Para
configurar a prática do delito previsto no art. 318 do CP, é necessário que o funcionário público esteja
investido na função de fiscalizar a entrada e a saída de mercadorias do território nacional.
Contrabando. É a importação ou exportação de mercadorias cuja comercialização seja proibida.
Descaminho. É a importação ou exportação de mercadorias cuja comercialização seja legalmente
permitida com a ocorrência de fraude no pagamento de tributos.
Competência. Pelo disposto no art. 144 da CF/88, julgar pessoas incursas na prática do presente
delito é de competência da justiça federal, sendo a polícia federal a competente para efetuar as prisões.
Por convênio firmado entre o ex-governador de Minas Gerais, Hélio Garcia, e o ex-ministro da justiça
à época, aqui é competente para fiscalizar e reprimir o tráfico ilícito de drogas a Polícia Civil do estado.
Tipo remetido. A facilitação de contrabando ou descaminho é considerado como tipo remetido porque
remete ao delito do contrabando ou descaminho (art. 334 do CPB).

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Exceção à teoria unitária. Se alguém facilita a prática do delito previsto no art. 334 do CP deveria
responder pelo delito previsto no art. 318 do CPB (facilitação de contrabando ou descaminho) bem como
pelo contrabando ou descaminho (art. 334 do CPB), entretanto, temos aqui mais uma vez a teoria
pluralística sendo aplicada, configurando mais uma exceção à teoria unitária, vez que uma pessoa é quem
facilita o contrabando ou descaminho e outra é quem pratica o contrabando ou descaminho.
Defesa preliminar. No tipo penal ora estudado (da facilitação de contrabando ou descaminho - Art.
318 do CPB) não há a incidência de possibilidade da defesa preliminar do funcionário público.

PREVARICAÇÃO – art. 319

Objeto jurídico. Proteger o prestígio da Administração Pública


Sujeitos.
a) Ativo. Funcionário público no exercício da função
b) Passivo. O Estado
Análise do núcleo do tipo. "Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-
lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal".
O tipo penal tem seu núcleo composto por 3 verbos: retardar, deixar de praticar, praticar.
Classificação. Crime próprio - somente pode ser praticado por funcionário público, se retirada a
qualidade o fato torna-se atípico - formal - comissivo - instantâneo - unissubjetivo - plurissubsistente - de
ação múltipla - de conteúdo variado ou alternativo.
Elemento subjetivo do tipo. É o dolo, ou seja, a vontade específica de prevaricar. O interesse pessoal
está ligado ao sentimental.
Consumação. O crime se consuma com a omissão, retardamento ou realização do ato.
Tentativa. Não é possível nas formas omissivas (omitir ou retardar), pois ou o crime está consumado
ou o fato é atípico. Na forma comissiva, a tentativa é possível.
Figura equiparada. A Lei n. 11.466, de 28 de março de 2007, criou nova figura ilícita no art. 319-A do
Código Penal, estabelecendo que a mesma pena prevista para o crime de prevaricação será aplicada ao
diretor de penitenciária e/ou agente público que deixar de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso
a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo. O legislador entendeu necessária a criação desse tipo penal em face da constatação
de que presos têm tido fácil acesso a telefones celulares ou aparelhos similares, e que os agentes
penitenciários não vêm dando o combate adequado a esse tipo de comportamento. Assim, a Lei n.
11.466/2007, além de criar essa figura capaz de punir o agente penitenciário que se omita em face da
conduta do preso, estipulou também que este, ao fazer uso do aparelho, incorre em falta grave — que
tem sérias consequências na execução criminal (art. 50, VII, da Lei de Execuções Penais, com a redação
dada pela Lei n. 11.466/2007). Com essas providências pretende o legislador evitar que presos
comandem suas quadrilhas do interior de penitenciárias e que deixem de cometer crimes com tais
aparelhos, pois é notório que enorme número de delitos de extorsão vêm sendo cometidos por pessoas
presas, por meio de telefonemas.
Diferença entre a prevaricação comum e a militar. A prevaricação comum está prevista no art. 319
do CP e é punida com pena de detenção de 3 meses a 1 ano mais multa, sendo aplicada a normatização
prevista na lei 9.099/95. A prevaricação militar está prevista no art. 319 do CPM e é punida com pena de
6 meses a 2 anos. Verifica-se então que a diferença principal entre as duas tipificações do delito está na
pena aplicada.

Principais aspectos.
1) Na corrupção passiva, o funcionário público negocia seus atos, visando uma vantagem indevida.
Na prevaricação isso não ocorre. Aqui, o funcionário público viola sua função para atender a objetivos
pessoais.
2) O agente deve atuar para satisfazer:
a) interesse patrimonial (desde que não haja recebimento de vantagem indevida, hipótese em que
haveria corrupção passiva) ou moral;
b) sentimento pessoal, que diz respeito à afetividade do agente em relação a pessoas ou fatos. Ex.:
Permitir que amigos pesquem em local público proibido. Demorar para expedir documento solicitado por
um inimigo. O sentimento, aqui, é do agente, mas o benefício pode ser de terceiro.
O atraso no serviço por desleixo ou preguiça não constitui crime. Se fica caracterizado, todavia, que o
agente, por preguiça, rotineiramente deixa de praticar ato de ofício, responde pelo crime. Ex.: delegado
que nunca instaura inquérito policial para apurar crime de furto, por considerá-lo pouco grave.

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3) A prevaricação não se confunde com a corrupção passiva privilegiada. Nesta, o agente atende a
pedido ou influência de outrem.
Na prevaricação não há tal pedido ou influência. O agente visa satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.
Se um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregularidade e deixa de multá-lo em razão de
insistentes pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada; mas se o fiscal deixa de multar a pessoa
porque percebe que se trata de um antigo amigo, comete prevaricação.
4) O tipo exige que a conduta do funcionário público seja indevida apenas nas duas primeiras
modalidades (retardar e deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício). Na última hipótese prevista no
tipo (praticar ato de ofício), a conduta deve ser “contra expressa previsão legal”. Temos, neste último
caso, uma norma penal em branco, pois sua aplicação depende da existência de outra lei.

CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA – art. 320

Definição jurídica. A condescendência criminosa consiste em "deixar o funcionário, por indulgência,


de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte
competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, punível com pena de
detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa".
A terminologia é imprópria porque não se trata apenas do fato de um funcionário público ser
condescendente com outro que tenha tido conduta criminosa, mas também, se aquele tiver cometido
qualquer falta disciplinar.
A condescendência criminosa é praticada pelo funcionário público que, por indulgência, benevolência
ou tolerância, deixa de responsabilizar subalterno hierárquico que tenha cometido crime, contravenção
penal ou qualquer falta disciplinar. Também comete o delito em estudo o funcionário público que, embora
não seja superior hierárquico daquele que tenha cometido crime, contravenção penal ou qualquer falta
disciplinar, deixa de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente para puni-lo.
Bem jurídico. A Administração Pública
Sujeitos
a) ativo. Funcionário público
b) passivo. O Estado
Tipo subjetivo. Indulgência, benevolência ou tolerância; no Direito Penal Militar, além disso, a
negligência.
Condutas típicas
Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no
exercício do cargo;
Deixar o funcionário, por indulgência, de levar ao conhecimento de autoridade competente para punir,
o fato de que outro funcionário público tenha cometido infração no exercício do cargo, evitando assim que
o infrator seja responsabilizado.
Consumação. Com a omissão
Tentativa. Inadmissível porque o delito é omissivo próprio.

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – art. 321

Definição jurídica. O termo advocacia é impróprio e indevido pois nada tem a ver com a função do
advogado. O delito consiste em "patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário; punível com pena de detenção, de 1 (um)
a 3 (três) meses, ou multa. Se o interesse é ilegítimo a pena é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano, além da multa". No Direito Penal Militar a incorreição no nomem iuris é desfeita, naquele diploma
legal a nomenclatura usada é "patrocínio indébito". Importa salientar que no projeto de reforma do CPB o
presente tipo adota a nomenclatura do CPM.
Análise do núcleo do tipo. O verbo núcleo do tipo é patrocinar, significa proteger ou beneficiar. É a
figura do funcionário público relapso que relega seu serviço a um segundo plano e passa a defender
interesses privados, legítimos ou ilegítimos, ante a Administração Pública.

Sujeitos
a) ativo. Funcionário público
b) passivo. A Administração Pública

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Desnecessidade de ser advogado. Tendo em vista que o funcionário público é impedido de exercer
a advocacia, é desnecessária a qualidade de advogado ao autor para que o delito se configure.

Outras condutas
Lei 8.137/90, art. 3º, inc. III - funcionário público patrocinado interesse privado contra a Administração
Fazendária;
Lei 8.666/93, art. 94 - funcionário público patrocinado interesse privado no âmbito das licitações.

VIOLENCIA ARBITRÁRIA – art. 322

Para a maioria da doutrina penal, esse artigo foi revogado pela Lei n. 4.898/65, que trata do abuso de
autoridade. Mas para o Supremo Tribunal Federal e para a minoria da doutrina ainda está em vigor.
Trata-se de um crime praticado por funcionário público, que em função do cargo, age não contra a
Administração Pública, mas contra o administrado, agredindo-o.
O presente crime se refere a violência ilegal, arbitrária, fora dos parâmetros permitidos.

ABANDONO DE FUNÇÃO – art. 323

Protege a lei nesse dispositivo a regularidade e o normal desempenho das atividades públicas, no
sentido de evitar que os funcionários públicos abandonem seus postos de forma a gerar perturbação ou
até mesmo a paralisação do serviço público.
Sujeitos ativo e passivo. Apesar de o delito ter o nome de “abandono de função”, percebe-se pela
descrição típica que o crime somente existe com o abandono de cargo, não prevalecendo a regra do art.
327 do Código Penal, que define funcionário público como ocupante de cargo, emprego ou função pública.
Assim, em razão da ressalva constante do tipo penal, pode-se concluir que sujeito ativo desse crime pode
ser apenas quem ocupa cargo público (criado por lei, com denominação própria, em número certo e pago
pelos cofres públicos). Sujeito passivo é o Estado.
Abandonar significa deixar o cargo. Para que esteja configurado o abandono é necessário que o agente
se afaste do seu cargo por tempo juridicamente relevante, de forma a colocar em risco a regularidade dos
serviços prestados. Assim, não há crime na falta eventual, bem como no desleixo na realização de parte
do serviço, que caracterizam apenas falta funcional, punível na esfera administrativa.
Não há crime também quando a ausência se dá nos casos permitidos em lei, como, por exemplo, com
autorização da autoridade competente, para prestação de serviço militar etc.
Por se tratar de crime doloso, não há crime quando o abandono ocorre em razão de força maior (prisão,
doença etc.).
A doutrina tem sustentado também que não existe crime na suspensão, ainda que prolongada, do
trabalho por parte de funcionário público — mesmo que de função essencial — quando se trata de ato
coletivo na luta por reivindicações da categoria, ou seja, nos casos de greve (enquanto não declarada
ilegal).
Consumação. O crime se consuma com o abandono do cargo por tempo juridicamente relevante,
ainda que não decorra efetivo prejuízo para a Administração. Aliás, o §1º estabelece uma forma
qualificada, quando o abandono traz como consequência prejuízo ao erário.
Tentativa. Por se tratar de crime omissivo puro, não se admite a tentativa.
Por fim, a pena será exasperada se o fato ocorrer em lugar compreendido na faixa de fronteira
(compreende a faixa de 150 quilômetros ao longo das fronteiras nacionais — Lei n. 6.634/79).

EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO - art. 324

Análise do núcleo do tipo. Entrar no exercício significa iniciar o desempenho de determinada


atividade; continuar a exercê-la quer dizer prosseguir no desempenho de determinada atividade. O objeto
é a função pública.
Sujeitos.
a) ativo: somente funcionário público nomeado, porém sem ter tomado posse; na segunda hipótese,
há de estar afastado ou exonerado.
b) passivo: Estado.
Elemento subjetivo do tipo. É o dolo. Não se exige elemento subjetivo específico, nem se pune a
forma culposa. Na segunda figura, há apenas o dolo direto. Inexiste forma culposa.

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Elemento normativo do tipo. A expressão “sem autorização” indica a ilicitude da conduta, ao passo
que a continuidade do exercício, devidamente permitida pela administração pública, não configura o tipo
penal.
Objetos material e jurídico. O objeto material é a função pública e o objeto jurídico é a administração
pública, nos interesses material e moral.
Classificação. Crime próprio, delito de mão própria, formal, de forma livre, comissivo e,
excepcionalmente, omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente; admite tentativa.

VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL – art. 325

Condutas típicas. Esta infração penal visa resguardar o regular funcionamento da Administração
Pública, que pode ser prejudicado pela revelação de certos segredos. Por isso, será punido o funcionário
público que revelar ou facilitar a revelação desses segredos, desde que deles tenha tido conhecimento
em razão de seu cargo. O segredo a que se refere este dispositivo é aquele cujo conhecimento é limitado
a número determinado de pessoas e cuja divulgação afronte o interesse público pelas consequências que
possam advir.
A conduta de revelar segredo caracteriza-se quando o funcionário público intencionalmente dá
conhecimento de seu teor a terceiro, por escrito, verbalmente, mostrando documentos etc. Já a conduta
de facilitar a divulgação de segredo, também chamada de divulgação indireta, dá-se quando o funcionário,
querendo que o fato chegue a conhecimento de terceiro, adota determinado procedimento que torna a
descoberta acessível a outras pessoas, como ocorre no clássico exemplo de deixar anotações ou
documentos em local que possa ser facilmente visto por outras pessoas.
Comete crime o servidor público incumbido de elaborar provas de concurso público que, antes da
prova, faz chegar ao conhecimento de alguns candidatos as questões que serão abordadas.
Sujeitos ativo e passivo. Apenas o funcionário público pode ser sujeito ativo. Predomina na doutrina
o entendimento de que mesmo o funcionário aposentado ou afastado pode cometer o delito, pois o
interesse público na manutenção do sigilo permanece. O crime admite a coautoria e também a
participação — de outro funcionário público ou de particular que colabore com a divulgação. A doutrina,
contudo, salienta que o particular que se limita a tomar conhecimento do fato divulgado não comete o
delito.
A revelação de segredo profissional por quem não é funcionário público constitui crime de outra
natureza, previsto no art. 154 do Código Penal.
O sujeito passivo é sempre o Estado e, eventualmente, o particular que possa sofrer prejuízo, material
ou moral, com a revelação do sigilo.
Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, a intenção livre e consciente de revelar o sigilo funcional. Não
se admite a forma culposa.
Consumação. No momento em que terceiro, funcionário público ou particular, que não podia tomar
conhecimento do segredo, dele toma ciência. Trata-se de crime formal, cuja caracterização independe da
ocorrência de prejuízo.
Tentativa. É admitida, exceto na forma oral.
Subsidiariedade explícita. O art. 325, ao cuidar da pena, expressamente estabelece sua absorção
quando o fato constitui crime mais grave, como, por exemplo, crime contra a segurança nacional, fraude
em procedimento licitatório com divulgação antecipada de propostas, crime contra o sistema financeiro
etc.
Figuras equiparadas. A Lei n. 9.983/2000 criou no § 1º do art. 325 algumas infrações penais
equiparadas, punindo com as mesmas penas do caput quem permite ou facilita, mediante atribuição,
fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a
sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública (inciso I), ou se utiliza,
indevidamente, do acesso restrito a tais informações (inciso II). Por fim, o § 2º estabelece uma
qualificadora, prevendo pena de reclusão, de dois a seis anos, e multa, se da ação ou omissão resulta
dano à Administração ou terceiro.

VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA – art. 326

A maioria dos escritores criminalistas entendem que esse artigo foi implicitamente revogado no art. 94
da Lei nº 8.666/93, que trata da Lei de Licitação.

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Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o
ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO – art. 327

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
- Cargos: são criados por lei, com denominação própria, em número certo e pagos pelos cofres públicos
(Lei n. 8.112/90, art. 3º, parágrafo único).
- Emprego: para serviço temporário, com contrato em regime especial ou pela CLT. Ex.: diaristas,
mensalistas, contratados.
- Função pública: abrange qualquer conjunto de atribuições públicas que não correspondam a cargo
ou emprego público. Ex.: jurados, mesários etc.
São funcionários públicos o Presidente da República, os Prefeitos, os Vereadores, os Juízes,
Delegados de Polícia, escreventes, oficiais de justiça etc.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para
a execução de atividade típica da Administração Pública.
A Lei n. 9.983, de 14 de julho de 2000, alterou a redação do art. 327, § 1º, para ampliar o conceito de
funcionário público por equiparação. Em virtude dessa nova redação, podem ser extraídas algumas
conclusões:
1) em relação ao conceito de entidade paraestatal adotou-se a corrente ampliativa, pela qual se
considera funcionário por equiparação aquele que exerce suas atividades em:
a) autarquias (ex.: INSS);
b) sociedades de economia mista (ex.: Banco do Brasil);
c) empresas públicas (ex.: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos);
d) fundações instituídas pelo Poder Público (ex.: FUNAI).
2) Passam a ser puníveis por crimes funcionais (arts. 312 a 326 do CP) aqueles que exercem suas
funções em concessionárias ou permissionárias de serviço público (empresas contratadas) e até mesmo
em empresas conveniadas, como, p. ex., a Santa Casa de Misericórdia. O conceito de funcionário público
por equiparação não abrange as pessoas que trabalham em empresa contratada com a finalidade de
prestar serviço para a Administração Pública quando não se trata de atividade típica desta. Ex.:
trabalhador de empreiteira contratada para construir viaduto.
Entende-se, ademais, que a equiparação do § 1º, em razão do local onde está prevista no Código
Penal, só se aplica quando se refere ao sujeito ativo do delito e nunca em relação ao sujeito passivo. Ex.:
ofender funcionário de uma autarquia é injúria e não desacato. Se o mesmo funcionário, contudo,
apropriar-se de um bem da autarquia, haverá peculato, não mera apropriação indébita. Embora esse
entendimento seja quase pacífico na doutrina, existe um conhecido julgado do STF em sentido contrário
(RT, 788/526).

AUMENTO DA PENA
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de
órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.
Cargo em comissão é o cargo para o qual o sujeito é nomeado em confiança, sem a necessidade de
concurso público.
O aumento também será cabível quando o agente ocupa função de direção ou assessoramento.

Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

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Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Peculato mediante erro de outrem


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Inserção de dados falsos em sistema de informações


Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: )
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações


Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem
autorização ou solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração
resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento


Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas


Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes,
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Excesso de exação
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

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Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos
ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Violência arbitrária
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.

Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado


Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar
a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou
suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Violação de sigilo funcional


Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

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Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder
público.

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA

Trata-se de infração penal cuja finalidade também é tutelar a regularidade e o normal desempenho das
atividades públicas.
Usurpar significa desempenhar indevidamente uma atividade pública, ou seja, o sujeito assume uma
função pública, vindo a executar atos inerentes ao ofício, sem que tenha sido aprovado em concurso ou
nomeado para tal função.
Consumação. O crime se consuma, portanto, no instante em que o agente pratica algum ato inerente
à função usurpada. É desnecessária a ocorrência de qualquer outro resultado. A tentativa é admissível.
Sujeito ativo. O particular que assume as funções. Parte da doutrina entende que também comete o
crime um funcionário público que assuma, indevidamente, as funções de outro.
Elemento subjetivo. O dolo, pressupondo-se, ainda, que o agente tenha ciência de que está
usurpando a função pública.
A simples conduta de se intitular funcionário público perante terceiros, sem praticar atos inerentes ao
ofício, pode constituir apenas a contravenção descrita no art. 45 da Lei das Contravenções Penais (“fingir-
se funcionário público”).
Se da conduta o agente obtém lucro, vantagem material ou moral, aplica-se a forma qualificada
descrita no parágrafo único. Caso o agente simplesmente finja ser funcionário público, sem praticar atos
próprios do cargo, a fim de ludibriar a vítima e obter vantagem ilícita em prejuízo dela, o crime é o de
estelionato.

RESISTÊNCIA

Resistir tem o condão de opor-se, de não ceder, de recusar-se, tem sentido de oposição, seja pela
força ou pela violência, seja, ainda, pela omissão ou pela inércia.
O tipo penal em comento tem como principal objetivo proteger o poder estatal e, sendo assim, busca
resguardar a autoridade da administração pública, bem como sua liberdade na execução de suas
atividades por meio de seus funcionários.
Por tratar-se de crime comum, qualquer pessoa poderá cometê-lo, desde que se oponha ao
cumprimento de ato legal por autoridade competente para tanto. Serão sujeitos passivos, o Estado, o
funcionário que foi impedido de cumprir tal ato e, inclusive, a pessoa que esteja, eventualmente, auxiliando
o funcionário na execução de atos legais.
É fundamental reforçar a informação de que para que o delito se caracterize, essencial que o
funcionário seja competente para executar, de ofício, o ato legal, bem como que tal ato seja praticado no
exercício das funções e que, nesse momento, o agente se insurja à execução do ato.
O cerne do artigo é a oposição do sujeito à execução do ato legal por funcionário competente. Observa-
se, aqui, que é necessário que a oposição do sujeito se manifeste por meio de ameaça ou violência física,
em face do funcionário ou da pessoa que o auxilia, no exato momento em que o ato esteja sendo
praticado, de modo, portanto, que se a oposição for exercida em momento anterior ou posterior à prática
do ato pelo funcionário público, não constitui crime de resistência.

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Para que o sujeito seja enquadrado no crime em tela, necessário que haja com dolo, ou seja, com
vontade livre e consciente de executar a ação, sendo que se houver erro quanto a legalidade do ato,
haverá, também, a exclusão do dolo.

DESOBEDIÊNCIA

O crime em tela consubstancia-se pelo fato do agente desobedecer a ordem legal de funcionário
público. Todavia, há de se observar que o ato de desobedecer consiste em não acatar, não cumprir, não
se submeter à ordem de funcionário público, investido de autoridade para imposição de ordem.
O tipo penal objetiva manter a obediência das ordens emanadas do funcionário público no
cumprimento de suas funções.
O sujeito ativo do crime de desobediência poderá ser qualquer pessoa inclusive o próprio funcionário
público que venha a agir como particular, ou seja, que não esteja no exercício de sua função e venha a
desobedecer ordem de funcionário público. Vale-nos consignar que, de acordo com entendimentos
jurisprudenciais, não incorrerá no referido crime o agente, funcionário público, que vier a desobedecer
ordem de outro funcionário público, quando ambos se encontrarem no regular exercício de suas funções.
O sujeito passivo é o Estado.
O ato de desobedecer, tem o sentido de não cumprir, faltar à obediência, não atender a ordem legal
de funcionário público, ordem esta para que o agente realize ou deixe de praticar determinada ação.
É indispensável para a caracterização do delito que o agente receba, do funcionário público, um
mandamento, uma ordem, não bastando portanto que seja um pedido ou uma solicitação, sendo esta
dirigida direta e expressamente ao agente. Outrossim, indispensável que a ordem esteja investida de
legalidade pois caso não esteja, não há que se falar em desobediência.
A desobediência, via de regra, ocorre de forma dolosa, intencional, ou seja, o agente imputa sua
vontade livre e consciente em desobedecer a ordem recebida do funcionário público, porém o erro ou o
motivo de força maior exclui o caráter doloso. Não há forma culposa do delito.

DESACATO

Desacato é a conduta pela qual determinada pessoa desrespeita, não adota, deixa de reverenciar
funcionário público no exercício de sua função. Assim, comete o crime de desacato não somente o ato
de irreverência ou desrespeito, como também a ofensa, moral ou física, lançada contra pessoa investida
de autoridade.
Conforme a redação do artigo 331, observa-se indispensável que o desacato seja contra funcionário
público, no exercício de sua função ou em razão dela, tendo o delito como objetividade jurídica, manter o
prestigio, o respeito da administração pública exercido por seu agente público.
O sujeito ativo do crime de desacato poderá ser qualquer pessoa que vier a desacatar funcionário
público, inclusive o próprio funcionário público, pois como dito, a objetividade jurídica do crime é manter
o respeito, o decoro, da administração pública. Assim o sujeito passivo do delito é o Estado, bem como
seu funcionário.
O crime em tela traz em seu cerne o sentido de vexar, afrontar, ofender, desrespeitar o funcionário
público, desferindo-lhe palavras injuriosas, desrespeitosas, caluniosas, difamatórias bem como ameaças,
gestos e agressão física.

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA

Bem jurídico. A escorreita Administração Pública.


Tipo de conteúdo variado. É tipo de conteúdo variado ou de ação múltipla porquanto 4 (quatro) são
os verbos constituintes da conduta típica, “Solicitar, exigir, cobrar ou obter”.
Envolvimento de 3 (três) pessoas. Para consumação do crime é necessário a concorrência de 3
pessoas, "ainda que virtuais" nos dizeres de Guilherme Nucci. As pessoas são: o vendedor de prestígio,
o funcionário público não sabedor de que está sendo usado para beneficiar alguém, o comprador do
prestígio. Se o funcionário público souber do uso de seu prestígio por alheio, deixa de ser delito de tráfico
de influência para ser corrupção passiva. O funcionário público e a pessoa que está comprando o prestígio
são pessoas virtuais do delito.
Sujeitos ativo e passivo: o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive funcionário público. O
sujeito passivo é o Estado.
Ato do funcionário. O crime de tráfico de influência só se caracteriza se houver ato do funcionário
público e, o ato tem que ser futuro.

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Crime formal/material. Parte da doutrina entende que as condutas de solicitar, cobrar e exigir são
formais enquanto que a conduta de obter é material.
Nos dizeres de Vicenzo Manzini: "enquanto um quer vender fumaça o outro quer e supõe comprar um
assado".
Fraude. Decorre do fato de que o traficante de influência vende uma vantagem que o comprador não
vai ter de fato.
A expressão "a pretexto de". "Com desculpas de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício da função", para beneficiar o comprador do prestígio, o traficante de influência solicita, exige,
cobra ou obtém dele vantagem para si ou para outrem. É a forma de enganar o comprador do prestígio.
Classificação. É crime comum, formal (o bem jurídico é a escorreita Administração Pública, segundo
Guilherme Nucci), comissivo, instantâneo, unissubjetivo, uni ou plurissubsistente, de forma livre.
Causa de aumento de pena. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a
vantagem é também destinada ao funcionário (art. 332, parágrafo único).

CORRUPÇÃO ATIVA

De acordo com a teoria monista ou unitária, todos os que contribuírem para um crime responderão por
esse mesmo crime. Às vezes, entretanto, a lei cria exceções a essa teoria, como ocorre com a corrupção
passiva e a corrupção ativa. Assim, o funcionário público que solicita, recebe ou aceita promessa de
vantagem indevida comete a corrupção passiva, enquanto o particular que oferece ou promete essa
vantagem pratica corrupção ativa. Existe, portanto, uma correlação entre as figuras típicas dos delitos:

Na modalidade “solicitar” da corrupção passiva, não existe, entretanto, figura correlata na corrupção
ativa. Com efeito, na solicitação a iniciativa é do funcionário público, que se adianta e pede alguma
vantagem ao particular. Em razão disso, se o particular dá, entrega o dinheiro, só existe a corrupção
passiva. O fato é atípico quanto ao particular, pois ele não ofereceu nem mesmo prometeu, mas tão
somente entregou, o que lhe foi solicitado. Como tal conduta não está prevista em lei, o fato é atípico.
Existe corrupção passiva sem corrupção ativa?
Sim, em duas hipóteses. Primeiro, no caso já mencionado acima.
Segundo, quando o funcionário público solicita e o particular se recusa a entregar o que foi pedido.
Por outro lado, nas condutas de oferecer e prometer, que são as únicas descritas na corrupção ativa,
a iniciativa é do particular.
A corrupção ativa, portanto, consuma-se no momento em que a oferta ou a promessa chegam ao
funcionário público. Assim, se o funcionário recebe ou aceita a promessa, responde por corrupção passiva
e o particular por corrupção ativa. Porém, se o funcionário público as recusa, só o particular responde por
corrupção ativa.
Existe corrupção ativa sem corrupção passiva?
Sim, quando o funcionário público não recebe e não aceita a oferta ou promessa de vantagem ilícita.
É necessário que o agente ofereça ou faça uma promessa de vantagem indevida para que o
funcionário público pratique, omita ou retarde ato de ofício. Sem isso não há corrupção ativa.
E se o agente se limita a pedir para o funcionário “dar um jeitinho”?
Não há corrupção ativa, pois o agente não ofereceu nem prometeu qualquer vantagem indevida.
Nesse caso, se o funcionário público “dá o jeitinho” e não pratica o ato que deveria, responde por
corrupção passiva privilegiada (art. 317, § 2º) e o particular figura como partícipe. Se o funcionário público
não dá o jeitinho, o fato é atípico.
O tipo exige que a vantagem seja endereçada ao funcionário público.
A que tipo de vantagem se refere a lei?
a) Deve ser indevida; se for devida, não há crime.
b) Nélson Hungria acha que a vantagem deve ser patrimonial. Damásio
E. de Jesus, M. Noronha, Heleno C. Fragoso e Júlio F. Mirabete entendem que a vantagem pode ser
de qualquer natureza, inclusive sexual.
Se o particular oferece a vantagem para evitar que o funcionário público pratique contra ele algum ato
ilegal, não há crime.
E se um menor de idade oferece dinheiro a um policial que o pegou dirigindo sem habilitação e este
aceita?
O policial pratica crime de corrupção passiva.
Conforme já mencionado, a corrupção ativa consuma-se quando a oferta ou a promessa chegam ao
funcionário público e independe da aceitação deste.

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Se, entretanto, o funcionário público a aceitar e, em razão da vantagem, retardar, omitir ou praticar ato
infringindo dever funcional, a pena da corrupção ativa será aumentada de um terço, nos termos do art.
333, parágrafo único, do Código Penal. Sempre que ocorrer essa hipótese, o funcionário público será
responsabilizado pela forma exasperada descrita no art. 317, § 1º, do Código Penal.
Tentativa. A tentativa é possível apenas na forma escrita.
Para que exista a corrupção ativa, o sujeito, com a oferta ou promessa de vantagem, deve visar fazer
com que o funcionário:
a) Retarde ato de ofício. Ex.: para que um delegado de polícia demore a concluir um inquérito policial,
visando a prescrição.
b) Omita ato de ofício. Ex.: para que o policial não o multe.
c) Pratique ato de ofício. Ex.: para delegado de polícia emitir Carteira de Habilitação para quem não
passou no exame (nesse caso, há também crime de falsidade ideológica).
Distinção. Se houver corrupção ativa em transação comercial internacional, estará configurado o
crime do art. 337-B do Código Penal. A corrupção para obter voto em eleição constitui crime do art. 299
do Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65). Por fim, a corrupção ativa de testemunhas, peritos, tradutores ou
intérpretes, não oficiais, constitui o crime do art. 343 do Código Penal.

CONTRABANDO OU DESCAMINHO

Contrabando é a clandestina importação ou exportação de mercadorias cuja entrada no país, ou saída


dele, é absoluta ou relativamente proibida.
Descaminho é a fraude tendente a frustrar, total ou parcialmente, o pagamento de direitos de
importação ou exportação ou do imposto de consumo (a ser cobrado na própria aduana) sobre
mercadorias.
Essa distinção é apontada por Nélson Hungria (Comentários ao Código Penal, 2. ed., v. 9, p. 432).
Em se tratando de importação ou exportação de substância entorpecente, configura-se crime de tráfico
internacional de entorpecente, previsto no art. 33, caput, com a pena aumentada pelo art. 40, I, todos da
Lei n. 11.343/2006.
A importação ou exportação ilegal de arma de fogo, acessório ou munição constitui também crime
específico, previsto no art. 18 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), cuja pena é de quatro
a oito anos de reclusão, e multa. Como essa lei não faz ressalva, ao contrário do que ocorria com a
anterior (Lei n. 9.437/97), não é possível a punição concomitantemente com o crime de contrabando ou
descaminho.
Objetividade jurídica. O controle do Poder Público sobre a entrada e saída de mercadorias do País
e os interesses em termos de tributação da Fazenda Nacional.
O STJ vinha aplicando o princípio da insignificância, reconhecendo a atipicidade da conduta, quando
o valor corrigido do tributo devido não superava R$ 1.000,00, argumentando que a Fazenda Pública
dispensava o ajuizamento de execução fiscal para cobrar valores até esse limite com base na Lei n.
9.469/97. O art. 1º-A, da referida lei foi, entretanto, modificado pela Lei n. 11.941/2009. Pelo texto atual
está autorizado o não ajuizamento de ação e o requerimento da extinção das ações em curso, de acordo
com os critérios de custos de administração e cobrança. Afastou-se, assim, um valor determinado,
passando a decisão de propor ou não a ação ao Advogado-Geral da União, que deverá se pautar de
acordo com a conveniência para a administração em face do valor que busca e os custos da ação. De
ver-se, entretanto, que o parágrafo único do art. 1º-A estabelece que, no caso de Dívida Ativa da União
e nos processos em que a representação judicial seja atribuída à Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional, não é possível tal discricionariedade, o que tornará necessária reapreciação do tema pelo STJ.
O art. 34 da Lei n. 9.249/95 estabelece que “extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei n.
8.137/90, e na Lei n. 4.729/65, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social,
inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia”.
Embora esta lei não mencione o crime de descaminho, tem- -se entendido que o dispositivo é aplicável
a referido delito, pois, como os demais, atinge a ordem tributária.
Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa. O funcionário público que facilite a conduta, entretanto,
responderá pelo crime de facilitação ao contrabando (art. 318).
Sujeito passivo. O Estado.
Consumação. O crime se consuma com a entrada ou saída da mercadoria do território nacional.
Tentativa. É possível. Quando a hipótese é de exportação, o crime é tentado se a mercadoria não
chega a sair do País. Por outro lado, no caso de importação, se o agente entrar com a mercadoria no
País, mas for preso na alfândega (de um aeroporto, por exemplo), o crime estará consumado.

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Ação penal. É pública incondicionada, de competência da justiça federal. Além disso, a Súmula 151
do STJ estabelece que “a competência para processo e julgamento por crime de contrabando ou
descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens”.
Causa de aumento de pena. Determina o § 3º que a pena será aplicada em dobro quando o
contrabando ou descaminho for praticado mediante transporte aéreo. A razão da maior severidade da
pena é a facilidade decorrente da utilização de aeronaves para a prática do delito. Por esse mesmo
motivo, parece-nos não ser aplicável a majorante quando a aeronave pousa ou decola de aeroporto
dotado de alfândega, uma vez que nestes não existe maior facilidade na entrada ou saída de mercadorias.
Figuras equiparadas. O § 1º do art. 334 prevê, em suas quatro alíneas, várias figuras equiparadas
ao contrabando ou descaminho:
a) A navegação de cabotagem tem a finalidade de realizar o comércio entre portos de um mesmo país.
Assim, constitui crime a prática desta fora dos casos permitidos em lei. Trata-se, portanto, de norma penal
em branco, cuja existência pressupõe o desrespeito ao texto de outra lei.
b) A prática de ato assimilado previsto em lei, como, por exemplo, a saída de mercadorias da Zona
Franca de Manaus sem o pagamento de tributos, quando o valor excede a cota que cada pessoa pode
trazer. Trata-se, também, de norma penal em branco.
c) Nesse dispositivo, o legislador pune, inicialmente, o próprio contrabandista que vende, expõe à
venda, mantém em depósito ou de qualquer forma utiliza a mercadoria, no exercício de atividade
comercial ou industrial. Quando isso ocorre, é evidente que o agente não será punido pela figura do caput,
que resta, portanto, absorvida.
Lembre-se que o § 2º estabelece que se equipara à atividade comercial qualquer forma de comércio
irregular (sem registro junto aos órgãos competentes) ou clandestino (camelôs, por exemplo), inclusive o
exercido em residências.
Em um segundo momento, a lei pune quem toma as mesmas atitudes em relação a mercadorias
introduzidas clandestinamente ou importadas fraudulentamente por terceiro.
d) A lei pune, por fim, a pessoa que, no exercício de atividade comercial ou industrial, adquire (obtém
a propriedade), recebe (obtém a posse) ou oculta (esconde) mercadoria de procedência estrangeira
desacompanhada de documentos ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. Trata-se de
delito que possui as mesmas condutas típicas do crime de receptação, mas que se aplica especificamente
a mercadorias contrabandeadas. A norma explicativa do § 2º aplica-se também aos crimes descritos nesta
alínea.

IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE DE CONCORRÊNCIA

O art. 335 do CP foi revogado pelos arts. 93 e 95 da Lei n. 8.666/1993, que disciplina as licitações e
contratos públicos. De modo que o crime de impedimento, perturbação e fraude de concorrência pública
não se encontra mais descrito no CP e sim na lei especial.

Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
oferecimento de vantagem de qualquer tipo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Objeto jurídico: é a preservação do patrimônio da Administração Pública.


Sujeitos
a) ativo: como trata-se de crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por
funcionário público, desde que não se enquadre na conduta do art. 326 do Código Penal. Nada impede
que realize o fato o próprio licitante, interessado em afastar os outros concorrentes.
b) passivos: Principal é o Estado; secundário, o licitante prejudicado.
Elemento Subjetivo dos tipos: Na primeira modalidade tipificada no art. 93 da Lei nº 8.666/93, exige-
se o dolo. Na segunda, prevista no art. 95, além do dolo, exige-se a intenção de afastar o licitante.

INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL

Tipo penal. Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital, afixado por ordem de
funcionário público, violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de
funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto.

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Sujeitos
a) ativo: qualquer pessoa.
b) passivo: Estado.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige elemento subjetivo específico. Não há
forma culposa.
Objetos material e jurídico. O objeto material das primeiras condutas é o edital; das outras, o selo ou
sinal identificador ou que cerra algo; o objeto jurídico é a administração pública, nos interesses material
e moral.
Classificação. Crime comum, material, de forma livre, comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo,
de dano, unissubjetivo, plurissubsistente, admite a tentativa.

SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO

Tipo penal. Subtrair ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado
à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público.
Sujeitos
a) ativo: qualquer pessoa.
b) passivo: Estado; secundariamente, a pessoa prejudicada.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige elemento subjetivo específico. Não há
forma culposa.
Objetos material e jurídico. O objeto material é a vantagem e o objeto jurídico é a administração
pública, nos interesses material e moral.
Classificação. Crime comum, material, de forma livre, comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo,
unissubjetivo, plurissubsistente, admite a tentativa.

SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA


Tipo penal. O tipo consiste nas condutas elencadas nos incisos consistentes em suprimir ou reduzir
contribuição social previdenciária e qualquer acessório.
Sujeitos
a) ativo: o titular de firma individual, os sócios solidários, os gerentes, diretores ou administradores
que efetivamente tenham participado da administração da empresa a ponto de concorrer de maneira
eficaz para a conduta punível.
b) passivo: Estado, especificamente o INSS.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se elemento subjetivo específico consistente na
vontade de fraudar a previdência, deixando de pagar a contribuição. Não há forma culposa.
Objetos material e jurídico. De acordo com os incisos:
I – objeto material: folha de pagamento; objeto jurídico: seguridade social.
II – objeto material: título próprio da contabilidade da empresa; objeto jurídico: seguridade social.
III – objeto material: receita, o lucro auferido, a remuneração paga ou creditada ou outro fato gerador
de contribuição previdenciária; objeto jurídico: a seguridade social.
Classificação. Crime próprio, formal, de forma livre, comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo,
unissubjetivo, unissubsistente, não admite a tentativa.

Dispositivos do Código Penal pertinentes ao tema:

CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Usurpação de função pública


Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

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Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Tráfico de Influência
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem,
a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
também destinada ao funcionário.

Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

Descaminho (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)


Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela
saída ou pelo consumo de mercadoria
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou
acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo
ou fluvial

Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização
de órgão público competente;
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.

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§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo
ou fluvial.

Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência


Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida
pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da
vantagem oferecida.

Nota: o crime tipificado no art. 335 do Código Penal foi tacitamente revogado pelo art. 93 e 95 da
Lei 8.666/93.

Inutilização de edital ou de sinal


Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Subtração ou inutilização de livro ou documento


Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à
custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Sonegação de contribuição previdenciária


Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas:
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação
previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições,
importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei
ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário
e de bons antecedentes, desde que:
I – (VETADO)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais.
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
aplicar apenas a de multa.
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos
índices do reajuste dos benefícios da previdência social.

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

O ramo da Administração Pública que se visa proteger com esses dispositivos legais é o Poder
Judiciário. Para tanto, as normas tipificam condutas que atentam contra a dignidade e a honra das funções
jurisdicionais, ou seja, a efetividade e o respeito que se deve ter à decisão da Justiça.

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REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO

Bem jurídico. É a eficácia e autoridade do ato oficial do Estado, ou seja, a sentença.


Sujeito
a) Ativo. Estrangeiro expulso.
b) Passivo. A administração da Justiça ou o próprio Estado.
Tipo objetivo. Reingressar: entrar novamente no território de onde foi expulso. Tanto pode ser na
parte terrestre, marítima, aérea ou fluvial do território.
Pena. 1 a 4 anos de reclusão.
Ação penal. Ação penal pública incondicionada.

Competência
a) Para investigação: Polícia federal - art. 144, § 1º, IV da CF/88.
b) Para processo e julgamento: Justiça federal - art. 109, X da CF/88.

Normas pertinentes. Estatuto do Estrangeiro, Lei 6815/80, art. 65.

Conceito de estrangeiro. Conceitua-se estrangeiro de forma excludente. O art. 12 da


CF/88 conceitua ou define quem são os brasileiros, aqueles que não se enquadrarem naquela
conceituação são estrangeiros.
Expulsão. É o castigo ao estrangeiro que apresenta indícios sérios de inconveniência pelos seguintes
atos: atentar contra a segurança pública; atentar contra a ordem política, contra a ordem social, contra a
tranquilidade ou moralidade pública e economia popular; for nocivo à convivência nacional; ter praticado
fraude na entrada ou permanência no País; entregar-se à vadiagem ou mendicância (arts. 59 e 60 da
LCP); ter condenação no estrangeiro.
Classificação. É crime próprio (só pode ser praticado por estrangeiro expulso do território), comissivo,
instantâneo, unissubjetivo, e formal.

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

Conduta típica. A conduta de denunciação caluniosa está tipificada no art. 339 do CPB e consiste em
"dar causa a instauração de investigação policial ou de processo judicial contra alguém (pessoa
determinada), imputando-lhe crime (contravenção penal não integra o presente tipo penal) de que o sabe
inocente". Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
a) Investigação policial / b) Processo Judicial / c) Investigação administrativa / d) Inquérito civil / e)
Ação de improbidade administrativa
As alíneas "a" a "e" deste item "1", correspondem aos procedimentos investigatórios constituintes do
tipo penal "denunciação caluniosa". Antes do ano 2002, apenas as condutas "a" e "b" eram previstas no
tipo penal, o que causava muitos conflitos no campo doutrinário; com o advento da Lei 10.028/2002, foi
feita a inserção das condutas "c" a "e" extinguindo assim os problemas levantados anteriormente pelos
doutrinadores.
Crime complexo. A doutrina é divergente quanto ao fato de considerar ou não a denunciação
caluniosa como crime complexo, tendo em vista que este tem que ser pluriofensivo, ou seja, é aquele que
ofende mais de um bem juridicamente protegido. Denunciar é levar algo ao conhecimento de alguém, o
que, por si só, não é crime. A denunciação caluniosa é resultado da soma do ato de denunciar mais a
calúnia (tipo penal previsto no art. 138 do CPB). A melhor doutrina entende que a denunciação caluniosa
não é crime complexo pelo simples fato de que a denunciação por si só não caracteriza delito penal
algum; então, apenas a calúnia é que é crime.
Análise do tipo. O tipo previsto no art. 339 do CP é dar causa, ou fazer, causar a instauração de
investigação policial ou de processo judicial contra alguém (pessoa determinada), imputando-lhe crime
de que o sabe inocente.
Sujeitos
a) Ativo: Qualquer pessoa.
b) Passivo: b1) Principal: O Estado. b2) Secundário: A pessoa prejudicada em face da falsa
imputação.

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Autoridade que age de ofício. Se a autoridade age de ofício e instaura investigação policial ou
processo judicial contra alguém (pessoa determinada), imputando-lhe crime de que o sabe inocente,
responderá criminalmente pela prática do delito capitulado no art. 339 do CP.
Necessidade do inquérito. Para as investigações do delito de denunciação caluniosa é dispensável
a abertura de inquérito, haja vista a existência de inquérito ou procedimento semelhante investigando a
autoria do delito, falsamente denunciado.
Término das investigações. Para que se verifique com mais precisão a inocência da vítima de
denunciação caluniosa é necessário e importante o término das investigações impulsionadas pela falsa
denunciação.

Causa de aumento de pena. Art. 339, § 1º: A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve
de anonimato ou de nome suposto.
Causa de diminuição de pena. Art. 339, § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de
prática de contravenção.
A denunciação caluniosa na legislação esparsa. Em seu art. 19, a Lei 8429/1992 (Lei das
Improbidades Administrativas), prevê a prática da denunciação caluniosa. Em toda a lei não há definição
de tipos penais e sim de atos de improbidade administrativa (arts. 9º ao 11), exceto no art. 19, onde se
tem a única previsão de tipo penal nesta lei.

COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO

Objeto Jurídico. Administração da justiça.

Distinção entre os arts. 339 e 340 do CP.


Art. 339 - Denunciação caluniosa: "Dar causa a instauração de investigação policial ou de processo
judicial contra alguém (pessoa determinada), imputando-lhe crime (contravenção penal não integra o
presente tipo penal) de que o sabe inocente".
Art. 340 - Comunicação falsa de crime ou de contravenção: "Provocar (pessoa indeterminada -
qualquer um pode provocar) a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de
contravenção (contravenção penal também integra o presente tipo penal) que sabe não se ter verificado".
Comunicação. A comunicação pode ser por escrito, verbal, por telefone; o trote enquadra-se.
Autoridade. Tanto pode ser autoridade judicial, policial, ou MP. Há uma corrente que entende ser
apenas a autoridade judicial, isso porque interpreta a expressão ação de autoridade de forma restritiva,
como sendo tão somente o direito de exigir a prestação jurisdicional do Estado. A melhor doutrina
interpreta de forma correta a aludida expressão como sendo qualquer atitude tomada por autoridade, a
requisição de outrem.
Providências. Para que se configure o delito tipificado no art. 340 do CP, é necessário que a
autoridade tome providências face a falsa comunicação de crime ou contravenção.
Diversidade jurídica e de fato. Significa que se, diante a falsa comunicação de um delito - p. ex.: falsa
comunicação de roubo - a autoridade termina por apurar outro delito - p. ex.: furto - não restará
caracterizado o tipo penal do art. 340 do CP.
Consumação. A "comunicação falsa de crime ou de contravenção" consuma-se com a providência
tomada pela autoridade.
Arrependimento. É admissível se ocorre antes de a autoridade tomar a providência.
Crime impossível. Ocorrerá quando houver a falsa comunicação de crime ou contravenção e ao
chegar no local noticiado, ao invés de perder tempo, a autoridade constatar a ocorrência real de um delito,
sendo proveitosa a diligência. Assim é crime impossível porque apesar da tentativa de causar prejuízo à
administração da justiça, tal não ocorreu.
Classificação. É crime comum, de forma livre, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente.

AUTOACUSAÇÃO FALSA

Conduta típica. "Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem:
Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa".
Sujeito
a) Ativo: Qualquer pessoa, desde que não tenha sido autor, coautor ou partícipe; se estiver em
qualquer dessas situações poderá ser beneficiado com a atenuante genérica da "confissão".
b) Passivo: A administração da justiça.

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Elemento subjetivo: Dolo.
Figura típica. A figura típica só comporta o crime, não configura o delito do 341 do CP nos casos de
autoacusação falso de contravenção penal.

FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA

A figura da vítima. A vítima de qualquer ilícito penal não é ouvida da qualidade de testemunha, tendo
em vista que possui interesse direto na causa, assim, se prestar falsas declarações, não incorrerá no
ilícito capitulado pelo art. 342 do CP, pois não tem a obrigação, por compromisso, de falar a verdade.
As partes. No contexto do processo civil autor e réu não estão sujeitos à prática do falso testemunho,
pois, além do direto interesse na causa não têm a obrigação, por compromisso, de falar a verdade.
Pessoas que não prestam compromisso ao serem ouvidas em Juízo. Os menores de 14 anos
(CPP, arts. 203 e 206); os ascendentes e descendentes; os irmãos; ou o cônjuge do réu ou da vítima não
prestam compromisso ao serem ouvidas em Juízo. Quanto a essas pessoas a doutrina atual se divide
quanto ao fato de poderem ser sujeito ativo do delito de falso testemunho.
Para parte da doutrina os que não prestam compromisso incorrerão no delito do art. 342 do CP, para
outra parte eles incorrerão sim no aludido delito.
No Código Criminal de 1890 o compromisso era condicionante para a consumação do falso
testemunho; assim, o não compromissado não praticava o delito. No atual Código Penal, não existe o
compromisso não tem status de condicionante. Por isso, o não compromissado pratica sim o delito de
falso testemunho se calar ou faltar com a verdade, tendo em vista que o compromisso não integra o tipo,
segundo a melhor doutrina.
Concurso de pessoas. Não é existe o concurso de pessoas, cada pessoa que presta falso
testemunho, mesmo que ao serem ouvidas nos mesmos autos, praticará autonomamente o delito do art.
342.
Participação. Assim como é inadmissível o concurso de pessoas, também não existe a participação
na figura típica do art. 342 do CP. A figura do partícipe também é inexistente no art. 343 do CP.
Condutas típicas. Três são as condutas típicas integrantes do tipo previsto no artigo 342 do Código
Penal Brasileiro: afirmação falsa (proferir mentira); negar a verdade (dizer que não é verdade determinado
fato quando se sabe que é); calar a verdade (deixar de dizer a verdade, omiti-la, permanecer calado
quando se sabe qual é a verdade).

Sujeitos
a) Ativo. Testemunha; perito; contador; tradutor e intérprete judiciais.
b) Passivo. A administração da justiça.

CP 343

Tipo penal. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
Sujeitos
a) ativo: qualquer pessoa.
b) passivo: Estado, primordialmente. Em segundo plano, pode ser a pessoa prejudicada pelo
depoimento ou pela falsa perícia.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se elemento subjetivo específico consistente na
vontade de conspurcar a administração pública. Não há forma culposa.
Objetos material e jurídico. O objeto material é a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete
e o objeto jurídico é a administração da justiça.
Classificação. Crime comum, formal, de forma livre, comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo,
unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente, forma em que admite a tentativa.

COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO

Conduta típica. "Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou
alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral". Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa,
além da pena correspondente à violência.
Objetividade jurídica. A administração da justiça

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Sujeitos
a) Ativo: Qualquer pessoa
b) Passivo: O Estado

Elementos normativos do tipo:


a) Violência: A violência tem que ser contra a pessoa
b) Grave ameaça: A ameaça tem ser capaz de intimidar o homem médio

Contra autoridade. A vítima da ameaça ou da violência tem que ser Delegado de Polícia; Promotor
de Justiça; Juiz; Partes (autor ou réu).
Elemento subjetivo do tipo. Dolo genérico mais a finalidade a alcançar favorecimento próprio ou
alheio.
Consumação. Evidenciada pela prática da violência ou da grave ameaça.
Reiteração de ameaças. Se várias forem as ameaças, o crime será único.
Classificação. Crime comum, formal, comissivo, plurissubsistente, unissubjetivo, instantâneo.
Ação penal. Pública incondicionada.

EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES

Objetividade jurídica. A administração da justiça


Elementos objetivos do tipo
a) Conduta: Satisfazer uma pretensão
b) Pretensão: Suposto direito do agente

Elementos subjetivos do tipo. Dolo genérico (intenção de querer praticar a conduta típica) somado
ao dolo específico (satisfação de uma conduta, ainda que legítima).
Cobrança da dívida. Prevista nos arts. 42 e 71 do CDC (lei 8078/1990)
Elemento normativo do tipo. Evidencia-se na expressão "salvo quando a lei". Ex. direito de retenção
e penhor legal.
Consumação
a) 1ª Corrente
O crime já está perfeito somente com a violência, independente da satisfação. É crime formal pois se
consuma com a realização da conduta tendente à satisfação da pretensão. (Luiz Régis Prado; Cezar
Roberto Bittencourt; Noronha; Damásio e Nucci).
b) 2ª Corrente
Por ser crime material, se perfaz com a satisfação da pretensão do agente. (Nelson Hungria; Claudio
Heleno Fragoso; Delmanto)

Ação penal
Se inexistir violência contra a pessoa a ação é de iniciativa privada. Em havendo violência física contra
a pessoa é crime de ação pública incondicionada.

CP 346

Conduta típica. É uma outra forma de exercício arbitrário das próprias razões, realizada nas condutas
de "Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação
judicial ou convenção." Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Componentes da conduta típica. Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em
poder de outrem.
Sujeitos
a) Ativo. Proprietário da coisa que se tirou, suprimiu, destruiu ou danificou, quando se achava em
poder de outrem.
b) Passivo. O Estado e a pessoa que se achava na posse do objeto material do tipo (coisa móvel ou
imóvel sob responsabilidade de outrem).
Tipo subjetivo: Dolo
Classificação. Crime próprio, material, de forma livre, comissivo, unissubjetivo, plurissubsistente,
instantâneo de conteúdo variável ou misto alternativo.
Ação penal. Pública incondicionada.

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FRAUDE PROCESSUAL

Conduta típica. "Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado


de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito". Pena - detenção, de 3
(três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado,
as penas aplicam-se em dobro.
A elementar do tipo acha-se presente no verbo inovar, que significa modificar, alterar ou substituir.
Objeto jurídico. A administração da justiça.
Sujeitos
a) Ativo: Qualquer pessoa.
b) Passivo: O Estado.
Inovação artificiosa
A inovação artificiosa consiste em modificar, alterar substituir determinada situação referente ao estado
de lugar de coisa ou de pessoa.
Finalidade teleológica do tipo. Induzir a erro juiz ou perito

FAVORECIMENTO PESSOAL

Conduta típica. "Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada
pena de reclusão". Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é
cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa.
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento
de pena.
Objeto jurídico. A administração da justiça.
Sujeitos
a) Ativo. Qualquer pessoa, exceto o coautor ou partícipe do crime anterior.
b) Passivo. O Estado.
A expressão "autor do crime". É utilizada em sentido lato, referindo-se também ao coautor e ou
partícipe.
Auxílio anterior ou concomitante ao crime. O auxílio não pode ser anterior ao cometimento do crime,
nem concomitante. Se concomitante o acusado responderia como partícipe. Desta forma o auxílio tem
que ser posterior.
Não há o favorecimento. Se no fato anterior se operou causa de exclusão da culpabilidade ou de
ilicitude (art. 23 do CP), causa de extinção da punibilidade, ou escusa absolutória (art. 181 do CP), não
resta configurado o favorecimento.
Contravenção penal. Não é possível ocorrer o favorecimento tipificado no art. 348 do CP para a
prática de contravenção penal.
Autoridade pública. Entende-se como autoridade pública para fins do art. 348 juiz, delegado de
polícia, policial ou autoridade administrativa.
Momento consumativo. É o momento em que o auxílio é efetivamente prestado ao autor do crime,
ainda que breve o auxílio.

Escusa absolutória
Art. 348, § 2º - "Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso,
fica isento de pena".
Apesar do rol taxativo do parágrafo, Damásio de Jesus entende que o companheiro(a) ou amásio(a)
também pode ser beneficiado pela escusa absolutória ficando isento de pena.

Configuração do delito. Só será possível o favorecimento real se disser respeito ao cometimento de


crime. Podendo acontecer através de empréstimo de veículo ou fornecimento de combustível para fuga,
ocultação da vítima para desaparecer vestígio, fornecimento de dinheiro etc.

FAVORECIMENTO REAL

Conduta típica. "Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado
a tornar seguro o proveito do crime". Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
Diferença entre os favorecimentos.
No favorecimento real o sujeito visa tornar seguro o proveito do delito;

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No favorecimento pessoal o sujeito visa tornar seguro o autor do crime antecedente.

Diferença entre favorecimento real e receptação. No favorecimento real o agente age


exclusivamente em favor do autor do delito antecedente;
Na receptação age em proveito próprio ou de terceiro que não seja coautor ou partícipe.
No favorecimento real a ação do sujeito visa ao autor do crime antecedente;
Na receptação a conduta incide sobre o objeto material do crime anterior.
No favorecimento real o proveito pode ser econômico ou moral;
Na receptação age é única e exclusivamente econômico.

EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE PODER

O artigo 350 do Código Penal conflita diretamente com o que dispõe a Lei de Abuso de Autoridade
(Lei n. 4.898/65). Neste contexto, seguindo o entendimento majoritário o doutrinador Guilherme Nucci
ensina que este dispositivo foi inteiramente revogado pela Lei 4.898/65, que tem todas as possibilidades
possíveis de abuso de autoridade previstas em suas figuras típicas.

FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA A MEDIDA DE SEGURANÇA

Conduta típica. "Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de
segurança detentiva". Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos.
Análise do núcleo do tipo. O verbo núcleo é promover que significa dar causa. É crime comum.
Ocorre no ambiente prisional que tanto pode ser no interior de um estabelecimento prisional (intramuros),
bem como durante escolta policial (extramuros).
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à violência.
§ 3º - A pena é de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja
custódia ou guarda está o preso ou o internado.
Sujeitos
a) Ativo: Qualquer pessoa; normalmente quem custodia o preso.
b) Passivo: O Estado.
Elemento subjetivo. O dolo. Também a forma culposa é admitida (§ 4º - No caso de culpa do
funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de 3 meses a 1 ano, ou
multa), sendo aí crime próprio.
Conceito de fuga. É a escapada ou o rápido afastamento do local onde está o detido. Concretiza-se
a fuga ainda que não seja definitiva.
Pessoa presa. A prisão deve ser legal.
Classificação. Crime comum, material, forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e
plurissubsistente.

Figura qualificada
a) Cometido a mão armada
b) Concurso de 2 ou mais pessoas
c) Mediante arrombamento
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento,
a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Forma culposa. Quando praticado na forma culposa o crime é próprio.

EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA

Conduta típica. "Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de


segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa". Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, além
da pena correspondente à violência.
Análise do núcleo do tipo. Evadir-se significa fugir ou escapar da prisão.
Sujeito ativo. Pessoa presa ou submetida a medida detentiva (internação).
Classificação. Crime próprio, especificadamente de mão própria, material, forma livre, instantâneo,
comissivo, unissubjetivo, plurissubsistente, não se admite tentativa, pois trata-se de crime de atentado.

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ARREBATAMENTO DE PRESO

Conduta típica. "Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou
guarda". Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, além da pena correspondente à violência.
Objeto jurídico. Administração Pública.
Sujeito
a) Ativo. Qualquer pessoa, crime comum, podendo ser praticado inclusive por funcionário público.
b) Passivo. Principal o Estado e, secundariamente, o preso arrebatado.
Lugar do fato. Pouco importa: intramuros (dentro do estabelecimento prisional) ou extra muros
Guarda ou custódia. Pode ser exercida por carcereiro, escolta policial.
Momento consumativo. Trata-se de crime formal. Consuma-se com o arrebatamento, não sendo
necessário que o preso venha a ser seviciado.

MOTIM DE PRESOS

Conduta típica. "Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão" Pena -


detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da pena correspondente à violência.
Objetivo. O objetivo é a Administração Pública.
Sujeito ativo. Trata-se de crime coletivo ou de concurso necessário, próprio, que só pode ser realizado
pelos "presos".
Número de concorrentes necessários
Interpretação sistêmica. Mínimo de três pessoas.
Medida de segurança. A lei fala em presos e prisão, por isso entende-se inexistir em relação à
medidas.
Conduta. Comportamento de rebeldia de pessoas presas, agindo com reivindicações justas ou
injustas, vingança.
Local do fato. Não há necessidade de ser no presídio, por ser em ocasião de transferência.
Momento consumativo. É crime material. Consuma-se com a efetiva perturbação da ordem e
disciplina.
Violência contra a coisa
1ª corrente  a expressão violência abrange a cometida contra a pessoa e coisa, havendo concurso
material.
2ª corrente  a expressão violência abrange somente a empregada contra a pessoa.
Damásio filia-se à primeira. Havendo lesão e morte, responde por esses crimes, além do motim; haverá
concurso material. Da mesma forma ocorrendo crime de dano.

DO PATROCÍNIO INFIEL

Conduta típica. "Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando


interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado".
Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
Sujeitos
a) Ativo: Advogado ou procurador judicial (defensor público, procuradores estaduais, municipais,
federais, distritais, estagiários).
b) Passivo: O Estado.

Verbo nuclear. O verbo nuclear é o verbo trair, que significa ser infiel, desleal, enganar os deveres
profissionais.

Deveres profissionais
Art. 33 da lei 8.906/94 (EAOAB): O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres
consignados no Código de Ética e Disciplina. Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os
deveres do advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a
recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos
procedimentos disciplinares.
Art. 2º do CED: O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do estado
democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a
atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce. Parágrafo único. São deveres
do advogado: I - preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo

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seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; II - atuar com destemor, independência, honestidade,
decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; III - velar por sua reputação pessoal e profissional; IV -
empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional; V - contribuir para o
aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; VI - estimular a conciliação entre os litigantes,
prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; VII - aconselhar o cliente a não ingressar em
aventura judicial; VIII - abster-se de: a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; b)
patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também atue; c) vincular
o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso; d) emprestar concurso aos que
atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; e) entender-se
diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste. IX - pugnar
pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e
difusos, no âmbito da comunidade.

Prejuízos. São considerados como prejuízos os danos materiais e morais. A expressão "prejudicando
interesse" significa a modificação do mundo exterior.

Patrocínio. Ocorre tanto nas causas cíveis quanto nas criminais. O patrocínio infiel em inquéritos
policiais configura conduta atípica, e em procedimentos extrajudiciais também desconfigura a conduta
típica do art. 355 do CPB. O artigo é taxativo em mencionar o termo processo, portanto, o patrocínio infiel
só pode acontecer na esfera dos processos judiciais.

Patrocínio simultâneo ou tergiversação (Parágrafo único). "Incorre na pena deste artigo o


advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes
contrárias".
a) Patrocínio simultâneo. Ocorre quando o advogado faz jogo com as duas partes, orientando ao
mesmo tempo autor e réu.
b) Tergiversação ou patrocínio sucessivo. Ocorre quando o advogado desiste do patrocínio da
causa de seu cliente para patrocinar a causa ex adversa.

Consumação e tentativa. No patrocínio infiel, caput do art. 355, a consumação será quando do
prejuízo em face da traição (crime material); no caso do parágrafo único, tergiversação ou patrocínio
sucessivo, ocorre com o ato processual tendente a beneficiar a parte contrária (crime formal, porque não
exige o efetivo prejuízo).

Classificação. Crime próprio (só praticado por advogado ou procurador judicial), material (caput),
formal (parágrafo único), plurissubsistente, unissubjetivo, instantâneo, comissivo e omissivo.

Ação penal. Pública incondicionada.

SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO

Tipo penal. Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor
probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador.
Sujeitos
a) ativo: somente pode ser advogado ou procurador judicial.
b) passivo: Estado e, secundariamente, a pessoa prejudicada.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige elemento subjetivo específico. Não há forma
culposa.
Objetos material e jurídico. Os objetos materiais são os autos, documentos ou objetos de valor
probatório e o objeto jurídico é a administração da justiça
Classificação. Crime próprio, material, comissivo ou omissivo, instantâneo, unissubjetivo,
plurissubsistente, admite a tentativa na modalidade comissiva, embora de difícil configuração.

EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO

Tipo penal. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz,
jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.

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Sujeitos
a) ativo: qualquer pessoa.
b) passivo: Estado. Na modalidade receber exige o concurso de outra pessoa, que faz o pagamento.

Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se o elemento subjetivo específico, consistente na


finalidade de influir nas pessoas descritas no tipo penal. Não há forma culposa.
Objetos material e jurídico. O objeto material é o dinheiro ou a utilidade recebida ou solicitada e o
objeto jurídico é a administração da justiça.
Classificação. Crime comum, material, comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo,
unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente, forma em que admite a tentativa.

VIOLAÇÃO OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL

Tipo penal. Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial, afastar ou procurar afastar concorrente
ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem.
Sujeitos
a) ativo: qualquer pessoa.
b) passivo: Estado, podendo em segundo plano, figurar o terceiro prejudicado (participante da
arrematação ou licitante).
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige o elemento subjetivo específico. Não há
forma culposa.
Objetos material e jurídico. O objeto material pode ser a arrematação judicial ou a pessoa que
participa desta e o objeto jurídico é a administração da justiça.
Classificação. Crime comum, formal, comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo,
unissubjetivo, plurissubsistente, admite a tentativa.
Concurso de crimes. Exige o tipo penal que, havendo violência, a pena correspondente ao
seu emprego seja aplicada em concurso com a do delito previsto no art. 358.

DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO

Tipo penal. Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado
por decisão judicial.
Bem Jurídico. Tutela-se a Administração da Justiça.
Sujeitos
a) ativo: somente a pessoa suspensa ou privada de direito por decisão judicial.
b) passivo: Estado.
Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige o elemento subjetivo específico. Não há
forma culposa.
Objeto material. O objeto material é o dolo, caracterizado pela vontade de exercer função, atividade,
direito, autoridade ou múnus, ciente o agente de que há decisão judicial privando-o ou suspendendo-o de
tal exercício.
Classificação. Crime próprio, formal, de forma livre, comissivo, habitual, unissubjetivo,
plurissubsistente, não admite a tentativa.

Dispositivos do Código Penal:

CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

Reingresso de estrangeiro expulso


Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.

Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de
investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém,
imputando-lhe crime de que o sabe inocente:

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Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.

Comunicação falsa de crime ou de contravenção


Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção
que sabe não se ter verificado:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Autoacusação falsa
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

Falso testemunho ou falsa perícia


Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013)
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se
cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil
em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente
se retrata ou declara a verdade.

Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de
obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade
da administração pública direta ou indireta.

Coação no curso do processo


Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio,
contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo
judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Exercício arbitrário das próprias razões


Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando
a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.

Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por
determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Fraude processual
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado,
as penas aplicam-se em dobro.

Favorecimento pessoal
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de
reclusão:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:

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Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento
de pena.

Favorecimento real
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
seguro o proveito do crime:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).

Exercício arbitrário ou abuso de poder


Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou
com abuso de poder:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que:
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado a execução de pena
privativa de liberdade ou de medida de segurança;
II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno
ou de executar imediatamente a ordem de liberdade;
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não
autorizado em lei;
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.

Nota: o crime tipificado no art. 350 do Código Penal foi tacitamente revogado pela Lei nº 4.898/65
(Lei de Abuso de Autoridade).

Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança


Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de
segurança detentiva:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento,
a pena é de reclusão, de dois a seis anos.
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à violência.
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia
ou guarda está o preso ou o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção,
de três meses a um ano, ou multa.

Evasão mediante violência contra a pessoa


Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança
detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.

Arrebatamento de preso
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à violência.

Motim de presos
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.

Patrocínio infiel
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse,
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

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Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na
mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.

Sonegação de papel ou objeto de valor probatório


Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor
probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador:
Pena - detenção, de seis a três anos, e multa.

Exploração de prestígio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.

Violência ou fraude em arrematação judicial


Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente
ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da pena correspondente à violência.

Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito


Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por
decisão judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

Questões

01. (TJ/SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - VUNESP/2016) Diz o parágrafo 5º do


artigo 121 do Código Penal Brasileiro, que: “na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária”. Trata-se de
(A) graça.
(B) perdão judicial.
(C) anistia.
(D) indulto.

02. (AL/MS - Agente de Polícia Legislativo - FCC/2016) Micaela, de 19 anos de idade, após manter
um relacionamento ocasional com Rodrigo, de 40 anos de idade, acaba engravidando. Após esconder a
gestação durante meses de sua família e ser desprezada por Rodrigo, que disse que não assumiria
qualquer responsabilidade pela criança, Micaela entra em trabalho de parto durante a 40ª semana de
gestação em sua residência e sem pedir qualquer auxílio aos familiares que ali estavam, acaba parindo
no banheiro do imóvel. A criança do sexo masculino nasce com vida e Micaela, agindo ainda sob efeito
do estado puerperal, corta o cordão umbilical e coloca o recém-nascido dentro de um saco plástico,
jogando-o no lixo da rua. O bebê entra em óbito cerca de duas horas depois. Neste caso, à luz do Código
Penal, Micaela cometeu crime de
(A) homicídio culposo.
(B) homicídio doloso.
(C) aborto.
(D) lesão corporal seguida de morte.
(E) infanticídio.
03. (PC/PE - Agente de Polícia - CESPE/2016) Acerca dos crimes contra a pessoa, assinale a opção
correta.
(A) Quando o homicídio for praticado por motivo fútil, haverá causa de diminuição de pena.
(B) Sempre que um agente mata uma vítima mulher, tem-se um caso de feminicídio.
(C) O homicídio e o aborto são os únicos tipos penais constantes no capítulo que trata de crimes contra
a vida.

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(D) O aborto provocado é considerado crime pelo direito brasileiro, não existindo hipóteses de exclusão
da ilicitude.
(E) O aborto provocado será permitido quando for praticado para salvar a vida da gestante ou quando
se tratar de gravidez decorrente de estupro.

04. (PC/PA - Papiloscopista - FUNCAB/2016) Considerando apenas as informações existentes nas


alternativas, assinale aquela que caracteriza crime de lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2º, do CP).
(A) Provocar dolosamente a perda de audição em um dos ouvidos da vítima.
(B) Agredir a vítima com intenção de interromper sua gravidez mediante aborto, o que efetivamente
ocorre.
(C) Lesionar a vítima dolosamente, causando-lhe por culpa incapacidade permanente para o trabalho.
(D) Transmitir a vítima, intencionaImente, enfermidade grave, mas curável.
(E) Queimar culposamente significativa parte do corpo da vítima, de modo a causar-lhe deformidade
permanente.

05. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB/2016) O crime de ameaça:


(A) não pode ser praticado por meios simbólicos.
(B) é de ação penal privada.
(C) pressupõe injustiça do mal prometido.
(D) quando usado como meio executório de um roubo, coexiste com este em concurso de crimes.
(E) não admite transação penal.

06. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - FCC/2016) Brutus, no interior de uma loja, a pretexto de
adquirir roupas, solicitou ao vendedor vários modelos para experimentar, mas, no interior do provador,
escondeu uma das peças dentro de suas vestes, devolveu as demais e deixou o local. Brutus cometeu
crime de
(A) furto qualificado pela fraude.
(B) apropriação indébita.
(C) furto simples.
(D) estelionato.
(E) furto de coisa comum.

07. (Polícia Científica/PE - Conhecimentos Gerais - CESPE/2016) Considere que José tenha
subtraído dinheiro de Manoel, após lhe impossibilitar a resistência. Nessa situação hipotética, fica
caracterizada a causa de aumento de pena se José tiver cometido o crime
(A) com emprego de chave falsa.
(B) com restrição da liberdade de Manoel.
(C) com destruição de obstáculo à subtração do dinheiro.
(D) mediante fraude, escalada ou destreza.
(E) durante o repouso noturno.

08. (TJ/PA - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – IESES/2016) O ato de


adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte é tipificado como
crime de:
(A) Receptação.
(B) Apropriação indébita.
(C) Induzimento à especulação.
(D) Estelionato.

09. (Polícia Civil/SP - Escrivão de Polícia – VUNESP/2014) Qualifica o crime de furto, nos termos
do art. 155, § 4.º do CP, ser o fato praticado.
(A) em local ermo ou de difícil acesso.
(B) contra ascendente ou descendente.
(C) durante o repouso noturno.
(D) com abuso de confiança.
(E) mediante emprego de arma de fogo.

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10. (PC/PA - Delegado - UEPA/2013) Usando um crachá que o identificava como oficial de justiça,
um homem entrou no escritório de uma empresa, supostamente para entregar uma intimação ao
proprietário. Enquanto a secretária foi chamar o chefe, o visitante se aproveitou de que ficara só na sala
para guardar em sua pasta um notebook e um tablet, retirando-se em seguida. Constatando-se
posteriormente que o suposto oficial de justiça havia falsificado o crachá, deveria ser indiciado:
(A) apenas por estelionato, ficando a falsificação de documento público absorvida por ser o meio
executivo da fraude cometida.
(B) apenas por furto qualificado, porque a despeito de haver fraude na conduta do agente, ele na
verdade subtraiu bens da vítima.
(C) apenas por furto qualificado pelo abuso de confiança, porque o cidadão comum tem natural
confiança na autoridade pública.
(D) por falsificação de documento público, uso de documento falso e estelionato, em concurso material.
(E) por falsificação de documento público e estelionato, em concurso material.

11. (Câmara de Marília/SP - Procurador Jurídico - VUNESP/2016) Aquele que guarda instrumento
especialmente destinado à falsificação de moeda
(A) comete crime equiparado ao crime de falsificação de moeda (CP, art. 289), mas receberá pena
reduzida.
(B) comete crime equiparado ao crime de falsificação de moeda (CP, art. 289), com idêntica pena.
(C) comete crime assimilado ao crime de falsificação de moeda (CP, art. 290).
(D) comete o crime de petrechos para falsificação de moeda (CP, art. 291).
(E) não comete crime algum, por se tratar de ato preparatório.

12. (Prefeitura de Goiânia/GO - Auditor de Tributos - CS-UFG/2016) Aquele que falsifica, no todo
ou em parte, cartão de crédito ou débito de banco público, enquadra-se no crime de
(A) petrechos de falsificação.
(B) falsificação de documento particular.
(C) falsificação de documento público.
(D) falsidade ideológica.

13. (MPE/SP - Oficial de Promotoria I - VUNESP/2016) Com relação à figura do art. 305 do CP
(“supressão de documento"), é correto afirmar que
(A) o crime apenas se configura se o sujeito ativo não pode dispor do documento.
(B) a pena é exatamente a mesma, tanto com relação ao documento público como com relação ao
documento particular.
(C) o tipo penal pune a conduta de “suprimir documento", mas não a de “destruir documento".
(D) o tipo penal pune a conduta de “suprimir documento", mas não a de “ocultar documento".
(E) é punida com pena privativa de liberdade, na modalidade detenção, e multa.

14. (TJ-MT - Distribuidor, Contador e Partidor - UFMT/2016) A falsificação e o uso de um documento


público, pelo mesmo agente, configura o delito de
(A) uso de documento falso.
(B) falsificação de documento público e uso de documento falso, em concurso material.
(C) falsificação de documento público e uso de documento falso, em concurso formal.
(D) falsificação de documento público.

15. (TRE/MS – Analista Judiciário - CESPE) Silas, maior e capaz, foi abordado por policiais militares
e, ao ser questionado acerca do documento de identificação, apresentou, como sendo seu, o único
documento que carregava, um título de eleitor, autêntico, pertencente a terceira pessoa. Nessa situação
hipotética,
(A) a conduta de Silas ajusta-se ao crime de uso de documento de identidade alheio.
(B) Silas praticou o crime de falsidade ideológica.
(C) configurou-se o delito de uso de documento falso.
(D) Silas perpetrou o crime de falsa identidade.
(E) a conduta de Silas foi atípica, pois ele exibiu o documento apenas por exigência dos policiais.

16. (Prefeitura de Rosana/SP - Procurador do Município - VUNESP/2016) Assinale a alternativa


correta sobre o crime de peculato, tipificado no artigo 312 e parágrafos do Código Penal.
(A) É crime próprio e não admite o concurso de pessoas.

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(B) No peculato culposo a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, reduz de metade a
pena imposta.
(C) Admite o concurso de pessoas desde que a qualidade de funcionário público, elementar do tipo,
seja de conhecimento do particular coautor ou partícipe.
(D) Para a caracterização do peculato-furto, afigura-se necessário que o funcionário público tenha a
posse do dinheiro, valor ou bem que subtrai ou que concorre para que seja subtraído, em proveito próprio
ou alheio.
(E) No peculato doloso a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade.

17. (SEGEP/MA - Auditor Fiscal da Receita Estadual - FCC/2016) A vantagem indevida obtida pelo
funcionário público só caracteriza o crime de concussão quando for
(A) exigida.
(B) solicitada.
(C) aceita.
(D) oferecida.
(E) recebida.

18. (CREF - 7ª Região (DF) - Auxiliar de Atendimento e Administração - Quadrix/2016) Em relação


aos crimes praticados contra a Administração Pública, analise o enunciado proposto e assinale a
alternativa correta. “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”, configura o seguinte delito:
(A) prevaricação.
(B) concussão.
(C) advocacia administrativa.
(D) tráfico de influência.
(E) corrupção ativa.

19. (SEGEP/MA - Técnico da Receita Estadual - FCC/2016) João, chefe da repartição pública,
constata que seu subordinado Antônio cometeu infração ao despachar processo administrativo de sua
responsabilidade e atribuição. João, sabendo que Antônio passa por difícil situação pessoal, deixa de
tomar as providências disciplinares cabíveis ao caso. A conduta de João caracteriza o crime de
(A) prevaricação.
(B) advocacia administrativa.
(C) condescendência criminosa.
(D) favorecimento pessoal.
(E) favorecimento real.

20. (SEGEP/MA - Técnico da Receita Estadual - FCC/2016) O particular que exige vantagem a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função, pratica o crime de
(A) concussão.
(B) advocacia administrativa.
(C) usurpação de função pública.
(D) tráfico de influência.
(E) corrupção.
Respostas

01. Resposta: B
O instituto previsto no artigo 121, §5º, do CP, é o perdão judicial. Por meio deste instituto o juiz, embora
reconhecendo a prática do crime, deixa de aplicar a pena, contudo, é necessário que se apresentem
determinadas circunstâncias excepcionais previstas em lei, que tornam inconvenientes ou
desnecessárias a imposição de sanção penal ao réu.

02. Resposta: E
Dispõe o art. 123 do CP, que pratica o crime de infanticídio, a mulher que matar, sob a influência do
estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Assim, é correto afirmar que Micaela
cometeu o crime de infanticídio.

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03. Resposta: E
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.

04. Resposta: C
De acordo com o que dispõe o art. 129, §2º, do CP, são caracterizadas lesões corporais gravíssimas
aquelas que resultam: I – incapacidade permanente para o trabalho; II – enfermidade incurável; III – perda
ou inutilização de membro, sentido ou função; IV – deformidade permanente; e V – aborto.
Assim, a alternativa correta é a “C”, tendo em vista que a lesão foi causada dolosamente e o resultado
mesmo que culposo se enquadra no previsto na norma como lesão corporal gravíssima.

05. Resposta: C
Para configuração do crime de ameaça, o mal, além de ser possível e verdadeiro, deve ser injusto.

06. Resposta: “A”


No Direito Penal, agir com fraude significa deliberadamente enganar os outros com o propósito de
prejudicá-los, usualmente para obter propriedade ou serviços dele ou dela injustamente. É uma manobra
enganosa destinada a iludir alguém, configurando, também, uma forma de ludibriar a confiança que se
estabelece naturalmente nas relações humanas. Assim, o agente que criar uma situação especial, voltada
a gerar na vítima um engano, tendo por objetivo praticar uma subtração de coisa alheia móvel, incide da
figura qualificada.

07. Resposta: “B”


Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
(...)
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
Importante destacar que as demais alternativas apresentadas referem-se ao crime de furto, sendo
causas qualificadoras (“A”, “C” e “D”) e de aumento de pena (“E”).

08. Resposta: “A”


É a redação do que prevê o art. 180 do CP.

09. Resposta: D
Art. 155, § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

10. Resposta: B
O furto qualificado o é assim chamado devido ao modo de execução do delito, que facilita a sua
consumação. No furto comum (ou simples), a pena é de reclusão de 1 a 4 anos, e multa. Ao furto
qualificado é aplicada pena de 2 a 8 anos, e multa.
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o exterior.

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11. Resposta: D
Nos termos do artigo 291 do CP, comete o crime de petrechos para falsificação de moeda, aquele que
fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho,
instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda.

12. Resposta: B
Falsificação de documento particular
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito
ou débito.

13. Resposta: A
Supressão de documento
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,
documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco
anos, e multa, se o documento é particular.

14. Resposta: E
O uso do documento falso pelo próprio falsário constitui “post-factum” impunível. Não temos dois
crimes, sim, um único: o de falsidade (que absorve o posterior, por não ostentar nova ofensa punível ao
mesmo bem jurídico).
Este é o posicionamento majoritário da jurisprudência e doutrina: "O uso do documento falso pelo
próprio autor da falsificação configura um só crime: o do art. 297 do diploma penal" (STF - HC - rel. Neri
da Silveira, RTJ 111/232).

15. Resposta: A
No caso supracitado, observamos a configuração do crime de uso de documento de identidade alheio,
o tipo incriminador do art. 308 do CP tem por objeto material a cédula de identificação verdadeira, logo
fica configurado o crime de uso de documento de identidade alheio.
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza,
próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.

16. Resposta: C
A condição de funcionário público é elementar do peculato, razão pela qual comunica-se a todos
aqueles que tenham concorrido de qualquer modo para o crime (coautoria ou participação), mesmo em
se tratando de pessoas alheias aos quadros públicos, contudo, desde que elas tenham conhecimento
dessa qualidade do autor.

17. Resposta: A
O crime de concussão consuma-se no momento em que a exigência chega ao conhecimento da
vítima, independentemente da efetiva obtenção da vantagem visada. Trata-se de crime formal. A
obtenção da vantagem é mero exaurimento.

18. Resposta: A
Assim, dispõe o Código Penal, ao tipificar o delito de prevaricação: “Art. 319 - Retardar ou deixar de
praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer
interesse ou sentimento pessoal. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa”.

19. Resposta: C
João praticou o crime de condescendência criminosa. A condescendência criminosa consiste em
"deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício
do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente
(art. 320 do CP).

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20. Resposta: D
O tráfico de influência é um dos crimes praticados por particulares (geralmente, empresários e
políticos) contra a administração pública em geral. Consiste em solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem (como se fosse um investimento), a pretexto de
influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função. É o que dispõe o art. 332 do CP.

Noções de Direito Civil (Lei Federal nº 10.406/2002 - Código Civil).

O seu edital foi muito vago ao exigir apenas “Noções de Direito Civil” sem fazer qualquer especificação
de qual assunto dentro do ramo Direito Civil poderá ser cobrado em sua prova.
Como o ramo do Direito Civil é muito vasto, já que engloba várias “partes”, e seria extremamente
extenso estudar todas os assuntos pertinentes a área cível, vamos estudar apenas as matérias que são
frequentemente exigidas nos concursos de nível médio, como no caso do seu edital.
Iniciaremos sua preparação com o estudo sobre as Pessoas Naturais e as Pessoas Jurídicas, em
seguida, Domicílio e finalizando com Bens.
Vamos lá!

PESSOAS NATURAIS

O Código Civil conceitua pessoa natural como sendo todo sujeito de direitos e deveres (art. 1º). Como
lição de Carlos Roberto Gonçalves, para ser pessoa, basta existir.47

O que causa discussão no âmbito civilista é o momento do início da personalidade civil da pessoa.
De acordo com o art. 2º do CC: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas
a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Para explicar o momento do início temos três teorias.

1- Início da Personalidade Natural


1ª teoria: é a chamada teoria natalista, que exige para a aquisição da personalidade, o nascimento
com vida.
2ª teoria: teoria da personalidade condicional, que defende que a personalidade civil começa com o
nascimento com vida, mas os direitos do nascituro estão sujeitos a uma condição suspensiva, ou seja,
são direitos eventuais.
3ª teoria: teoria concepcionista, reconhece o nascituro como pessoa humana, tendo seus direitos
resguardados pela lei.

A doutrina dominante, em nosso país, entende que a personalidade civil da pessoa natural segue o
entendimento do disposto no artigo 2º do Código Civil.

Assim, inicia-se a personalidade natural a partir do nascimento com vida, mas a lei protege, desde a
concepção, os direitos do nascituro. Os direitos do nascituro, entretanto, estão condicionados ao
nascimento com vida, ou seja, se nascer morto, os direitos eventuais que viria a ter estarão frustrados.
O nascituro é um ser em expectativa, tendo em vista ainda não ter personalidade. Sendo um titular de
direitos eventuais, aplica-se ao nascituro o previsto no artigo 130 do Código Civil48, que permite ir a juízo
a fim de que se tomem precauções em relação aos seus direitos.

O artigo 53 da Lei n. 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos) garante aos natimortos o direito de ser
registrado. O fato da criança nascer e respirar durante alguns segundos antes de morrer, já atribui a ela
personalidade civil, devendo ocorrer um registro de nascimento e um de óbito. A importância de se
constatar se a criança respirou ou não, adquirindo ou não personalidade, está, por exemplo, para solução
dos casos envolvendo sucessões, uma vez que a aquisição da personalidade atribui a ela a qualidade de
herdeiro.

47
Sinopses Jurídicas. Direito Civil – Parte Geral. Vol. 1. 19ª ed., 2012.
48 Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-
lo.

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2- Capacidade.
A capacidade, que é elemento da personalidade, é a “medida jurídica da personalidade”. Há duas
espécies de capacidade:
- de direito ou de gozo: é a capacidade de aquisição de direitos, não importando a idade da pessoa
(artigo 1º do Código Civil);
- de fato ou de exercício: é a capacidade de exercício de direitos, de exercer, por si só, os atos da vida
civil (artigo 2º do Código Civil).

Toda pessoa tem capacidade de direito, mas não necessariamente a capacidade de fato, pois pode
lhe faltar a consciência sã para o exercício dos atos de natureza privada. Quem tem as duas espécies de
capacidade têm a chamada capacidade civil plena; aqueles que não possuem a capacidade de fato são
chamados incapazes, tendo a chamada capacidade limitada. No Brasil não existe incapacidade de direito.

3- Incapacidade.
Considera-se incapacidade a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil.
Não se pode confundir incapacidade com falta de legitimação. O incapaz não pode praticar sozinho
nenhum ato da vida jurídica. A falta de legitimação impede apenas a prática de um determinado ato da
vida jurídica. Ao incapaz não é dado o direito de praticar qualquer ato da vida civil, sob pena de nulidade.

A incapacidade pode se apresentar em duas espécies:

- absoluta: enseja na proibição total para os atos da vida civil, sob pena de nulidade (artigo 166, inciso
I, do Código Civil). O ato poderá ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz.
- relativa: o incapaz pode praticar os atos da vida civil, porém deve ser assistido, sob pena de
anulabilidade (artigo 171, inciso I, do Código Civil). No entanto, alguns atos podem ser praticados pelo
relativamente sem que esteja na presença de seu representante, como por exemplo, ser testemunha,
aceitar mandato, fazer testamento, ser eleitor.

3.1- Incapacidade absoluta


Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Quem são os menores de 16 anos


São os menores impúberes. Nessa previsão é levado em conta o critério etário, devendo esses
menores, denominados menores impúberes, serem representados por seus pais ou, na falta deles, por
tutores nomeados.

A lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) teve repercussão no Código Civil e gerou uma
questão muito polêmica por ter retirado do rol de incapazes todas as pessoas com deficiência.
Para ficar mais claro para memorização, pense que não existe mais absolutamente incapaz que seja
maior de idade.

Em suma, não existe mais, no sistema privado brasileiro, pessoa absolutamente incapaz que seja
maior de idade. Em virtude disto, não há que se falar mais em ação de interdição absoluta no nosso
sistema civil, pois os menores não são interditados. Todas as pessoas com deficiência, das quais tratava
o comando anterior, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua
plena inclusão social, em prol de sua dignidade.

3.2- Incapacidade relativa


Segundo disposto no artigo 4º do Código Civil, são considerados relativamente incapazes:

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela
Lei nº 13.146, de 2015)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015).

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III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;(Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015).
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada
pela Lei nº 13.146, de 2015).

Quem são os maiores de 16 anos e menores de 18 anos (menores púberes)


Embora exista um sistema de proteção aos menores incapazes, os menores púberes perdem essa
proteção caso pratiquem qualquer ato disposto nos artigos 180 e 181 do Código Civil.
Levando-se em conta a idade etária, esses menores são denominados menores púberes e somente
poderão praticar certos atos se assistidos. No entanto, há atos que os menores relativamente incapazes
podem praticar, mesmo sem a assistência, como se casar, necessitando apenas de autorização dos pais
ou representantes; elaborar testamento; servir como testemunha de atos e negócios jurídicos; requerer
registro de seu nascimento; ser empresário, com autorização; ser eleitor; ser mandatário ad negotia
(mandato extrajudicial).

3.3- Cessação da Incapacidade


Cessa a incapacidade quando desaparece a sua causa ou quando ocorre a emancipação (exemplo:
se a causa da incapacidade é a menoridade, quando a pessoa completar 18 anos, cessará a
incapacidade), conforme artigo 5º do Código Civil.
A emancipação pode ser de três espécies: voluntária, judicial e legal.

a) Emancipação voluntária
Aquela decorrente da vontade dos pais, por concessão de ambos ou de um deles na falta do outro.
Em casos tais, não é necessária a homologação perante o juiz, eis que é concedida por instrumento
público e registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. Para que ocorra a
emancipação parental, o menor deve ter, no mínimo, 16 anos completos.

b) Emancipação judicial
É aquela decretada pelo juiz, por sentença, em casos como em que um dos pais não concorda com
a emancipação, contrariando um a vontade do outro. O menor sob tutela só poderá ser emancipado por
ordem judicial, tendo em vista que o tutor não pode emancipar o tutelado. O procedimento é regido pelos
artigo 720 do Novo Código de Processo Civil, com participação do Ministério Público em todas as fases.
A sentença que conceder a emancipação será devidamente registrada.

c) Emancipação legal
Decorre das hipóteses previstas nos incisos II a V do parágrafo único do ar. 5º, como através do
casamento, pelo exercício de emprego público efetivo, pela colação de grau em curso de ensino superior,
pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Consigne-se que a idade núbil tanto do homem quanto da mulher é de 16 anos (art. 1.517 do CC),
sendo possível o casamento do menor se houver autorização dos pais ou dos seus representantes. O
divórcio, a viuvez e a anulação do casamento não implicam no retorno à incapacidade.

4- Extinção da Personalidade Natural


De acordo com o disposto no artigo 6º do Código Civil, termina a existência da pessoa natural com a
morte (morte real), presumindo-se esta quanto aos ausentes nos casos dos artigos 37 a 39 e 1.784 do
Código Civil.

A morte natural ocorre com a parada do sistema cardiorrespiratório e a cessação das funções vitais
do indivíduo, atestada por médico, ou na falta de especialista, e duas testemunhas.

Como nem sempre que a pessoa falece, é possível encontrar o corpo, para se constatar a parada do
sistema cardiorrespiratório, não encontramos os requisitos da morte natural, assim o Código Civil elenca
algumas hipóteses em que é possível que a morte seja presumida.

A doutrina chama a declaração de ausência de “morte presumida”. Seus efeitos, no entanto, diferem-
se da morte real, tendo em vista só atingirem a esfera patrimonial.

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Pode haver morte presumida sem a decretação de ausência em duas situações (artigo 7º do Código
Civil):
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após
o término da guerra.
A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas
as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

A morte simultânea ou comoriência é a morte de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. Essas
pessoas são chamadas de comorientes, caso em que, se não houver meios de saber qual das pessoas
morreu, primeiro aplica-se o disposto no artigo 8º do Código Civil, ou seja, a presunção de que morreram
todas simultaneamente. Essa presunção é importante quanto aos direitos sucessórios recíprocos entre
os comorientes, que não podem herdar um do outro.

Código Civil
PARTE GERA L
LIVRO I
Das Pessoas
CAPÍTULO I
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde
a concepção, os direitos do nascituro.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela
Lei nº 13.146, de 2015)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015).
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;(Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015).
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada
pela Lei nº 13.146, de 2015).

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de
todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes,
nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:


I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

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II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após
o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

Art. 9º Serão registrados em registro público:


I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:


I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação
judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;

Questões

01. (MPE/PR - Promotor Substituto – MPE-PR/2017). No Registro Civil das Pessoas Naturais é feita
a averbação:
(A) Dos nascimentos.
(B) Dos casamentos.
(C) Dos óbitos.
(D) Das emancipações.
(E) Das sentenças de nulidade do casamento.

02. (JUCESC - Analista Técnico Administrativo ll – FEPESE/2017). Assinale a alternativa correta


em relação às pessoas naturais.
(A) A menoridade cessa aos dezesseis anos completos.
(B) Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
(C) A existência da pessoa natural cessa aos dezoito anos de idade.
(D) A pessoa natural adquire a personalidade desde a sua concepção.
(E) Os menores de dezesseis anos são incapazes relativamente a certos atos ou à maneira de os
exercer.

03. (ALERJ - Procurador – FGV/2017). Adriano, 15 anos de idade, modelo de grande sucesso, com
vários contratos com grifes internacionais, fotografado em capas de revistas de moda nacionais e
internacionais, com evidente independência financeira, sai para passear na orla da cidade do Rio de
Janeiro com seu cachorro da raça pitbull. Acontece que o animal, irritado com o barulho causado por um
grupo de crianças que estavam em excursão escolar, consegue se soltar da coleira e morde três meninos,
causando-lhes sérias lesões físicas e estéticas.
Considerando que os pais de Adriano são pessoas de origem humilde e não dispõem de meios para
arcar com a indenização, é correto afirmar que Adriano:
(A) apesar de menor absolutamente incapaz, responde civilmente pelos danos causados, da mesma
forma que uma pessoa plenamente capaz;
(B) apesar de menor absolutamente incapaz, responde civilmente pelos danos causados, devendo ser
arbitrado valor equitativo de indenização;
(C) não tem responsabilidade civil, por se tratar de menor absolutamente incapaz;
(D) somente poderá ser responsabilizado por ser emancipado, já que tem economia própria em
decorrência de sua atividade profissional, respondendo da mesma forma que uma pessoa plenamente
capaz;
(E) somente poderá ser responsabilizado por ser emancipado, já que tem economia própria em
decorrência de sua atividade profissional, devendo ser arbitrado valor equitativo de indenização.

04. (CRAISA de Santo André/SP - Advogado – CAIP-IMES/2016). Segundo o Código Civil vigente é
correto afirmar, sobre a personalidade e a capacidade das pessoas naturais o que segue:

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(A) A personalidade civil da pessoa começa com a concepção.
(B) São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: os maiores de dezesseis
e menores de dezoito anos; os ébrios habituais e os viciados em tóxico; aqueles que, por causa transitória
ou permanente, não puderem exprimir sua vontade e os pródigos.
(C) A menoridade cessa aos dezesseis anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de
todos os atos da vida civil.
(D) Cessará, para os menores, a incapacidade: pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela
existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com quatorze anos completos
tenha economia própria.

05. (Prefeitura de Juiz de Fora – MG - Auditor Fiscal – AOCP/2016) A existência da pessoa natural
termina
(A) com a morte, passível de presunção em relação aos ausentes, com observância aos casos em
cuja abertura de sucessão definitiva é autorizada por lei.
(B) com a morte, sempre que comprovada pelo atestado de óbito e pela presença física do morto.
(C) com a morte excepcionalmente não presumida em relação aos ausentes e sem observância aos
casos em cuja abertura de sucessão definitiva é autorizada por lei.
(D) com a morte, que pode ser presumida exclusivamente para os casos de ausência de
absolutamente capaz, e com observância aos casos em cuja abertura de sucessão definitiva é autorizada
por lei.
(E) com a morte jurídica, pela extinção da certidão de nascimento, por ato do detentor do pátrio poder
e sem presunção de ausência.

06. (TJM-SP - Juiz de Direito Substituto- VUNESP/2016) Quanto à capacidade civil, assinale a
alternativa correta.
(A) A incapacidade civil se presume, em se tratando de negócios jurídicos, levando à sua anulação.
(B) A emancipação do menor impúbere deve ocorrer por sentença judicial, transcrita no Registro Civil.
(C) Os viciados em tóxicos são incapazes absolutamente aos atos relativos à sua pessoa.
(D) A deficiência mental afeta a plena capacidade civil da pessoa para os atos da vida civil.
(E) Aquele que, por causa permanente, não puder exprimir sua vontade, é relativamente incapaz.

07. (PC-PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016) Com base nas disposições do Código Civil,
assinale a opção correta a respeito da capacidade civil.
(A) Os pródigos, outrora considerados relativamente incapazes, não possuem restrições à capacidade
civil, de acordo com a atual redação do código em questão.
(B) Indivíduo que, por deficiência mental, tenha o discernimento reduzido é considerado relativamente
incapaz.
(C) O indivíduo que não consegue exprimir sua vontade é considerado absolutamente incapaz.
(D) Indivíduos que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento
para a prática dos atos da vida civil são considerados absolutamente incapazes.
(E) Somente os menores de dezesseis anos de idade são considerados absolutamente incapazes pela
lei civil.

08. (TCE-PA - Auxiliar Técnico de Controle Externo - Área Administrativa – CESPE/2016) Com
base no disposto no Código Civil acerca de personalidade e capacidade jurídica, julgue o item a seguir.

As crianças e os adolescentes com menos de dezesseis anos de idade são absolutamente incapazes
de exercer pessoalmente os atos da vida civil.
( ) Certo
( ) Errado

09. (Prefeitura de Piraquara – PR - Procurador – FAU/2016) Assinale a alternativa INCORRETA:


(A) A existência da pessoa natural termina com a morte. Presume-se esta, quanto aos ausentes, nos
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
(B) Cessará, para os menores, a incapacidade, pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do
outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do
juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos.
(C) A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida. Mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.

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(D) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos.
(E) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil apenas os menores
de 16 (dezesseis) anos.

10. (TJ/PB - Juiz Substituto – CESPE/2015). Acerca das pessoas naturais, assinale a opção correta.
(A) A emancipação voluntária depende de decisão judicial e de averbação no cartório do registro civil
do lugar onde estiver registrada a pessoa emancipada.
(B) A comoriência é a presunção de simultaneidade de óbitos e o seu reconhecimento depende da
demonstração de que os comorientes faleceram nas mesmas condições de tempo e local, não se
podendo comprovar qual morte precedeu às demais.
(C) O registro civil das pessoas naturais é obrigatório e tem natureza constitutiva.
(D) A legislação civil brasileira admite o reconhecimento de morte sem a existência de cadáver e sem
a necessidade de declaração de ausência.
(E) Os menores de dezesseis anos são absolutamente incapazes, de fato e de direito, e, mesmo que
representados, não têm legitimação para determinados atos.

11. (SAEB/BA -Técnico de Registro de Comércio – IBFC/2015). Considerando as disposições do


código civil brasileiro sobre as pessoas naturais, assinale a alternativa correta.
(A) A personalidade civil da pessoa começa com a concepção, mas a lei põe a salvo, desde o
nascimento com vida, os direitos do nascituro.
(B) A personalidade civil da pessoa começa com o registro civil, mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.
(C) A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.
(D) A personalidade civil da pessoa começa com o registro civil, mas a lei põe a salvo, desde o
nascimento com vida, os direitos do nascituro.
(E) A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, e a lei não põe a salvo quaisquer
direitos do nascituro.

Respostas

01. Resposta: E
Código Civil
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação
judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;

02. Resposta: B
Código Civil
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

03. Resposta: B
Código Civil
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de
todos os atos da vida civil.
( )
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

04. Resposta: B
Código Civil
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela
Lei nº 13.146, de 2015)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
IV - os pródigos.

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05. Resposta: A.
CC, art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes,
nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

06. Resposta: E.
É o que dispõe o art. 4º, III do CC.
Atente-se que além da causa permanente o dispositivo traz também a hipótese da causa transitória.

07. Resposta: E.
Com a alteração ocorrida em 2015 o art. 3º do CC dispõe que somente os menores de 16 anos são
considerados absolutamente incapazes.

08. Resposta: Certo.


É o que disciplina o art. 3º do CC.

09. Resposta: D.
Atenção!! O enunciado pede a alternativa incorreta.
O art. 3º sofreu alteração e desde 2015 somente os menores de 16 anos são absolutamente incapazes.
10. Resposta: D
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após
o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

11. Resposta: C
Código Civil
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde
a concepção, os direitos do nascituro.

PESSOAS JURÍDICAS

As pessoas jurídicas são entidades que a lei confere personalidade, permitindo sua capacitação,
estando dessa forma sujeitas a direitos e obrigações. Tem como principal característica atuar na vida
jurídica com personalidade diversa dos indivíduos que a compõem.

Quanto à sua natureza jurídica, várias teorias buscam explicar esse fenômeno em que uma unidade
de pessoas se reúnem com individualidade própria que tem reconhecimento pelo Estado, distinguindo-se
das pessoas que a compõem. Essas teorias são conhecidas como Teorias da Ficção e Teorias da
Realidade.

A Teoria da Ficção é defendida por Savigny, que considera a pessoa jurídica como uma criação
artificial da lei.

Já a Teoria da Realidade se subdivide em mais três teorias:


a. Teoria da Realidade Objetiva: sustenta que a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, nasce
por imposição das forças sociais.
b. Teoria da Realidade Jurídica: pessoa jurídica é uma organização social destinada a um serviço ou
ofício.
c. Teoria da Realidade Técnica: a lei reconhecerá grupos de indivíduos com os mesmo objetivos como
pessoas jurídicas.

A- Requisitos para a constituição da pessoa jurídica


Para que a pessoa jurídica seja constituída é necessário que exista três elementos:

- Vontade humana: materializa-se no ato de constituição, denominada de estatuto associações sem


fins lucrativos), Contrato Social (sociedades civis ou mercantis) e Escritura Pública ou Testamento
(fundações).

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- Registro: o ato constitutivo deve ser levado a Registro, para que então se dê início a existência legal
da pessoa jurídica de direito privado. Antes de se levar a registro, não será nada mais do que “sociedade
de fato” ou ainda “sociedade não personificada”, permitindo que alguns doutrinadores equiparem essa
fase ao nascituro, que já foi concebido, porém só adquirirá personalidade se nascer com vida. Eis que
para o caso da pessoa jurídica, apenas se o ato constitutivo for registrado.
- Autorização do Governo: algumas pessoas jurídicas precisam de AUTORIZAÇÃO DO GOVERNO
para existir. Ex.: seguradoras, factoring, financeiras, bancos, administradoras de consórcio, etc.

B- Classificação das pessoas jurídicas


Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem
regidas pelo direito internacional público.

Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno da administração direta: União, Estados, Distrito
Federal, Territórios, Municípios
Por sua vez, as Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno da administração indireta são órgãos
descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para os exercícios de atividades de
interesse público (Autarquias, Associações Públicas, Fundações Públicas).

Pessoas Jurídicas de Direito Privado: Associações, Sociedades, Fundações, Organizações


religiosas e Partidos políticos. São instituídas por iniciativa de particulares.

Vamos abordar um pouco a respeito das pessoas jurídicas de direito privado, que frequentemente são
cobradas em provas.

- Associações (arts. 53 a 61).


As associações são pessoas jurídicas de direito privado constituídas de pessoas que reúnem os seus
esforços para a realização de fins não econômicos49.
Possui aspecto pessoal.
Os requisitos para a constituição do estatuto estão elencados no art. 54.
Questão que merece atenção é a exclusão de associado. O CC permite a exclusão de associado,
desde que haja justa causa, e mediante procedimento que assegure ampla defesa e contraditório (art.
57).

- Sociedades.
Estão disciplinadas no título II do Código Civil (arts. 981 e ss).
Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens
ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.50
As sociedades podem ser simples e empresarial.
O estudo aprofundado das sociedades cabe a disciplina de Direito Empresarial.

- Fundações (arts. 62 a 69).


Fundação é um acervo de bens, que recebe personalidade jurídica para a realização de fins
determinados, de interesse público, de modo permanente e estável.
As fundações podem ser: particular e pública.
- particular: reguladas pelo CC.
- pública: instituídas pelo Estado, é regida pelas normas de direito administrativa.

A fundação é composta por dois elementos: patrimônio e fim. O fim será determinado pelo instituidor,
não pode ser lucrativo, mas sim, social, de interesse público. O parágrafo único do art. 62 dispõe que a
fundação só será constituída para fins: religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Para a criação de uma fundação a lei exige forma solene de escritura pública ou do testamento.

O estatuto da fundação só será modificado sob três condições: deliberação da maioria dos
administradores e representantes; respeito a sua finalidade original; aprovação da autoridade
competente.

49
Direito Civil Esquematizado – Pedro Lenza.
50
Pedro Lenza. Direito Civil Esquematizado.

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- Organizações religiosas.
A elas serão aplicas as normas referentes às associação, naquilo em que forem compatíveis.

Veja o enunciado 143 da III Jornada de Direito Civil: “A liberdade de funcionamento das organizações
religiosas não afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a
possibilidade de reexame, pelo Judiciário, da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus
estatutos”.

- partidos políticos
Os partidos políticos possuem natureza própria.

A Terceira Jornada de Direito Civil emitiu entendimento sobre essas pessoas jurídicas:

“Os partidos políticos, sindicatos e associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando-
se-lhes o Código Civil”.

Por fim, no estudo das pessoas jurídicas há de se atentar que as pessoas jurídicas elencadas no art.
44 do CC não são taxativas, ou seja, é possível que outras surjam.

Confira o enunciado 144 da III Jornada: “A relação das pessoas jurídicas de direito privado,
estabelecida no art. 44, incisos I a V, do Código Civil, não é exaustiva”.

C- Extinção da pessoa jurídica


A pessoa jurídica extingue-se por quatro formas: a convencional, a legal e a administrativa.

A dissolução convencional é deliberada pelos seus membros, pois da mesma forma que a vontade
pode criar o ente, pode decidir por extingui-lo. Para tanto é necessário que haja quórum previsto nos
estatutos ou na lei;

A dissolução legal ocorre em razão de motivo determinado por lei, sobretudo, o ordenamento reprime
certos tipos de pessoas jurídicas. Exemplo: finalidade belicosa.
Já em potros casos algumas pessoas jurídicas são criadas para determinado fim e que se extinguem
quando seu objetivo é alcançado ou se esvai, deixando de ter razão a sua existência.

A dissolução administrativa as pessoas jurídicas necessitam de aprovação ou autorização do Poder


Público. Podem ter a autorização cassada, quando incorrerem em atos opostos a seus fins ou nocivos ao
bem público.

A dissolução judicial, quando se configura alguns dos casos de dissolução previstos em lei ou estatuto
e a sociedade continua a existir, fazendo com que om dos sócios tenha que ingressar em juízo.

O desaparecimento da pessoa jurídica, ao contrário da pessoa física, por necessidade material dar-se
instantaneamente, pois, havendo patrimônios e débitos, a pessoa jurídica entrará em fase de liquidação,
subsistindo tão-só para a realização do ativo e para o pagamento dos débitos, vindo a terminar
completamente quando o patrimônio atingir seu destino.51

D- Grupos despersonalizados.
Constitui um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e
com capacidade processual, mediante representação; dentre eles podemos citar a família, as sociedades
irregulares, a massa falida, as heranças jacente e vacante, o espólio e o condomínio.

E- Responsabilidade da pessoa jurídica e dos sócios.


A responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado deve ser analisada sob o ponto de vista
contratual e extracontratual.

51
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,fundacao-alteracao-e-extincao-da-pessoa-juridica,25177.html

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A responsabilidade contratual decorre do descumprimento de algum dever inerente ao contrato, assim
as pessoas jurídicas em geral quando se tornarem inadimplentes responderão pelas perdas e danos (art.
389).

Já a responsabilidade extracontratual ou aquiliana, decorre de vínculo legal entre as partes, o agente


por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causará à vítima um dano. Nessa
hipótese a pessoa jurídica responderá por seus atos ou pelos atos de seus prepostos, nos termos dos
arts. 186 e 932, III, do CC.

Com relação a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviço público ela é objetiva, sob a teoria do risco administrativo
(art. 37, §6º da CF). Segundo essa teoria, a vítima não tem o ônus de provar culpa ou dolo do agente
público, mas somente o dano e o nexo causal. É admitido a inversão do ônus da prova. O Estado se
exonerará da obrigação de indenizar se provar culpa exclusiva da vítima, força maior e fato exclusivo de
terceiro. Em caso de culpa concorrente da vítima, a indenização será reduzida pela metade.

F- Domicílio da Pessoa Jurídica.


O domicílio da pessoa jurídica será sua sede jurídica, nesse local responderá por seus direitos e
obrigações. O art. 75 disciplina acerca do domicílio da pessoa jurídica.

O domicílio da União será o Distrito Federal, o dos Estados e Territórios as respectivas capitais,
Municípios terão domicílio no lugar onde funcione a administração municipal.

Já a pessoa jurídica de direito privado terá domicílio no lugar onde funcione sua diretoria e
administração ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto.

A pessoa jurídica poderá ter pluralidade de domicílio, isso só será possível se possuir diversos
estabelecimentos.

TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Para Carlos Roberto Gonçalves52 O ordenamento jurídico confere às pessoas jurídicas personalidade
distinta da dos seus membros. Esse princípio da autonomia patrimonial possibilita que sociedades
empresárias sejam utilizadas como instrumento para a prática de fraudes e abusos de direito contra
credores, acarretando-lhes prejuízos. Pessoas inescrupulosas têm-se aproveitado desse princípio com a
intenção de se locupletarem em detrimento de terceiros, utilizando a pessoa jurídica como uma espécie
de “capa” ou “véu” para proteger os seus negócios escusos.

A reação a esses abusos ocorreu em diversos países, dando origem à teoria da desconsideração da
personalidade jurídica, que recebeu o nome de disregard doctrine ou disregard of legal entity no direito
anglo-americano; abus de la notion de personnalité sociale no direito francês; teoria do superamento della
personalità giuridica na doutrina italiana; teoria da penetração — Durchgriff der juristischen Personen na
doutrina alemã.

Segundo essa teoria, ao juiz é permitido nos casos de fraude e de má-fé que desconsidere o princípio
de que as pessoas jurídicas têm existência distinta da de seus membros e os efeitos dessa autonomia
para atingir e vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade (lifting the
corporate veil, ou seja, erguendo-se o véu da personalidade jurídica).

Como bem esclarece Fábio Ulhoa Coelho, “a decisão judicial que desconsidera a personalidade
jurídica da sociedade não desfaz o seu ato constitutivo, não o invalida, nem importa a sua dissolução.
Trata, apenas e rigorosamente, de suspensão episódica da eficácia desse ato. Quer dizer, a constituição
da pessoa jurídica não produz efeitos apenas no caso em julgamento, permanecendo válida e
inteiramente eficaz para todos os outros fins... Em suma, a aplicação da teoria da desconsideração não
importa dissolução ou anulação da sociedade”.

52 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado® v. 1 / Carlos Roberto Gonçalves – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013.
Bibliografia. 1. Direito civil 2. Direito civil – Brasil I. Título.

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Cumpre distinguir, pois, despersonalização de desconsideração da personalidade jurídica. A primeira
acarreta a dissolução da pessoa jurídica ou a cassação da autorização para seu funcionamento, enquanto
na segunda “subsiste o princípio da autonomia subjetiva da pessoa coletiva, distinta da pessoa de seus
sócios ou componentes, mas essa distinção é afastada, provisoriamente e tão só para o caso concreto”.

1- A desconsideração no direito brasileiro53


No Código Civil a desconsideração da pessoa jurídica está prevista no art. 50.

“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”

Embora o dispositivo transcrito não utilize a expressão “desconsideração da personalidade jurídica”, a


redação original do Projeto de Código Civil e as emendas apresentadas demonstram que a intenção do
legislador era a de incorporá-la ao nosso direito.

2- Teorias da desconsideração.
O direito brasileiro prevê 2 teorias: a “menor” e a “maior”.

a- teoria maior: para essa teoria os requisitos para a desconsideração é comprovação de fraude e
abuso por parte dos sócios.
b- teoria menor: basta o simples prejuízo do credor.

A teoria maior divide-se ainda em:


i- objetiva: a confusão patrimonial é o pressuposto necessário e suficiente para a desconsideração.
Isso significa que basta a existência de bens de sócio registrados em nome da sociedade e vice-versa.
ii- subjetiva: dispensa o elemento anímico presente nas hipóteses de desvio de finalidade e de fraude.

O Código Civil adotou a teoria maior.

Atenção! O Código de Defesa do Consumidor adota a teoria menor.

3- Desconsideração inversa.
A desconsideração inversa se caracteriza pelo afastamento do princípio da autonomia patrimonial da
pessoa jurídica para responsabilização da sociedade por dívidas do sócio.

TÍTULO II
DAS PESSOAS JURÍDICAS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:


I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha
dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas
deste Código.

Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas
que forem regidas pelo direito internacional público.

53 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado® v. 1 / Carlos Roberto Gonçalves – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013.
Bibliografia. 1. Direito civil 2. Direito civil – Brasil I. Título.

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Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:


I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações
religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos
e necessários ao seu funcionamento.
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são
objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

Art. 46. O registro declarará:


I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.

Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes
definidos no ato constitutivo.

Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos
dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando
violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.

Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento,
ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas
jurídicas de direito privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

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CAPÍTULO II
DAS ASSOCIAÇÕES

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:


I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.

Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com
vantagens especiais.

Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.


Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a
transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou
ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.

Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido
legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.

Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral:


I – destituir os administradores;
II – alterar o estatuto.
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido
deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido no
estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores.

Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um
quinto) dos associados o direito de promovê-la.

Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se
for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade
de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à
instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes
da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo
valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.
§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação
tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se
devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.

CAPÍTULO III
DAS FUNDAÇÕES

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada pela Lei nº
13.151, de 2015)

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I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de
2015)
III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de
gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído pela Lei
nº 13.151, de 2015)
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº
13.151, de 2015)
IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)

Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.

Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe
a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome
dela, por mandado judicial.

Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo,
formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-
o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo
prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao
respectivo Ministério Público.

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias,
findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do
interessado. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015).

Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da
fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à
minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.

Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo
de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção,
incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em
outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

Questões

01. (TRT - 24ª REGIÃO/MS - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal –
FCC/2017). Sobre as pessoas jurídicas, à luz do Código Civil:
(A) O prazo decadencial para anulação da constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por
defeito do ato respectivo, é de 5 anos, contado o prazo da publicação da sua inscrição no registro.
(B) Os partidos políticos são considerados pessoas jurídicas de direito público.

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(C) O juiz poderá nomear administrador provisório à sociedade, a requerimento de qualquer
interessado, se a administração da pessoa jurídica vier a faltar.
(D) Se uma determinada pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão, em
regra, por no mínimo 1/3 dos votos dos presentes.
(E) Cassada a autorização para funcionamento da pessoa jurídica ela não subsistirá para os fins de
liquidação, uma vez que possui efeitos imediatos.

02. (UFPR - Administrador – NC-UFPR/2017). Sobre as pessoas jurídicas no Código Civil brasileiro,
assinale a alternativa correta.
(A) A qualidade de associado é intransmissível, não podendo o estatuto dispor o contrário.
(B) As associações são constituídas para fins não econômicos, havendo, entre os associados, direitos
e obrigações recíprocos.
(C) Havendo defeito no ato constitutivo de pessoa jurídica de direito privado, o direito de anular a
constituição da pessoa jurídica decai em cinco anos, contado o prazo da publicação de sua inscrição no
registro.
(D) Nas associações, os direitos são iguais, não podendo o estatuto dispor sobre categorias com
vantagens especiais.
(E) A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro.

03. (TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto – TRF-3ª REGIÃO/2016). Relativamente às pessoas
jurídicas, marque a alternativa correta:
(A) Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão, em qualquer caso, pela
maioria de votos dos presentes.
(B) Compete privativamente às assembleias gerais das associações a destituição e a eleição dos
administradores, bem como a alteração dos estatutos.
(C) Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão incorporados em
outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante, independentemente do que dispuser o
instituidor.
(D) É obrigatória a inclusão de norma estatutária nas associações que preveja o direito de recorrer dos
associados na hipótese de sua exclusão.
04. (CRAISA de Santo André/SP -Advogado - CAIP-IMES/2016). São pessoas jurídicas de direito
público interno:
(A) as associações; as sociedades; as fundações; as organizações religiosas; os partidos políticos e
as empresas individuais de responsabilidade limitada.
(B) a União; os Estados; o Distrito Federal; os Municípios; as autarquias; as fundações e os partidos
políticos.
(C) a União; os Estados; o Distrito Federal e os Territórios; os Municípios; as autarquias, inclusive as
associações públicas e as demais entidades de caráter público criadas por lei.
(D) a União; os Estados; o Distrito Federal; os Municípios; as fundações; os partidos políticos; as
autarquias, inclusive as associações públicas.

05. (TRF/3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto - TRF - 3ª REGIÃO/2016). Relativamente às pessoas
jurídicas, marque a alternativa correta:
(A) Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão, em qualquer caso, pela
maioria de votos dos presentes.
(B) Compete privativamente às assembleias gerais das associações a destituição e a eleição dos
administradores, bem como a alteração dos estatutos.
(C) Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão incorporados em
outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante, independentemente do que dispuser o
instituidor.
(D) É obrigatória a inclusão de norma estatutária nas associações que preveja o direito de recorrer dos
associados na hipótese de sua exclusão.

06. (TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto – TRF 3ªR/2016) Relativamente às pessoas jurídicas,
marque a alternativa correta:
(A) Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão, em qualquer caso, pela
maioria de votos dos presentes.

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(B) Compete privativamente às assembleias gerais das associações a destituição e a eleição dos
administradores, bem como a alteração dos estatutos.
(C) Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão incorporados em
outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante, independentemente do que dispuser o
instituidor.
(D) É obrigatória a inclusão de norma estatutária nas associações que preveja o direito de recorrer dos
associados na hipótese de sua exclusão.

07. (Prefeitura de Goiânia – GO - Auditor de Tributos – CS-UFG/2016) Acerca das pessoas


jurídicas, o sistema de direito civil dispõe que
(A) as organizações religiosas começam a existir legalmente com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro.
(B) os entes de fiscalização do exercício profissional são pessoas de direito privado com estrutura
pública.
(C) as associações constituem-se pela dotação especial de bens livres para fim determinado.
(D) as fundações criam-se pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos.

08. (CRO – PR - Procurador Jurídico – QUADRIX/2016) [...] é uma pessoa jurídica “de tipo especial,
pois não se forma pela associação de pessoas físicas; nem é obra de um conjunto de vontades, mas, de
uma só”, ou seja, é criada pela atribuição de personalidade ao conjunto de bens destinados à realização
de certo fim, socialmente útil.
(Orlando Gomes, apud Gustavo Tepedino et al. Código Civil Interpretado)

Considerando o texto acima indicado, bem como as disposições do artigo 44 do Código Civil, assinale
a alternativa que indique a modalidade de pessoa jurídica mencionada pelo autor.
(A) Associações.
(B) Fundações.
(C) Sociedades.
(D) Organizações religiosas.
(E) Partidos políticos.

09. (TJ-MT - Técnico Judiciário – UFMT/2016) Dispõe a Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002,
Código Civil, que é pessoa jurídica de direito privado:
(A) A autarquia.
(B) O Município.
(C) A organização religiosa.
(D) O Distrito Federal.

10. (TCE-PA - Auditor de Controle Externo - Área Administrativa – Direito – CESPE/2016) No que
diz respeito às normas jurídicas, à prescrição, aos negócios jurídicos e à personalidade jurídica, julgue o
item a seguir.
De acordo com o Código Civil, o encerramento irregular de determinada sociedade empresária é, por
si só, causa suficiente para a desconsideração da personalidade jurídica.
( ) Certo
( ) Errado

11. (Instituto Rio Branco - Diplomata – CESPE/2016) Acerca da personalidade jurídica, da hierarquia
das normas e dos princípios, direitos e garantias fundamentais constantes da Constituição Federal de
1988, julgue (C ou E) o item que se segue.
Ao adquirir personalidade jurídica, a pessoa jurídica torna-se suscetível de direitos e obrigações e
passa a ter existência própria, independentemente da pessoa de seus sócios, instituidores e
administradores.
( ) Certo
( ) Errado

12. (TJ-PA - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – IESES/2016) Segundo a


classificação apresentada pelo Código Civil vigente, são pessoas jurídicas de direito privado:
I. Partidos políticos.
II. Organizações religiosas.

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III. Autarquias.
IV. Associações, sociedades, fundações e empresas individuais de responsabilidade limitada.
A sequência correta é:
(A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.
(B) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
(C) Apenas a assertiva IV está correta.
(D) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.

13. (TJ/AL - Juiz Substituto – FCC/2015). São pessoas jurídicas de direito público externo
(A) a União e os Estados federados, quando celebram contratos internacionais.
(B) somente os organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas.
(C) apenas os Estados estrangeiros.
(D) os Estados estrangeiros e a União.
(E) os Estados estrangeiros e aquelas regidas pelo direito internacional público.

14. (MPE/PB - Técnico Ministerial – Sem Especialidade – FCC/2015). No que concerne às pessoas
jurídicas, é correto afirmar:
(A) As fundações que tiverem finalidade lucrativa serão fiscalizadas pelo Ministério Público.
(B) As autarquias são pessoas jurídicas de direito privado.
(C) As associações podem ter finalidade lucrativa, de acordo com o que dispuserem a respeito os seus
estatutos.
(D) O direito de anular deliberações de administradores que forem eivadas de erro, dolo, simulação ou
fraude decai em 3 anos.
(E) Nas associações, os direitos e obrigações recíprocos entre os associados devem estar
regulamentados no respectivo estatuto.

15. (Prefeitura de Rio Grande da Serra/SP -Procurador – CAIP-IMES/2015). São pessoas jurídicas
de direito público interno:
(A) as organizações religiosas.
(B) as associações públicas.
(C) os partidos políticos.
(D) as empresas individuais de responsabilidade limitada.

Respostas

01. Resposta: C
Código Civil:
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.

02. Resposta: E
Código Civil:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

03. Resposta: D
Código Civil:
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

04. Resposta: C
Código Civil:
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

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1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha
dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas
deste Código.

05. Resposta: D
Código Civil:
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto

06. Resposta: D
Para responder a essa questão o(a) candidato(a) precisa fazer uma leitura conjunta do art. 54, II com
o art. 57 do CC.

Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:


II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;

Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

07. Resposta: A
O CC não trata em específico sobre as organizações religiosas. Os ensinamentos doutrinários nos
dizem que elas se equiparam às associações, portanto, tudo que se aplica às associações deverá ser
aplicado às organizações religiosas.
O art. 45 do CC dispõe que a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Assim sendo, as organizações religiosas adquirem
personalidade jurídica quando houver o registro do ato constitutivo.

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
08. Resposta: B
Art. 62, CC.

09. Resposta: C
Art. 40 do CC.
As demais alternativas trazem as pessoas jurídicas de direito público.

10. Resposta: Errado.


O CC adotou a teoria maior para desconsiderar a personalidade jurídica e segundo essa teoria devem-
se observar comprovação de fraude e abuso por parte dos sócios.

11. Resposta: Certo


Pessoas jurídicas são entidades a que a lei empresta personalidade, capacitando-as a serem sujeitos
de direitos e obrigações. A sua principal característica é a de que atuam na vida jurídica com
personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem (CC, art. 50, a contrario sensu).54

12. Resposta: D
Art. 44, CC.

13. Resposta: E
Código Civil:
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas
que forem regidas pelo direito internacional público.

14. Resposta: D
Código Civil:

54
Carlos Roberto Gonçalves. Direito Civil – Parte Geral. Volume 1. Sinopses Jurídicas.

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1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos
dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando
violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.

15. Resposta: B
Código Civil:
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
( )
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

Domicílio

Considera-se domicílio a sede jurídica da pessoa, é o local onde ela é encontrada. De acordo com o
artigo 70 do Código Civil “é o local em que a pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo”.
Assim, o conceito do artigo 70 do Código Civil apresenta dois elementos:
- elemento objetivo: é a residência;
- elemento subjetivo: é o ânimo definitivo.

A pessoa pode ter mais de um domicílio. O artigo 71 do Código Civil dispõe que a pessoa poderá ter
mais de um domicílio quando:
- tenha mais de uma residência onde alternadamente viva;
- tenha vários centros de ocupações habituais.

Existe a possibilidade de a pessoa ter domicílio, mas não ter residência. São os casos daquelas
pessoas que viajam muito a trabalho, vivendo em hotéis. Antigamente eram chamados de “caixeiros
viajantes”. O artigo 73 do Código Civil dispõe que as pessoas que não tiverem residência fixa terão como
domicílio o local onde forem encontradas.

São espécies de domicílio:

Necessário: é aquele determinado pela lei (exemplo: os incapazes têm por domicílio o mesmo de seus
representantes; o domicílio do funcionário público é o local onde exerce suas funções etc.). A mulher não
tem mais domicílio necessário, visto a isonomia prevista na Constituição Federal/88 e o disposto no artigo
1569 do Código Civil.

Voluntário: pode ser:


- comum: é aquele escolhido pela pessoa e poderá ser mudado por ela. A conduta da pessoa vai
mostrar se ela teve ou não intenção de mudar o seu domicílio;
- especial (artigo 78 do Código Civil): é aquele que possibilita aos contratantes estabelecer um local
para o cumprimento das obrigações (foro de contrato) ou um local para dirimir quaisquer controvérsias
surgidas em decorrência do contrato (foro de eleição). A pessoa privilegiada poderá, no entanto, renunciar
ao foro eleito para se utilizar do foro do domicílio do réu. Não terá validade o foro de eleição em contrato
de adesão, salvo se não prejudicar o aderente.

Contratual ou Convencional
Possui previsão no artigo 78, Código Civil, a fixação desse domicílio para um negócio jurídico repercute
na questão do foro competente para apreciação de discussão do contrato, em que se denomina cláusula
de eleição de foro.

Para maior compreensão entre domicílio e residência, compreenda o quadro comparativo:

RESIDÊNCIA DOMICÍLIO
Pessoa física se estabelece Pessoa física se estabelece
PERMANENTEMENTE DEFINITIVAMENTE
Caráter habitual Caráter definitivo
Indivíduo transfere alguns aspectos de Toda vida do indivíduo está
toda sua vida para o local concentrada no local

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Poderá haver o caso de pluralidade domiciliar, quando a pessoa tiver dois ou mais locais de residência,
alternadamente, podendo considerar como domicílio qualquer um deles. Se forem extinguidos os
elementos objetivo e subjetivo do domicílio, vai ocorrer a sua mudança, se houver animus da pessoa.

O Código de Processo Civil considera como domicílio qualquer um deles.

Para os casos de pessoa natural que não tenha domicílio certo ou fixo, como por exemplo o cigano ou
viajantes, terá por domicílio o local que for encontrado. Trata-se, portanto de domicílio aparente ou
ocasional, já que cria a aparência de um domicílio num local que pode ser considerado por terceiro como
o seu domicílio.

Domicílio da Pessoa Jurídica: As pessoas jurídicas têm seu domicílio, que é sua sede jurídica, onde
os credores podem demandar que as obrigações sejam cumpridas. Este será o local de suas atividades
humanas.

Domicílio dos Incapazes: o domicílio do incapaz é legal, pois sua fixação dar-se-á por determinação
de lei e não por volição. Os absoluta ou relativamente incapazes terão por domicílio o de seus
representantes legais (pais, tutores ou curadores).

Domicílio do Militar: o domicílio do militar do Exército é o lugar onde servir, e o da Marinha ou


Aeronáutica em serviço ativo é a sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado. O
militar reformado não tem domicílio legal. No entanto, se o militar estiver exercendo suas funções fora do
local de seu domicílio, este será o da sede de sua guarnição ou quartel.

Domicílio do Preso: é o local onde cumpre a sentença. Se for internado em manicômio judiciário será
competente o local para julgar o pedido de sua interdição. Caso se trate de preso ainda não condenado,
seu domicílio será o voluntário.

Domicílio da Pessoa Jurídica de Direito Privado

A pessoa jurídica de direito privado, tem domicílio no local em que funcionarem as diretorias e
administrações ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos. Assim como a pessoa natural, a
pessoa jurídica também pode ter vários domicílios, como acontece com as empresas de direito privado,
agências, escritórios.

Caso a administração ou diretoria tenha sede no estrangeiro, considera-se como seu domicílio,
referente às obrigações contraídas por cada uma das agências, o local do estabelecimento, situado no
Brasil, que corresponder.

LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002.

TÍTULO III
Do Domicílio

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-
se-á domicílio seu qualquer delas.

Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar
onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.

Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.

Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.

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Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos
lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as
circunstâncias que a acompanharem.

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:


I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações,
ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público,
o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou
da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde
o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem
designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto
do território brasileiro onde o teve.

Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e
cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

Questões

01. (MPE/PR - Promotor Substituto – MPE-PR/2017). Assinale a alternativa incorreta:


(A) O domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, é o lugar onde esta é
exercida.
(B) Considera-se domicílio da pessoa natural que não tenha residência habitual o último lugar onde
morou.
(C) Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde alternadamente viva, seu domicílio será
qualquer delas.
(D) O domicílio das pessoas jurídicas de direito privado é o lugar onde funcionarem as respectivas
diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
(E) O domicílio do preso é o lugar onde ele cumpre a sentença.

02. (TRE/SP - Analista Judiciário - Área Administrativa – FCC/2017). Manoel trabalha na cidade de
Cajamar, reside, alternadamente, nas cidades de Jundiaí e Campinas, com ânimo definitivo, e passa
férias, ocasionalmente, na cidade de Itatiba. De acordo com o Código Civil, considera(m)-se domicílio(s)
de Manoel
(A) Jundiaí e Campinas, apenas.
(B) Cajamar, apenas.
(C) Cajamar, quanto às relações concernentes à profissão, Jundiaí e Campinas, apenas.
(D) Cajamar, Jundiaí, Campinas e Itatiba.
(E) Jundiaí, Campinas e Itatiba, apenas.

03. (Prefeitura de Chopinzinho/ PR - Procurador Municipal – FAU/2016). O domicílio da pessoa


natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Sobre tal instituto pode-se
afirmar:
(A) Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as
relações que lhe corresponderem.
(B) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência sem ânimo definitivo.

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(C) Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-
á domicílio seu, a primeira residência constituída.
(D) Muda-se o domicílio, transferindo a residência, dispensando a intenção de mudar.
(E) Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, somente a sede será
considerada domicílio.

04. (Prefeitura de Chopinzinho/PR - Procurador Municipal – FAU/2016). O domicílio da pessoa


natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Sobre tal instituto pode-se
afirmar:
(A) Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as
relações que lhe corresponderem.
(B) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência sem ânimo definitivo.
(C) Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-
á domicílio seu, a primeira residência constituída.
(D) Muda-se o domicílio, transferindo a residência, dispensando a intenção de mudar.
(E) Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, somente a sede será
considerada domicílio.

05. (TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Juiz do Trabalho Substituto - TRT 2R (SP)/2016). Segundo o
regramento do Código Civil, é INCORRETO afirmar que:
(A) Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio da União é o Distrito Federal, dos Estados e Territórios,
as respectivas capitais, do Município, o lugar onde funcione a administração municipal, das demais
pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem
domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
(B) Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
(C) Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
(D) O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em
que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da
Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, o porto
onde o navio estiver atracado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
(E) Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram
os direitos e obrigações deles resultantes.

06. (Prefeitura de Sertãozinho – SP - Procurador Municipal – VUNESP/2016) Sobre as regras de


domicílio, é correto afirmar que
(A) se considera como domicílio da União todas as capitais dos Estados da federação.
(B) as sociedades empresárias possuem domicílio no endereço de qualquer de seus sócios.
(C) o marítimo e o militar, em razão de suas atribuições, possuem domicílio itinerante.
(D) o servidor público possui domicílio necessário.
(E) o domicilio do Município é eleito pelo seu prefeito.

07. (Prefeitura de Juiz de Fora – MG - Auditor Fiscal – AOCP/2016) Relativamente ao domicílio, o


vigente Código civil brasileiro determina que
(A) o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência sem ânimo definitivo.
(B) quanto às relações concernentes à profissão o domicílio da pessoa natural nunca será lugar onde
a profissão é exercida.
(C) se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos apenas constituirá domicílio para as relações
que lhe corresponderem o endereço da sede do empregador.
(D) tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, deverá escolher um deles
para ser o domicílio para os atos nele praticados.
(E) o domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, será o lugar onde for encontrada.

08. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – CONSUPLAN/2016) Quanto


ao domicílio e residência, assinale a afirmação INCORRETA.
(A) Residência é o lugar em que a pessoa se fixa, ainda que temporariamente. Possui elemento
objetivo: lugar em que a pessoa se fixa.

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(B) O direito brasileiro veda em qualquer espécie a pluralidade de domicílios, o legislador pátrio
priorizou a segurança jurídica nas relações, determinando domicílio único.
(C) Domicílio é o lugar em que a pessoa se fixa com vontade de permanecer em definitivo. A definição
conduz a dois elementos, um objetivo: lugar que a pessoa se fixa. Outro subjetivo, denomina-se animus
manendi, ou vontade de permanecer.
(D) O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar
onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do
território brasileiro onde o teve.

09. (PC/DF - Delegado de Polícia – FUNIVERSA/2015). No que diz respeito ao domicílio das pessoas
naturais e jurídicas, assinale a alternativa correta.
(A) A pessoa jurídica tem domicílio no lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou em domicílio especial especificado no seu estatuto ou em atos constitutivos, não
havendo autorização legal para que a pessoa jurídica tenha mais de um domicílio.
(B) É nula a cláusula contratual de especificação de domicílio nas situações em que os contratantes
especificam onde devem ser exercidos e cumpridos direitos e obrigações resultantes do próprio contrato.
(C) Tem o preso domicílio necessário na localidade onde cumprir a sentença penal.
(D) O domicílio da pessoa natural, mesmo no que se refere às relações concernentes à profissão, é o
lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
(E) Somente se prova a intenção manifesta de mudar, para fins de modificação do domicílio, pela
própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.

10. (ITAIPU BINACIONAL - Direito – NC-UFPR/2015). Sobre a disciplina do domicílio no Código Civil,
assinale a alternativa correta.
(A) O agente diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar
onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do
território brasileiro onde o teve.
(B) O domicílio da pessoa natural é definido por sua própria vontade, bastando que indique o local
escolhido.
(C) Se a pessoa natural tiver diversas residências onde, alternadamente, viva, considerar-se-á
domicílio aquele no qual estabeleceu residência primeiro.
(D) Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, a capital do estado
onde for encontrada.
(E) O domicílio decorre de elemento fático, não podendo as partes, nos contratos escritos, especificar
domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

11. (TRE/PB - Analista Judiciário - Área Administrativa – FCC/2015). O servidor público e o


marítimo:
(A) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em que estabeleceu a sua
residência com ânimo definitivo e do marítimo onde o navio estiver matriculado.
(B) não possuem domicílio necessário conforme expressamente previsto pelo Código Civil brasileiro.
(C) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em que exercer
permanentemente suas funções e do marítimo a sede do comando a que se encontrar imediatamente
subordinado.
(D) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em que exercer
permanentemente suas funções e do marítimo onde o navio estiver matriculado.
(E) possuem domicílio necessário, sendo o domicílio do servidor o lugar em que estabeleceu a sua
residência com ânimo definitivo e o do marítimo a sede do comando a que se encontrar imediatamente
subordinado

12. (SAEB/BA - Técnico de Registro de Comércio – IBFC/2015). Assinale a alternativa INCORRETA


sobre o que dispõe o código civil brasileiro em relação ao domicílio da pessoa natural.
(A) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
(B) Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á
domicílio seu qualquer delas.
(C) É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, um único
lugar onde esta é exercida de forma principal.
(D) Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.
(E) Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.

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Respostas

01. Resposta: B
Código Civil
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.

02. Resposta: C
Código Civil
Para respondermos essa questão é preciso saber os artigos 70 a 72 do Código Civil. Vejamos:

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-
se-á domicílio seu qualquer delas.

Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar
onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.

03. Resposta: A
Art. 72, Código Civil. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.

04. Resposta: A
Código Civil:
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar
onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.

05. Resposta: D
Código Civil:
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público,
o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou
da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde
o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

06. Resposta: D.
Código Civil
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso

07. Resposta: E.
Código Civil
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.

08. Resposta: B.
O ordenamento jurídico brasileiro adotou a pluralidade de domicílios.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.

09. Resposta: C
Código Civil:

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Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público,
o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou
da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde
o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

10. Resposta: A
Código Civil
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem
designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto
do território brasileiro onde o teve.

11. Resposta: D
Código Civil
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público,
o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou
da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde
o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

12. Resposta: C
Código Civil
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar
onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.

BENS

I- Conceito.

A doutrina brasileira se divide quando o assunto diz respeito a bens e coisas. Sílvio Rodrigues entende
que coisa é gênero e bem é espécie.
Desse modo podemos considerar como coisa, tudo o que existe objetivamente, excluindo-se o homem,
já os bens como são raros, possuem valor econômico, podendo ser comprados.

Esse conceito dado por Sílvio Rodrigues acabou se encaixando muito bem com o atual Código Civil,
pois coisa constitui gênero e bem a espécie, como apontado acima.
Quanto aos animais, eles são considerados coisas para o Direito Privado Brasileiro, ainda que muitos
entendam que são sujeitos de direitos, recebendo tratamento diverso, uma espécie de terceiro gênero.

II- Classificação dos Bens.

1. Dos bens considerados em si mesmos


O código classifica os bens, em primeiro lugar por si mesmos, não os comparando ou ligando com
nenhum outro. Na classificação de bens móveis e bens imóveis, a intenção do homem deve ser
considerada. Exemplo: se o indivíduo planta uma árvore para corte, esta é chamada de bem móvel por
antecipação.

a) Bens imóveis
São os que não podem ser transportados sem comdestruição de um lugar para outro.
Nos artigos 79 e 80, o Código Civil classifica os bens imóveis em:

- Bens imóveis por natureza: preliminarmente, consideram-se bens imóveis por natureza o solo e seus
acessórios e adjacências, ou seja, tudo aquilo que adere ao solo naturalmente, a exemplo das árvores,
frutos e subsolo. Alguns autores entendem que deveria ser bem imóvel por natureza somente o solo;
acessórios e adjacências deveriam ser chamados bens imóveis por acessão natural.

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- Bens imóveis por acessão industrial (artificial): é definido como tudo aquilo que resulta do trabalho
do homem, podendo ser removido se houver destruição, já que o homem incorpora o bem
permanentemente ao solo.
Podemos citar como exemplo as plantações, que para que sejam retiradas do solo em épocas de
colheita, exigem a sua destruição.

- Bens imóveis por acessão intelectual (por destinação do proprietário): a lei considera bem imóvel por
acessão intelectual aqueles bens móveis que forem empregados intencionalmente para a exploração
industrial, aformoseamento e comodidade. Esses bens foram imobilizados pelo proprietário, formando
uma ficção jurídica.55

- Bens imóveis por determinação legal: são determinados bens que somente são imóveis porque o
legislador resolveu enquadrá-los como tal, para que se possibilite, em regra, maior segurança jurídica nas
relações que os envolvam. Podemos citar o direito à sucessão aberta, ainda que o acervo seja composto
única e exclusivamente de bens móveis; os direitos reais sobre imóveis e as ações que o asseguram; as
apólices da dívida pública, quando oneradas com cláusula de inalienabilidade.

NÃO PERDEM O CARÁTER DE IMÓVEIS: As edificações que, separadas do solo, porém conservando sua
unidade, forem removidas para outro local; Os materiais provisoriamente separados de um prédio, para
reempregarem ao mesmo.

b) Bens móveis
Determina o artigo 82 do Código serem bens móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de
remoção por força alheia. Podem ser classificados da seguinte maneira:

Bens móveis por natureza: são bens móveis por natureza não só aqueles que têm movimento próprio,
como também aqueles que não têm movimento próprio. Subdividem-se em bens móveis propriamente
ditos (aqueles que não têm movimento próprio) e bens semoventes (aqueles que têm movimento próprio).

Bens móveis por antecipação: aqueles bens imóveis que têm uma finalidade última como móvel.
Assim, mesmo temporariamente imóveis não perdem o caráter de bem móvel, em razão de sua finalidade,
a exemplo das árvores plantadas para corte.

Bens móveis por determinação legal: são alguns bens que a lei considera móveis por determinação
legal, e consequentemente, aplicando as disposições sobre bens móveis nas relações que os envolvam.
São eles: Os direitos reais sobre objetos móveis e respectivas ações; os direitos de obrigação, e
respectivas ações; além dos direitos do autor.
A lei permite, por exceção, que navios e aviões, que são bens móveis, sejam dados em hipoteca,
todavia, sem perder a característica de bens móveis.

c) Bens fungíveis e bens infungíveis


O artigo 85 do Código Civil aplica essa classificação apenas aos bens móveis. São bens fungíveis
aqueles bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, natureza e qualidade.
Com efeito, certos bens são infungíveis porque possuem características especiais que os tornam distintos
de outros da mesma espécie e qualidade, não permitindo, destarte, a sua substituição.
Registra-se que, de acordo com as lições do eminente Prof. Carlos Roberto Gonçalves,
excepcionalmente, bens imóveis podem ser considerados bens fungíveis, a exemplo de várias pessoas
proprietárias, em condomínio, de um conjunto de lotes ainda não divididos, ocasião em que cada um é
proprietário de um número determinado de lotes, fungíveis, posto que ainda não identificados os seus
proprietários.
A fungibilidade ou a infungibilidade, podem decorrer também da vontade das partes, a exemplo de
bens fungíveis emprestados para ornamentação e posterior devolução, a que a doutrina dá o nome de
comodatum ad pompam vel ostentationem.

d) Bens consumíveis e bens inconsumíveis


O artigo 86 considera consumíveis os bens móveis cuja utilização acarreta a destruição da sua

55 Adaptação da obra: Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil. Editora: Método, 7ª edição.2017, pág. 201.

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substância, a exemplo dos alimentos, e os destinados à alienação, como um livro, um disco, ou demais
bens expostos para venda. Assim, há bens consumíveis de fato, ou materialmente consumíveis, como os
alimentos em geral, e há bens consumíveis de direito, juridicamente consumíveis, como veículos,
aparelhos elétricos colocados à venda etc.
O usufruto somente recai sobre os bens inconsumíveis, entretanto o artigo 1.392, § 1.º, do Código Civil
admite que o usufruto recaia sobre bens consumíveis, recebendo a denominação "usufruto impróprio", ou
"quase-usufruto".

e) Bens divisíveis e bens indivisíveis (artigo 87 do Código Civil)


São divisíveis as coisas que podem ser partidas em porções distintas, formando, cada porção, um todo
perfeito. Assim, o bem é divisível quando cada porção continua com as características do todo.
A indivisibilidade pode resultar da natureza, da lei e da vontade das partes:
Bem indivisível por natureza: é aquele que, se for dividido, perde a característica do todo, a exemplo
de um animal.
Bem indivisível por lei: existem alguns bens que por natureza talvez fossem considerados divisíveis,
entretanto a lei os torna indivisíveis. Como exemplo, podemos citar o Estatuto da Terra que, nos casos
de área rural, exige que os terrenos rurais tenham, no mínimo, três alqueires. Assim, numa área rural, o
terreno de três alqueires torna-se indivisível para evitar que se tenham partes de terra muito pequenas.
Bem indivisível por vontade das partes: há a possibilidade, nos casos de condomínio, de as partes
convencionarem a indivisibilidade do bem. Essa indivisibilidade poderá valer por cinco anos no máximo
(artigo 1.320, § 2.º, do Código Civil), podendo ser prorrogada por mais cinco. Nos casos de testamento e
doação, não se pode, se o bem for considerado indivisível por vontade do doador ou testador, entende-
se que o foi somente por cinco anos, sem possibilidade de prorrogação do prazo.

f) Bens singulares e bens coletivos


Os bens são singulares ou coletivos conforme a maneira como são encarados. Desse modo, se
encararmos uma árvore isoladamente, ela será um bem singular, se encararmos várias árvores numa
floresta, será um bem coletivo.
O Código Civil chama as coletividades de universalidades, que podem ser de fato ou de direito. O
Código, ao falar das universalidades de direito, menciona como exemplos a herança e o patrimônio,
mesmo se constituídas somente de direitos e obrigações, sem demais bens materiais.

2. Dos bens reciprocamente considerados


Após o estudo dos bens considerados em si mesmos, passamos ao estudo dos bens, quando
reciprocamente considerados. Nessa ótica, dividem-se em principais e acessórios.

Bem principal: é aquele que existe por si, ou seja, não depende da existência de nenhum outro bem,
possuindo existência própria.

Bem acessório: é aquele que depende da existência do bem principal. Exemplo: a árvore é bem
principal, já os frutos são bens acessórios. Essa classificação transfere-se também para os contratos,
como exemplo, o contrato de fiança, que somente existe como forma de garantia fidejussória de
pagamento de um outro contrato, muito comum nos contratos de mútuo e de locação.

O artigo 92 do Códex dispõe que a coisa acessória segue a principal, salvo disposição especial em
contrário. Essa regra, que atende ao conteúdo disposto no brocardo jurídico accessorium sequitur suum
principale, causa várias consequências:

- presume-se que o dono do principal também é dono do acessório;


- determina ter o acessório a mesma natureza jurídica do principal;
- extinto o principal, extingue-se também o acessório, mas a recíproca não se mostra verdadeira.

Quanto aos frutos, estes são bens acessórios que têm sua origem no bem principal, mantendo a
integridade desse último, sem que diminua a substância ou qualidade. Os frutos se classificam em:56

a. frutos naturais: provenientes da coisa principal, como por exemplo, os frutos da árvore.

56
Adaptado da obra: Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil. Editora: Método, 7ª edição.2017, pág. 207.

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b. frutos industriais: decorrem de vontade humana, como por exemplo, as cadeiras produzidas por uma
fábrica.
d. frutos civis: decorrem de uma relação jurídica ou econômica, tem natureza privada, conhecidos
também como rendimentos. Exemplo: valores do aluguel de uma casa.

Categoria dos bens acessórios

Entram na categoria dos bens acessórios os frutos, os produtos, os rendimentos, as pertenças e as


benfeitorias. Na doutrina, apresentam-se críticas à determinação de Clóvis Beviláqua, de considerar
rendimentos como categoria de bens acessórios, pois, com efeito, os rendimentos nada mais são que os
frutos civis da coisa, a exemplo dos juros cobrados pela disposição de numerário mediante contrato de
mútuo feneratício.
Diferem-se frutos e produtos, visto que os primeiros se renovam quando utilizados ou separados da
coisa, não consistindo em extinção parcial do bem principal. Destarte, colhendo frutas de uma árvore,
nascerão outras tantas. Já os produtos, se exaurem com o uso, pois extinguem, ainda que parcialmente,
a própria fonte. Exemplo: após anos de extração de determinado poço de petróleo, chegará o momento
em que ele se exaurirá.
Acrescenta o diploma civil que também são acessórios da coisa as benfeitorias (artigo 96 do Código
Civil), salvo a pintura em relação à tela, a escultura em relação à matéria-prima e qualquer trabalho gráfico
em relação ao papel utilizado. Essas exceções foram criadas para valorizar o trabalho artístico. Assim,
os acessórios dos trabalhos artísticos serão, nesses casos, a tela, a matéria prima e os papéis.
Benfeitoria é todo melhoramento ou acréscimo feito em coisa já existente. Há uma diferença entre
benfeitoria e acessão industrial (construções e plantações), uma vez que esta representa toda construção
ou plantação nova. O artigo 96 do Código Civil apresenta e conceitua três espécies de benfeitorias. Estas
podem ser:

- Necessárias: são aquelas benfeitorias destinadas a conservar a coisa, indispensáveis; são aquelas
que, se não forem feitas, a coisa pode perecer, ou seu uso ser impossibilitado. São entendidas de forma
ampla, como o pagamento de impostos, medidas judiciais de conservação da coisa etc.
- Úteis: são as benfeitorias que aumentam ou facilitam o uso da coisa; não são indispensáveis, mas,
se forem feitas, darão mais aproveitamento à coisa, a exemplo da construção de mais um cômodo em
uma casa.
- Voluptuárias: são as benfeitorias de mero deleite ou recreio, que vêm a aformosear o bem, aumentar-
lhe o valor, embora não interfiram na normal utilização da coisa, como exemplo, a construção de uma
piscina com cascata, ao redor de jardins, em uma casa.
Por fim, relativamente às benfeitorias, salienta-se que a classificação acima não tem caráter absoluto,
devendo ser analisada de acordo com o caso concreto, a exemplo de uma piscina, que em regra é
conceituada como benfeitoria voluptuária, mas que, para alguém que necessita fazer hidroterapia, ou
ainda para uma escola de natação, mostra-se como benfeitoria útil.
O artigo 93 do Código Civil, estabelece: "São pertenças os bens que, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro".
Apesar de acessória, a pertença conserva sua individualidade e autonomia, tendo apenas com a principal
uma subordinação econômico - jurídica, pois, sem haver qualquer incorporação, vincula-se à principal
para que esta atinja suas finalidades. Temos como exemplo a turbina de um avião, o órgão de uma igreja
ou o motor de um automóvel.

3. Dos bens quanto aos titulares do domínio (público e privado)


Sob esse aspecto, os bens se dividem em públicos e particulares. O artigo 98 do Código Civil considera
públicos os bens que pertencem à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; todos os
demais são considerados particulares. Tem-se, no caso, verdadeira definição por exclusão.

Os bens públicos dividem-se em (artigo 99 do Código Civil):

- de uso comum do povo: todos aqueles de utilização comum, sem maiores ônus, pela coletividade, a
exemplo das estradas, ruas, mares, praças; ressalte-se que é uma enumeração meramente
exemplificava;

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- de uso especial: bens destinados ao funcionamento e aprimoramento dos serviços prestados pela
máquina estatal, de utilização, por vezes, concedida aos particulares, em regra mediante contraprestação.
Temos como exemplo os edifícios onde funcionam os serviços públicos;

- dominicais (ou dominiais): aqueles que pertencem ao domínio privado do poder público, e desde que
desafetados de qualquer utilização pública, podem ser alienados, de acordo com as regras previstas para
alienação de bens da administração, a exemplo da licitação.

Os bens públicos têm características especiais, seguindo regras próprias, não sendo tratados no
Direito Civil. Os bens dominicais, entretanto, ainda que sejam bens públicos, seguem as regras dos bens
particulares, com algumas modificações operadas em sede de legislação especial, como a Lei de
Licitações (Lei n. 8.666/93).
Os artigos 100 e 101 do Código dispõem que a inalienabilidade, que é peculiar dos bens públicos,
somente poderá ser afastada por lei, que por sua vez retira do bem a função pública à qual este se liga.
A tal procedimento dá-se o nome de desafetação. Quando um bem dominical for utilizado para uma
finalidade pública, ele será tratado como bem público, portanto, inalienável, em razão de sua afetação a
uma função eminentemente pública. A afetação não depende de lei. Os bens públicos, desde a vigência
do Código Civil de 1916, não podem ser objetos de usucapião, visto serem inalienáveis. Tal entendimento
também é expresso na Constituição Federal e na Súmula n. 340 do Supremo Tribunal Federal. O novo
Código Civil também estabelece que os bens públicos também não estão sujeitos a usucapião no seu
artigo 102.
Em síntese: ocorre a desafetação quando a lei autoriza a venda de um bem público, desligando-o da
função pública a que ele serve. Ocorre a afetação quando o bem dominical passa a ser utilizado como
bem público.

4- Bens no comércio e fora do comércio


Os bens no comércio são aqueles que podem ser alienáveis ou disponíveis, se achando livre de
quaisquer restrições que possam impossibilitar sua transferência ou apropriação, podendo ser de forma
gratuita ou onerosa.

Os bens fora do comércio, estão elencados no artigo 69 do Código Civil e dizem respeito as coisas
insuscetíveis de apropriação e as que sejam inalienáveis de forma legal.

Assim, encontramos:
- inapropriáveis por sua natureza (trata dos que são inesgotáveis. Ex: ar atmosférico);
- legalmente inalienáveis (ainda que possa ser adquirido pelo homem, a lei exclui sua comercialidade.
Ex: bens públicos;
- inalienáveis pela vontade humana (imposição de cláusula de inalienabilidade, temporária ou vitalícia,
com previstos em lei, por ato inter vivos ou causa mortis).

5. Quanto à tangibilidade
Bens corpóreos são os que têm existência material, a exemplo de uma cadeira, de um livro etc.
Bens incorpóreos são os que têm existência abstrata somente, a exemplo de créditos, direitos de
autor, direito à sucessão aberta etc. Existem algumas expressões sobre os bens que eram utilizadas no
Direito Romano e passaram a ser utilizadas até hoje:
- res nullis (é a coisa de ninguém, que existe no universo, mas não pertence a ninguém, como peixes
e animais selvagens);
- res derelicta (é a coisa abandonada, que já pertenceu a alguém e foi abandonada).
O patrimônio das pessoas é formado por bens corpóreos e bens incorpóreos. A classificação do Código
Civil é uma classificação científica que agrupa os bens por sua natureza.

III. Considerações sobre o Bem de Família

O bem de família é aquele entendido como o imóvel usado como residência da entidade familiar, que
se dá por casamento, união estável, entidade monoparental ou outra forma que tiver previsão em lei.
Nosso ordenamento prevê duas formas de bem de família:

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1. Bem de família voluntário ou convencional (arts. 1.711 a 1.722, Código Civil)
2. Bem de família legal (Lei 8.009/1990)

Vamos explicar por partes cada tipo deste:

Bem de família voluntário ou convencional é aquele formado pelos cônjuges, entidade familiar ou
ataé mesmo por terceiro, que será formalizado através de escritura pública ou testamento.
A sua proteção em lei necessita que o imóvel seja residencial, rural ou urbano, englobando os bens
acessórios que fizerem parte do principal.
Constituindo-se o bem de família convencional, o imóvel passa a ser inalienável e impenhorável,
ficando isento de execuções por dívidas em momento posterior à sua instituição. Quanto à
inalienabilidade ela somente pode acontecer se houver consentimento dos interessados, ouvido o
Ministério Público.
Não será extinto o bem de família convencional, ainda que a dissolução da sociedade ocorra por
divórcio, morte, inexistência ou anulabilidade do casamento. Morrendo um dos cônjuges, o sobrevivente
poderá pedir a extinção da proteção se for o único bem do casal. Entretanto, em caso de morte de ambos
os cônjuges e a maioridade dos filhos, se não se sujeitarem estes a curatela, levará a extinção do bem
de família convencional.

Bem de família legal, como já introduzido anteriormente sofre a proteção da Lei 8.099/1990, permite
a aplicação do princípio da dignidade humana.
Antes da arrematação do bem, a impenhorabilidade não pode ser alegada por simples petição, não
devendo se falar em preclusão processual. A impenhorabilidade somente pode ser reconhecida se o
imóvel for usado para residência ou moradia permanente da entidade familiar.
Em casos de imóveis que estejam desocupados, inabitados confere direito à impenhorabilidade, pois
o que se tutela é a proteção do direito à moradia. Aos que tiverem residência de âmbito familiar, a juntada
de alguns comprovantes como água e luz auxiliam o juiz ao reconhecimento ou não da penhorabilidade.
Para as pessoas que não tenham imóvel próprio, a impenhorabilidade recai sobre os bens móveis que
forem quitados e que guarneçam a residência que sejam de propriedade do locatário.
Em casos de imóvel locado, a impenhorabilidade recai sobre os bens móveis do locatário, quitados e
que guarneçam a sua residência.

LEI n° 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002

LIVRO II
DOS BENS
TÍTULO ÚNICO
Das Diferentes Classes de Bens
CAPÍTULO I
Dos Bens Considerados em Si Mesmos
Seção I
Dos Bens Imóveis

Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:


I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para
outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

Seção II
Dos Bens Móveis

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação econômico-social.

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Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.

Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

Seção III
Dos Bens Fungíveis e Consumíveis

Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e
quantidade.

Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância,
sendo também considerados tais os destinados à alienação.

Seção IV
Dos Bens Divisíveis

Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.

Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por
vontade das partes.

Seção V
Dos Bens Singulares e Coletivos

Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente
dos demais.

Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma
pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas
próprias.

Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas
de valor econômico.

CAPÍTULO II
Dos Bens Reciprocamente Considerados

Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja
existência supõe a do principal.

Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo
se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.

Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de
negócio jurídico.

Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.


§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda
que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.

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§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.

Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.

CAPÍTULO III
Dos Bens Públicos

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Art. 99. São bens públicos:


I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto
de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às
pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.

Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
De acordo com Fernanda Tartuce e Fernando Sartori, 57 bens para efeitos jurídicos, são todas as
coisas materiais e imateriais que tenham valor para o ser humano, podendo assim, ser objeto de relações
jurídicas.

Para maior compreensão reunimos de forma resumida as diferenças existentes entre os tipos
de bens:

BENS FUNGÍVEIS: BENS INFUNGÍVEIS:

Bens Móveis que podem substituir-se por Insubstituíveis, ainda que haja similares.
outros da mesma espécie, qualidade e Exemplos: imóveis; quadro de pintor famoso.
quantidade. Exemplo: café.

BENS CONSUMÍVEIS: BENS INCONSUMÍVEIS:

Bens móveis cujo uso importa destruição Admitem uso reiterado porém, sem destruição
imediata da própria substância. Exemplo: os da substância. Exemplo: livros.
alimentos; E bens destinados à alienação.
Exemplo: produtos à venda.

57 TARTUCE, Fernanda; e SARTORI, Fernando. Direito Civil. Série Como se preparar para o Exame de Ordem – 1ª fase. 4ª edição. São
Paulo: Editora Método, p. 24 – 25.

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BENS DIVISÍVEIS: BENS INDIVISÍVEIS:

Podem ser fracionados sem alteração na sua NÃO admitem fracionamento sem perda de
substância, diminuição considerável de valor ou valor ou utilidade.
prejuízo do uso a que se destinam. Exemplo: saca
de café. Indivisíveis por natureza: pela característica
do bem. Exemplo: cavalo.

Indivisíveis por determinação legal: a lei


atribui tal qualidade. Exemplo: servidões.

Indivisíveis por vontade das partes: elas


determinam que não deve haver fracionamento.
Exemplo: certo imóvel não pode ser vendido em
partes.

BENS SINGULARES: BENS COLETIVOS OU UNIVERSAIS:

Considerados em sua individualidade, ou seja, Pluralidade de coisas singulares que formam


independentemente dos demais, embora possa, um todo único.
estar reunidos.
Universalidade de fato: pluralidade de bens
Bens singulares simples: formados singulares que pertencem à mesma pessoa que
naturalmente. Exemplo: cavalo; Ou formados por lhes dá destinação unitária. Os bens que formam
ato humano sem que as partes integrantes essa universalidade podem ser objeto de relações
conservem a condição jurídica anterior. Exemplo: jurídicas próprias. Exemplo: biblioteca.
edifício.
Universalidade de direito: complexo de
Bens singulares compostos: objetos diferentes relações jurídicas de uma pessoa, reconhecido
unidos num todo sem perda de sua condição pela lei e dotado de valor econômico. Exemplo:
jurídica própria. Exemplo: materiais de construção herança.
numa casa.

Benfeitorias: são bens acessórios que são colocados em um imóvel ou móvel, para que haja
conservação ou melhoria da sua utilidade.
Difere-se do fruto, pois este já vem com o bem principal, enquanto nas benfeitorias é necessário
implementá-la.

Classificação das Benfeitorias:

Voluptuárias: de mero deleite ou recreio, não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem
mais agradável ou sejam de elevado valor. Exemplo: piscina.
Úteis: aumentam ou facilitam o uso do bem. Exemplo: garagem.
Necessárias: têm por fim conservar o bem o evitar que o mesmo se deteriore. Exemplo: reparos no
teto.

Pertenças: bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso,
ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Exemplo: aparelho de ar condicionado em uma sala.

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Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o
contrário resultar da lei, de manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. São introduzidas por
quem tenha o domínio do bem.
As pertenças se classificam em essenciais ou não essenciais

Questões

01. (UECE - Advogado – FUNECE/2017). Os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito


público a que se tenha dado estrutura de direito privado são considerados bens
(A) de uso comum do povo.
(B) de uso especial.
(C) dominicais.
(D) de uso excepcional.

02. (TRT - 11ª Região/AM e RR - Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal –
FCC/2017). A respeito dos bens, é correto afirmar que
(A) constitui universalidade de fato o complexo de relações jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor
econômico.
(B) os materiais provisoriamente separados de um prédio, mesmo que sejam nele reempregados,
perdem o caráter de imóveis.
(C) constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma
pessoa, tenham destinação unitária.
(D) os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade
das partes.
(E) as energias que tenham valor econômico são consideradas bens imóveis para os efeitos legais.

03. (TRT/8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Judiciária – CESPE/2016). Com
referência aos bens, assinale a opção correta.
(A) As benfeitorias úteis são aquelas indispensáveis à conservação do bem ou para evitar sua
deterioração, acarretando ao mero possuidor que as realize o direito à indenização e retenção do bem
principal.
(B) Um bem divisível por natureza não pode ser considerado indivisível pela simples vontade das
partes, devendo tal indivisibilidade ser determinada por lei.
(C) O direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel, ainda que todos os bens deixados pelo
falecido sejam móveis.
(D) Bens infungíveis são aqueles cujo uso importa sua destruição.
(E) Os frutos são as utilidades que não se reproduzem periodicamente; por isso, se os frutos são
retirados da coisa, a sua quantidade diminui.

04. (TJ/PA - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – IESES/2016). São


considerados bens móveis para efeitos legais, EXCETO:
(A) As energias que tenham valor econômico.
(B) O direito à sucessão aberta.
(C) Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
(D) Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes.

05. (TJ/MT - Analista Judiciário - Ciências Contábeis – UFMT/2016). Sobre as espécies de bens,
analise as seguintes afirmativas.
I - São bens imóveis as edificações que, separadas do solo, conservam sua unidade, ainda que
removidas para outro local.
II - São bens móveis os materiais destinados à construção, ainda que empregados para tal finalidade.
III - São bens divisíveis os que podem ser fracionados sem prejuízo do uso a que se destinam.
IV - São bens públicos os de domínio nacional que pertencem às pessoas jurídicas de direito público,
sujeitos à usucapião.

Estão corretas as afirmativas


(A) I, II e IV, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) III e IV, apenas.

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(D) I, II e III, apenas.

06. (DER/CE - Procurador Autárquico – UECE-CE/2016). Assinale a opção que completa


corretamente a lacuna do seguinte dispositivo legal:

“Bens _______________ são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam".
(A) divisíveis
(B) fungíveis
(C) consumíveis
(D) móveis

07. (TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – FCC/2015) Quanto aos bens
(A) materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua
qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
(B) naturalmente divisíveis, podem tornar-se indivisíveis somente por determinação da lei.
(C) imóveis, adquirem esta qualidade as energias que tenham valor econômico para os efeitos legais.
(D) móveis ou imóveis, são fungíveis os que podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade.
(E) imóveis, perdem este caráter as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua
unidade, forem removidas para outro local.

08. (TRT/1R/RJ – Juiz do Trabalho Substituto – FCC/2015) Relativamente aos bens, o Código Civil
estabelece que
(A) constituem-se em bens móveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele
se reempregarem.
(B) consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos pessoais de caráter patrimonial e
respectivas ações.
(C) são consumíveis os bens móveis destinados à alienação.
(D) consideram-se móveis para os efeitos legais o direito à sucessão aberta.
(E) os bens naturalmente divisíveis não podem se tornar indivisíveis pela vontade das partes, mas
apenas por força de lei.

09. (TRT/8R/PA e AP – Juiz do Trabalho Substituto – TRT/8R/2015) Sobre os bens no Código Civil
Brasileiro, é CORRETO afirmar que:
(A) Os bens naturalmente divisíveis não podem tornar-se indivisíveis por mera vontade das partes.
(B) Considera-se bem imóvel os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações.
(C) São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro,
ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
(D) Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal abrangem as pertenças, salvo se o
contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
(E) Os bens públicos de uso especial e os dominicais são inalienáveis.

10. (SAEB/BA – Técnico de Registro do Comércio – IBFC/2015) Assinale a alternativa correta sobre
como são considerados de forma precisa os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância com fundamento na Lei Federal n° 10.406, de 10/01/2002, que instituiu o código civil brasileiro.
(A) Bens infungíveis.
(B) Bens disponíveis.
(C) Bens sinalagmáticos.
(D) Bens consumíveis.
(E) Bens perecíveis.
Respostas

01. Resposta: C
Código Civil:
Art. 99. São bens públicos:
( )
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto
de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

. 399
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02. Resposta: D
Código Civil:
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por
vontade das partes.

03. Resposta: C
Código Civil:
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
( )
II - o direito à sucessão aberta.

04. Resposta: B
Código Civil:
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
( )
II - o direito à sucessão aberta.

05. Resposta: B
Código Civil:
I - CERTO: Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para
outro local

II - Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio

III - CERTO: Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam

IV - Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião

06. Resposta: A.
Código Civil
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.

07. Resposta: A.
A letra “a” está correta nos exatos termos do art. 84, Código Civil
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

08. Resposta: C.
C) CERTO: Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação

09. Resposta: C.
Art. 93 Código Civil. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

10. Resposta: D.
Art. 86; Código Civil. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.

. 400
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Legislação de Trânsito: Competências Municipal, Estadual e Federal
(legislação de trânsito).

A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, com seu texto atualizado, institui o Código de Trânsito
Brasileiro. Essa norma em conjunto com as Resoluções do Contran em vigor e as portarias do Denatran
que tratam de assuntos específicos da relação do cidadão com o Sistema Nacional de Trânsito, destinam-
se a ser um instrumento de consulta frequente por todos que se empenham para que o trânsito em nosso
país, nossas cidades e ruas, seja a expressão da maturidade e autoestima de um povo que zela pela
segurança individual e coletiva, como um valor fundamental a ser reafirmado a cada ato de mobilidade e
de cidadania.
A legislação de trânsito desperta cada vez mais o interesse da sociedade. Pessoas de todas as idades
– condutores de veículos e cidadãos em geral – procuram se atualizar no conhecimento do CTB e na sua
regulamentação, seja como um meio para desenvolver comportamentos seguros no trânsito ou para
reivindicar de todos os agentes, públicos e privados, com responsabilidade sobre a segurança da via e
dos veículos, atenção à aplicação dos seus dispositivos.

Competências Municipal, Estadual e Federal

A distribuição de competências dos órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito
observa a seguinte lógica: os assuntos de interesse nacional ficaram a cargo dos órgãos e entidades da
União; os assuntos de interesse regional ficaram com os órgãos e entidades estaduais e distritais, e os
assuntos de interesse local, ficaram nas atribuições dos órgãos municipais.

Vejamos o que dispõe o Resolução CONTRAN nº 66/1998, que disciplina o assunto:

RESOLUÇÃO Nº 66, DE 23 DE SETEMBRO DE 1998

Institui tabela de distribuição de competência dos órgãos executivos de trânsito.

O CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO – CONTRAN, usando da competência que lhe confere o


art. 12, inciso I, da Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro
– CTB e conforme Decreto nº 2.327, de 23 de setembro de 1997, que trata da coordenação do Sistema
Nacional de Trânsito, e

Considerando a necessidade de definir competências entre Estados e Municípios, quanto à aplicação


de dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro referentes a infrações cometidas em áreas urbanas,
resolve:

Art. 1o Fica instituída a TABELA DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA, FISCALIZAÇÃO DE


TRÂNSITO, APLICAÇÃO DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS, PENALIDADES CABÍVEIS E
ARRECADAÇÃO DAS MULTAS APLICADAS, conforme Anexo desta Resolução.

Art. 2o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

TABELA DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA - FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO, APLICAÇÃO


DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS PENALIDADES CABÍVEIS E ARRECADAÇÃO DE MULTAS
APLICADAS

CÓDIGO
COMPETÊNC
INFRAÇ DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
IA
ÃO
Dirigir veículo sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou
501 - 0 ESTADO
Permissão para Dirigir.
Dirigir veículo com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão
502 - 9 ESTADO
para Dirigir cassada ou com suspensão do direito de dirigir.

. 401
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Dirigir veículo com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão
503 - 7 ESTADO
para Dirigir de categoria diferente da do veículo que esteja conduzindo.
Dirigir veículo com validade da Carteira Nacional de Habilitação
504 - 5 ESTADO
vencida há mais de trinta dias.
Dirigir veículo sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar
505 - 3 de audição, de prótese física ou as adaptações do veículo impostas por ESTADO
ocasião da concessão ou renovação da licença para conduzir.
Entregar a direção do veículo a pessoa que não possua Carteira
506 - 1 ESTADO
Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir.
Entregar a direção do veículo a pessoa com Carteira Nacional de
507 - 0 Habilitação ou Permissão para Dirigir cassada ou com suspensão do ESTADO
direito de dirigir.
Entregar a direção do veículo a pessoa com Carteira Nacional de
508 - 8 Habilitação ou Permissão para Dirigir de categoria diferente da do ESTADO
veículo que esteja conduzindo.
Entregar a direção do veículo a pessoa com validade da Carteira
509 - 6 ESTADO
Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias.
Entregar a direção do veículo a pessoa sem usar lentes corretoras de
visão, aparelho auxiliar de audição, de prótese física ou as adaptações
510 - 0 ESTADO
do veículo impostas por ocasião da concessão ou renovação da licença
para conduzir.
Permitir que tome posse do veículo automotor e passe a conduzi-lo
511 - 8 na via a pessoa que não possua Carteira Nacional de Habilitação ou ESTADO
Permissão para Dirigir.
Permitir que tome posse do veículo automotor e passe a conduzi-lo
512 - 6 na via a pessoa com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão ESTADO
para Dirigir cassada ou com suspensão do direito de dirigir.
Permitir que tome posse do veículo automotor e passe a conduzi-lo
513 - 4 na via a pessoa com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão ESTADO
para Dirigir de categoria diferente da do veículo que esteja conduzindo.
Permitir que tome posse do veículo automotor e passe a conduzi-lo
514 - 2 na via a pessoa com validade da Carteira Nacional de Habilitação ESTADO
vencida há mais de trinta dias.
Permitir que tome posse do veículo automotor e passe a conduzi-lo
na via a pessoa sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar
515 - 0 ESTADO
de audição, de prótese física ou as adaptações do veículo impostas por
ocasião da concessão ou renovação da licença para conduzir.
Dirigir sob a influência de álcool, em nível superior a seis decigramas
516 - 9 por litro de sangue, ou de qualquer substância entorpecente ou que ESTADO
determine dependência física ou psíquica.
Confiar ou entregar a direção de veículo a pessoa que, mesmo
517 - 7 habilitada, por seu estado físico ou psíquico, não estiver em condições ESTADO
de dirigi-lo com segurança.
ESTADO E
518 - 5 Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurança.
MUNICÍPIO
Transportar crianças em veículo automotor sem observância das
ESTADO E
519 - 3 normas de segurança especiais estabelecidas no Código Brasileiro de
MUNICÍPIO
Trânsito.
520 - 7 Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança. ESTADO E

. 402
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MUNICÍPIO
Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via ESTADO E
521 - 5
pública, ou os demais veículos. MUNICÍPIO
Usar o veículo para arremessar água ou detritos sobre os pedestres
522 - 3 MUNICÍPIO
ou veículos.
523 - 1 Atirar do veículo ou abandonar na via pública objetos ou substâncias. MUNICÍPIO
CÓDIGO
INFRAÇ COMPETÊNC
DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
ÃO IA

ESTADO E
524 - 0 Disputar corrida por espírito de emulação.
MUNICÍPIO
Promover, na via, competição esportiva, eventos organizados,
525 - 8 exibição e demonstração de perícia em manobra de veículo, sem MUNICÍPIO
permissão da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via.
Participar, na via, como condutor, de competição esportiva, eventos
organizados, exibição e demonstração de perícia em manobra de
526 - 6 MUNICÍPIO
veículo, sem permissão da autoridade de trânsito com circunscrição
sobre a via.
Utilizar-se de veículo para, em via pública, demonstrar ou exibir
527 - 4 manobra perigosa, arrancada brusca, derrapagem ou frenagem com ESTADO
deslizamento ou arrastamento de pneus.
Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima de prestar ou
528 - 2 ESTADO
providenciar socorro à vítima, podendo faze-lo.
Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima de adotar
529 - 0 providências, podendo faze-lo, no sentido de evitar perigo para o ESTADO
trânsito no local.
Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima de preservar o
530 - 4 ESTADO
local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia.
Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima de adotar
531 - 2 providências para remover o veículo do local, quando determinadas por ESTADO
policial ou agente da autoridade de trânsito.
Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima de identificar-se
532 - 0 ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do ESTADO
boletim de ocorrência.
Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de acidente de trânsito ESTADO E
533 - 9
quando solicitado pela autoridade e seus agentes. MUNICÍPIO
Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar
534 - 7 providências para remover o veículo do local, quando necessária tal MUNICÍPIO
medida para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito.
Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo na via pública, salvo
nos casos de impedimento absoluto de sua remoção e em que o veículo
535 - 5 MUNICÍPIO
esteja devidamente sinalizado em pista de rolamento de rodovias e vias
de trânsito rápido.
Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo na via pública, salvo
nos casos de impedimento absoluto de sua remoção e em que o veículo
536 - 3 MUNICÍPIO
esteja devidamente sinalizado, em outras vias além de pista de
rolamento de rodovias e vias de trânsito rápido.
537 - 1 Ter seu veículo imobilizado na via por falta de combustível. MUNICÍPIO

. 403
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Estacionar o veículo nas esquinas e a menos de cinco metros do
538 - 0 MUNICÍPIO
bordo do alinhamento da via transversal.
Estacionar o veículo afastado da guia da calçada (meio-fio) de
539 - 8 MUNICÍPIO
cinquenta centímetros a um metro.
Estacionar o veículo afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de
540 - 1 MUNICÍPIO
um metro.
Estacionar o veículo em desacordo com as posições estabelecidas
541 - 0 MUNICÍPIO
no Código de Trânsito Brasileiro.
Estacionar o veículo na pista de rolamento das estradas, das
542 - 8 MUNICÍPIO
rodovias, das vias de trânsito rápido e das vias dotadas de acostamento.
Estacionar o veículo junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro de
543 - 6 água ou tampas de poços de visita de galerias subterrâneas desde que MUNICÍPIO
devidamente identificados, conforme especificação do CONTRAN.
544 - 4 Estacionar o veículo nos acostamentos, salvo motivo de força maior. MUNICÍPIO
Estacionar o veículo no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre,
sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas, refúgios, ao lado ou
545 - 2 MUNICÍPIO
sobre canteiros centrais, divisores de pista de rolamento, marcas de
canalização, gramados ou jardim público.
Estacionar o veículo onde houver guia de calçada (meio-fio)
546 - 0 MUNICÍPIO
rebaixada destinada à entrada ou saída de veículos.
547 - 9 Estacionar o veículo impedindo a movimentação de outro veículo. MUNICÍPIO
548 - 7 Estacionar o veículo ao lado de outro veículo em fila dupla. MUNICÍPIO
CÓDIGO
COMPETÊNC
INFRAÇ DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
IA
ÃO
Estacionar o veículo na área de cruzamento de vias, prejudicando a
549 - 5 MUNICÍPIO
circulação de veículos e pedestres.
Estacionar o veículo onde houver sinalização horizontal delimitadora
de ponto de embarque ou desembarque de passageiros de transporte
550 - 9 MUNICÍPIO
coletivo ou, na inexistência desta sinalização, no intervalo compreendido
entre dez metros antes e depois do marco do ponto.
551 - 7 Estacionar o veículo nos viadutos, pontes e túneis. MUNICÍPIO
552 - 5 Estacionar o veículo na contramão de direção. MUNICÍPIO
Estacionar o veículo em aclive ou declive, não estando devidamente
553 - 3 freado e sem calço de segurança, quando se tratar de veículo com peso MUNICÍPIO
bruto total superior a três mil e quinhentos quilogramas.
Estacionar o veículo em desacordo com as condições
554 - 1 regulamentadas especificamente pela sinalização (placa - MUNICÍPIO
Estacionamento Regulamentado).
Estacionar o veículo em locais e horários proibidos especificamente
555 - 0 MUNICÍPIO
pela sinalização (placa - Proibido Estacionar).
Estacionar o veículo em locais e horários de estacionamento e
556 - 8 MUNICÍPIO
parada proibida pela sinalização (placa - Proibido Parar e Estacionar).
Parar o veículo nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo do
557 - 6 MUNICÍPIO
alinhamento da via transversal.
Parar o veículo afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquenta
558 - 4 MUNICÍPIO
centímetros a um metro.

. 404
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Parar o veículo afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de um
559 - 2 MUNICÍPIO
metro.
Parar o veículo em desacordo com as posições estabelecidas no
560 - 6 MUNICÍPIO
Código de Trânsito Brasileiro.
Parar o veículo na pista de rolamento das estradas, das rodovias, das
561 - 4 MUNICÍPIO
vias de trânsito rápido e das demais vias dotadas de acostamento.
Parar o veículo no passeio ou sobre faixa destinada a pedestres, nas
562 - 2 ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de pista de rolamento e MUNICÍPIO
marcas de canalização.
Parar o veículo na área de cruzamento de vias, prejudicando a
563 - 0 MUNICÍPIO
circulação de veículos e pedestres.
564 - 9 Parar o veículo nos viadutos, pontes e túneis. MUNICÍPIO
565 - 7 Parar o veículo na contramão de direção. MUNICÍPIO
Parar o veículo em local e horário proibidos especificamente pela
566 - 5 MUNICÍPIO
sinalização (placa - Proibido Parar).
Parar o veículo sobre a faixa de pedestres na mudança de sinal
567 - 3 MUNICÍPIO
luminoso.
Transitar com o veículo na faixa ou pista da direita, regulamentada
568 - 1 como de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo, exceto MUNICÍPIO
para acesso a imóveis lindeiros ou conversões à direita.
Transitar com o veículo na faixa ou pista da esquerda regulamentada
569 - 0 MUNICÍPIO
como de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo.
Deixar de conservar o veículo, quando estiver em movimento, na
570 - 3 faixa a ele destinada pela sinalização de regulamentação, exceto em MUNICÍPIO
situações de emergência.
Deixar de conservar o veículo lento e de maior porte, quando estiver
571 - 1 MUNICÍPIO
em movimento, nas faixas da direita.
Transitar pela contramão de direção em vias com duplo sentido de
circulação, exceto para ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo
572 - 0 MUNICÍPIO
necessário, respeitada a preferência do veículo que transitar em sentido
contrário.
Transitar pela contramão de direção em vias com sinalização de
573 - 8 MUNICÍPIO
regulamentação de sentido único de circulação.
Transitar em locais e horários não permitidos pela regulamentação
574 - 6 estabelecida pela autoridade competente, para todos os tipos de MUNICÍPIO
veículos.
575 - 4 (Revogado pela Resolução CONTRAN nº 121/2001) MUNICÍPIO
Transitar ao lado de outro veículo, interrompendo ou perturbando o MUNICÍPIO
576 - 2
trânsito.
CÓDIGO
COMPETÊNC
INFRAÇ DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
IA
ÃO
Deixar de dar passagem aos veículos precedidos de batedores, de
socorro de incêndio e salvamento, de polícia, de operação e fiscalização
ESTADO E
577 - 0 de trânsito e às ambulâncias, quando em serviço de urgência e
MUNICÍPIO
devidamente identificados por dispositivos regulamentados de alarme
sonoro e iluminação vermelha intermitentes.

. 405
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Seguir veículo em serviço de urgência, estando este com prioridade
578 - 9 de passagem devidamente identificada por dispositivos regulamentares MUNICÍPIO
de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitentes
Forçar passagem entre veículos que, transitando em sentidos
579 - 7 opostos, estejam na iminência de passar um pelo outro ao realizar MUNICÍPIO
operação de ultrapassagem.
Deixar de guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu
veículo e os demais, bem como em relação ao bordo da pista,
580 - 0 MUNICÍPIO
considerando-se, no momento, a velocidade, as condições climáticas do
local da circulação e do veículo.
Transitar com o veículo em calçadas, passeios, passarelas, ciclovias,
ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardinamentos, canteiros centrais e divisores
581 - 9 MUNICÍPIO
de pista de rolamento, acostamentos, marcas de canalização, gramados
e jardins públicos.
Transitar em marcha à ré, salvo na distância necessária e pequenas
582 - 7 MUNICÍPIO
manobras e de forma a não causar riscos à segurança.
Desobedecer às ordens emanadas da autoridade competente de ESTADO E
583 - 5
trânsito ou de seus agentes. MUNICÍPIO
Deixar de indicar com antecedência, mediante gesto regulamentar de
braço ou luz indicadora de direção de veículo, o inicio da marcha, a ESTADO E
584 - 3
realização da manobra de parar o veículo, a mudança de direção ou de MUNICÍPIO
faixa de circulação.
Deixar de deslocar, com antecedência, o veículo para a faixa mais à
585 - 1 esquerda ou mais à direita, dentro da respectiva mão de direção, MUNICÍPIO
quando for manobrar para um desses lados.
586 - 0 Deixar de dar passagem pela esquerda, quando solicitado. MUNICÍPIO
Ultrapassar pela direita, salvo quando o veículo da frente estiver
587 - 8 MUNICÍPIO
colocado na faixa apropriada e der sinal de que vai entrar à esquerda.
Ultrapassar pela direita veículo de transporte coletivo ou de
588 - 6 escolares, parado para embarque ou desembarque de passageiros, MUNICÍPIO
salvo quando houver refúgio de segurança para o pedestre.
Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinquenta
589 - 4 MUNICÍPIO
centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta.
590 - 8 Ultrapassar outro veículo pelo acostamento. MUNICÍPIO
591 - 6 Ultrapassar outro veículo em interseções e passagens de nível. MUNICÍPIO
Ultrapassar pela contramão outro veículo nas curvas, aclives e
592 - 4 MUNICÍPIO
declives, sem visibilidade suficiente.
593 - 2 Ultrapassar pela contramão outro veículo nas faixas de pedestre. MUNICÍPIO
Ultrapassar pela contramão outro veículo nas pontes, viadutos ou
594 - 0 MUNICÍPIO
túneis.
Ultrapassar pela contramão outro veículo parado em fila junto a sinais
595 - 9 luminosos, porteiras, cancelas, cruzamentos ou qualquer outro MUNICÍPIO
impedimento à livre circulação.
Ultrapassar pela contramão outro veículo onde houver marcação
596 - 7 viária longitudinal de divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla MUNICÍPIO
contínua ou simples contínua amarela.
Deixar de parar o veículo no acostamento à direita, para aguardar a
597 - 5 MUNICÍPIO
oportunidade de cruzar

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pista ou entrar à esquerda, onde não houver local apropriado para
operação de retorno.
Ultrapassar veículo em movimento que integre cortejo, préstito,
598 - 3 desfile e formações militares, salvo com autorização da autoridade de MUNICÍPIO
trânsito ou de seus agentes.
599 - 1 Executar operação de retorno em locais proibidos pela sinalização. MUNICÍPIO
Executar operação de retorno nas curvas, aclives, declives, pontes,
600 - 9 MUNICÍPIO
viadutos e túneis.
Executar operação de retorno passando por cima de calçada,
passeio, ilhas, ajardinamento ou canteiros de divisões de pista de
601 - 7 MUNICÍPIO
rolamento, refúgios e faixas de pedestres e nas de veículos não
motorizados.
Executar operação de retorno nas interseções, entrando na MUNICÍPIO
602 - 5
contramão de direção da via transversal.

CÓDIGO
COMPETÊNC
INFRAÇ DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
IA
ÃO
Executar operação de retorno com prejuízo da livre circulação ou da
603 - 3 MUNICÍPIO
segurança, ainda que em locais permitidos.
Executar operação de conversão à direita ou à esquerda em locais
604 - 1 MUNICÍPIO
proibidos pela sinalização.
605 - 0 Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o da parada obrigatória. MUNICÍPIO
Transpor, sem autorização, bloqueio viário com ou sem sinalização
ou dispositivos auxiliares, deixar de adentrar às áreas destinadas à ESTADO E
606 - 8
passagem de veículos ou evadir-se para não efetuar o pagamento do MUNICÍPIO
pedágio.
ESTADO E
607 - 6 Transpor, sem autorização, bloqueio viário policial.
MUNICÍPIO
Ultrapassar veículos em fila, parados em razão de sinal luminoso,
ESTADO E
608 - 4 cancela, bloqueio viário parcial ou qualquer outro obstáculo, com
MUNICÍPIO
exceção dos veículos não motorizados.
609 - 2 Deixar de parar o veículo antes de transpor linha férrea. MUNICÍPIO
Deixar de parar o veículo sempre que a respectiva marcha for
610 - 6 interceptada por agrupamento de pessoas, como préstitos, passeatas, MUNICÍPIO
desfiles e outros.
Deixar de parar o veículo sempre que a respectiva marcha for
611 - 4 interceptada por agrupamentos de veículos, como cortejos, formações MUNICÍPIO
militares e outros.
Deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não
612 - 2 MUNICÍPIO
motorizado que se encontre na faixa a ele destinada.
Deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não
613 - 0 motorizado que não haja concluído a travessia mesmo que ocorra sinal MUNICÍPIO
verde para o veículo.
Deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não
614 - 9 motorizado portadores de deficiência física, crianças, idosos e MUNICÍPIO
gestantes.

. 407
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Deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não
615 - 7 motorizado quando houver iniciado a travessia mesmo que não haja MUNICÍPIO
sinalização a ele destinada.
Deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não
616 - 5 motorizado que esteja atravessando a via transversal para onde se MUNICÍPIO
dirige o veículo.
Deixar de dar preferência de passagem, em interseção não
617 - 3 sinalizada, a veículo que estiver circulando por rodovia ou rotatória ou a MUNICÍPIO
veículo que vier da direita.
Deixar de dar preferência de passagem nas interseções com
618 - 1 MUNICÍPIO
sinalização de regulamentação de Dê a Preferência.
Entrar ou sair de áreas lindeiras sem estar adequadamente
619 - 0 posicionado para ingresso na via e sem as precauções com a MUNICÍPIO
segurança de pedestres e de outros veículos.
Entrar ou sair de fila de veículos estacionados sem dar preferência de
620 - 3 MUNICÍPIO
passagem a pedestres e a outros veículos.
Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local,
medida por instrumento ou equipamento hábil em rodovias, vias de
621 - 1 MUNICÍPIO
trânsito rápido e vias arteriais quando a velocidade for superior a
máxima em até vinte por cento.
Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local,
medida por instrumento ou equipamento hábil em rodovias, vias de
622 - 0 MUNICÍPIO
trânsito rápido e vias arteriais quando a velocidade for superior à
máxima em mais de vinte por cento:
Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local,
medida por instrumento ou equipamento hábil em vias que não sejam
623 - 8 MUNICÍPIO
rodovias, vias de trânsito rápido e vias arteriais, quando a velocidade for
superior à máxima em até cinquenta por cento
Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local,
medida por instrumento ou equipamento hábil em vias que não sejam
624 - 6 MUNICÍPIO
rodovias, vias de trânsito rápido e vias arteriais, quando a velocidade for
superior à máxima em mais de cinquenta por cento.
Transitar com o veículo em velocidade inferior à metade da
velocidade máxima estabelecida para a via, retardando ou obstruindo o
625 - 4 MUNICÍPIO
trânsito, a menos que as condições de tráfego e meteorológicas não o
permitam, salvo se estiver na faixa da direita.
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a MUNICÍPIO
626 - 2 segurança do trânsito quando se aproximar de passeatas,
aglomerações, cortejos, préstitos e desfiles.

CÓDIGO
COMPETÊNC
INFRAÇ DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
IA
ÃO
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
segurança do trânsito nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado
627 - 0 MUNICÍPIO
pelo agente da autoridade de trânsito, mediante sinais sonoros ou
gestos.
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
628 - 9 segurança do trânsito ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) ou MUNICÍPIO
acostamento.

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Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
629 - 7 segurança do trânsito ao aproximar-se de ou passar por interseção não MUNICÍPIO
sinalizada.
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
630 - 0 segurança do trânsito nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja MUNICÍPIO
cercada.
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
631 - 9 MUNICÍPIO
segurança do trânsito nos trechos em curva de pequeno raio.
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
632 - 7 segurança do trânsito ao aproximar-se de locais sinalizados com MUNICÍPIO
advertência de obras ou trabalhadores na pista.
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
633 - 5 MUNICÍPIO
segurança do trânsito sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes.
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
634 - 3 MUNICÍPIO
segurança do trânsito quando houver má visibilidade
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
635 - 1 segurança do trânsito quando o pavimento se apresentar escorregadio, MUNICÍPIO
defeituoso ou avariado
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
636 - 0 MUNICÍPIO
segurança do trânsito à aproximação de animais na pista
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
637 - 8 MUNICÍPIO
segurança do trânsito em declive
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
638 - 6 MUNICÍPIO
segurança do trânsito ao ultrapassar ciclista
Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a
segurança do trânsito nas proximidades de escolas, hospitais, estações
639 - 4 MUNICÍPIO
de embarque e desembarque de passageiros ou onde haja intensa
movimentação de pedestres.
Portar no veículo placas de identificação em desacordo com as
640 - 8 ESTADO
especificações e modelos estabelecidos pelo CONTRAN.
Confeccionar, distribuir ou colocar, em veículo próprio ou de
641 - 6 terceiros, placas de identificação não autorizadas pela regulamentação ESTADO
do CONTRAN.
Deixar de manter ligado, nas situações de atendimento de
emergência, o sistema de iluminação vermelha intermitente dos veículos
642 - 4 MUNICÍPIO
de polícia, de socorro de incêndio e salvamento, de fiscalização de
trânsito e das ambulâncias, ainda que parados.
Transitar com o farol desregulado ou com o facho de luz alta de
643 - 2 ESTADO
forma a perturbar a visão de outro condutor.
Fazer uso do facho de luz alta dos faróis em vias providas de
644 - 0 MUNICÍPIO
iluminação pública.
Deixar de sinalizar a via, de forma a prevenir os demais condutores e,
à noite, não manter acesas as luzes externas ou omitir-se a
645 - 9 providências necessárias para tornar visível o local, quando tiver de MUNICÍPIO
remover o veículo da pista de rolamento ou permanecer no
acostamento.
Deixar de sinalizar a via, de forma a prevenir os demais condutores e,
646 - 7 MUNICÍPIO
à noite, não manter acesas as luzes externas ou omitir-se a

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providências necessárias para tornar visível o local, quando a carga for
derramada sobre a via e não puder ser retirada imediatamente.
Deixar de retirar todo e qualquer objeto que tenha sido utilizado para
647 - 5 MUNICÍPIO
sinalização temporária da via.
Usar buzina em situação que não a de simples toque breve como
648 - 3 MUNICÍPIO
advertência ao pedestre ou a condutores de outros veículos.
649 - 1 Usar buzina prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto. MUNICÍPIO
650 - 5 Usar buzina entre as vinte e duas e as seis horas. MUNICÍPIO
MUNICÍPIO
651 - 3 Usar buzina em locais e horários proibidos pela sinalização.

CÓDIGO
INFRAÇ DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
ÃO
Usar buzina em desacordo com os padrões e frequências
652 - 1 MUNICÍPIO
estabelecidas pelo CONTRAN.
Usar no veículo equipamento com som em volume ou frequência que
653 - 0 MUNICÍPIO
não sejam autorizadas pelo CONTRAN.
Usar indevidamente no veículo aparelho de alarme ou que produza
654 - 8 sons e ruído que perturbem o sossego público, em desacordo com ESTADO
normas fixadas pelo CONTRAN.
Conduzir o veículo com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa
655 - 6 ou qualquer outro elemento de identificação do veículo violado ou ESTADO
falsificado.
Conduzir o veículo transportando passageiros em compartimento de
656 - 4 carga, salvo por motivo de força maior, com permissão da autoridade MUNICÍPIO
competente e na forma estabelecida pelo CONTRAN.
657 - 2 Conduzir o veículo com dispositivo anti-radar. ESTADO
658 - 0 Conduzir o veículo sem qualquer uma das placas de identificação. ESTADO
Conduzir o veículo que não esteja registrado e devidamente
659 - 9 ESTADO
licenciado.
Conduzir o veículo com qualquer uma das placas de identificação
660 - 2 ESTADO
sem condições de legibilidade e visibilidade.
661 - 0 Conduzir o veículo com a cor ou característica alterada. ESTADO
Conduzir o veículo sem ter sido submetido a inspeção de segurança
662 - 9 ESTADO
veicular, quando obrigatória.
Conduzir o veículo sem equipamento obrigatório ou estando este
663 - 7 ESTADO
ineficiente ou inoperante.
Conduzir o veículo com equipamento obrigatório em desacordo com
664 - 5 ESTADO
o estabelecido pelo CONTRAN.
Conduzir o veículo com descarga livre ou silenciador de motor de
665 - 3 ESTADO
explosão defeituoso, deficiente ou inoperante.
666 - 1 Conduzir o veículo com equipamento ou acessório proibido. ESTADO
Conduzir o veículo com o equipamento do sistema de iluminação e
667 - 0 ESTADO
de sinalização alterados.

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Conduzir o veículo com registrador instantâneo inalterável de
668 - 8 velocidade e tempo viciado ou defeituoso, quando houver exigência ESTADO
desse aparelho.
Conduzir o veículo com inscrições, adesivos, legendas e símbolos de
caráter publicitário afixados ou pintados no para-brisa e em toda a
669 - 6 ESTADO
extensão da parte traseira do veículo, excetuadas as hipóteses previstas
no Código de Trânsito Brasileiro.
Conduzir o veículo com vidros total ou parcialmente cobertos por
670 - 0 ESTADO
películas refletivas ou não, painéis decorativos ou pinturas.
Conduzir o veículo com cortinas ou persianas fechadas, não
671 - 8 ESTADO
autorizadas pela legislação.
Conduzir o veículo em mau estado de conservação, comprometendo
672 - 6 a segurança, ou reprovado na avaliação de inspeção de segurança e de ESTADO
emissão de poluentes e ruído.
673 - 4 Conduzir o veículo sem acionar o limpador de para-brisa sob chuva. ESTADO
Conduzir o veículo sem portar a autorização para condução de
674 - 2 ESTADO
escolares.
Conduzir o veículo de carga, com falta de inscrição da tara e demais
675 - 0 ESTADO
inscrições previstas no Código de Trânsito Brasileiro.
Conduzir o veículo com defeito no sistema de iluminação, de
676 - 9 ESTADO
sinalização ou com lâmpadas queimadas.
Transitar com o veículo danificando a via, suas instalações e
677 - 7 MUNICÍPIO
equipamentos.
Transitar com o veículo derramando, lançando ou arrastando sobre a
678 - 5 MUNICÍPIO
via carga que esteja transportando.
Transitar com o veículo derramando, lançando ou arrastando sobre a
679 - 3 MUNICÍPIO
via combustível ou lubrificante que esteja utilizando.
Transitar com o veículo derramando, lançando ou arrastando
680 - 7 MUNICÍPIO
qualquer objeto que possa acarretar risco de acidente.
Transitar com o veículo produzindo fumaça gases ou partículas em
681 - 5 MUNICÍPIO
níveis superiores aos fixados pelo CONTRAN.
Transitar com o veículo com suas dimensões ou de sua carga MUNICÍPIO
682 - 3 superiores aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização,
sem autorização.

CÓDIGO
COMPETÊNC
INFRAÇ DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
IA
ÃO
Transitar com o veículo com excesso de peso, admitido percentual de
683 - 1 MUNICÍPIO
tolerância quando aferido por equipamento.
Transitar com o veículo em desacordo com a autorização especial,
684 - 0 expedida pela autoridade competente para transitar com dimensões MUNICÍPIO
excedentes, ou quando a mesma estiver vencida.
ESTADO E
685 - 8 Transitar com o veículo com lotação excedente.
MUNICÍPIO
Transitar com o veículo efetuando transporte remunerado de pessoas
686 - 6 ou bens, quando não for licenciado para esse fim, salvo casos de força MUNICÍPIO
maior ou com permissão da autoridade competente.

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687 - 4 Transitar com o veículo desligado ou desengrenado, em declive. MUNICÍPIO
Transitar com o veículo excedendo a capacidade máxima de tração,
688 - 2 MUNICÍPIO
em infração considerada média pelo CONTRAN.
Transitar com o veículo excedendo a capacidade máxima de tração,
689 - 0 MUNICÍPIO
em infração considerada grave pelo CONTRAN.
Transitar com o veículo excedendo a capacidade máxima de tração,
690 - 4 MUNICÍPIO
em infração considerada gravíssima pelo CONTRAN.
691 - 2 Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório. ESTADO
Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de trinta dias, junto
692 - 0 ESTADO
ao órgão executivo de trânsito.
Falsificar ou adulterar documento de habilitação e de identificação do
693 - 9 ESTADO
veículo.
Conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo,
694 - 7 MUNICÍPIO
salvo nos casos devidamente autorizados.
Rebocar outro veículo com cabo flexível ou corda, salvo em casos de
695 - 5 MINICÍPIO
emergência.
Transitar com o veículo em desacordo com as especificações, e com
696 - 3 falta de inscrição e simbologia necessárias à sua identificação, quando ESTADO
exigidas pela legislação.
Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito ou a seus agentes,
mediante recibo, os documentos de habilitação, de registro, de
697 - 1 ESTADO
licenciamento de veículo e outros exigidos por lei, para averiguação de
sua autenticidade.
Retirar do local veículo legalmente retido para regularização, sem ESTADO E
698 - 0
permissão da autoridade competente ou de seus agentes MUNICÍPIO
Deixar o responsável de promover a baixa do registro de veículo
699 - 8 ESTADO
irrecuperável ou definitivamente desmontado.
Deixar de atualizar o cadastro de registro do veículo ou de habilitação
700 - 5 ESTADO
do condutor.
Fazer falsa declaração de domicílio para fins de registro,
701 - 3 ESTADO
licenciamento ou habilitação.
Deixar a empresa seguradora de comunicar ao órgão executivo de
702 - 1 trânsito competente a ocorrência de perda total do veículo e de lhe ESTADO
devolver as respectivas placas e documentos.
Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor sem usar capacete de
ESTADO E
703 - 0 segurança com viseira ou óculos de proteção e vestuário de acordo com
MUNICÍPIO
as normas e especificações aprovadas pelo CONTRAN.
Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor transportando
passageiro sem o capacete de segurança com viseira ou óculos de
704 - 8 MUNICÍPIO
proteção, ou fora do assento suplementar colocado atrás do condutor ou
em carro lateral.
Conduzir motocicleta, motoneta, ciclomotor e ciclo fazendo
705 - 6 MUNICÍPIO
malabarismo ou equilibrando-se apenas em uma roda.
706 - 4 Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor com os faróis apagados. MUNICÍPIO
Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor transportando criança
707 - 2 menor de sete anos ou que não tenha, nas circunstâncias, condições de MUNICÍPIO
cuidar de sua própria segurança.

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708 - 0 Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor rebocando outro veículo. MUNICÍPIO
Conduzir motocicleta, motoneta, ciclomotor e ciclo sem segurar o
709 - 9 guidom com ambas as mãos, salvo eventualmente para indicação de MUNICÍPIO
manobras.
MUNICÍPIO
Conduzir motocicleta, motoneta, ciclomotor e ciclo transportando
710 - 2
carga incompatível com suas especificações.

CÓDIGO
COMPETÊNC
INFRAÇ DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
IA
ÃO
Conduzir ciclo transportando passageiro fora da garupa ou do
711 - 0 MUNICÍPIO
assento especial a ele destinado.
Conduzir ciclo e ciclomotor em vias de trânsito rápido ou rodovias,
712 - 9 MUNICÍPIO
salvo onde houver acostamento ou faixas de rolamento próprias.
Conduzir ciclo transportando crianças que não tenham, nas
713 - 7 MUNICÍPIO
circunstâncias, condições de cuidar de sua própria segurança.
Utilizar a via para depósito de mercadorias, materiais ou
714 - 5 equipamentos, sem autorização do órgão ou entidade de trânsito com MUNICÍPIO
circunscrição sobre a via.
Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre circulação, à segurança
de veículo e pedestres, tanto no leito da via terrestre como na calçada,
715 - 3 MUNICÍPIO
ou obstaculizar a via indevidamente, sem agravamento de penalidade
pela autoridade de trânsito.
Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre circulação, à segurança
de veículo e pedestres, tanto no leito da via terrestre como na calçada,
716 - 1 MUNICÍPIO
ou obstaculizar a via indevidamente, com agravamento de penalidade
de duas vezes pela autoridade de trânsito.
Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre circulação, à segurança
de veículo e pedestres, tanto no leito da via terrestre como na calçada,
717 - 0 MUNICÍPIO
ou obstaculizar a via indevidamente, com agravamento de penalidade
de três vezes pela autoridade de trânsito.
Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre circulação, à segurança
de veículo e pedestres, tanto no leito da via terrestre como na calçada,
718 - 8 MUNICÍPIO
ou obstaculizar a via indevidamente, com agravamento de penalidade
de quatro vezes pela autoridade de trânsito.
Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre circulação, à segurança
de veículo e pedestres, tanto no leito da via terrestre como na calçada,
719 - 6 MUNICÍPIO
ou obstaculizar a via indevidamente, com agravamento de penalidade
de cinco vezes pela autoridade de trânsito.
Deixar de conduzir pelo bordo da pista de rolamento, em fila única, os
720 - 0 veículos de tração ou propulsão humana e os de tração animal, sempre MUNICÍPIO
que não houver acostamento ou faixa a eles destinados.
Transportar em veículo destinado ao transporte de passageiros carga
721 - 8 ESTADO
excedente em desacordo com normas estabelecidas pelo CONTRAN.
Deixar de manter acesas, à noite, as luzes de posição, quando o
722 - 6 veículo estiver parado, para fins de embarque ou desembarque de MUNICÍPIO
passageiros e carga ou descarga da mercadorias.

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Deixar de manter acesa a luz baixa, quando o veículo estiver em
723 - 4 MUNICÍPIO
movimento, durante à noite.
Deixar de manter acesa a luz baixa, quando o veículo estiver em
724 - 2 MUNICÍPIO
movimento, de dia, nos túneis providos de iluminação pública.
Deixar de manter acesa a luz baixa, quando o veículo estiver em
movimento, de dia, e de noite, tratando-se de veículo de transporte
725 - 0 MUNICÍPIO
coletivo de passageiros, circulando em faixas ou pistas a eles
destinadas.
Deixar de manter acesa a luz baixa, quando o veículo estiver em
726 - 9 MUNICÍPIO
movimento, de dia e de noite, tratando-se de ciclomotor.
Deixar de manter acesas pelo menos as luzes de posição sob chuva
727 - 7 MUNICÍPIO
forte, neblina ou cerração, quando o veículo estiver em movimento.
Deixar de manter a placa traseira iluminada, a noite, quando o
728 - 5 ESTADO
veículo estiver em movimento.
Utilizar as luzes do veículo, pisca-alerta, exceto em imobilizações ou
729 - 3 MUNICÍPIO
situações de emergência.
Utilizar as luzes do veículo baixa e alta de forma intermitente, exceto
nas seguintes situações: a curtos intervalos, quando for conveniente
advertir a outro condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo; em
730 - 7 imobilizações ou situação de emergência, como advertência, utilizando MUNICÍPIO
pisca-alerta; quando a sinalização de regulamentação da via determinar
o uso do pisca-alerta.

COMPETÊNC
CÓDIGO
IA
INFRAÇ DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
ÃO

731 - 5 Dirigir o veículo com o braço do lado de fora. MUNICÍPIO


Dirigir o veículo transportando pessoas, animais ou volume à sua
732 - 3 ESTADO
esquerda ou entre os braços e pernas.
Dirigir o veículo com incapacidade física ou mental temporária que
733 - 1 ESTADO
comprometa a segurança do trânsito.
Dirigir o veículo usando calçado que não se firme nos pés ou que
734 - 0 ESTADO
comprometa a utilização dos pedais.
Dirigir o veículo com apenas uma das mãos, exceto quando deva
735 - 8 fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do veículo, ou ESTADO
acionar equipamentos e acessórios do veículo.
Dirigir o veículo utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a ESTADO E
736 - 6
aparelhagem sonora ou de telefone celular. MUNICÍPIO
737 - 4 Bloquear a via com veículo. MUNICÍPIO
É proibido ao pedestre permanecer ou andar nas pistas de
738 - 2 MUNICÍPIO
rolamento, exceto para cruza-las onde for permitido.
É proibido ao pedestre cruzar pistas de rolamento nos viadutos,
739 - 0 MUNICÍPIO
pontes, ou túneis, salvo onde exista permissão.
É proibido ao pedestre atravessar a via dentro das áreas de
740 - 4 MUNICÍPIO
cruzamento, salvo quando houver sinalização para esse fim.

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É proibido ao pedestre utilizar-se da via em agrupamentos capazes
de perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folguedo, esporte,
741 - 2 MUNICÍPIO
desfiles e similares, salvo em casos especiais e com a devida licença de
autoridade competente.
É proibido ao pedestre andar fora da faixa própria, passarela,
742 - 0 MUNICÍPIO
passagem aérea ou subterrânea.
É proibido ao pedestre desobedecer a sinalização de trânsito
743 - 9 MUNICÍPIO
específica.
Conduzir bicicleta em passeios onde não seja permitida a circulação
744 - 7 MUNICÍPIO
desta, ou de forma agressiva.

Atribuições do Município (legislação de trânsito).

A Constituição Federal determinou que compete privativamente à União legislar sobre matéria de
trânsito (art. 22, XI).
Em função disso, foi editada a Lei nº 6.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de
Trânsito Brasileiro (CTB). O diploma legal estabeleceu novo status e trouxe novas competências aos
Municípios. Eles passam a responder por todas as questões envolvendo parada, circulação e
estacionamento de veículos, podendo aplicar as penalidades e as medidas administrativas previstas no
caso de infrações.
As competências dos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios estão delineadas no
artigo 24, sendo necessário, entretanto, que ocorra a sua integração formal ao SNT, conforme regras do
Conselho Nacional de Trânsito. Neste contexto, são as atribuições do Município:

Art. 24 - Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de
sua circunscrição:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e
promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;
III - implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle
viário;
IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os acidentes de trânsito e suas causas;
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia ostensiva de trânsito, as diretrizes para o
policiamento ostensivo de trânsito;
VI - executar a fiscalização de trânsito em vias terrestres, edificações de uso público e edificações
privadas de uso coletivo, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis e as penalidades de
advertência por escrito e multa, por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas neste
Código, no exercício regular do poder de polícia de trânsito, notificando os infratores e arrecadando as
multas que aplicar, exercendo iguais atribuições no âmbito de edificações privadas de uso coletivo,
somente para infrações de uso de vagas reservadas em estacionamentos; (Redação dada pela Lei nº
13.281, de 2016)
VII - aplicar as penalidades de advertência por escrito e multa, por infrações de circulação,
estacionamento e parada previstas neste Código, notificando os infratores e arrecadando as multas que
aplicar;
VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medidas administrativas cabíveis relativas a infrações
por excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como notificar e arrecadar as multas que
aplicar;
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as
multas nele previstas;
X - implantar, manter e operar sistema de estacionamento rotativo pago nas vias;
XI - arrecadar valores provenientes de estada e remoção de veículos e objetos, e escolta de veículos
de cargas superdimensionadas ou perigosas;
XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos serviços
de remoção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;

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XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação
e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do
licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários dos
condutores de uma para outra unidade da Federação;
XIV - implantar as medidas da Política Nacional de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
XV - promover e participar de projetos e programas de educação e segurança de trânsito de acordo
com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
XVI - planejar e implantar medidas para redução da circulação de veículos e reorientação do tráfego,
com o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes;
XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, veículos de tração e propulsão humana e de tração
animal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando multas decorrentes de
infrações;(Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
XVIII - conceder autorização para conduzir veículos de propulsão humana e de tração animal;
XIX - articular-se com os demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação
do respectivo CETRAN;
XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela
sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio às ações específicas de órgão
ambiental local, quando solicitado;
XXI - vistoriar veículos que necessitem de autorização especial para transitar e estabelecer os
requisitos técnicos a serem observados para a circulação desses veículos.
§ 1º - As competências relativas a órgão ou entidade municipal serão exercidas no Distrito Federal por
seu órgão ou entidade executivos de trânsito.
§ 2º - Para exercer as competências estabelecidas neste artigo, os Municípios deverão integrar-se ao
Sistema Nacional de Trânsito, conforme previsto no art. 333 deste Código.

A estrutura de trânsito e as ações a serem desenvolvidas

O Município faz parte do Sistema Nacional de Trânsito, conforme preceitua o art. 7º do CTB. Para estar
formalmente integrado, entretanto, precisa preencher uma série de requisitos, entre eles a organização
de órgão executivo de trânsito (art. 8º) encarregado de executar uma série de tarefas (art. 24). Ao órgão
de trânsito, estará vinculada a Junta Administrativa de Recursos de Infração de Trânsito (Jari) (art. 1º da
Resolução Contran nº 296, de 28 de outubro de 2008).
A necessidade de integração do Município para exercer suas competências está prevista no § 2º do
art. 24 do CTB.

A Resolução nº 296/2008 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabelece que: “Integram o


SNT os órgãos e entidades municipais executivos de trânsito e rodoviário que disponham de estrutura
organizacional e capacidade instalada para o exercício das atividades e competências legais que lhe são
próprias, sendo estas no mínimo as de: engenharia de tráfego; fiscalização e operação de trânsito;
educação de trânsito; coleta, controle e análise estatística de trânsito, e disponha de Junta Administrativa
de Recursos de Infrações – JARI (Art. 1º)”.

Considerando a complexidade do Sistema Nacional de Trânsito, é imperioso que o Município esteja


integrado às ações de seus “parceiros”, tanto com os órgãos executivos e rodoviários (Denatran, Detrans
e polícias rodoviárias) como os órgãos normativos (Contran e Cetran). Essa é a única forma de
atendimento integrado e abrangente das demandas do setor em níveis local, intermunicipal e
interestadual.

Órgão Executivo de Trânsito

Não há necessidade de criação de secretaria municipal específica para cuidar dos assuntos de trânsito,
principalmente nos Municípios de menor porte. Eles devem aproveitar as atuais estruturas, criando
apenas um setor encarregado de assumir as funções determinadas pela Resolução Contran nº 296/2008.
Assim, basta que exista uma divisão de trânsito, criada por lei, dentro da estrutura de uma secretaria já
existente.
A lei que criar a divisão de trânsito deve prever também o cargo de diretor, que será a autoridade de
trânsito local. A escolha do titular pode recair sobre servidor já integrado à administração como forma de

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evitar nova despesa. Outra alternativa racional seria a transformação da secretaria de obras em secretaria
de obras e trânsito, por exemplo. Em seu âmbito, seria criada diretoria (ou divisão) de trânsito. A
transformação também teria de se dar por meio de lei. Se for do interesse, o próprio secretário pode
exercer a função de autoridade de trânsito.
Qualquer que seja a alternativa, o setor de trânsito precisa estar aparelhado para desenvolver as
atividades de engenharia de tráfego, fiscalização de trânsito, educação de trânsito e controle e análise de
estatística.
E deve contar, também, com pelo menos uma Jari, encarregada do julgamento dos recursos
decorrentes das infrações de trânsito.

Autoridade de trânsito

Por meio de Resoluções (149/2003, 156/2004 e 363/2010), o Conselho Nacional de Trânsito


estabeleceu os procedimentos a serem observados para concessão e tramitação de defesa em etapa
anterior à penalização. Nesse caso, a autoridade de trânsito tem tarefa indispensável. A ela cabe o
julgamento da consistência do auto de infração lavrado por seus agentes (mesmo que sejam da Polícia
Militar) e o julgamento de eventual defesa interposta pelos interessados. Nessa situação, a autoridade
pode ser auxiliada por comissão municipal composta de servidores, emitindo seu parecer final após a
análise prévia. No caso de Municípios de pequeno porte, no qual o volume de infrações é pouco
expressivo, a autoridade de trânsito pode exercer diretamente a função de julgar as defesas sem
necessidade de análise preliminar de comissão.

Junta Administrativa de Recursos de Infração (Jari)

A Junta Administrativa de Recursos de Infrações de Trânsito (Jari) é peça indispensável no sistema


de trânsito. Suas funções estão definidas no art. 17 do CTB, abaixo transcrito:

Art. 17 - Compete às JARI:


I - julgar os recursos interpostos pelos infratores;
II - solicitar aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários informações
complementares relativas aos recursos, objetivando uma melhor análise da situação recorrida;
III - encaminhar aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários informações
sobre problemas observados nas autuações e apontados em recursos, e que se repitam
sistematicamente.

A Jari é vinculada ao órgão de trânsito e é tão indispensável quanto ele. Assim como a inexistência do
órgão implica a impossibilidade absoluta do controle de infrações, sem a Jari serão inválidas todas as
autuações das quais decorrerem recursos administrativos. Claro, se não houver instância para julgá-los,
impossível sua subsistência, independentemente do mérito do recurso.
A criação da Jari não implica necessariamente despesa para a administração. É de bom alvitre que os
membros não sejam remunerados com gratificação, ao menos enquanto não houver demanda que
justifique reuniões constantes. Enquanto isso, as reuniões devem ser mensais, podendo ser suspensas
se inexistirem processos a serem apreciados. De qualquer forma, as despesas com a Jari devem ter
amparo legal. O instrumento adequado para instituição dela é o Decreto. Assim, o Poder Executivo terá
condições de se adequar a eventuais mudanças com mais celeridade, o que não ocorre quando sua
instituição deriva de lei. A criação da Junta por meio de lei é uma desnecessidade, já que ela pode ser
prevista e autorizada na lei que cria o órgão executivo de trânsito.
A nomeação dos membros se dá por portaria do prefeito. Para a composição da Junta Administrativa,
o Município pode aproveitar, no que for conveniente, as diretrizes estabelecidas pelo Contran. Todavia,
possui liberdade (discricionariedade administrativa) para compô-la da forma como melhor lhe aprouver.
O importante é que seja oportunizada a presença de órgãos ou entidades representativas da sociedade
local, de forma a dar a máxima transparência às atividades da Junta. Da mesma forma, o Município é
soberano para definir a quantidade de membros que a integrarão.
Importa esclarecer, ainda, que o Regimento da Jari deve ser elaborado pelos próprios membros e, em
seguida, submetido à homologação do Executivo municipal. Seu conteúdo não deve exorbitar a
competência legal, como tem acontecido em muitos casos, equivocadamente. Deve tratar apenas suas
questões operacionais, de forma objetiva e singela. Também devem ser evitados itens do processo de
julgamento que já estão estabelecidos em lei e nas resoluções do Contran.

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A Jari, embora vinculada ao órgão de trânsito municipal, é soberana em suas decisões sobre os
recursos de infrações interpostos.
Da inconformidade com o resultado de seu julgamento, deriva a possibilidade de novo recurso ao
Cetran. “O recurso será interposto, da decisão do não provimento, pelo responsável pela infração, e da
decisão de provimento, pela autoridade de trânsito” (CTB, art. 288, § 1º).
É de vital importância que a Jari atue em estreita relação com o Conselho Estadual de Trânsito
(Cetran), cujas resoluções se constituem em importantes subsídios para atuação de seus membros. O
órgão normativo de trânsito, em nível estadual, pode dirimir dúvidas e conflitos de competência, além de
manter a Jari atualizada sobre a legislação, a jurisprudência e a uniformização de procedimentos.

Convênios de operação de trânsito

Apesar da aparente complexidade das atividades a serem desenvolvidas pelo Município, boa parte
delas podem ser implementadas por meio de parcerias, conforme prevê o Código de Trânsito Brasileiro,
nestes termos:

Art. 25 - Os órgãos e entidades executivos do Sistema Nacional de Trânsito poderão celebrar convênio
delegando as atividades previstas neste Código, com vistas à maior eficiência e à segurança para os
usuários da via.
Parágrafo único - Os órgãos e entidades de trânsito poderão prestar serviços de capacitação técnica,
assessoria e monitoramento das atividades relativas ao trânsito durante prazo a ser estabelecido entre
as partes, com ressarcimento dos custos apropriados.

Aplicação dos recursos da multa por infração de trânsito

A receita do Município deve ser aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de


campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito (CTB, art. 320 e Resolução do Contran nº 191,
de 16 de fevereiro de 2006).

Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset)


Referente ao Funset, a Portaria nº11/2008, com as alterações da Portaria nº 72/2008, do Denatran,
determinou a responsabilidade e a forma para o repasse de 5% do valor arrecadado das multas à conta
de âmbito nacional destinado à segurança e à educação de trânsito (CTB, art. 320, §1º). Os Detrans têm
a função de canalizar as informações dos Municípios nos respectivos Estados.
Ademais, com recente alteração trazida pela Lei nº 13.281/2016, o órgão responsável deverá publicar,
anualmente, na rede mundial de computadores (internet), dados sobre a receita arrecadada com a
cobrança de multas de trânsito e sua destinação.

Fiscalização
Quanto ao exercício da fiscalização de trânsito, podemos dizer que se trata de atribuição
compartilhada, posto que os órgãos estaduais de trânsito (Detrans) permanecem com tal incumbência
nas vias públicas de qualquer município, com as seguintes observações:
1ª) O órgão municipal de trânsito deve fiscalizar um total de seis tipos de infrações de trânsito:
circulação, estacionamento, parada, excesso de peso, dimensões e lotação (incisos VI e VIII), bem como
aquelas praticadas por ciclomotores, veículos de propulsão humana e tração animal (inciso XVII) –
ressalta-se que o Conselho Nacional de Trânsito detalhou tal repartição de competências, por meio da
Resolução nº 66/98;
2ª) Mesmo nas infrações de trânsito “municipais”, o órgão municipal de trânsito somente tem
competência para imposição das penalidades de advertência por escrito e multa (inciso VII); portanto, se,
para uma determinada infração, houver a previsão de penalidade de suspensão do direito de dirigir (como
excesso de velocidade acima de 50% - artigo 218, III) ou de apreensão do veículo (como o transporte de
passageiro no compartimento de carga – artigo 230, II), tais sanções somente podem ser impostas pelo
órgão de trânsito estadual (Detran).

Educação
Quanto às demais tarefas, releva o cuidado que se deve ter com a educação para o trânsito. O
Ministério da Educação deverá divulgar a forma como pretende incluí-la nos currículos escolares.
Independentemente disso, o Município pode realizar parceria com a secretaria municipal de educação
para o desenvolvimento de campanhas especiais. Ademais, pode se integrar a programas desenvolvidos

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pelo Denatran, Detran, Cetran, aproveitando, inclusive, a Semana Nacional de Trânsito, comemorada
anualmente no período de 18 a 25 de setembro (CTB, art. 326). Importa esclarecer que é competência
comum de todos os níveis de governo “estabelecer e implantar política de educação para a segurança do
trânsito” (CF/88, art. 23, XII).

Engenharia de tráfego

Além das atividades de fiscalização e processamento de informações delegadas em convênio, resta


ao Município cuidar das questões viárias, por meio de competente serviço de engenharia de tráfego. Ele
deve valer-se de profissionais existentes na administração ou contratar terceiros especializados para
serviço específico, quando for o caso. Também pode solicitar apoio do Detran nas questões mais
complexas. O contato com Municípios já estruturados é uma boa alternativa.
O CTB trata dessa questão do art. 91 ao art. 95. Os padrões de engenharia a serem praticados por
todos os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito são estabelecidos pelo Contran (art. 91). É
função do Município, no tocante às vias sob sua jurisdição, controlar qualquer projeto de construção que
possa influir no sistema viário, tendo de haver sua aprovação prévia (art. 95). Nesse aspecto, qualquer
irregularidade pode ser punida com multa, sem prejuízo das cominações cíveis e penais com relação aos
responsáveis.
Na tarefa de planejamento do trânsito local, importa ao Município observar o disposto no CTB em seus
arts. de 80 a 90, e no anexo II, que tratam da sinalização.
Da mesma forma, deve valer-se dos parâmetros estabelecidos em resoluções já existentes do Contran
que tratam de áreas de estacionamento, ondulações transversais, sinais de advertência, entre outras
providências.
As questões envolvendo o trânsito estão inseridas no contexto do planejamento urbano como um todo.
Por isso, o Município deve preocupar-se com um Plano Diretor capaz de contemplar a circulação viária
em todos os seus aspectos, incluindo transporte coletivo, de carga e o uso do solo. A Constituição Federal
determina que “o plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para as cidades com mais
de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana”
(art. 182, § 1º). É importante planejar o futuro, por isso, mesmo os Municípios que não estão obrigados a
criar seus planos diretores devem utilizar-se desse importante instrumento para o crescimento ordenado,
desde seus primeiros passos.

Normas Gerais de Circulação e Conduta.

As normas gerais de circulação e conduta visam disciplinar e uniformizar as condutas que


condutores e pedestre devem adotar quando estiverem no trânsito, normatizando ações,
comportamentos, deveres e proibições.
É de grande importância o condutor conhecer e praticar as leis de transito e as regras de circulação e
conduta para dirigir corretamente de acordo com o que determina a legislação.
Todos os condutores de veículos antes de colocarem seus veículos em circulação nas vias públicas,
deverão verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso
obrigatório, deverão a todo momento ter o domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e os cuidados
indispensáveis à segurança do trânsito, assegurando-se da existência de combustível para chegarem ao
seu destino, e ainda não deverão dirigir:
a) com o braço do lado de fora.
b) transportando pessoas, animais ou volumes à sua esquerda ou entre os braços e pernas.
c) com incapacidade física ou mental temporária que comprometa a segurança do trânsito.
d) usando calçado que não firme nos pés ou que comprometa a utilização dos pedais (ex. chinelos).
e) com apenas uma das mãos.
f) utilizando de fones de ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou telefones celulares.

Os condutores de veículos, deverão abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo
para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedade pública ou
privada, não obstruindo o trânsito ou torna-lo perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via
objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo.

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REGRAS DE CIRCULAÇÃO;

O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas a circulação obedecerá às seguintes regras:

- A circulação far-se-á sempre pelo lado direito da via, admitindo-se as exceções devidamente
sinalizadas (daí vem a denominação de faixa própria, que é a faixa mais a direita da via). As exceções,
são as situações em que a circulação será pelo lado esquerdo da via, também conhecido como mão
inglesa.
- Os veículos maiores e mais pesados deverão ocupar a faixa da direita.
- O condutor deve guardar distância lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em
relação ao bordo da pista, considerando a velocidade, local, da circulação e condições climáticas.

Distância Lateral

É a distância mínima que o condutor deve guardar ao cruzar ou ultrapassa outro veículo.

Distância Frontal

É a distância em que o condutor sinta-se seguro, de forma que possa deter seu veículo se for preciso.

Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e
as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, bem como se assegurar da
existência de combustível suficiente para chegar ao local de destino.
O condutor deverá, a todo o momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados
indispensáveis à segurança do trânsito.
O uso de luzes em veículo obedecerá às seguintes determinações:
I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo, utilizando luz baixa, durante a noite e durante o dia
nos túneis providos de iluminação pública;
II - nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao
segui-lo;
III - a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente e por curto período de tempo, com o objetivo de
advertir outros motoristas, só poderá ser utilizada para indicar a intenção de ultrapassar o veículo que
segue à frente ou para indicar a existência de risco à segurança para os veículos que circulam no sentido
contrário;

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IV - o condutor manterá acesas pelo menos as luzes de posição do veículo quando sob chuva forte,
neblina ou cerração;
V - O condutor utilizará o pisca- alerta nas seguintes situações:
a) em imobilizações ou situações de emergência;
b) quando a regulamentação da via assim o determinar;
VI - durante a noite, em circulação, o condutor manterá acesa a luz de placa;
VII - o condutor manterá acesas, à noite, as luzes de posição quando o veículo estiver parado para
fins de embarque ou desembarque de passageiros e carga ou descarga de mercadorias.

REGRAS DE ULTRAPASSAGEM;

Ultrapassagem é o movimento de deslocamento lateral, transposição do veículo que segue à frente,


e retorno à faixa inicial. Já a “passagem” por outro veículo é sua mera transposição por faixas de
circulação distintas.
A ultrapassagem deverá ser feita respeitadas as demais normas de circulação, e regulamente
conforme LINHA DE DIVISÃO DE FLUXOS OPOSTOS abaixo.

COMO ULTRAPASSAR COM SEGURANÇA:


A ultrapassagem de outro veículo em movimento deverá ser feita pela esquerda, obedecida a
sinalização regulamentar e as demais normas estabelecidas no Código de Trânsito Brasileiro, exceto
quando o veículo a ser ultrapassado estiver sinalizando o propósito de entrar à esquerda.

Todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultrapassagem, certificar-se de que:


- nenhum condutor que venha atrás haja começado uma manobra para ultrapassá-lo;
- quem o precede na mesma faixa de trânsito não haja indicado o propósito de ultrapassar um terceiro;
- a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa extensão suficiente para que sua manobra não
ponha em perigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido contrário.

Todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:


- indicar com antecedência a manobra pretendida, acionando a luz indicadora de direção do veículo
ou por meio de gesto convencional de braço;
- afastar-se do usuário ou usuários aos quais ultrapassa, de tal forma que deixe livre uma distância
lateral de segurança;
- retomar, após a efetivação da manobra, a faixa de trânsito de origem, acionando a luz indicadora de
direção do veículo ou fazendo gesto convencional de braço, adotando os cuidados necessários para não
pôr em perigo ou obstruir o trânsito dos veículos que ultrapassou.

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Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo deverá:
- Se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a
marcha.
- Se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar
a marcha.
- Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre si para permitir
que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança.
- O condutor que tenha o propósito de ultrapassar um veículo de transporte coletivo que esteja parado,
efetuando embarque ou desembarque de passageiros, deverá reduzir a velocidade, dirigindo com
atenção redobrada ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.
- O condutor não poderá ultrapassar veículos em vias com duplo sentido de direção e pista única, nos
trechos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente, nas passagens de nível, nas pontes e viadutos
e nas travessias de pedestres, exceto quando houver sinalização permitindo a ultrapassagem.

A ultrapassagem de outro veículo em movimento deverá ser sempre pela esquerda, e o condutor
deverá:
1. Para ultrapassar, certificar-se que dispõe de espaço e visibilidade suficiente, garantindo a
segurança.
2. Após ultrapassar, retornar o veículo a direita da via com segurança.
3. Antes e após a ultrapassagem, proceder a sinalização regulamentar.
4. Ao ser ultrapassado, não acelerar o seu veículo.

Nas vias de mão única com retorno ou entrada a esquerda, é permitida a ultrapassagem pela direita,
se o condutor que estiver na esquerda, indicar e sinalizar que vai entrar para esse lado.
Nas interseções e suas proximidades, o condutor não poderá efetuar ultrapassagem.
Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu veículo, salvo por razões de segurança.
O trânsito de veículos sobre os passeios, calçadas e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que
se adentre ou se saia dos imóveis ou áreas especiais de estacionamentos.
O condutor de veículo só poderá fazer uso de buzina, desde que em toque breve, para fazer as
advertências necessárias a fim de evitar acidentes e fora das áreas urbanas, quando for conveniente
advertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo.

REGRAS DE MUDANÇA DE DIREÇÃO;

O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo
para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua
posição, sua direção e sua velocidade.
Antes de iniciar qualquer manobra que implique em um deslocamento lateral, o condutor deverá
sinalizar com antecedência a sua intenção, de forma clara por meio da luz indicadora de direção, ou
fazendo gesto convencional de braço. As mudanças de faixa, conversões e retornos deverão ser
realizados em locais permitidos.

Regras
- Aproxime-se o máximo possível do bordo da pista e tente fazer a manobra usando o mínimo de
espaço.

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- Em rodovias com acostamento, se for realizar conversão à esquerda, espere no acostamento da
direita e se não houver acostamento, aproxime seu veículo do eixo central da pista, dando preferência
aos veículos de sentido contrário.

- Conversão à esquerda de uma via de mão única para a outra com quatro faixas (duas em cada
direção). Numa via de mão única, aproxime-se do bordo da pista do lado onde vai virar antes de realizar
a manobra.

- A operação de retorno nas vias urbanas deverá ser feita nos locais para isto determinados por meio
de sinalização, por existência de locais apropriados, ou em outros locais que ofereçam condições de
segurança e fluidez, observada as características da via, do veículo, das condições meteorológicas e da
movimentação de pedestres e ciclistas.
- A marcha à ré deverá ser usada somente em pequenas manobras.

REGRAS DE PREFERÊNCIA E ESTACIONAMENTO;

Em vias nas quais não há sinalização específica, tem a preferência:


• Quem estiver transitando pela rodovia, quando apenas um fluxo for proveniente de autoestrada;
• Quem estiver circulando uma rotatória; e
• Quem vier pela direita do condutor, nos demais casos.
Obs.: em vias com mais de uma pista, os veículos mais lentos têm a preferência de uso da faixa da
direita. Já a faixa da esquerda é reservada para ultrapassagens e para os veículos de maior velocidade.

Parada e Estacionamento

Estacionamento – imobilização de veículos por tempo superior ao necessário para embarque ou


desembarque de passageiros.
Parada – imobilização do veículo com finalidade e pelo tempo estritamente necessário para efetuar
embarque ou desembarque de passageiros, não sendo operação de carga ou descarga.
O estacionamento dos veículos motorizados de duas rodas será feito em posição perpendicular à guia
da calçada (meio-fio) ou conforme à sinalização determinar.
Pare sempre fora da pista. Se, numa emergência, tiver que parar o veículo no leito viário, providencie
a imediata sinalização.
Em locais de estacionamento proibido, a parada deve ser suficiente apenas para embarque e
desembarque de passageiros. E só nos casos em que o procedimento não interfira com o fluxo de

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veículos ou pedestres. O desembarque de passageiros deve se dar sempre pelo lado da calçada, exceto
para o condutor do veículo.
Mas as regras de preferência não param por aí. Também têm prioridade de deslocamento os veículos
destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscalização de trânsito e as
ambulâncias, bem como veículos precedidos de batedores. E a prioridade se estende também ao
estacionamento e parada desses veículos.
Mas há algumas coisas a observar. Para poder exercer a preferência, é preciso que os dispositivos de
alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente — indicativos de urgência — estejam acionados. Se
for esse o caso:
• Deixe livre a passagem à sua esquerda. Desloque-se à direita e até mesmo pare, se necessário.
Vidas podem estar em jogo;
• Se Você for pedestre, aguarde no passeio ao ouvir o alarme sonoro. Só atravesse a rua quando o
veículo já tiver passado por ali.

É bom lembrar que os veículos que se deslocam sobre trilhos terão preferência de passagem sobre
os demais, respeitadas as normas de circulação.

Veículos de prestadores de serviços de utilidade pública (companhias de água, luz, esgoto,


telefone, etc.) também têm prioridade de parada e estacionamento no local em que estiverem
trabalhando. Mas o local deve estar sinalizado, segundo as normas do CONTRAN.

VELOCIDADES PERMITIDAS

Ao regular a velocidade, o condutor deverá observar, constantemente, as condições físicas da via, do


veículo e da carga, as condições meteorológicas e a intensidade do trânsito, obedecendo aos limites
máximos de velocidade estabelecidos para a via.
A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas suas
características técnicas e as condições de trânsito. Onde não existir sinalização regulamentadora, a
velocidade máxima será de:

Vias Km/h Tipos de veículos


Trânsito
80 Todos
rápido
Urbanas Arteriais 60 Todos
Coletoras 40 Todos
Locais 30 Todos
Rodovias de 110 Automóveis, camionetas e motocicletas
pista dupla 90 Demais veículos
Rurais Rodovias de 100 Automóveis, camionetas e motocicletas
pista simples 90 Demais veículos
Estradas 60 Todos

Vamos acompanhar em seguida o que prevê o Código de Trânsito Brasileiro acerca do tema:

CAPÍTULO III
DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA

Art. 26 - Os usuários das vias terrestres devem:


I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de
pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas;
II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via
objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo.

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Art. 27 - Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar a
existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, bem como
assegurar-se da existência de combustível suficiente para chegar ao local de destino.

Art. 28 - O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e
cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.

Art. 29 - O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:
I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admitindo-se as exceções devidamente sinalizadas;
II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos,
bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do
local, da circulação, do veículo e as condições climáticas;
III - quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não sinalizado,
terá preferência de passagem:
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver circulando por ela;
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;
c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor;
IV - quando uma pista de rolamento comportar várias faixas de circulação no mesmo sentido, são as
da direita destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de maior porte, quando não houver
faixa especial a eles destinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao deslocamento dos
veículos de maior velocidade;
V - o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que
se adentre ou se saia dos imóveis ou áreas especiais de estacionamento;
VI - os veículos precedidos de batedores terão prioridade de passagem, respeitadas as demais normas
de circulação;
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e
operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trânsito, gozam de livre circulação,
estacionamento e parada, quando em serviço de urgência e devidamente identificados por dispositivos
regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente, observadas as seguintes
disposições:
a) quando os dispositivos estiverem acionados, indicando a proximidade dos veículos, todos os
condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a direita da via e parando,
se necessário;
b) os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão aguardar no passeio, só atravessando a via quando
o veículo já tiver passado pelo local;
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação vermelha intermitente só poderá ocorrer
quando da efetiva prestação de serviço de urgência;
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento deverá se dar com velocidade reduzida e com os
devidos cuidados de segurança, obedecidas as demais normas deste Código;
VIII - os veículos prestadores de serviços de utilidade pública, quando em atendimento na via, gozam
de livre parada e estacionamento no local da prestação de serviço, desde que devidamente sinalizados,
devendo estar identificados na forma estabelecida pelo CONTRAN;
IX - a ultrapassagem de outro veículo em movimento deverá ser feita pela esquerda, obedecida a
sinalização regulamentar e as demais normas estabelecidas neste Código, exceto quando o veículo a ser
ultrapassado estiver sinalizando o propósito de entrar à esquerda;
X - todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultrapassagem, certificar-se de que:
a) nenhum condutor que venha atrás haja começado uma manobra para ultrapassá-lo;
b) quem o precede na mesma faixa de trânsito não haja indicado o propósito de ultrapassar um terceiro;
c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa extensão suficiente para que sua manobra não
ponha em perigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido contrário;
XI - todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
a) indicar com antecedência a manobra pretendida, acionando a luz indicadora de direção do veículo
ou por meio de gesto convencional de braço;
b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais ultrapassa, de tal forma que deixe livre uma distância
lateral de segurança;
c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa de trânsito de origem, acionando a luz indicadora
de direção do veículo ou fazendo gesto convencional de braço, adotando os cuidados necessários para
não pôr em perigo ou obstruir o trânsito dos veículos que ultrapassou;

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XII - os veículos que se deslocam sobre trilhos terão preferência de passagem sobre os demais,
respeitadas as normas de circulação.
XIII - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 1º - As normas de ultrapassagem previstas nas alíneas a e b do inciso X e a e b do inciso XI,
aplicam-se à transposição de faixas, que pode ser realizada tanto pela faixa da esquerda como pela da
direita.
§ 2º - Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem
decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os
motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.

Art. 30 - Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a
marcha;
II - se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar
a marcha.
Parágrafo único - Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre
si para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança.

Art. 31 - O condutor que tenha o propósito de ultrapassar um veículo de transporte coletivo que esteja
parado, efetuando embarque ou desembarque de passageiros, deverá reduzir a velocidade, dirigindo com
atenção redobrada ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.

Art. 32 - O condutor não poderá ultrapassar veículos em vias com duplo sentido de direção e pista
única, nos trechos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente, nas passagens de nível, nas pontes
e viadutos e nas travessias de pedestres, exceto quando houver sinalização permitindo a ultrapassagem.

Art. 33 - Nas interseções e suas proximidades, o condutor não poderá efetuar ultrapassagem.

Art. 34 - O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la
sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando
sua posição, sua direção e sua velocidade.

Art. 35 - Antes de iniciar qualquer manobra que implique um deslocamento lateral, o condutor deverá
indicar seu propósito de forma clara e com a devida antecedência, por meio da luz indicadora de direção
de seu veículo, ou fazendo gesto convencional de braço.
Parágrafo único - Entende-se por deslocamento lateral a transposição de faixas, movimentos de
conversão à direita, à esquerda e retornos.

Art. 36 - O condutor que for ingressar numa via, procedente de um lote lindeiro a essa via, deverá dar
preferência aos veículos e pedestres que por ela estejam transitando.

Art. 37 - Nas vias providas de acostamento, a conversão à esquerda e a operação de retorno deverão
ser feitas nos locais apropriados e, onde estes não existirem, o condutor deverá aguardar no acostamento,
à direita, para cruzar a pista com segurança.

Art. 38 - Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá:
I - ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o máximo possível do bordo direito da pista e executar
sua manobra no menor espaço possível;
II - ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o máximo possível de seu eixo ou da linha divisória
da pista, quando houver, caso se trate de uma pista com circulação nos dois sentidos, ou do bordo
esquerdo, tratando-se de uma pista de um só sentido.
Parágrafo único - Durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem
aos pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário pela pista da via da qual vai
sair, respeitadas as normas de preferência de passagem.

Art. 39 - Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá ser feita nos locais para isto determinados,
quer por meio de sinalização, quer pela existência de locais apropriados, ou, ainda, em outros locais que
ofereçam condições de segurança e fluidez, observadas as características da via, do veículo, das
condições meteorológicas e da movimentação de pedestres e ciclistas.

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Art. 40 - O uso de luzes em veículo obedecerá às seguintes determinações:
I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo, utilizando luz baixa, durante a noite e durante o dia
nos túneis providos de iluminação pública e nas rodovias (Redação dada pela Lei nº 13.290, de 2016);
II - nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao
segui-lo;
III - a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente e por curto período de tempo, com o objetivo de
advertir outros motoristas, só poderá ser utilizada para indicar a intenção de ultrapassar o veículo que
segue à frente ou para indicar a existência de risco à segurança para os veículos que circulam no sentido
contrário;
IV - o condutor manterá acesas pelo menos as luzes de posição do veículo quando sob chuva forte,
neblina ou cerração;
V - O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes situações:
a) em imobilizações ou situações de emergência;
b) quando a regulamentação da via assim o determinar;
VI - durante a noite, em circulação, o condutor manterá acesa a luz de placa;
VII - o condutor manterá acesas, à noite, as luzes de posição quando o veículo estiver parado para
fins de embarque ou desembarque de passageiros e carga ou descarga de mercadorias.
Parágrafo único - Os veículos de transporte coletivo regular de passageiros, quando circularem em
faixas próprias a eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão utilizar-se de farol de luz baixa durante
o dia e a noite.

Art. 41 - O condutor de veículo só poderá fazer uso de buzina, desde que em toque breve, nas
seguintes situações:
I - para fazer as advertências necessárias a fim de evitar acidentes;
II - fora das áreas urbanas, quando for conveniente advertir a um condutor que se tem o propósito de
ultrapassá-lo.

Art. 42 - Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu veículo, salvo por razões de segurança.

Art. 43 - Ao regular a velocidade, o condutor deverá observar constantemente as condições físicas da


via, do veículo e da carga, as condições meteorológicas e a intensidade do trânsito, obedecendo aos
limites máximos de velocidade estabelecidos para a via, além de:
I - não obstruir a marcha normal dos demais veículos em circulação sem causa justificada, transitando
a uma velocidade anormalmente reduzida;
II - sempre que quiser diminuir a velocidade de seu veículo deverá antes certificar-se de que pode
fazê-lo sem risco nem inconvenientes para os outros condutores, a não ser que haja perigo iminente;
III - indicar, de forma clara, com a antecedência necessária e a sinalização devida, a manobra de
redução de velocidade.

Art. 44 - Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o condutor do veículo deve demonstrar


prudência especial, transitando em velocidade moderada, de forma que possa deter seu veículo com
segurança para dar passagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência.

Art. 45 - Mesmo que a indicação luminosa do semáforo lhe seja favorável, nenhum condutor pode
entrar em uma interseção se houver possibilidade de ser obrigado a imobilizar o veículo na área do
cruzamento, obstruindo ou impedindo a passagem do trânsito transversal.

Art. 46 - Sempre que for necessária a imobilização temporária de um veículo no leito viário, em
situação de emergência, deverá ser providenciada a imediata sinalização de advertência, na forma
estabelecida pelo CONTRAN.

Art. 47 - Quando proibido o estacionamento na via, a parada deverá restringir-se ao tempo


indispensável para embarque ou desembarque de passageiros, desde que não interrompa ou perturbe o
fluxo de veículos ou a locomoção de pedestres.
Parágrafo único - A operação de carga ou descarga será regulamentada pelo órgão ou entidade com
circunscrição sobre a via e é considerada estacionamento.

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Art. 48 - Nas paradas, operações de carga ou descarga e nos estacionamentos, o veículo deverá ser
posicionado no sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de rolamento e junto à guia da calçada (meio-
fio), admitidas as exceções devidamente sinalizadas.
§ 1º - Nas vias providas de acostamento, os veículos parados, estacionados ou em operação de carga
ou descarga deverão estar situados fora da pista de rolamento.
§ 2º - O estacionamento dos veículos motorizados de duas rodas será feito em posição perpendicular
à guia da calçada (meio-fio) e junto a ela, salvo quando houver sinalização que determine outra condição.
§ 3º - O estacionamento dos veículos sem abandono do condutor poderá ser feito somente nos locais
previstos neste Código ou naqueles regulamentados por sinalização específica.

Art. 49 - O condutor e os passageiros não deverão abrir a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer
do veículo sem antes se certificarem de que isso não constitui perigo para eles e para outros usuários da
via.
Parágrafo único - O embarque e o desembarque devem ocorrer sempre do lado da calçada, exceto
para o condutor.

Art. 50 - O uso de faixas laterais de domínio e das áreas adjacentes às estradas e rodovias obedecerá
às condições de segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a
via.

Art. 51 - Nas vias internas pertencentes a condomínios constituídos por unidades autônomas, a
sinalização de regulamentação da via será implantada e mantida às expensas do condomínio, após
aprovação dos projetos pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.

Art. 52 - Os veículos de tração animal serão conduzidos pela direita da pista, junto à guia da calçada
(meio-fio) ou acostamento, sempre que não houver faixa especial a eles destinada, devendo seus
condutores obedecer, no que couber, às normas de circulação previstas neste Código e às que vierem a
ser fixadas pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.

Art. 53 - Os animais isolados ou em grupos só podem circular nas vias quando conduzidos por um
guia, observado o seguinte:
I - para facilitar os deslocamentos, os rebanhos deverão ser divididos em grupos de tamanho moderado
e separados uns dos outros por espaços suficientes para não obstruir o trânsito;
II - os animais que circularem pela pista de rolamento deverão ser mantidos junto ao bordo da pista;

Art. 54 - Os condutores de motocicletas, motonetas e ciclomotores só poderão circular nas vias:


I - utilizando capacete de segurança, com viseira ou óculos protetores;
II - segurando o guidom com as duas mãos;
III - usando vestuário de proteção, de acordo com as especificações do CONTRAN.

Art. 55 - Os passageiros de motocicletas, motonetas e ciclomotores só poderão ser transportados:


I - utilizando capacete de segurança;
II - em carro lateral acoplado aos veículos ou em assento suplementar atrás do condutor;
III - usando vestuário de proteção, de acordo com as especificações do CONTRAN.

Art. 56 - (VETADO)

Art. 57 - Os ciclomotores devem ser conduzidos pela direita da pista de rolamento, preferencialmente
no centro da faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que não houver acostamento ou faixa
própria a eles destinada, proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido e sobre as calçadas das
vias urbanas.
Parágrafo único - Quando uma via comportar duas ou mais faixas de trânsito e a da direita for
destinada ao uso exclusivo de outro tipo de veículo, os ciclomotores deverão circular pela faixa adjacente
à da direita.

Art. 58 - Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando
não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos
bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência
sobre os veículos automotores.

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Parágrafo único - A autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via poderá autorizar a circulação
de bicicletas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automotores, desde que dotado o trecho com
ciclofaixa.

Art. 59 - Desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição
sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios

Art. 60 - As vias abertas à circulação, de acordo com sua utilização, classificam-se em:
I - vias urbanas:
a) via de trânsito rápido;
b) via arterial;
c) via coletora;
d) via local;
II - vias rurais:
a) rodovias;
b) estradas.

Art. 61 - A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas
suas características técnicas e as condições de trânsito.
§ 1º - Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de:
I - nas vias urbanas:
a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido:
b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;
c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;
d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
II - nas vias rurais:
a) nas rodovias de pista dupla: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para automóveis, camionetas e motocicletas;
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os demais veículos;
3. (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)

b) nas rodovias de pista simples: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para automóveis, camionetas e motocicletas;
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os demais veículos;

c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por hora). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 2º - O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com circunscrição sobre a via poderá regulamentar,
por meio de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àquelas estabelecidas no parágrafo anterior.

Art. 62 - A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da velocidade máxima estabelecida,
respeitadas as condições operacionais de trânsito e da via.

Art. 63 - (VETADO)

Art. 64 - As crianças com idade inferior a dez anos devem ser transportadas nos bancos traseiros,
salvo exceções regulamentadas pelo CONTRAN.

Art. 65 - É obrigatório o uso do cinto de segurança para condutor e passageiros em todas as vias do
território nacional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN.

Art. 66 - (VETADO)

Art. 67 - As provas ou competições desportivas, inclusive seus ensaios, em via aberta à circulação, só
poderão ser realizadas mediante prévia permissão da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a
via e dependerão de:
I - autorização expressa da respectiva confederação desportiva ou de entidades estaduais a ela
filiadas;
II - caução ou fiança para cobrir possíveis danos materiais à via;
III - contrato de seguro contra riscos e acidentes em favor de terceiros;

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IV - prévio recolhimento do valor correspondente aos custos operacionais em que o órgão ou entidade
permissionária incorrerá.
Parágrafo único - A autoridade com circunscrição sobre a via arbitrará os valores mínimos da caução
ou fiança e do contrato de seguro.

Questões

01. (CISSUL/MG - Condutor Socorrista - IBGP/2017) Os veículos destinados a socorro de incêndio


e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de
prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada. Assinale a alternativa em que
essa regulamentação deverá ocorrer:
(A) Em qualquer situação.
(B) Em quando em serviço de urgência.
(C) Em quando em serviço de urgência e devidamente identificado por dispositivos regulamentares.
(D) Em fins particulares do condutor socorrista.

02. (Prefeitura de Rio de Janeiro/RJ - Fiscal de Transportes Urbanos - Pref. RJ/2016)


Considerando-se as normas de circulação e conduta de veículos motorizados, é correto afirmar que:
(A) o condutor não poderá ultrapassar veículos em vias com duplo sentido de direção e pista única,
nos trechos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente, nas passagens de nível, nas pontes e
viadutos e nas travessias de pedestres, mesmo que haja sinalização permitindo a ultrapassagem
(B) não é permitido utilizar a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente, com o objetivo de indicar
para outros motoristas a intenção de ultrapassar o veículo que segue à frente, nem que seja por um curto
período de tempo
(C) o condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá deslocar-
se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha, independentemente da faixa em que estiver circulando
(D) veículos de transporte coletivo regular de passageiros, quando circularem em faixas próprias a eles
destinadas, deverão utilizar-se de farol de luz baixa durante o dia e à noite

03. (Prefeitura de Itapema/SC - Agente Municipal de Trânsito - MS/CONCURSOS /2016) Conforme


o art. 61, a velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas
suas características técnicas e as condições de trânsito. Nas vias urbanas, onde não existir sinalização
regulamentadora, a velocidade máxima será de:
(A) Setenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido, cinquenta quilômetros por hora, nas vias
coletoras e vinte quilômetros por hora, nas vias locais.
(B) Cento e dez quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido, sessenta quilômetros por hora, nas
vias coletoras e quarenta quilômetros por hora, nas vias locais.
(C) Noventa quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido, setenta quilômetros por hora, nas vias
coletoras e trinta quilômetros por hora, nas vias locais.
(D) Oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido, quarenta quilômetros por hora, nas vias
coletoras e trinta quilômetros por hora, nas vias locais.

04. (DETRAN/RO – Motorista – IDECAN) Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, é PROIBIDA a


circulação de ciclomotores:
(A) Em qualquer via arterial.
(B) Apenas sobre as calçadas das vias arteriais.
(C) Apenas sobre as calçadas das vias urbanas.
(D) Nas vias arteriais e sobre as calçadas das vias urbanas.
(E) Nas vias de trânsito rápido e sobre as calçadas das vias urbanas.

05. (TRF/4ª Região – Técnico Judiciário – FCC) Segundo o Código de Trânsito Brasileiro - CTB, são
veículos que gozam de prioridade no trânsito, livre circulação e parada:
(A) As ambulâncias, apenas, quando no atendimento de urgência, com os dispositivos sonoros e
luminosos acionados, sendo que os demais veículos devem deixar livre a faixa da direita para a sua
passagem.
(B) Os veículos oficiais que transportam autoridades públicas representantes de um dos poderes
(legislativo, executivo e judiciário), quando em deslocamento com as respectivas autoridades.
(C) Os veículos de polícia, sob qualquer circunstância, e os de caráter oficial, apenas, quando em
urgência.

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(D) Os veículos de socorro de incêndio e salvamento, os quais terão prioridade no trânsito, apenas,
quando em prestação de serviço de urgência, com os dispositivos sonoros e luminosos acionados, sendo
que os pedestres devem aguardar sua passagem na calçada para, somente após, atravessar a via.
(E) Os veículos oficiais de transporte de autoridades públicas têm prioridade de trânsito em relação
aos demais veículos, quando no efetivo transporte de autoridade, porém, não possuem a prerrogativa de
livre circulação e parada como os veículos de polícia.

06. (SURG - Agente de Trânsito - CONSULPAM) Complete as lacunas abaixo, para, ao final escolher
a alternativa correta, utilizando aos parâmetros relativos à velocidade máxima permitida para as vias
urbanas, em locais onde não exista sinalização regulamentadora:
I - _______quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido.
II - ______quilômetros por hora, nas vias arteriais.
III - ______quilômetros por hora, nas vias coletoras.
IV - ______quilômetros por hora, nas vias locais.

(A) oitenta, cinquenta, quarenta, trinta.


(B) sessenta, cinquenta, quarenta, trinta.
(C) oitenta, sessenta, quarenta, trinta.
(D) sessenta, cinquenta, trinta, vinte.

Respostas

01. Resposta: C
É o que dispõe o artigo 29, VII, do CTB.

02. Resposta: D
Art. 40, do CTB.

03. Resposta: D
Art. 61, § 1º, I, do CTB: Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de:
I - nas vias urbanas:
a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido:
b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;
c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;
d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais.

04. Resposta: E
Segundo o que prevê o artigo 57 do CTB, os ciclomotores devem ser conduzidos pela direita da pista
de rolamento, preferencialmente no centro da faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que
não houver acostamento ou faixa própria a eles destinada, proibida a sua circulação nas vias de trânsito
rápido e sobre as calçadas das vias urbanas.

05. Resposta: D
Consoante o que dispõe o artigo 29, VII, do CTB, os veículos destinados a socorro de incêndio e
salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade
de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência e
devidamente identificados por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha
intermitente, sendo observadas, ainda, algumas disposições, dentre elas, a de que os pedestres, ao ouvir
o alarme sonoro, deverão aguardar no passeio, só atravessando a via quando o veículo já tiver passado
pelo local.

06. Resposta: C
De acordo com o que prevê o art. 61 do CTB acerca da velocidade máxima permitida para as vias
urbanas, temos a seguinte classificação:
a) 80 Km/h, nas vias de trânsito rápido;
b) 60 Km/h, nas vias arteriais;
c) 40 Km/h, nas vias coletoras;
d) 30 Km/h, nas vias locais.

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Medidas Administrativas.

As medidas administrativas são atos promovidos pela Autoridade de Trânsito ou os seus Agentes e
que são utilizadas para complementar alguma situação, principalmente no momento autuação. Estão
disciplinadas no Capítulo XVII. Vejamos:

CAPÍTULO XVII
DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS

Art. 269 - A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das competências estabelecidas neste
Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes medidas administrativas:
I - retenção do veículo;
II - remoção do veículo;
III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;
V - recolhimento do Certificado de Registro;
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual;
VII - (VETADO)
VIII - transbordo do excesso de carga;
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica;
X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de
circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos.
XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática de primeiros socorros e
de direção veicular.
§ 1º - A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas administrativas e coercitivas adotadas
pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo prioritário a proteção à vida e à
incolumidade física da pessoa.
§ 2º - As medidas administrativas previstas neste artigo não elidem a aplicação das penalidades
impostas por infrações estabelecidas neste Código, possuindo caráter complementar a estas.
§ 3º - São documentos de habilitação a Carteira Nacional de Habilitação e a Permissão para Dirigir.
§ 4º - Aplica-se aos animais recolhidos na forma do inciso X o disposto nos arts. 271 e 328, no que
couber.

Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expressos neste Código.
§ 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no local da infração, o veículo será liberado tão logo
seja regularizada a situação.
§ 2º Não sendo possível sanar a falha no local da infração, o veículo, desde que ofereça condições de
segurança para circulação, poderá ser liberado e entregue a condutor regularmente habilitado, mediante
recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual, contra apresentação de recibo, assinalando-se
prazo razoável ao condutor para regularizar a situação, para o que se considerará, desde logo, notificado.
(Redação dada pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 3º O Certificado de Licenciamento Anual será devolvido ao condutor no órgão ou entidade
aplicadores das medidas administrativas, tão logo o veículo seja apresentado à autoridade devidamente
regularizado.
§ 4º Não se apresentando condutor habilitado no local da infração, o veículo será removido a depósito,
aplicando-se neste caso o disposto no art. 271. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 5º A critério do agente, não se dará a retenção imediata, quando se tratar de veículo de transporte
coletivo transportando passageiros ou veículo transportando produto perigoso ou perecível, desde que
ofereça condições de segurança para circulação em via pública.
§ 6º Não efetuada a regularização no prazo a que se refere o § 2º, será feito registro de restrição
administrativa no Renavam por órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal,
que será retirada após comprovada a regularização. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 7º O descumprimento das obrigações estabelecidas no § 2º resultará em recolhimento do veículo ao
depósito, aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 271. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)

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Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos neste Código, para o depósito fixado pelo órgão
ou entidade competente, com circunscrição sobre a via.
§ 1º A restituição do veículo removido só ocorrerá mediante prévio pagamento de multas, taxas e
despesas com remoção e estada, além de outros encargos previstos na legislação específica.
(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 2º A liberação do veículo removido é condicionada ao reparo de qualquer componente ou
equipamento obrigatório que não esteja em perfeito estado de funcionamento. (Incluído pela Lei nº
13.160, de 2015)
§ 3º Se o reparo referido no § 2º demandar providência que não possa ser tomada no depósito, a
autoridade responsável pela remoção liberará o veículo para reparo, na forma transportada, mediante
autorização, assinalando prazo para reapresentação. (Redação dada pela Lei nº 13. 281, de 2016)
§ 4º Os serviços de remoção, depósito e guarda de veículo poderão ser realizados por órgão público,
diretamente, ou por particular contratado por licitação pública, sendo o proprietário do veículo o
responsável pelo pagamento dos custos desses serviços. (Redação dada pela Lei nº 13. 281, de 2016)
§ 5º O proprietário ou o condutor deverá ser notificado, no ato de remoção do veículo, sobre as
providências necessárias à sua restituição e sobre o disposto no art. 328, conforme regulamentação do
CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 6º Caso o proprietário ou o condutor não esteja presente no momento da remoção do veículo, a
autoridade de trânsito, no prazo de 10 (dez) dias contado da data da remoção, deverá expedir ao
proprietário a notificação prevista no § 5º, por remessa postal ou por outro meio tecnológico hábil que
assegure a sua ciência, e, caso reste frustrada, a notificação poderá ser feita por edital. (Redação dada
pela Lei nº 13. 281, de 2016)
§ 7º A notificação devolvida por desatualização do endereço do proprietário do veículo ou por recusa
desse de recebê-la será considerada recebida para todos os efeitos (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 8º Em caso de veículo licenciado no exterior, a notificação será feita por edital. (Incluído pela Lei nº
13.160, de 2015)
§ 9º Não caberá remoção nos casos em que a irregularidade puder ser sanada no local da infração.
(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 10. O pagamento das despesas de remoção e estada será correspondente ao período integral,
contado em dias, em que efetivamente o veículo permanecer em depósito, limitado ao prazo de 6 (seis)
meses. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)
§ 11. Os custos dos serviços de remoção e estada prestados por particulares poderão ser pagos pelo
proprietário diretamente ao contratado. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)
§ 12. O disposto no § 11 não afasta a possibilidade de o respectivo ente da Federação estabelecer a
cobrança por meio de taxa instituída em lei. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)
§ 13. No caso de o proprietário do veículo objeto do recolhimento comprovar, administrativa ou
judicialmente, que o recolhimento foi indevido ou que houve abuso no período de retenção em depósito,
é da responsabilidade do ente público a devolução das quantias pagas por força deste artigo, segundo
os mesmos critérios da devolução de multas indevidas. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)

Art. 272 - O recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação e da Permissão para Dirigir dar-se-á
mediante recibo, além dos casos previstos neste Código, quando houver suspeita de sua inautenticidade
ou adulteração.

Art. 273 - O recolhimento do Certificado de Registro dar-se-á mediante recibo, além dos casos
previstos neste Código, quando:
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração;
II - se, alienado o veículo, não for transferida sua propriedade no prazo de trinta dias.

Art. 274 - O recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual dar-se-á mediante recibo, além dos
casos previstos neste Código, quando:
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração;
II - se o prazo de licenciamento estiver vencido;
III - no caso de retenção do veículo, se a irregularidade não puder ser sanada no local.

Art. 275 - O transbordo da carga com peso excedente é condição para que o veículo possa prosseguir
viagem e será efetuado às expensas do proprietário do veículo, sem prejuízo da multa aplicável.

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Parágrafo único - Não sendo possível desde logo atender ao disposto neste artigo, o veículo será
recolhido ao depósito, sendo liberado após sanada a irregularidade e pagas as despesas de remoção e
estada.

Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o
condutor às penalidades previstas no art. 165.
Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerância quando a infração for apurada por
meio de aparelho de medição, observada a legislação metrológica.

Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de
fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que,
por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool
ou outra substância psicoativa que determine dependência.
§ 1o (Revogado)
§ 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada mediante imagem, vídeo,
constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade
psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas.
§ 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165-A deste
Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 278 - Ao condutor que se evadir da fiscalização, não submetendo veículo à pesagem obrigatória
nos pontos de pesagem, fixos ou móveis, será aplicada a penalidade prevista no art. 209, além da
obrigação de retornar ao ponto de evasão para fim de pesagem obrigatória.
Parágrafo único - No caso de fuga do condutor à ação policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão
logo seja localizado, aplicando-se, além das penalidades em que incorre, as estabelecidas no art. 210.

Art. 279 - Em caso de acidente com vítima, envolvendo veículo equipado com registrador instantâneo
de velocidade e tempo, somente o perito oficial encarregado do levantamento pericial poderá retirar o
disco ou unidade armazenadora do registro.

Lei 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro).

Antes de adentrarmos no estudo do que dispõe o Código de Trânsito Brasileiro, cabe destacar que
alguns dispositivos da norma já foram tratados de forma individualizada anteriormente, motivo pelo qual
alguns deles não serão repetidos aqui novamente.
Cabe destacar ainda que já foram incluídas todas as últimas alterações ocorridas no CTB pela Lei
nº 13.281/2016, que estão em vigor desde 01 de novembro de 2016.

Sistema Nacional de Trânsito

O Sistema Nacional de Trânsito é uma criação do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, consiste em
um conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem
por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa,
registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação,
engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos
e aplicação de penalidades.
É compostos pelos seguintes órgãos e entidades: I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN,
coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo; II - os Conselhos Estaduais de Trânsito
- CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos
e coordenadores; III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios; IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios; V - a Polícia Rodoviária Federal; VI - as Polícias Militares dos Estados
e do Distrito Federal; e VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI.
Conforme a Lei nº 12.058/2009, a autoridade portuária ou a entidade concessionária de porto
organizado poderá celebrar convênios com os órgãos previstos no art. 7º, com a interveniência dos

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Municípios e Estados, juridicamente interessados, para o fim específico de facilitar a autuação por
descumprimento da legislação de trânsito.
São objetivos do Sistema Nacional de Trânsito: I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de
Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito,
e fiscalizar seu cumprimento; II - fixar, mediante normas e procedimentos, a padronização de critérios
técnicos, financeiros e administrativos para a execução das atividades de trânsito; III - estabelecer a
sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim de
facilitar o processo decisório e a integração do Sistema. Ao Ministério das Cidades compete a
coordenação máxima do Sistema Nacional de Trânsito (Decreto nº 4.711, de 29 de maio de 2003).

LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997.

Institui o Código de Trânsito Brasileiro.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação,
rege-se por este Código.
§ 1º - Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em
grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou
descarga.
§ 2º - O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades
componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas
competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.
§ 3º - Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito
das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação,
omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício
do direito do trânsito seguro.
§ 4º - (VETADO)
§ 5º - Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade
em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente.

Art. 2º - São vias terrestres urbanas e rurais, as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos,
as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade
com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.
Parágrafo único - Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias abertas à
circulação pública e as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas.
(Vide Lei nº 13.146, de 2015)

Art. 3º - As disposições deste Código são aplicáveis a qualquer veículo, bem como aos proprietários,
condutores dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele expressamente mencionadas.

Art. 4º - Os conceitos e definições estabelecidos para os efeitos deste Código são os constantes do
Anexo I.

CAPÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO
Seção I
Disposições Gerais

Art. 5º - O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento,
administração, normalização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e
reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização,
julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades.

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Art. 6º - São objetivos básicos do Sistema Nacional de Trânsito:
I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao
conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento;
II - fixar, mediante normas e procedimentos, a padronização de critérios técnicos, financeiros e
administrativos para a execução das atividades de trânsito;
III - estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus diversos órgãos e
entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a integração do Sistema.

Seção II
Da Composição e da Competência do Sistema Nacional de Trânsito

Art. 7º - Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e entidades:


I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo
e consultivo;
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal -
CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores;
III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
V - a Polícia Rodoviária Federal;
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e
VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI.

Art. 8º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão os respectivos órgãos e entidades


executivos de trânsito e executivos rodoviários, estabelecendo os limites circunscricionais de suas
atuações.

Art. 9º - O Presidente da República designará o ministério ou órgão da Presidência responsável pela


coordenação máxima do Sistema Nacional de Trânsito, ao qual estará vinculado o CONTRAN e
subordinado o órgão máximo executivo de trânsito da União.

Art. 10. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), com sede no Distrito Federal e presidido pelo
dirigente do órgão máximo executivo de trânsito da União, tem a seguinte composição:
I - (VETADO)
II - (VETADO)
III - um representante do Ministério da Ciência e Tecnologia;
IV - um representante do Ministério da Educação e do Desporto;
V - um representante do Ministério do Exército;
VI - um representante do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal;
VII - um representante do Ministério dos Transportes;
VIII ao XIX - (VETADOS)
XX - um representante do ministério ou órgão coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito;
XXI - (VETADO)
XXII - um representante do Ministério da Saúde.
XXIII - um representante do Ministério da Justiça.
XXIII - 1 (um) representante do Ministério da Justiça.
XXIV - 1 (um) representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
XXV - 1 (um) representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Art. 11 - (VETADO)

Art. 12 - Compete ao CONTRAN:


I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional
de Trânsito;
II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, objetivando a integração de suas atividades;
III - (VETADO)
IV - criar Câmaras Temáticas;

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V - estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para o funcionamento dos CETRAN e
CONTRANDIFE;
VI - estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;
VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas neste Código e nas resoluções
complementares;
VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos para a aplicação das multas por infrações, a
arrecadação e o repasse dos valores arrecadados; (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
IX - responder às consultas que lhe forem formuladas, relativas à aplicação da legislação de trânsito;
X - normalizar os procedimentos sobre a aprendizagem, habilitação, expedição de documentos de
condutores, e registro e licenciamento de veículos;
XI - aprovar, complementar ou alterar os dispositivos de sinalização e os dispositivos e equipamentos
de trânsito;
XII - apreciar os recursos interpostos contra as decisões das instâncias inferiores, na forma deste
Código;
XIII - avocar, para análise e soluções, processos sobre conflitos de competência ou circunscrição, ou,
quando necessário, unificar as decisões administrativas; e
XIV - dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito no âmbito da União, dos Estados
e do Distrito Federal.
XV - normatizar o processo de formação do candidato à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação,
estabelecendo seu conteúdo didático-pedagógico, carga horária, avaliações, exames, execução e
fiscalização. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 13 - As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos vinculados ao CONTRAN, são integradas por
especialistas e têm como objetivo estudar e oferecer sugestões e embasamento técnico sobre assuntos
específicos para decisões daquele colegiado.
§ 1º - Cada Câmara é constituída por especialistas representantes de órgãos e entidades executivos
da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, em igual número, pertencentes ao
Sistema Nacional de Trânsito, além de especialistas representantes dos diversos segmentos da
sociedade relacionados com o trânsito, todos indicados segundo regimento específico definido pelo
CONTRAN e designados pelo ministro ou dirigente coordenador máximo do Sistema Nacional de
Trânsito.
§ 2º - Os segmentos da sociedade, relacionados no parágrafo anterior, serão representados por
pessoa jurídica e devem atender aos requisitos estabelecidos pelo CONTRAN.
§ 3º - Os coordenadores das Câmaras Temáticas serão eleitos pelos respectivos membros.

Art. 14 - Compete aos Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e ao Conselho de Trânsito do


Distrito Federal - CONTRANDIFE:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;
II - elaborar normas no âmbito das respectivas competências;
III - responder a consultas relativas à aplicação da legislação e dos procedimentos normativos de
trânsito;
IV - estimular e orientar a execução de campanhas educativas de trânsito;
V - julgar os recursos interpostos contra decisões:
a) das JARI;
b) dos órgãos e entidades executivos estaduais, nos casos de inaptidão permanente constatados nos
exames de aptidão física, mental ou psicológica;
VI - indicar um representante para compor a comissão examinadora de candidatos portadores de
deficiência física à habilitação para conduzir veículos automotores;
VII - (VETADO)
VIII - acompanhar e coordenar as atividades de administração, educação, engenharia, fiscalização,
policiamento ostensivo de trânsito, formação de condutores, registro e licenciamento de veículos,
articulando os órgãos do Sistema no Estado, reportando-se ao CONTRAN;
IX - dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito no âmbito dos Municípios; e
X - informar o CONTRAN sobre o cumprimento das exigências definidas nos §§ 1º e 2º do art. 333.
XI - designar, em caso de recursos deferidos e na hipótese de reavaliação dos exames, junta especial
de saúde para examinar os candidatos à habilitação para conduzir veículos automotores.
Parágrafo único - Dos casos previstos no inciso V, julgados pelo órgão, não cabe recurso na esfera
administrativa.

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Art. 15 - Os presidentes dos CETRAN e do CONTRANDIFE são nomeados pelos Governadores dos
Estados e do Distrito Federal, respectivamente, e deverão ter reconhecida experiência em matéria de
trânsito.
§ 1º - Os membros dos CETRAN e do CONTRANDIFE são nomeados pelos Governadores dos
Estados e do Distrito Federal, respectivamente.
§ 2º - Os membros do CETRAN e do CONTRANDIFE deverão ser pessoas de reconhecida experiência
em trânsito.
§ 3º - O mandato dos membros do CETRAN e do CONTRANDIFE é de dois anos, admitida a
recondução.

Art. 16 - Junto a cada órgão ou entidade executivos de trânsito ou rodoviário funcionarão Juntas
Administrativas de Recursos de Infrações - JARI, órgãos colegiados responsáveis pelo julgamento
dos recursos interpostos contra penalidades por eles impostas.
Parágrafo único - As JARI têm regimento próprio, observado o disposto no inciso VI do art. 12, e apoio
administrativo e financeiro do órgão ou entidade junto ao qual funcionem.

Art. 17 - Compete às JARI:


I - julgar os recursos interpostos pelos infratores;
II - solicitar aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários informações
complementares relativas aos recursos, objetivando uma melhor análise da situação recorrida;
III - encaminhar aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários informações
sobre problemas observados nas autuações e apontados em recursos, e que se repitam
sistematicamente.

Art. 18 - (VETADO)

Art. 19 - Compete ao órgão máximo executivo de trânsito da União:


I - cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito e a execução das normas e diretrizes estabelecidas
pelo CONTRAN, no âmbito de suas atribuições;
II - proceder à supervisão, à coordenação, à correição dos órgãos delegados, ao controle e à
fiscalização da execução da Política Nacional de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
III - articular-se com os órgãos dos Sistemas Nacionais de Trânsito, de Transporte e de Segurança
Pública, objetivando o combate à violência no trânsito, promovendo, coordenando e executando o
controle de ações para a preservação do ordenamento e da segurança do trânsito;
IV - apurar, prevenir e reprimir a prática de atos de improbidade contra a fé pública, o patrimônio, ou a
administração pública ou privada, referentes à segurança do trânsito;
V - supervisionar a implantação de projetos e programas relacionados com a engenharia, educação,
administração, policiamento e fiscalização do trânsito e outros, visando à uniformidade de procedimento;
VI - estabelecer procedimentos sobre a aprendizagem e habilitação de condutores de veículos, a
expedição de documentos de condutores, de registro e licenciamento de veículos;
VII - expedir a Permissão para Dirigir, a Carteira Nacional de Habilitação, os Certificados de Registro
e o de Licenciamento Anual mediante delegação aos órgãos executivos dos Estados e do Distrito Federal;
VIII - organizar e manter o Registro Nacional de Carteiras de Habilitação - RENACH;
IX - organizar e manter o Registro Nacional de Veículos Automotores - RENAVAM;
X - organizar a estatística geral de trânsito no território nacional, definindo os dados a serem fornecidos
pelos demais órgãos e promover sua divulgação;
XI - estabelecer modelo padrão de coleta de informações sobre as ocorrências de acidentes de trânsito
e as estatísticas do trânsito;
XII - administrar fundo de âmbito nacional destinado à segurança e à educação de trânsito;
XIII - coordenar a administração do registro das infrações de trânsito, da pontuação e das penalidades
aplicadas no prontuário do infrator, da arrecadação de multas e do repasse de que trata o § 1º do art.
320; (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
XIV - fornecer aos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito informações sobre registros
de veículos e de condutores, mantendo o fluxo permanente de informações com os demais órgãos do
Sistema;
XV - promover, em conjunto com os órgãos competentes do Ministério da Educação e do Desporto,
de acordo com as diretrizes do CONTRAN, a elaboração e a implementação de programas de educação
de trânsito nos estabelecimentos de ensino;
XVI - elaborar e distribuir conteúdos programáticos para a educação de trânsito;

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XVII - promover a divulgação de trabalhos técnicos sobre o trânsito;
XVIII - elaborar, juntamente com os demais órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito, e
submeter à aprovação do CONTRAN, a complementação ou alteração da sinalização e dos dispositivos
e equipamentos de trânsito;
XIX - organizar, elaborar, complementar e alterar os manuais e normas de projetos de implementação
da sinalização, dos dispositivos e equipamentos de trânsito aprovados pelo CONTRAN;
XX – expedir a permissão internacional para conduzir veículo e o certificado de passagem nas
alfândegas mediante delegação aos órgãos executivos dos Estados e do Distrito Federal ou a entidade
habilitada para esse fim pelo poder público federal; (Redação dada pela lei nº 13.258, de 2016)
XXI - promover a realização periódica de reuniões regionais e congressos nacionais de trânsito, bem
como propor a representação do Brasil em congressos ou reuniões internacionais;
XXII - propor acordos de cooperação com organismos internacionais, com vistas ao aperfeiçoamento
das ações inerentes à segurança e educação de trânsito;
XXIII - elaborar projetos e programas de formação, treinamento e especialização do pessoal
encarregado da execução das atividades de engenharia, educação, policiamento ostensivo, fiscalização,
operação e administração de trânsito, propondo medidas que estimulem a pesquisa científica e o ensino
técnico-profissional de interesse do trânsito, e promovendo a sua realização;
XXIV - opinar sobre assuntos relacionados ao trânsito interestadual e internacional;
XXV - elaborar e submeter à aprovação do CONTRAN as normas e requisitos de segurança veicular
para fabricação e montagem de veículos, consoante sua destinação;
XXVI - estabelecer procedimentos para a concessão do código marca-modelo dos veículos para efeito
de registro, emplacamento e licenciamento;
XXVII - instruir os recursos interpostos das decisões do CONTRAN, ao ministro ou dirigente
coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito;
XXVIII - estudar os casos omissos na legislação de trânsito e submetê-los, com proposta de solução,
ao Ministério ou órgão coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito;
XXIX - prestar suporte técnico, jurídico, administrativo e financeiro ao CONTRAN.
XXX - organizar e manter o Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf). (Incluído pela Lei nº
13.281, de 2016)
§ 1º - Comprovada, por meio de sindicância, a deficiência técnica ou administrativa ou a prática
constante de atos de improbidade contra a fé pública, contra o patrimônio ou contra a administração
pública, o órgão executivo de trânsito da União, mediante aprovação do CONTRAN, assumirá diretamente
ou por delegação, a execução total ou parcial das atividades do órgão executivo de trânsito estadual que
tenha motivado a investigação, até que as irregularidades sejam sanadas.
§ 2º - O regimento interno do órgão executivo de trânsito da União disporá sobre sua estrutura
organizacional e seu funcionamento.
§ 3º - Os órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios fornecerão, obrigatoriamente, mês a mês, os dados estatísticos para
os fins previstos no inciso X.
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 20 - Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das rodovias e estradas federais:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando operações relacionadas com a segurança pública,
com o objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;
III - aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito, as medidas administrativas
decorrentes e os valores provenientes de estada e remoção de veículos, objetos, animais e escolta de
veículos de cargas superdimensionadas ou perigosas;
IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito e dos serviços de atendimento, socorro
e salvamento de vítimas;
V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos serviços
de remoção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;
VI - assegurar a livre circulação nas rodovias federais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção
de medidas emergenciais, e zelar pelo cumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhança,
promovendo a interdição de construções e instalações não autorizadas;
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre acidentes de trânsito e suas causas, adotando
ou indicando medidas operacionais preventivas e encaminhando-os ao órgão rodoviário federal;
VIII - implementar as medidas da Política Nacional de Segurança e Educação de Trânsito;

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IX - promover e participar de projetos e programas de educação e segurança, de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
X - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação
e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do
licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários de
condutores de uma para outra unidade da Federação;
XI - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela
sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio, quando solicitado, às ações
específicas dos órgãos ambientais.

Art. 21 - Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e
promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;
III - implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle
viário;
IV - coletar dados e elaborar estudos sobre os acidentes de trânsito e suas causas;
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de policiamento ostensivo de trânsito, as respectivas
diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito;
VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar as penalidades de advertência, por escrito, e
ainda as multas e medidas administrativas cabíveis, notificando os infratores e arrecadando as multas
que aplicar;
VII - arrecadar valores provenientes de estada e remoção de veículos e objetos, e escolta de veículos
de cargas superdimensionadas ou perigosas;
VIII - fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e medidas administrativas cabíveis, relativas a infrações
por excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como notificar e arrecadar as multas que
aplicar;
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as
multas nele previstas;
X - implementar as medidas da Política Nacional de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
XI - promover e participar de projetos e programas de educação e segurança, de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
XII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação
e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do
licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários de
condutores de uma para outra unidade da Federação;
XIII - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela
sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio às ações específicas dos órgãos
ambientais locais, quando solicitado;
XIV - vistoriar veículos que necessitem de autorização especial para transitar e estabelecer os
requisitos técnicos a serem observados para a circulação desses veículos.

Art. 22 - Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal,
no âmbito de sua circunscrição:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;
II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão
de condutores, expedir e cassar Licença de Aprendizagem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional de
Habilitação, mediante delegação do órgão federal competente;
III - vistoriar, inspecionar quanto às condições de segurança veicular, registrar emplacar, selar a placa,
e licenciar veículos, expedindo o Certificado de Registro e o Licenciamento Anual, mediante delegação
do órgão federal competente;
IV - estabelecer, em conjunto com as Polícias Militares, as diretrizes para o policiamento ostensivo de
trânsito;
V - executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis pelas
infrações previstas neste Código, excetuadas aquelas relacionadas nos incisos VI e VIII do art. 24, no
exercício regular do Poder de Polícia de Trânsito;
VI - aplicar as penalidades por infrações previstas neste Código, com exceção daquelas relacionadas
nos incisos VII e VIII do art. 24, notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar;

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VII - arrecadar valores provenientes de estada e remoção de veículos e objetos;
VIII - comunicar ao órgão executivo de trânsito da União a suspensão e a cassação do direito de dirigir
e o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
IX - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre acidentes de trânsito e suas causas;
X - credenciar órgãos ou entidades para a execução de atividades previstas na legislação de trânsito,
na forma estabelecida em norma do CONTRAN;
XI - implementar as medidas da Política Nacional de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
XII - promover e participar de projetos e programas de educação e segurança de trânsito de acordo
com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação
e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do
licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários de
condutores de uma para outra unidade da Federação;
XIV - fornecer, aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários municipais, os
dados cadastrais dos veículos registrados e dos condutores habilitados, para fins de imposição e
notificação de penalidades e de arrecadação de multas nas áreas de suas competências;
XV - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela
sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio, quando solicitado, às ações
específicas dos órgãos ambientais locais;
XVI - articular-se com os demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação
do respectivo CETRAN.

Art. 23 - Compete às Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal:


I - (VETADO)
II - (VETADO)
III - executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio firmado, como agente do órgão
ou entidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários, concomitantemente com os demais agentes
credenciados;

Art. 24 - Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de
sua circunscrição:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e
promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;
III - implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle
viário;
IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os acidentes de trânsito e suas causas;
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia ostensiva de trânsito, as diretrizes para o
policiamento ostensivo de trânsito;
VI - executar a fiscalização de trânsito em vias terrestres, edificações de uso público e edificações
privadas de uso coletivo, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis e as penalidades de
advertência por escrito e multa, por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas neste
Código, no exercício regular do poder de polícia de trânsito, notificando os infratores e arrecadando as
multas que aplicar, exercendo iguais atribuições no âmbito de edificações privadas de uso coletivo,
somente para infrações de uso de vagas reservadas em estacionamentos; (Redação dada pela Lei nº
13.281, de 2016)
VII - aplicar as penalidades de advertência por escrito e multa, por infrações de circulação,
estacionamento e parada previstas neste Código, notificando os infratores e arrecadando as multas que
aplicar;
VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medidas administrativas cabíveis relativas a infrações
por excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como notificar e arrecadar as multas que
aplicar;
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as
multas nele previstas;
X - implantar, manter e operar sistema de estacionamento rotativo pago nas vias;
XI - arrecadar valores provenientes de estada e remoção de veículos e objetos, e escolta de veículos
de cargas superdimensionadas ou perigosas;
XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos serviços
de remoção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;

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XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação
e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do
licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários dos
condutores de uma para outra unidade da Federação;
XIV - implantar as medidas da Política Nacional de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
XV - promover e participar de projetos e programas de educação e segurança de trânsito de acordo
com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
XVI - planejar e implantar medidas para redução da circulação de veículos e reorientação do tráfego,
com o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes;
XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, veículos de tração e propulsão humana e de tração
animal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando multas decorrentes de
infrações;(Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
XVIII - conceder autorização para conduzir veículos de propulsão humana e de tração animal;
XIX - articular-se com os demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação
do respectivo CETRAN;
XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela
sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio às ações específicas de órgão
ambiental local, quando solicitado;
XXI - vistoriar veículos que necessitem de autorização especial para transitar e estabelecer os
requisitos técnicos a serem observados para a circulação desses veículos.
§ 1º - As competências relativas a órgão ou entidade municipal serão exercidas no Distrito Federal por
seu órgão ou entidade executivos de trânsito.
§ 2º - Para exercer as competências estabelecidas neste artigo, os Municípios deverão integrar-se ao
Sistema Nacional de Trânsito, conforme previsto no art. 333 deste Código.

Art. 25 - Os órgãos e entidades executivos do Sistema Nacional de Trânsito poderão celebrar convênio
delegando as atividades previstas neste Código, com vistas à maior eficiência e à segurança para os
usuários da via.
Parágrafo único - Os órgãos e entidades de trânsito poderão prestar serviços de capacitação técnica,
assessoria e monitoramento das atividades relativas ao trânsito durante prazo a ser estabelecido entre
as partes, com ressarcimento dos custos apropriados.

Resumindo:

Sistema Nacional de Trânsito


Federal Estadual Municipal
CETRAN Conselho
Normativos CONTRAN
CONTRADIFE Municipal
Departamento
Executivos DENATRAN DETRAN
Municipal
Exec. Prefeitura
DNIT DER
Rodoviários Municipal
Agente
Fiscalizadores PRF PM Municipal de
Trânsito
Recursais JARI JARI JARI

(...)

CAPÍTULO III-A
DA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS POR MOTORISTAS PROFISSIONAIS

Art. 67-A. O disposto neste Capítulo aplica-se aos motoristas profissionais: (Redação dada pela Lei nº
13.103, de 2015)
I - de transporte rodoviário coletivo de passageiros; (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)

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II - de transporte rodoviário de cargas. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 1o ao §7º (Revogados). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 8o (VETADO)

Art 67-B. (VETADO)

Art. 67-C. É vedado ao motorista profissional dirigir por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas
veículos de transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de transporte rodoviário de cargas. (Redação
dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 1o Serão observados 30 (trinta) minutos para descanso dentro de cada 6 (seis) horas na condução
de veículo de transporte de carga, sendo facultado o seu fracionamento e o do tempo de direção desde
que não ultrapassadas 5 (cinco) horas e meia contínuas no exercício da condução. (Incluído pela Lei nº
13.103, de 2015)
§ 1o-A. Serão observados 30 (trinta) minutos para descanso a cada 4 (quatro) horas na condução de
veículo rodoviário de passageiros, sendo facultado o seu fracionamento e o do tempo de direção. (Incluído
pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 2o Em situações excepcionais de inobservância justificada do tempo de direção, devidamente
registradas, o tempo de direção poderá ser elevado pelo período necessário para que o condutor, o
veículo e a carga cheguem a um lugar que ofereça a segurança e o atendimento demandados, desde
que não haja comprometimento da segurança rodoviária. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 3o O condutor é obrigado, dentro do período de 24 (vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de 11
(onze) horas de descanso, que podem ser fracionadas, usufruídas no veículo e coincidir com os intervalos
mencionados no § 1o, observadas no primeiro período 8 (oito) horas ininterruptas de descanso. (Incluído
pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 4o Entende-se como tempo de direção ou de condução apenas o período em que o condutor estiver
efetivamente ao volante, em curso entre a origem e o destino. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 5o Entende-se como início de viagem a partida do veículo na ida ou no retorno, com ou sem carga,
considerando-se como sua continuação as partidas nos dias subsequentes até o destino. (Incluído pela
Lei nº 13.103, de 2015)
§ 6o O condutor somente iniciará uma viagem após o cumprimento integral do intervalo de descanso
previsto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 7o Nenhum transportador de cargas ou coletivo de passageiros, embarcador, consignatário de
cargas, operador de terminais de carga, operador de transporte multimodal de cargas ou agente de cargas
ordenará a qualquer motorista a seu serviço, ainda que subcontratado, que conduza veículo referido no
caput sem a observância do disposto no § 6o. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)

Art. 67-D. (VETADO).

Art. 67-E. O motorista profissional é responsável por controlar e registrar o tempo de condução
estipulado no art. 67-C, com vistas à sua estrita observância. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 1o A não observância dos períodos de descanso estabelecidos no art. 67-C sujeitará o motorista
profissional às penalidades daí decorrentes, previstas neste Código. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 2o O tempo de direção será controlado mediante registrador instantâneo inalterável de velocidade e
tempo e, ou por meio de anotação em diário de bordo, ou papeleta ou ficha de trabalho externo, ou por
meios eletrônicos instalados no veículo, conforme norma do Contran. (Incluído pela Lei nº 13.103, de
2015)
§ 3o O equipamento eletrônico ou registrador deverá funcionar de forma independente de qualquer
interferência do condutor, quanto aos dados registrados. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 4o A guarda, a preservação e a exatidão das informações contidas no equipamento registrador
instantâneo inalterável de velocidade e de tempo são de responsabilidade do condutor. (Incluído pela Lei
nº 13.103, de 2015)

CAPÍTULO IV
DOS PEDESTRES E CONDUTORES DE VEÍCULOS NÃO MOTORIZADOS

Art. 68 - É assegurada ao pedestre a utilização dos passeios ou passagens apropriadas das vias
urbanas e dos acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a autoridade competente permitir
a utilização de parte da calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao fluxo de pedestres.
§ 1º - O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deveres.

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§ 2º - Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou quando não for possível a utilização destes,
a circulação de pedestres na pista de rolamento será feita com prioridade sobre os veículos, pelos bordos
da pista, em fila única, exceto em locais proibidos pela sinalização e nas situações em que a segurança
ficar comprometida.
§ 3º - Nas vias rurais, quando não houver acostamento ou quando não for possível a utilização dele, a
circulação de pedestres, na pista de rolamento, será feita com prioridade sobre os veículos, pelos bordos
da pista, em fila única, em sentido contrário ao deslocamento de veículos, exceto em locais proibidos pela
sinalização e nas situações em que a segurança ficar comprometida.
§ 4º - (VETADO)
§ 5º - Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras de arte a serem construídas, deverá ser previsto
passeio destinado à circulação dos pedestres, que não deverão, nessas condições, usar o acostamento.
§ 6º - Onde houver obstrução da calçada ou da passagem para pedestres, o órgão ou entidade com
circunscrição sobre a via deverá assegurar a devida sinalização e proteção para circulação de pedestres.

Art. 69 - Para cruzar a pista de rolamento o pedestre tomará precauções de segurança, levando em
conta, principalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos veículos, utilizando sempre as faixas
ou passagens a ele destinadas sempre que estas existirem numa distância de até cinquenta metros dele,
observadas as seguintes disposições:
I - onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento da via deverá ser feito em sentido perpendicular
ao de seu eixo;
II - para atravessar uma passagem sinalizada para pedestres ou delimitada por marcas sobre a pista:
a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indicações das luzes;
b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o
fluxo de veículos;
III - nas interseções e em suas proximidades, onde não existam faixas de travessia, os pedestres
devem atravessar a via na continuação da calçada, observadas as seguintes normas:
a) não deverão adentrar na pista sem antes se certificar de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito
de veículos;
b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pedestres não deverão aumentar o seu percurso,
demorar-se ou parar sobre ela sem necessidade.

Art. 70 - Os pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para esse fim
terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, onde deverão ser
respeitadas as disposições deste Código.
Parágrafo único - Nos locais em que houver sinalização semafórica de controle de passagem será
dada preferência aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mesmo em caso de mudança do
semáforo liberando a passagem dos veículos.

Art. 71 - O órgão ou entidade com circunscrição sobre a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e
passagens de pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segurança e sinalização.

CAPÍTULO V
DO CIDADÃO

Art. 72 - Todo cidadão ou entidade civil tem o direito de solicitar, por escrito, aos órgãos ou entidades
do Sistema Nacional de Trânsito, sinalização, fiscalização e implantação de equipamentos de segurança,
bem como sugerir alterações em normas, legislação e outros assuntos pertinentes a este Código.

Art. 73 - Os órgãos ou entidades pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito têm o dever de analisar
as solicitações e responder, por escrito, dentro de prazos mínimos, sobre a possibilidade ou não de
atendimento, esclarecendo ou justificando a análise efetuada, e, se pertinente, informando ao solicitante
quando tal evento ocorrerá.
Parágrafo único - As campanhas de trânsito devem esclarecer quais as atribuições dos órgãos e
entidades pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito e como proceder a tais solicitações.

CAPÍTULO VI
DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO

Art. 74 - A educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes
do Sistema Nacional de Trânsito.

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§ 1º - É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada órgão ou entidade componente
do Sistema Nacional de Trânsito.
§ 2º - Os órgãos ou entidades executivos de trânsito deverão promover, dentro de sua estrutura
organizacional ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e
padrões estabelecidos pelo CONTRAN.

Art. 75 - O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de


âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de
Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana
Nacional de Trânsito.
§ 1º - Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas
no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais.
§ 2º - As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e
difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las
gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de
Trânsito.

Art. 76 - A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus,
por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de
Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas
áreas de atuação.
Parágrafo único - Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto,
mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente
ou mediante convênio, promoverá:
I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático
sobre segurança de trânsito;
II - a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de formação para o
magistério e o treinamento de professores e multiplicadores;
III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de dados estatísticos
relativos ao trânsito;
IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares
universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito.

Art. 77 - No âmbito da educação para o trânsito caberá ao Ministério da Saúde, mediante proposta do
CONTRAN, estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a serem seguidas nos primeiros
socorros em caso de acidente de trânsito.
Parágrafo único - As campanhas terão caráter permanente por intermédio do Sistema Único de Saúde
- SUS, sendo intensificadas nos períodos e na forma estabelecidos no art. 76.

Art. 77-A. São assegurados aos órgãos ou entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito
os mecanismos instituídos nos arts. 77-B a 77-E para a veiculação de mensagens educativas de trânsito
em todo o território nacional, em caráter suplementar às campanhas previstas nos arts. 75 e 77.

Art. 77-B. Toda peça publicitária destinada à divulgação ou promoção, nos meios de comunicação
social, de produto oriundo da indústria automobilística ou afim, incluirá, obrigatoriamente, mensagem
educativa de trânsito a ser conjuntamente veiculada.
§ 1º Para os efeitos dos arts. 77-A a 77-E, consideram-se produtos oriundos da indústria
automobilística ou afins:
I – os veículos rodoviários automotores de qualquer espécie, incluídos os de passageiros e os de
carga;
II – os componentes, as peças e os acessórios utilizados nos veículos mencionados no inciso I.
§ 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se à propaganda de natureza comercial, veiculada por
iniciativa do fabricante do produto, em qualquer das seguintes modalidades:
I – rádio;
II – televisão;
III – jornal;
IV – revista;
V – outdoor.

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§ 3º Para efeito do disposto no § 2º, equiparam-se ao fabricante o montador, o encarroçador, o
importador e o revendedor autorizado dos veículos e demais produtos discriminados no § 1º deste artigo.

Art. 77-C. Quando se tratar de publicidade veiculada em outdoor instalado à margem de rodovia,
dentro ou fora da respectiva faixa de domínio, a obrigação prevista no art. 77-B estende-se à propaganda
de qualquer tipo de produto e anunciante, inclusive àquela de caráter institucional ou eleitoral.

Art. 77-D. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) especificará o conteúdo e o padrão de


apresentação das mensagens, bem como os procedimentos envolvidos na respectiva veiculação, em
conformidade com as diretrizes fixadas para as campanhas educativas de trânsito a que se refere o art.
75.

Art. 77-E. A veiculação de publicidade feita em desacordo com as condições fixadas nos arts. 77-A a
77-D constitui infração punível com as seguintes sanções:
I – advertência por escrito;
II – suspensão, nos veículos de divulgação da publicidade, de qualquer outra propaganda do produto,
pelo prazo de até 60 (sessenta) dias;
III - multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e sete reais) a R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e
cinco reais), cobrada do dobro até o quíntuplo em caso de reincidência. (Redação dada pela Lei nº
13.281, de 2016)
§ 1º As sanções serão aplicadas isolada ou cumulativamente, conforme dispuser o regulamento.
§ 2º Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, qualquer infração acarretará a imediata suspensão
da veiculação da peça publicitária até que sejam cumpridas as exigências fixadas nos arts. 77-A a 77-D.

Art. 78 - Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da


Justiça, por intermédio do CONTRAN, desenvolverão e implementarão programas destinados à
prevenção de acidentes.
Parágrafo único - O percentual de dez por cento do total dos valores arrecadados destinados à
Previdência Social, do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos
Automotores de Via Terrestre - DPVAT, de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, serão
repassados mensalmente ao Coordenador do Sistema Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em
programas de que trata este artigo.

Art. 79 - Os órgãos e entidades executivos de trânsito poderão firmar convênio com os órgãos de
educação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, objetivando o cumprimento das
obrigações estabelecidas neste capítulo.

SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO

É através da sinalização do trânsito que se orienta, adverte, informa, regula e controla a adequada
circulação de pedestres e veículos pelas vias terrestres. O Código de Trânsito (ou em legislação
complementar) determina que sempre que se fizer necessário, serão colocadas nas vias sinais de
trânsito.

CAPÍTULO VII
DA SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO

Art. 80 - Sempre que necessário, será colocada ao longo da via, sinalização prevista neste Código e
em legislação complementar, destinada a condutores e pedestres, vedada a utilização de qualquer outra.
§ 1º - A sinalização será colocada em posição e condições que a tornem perfeitamente visível e legível
durante o dia e a noite, em distância compatível com a segurança do trânsito, conforme normas e
especificações do CONTRAN.
§ 2º - O CONTRAN poderá autorizar, em caráter experimental e por período prefixado, a utilização de
sinalização não prevista neste Código.
§ 3º A responsabilidade pela instalação da sinalização nas vias internas pertencentes aos condomínios
constituídos por unidades autônomas e nas vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados
de uso coletivo é de seu proprietário. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

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Art. 81 - Nas vias públicas e nos imóveis é proibido colocar luzes, publicidade, inscrições, vegetação
e mobiliário que possam gerar confusão, interferir na visibilidade da sinalização e comprometer a
segurança do trânsito.

Art. 82 - É proibido afixar sobre a sinalização de trânsito e respectivos suportes, ou junto a ambos,
qualquer tipo de publicidade, inscrições, legendas e símbolos que não se relacionem com a mensagem
da sinalização.

Art. 83 - A afixação de publicidade ou de quaisquer legendas ou símbolos ao longo das vias


condiciona-se à prévia aprovação do órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.

Art. 84 - O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via poderá retirar ou determinar a
imediata retirada de qualquer elemento que prejudique a visibilidade da sinalização viária e a segurança
do trânsito, com ônus para quem o tenha colocado.

Art. 85 - Os locais destinados pelo órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via à
travessia de pedestres deverão ser sinalizados com faixas pintadas ou demarcadas no leito da via.

Art. 86 - Os locais destinados a postos de gasolina, oficinas, estacionamentos ou garagens de uso


coletivo deverão ter suas entradas e saídas devidamente identificadas, na forma regulamentada pelo
CONTRAN.

Art. 86-A. (Vide Lei nº 13.146, de 2015)

Art. 87 - Os sinais de trânsito classificam-se em:


I - verticais;
II - horizontais;
III - dispositivos de sinalização auxiliar;
IV - luminosos;
V - sonoros;
VI - gestos do agente de trânsito e do condutor.

Art. 88 - Nenhuma via pavimentada poderá ser entregue após sua construção, ou reaberta ao trânsito
após a realização de obras ou de manutenção, enquanto não estiver devidamente sinalizada, vertical e
horizontalmente, de forma a garantir as condições adequadas de segurança na circulação.
Parágrafo único - Nas vias ou trechos de vias em obras deverá ser afixada sinalização específica e
adequada.

Art. 89 - A sinalização terá a seguinte ordem de prevalência:


I - as ordens do agente de trânsito sobre as normas de circulação e outros sinais;
II - as indicações do semáforo sobre os demais sinais;
III - as indicações dos sinais sobre as demais normas de trânsito.

Art. 90 - Não serão aplicadas as sanções previstas neste Código por inobservância à sinalização
quando esta for insuficiente ou incorreta.
§ 1º - O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via é responsável pela implantação
da sinalização, respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta colocação.
§ 2º - O CONTRAN editará normas complementares no que se refere à interpretação, colocação e uso
da sinalização.

NOTA: A Resolução do CONTRAN nº 160/2004 disciplina a “Sinalização de Trânsito”, caso haja


disponibilidade de tempo para complementação do estudo, esta pode ser consultada no site:
http://www.denatran.gov.br/resolucoes.htm.

CAPÍTULO VIII
DA ENGENHARIA DE TRÁFEGO, DA OPERAÇÃO, DA FISCALIZAÇÃO E DO POLICIAMENTO
OSTENSIVO DE TRÂNSITO

Art. 91 - O CONTRAN estabelecerá as normas e regulamentos a serem adotados em todo o território


nacional quando da implementação das soluções adotadas pela Engenharia de Tráfego, assim como
padrões a serem praticados por todos os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito.

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Art. 92 - (VETADO)

Art. 93 - Nenhum projeto de edificação que possa transformar-se em polo atrativo de trânsito poderá
ser aprovado sem prévia anuência do órgão ou entidade com circunscrição sobre a via e sem que do
projeto conste área para estacionamento e indicação das vias de acesso adequadas.

Art. 94 - Qualquer obstáculo à livre circulação e à segurança de veículos e pedestres, tanto na via
quanto na calçada, caso não possa ser retirado, deve ser devida e imediatamente sinalizado.
Parágrafo único - É proibida a utilização das ondulações transversais e de sonorizadores como
redutores de velocidade, salvo em casos especiais definidos pelo órgão ou entidade competente, nos
padrões e critérios estabelecidos pelo CONTRAN.

Art. 95 - Nenhuma obra ou evento que possa perturbar ou interromper a livre circulação de veículos e
pedestres, ou colocar em risco sua segurança, será iniciada sem permissão prévia do órgão ou entidade
de trânsito com circunscrição sobre a via.
§ 1º - A obrigação de sinalizar é do responsável pela execução ou manutenção da obra ou do evento.
§ 2º - Salvo em casos de emergência, a autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via avisará
a comunidade, por intermédio dos meios de comunicação social, com quarenta e oito horas de
antecedência, de qualquer interdição da via, indicando-se os caminhos alternativos a serem utilizados.
§ 3º O descumprimento do disposto neste artigo será punido com multa de R$ 81,35 (oitenta e um
reais e trinta e cinco centavos) a R$ 488,10 (quatrocentos e oitenta e oito reais e dez centavos),
independentemente das cominações cíveis e penais cabíveis, além de multa diária no mesmo valor até a
regularização da situação, a partir do prazo final concedido pela autoridade de trânsito, levando-se em
consideração a dimensão da obra ou do evento e o prejuízo causado ao trânsito. (Redação pela Lei nº
13.281, de 2016)
§ 4º - Ao servidor público responsável pela inobservância de qualquer das normas previstas neste e
nos arts. 93 e 94, a autoridade de trânsito aplicará multa diária na base de cinquenta por cento do dia de
vencimento ou remuneração devida enquanto permanecer a irregularidade.

Classificação dos Veículos

As classificações dos veículos foram definidas por começarem a perceber que os veículos estavam
sendo utilizados de diversas maneiras e com variados objetivos, portanto, classificarão os veículos de
acordo com as necessidades e utilização em que eles se adequavam, foram divididas em três tipos de
classificação, tração, espécie e categoria. Cada classificação se estende de acordo com a finalidade em
que cada um dos veículos se propõe.

Assim disciplina o CTB sobre o assunto:

CAPÍTULO IX
DOS VEÍCULOS
Seção I
Disposições Gerais

Art. 96 - Os veículos classificam-se em:


I - quanto à tração:
a) automotor;
b) elétrico;
c) de propulsão humana;
d) de tração animal;
e) reboque ou semirreboque;
II - quanto à espécie:
a) de passageiros:
1 - bicicleta;
2 - ciclomotor;
3 - motoneta;
4 - motocicleta;
5 - triciclo;
6 - quadriciclo;

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7 - automóvel;
8 - micro-ônibus;
9 - ônibus;
10 - bonde;
11 - reboque ou semirreboque;
12 - charrete;
b) de carga:
1 - motoneta;
2 - motocicleta;
3 - triciclo;
4 - quadriciclo;
5 - caminhonete;
6 - caminhão;
7 - reboque ou semirreboque;
8 - carroça;
9 - carro-de-mão;
c) misto:
1 - camioneta;
2 - utilitário;
3 - outros;
d) de competição;
e) de tração:
1 - caminhão-trator;
2 - trator de rodas;
3 - trator de esteiras;
4 - trator misto;
f) especial;
g) de coleção;
III - quanto à categoria:
a) oficial;
b) de representação diplomática, de repartições consulares de carreira ou organismos internacionais
acreditados junto ao Governo brasileiro;
c) particular;
d) de aluguel;
e) de aprendizagem.

Para memorização:

a) automotor;
I - quanto à b) elétrico;
tração: c) de propulsão humana;
d) de tração animal;
e) reboque ou semirreboque;
1 - bicicleta;
2 - ciclomotor;
3 - motoneta;
4 - motocicleta;
5 - triciclo;
6 - quadriciclo;
a) de
II - quanto à 7 - automóvel;
passageiros:
espécie: 8 - micro-ônibus;
9 - ônibus;
10 - bonde;
11 - reboque ou
semirreboque;
12 - charrete;
b) de carga: 1 - motoneta;

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2 - motocicleta;
3 - triciclo;
4 - quadriciclo;
5 - caminhonete;
6 - caminhão;
7 - reboque ou
semirreboque;
8 - carroça;
9 - carro-de-mão;
1 - camioneta;
c) misto: 2 - utilitário;
3 - outros;
d) de competição;
1 - caminhão-
trator;
2 - trator de
e) de tração: rodas;
3 - trator de
esteiras;
4 - trator misto;

f) especial;
g) de coleção;

a) oficial;
b) de representação diplomática, de
repartições consulares de carreira ou
III - quanto à organismos internacionais acreditados
categoria: junto ao Governo brasileiro;
c) particular;
d) de aluguel;
e) de aprendizagem.

Art. 97 - As características dos veículos, suas especificações básicas, configuração e condições


essenciais para registro, licenciamento e circulação serão estabelecidas pelo CONTRAN, em função de
suas aplicações.

Art. 98 - Nenhum proprietário ou responsável poderá, sem prévia autorização da autoridade


competente, fazer ou ordenar que sejam feitas no veículo modificações de suas características de fábrica.
Parágrafo único - Os veículos e motores novos ou usados que sofrerem alterações ou conversões
são obrigados a atender aos mesmos limites e exigências de emissão de poluentes e ruído previstos
pelos órgãos ambientais competentes e pelo CONTRAN, cabendo à entidade executora das modificações
e ao proprietário do veículo a responsabilidade pelo cumprimento das exigências.

Art. 99 - Somente poderá transitar pelas vias terrestres o veículo cujo peso e dimensões atenderem
aos limites estabelecidos pelo CONTRAN.
§ 1º - O excesso de peso será aferido por equipamento de pesagem ou pela verificação de documento
fiscal, na forma estabelecida pelo CONTRAN.
§ 2º - Será tolerado um percentual sobre os limites de peso bruto total e peso bruto transmitido por
eixo de veículos à superfície das vias, quando aferido por equipamento, na forma estabelecida pelo
CONTRAN.
§ 3º - Os equipamentos fixos ou móveis utilizados na pesagem de veículos serão aferidos de acordo
com a metodologia e na periodicidade estabelecidas pelo CONTRAN, ouvido o órgão ou entidade de
metrologia legal.

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Art. 100 - Nenhum veículo ou combinação de veículos poderá transitar com lotação de passageiros,
com peso bruto total, ou com peso bruto total combinado com peso por eixo, superior ao fixado pelo
fabricante, nem ultrapassar a capacidade máxima de tração da unidade tratora.
§ 1º Os veículos de transporte coletivo de passageiros poderão ser dotados de pneus extralargos.
(Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 2º O Contran regulamentará o uso de pneus extralargos para os demais veículos. (Incluído pela Lei
nº 13.281, de 2016)
§ 3º É permitida a fabricação de veículos de transporte de passageiros de até 15 m (quinze metros) de
comprimento na configuração de chassi 8x2. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 101 - Ao veículo ou combinação de veículos utilizado no transporte de carga indivisível, que não
se enquadre nos limites de peso e dimensões estabelecidos pelo CONTRAN, poderá ser concedida, pela
autoridade com circunscrição sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo certo, válida para
cada viagem, atendidas as medidas de segurança consideradas necessárias.
§ 1º - A autorização será concedida mediante requerimento que especificará as características do
veículo ou combinação de veículos e de carga, o percurso, a data e o horário do deslocamento inicial.
§ 2º - A autorização não exime o beneficiário da responsabilidade por eventuais danos que o veículo
ou a combinação de veículos causar à via ou a terceiros.
§ 3º - Aos guindastes autopropelidos ou sobre caminhões poderá ser concedida, pela autoridade com
circunscrição sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo de seis meses, atendidas as
medidas de segurança consideradas necessárias.

Art. 102 - O veículo de carga deverá estar devidamente equipado quando transitar, de modo a evitar
o derramamento da carga sobre a via.
Parágrafo único - O CONTRAN fixará os requisitos mínimos e a forma de proteção das cargas de que
trata este artigo, de acordo com a sua natureza.

Seção II
Da Segurança dos Veículos

Art. 103 - O veículo só poderá transitar pela via quando atendidos os requisitos e condições de
segurança estabelecidos neste Código e em normas do CONTRAN.
§ 1º - Os fabricantes, os importadores, os montadores e os encarroçadores de veículos deverão emitir
certificado de segurança, indispensável ao cadastramento no RENAVAM, nas condições estabelecidas
pelo CONTRAN.
§ 2º - O CONTRAN deverá especificar os procedimentos e a periodicidade para que os fabricantes, os
importadores, os montadores e os encarroçadores comprovem o atendimento aos requisitos de
segurança veicular, devendo, para isso, manter disponíveis a qualquer tempo os resultados dos testes e
ensaios dos sistemas e componentes abrangidos pela legislação de segurança veicular.

Art. 104 - Os veículos em circulação terão suas condições de segurança, de controle de emissão de
gases poluentes e de ruído avaliadas mediante inspeção, que será obrigatória, na forma e periodicidade
estabelecidas pelo CONTRAN para os itens de segurança e pelo CONAMA para emissão de gases
poluentes e ruído.
§ 1º ao §4º- (VETADOS)
§ 5º - Será aplicada a medida administrativa de retenção aos veículos reprovados na inspeção de
segurança e na de emissão de gases poluentes e ruído.
§ 6º Estarão isentos da inspeção de que trata o caput, durante 3 (três) anos a partir do primeiro
licenciamento, os veículos novos classificados na categoria particular, com capacidade para até 7 (sete)
passageiros, desde que mantenham suas características originais de fábrica e não se envolvam em
acidente de trânsito com danos de média ou grande monta. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 7º Para os demais veículos novos, o período de que trata o § 6º será de 2 (dois) anos, desde que
mantenham suas características originais de fábrica e não se envolvam em acidente de trânsito com
danos de média ou grande monta. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 105 - São equipamentos obrigatórios dos veículos, entre outros a serem estabelecidos pelo
CONTRAN:
I - cinto de segurança, conforme regulamentação específica do CONTRAN, com exceção dos veículos
destinados ao transporte de passageiros em percursos em que seja permitido viajar em pé;

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II - para os veículos de transporte e de condução escolar, os de transporte de passageiros com mais
de dez lugares e os de carga com peso bruto total superior a quatro mil, quinhentos e trinta e seis
quilogramas, equipamento registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo;
III - encosto de cabeça, para todos os tipos de veículos automotores, segundo normas estabelecidas
pelo CONTRAN;
IV - (VETADO)
V - dispositivo destinado ao controle de emissão de gases poluentes e de ruído, segundo normas
estabelecidas pelo CONTRAN.
VI - para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e
espelho retrovisor do lado esquerdo.
VII - equipamento suplementar de retenção - air bag frontal para o condutor e o passageiro do banco
dianteiro
§ 1º - O CONTRAN disciplinará o uso dos equipamentos obrigatórios dos veículos e determinará suas
especificações técnicas.
§ 2º - Nenhum veículo poderá transitar com equipamento ou acessório proibido, sendo o infrator sujeito
às penalidades e medidas administrativas previstas neste Código.
§ 3º - Os fabricantes, os importadores, os montadores, os encarroçadores de veículos e os
revendedores devem comercializar os seus veículos com os equipamentos obrigatórios definidos neste
artigo, e com os demais estabelecidos pelo CONTRAN.
§ 4º - O CONTRAN estabelecerá o prazo para o atendimento do disposto neste artigo.
§ 5º A exigência estabelecida no inciso VII do caput deste artigo será progressivamente incorporada
aos novos projetos de automóveis e dos veículos deles derivados, fabricados, importados, montados ou
encarroçados, a partir do 1º (primeiro) ano após a definição pelo Contran das especificações técnicas
pertinentes e do respectivo cronograma de implantação e a partir do 5º (quinto) ano, após esta definição,
para os demais automóveis zero quilômetro de modelos ou projetos já existentes e veículos deles
derivados.
§ 6º A exigência estabelecida no inciso VII do caput deste artigo não se aplica aos veículos destinados
à exportação.

Art. 106 - No caso de fabricação artesanal ou de modificação de veículo ou, ainda, quando ocorrer
substituição de equipamento de segurança especificado pelo fabricante, será exigido, para licenciamento
e registro, certificado de segurança expedido por instituição técnica credenciada por órgão ou entidade
de metrologia legal, conforme norma elaborada pelo CONTRAN.

Art. 107 - Os veículos de aluguel, destinados ao transporte individual ou coletivo de passageiros,


deverão satisfazer, além das exigências previstas neste Código, às condições técnicas e aos requisitos
de segurança, higiene e conforto estabelecidos pelo poder competente para autorizar, permitir ou
conceder a exploração dessa atividade.

Art. 108 - Onde não houver linha regular de ônibus, a autoridade com circunscrição sobre a via poderá
autorizar, a título precário, o transporte de passageiros em veículo de carga ou misto, desde que
obedecidas as condições de segurança estabelecidas neste Código e pelo CONTRAN.
Parágrafo único - A autorização citada no caput não poderá exceder a doze meses, prazo a partir do
qual a autoridade pública responsável deverá implantar o serviço regular de transporte coletivo de
passageiros, em conformidade com a legislação pertinente e com os dispositivos deste Código.

Art. 109 - O transporte de carga em veículos destinados ao transporte de passageiros só pode ser
realizado de acordo com as normas estabelecidas pelo CONTRAN.

Art. 110 - O veículo que tiver alterada qualquer de suas características para competição ou finalidade
análoga só poderá circular nas vias públicas com licença especial da autoridade de trânsito, em itinerário
e horário fixados.

Art. 111 - É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo:


I - (VETADO)
II - o uso de cortinas, persianas fechadas ou similares nos veículos em movimento, salvo nos que
possuam espelhos retrovisores em ambos os lados.
III - aposição de inscrições, películas refletivas ou não, painéis decorativos ou pinturas, quando
comprometer a segurança do veículo, na forma de regulamentação do CONTRAN.

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Parágrafo único - É proibido o uso de inscrição de caráter publicitário ou qualquer outra que possa
desviar a atenção dos condutores em toda a extensão do para-brisa e da traseira dos veículos, salvo se
não colocar em risco a segurança do trânsito.

Art. 112 - REVOGADO.

Art. 113 - Os importadores, as montadoras, as encarroçadoras e fabricantes de veículos e autopeças


são responsáveis civil e criminalmente por danos causados aos usuários, a terceiros, e ao meio ambiente,
decorrentes de falhas oriundas de projetos e da qualidade dos materiais e equipamentos utilizados na
sua fabricação.

Seção III
Da Identificação do Veículo

Art. 114 - O veículo será identificado obrigatoriamente por caracteres gravados no chassi ou no
monobloco, reproduzidos em outras partes, conforme dispuser o CONTRAN.
§ 1º - A gravação será realizada pelo fabricante ou montador, de modo a identificar o veículo, seu
fabricante e as suas características, além do ano de fabricação, que não poderá ser alterado.
§ 2º - As regravações, quando necessárias, dependerão de prévia autorização da autoridade executiva
de trânsito e somente serão processadas por estabelecimento por ela credenciado, mediante a
comprovação de propriedade do veículo, mantida a mesma identificação anterior, inclusive o ano de
fabricação.
§ 3º - Nenhum proprietário poderá, sem prévia permissão da autoridade executiva de trânsito, fazer,
ou ordenar que se faça, modificações da identificação de seu veículo.

Art. 115 - O veículo será identificado externamente por meio de placas dianteira e traseira, sendo esta
lacrada em sua estrutura, obedecidas as especificações e modelos estabelecidos pelo CONTRAN.
§ 1º - Os caracteres das placas serão individualizados para cada veículo e o acompanharão até a baixa
do registro, sendo vedado seu reaproveitamento.
§ 2º - As placas com as cores verde e amarela da Bandeira Nacional serão usadas somente pelos
veículos de representação pessoal do Presidente e do Vice-Presidente da República, dos Presidentes do
Senado Federal e da Câmara dos Deputados, do Presidente e dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, dos Ministros de Estado, do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República.
§ 3º - Os veículos de representação dos Presidentes dos Tribunais Federais, dos Governadores,
Prefeitos, Secretários Estaduais e Municipais, dos Presidentes das Assembleias Legislativas, das
Câmaras Municipais, dos Presidentes dos Tribunais Estaduais e do Distrito Federal, e do respectivo chefe
do Ministério Público e ainda dos Oficiais Generais das Forças Armadas terão placas especiais, de acordo
com os modelos estabelecidos pelo CONTRAN.
§ 4º Os aparelhos automotores destinados a puxar ou a arrastar maquinaria de qualquer natureza ou
a executar trabalhos de construção ou de pavimentação são sujeitos ao registro na repartição
competente, se transitarem em via pública, dispensados o licenciamento e o emplacamento.
(Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 4º-A. Os tratores e demais aparelhos automotores destinados a puxar ou a arrastar maquinaria
agrícola ou a executar trabalhos agrícolas, desde que facultados a transitar em via pública, são sujeitos
ao registro único, sem ônus, em cadastro específico do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, acessível aos componentes do Sistema Nacional de Trânsito. (Redação dada pela Lei
nº 13.154, de 2015)
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica aos veículos de uso bélico.
§ 6º Os veículos de duas ou três rodas são dispensados da placa dianteira.
§ 7º Excepcionalmente, mediante autorização específica e fundamentada das respectivas
corregedorias e com a devida comunicação aos órgãos de trânsito competentes, os veículos utilizados
por membros do Poder Judiciário e do Ministério Público que exerçam competência ou atribuição criminal
poderão temporariamente ter placas especiais, de forma a impedir a identificação de seus usuários
específicos, na forma de regulamento a ser emitido, conjuntamente, pelo Conselho Nacional de Justiça -
CNJ, pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP e pelo Conselho Nacional de Trânsito -
CONTRAN.
§ 8º Os veículos artesanais utilizados para trabalho agrícola (jericos), para efeito do registro de que
trata o § 4º-A, ficam dispensados da exigência prevista no art. 106. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

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§ 9º As placas que possuírem tecnologia que permita a identificação do veículo ao qual estão atreladas
são dispensadas da utilização do lacre previsto no caput, na forma a ser regulamentada pelo Contran.
(Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 116 - Os veículos de propriedade da União, dos Estados e do Distrito Federal, devidamente
registrados e licenciados, somente quando estritamente usados em serviço reservado de caráter policial,
poderão usar placas particulares, obedecidos os critérios e limites estabelecidos pela legislação que
regulamenta o uso de veículo oficial.

Art. 117 - Os veículos de transporte de carga e os coletivos de passageiros deverão conter, em local
facilmente visível, a inscrição indicativa de sua tara, do peso bruto total (PBT), do peso bruto total
combinado (PBTC) ou capacidade máxima de tração (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em desacordo
com sua classificação.

CAPÍTULO X
DOS VEÍCULOS EM CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL

Art. 118 - A circulação de veículo no território nacional, independentemente de sua origem, em trânsito
entre o Brasil e os países com os quais exista acordo ou tratado internacional, reger-se-á pelas
disposições deste Código, pelas convenções e acordos internacionais ratificados.

Art. 119 - As repartições aduaneiras e os órgãos de controle de fronteira comunicarão diretamente ao


RENAVAM a entrada e saída temporária ou definitiva de veículos.
§ 1º Os veículos licenciados no exterior não poderão sair do território nacional sem o prévio pagamento
ou o depósito, judicial ou administrativo, dos valores correspondentes às infrações de trânsito cometidas
e ao ressarcimento de danos que tiverem causado ao patrimônio público ou de particulares,
independentemente da fase do processo administrativo ou judicial envolvendo a questão. (Incluído pela
Lei nº 13.281, de 2016)
§ 2º Os veículos que saírem do território nacional sem o cumprimento do disposto no § 1º e que
posteriormente forem flagrados tentando ingressar ou já em circulação no território nacional serão retidos
até a regularização da situação. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)

Registro e Licenciamento de Veículos

O registro é o procedimento obrigatório para todo o veículo automotor, elétrico, articulado, reboque
ou semirreboque, junto ao órgão executivo de trânsito do Estado.
A maioria dos veículos, ao serem produzidos, devem ser pré-cadastrados na Base Índice Nacional -
BIN, onde constam dados característicos do veículo como o número do chassi, números do motor e
carroceria, cor, espécie, tipo, ano, marca/modelo, CNPJ da revenda para onde o veículo foi faturado e
etc.
Ao ser registrado no CRVA (Centro de Registro de Veículos Automotores), os dados do veículo são
completados no cadastro da BIN, mediante a inclusão do CPF/CNPJ do proprietário, município e Unidade
da Federação (UF). O sistema informatizado gera um número chamado número de RENAVAM que é
mais um elemento para identificação do veículo.
Excetuam-se do registro junto ao órgão executivo de trânsito por pertencerem à atribuição dos
Municípios, no âmbito de sua circunscrição, conforme preceitua o art. 24, inciso XVII da Lei Federal
9.503/97 – CTB, os seguintes veículos:
a) Bicicleta;
b) Charrete;
c) Carroça;
d) Carro-de-mão.

O licenciamento é a regularização anual do veículo junto ao Departamento Estadual de Trânsito para


efeitos de verificação das condições de segurança bem como da quitação dos débitos, previstos na
legislação em vigor.
De acordo com o Artigo 131, §2º, do Código de Trânsito Brasileiro, o veículo somente será considerado
licenciado estando quitados os débitos relativos a tributos, encargos e multas de trânsito e ambientais,
vinculados ao veículo, independente da responsabilidade pelas infrações cometidas.

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Para fins de cumprimento da legislação de trânsito, os veículos devem ter seus licenciamentos
renovados anualmente. O processo de renovação do licenciamento anual compreende o recolhimento
do imposto - IPVA, seguro DPVAT, taxas e multas devidas vinculadas ao veículo, conforme calendário.
Após a quitação dos débitos é expedido o Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo - CRLV.
O Certificado de Licenciamento Anual de Veículos é o documento de registro e identificação, de
porte obrigatório, para trafegar com o veículo. Com a renovação do licenciamento o veículo esta em
condições legais de circulação. O veículo para ter o Certificado liberado não pode apresentar multas em
aberto (multas suspensas não impedem o licenciamento).
Os valores do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), seguro obrigatório e taxa
de licenciamento, são divulgados no início de cada ano.

CAPÍTULO XI
DO REGISTRO DE VEÍCULOS

Art. 120 - Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semirreboque, deve ser registrado
perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, no Município de domicílio ou
residência de seu proprietário, na forma da lei.
§ 1º - Os órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal somente registrarão veículos
oficiais de propriedade da administração direta, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, de qualquer um dos poderes, com indicação expressa, por pintura nas portas, do nome, sigla
ou logotipo do órgão ou entidade em cujo nome o veículo será registrado, excetuando-se os veículos de
representação e os previstos no art. 116.
§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica ao veículo de uso bélico.

Art. 121 - Registrado o veículo, expedir-se-á o Certificado de Registro de Veículo - CRV de acordo
com os modelos e especificações estabelecidos pelo CONTRAN, contendo as características e condições
de invulnerabilidade à falsificação e à adulteração.

Art. 122 - Para a expedição do Certificado de Registro de Veículo o órgão executivo de trânsito
consultará o cadastro do RENAVAM e exigirá do proprietário os seguintes documentos:
I - nota fiscal fornecida pelo fabricante ou revendedor, ou documento equivalente expedido por
autoridade competente;
II - documento fornecido pelo Ministério das Relações Exteriores, quando se tratar de veículo importado
por membro de missões diplomáticas, de repartições consulares de carreira, de representações de
organismos internacionais e de seus integrantes.

Art. 123 - Será obrigatória a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo quando:
I - for transferida a propriedade;
II - o proprietário mudar o Município de domicílio ou residência;
III - for alterada qualquer característica do veículo;
IV - houver mudança de categoria.
§ 1º - No caso de transferência de propriedade, o prazo para o proprietário adotar as providências
necessárias à efetivação da expedição do novo Certificado de Registro de Veículo é de trinta dias, sendo
que nos demais casos as providências deverão ser imediatas.
§ 2º - No caso de transferência de domicílio ou residência no mesmo Município, o proprietário
comunicará o novo endereço num prazo de trinta dias e aguardará o novo licenciamento para alterar o
Certificado de Licenciamento Anual.
§ 3º - A expedição do novo certificado será comunicada ao órgão executivo de trânsito que expediu o
anterior e ao RENAVAM.

Art. 124 - Para a expedição do novo Certificado de Registro de Veículo serão exigidos os seguintes
documentos:
I - Certificado de Registro de Veículo anterior;
II - Certificado de Licenciamento Anual;
III - comprovante de transferência de propriedade, quando for o caso, conforme modelo e normas
estabelecidas pelo CONTRAN;
IV - Certificado de Segurança Veicular e de emissão de poluentes e ruído, quando houver adaptação
ou alteração de características do veículo;

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V - comprovante de procedência e justificativa da propriedade dos componentes e agregados
adaptados ou montados no veículo, quando houver alteração das características originais de fábrica;
VI - autorização do Ministério das Relações Exteriores, no caso de veículo da categoria de missões
diplomáticas, de repartições consulares de carreira, de representações de organismos internacionais e
de seus integrantes;
VII - certidão negativa de roubo ou furto de veículo, expedida no Município do registro anterior, que
poderá ser substituída por informação do RENAVAM;
VIII - comprovante de quitação de débitos relativos a tributos, encargos e multas de trânsito vinculados
ao veículo, independentemente da responsabilidade pelas infrações cometidas;
IX - (Revogado pela Lei n.º 9.602, de 21-01-1998)
X - comprovante relativo ao cumprimento do disposto no art. 98, quando houver alteração nas
características originais do veículo que afetem a emissão de poluentes e ruído;
XI - comprovante de aprovação de inspeção veicular e de poluentes e ruído, quando for o caso,
conforme regulamentações do CONTRAN e do CONAMA.

Art. 125 - As informações sobre o chassi, o monobloco, os agregados e as características originais do


veículo deverão ser prestadas ao RENAVAM:
I - pelo fabricante ou montadora, antes da comercialização, no caso de veículo nacional;
II - pelo órgão alfandegário, no caso de veículo importado por pessoa física;
III - pelo importador, no caso de veículo importado por pessoa jurídica.
Parágrafo único - As informações recebidas pelo RENAVAM serão repassadas ao órgão executivo
de trânsito responsável pelo registro, devendo este comunicar ao RENAVAM, tão logo seja o veículo
registrado.

Art. 126 - O proprietário de veículo irrecuperável, ou definitivamente desmontado, deverá requerer a


baixa do registro, no prazo e forma estabelecidos pelo CONTRAN, sendo vedada a remontagem do
veículo sobre o mesmo chassi, de forma a manter o registro anterior. (Vide Lei nº 12.977, de 2014)
Parágrafo único - A obrigação de que trata este artigo é da companhia seguradora ou do adquirente
do veículo destinado à desmontagem, quando estes sucederem ao proprietário.

Art. 127 - O órgão executivo de trânsito competente só efetuará a baixa do registro após prévia
consulta ao cadastro do RENAVAM.
Parágrafo único - Efetuada a baixa do registro, deverá ser esta comunicada, de imediato, ao
RENAVAM.

Art. 128 - Não será expedido novo Certificado de Registro de Veículo enquanto houver débitos fiscais
e de multas de trânsito e ambientais, vinculadas ao veículo, independentemente da responsabilidade
pelas infrações cometidas.

Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos de propulsão humana e dos veículos de tração
animal obedecerão à regulamentação estabelecida em legislação municipal do domicílio ou residência de
seus proprietários. (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)

Art. 129-A. O registro dos tratores e demais aparelhos automotores destinados a puxar ou a arrastar
maquinaria agrícola ou a executar trabalhos agrícolas será efetuado, sem ônus, pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, diretamente ou mediante convênio. (Incluído pela Lei nº 13.154,
de 2015)
CAPÍTULO XII
DO LICENCIAMENTO

Art. 130 - Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semirreboque, para transitar na via,
deverá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde
estiver registrado o veículo.
§ 1º - O disposto neste artigo não se aplica a veículo de uso bélico.
§ 2º - No caso de transferência de residência ou domicílio, é válido, durante o exercício, o licenciamento
de origem.

Art. 131 - O Certificado de Licenciamento Anual será expedido ao veículo licenciado, vinculado ao
Certificado de Registro, no modelo e especificações estabelecidos pelo CONTRAN.

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§ 1º - O primeiro licenciamento será feito simultaneamente ao registro.
§ 2º - O veículo somente será considerado licenciado estando quitados os débitos relativos a tributos,
encargos e multas de trânsito e ambientais, vinculados ao veículo, independentemente da
responsabilidade pelas infrações cometidas.
§ 3º - Ao licenciar o veículo, o proprietário deverá comprovar sua aprovação nas inspeções de
segurança veicular e de controle de emissões de gases poluentes e de ruído, conforme disposto no art.
104.

Art. 132 - Os veículos novos não estão sujeitos ao licenciamento e terão sua circulação regulada pelo
CONTRAN durante o trajeto entre a fábrica e o Município de destino.
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, aos veículos importados, durante o trajeto entre a
alfândega ou entreposto alfandegário e o Município de destino. (Renumerado do parágrafo único pela Lei
nº 13.103, de 2015)

Art. 133 - É obrigatório o porte do Certificado de Licenciamento Anual.


Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no momento da fiscalização, for possível ter
acesso ao devido sistema informatizado para verificar se o veículo está licenciado. (Incluído pela Lei nº
13. 281, de 2016)

ATENÇÃO! Com base neste dispositivo, deixou de ser obrigatório o porte do CLA (CRLV), desde
que possível a consulta do licenciamento por meio de sistema informatizado, não podendo, com isso,
o agente de trânsito aplicar multa ao motorista, neste caso, por conduzir veículo sem os documentos
de porte obrigatório.

Art. 134 - No caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão
executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, cópia autenticada do comprovante de
transferência de propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar
solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação.
Parágrafo único. O comprovante de transferência de propriedade de que trata o caput poderá ser
substituído por documento eletrônico, na forma regulamentada pelo Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154,
de 2015)

Art. 135 - Os veículos de aluguel, destinados ao transporte individual ou coletivo de passageiros de


linhas regulares ou empregados em qualquer serviço remunerado, para registro, licenciamento e
respectivo emplacamento de característica comercial, deverão estar devidamente autorizados pelo poder
público concedente.

CAPÍTULO XIII
DA CONDUÇÃO DE ESCOLARES

Art. 136 - Os veículos especialmente destinados à condução coletiva de escolares somente poderão
circular nas vias com autorização emitida pelo órgão ou entidade executivos de trânsito dos Estados e do
Distrito Federal, exigindo-se, para tanto:
I - registro como veículo de passageiros;
II - inspeção semestral para verificação dos equipamentos obrigatórios e de segurança;
III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, com quarenta centímetros de largura, à meia altura, em
toda a extensão das partes laterais e traseira da carroçaria, com o dístico ESCOLAR, em preto, sendo
que, em caso de veículo de carroçaria pintada na cor amarela, as cores aqui indicadas devem ser
invertidas;
IV - equipamento registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo;
V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas nas extremidades da parte superior dianteira
e lanternas de luz vermelha dispostas na extremidade superior da parte traseira;
VI - cintos de segurança em número igual à lotação;
VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios estabelecidos pelo CONTRAN.

Art. 137 - A autorização a que se refere o artigo anterior deverá ser afixada na parte interna do veículo,
em local visível, com inscrição da lotação permitida, sendo vedada a condução de escolares em número
superior à capacidade estabelecida pelo fabricante.

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Art. 138 - O condutor de veículo destinado à condução de escolares deve satisfazer os seguintes
requisitos:
I - ter idade superior a vinte e um anos;
II - ser habilitado na categoria D;
III - (VETADO)
IV - não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias
durante os doze últimos meses;
V - ser aprovado em curso especializado, nos termos da regulamentação do CONTRAN.

Art. 139 - O disposto neste Capítulo não exclui a competência municipal de aplicar as exigências
previstas em seus regulamentos, para o transporte de escolares.

CAPÍTULO XIII-A
DA CONDUÇÃO DE MOTO-FRETE

Art. 139-A. As motocicletas e motonetas destinadas ao transporte remunerado de mercadorias – moto-


frete – somente poderão circular nas vias com autorização emitida pelo órgão ou entidade executivo de
trânsito dos Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para tanto:
I – registro como veículo da categoria de aluguel;
II – instalação de protetor de motor mata-cachorro, fixado no chassi do veículo, destinado a proteger o
motor e a perna do condutor em caso de tombamento, nos termos de regulamentação do Conselho
Nacional de Trânsito – Contran;
III – instalação de aparador de linha antena corta-pipas, nos termos de regulamentação do Contran;
IV – inspeção semestral para verificação dos equipamentos obrigatórios e de segurança.
§ 1º A instalação ou incorporação de dispositivos para transporte de cargas deve estar de acordo com
a regulamentação do Contran.
§ 2º É proibido o transporte de combustíveis, produtos inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veículos
de que trata este artigo, com exceção do gás de cozinha e de galões contendo água mineral, desde que
com o auxílio de sidecar, nos termos de regulamentação do Contran.

Art. 139-B. O disposto neste Capítulo não exclui a competência municipal ou estadual de aplicar as
exigências previstas em seus regulamentos para as atividades de moto-frete no âmbito de suas
circunscrições.

HABILITAÇÃO

A Carteira Nacional de Habilitação (CNH), também conhecida como carta/carteira de


motorista, carta/carteira de habilitação ou, simplesmente, carta, carteira ou habilitação, é o nome dado ao
documento oficial que, no Brasil, atesta a aptidão de um cidadão para conduzir veículos automotores
terrestres. Portanto, seu porte é obrigatório ao condutor de qualquer veículo desse tipo. A CNH atual
contém fotografia, os números dos principais documentos do condutor, entre outras informações (como
a necessidade de uso de lentes corretivas, por exemplo), podendo ser utilizada como documento de
identidade no Brasil, não sendo válida como identidade em território internacional, tal como as carteiras
de identificação do (a) CREA, OAB, CFA, CRM, etc.

CAPÍTULO XIV
DA HABILITAÇÃO

Art. 140 - A habilitação para conduzir veículo automotor e elétrico será apurada por meio de exames
que deverão ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do Estado ou do Distrito Federal, do
domicílio ou residência do candidato, ou na sede estadual ou distrital do próprio órgão, devendo o
condutor preencher os seguintes requisitos:
I - ser penalmente imputável;
II - saber ler e escrever;
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente.
Parágrafo único - As informações do candidato à habilitação serão cadastradas no RENACH.

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Art. 141 - O processo de habilitação, as normas relativas à aprendizagem para conduzir veículos
automotores e elétricos e à autorização para conduzir ciclomotores serão regulamentados pelo
CONTRAN.
§ 1º - A autorização para conduzir veículos de propulsão humana e de tração animal ficará a cargo dos
Municípios.

Art. 142 - O reconhecimento de habilitação obtida em outro país está subordinado às condições
estabelecidas em convenções e acordos internacionais e às normas do CONTRAN.

Art. 143 - Os candidatos poderão habilitar-se nas categorias de A a E, obedecida a seguinte gradação:
I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral;
II - Categoria B - condutor de veículo motorizado, não abrangido pela categoria A, cujo peso bruto total
não exceda a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o do
motorista;
III - Categoria C - condutor de veículo motorizado utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto
total exceda a três mil e quinhentos quilogramas;
IV - Categoria D - condutor de veículo motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação
exceda a oito lugares, excluído o do motorista;
V - Categoria E - condutor de combinação de veículos em que a unidade tratora se enquadre nas
categorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirreboque, trailer ou articulada tenha 6.000
kg (seis mil quilogramas) ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a 8 (oito) lugares.
§ 1º - Para habilitar-se na categoria C, o condutor deverá estar habilitado no mínimo há um ano na
categoria B e não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações
médias, durante os últimos doze meses.
§ 2º - São os condutores da categoria B autorizados a conduzir veículo automotor da espécie motor-
casa, definida nos termos do Anexo I deste Código, cujo peso não exceda a 6.000 kg (seis mil
quilogramas), ou cuja lotação não exceda a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista.
§ 3º - Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor da combinação de veículos com mais de uma
unidade tracionada, independentemente da capacidade de tração ou do peso bruto total.

Art. 144 - O trator de roda, o trator de esteira, o trator misto ou o equipamento automotor destinado à
movimentação de cargas ou execução de trabalho agrícola, de terraplenagem, de construção ou de
pavimentação só podem ser conduzidos na via pública por condutor habilitado nas categorias C, D ou E.
Parágrafo único. O trator de roda e os equipamentos automotores destinados a executar trabalhos
agrícolas poderão ser conduzidos em via pública também por condutor habilitado na categoria B.
(Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015)

Art. 145 - Para habilitar-se nas categorias D e E ou para conduzir veículo de transporte coletivo de
passageiros, de escolares, de emergência ou de produto perigoso, o candidato deverá preencher os
seguintes requisitos:
I - ser maior de vinte e um anos;
II - estar habilitado:
a) no mínimo há dois anos na categoria B, ou no mínimo há um ano na categoria C, quando pretender
habilitar-se na categoria D; e
b) no mínimo há um ano na categoria C, quando pretender habilitar-se na categoria E;
III - não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima ou ser reincidente em infrações médias
durante os últimos doze meses;
IV - ser aprovado em curso especializado e em curso de treinamento de prática veicular em situação
de risco, nos termos da normalização do CONTRAN.
Parágrafo único. A participação em curso especializado previsto no inciso IV independe da
observância do disposto no inciso III. (Incluído pela Lei nº 12.619, de 2012)

Art. 145-A. Além do disposto no art. 145, para conduzir ambulâncias, o candidato deverá comprovar
treinamento especializado e reciclagem em cursos específicos a cada 5 (cinco) anos, nos termos da
normatização do Contran. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)

Art. 146 - Para conduzir veículos de outra categoria o condutor deverá realizar exames
complementares exigidos para habilitação na categoria pretendida.

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Art. 147 - O candidato à habilitação deverá submeter-se a exames realizados pelo órgão executivo de
trânsito, na seguinte ordem:
I - de aptidão física e mental;
II - (VETADO)
III - escrito, sobre legislação de trânsito;
IV - de noções de primeiros socorros, conforme regulamentação do CONTRAN;
V - de direção veicular, realizado na via pública, em veículo da categoria para a qual estiver habilitando-
se.
§ 1º - Os resultados dos exames e a identificação dos respectivos examinadores serão registrados no
RENACH.
§ 2º - O exame de aptidão física e mental será preliminar e renovável a cada cinco anos, ou a cada
três anos para condutores com mais de sessenta e cinco anos de idade, no local de residência ou
domicílio do examinado.
§ 3º - O exame previsto no § 2o incluirá avaliação psicológica preliminar e complementar sempre que
a ele se submeter o condutor que exerce atividade remunerada ao veículo, incluindo-se esta avaliação
para os demais candidatos apenas no exame referente à primeira habilitação.
§ 4º - Quando houver indícios de deficiência física, mental, ou de progressividade de doença que possa
diminuir a capacidade para conduzir o veículo, o prazo previsto no § 2º poderá ser diminuído por proposta
do perito examinador.
§ 5º - condutor que exerce atividade remunerada ao veículo terá essa informação incluída na sua
Carteira Nacional de Habilitação, conforme especificações do Conselho Nacional de Trânsito – Contran.

Art. 147-A. (Vide Lei nº 13.146, de 2015)

Art. 148 - Os exames de habilitação, exceto os de direção veicular, poderão ser aplicados por
entidades públicas ou privadas credenciadas pelo órgão executivo de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal, de acordo com as normas estabelecidas pelo CONTRAN.
§ 1º - A formação de condutores deverá incluir, obrigatoriamente, curso de direção defensiva e de
conceitos básicos de proteção ao meio ambiente relacionados com o trânsito.
§ 2º - Ao candidato aprovado será conferida Permissão para Dirigir, com validade de um ano.
§ 3º - A Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao condutor no término de um ano, desde que
o mesmo não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente em
infração média.
§ 4º - A não obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, tendo em vista a incapacidade de
atendimento do disposto no parágrafo anterior, obriga o candidato a reiniciar todo o processo de
habilitação.
§ 5º - O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN poderá dispensar os tripulantes de aeronaves que
apresentarem o cartão de saúde expedido pelas Forças Armadas ou pelo Departamento de Aeronáutica
Civil, respectivamente, da prestação do exame de aptidão física e mental.

Art. 148-A. Os condutores das categorias C, D e E deverão submeter-se a exames toxicológicos para
a habilitação e renovação da Carteira Nacional de Habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 1o O exame de que trata este artigo buscará aferir o consumo de substâncias psicoativas que,
comprovadamente, comprometam a capacidade de direção e deverá ter janela de detecção mínima de
90 (noventa) dias, nos termos das normas do Contran. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 2o Os condutores das categorias C, D e E com Carteira Nacional de Habilitação com validade de 5
(cinco) anos deverão fazer o exame previsto no § 1o no prazo de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses a contar
da realização do disposto no caput. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 3o Os condutores das categorias C, D e E com Carteira Nacional de Habilitação com validade de 3
(três) anos deverão fazer o exame previsto no § 1o no prazo de 1 (um) ano e 6 (seis) meses a contar da
realização do disposto no caput. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 4o É garantido o direito de contraprova e de recurso administrativo no caso de resultado positivo para
o exame de que trata o caput, nos termos das normas do Contran. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 5o A reprovação no exame previsto neste artigo terá como consequência a suspensão do direito de
dirigir pelo período de 3 (três) meses, condicionado o levantamento da suspensão ao resultado negativo
em novo exame, e vedada a aplicação de outras penalidades, ainda que acessórias. (Incluído pela Lei nº
13.103, de 2015)

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§ 6o O resultado do exame somente será divulgado para o interessado e não poderá ser utilizado para
fins estranhos ao disposto neste artigo ou no § 6o do art. 168 da Consolidação das Leis do Trabalho -
CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
§ 7o O exame será realizado, em regime de livre concorrência, pelos laboratórios credenciados pelo
Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, nos termos das normas do Contran, vedado aos entes
públicos: (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
I - fixar preços para os exames; (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
II - limitar o número de empresas ou o número de locais em que a atividade pode ser exercida; e
(Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
III - estabelecer regras de exclusividade territorial. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)

Art. 149 - (VETADO)

Art. 150 - Ao renovar os exames previstos no artigo anterior, o condutor que não tenha curso de direção
defensiva e primeiros socorros deverá a eles ser submetido, conforme normalização do CONTRAN.
Parágrafo único - A empresa que utiliza condutores contratados para operar a sua frota de veículos
é obrigada a fornecer curso de direção defensiva, primeiros socorros e outros conforme normalização do
CONTRAN.

Art. 151 - No caso de reprovação no exame escrito sobre legislação de trânsito ou de direção veicular,
o candidato só poderá repetir o exame depois de decorridos quinze dias da divulgação do resultado.

Art. 152. O exame de direção veicular será realizado perante comissão integrada por 3 (três) membros
designados pelo dirigente do órgão executivo local de trânsito. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
2016)
§ 1º Na comissão de exame de direção veicular, pelo menos um membro deverá ser habilitado na
categoria igual ou superior à pretendida pelo candidato.
§ 2º Os militares das Forças Armadas e os policiais e bombeiros dos órgãos de segurança pública da
União, dos Estados e do Distrito Federal que possuírem curso de formação de condutor ministrado em
suas corporações serão dispensados, para a concessão do documento de habilitação, dos exames aos
quais se houverem submetido com aprovação naquele curso, desde que neles sejam observadas as
normas estabelecidas pelo Contran. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 3º O militar, o policial ou o bombeiro militar interessado na dispensa de que trata o § 2º instruirá seu
requerimento com ofício do comandante, chefe ou diretor da unidade administrativa onde prestar serviço,
do qual constarão o número do registro de identificação, naturalidade, nome, filiação, idade e categoria
em que se habilitou a conduzir, acompanhado de cópia das atas dos exames prestados. (Redação dada
pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 153 - O candidato habilitado terá em seu prontuário a identificação de seus instrutores e
examinadores, que serão passíveis de punição conforme regulamentação a ser estabelecida pelo
CONTRAN.
Parágrafo único - As penalidades aplicadas aos instrutores e examinadores serão de advertência,
suspensão e cancelamento da autorização para o exercício da atividade, conforme a falta cometida.

Art. 154 - Os veículos destinados à formação de condutores serão identificados por uma faixa amarela,
de vinte centímetros de largura, pintada ao longo da carroçaria, à meia altura, com a inscrição AUTO-
ESCOLA na cor preta.
Parágrafo único - No veículo eventualmente utilizado para aprendizagem, quando autorizado para
servir a esse fim, deverá ser afixada ao longo de sua carroçaria, à meia altura, faixa branca removível, de
vinte centímetros de largura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na cor preta.

Art. 155 - A formação de condutor de veículo automotor e elétrico será realizada por instrutor
autorizado pelo órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal, pertencente ou não à
entidade credenciada.
Parágrafo único - Ao aprendiz será expedida autorização para aprendizagem, de acordo com a
regulamentação do CONTRAN, após aprovação nos exames de aptidão física, mental, de primeiros
socorros e sobre legislação de trânsito.

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Art. 156 - O CONTRAN regulamentará o credenciamento para prestação de serviço pelas autoescolas
e outras entidades destinadas à formação de condutores e às exigências necessárias para o exercício
das atividades de instrutor e examinador.

Art. 157 - (VETADO)

Art. 158 - A aprendizagem só poderá realizar-se:


I - nos termos, horários e locais estabelecidos pelo órgão executivo de trânsito;
II - acompanhado o aprendiz por instrutor autorizado.
§ 1º Além do aprendiz e do instrutor, o veículo utilizado na aprendizagem poderá conduzir apenas mais
um acompanhante.
§ 2º Parte da aprendizagem será obrigatoriamente realizada durante a noite, cabendo ao CONTRAN
fixar-lhe a carga horária mínima correspondente.

Art. 159 - A Carteira Nacional de Habilitação, expedida em modelo único e de acordo com as
especificações do CONTRAN, atendidos os pré-requisitos estabelecidos neste Código, conterá fotografia,
identificação e CPF do condutor, terá fé pública e equivalerá a documento de identidade em todo o
território nacional.
§ 1º - É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou da Carteira Nacional de Habilitação quando o
condutor estiver à direção do veículo.
§ 2º - (VETADO)
§ 3º - A emissão de nova via da Carteira Nacional de Habilitação será regulamentada pelo CONTRAN.
§ 4º - (VETADO)
§ 5º - A Carteira Nacional de Habilitação e a Permissão para Dirigir somente terão validade para a
condução de veículo quando apresentada em original.
§ 6º - A identificação da Carteira Nacional de Habilitação expedida e a da autoridade expedidora serão
registradas no RENACH.
§ 7º - A cada condutor corresponderá um único registro no RENACH, agregando-se neste todas as
informações.
§ 8º - A renovação da validade da Carteira Nacional de Habilitação ou a emissão de uma nova via
somente será realizada após quitação de débitos constantes do prontuário do condutor.
§ 9º - (VETADO)
§ 10 - A validade da Carteira Nacional de Habilitação está condicionada ao prazo de vigência do exame
de aptidão física e mental.
§ 11 - A Carteira Nacional de Habilitação, expedida na vigência do Código anterior, será substituída
por ocasião do vencimento do prazo para revalidação do exame de aptidão física e mental, ressalvados
os casos especiais previstos nesta Lei.

Art. 160 - O condutor condenado por delito de trânsito deverá ser submetido a novos exames para que
possa voltar a dirigir, de acordo com as normas estabelecidas pelo CONTRAN, independentemente do
reconhecimento da prescrição, em face da pena concretizada na sentença.
§ 1º - Em caso de acidente grave, o condutor nele envolvido poderá ser submetido aos exames
exigidos neste artigo, a juízo da autoridade executiva estadual de trânsito, assegurada ampla defesa ao
condutor.
§ 2º - No caso do parágrafo anterior, a autoridade executiva estadual de trânsito poderá apreender o
documento de habilitação do condutor até a sua aprovação nos exames realizados.

Em síntese:

Categoria Especificação
condutor de veículo motorizado de duas
A
ou três rodas, com ou sem carro lateral;
condutor de veículo motorizado, não
abrangido pela categoria A, cujo peso
B
bruto total não exceda a três mil e
quinhentos quilogramas e cuja lotação não

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exceda a oito lugares, excluído o do
motorista;
condutor de veículo motorizado
utilizado em transporte de carga, cujo peso
C
bruto total exceda a três mil e quinhentos
quilogramas;
condutor de veículo motorizado
utilizado no transporte de passageiros,
D
cuja lotação exceda a oito lugares,
excluído o do motorista
condutor de combinação de veículos
em que a unidade tratora se enquadre nas
categorias B, C ou D e cuja unidade
E acoplada, reboque, semirreboque, trailer
ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil
quilogramas) ou mais de peso bruto total,
ou cuja lotação exceda a 8 (oito) lugares

Infrações, Penalidades e Medidas Administrativas

Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito do CTB, da legislação


complementar ou das Resoluções do CONTRAN, sendo o infrator sujeito às penalidades e medidas
administrativas indicadas em cada artigo, além das punições previstas no Capítulo XIX (Crimes de
Trânsito). A infração deve ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente da autoridade de
trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual, reações químicas ou por qualquer outro
meio tecnologicamente disponível, previamente regulamentado pelo CONTRAN.
Toda infração é passível de uma penalização, como por exemplo, uma multa. Algumas infrações, além
de penalidade podem ter uma consequência administrativa, ou seja, o agente de trânsito deverá adotar
“medidas administrativas”, cujo objetivo é impedir que o condutor continue dirigindo em condições
irregulares.

Assim dispõe o CTB com relação as “Infrações e Penalidades”:

As medidas administrativas estão descritas no art. 269, incisos I ao XI do CTB:

Art. 269 - A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das competências estabelecidas neste
Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes medidas administrativas:
I - retenção do veículo;
II - remoção do veículo;
III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;
V - recolhimento do Certificado de Registro;
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual;
VII - (VETADO)
VIII - transbordo do excesso de carga;
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica;
X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de
circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos.
XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática de primeiros socorros e
de direção veicular.

As penalidades são as seguintes:


I - advertência por escrito;
II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
IV - apreensão do veículo;

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V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
VI - cassação da Permissão para Dirigir;
VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.

Valores e pontuação de multas

A cada infração cometida são computados os seguintes valores de multas e números de pontos
expressos no quadro a seguir:

Antes de 01 de novembro de 2016 A partir de 01 de novembro de 2016


Infrações Reais Pontos Infrações Reais Pontos
Gravíssima 191,54 7 Gravíssima 293,47 7
Grave 127,69 5 Grave 195,23 5
Média 85,13 4 Média 130,16 4
Leve 53,20 3 Leve 88,38 3

Praticar algumas infrações gravíssimas, como disputar corridas em vias públicas, ou atingir 20 pontos
no período de 12 meses em seu prontuário, fará você ter o seu direito de dirigir suspenso. A sua CNH só
será devolvida após cumprir a penalidade e o curso de reciclagem.
Em algumas infrações, em razão da sua gravidade e consequência, a multa poderá ser multiplicada
em 3 ou até mesmo 5 vezes.

Vamos acompanhar o que dispõe o Código de Trânsito Brasileiro acerca das Infrações de Trânsito,
suas penalidades e medidas administrativas.

CAPÍTULO XV
DAS INFRAÇÕES

Art. 161 - Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito deste Código, da
legislação complementar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator sujeito às penalidades e
medidas administrativas indicadas em cada artigo, além das punições previstas no Capítulo XIX.
Parágrafo único - As infrações cometidas em relação às resoluções do CONTRAN terão suas
penalidades e medidas administrativas definidas nas próprias resoluções.

Art. 162. Dirigir veículo:


I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para Conduzir
Ciclomotor: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa (três vezes); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado; (Incluído pela
Lei nº 13.281, de 2016)

II - com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para Conduzir
Ciclomotor cassada ou com suspensão do direito de dirigir: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa (três vezes); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir de categoria diferente da do veículo
que esteja conduzindo: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa (duas vezes); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado;
IV - (VETADO)
V - com validade da Carteira Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias:

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Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação e retenção do veículo até
a apresentação de condutor habilitado;
VI - sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar de audição, de prótese física ou as
adaptações do veículo impostas por ocasião da concessão ou da renovação da licença para conduzir:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo até o saneamento da irregularidade ou apresentação de
condutor habilitado.

Art. 163 - Entregar a direção do veículo a pessoa nas condições previstas no artigo anterior:
Infração - as mesmas previstas no artigo anterior;
Penalidade - as mesmas previstas no artigo anterior;
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III do artigo anterior.

Art. 164 - Permitir que pessoa nas condições referidas nos incisos do art. 162 tome posse do veículo
automotor e passe a conduzi-lo na via:
Infração - as mesmas previstas nos incisos do art. 162;
Penalidade - as mesmas previstas no art. 162;
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III do art. 162.

Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses.
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado
o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito
Brasileiro.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período
de até 12 (doze) meses.

Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que
permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277:
(Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado
o disposto no § 4º do art. 270.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período
de até 12 (doze) meses

ATENÇÃO! Se recusar a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que
permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa agora é infração de trânsito
gravíssima.

Art. 166 - Confiar ou entregar a direção de veículo a pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado
físico ou psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo com segurança:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

Art. 167 - Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurança, conforme previsto no art. 65:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo até colocação do cinto pelo infrator.

Art. 168 - Transportar crianças em veículo automotor sem observância das normas de segurança
especiais estabelecidas neste Código:

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Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada.

Art. 169 - Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança:


Infração - leve;
Penalidade - multa.

Art. 170 - Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os demais
veículos:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - retenção do veículo e recolhimento do documento de habilitação.

Art. 171 - Usar o veículo para arremessar, sobre os pedestres ou veículos, água ou detritos:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 172 - Atirar do veículo ou abandonar na via objetos ou substâncias:


Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 173 - Disputar corrida:


Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período
de 12 (doze) meses da infração anterior. (Redação dada pela Lei nº 12.971/2014)

Art. 174. Promover, na via, competição, eventos organizados, exibição e demonstração de perícia em
manobra de veículo, ou deles participar, como condutor, sem permissão da autoridade de trânsito com
circunscrição sobre a via:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo.
§ 1º As penalidades são aplicáveis aos promotores e aos condutores participantes.
§ 2º Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze)
meses da infração anterior. (Redação dada pela Lei nº 12.971/2014)

Art. 175 - Utilizar-se de veículo para demonstrar ou exibir manobra perigosa, mediante arrancada
brusca, derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrastamento de pneus:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período
de 12 (doze) meses da infração anterior. (Redação dada pela Lei nº 12.971/2014)

Art. 176 - Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima:


I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo;
II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito no local;
III - de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia;
IV - de adotar providências para remover o veículo do local, quando determinadas por policial ou agente
da autoridade de trânsito;
V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de
ocorrência:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação.

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Art. 177 - Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de acidente de trânsito quando solicitado pela
autoridade e seus agentes:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 178 - Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar providências para remover
o veículo do local, quando necessária tal medida para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 179 - Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo na via pública, salvo nos casos de
impedimento absoluto de sua remoção e em que o veículo esteja devidamente sinalizado:
I - em pista de rolamento de rodovias e vias de trânsito rápido:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

II - nas demais vias:


Infração - leve;
Penalidade - multa.

Art. 180 - Ter seu veículo imobilizado na via por falta de combustível:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo.

Art. 181 - Estacionar o veículo:


I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo do alinhamento da via transversal:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquenta centímetros a um metro:


Infração - leve;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de um metro:


Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

IV - em desacordo com as posições estabelecidas neste Código:


Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

V - na pista de rolamento das estradas, das rodovias, das vias de trânsito rápido e das vias dotadas
de acostamento:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

VI - junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro de água ou tampas de poços de visita de galerias
subterrâneas, desde que devidamente identificados, conforme especificação do CONTRAN:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

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VII - nos acostamentos, salvo motivo de força maior:
Infração - leve;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre, sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas,
refúgios, ao lado ou sobre canteiros centrais, divisores de pista de rolamento, marcas de canalização,
gramados ou jardim público:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

IX - onde houver guia de calçada (meio-fio) rebaixada destinada à entrada ou saída de veículos:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

X - impedindo a movimentação de outro veículo:


Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

XI - ao lado de outro veículo em fila dupla:


Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

XII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a circulação de veículos e pedestres:


Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

XIII - onde houver sinalização horizontal delimitadora de ponto de embarque ou desembarque de


passageiros de transporte coletivo ou, na inexistência desta sinalização, no intervalo compreendido entre
dez metros antes e depois do marco do ponto:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

XIV - nos viadutos, pontes e túneis:


Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

XV - na contramão de direção:
Infração - média;
Penalidade - multa;

XVI - em aclive ou declive, não estando devidamente freado e sem calço de segurança, quando se
tratar de veículo com peso bruto total superior a três mil e quinhentos quilogramas:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

XVII - em desacordo com as condições regulamentadas especificamente pela sinalização (placa -


Estacionamento Regulamentado):
Infração - leve;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

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XVIII - em locais e horários proibidos especificamente pela sinalização (placa - Proibido Estacionar):
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;

XIX - em locais e horários de estacionamento e parada proibidos pela sinalização (placa - Proibido
Parar e Estacionar):
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo.

XX - nas vagas reservadas às pessoas com deficiência ou idosos, sem credencial que comprove tal
condição: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Medida administrativa - remoção do veículo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

§ 1º - Nos casos previstos neste artigo, a autoridade de trânsito aplicará a penalidade


preferencialmente após a remoção do veículo.
§ 2º - No caso previsto no inciso XVI é proibido abandonar o calço de segurança na via.

Art. 182 - Parar o veículo:


I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo do alinhamento da via transversal:
Infração - média;
Penalidade - multa;

II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquenta centímetros a um metro:


Infração - leve;
Penalidade - multa;

III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de um metro:


Infração - média;
Penalidade - multa;

IV - em desacordo com as posições estabelecidas neste Código:


Infração - leve;
Penalidade - multa;

V - na pista de rolamento das estradas, das rodovias, das vias de trânsito rápido e das demais vias
dotadas de acostamento:
Infração - grave;
Penalidade - multa;

VI - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestres, nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores
de pista de rolamento e marcas de canalização:
Infração - leve;
Penalidade - multa;

VII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a circulação de veículos e pedestres:


Infração - média;
Penalidade - multa;

VIII - nos viadutos, pontes e túneis:


Infração - média;
Penalidade - multa;

IX - na contramão de direção:
Infração - média;
Penalidade - multa;

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X - em local e horário proibidos especificamente pela sinalização (placa - Proibido Parar):
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 183 - Parar o veículo sobre a faixa de pedestres na mudança de sinal luminoso:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 184 - Transitar com o veículo:


I - na faixa ou pista da direita, regulamentada como de circulação exclusiva para determinado tipo de
veículo, exceto para acesso a imóveis lindeiros ou conversões à direita:
Infração - leve;
Penalidade - multa;

II - na faixa ou pista da esquerda regulamentada como de circulação exclusiva para determinado tipo
de veículo:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

III - na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamentada com circulação destinada aos veículos de
transporte público coletivo de passageiros, salvo casos de força maior e com autorização do poder público
competente: (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Penalidade - multa e apreensão do veículo; (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Medida Administrativa - remoção do veículo. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

Art. 185 - Quando o veículo estiver em movimento, deixar de conservá-lo:


I - na faixa a ele destinada pela sinalização de regulamentação, exceto em situações de emergência;

II - nas faixas da direita, os veículos lentos e de maior porte:


Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 186 - Transitar pela contramão de direção em:


I - vias com duplo sentido de circulação, exceto para ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo
necessário, respeitada a preferência do veículo que transitar em sentido contrário:
Infração - grave;
Penalidade - multa;

II - vias com sinalização de regulamentação de sentido único de circulação:


Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

Art. 187 - Transitar em locais e horários não permitidos pela regulamentação estabelecida pela
autoridade competente:
I - para todos os tipos de veículos:
Infração - média;
Penalidade - multa;
II - (Revogado)

Art. 188 - Transitar ao lado de outro veículo, interrompendo ou perturbando o trânsito:


Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 189 - Deixar de dar passagem aos veículos precedidos de batedores, de socorro de incêndio e
salvamento, de polícia, de operação e fiscalização de trânsito e às ambulâncias, quando em serviço de
urgência e devidamente identificados por dispositivos regulamentados de alarme sonoro e iluminação
vermelha intermitentes:
Infração - gravíssima;

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Penalidade - multa.

Art. 190 - Seguir veículo em serviço de urgência, estando este com prioridade de passagem
devidamente identificada por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha
intermitentes:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 191 - Forçar passagem entre veículos que, transitando em sentidos opostos, estejam na iminência
de passar um pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período
de até 12 (doze) meses da infração anterior. (Redação dada pela Lei nº 12.971/2014)

Art. 192 - Deixar de guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu veículo e os demais,
bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade, as condições
climáticas do local da circulação e do veículo:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 193 - Transitar com o veículo em calçadas, passeios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas,
refúgios, ajardinamentos, canteiros centrais e divisores de pista de rolamento, acostamentos, marcas de
canalização, gramados e jardins públicos:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (três vezes).

Art. 194 - Transitar em marcha à ré, salvo na distância necessária a pequenas manobras e de forma
a não causar riscos à segurança:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 195 - Desobedecer às ordens emanadas da autoridade competente de trânsito ou de seus


agentes:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 196 - Deixar de indicar com antecedência, mediante gesto regulamentar de braço ou luz indicadora
de direção do veículo, o início da marcha, a realização da manobra de parar o veículo, a mudança de
direção ou de faixa de circulação:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 197 - Deixar de deslocar, com antecedência, o veículo para a faixa mais à esquerda ou mais à
direita, dentro da respectiva mão de direção, quando for manobrar para um desses lados:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 198 - Deixar de dar passagem pela esquerda, quando solicitado:


Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 199 - Ultrapassar pela direita, salvo quando o veículo da frente estiver colocado na faixa apropriada
e der sinal de que vai entrar à esquerda:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 200 - Ultrapassar pela direita veículo de transporte coletivo ou de escolares, parado para
embarque ou desembarque de passageiros, salvo quando houver refúgio de segurança para o pedestre:

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Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

Art. 201 - Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinquenta centímetros ao passar ou
ultrapassar bicicleta:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 202 - Ultrapassar outro veículo:


I - pelo acostamento;
II - em interseções e passagens de nível;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes). (Redação dada pela Lei nº 12.971/2014)

Art. 203 - Ultrapassar pela contramão outro veículo:


I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade suficiente;
II - nas faixas de pedestre;
III - nas pontes, viadutos ou túneis;
IV - parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, cancelas, cruzamentos ou qualquer outro
impedimento à livre circulação;
V - onde houver marcação viária longitudinal de divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua
ou simples contínua amarela:
Infração - gravíssima;
Penalidade – multa (cinco vezes).
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período
de até 12 (doze) meses da infração anterior. (Redação dada pela Lei nº 12.971/2014)

Art. 204 - Deixar de parar o veículo no acostamento à direita, para aguardar a oportunidade de cruzar
a pista ou entrar à esquerda, onde não houver local apropriado para operação de retorno:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 205 - Ultrapassar veículo em movimento que integre cortejo, préstito, desfile e formações militares,
salvo com autorização da autoridade de trânsito ou de seus agentes:
Infração - leve;
Penalidade - multa.

Art. 206 - Executar operação de retorno:


I - em locais proibidos pela sinalização;
II - nas curvas, aclives, declives, pontes, viadutos e túneis;
III - passando por cima de calçada, passeio, ilhas, ajardinamento ou canteiros de divisões de pista de
rolamento, refúgios e faixas de pedestres e nas de veículos não motorizados;
IV - nas interseções, entrando na contramão de direção da via transversal;
V - com prejuízo da livre circulação ou da segurança, ainda que em locais permitidos:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

Art. 207 - Executar operação de conversão à direita ou à esquerda em locais proibidos pela
sinalização:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 208 - Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória:


Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

Art. 209 - Transpor, sem autorização, bloqueio viário com ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares,
deixar de adentrar às áreas destinadas à pesagem de veículos ou evadir-se para não efetuar o pagamento
do pedágio:

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Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 210 - Transpor, sem autorização, bloqueio viário policial:


Infração - gravíssima;
Penalidade - multa, apreensão do veículo e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - remoção do veículo e recolhimento do documento de habilitação.

Art. 211 - Ultrapassar veículos em fila, parados em razão de sinal luminoso, cancela, bloqueio viário
parcial ou qualquer outro obstáculo, com exceção dos veículos não motorizados:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 212 - Deixar de parar o veículo antes de transpor linha férrea:


Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

Art. 213 - Deixar de parar o veículo sempre que a respectiva marcha for interceptada:
I - por agrupamento de pessoas, como préstitos, passeatas, desfiles e outros:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

II - por agrupamento de veículos, como cortejos, formações militares e outros:


Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 214 - Deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não motorizado:
I - que se encontre na faixa a ele destinada;
II - que não haja concluído a travessia mesmo que ocorra sinal verde para o veículo;
III - portadores de deficiência física, crianças, idosos e gestantes:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

IV - quando houver iniciado a travessia mesmo que não haja sinalização a ele destinada;
V - que esteja atravessando a via transversal para onde se dirige o veículo:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 215 - Deixar de dar preferência de passagem:


I - em interseção não sinalizada:
a) a veículo que estiver circulando por rodovia ou rotatória;
b) a veículo que vier da direita;
II - nas interseções com sinalização de regulamentação de Dê a Preferência:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 216 - Entrar ou sair de áreas lindeiras sem estar adequadamente posicionado para ingresso na
via e sem as precauções com a segurança de pedestres e de outros veículos:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 217 - Entrar ou sair de fila de veículos estacionados sem dar preferência de passagem a pedestres
e a outros veículos:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento
ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias:
I - quando a velocidade for superior à máxima em até 20% (vinte por cento):

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Infração - média;
Penalidade - multa;

II - quando a velocidade for superior à máxima em mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta
por cento):
Infração - grave;
Penalidade - multa;

III - quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50% (cinquenta por cento):
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa [3 (três) vezes], suspensão imediata do direito de dirigir e apreensão do documento
de habilitação.

Art. 219 - Transitar com o veículo em velocidade inferior à metade da velocidade máxima estabelecida
para a via, retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que as condições de tráfego e meteorológicas
não o permitam, salvo se estiver na faixa da direita:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 220 - Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito:
I - quando se aproximar de passeatas, aglomerações, cortejos, préstitos e desfiles:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;

II - nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado pelo agente da autoridade de trânsito, mediante
sinais sonoros ou gestos;
III - ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) ou acostamento;
IV - ao aproximar-se de ou passar por interseção não sinalizada;
V - nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja cercada;
VI - nos trechos em curva de pequeno raio;
VII - ao aproximar-se de locais sinalizados com advertência de obras ou trabalhadores na pista;
VIII - sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes;
IX - quando houver má visibilidade;
X - quando o pavimento se apresentar escorregadio, defeituoso ou avariado;
XI - à aproximação de animais na pista;
XII - em declive;
XIII - ao ultrapassar ciclista:
Infração - grave;
Penalidade - multa;

XIV - nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros


ou onde haja intensa movimentação de pedestres:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

Art. 221 - Portar no veículo placas de identificação em desacordo com as especificações e modelos
estabelecidos pelo CONTRAN:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização e apreensão das placas irregulares.
Parágrafo único - Incide na mesma penalidade aquele que confecciona, distribui ou coloca, em
veículo próprio ou de terceiros, placas de identificação não autorizadas pela regulamentação.

Art. 222 - Deixar de manter ligado, nas situações de atendimento de emergência, o sistema de
iluminação vermelha intermitente dos veículos de polícia, de socorro de incêndio e salvamento, de
fiscalização de trânsito e das ambulâncias, ainda que parados:
Infração - média;
Penalidade - multa.

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Art. 223 - Transitar com o farol desregulado ou com o facho de luz alta de forma a perturbar a visão
de outro condutor:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

Art. 224 - Fazer uso do facho de luz alta dos faróis em vias providas de iluminação pública:
Infração - leve;
Penalidade - multa.

Art. 225 - Deixar de sinalizar a via, de forma a prevenir os demais condutores e, à noite, não manter
acesas as luzes externas ou omitir-se quanto a providências necessárias para tornar visível o local,
quando:
I - tiver de remover o veículo da pista de rolamento ou permanecer no acostamento;
II - a carga for derramada sobre a via e não puder ser retirada imediatamente:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Art. 226 - Deixar de retirar todo e qualquer objeto que tenha sido utilizado para sinalização temporária
da via:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 227 - Usar buzina:


I - em situação que não a de simples toque breve como advertência ao pedestre ou a condutores de
outros veículos;
II - prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto;
III - entre as vinte e duas e as seis horas;
IV - em locais e horários proibidos pela sinalização;
V - em desacordo com os padrões e frequências estabelecidas pelo CONTRAN:
Infração - leve;
Penalidade - multa.

Art. 228 - Usar no veículo equipamento com som em volume ou frequência que não sejam autorizados
pelo CONTRAN:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

Art. 229 - Usar indevidamente no veículo aparelho de alarme ou que produza sons e ruído que
perturbem o sossego público, em desacordo com normas fixadas pelo CONTRAN:
Infração - média;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.

Art. 230 - Conduzir o veículo:


I - com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou qualquer outro elemento de identificação do
veículo violado ou falsificado;
II - transportando passageiros em compartimento de carga, salvo por motivo de força maior, com
permissão da autoridade competente e na forma estabelecida pelo CONTRAN;
III - com dispositivo antirradar;
IV - sem qualquer uma das placas de identificação;
V - que não esteja registrado e devidamente licenciado;
VI - com qualquer uma das placas de identificação sem condições de legibilidade e visibilidade:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo;

VII - com a cor ou característica alterada;

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VIII - sem ter sido submetido à inspeção de segurança veicular, quando obrigatória;
IX - sem equipamento obrigatório ou estando este ineficiente ou inoperante;
X - com equipamento obrigatório em desacordo com o estabelecido pelo CONTRAN;
XI - com descarga livre ou silenciador de motor de explosão defeituoso, deficiente ou inoperante;
XII - com equipamento ou acessório proibido;
XIII - com o equipamento do sistema de iluminação e de sinalização alterados;
XIV - com registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo viciado ou defeituoso, quando
houver exigência desse aparelho;
XV - com inscrições, adesivos, legendas e símbolos de caráter publicitário afixados ou pintados no
para-brisa e em toda a extensão da parte traseira do veículo, excetuadas as hipóteses previstas neste
Código;
XVI - com vidros total ou parcialmente cobertos por películas refletivas ou não, painéis decorativos ou
pinturas;
XVII - com cortinas ou persianas fechadas, não autorizadas pela legislação;
XVIII - em mau estado de conservação, comprometendo a segurança, ou reprovado na avaliação de
inspeção de segurança e de emissão de poluentes e ruído, prevista no art. 104;
XIX - sem acionar o limpador de para-brisa sob chuva:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização;

XX - sem portar a autorização para condução de escolares, na forma estabelecida no art. 136:
Infração - grave;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;

XXI - de carga, com falta de inscrição da tara e demais inscrições previstas neste Código;
XXII - com defeito no sistema de iluminação, de sinalização ou com lâmpadas queimadas:
Infração - média;
Penalidade - multa.

XXIII - em desacordo com as condições estabelecidas no art. 67-C, relativamente ao tempo de


permanência do condutor ao volante e aos intervalos para descanso, quando se tratar de veículo de
transporte de carga ou coletivo de passageiros: (Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
Infração - média; (Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
Penalidade - multa; (Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
Medida administrativa - retenção do veículo para cumprimento do tempo de descanso aplicável.
(Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015)

XXIV- (VETADO)
§1º Se o condutor cometeu infração igual nos últimos 12 (doze) meses, será convertida,
automaticamente, a penalidade disposta no inciso XXIII em infração grave. (Incluído pela Lei nº 13.103,
de 2015)
§2º Em se tratando de condutor estrangeiro, a liberação do veículo fica condicionada ao pagamento
ou ao depósito, judicial ou administrativo, da multa. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)
XXIV - (VETADO

Art. 231 - Transitar com o veículo:


I - danificando a via, suas instalações e equipamentos;
II - derramando, lançando ou arrastando sobre a via:
a) carga que esteja transportando;
b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando;
c) qualquer objeto que possa acarretar risco de acidente:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização;

III - produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis superiores aos fixados pelo CONTRAN;
IV - com suas dimensões ou de sua carga superiores aos limites estabelecidos legalmente ou pela
sinalização, sem autorização:

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Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização;

V - com excesso de peso, admitido percentual de tolerância quando aferido por equipamento, na forma
a ser estabelecida pelo CONTRAN:
Infração - média;
Penalidade - multa acrescida a cada duzentos quilogramas ou fração de excesso de peso apurado,
constante na seguinte tabela:
a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32 (cinco reais e trinta e dois centavos); (Redação dada
pela Lei nº 13.281, de 2016)
b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos quilogramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta e
quatro centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil quilogramas) - R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e oito
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogramas) - R$ 31,92 (trinta e um reais e noventa e dois
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil quilogramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois reais e
cinquenta e seis centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas) - R$ 53,20 (cinquenta e três reais e vinte centavos);
(Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)

VI - em desacordo com a autorização especial, expedida pela autoridade competente para transitar
com dimensões excedentes, ou quando a mesma estiver vencida:
Infração - grave;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo;

VII - com lotação excedente;


VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas ou bens, quando não for licenciado para esse fim,
salvo casos de força maior ou com permissão da autoridade competente:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo;

IX - desligado ou desengrenado, em declive:


Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo;

X - excedendo a capacidade máxima de tração:


Infração - de média a gravíssima, a depender da relação entre o excesso de peso apurado e a
capacidade máxima de tração, a ser regulamentada pelo CONTRAN;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo e transbordo de carga excedente.
Parágrafo único - Sem prejuízo das multas previstas nos incisos V e X, o veículo que transitar com
excesso de peso ou excedendo à capacidade máxima de tração, não computado o percentual tolerado
na forma do disposto na legislação, somente poderá continuar viagem após descarregar o que exceder,
segundo critérios estabelecidos na referida legislação complementar.

Art. 232 - Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste Código:
Infração - leve;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação do documento.

Art. 233 - Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de
trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no art. 123:
Infração - grave;
Penalidade - multa;

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Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

Art. 234 - Falsificar ou adulterar documento de habilitação e de identificação do veículo:


Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.

Art. 235 - Conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo, salvo nos casos
devidamente autorizados:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para transbordo.

Art. 236 - Rebocar outro veículo com cabo flexível ou corda, salvo em casos de emergência:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 237 - Transitar com o veículo em desacordo com as especificações, e com falta de inscrição e
simbologia necessárias à sua identificação, quando exigidas pela legislação:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.

Art. 238 - Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito ou a seus agentes, mediante recibo, os
documentos de habilitação, de registro, de licenciamento de veículo e outros exigidos por lei, para
averiguação de sua autenticidade:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.

Art. 239 - Retirar do local veículo legalmente retido para regularização, sem permissão da autoridade
competente ou de seus agentes:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.

Art. 240 - Deixar o responsável de promover a baixa do registro de veículo irrecuperável ou


definitivamente desmontado:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - Recolhimento do Certificado de Registro e do Certificado de Licenciamento
Anual.

Art. 241 - Deixar de atualizar o cadastro de registro do veículo ou de habilitação do condutor:


Infração - leve;
Penalidade - multa.

Art. 242 - Fazer falsa declaração de domicílio para fins de registro, licenciamento ou habilitação:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

Art. 243 - Deixar a empresa seguradora de comunicar ao órgão executivo de trânsito competente a
ocorrência de perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas placas e documentos:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - Recolhimento das placas e dos documentos.

Art. 244 - Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor:

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I - sem usar capacete de segurança com viseira ou óculos de proteção e vestuário de acordo com as
normas e especificações aprovadas pelo CONTRAN;
II - transportando passageiro sem o capacete de segurança, na forma estabelecida no inciso anterior,
ou fora do assento suplementar colocado atrás do condutor ou em carro lateral;
III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas em uma roda;
IV - com os faróis apagados;
V - transportando criança menor de sete anos ou que não tenha, nas circunstâncias, condições de
cuidar de sua própria segurança:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - Recolhimento do documento de habilitação;

VI - rebocando outro veículo;


VII - sem segurar o guidom com ambas as mãos, salvo eventualmente para indicação de manobras;
VIII – transportando carga incompatível com suas especificações ou em desacordo com o previsto no
§ 2º do art. 139-A desta Lei;
IX – efetuando transporte remunerado de mercadorias em desacordo com o previsto no art. 139-A
desta Lei ou com as normas que regem a atividade profissional dos mototaxistas:
Infração – grave;
Penalidade – multa;
Medida administrativa – apreensão do veículo para regularização.

§ 1º Para ciclos aplica-se o disposto nos incisos III, VII e VIII, além de:
a) conduzir passageiro fora da garupa ou do assento especial a ele destinado;
b) transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias, salvo onde houver acostamento ou faixas de
rolamento próprias;
c) transportar crianças que não tenham, nas circunstâncias, condições de cuidar de sua própria
segurança.

§ 2º Aplica-se aos ciclomotores o disposto na alínea b do parágrafo anterior:


Infração - média;

§ 3º A restrição imposta pelo inciso VI do caput deste artigo não se aplica às motocicletas e motonetas
que tracionem semirreboques especialmente projetados para esse fim e devidamente homologados pelo
órgão competente.
Penalidade - multa.

Art. 245 - Utilizar a via para depósito de mercadorias, materiais ou equipamentos, sem autorização do
órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção da mercadoria ou do material.
Parágrafo único - A penalidade e a medida administrativa incidirão sobre a pessoa física ou jurídica
responsável.

Art. 246 - Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre circulação, à segurança de veículo e pedestres,
tanto no leito da via terrestre como na calçada, ou obstaculizar a via indevidamente:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa, agravada em até cinco vezes, a critério da autoridade de trânsito, conforme o risco
à segurança.
Parágrafo único - A penalidade será aplicada à pessoa física ou jurídica responsável pela obstrução,
devendo a autoridade com circunscrição sobre a via providenciar a sinalização de emergência, às
expensas do responsável, ou, se possível, promover a desobstrução.

Art. 247 - Deixar de conduzir pelo bordo da pista de rolamento, em fila única, os veículos de tração ou
propulsão humana e os de tração animal, sempre que não houver acostamento ou faixa a eles destinados:
Infração - média;
Penalidade - multa.

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Art. 248 - Transportar em veículo destinado ao transporte de passageiros carga excedente em
desacordo com o estabelecido no art. 109:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção para o transbordo.

Art. 249 - Deixar de manter acesas, à noite, as luzes de posição, quando o veículo estiver parado,
para fins de embarque ou desembarque de passageiros e carga ou descarga de mercadorias:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 250 - Quando o veículo estiver em movimento:


I - deixar de manter acesa a luz baixa:
a) durante a noite;
b) de dia, nos túneis providos de iluminação pública e nas rodovias (Redação dada pela Lei nº 13.290,
de 2016);
c) de dia e de noite, tratando-se de veículo de transporte coletivo de passageiros, circulando em faixas
ou pistas a eles destinadas;
d) de dia e de noite, tratando-se de ciclomotores;
II - deixar de manter acesas pelo menos as luzes de posição sob chuva forte, neblina ou cerração;
III - deixar de manter a placa traseira iluminada, à noite;
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 251 - Utilizar as luzes do veículo:


I - o pisca-alerta, exceto em imobilizações ou situações de emergência;
II - baixa e alta de forma intermitente, exceto nas seguintes situações:
a) a curtos intervalos, quando for conveniente advertir a outro condutor que se tem o propósito de
ultrapassá-lo;
b) em imobilizações ou situação de emergência, como advertência, utilizando pisca-alerta;
c) quando a sinalização de regulamentação da via determinar o uso do pisca-alerta:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Art. 252 - Dirigir o veículo:


I - com o braço do lado de fora;
II - transportando pessoas, animais ou volume à sua esquerda ou entre os braços e pernas;
III - com incapacidade física ou mental temporária que comprometa a segurança do trânsito;
IV - usando calçado que não se firme nos pés ou que comprometa a utilização dos pedais;
V - com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer sinais regulamentares de braço, mudar a
marcha do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo;
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou de telefone celular;
Infração - média;
Penalidade - multa.
VII - realizando a cobrança de tarifa com o veículo em movimento: (Incluído pela Lei nº 13.154, de
2015)
Infração - média; (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Penalidade - multa. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V caracterizar-se-á como infração gravíssima no caso
de o condutor estar segurando ou manuseando telefone celular. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 253 - Bloquear a via com veículo:


Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo.

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Art. 253-A. Usar veículo para, deliberadamente, interromper, restringir ou perturbar a circulação na
via sem autorização do órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre ela: (Incluído pela Lei nº
13. 281, de 2016)
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)
Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses; (Incluído pela
Lei nº 13. 281, de 2016)
Medida administrativa - remoção do veículo. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)
§ 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessenta) vezes aos organizadores da conduta prevista no
caput. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)
§ 2º Aplica-se em dobro a multa em caso de reincidência no período de 12 (doze) meses. (Incluído
pela Lei nº 13. 281, de 2016)
§ 3º As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas ou jurídicas que incorram na infração, devendo a
autoridade com circunscrição sobre a via restabelecer de imediato, se possível, as condições de
normalidade para a circulação na via. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)

Art. 254 - É proibido ao pedestre:


I - permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exceto para cruzá-las onde for permitido;
II - cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pontes, ou túneis, salvo onde exista permissão;
III - atravessar a via dentro das áreas de cruzamento, salvo quando houver sinalização para esse fim;
IV - utilizar-se da via em agrupamentos capazes de perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer
folguedo, esporte, desfiles e similares, salvo em casos especiais e com a devida licença da autoridade
competente;
V - andar fora da faixa própria, passarela, passagem aérea ou subterrânea;
VI - desobedecer à sinalização de trânsito específica;
Infração - leve;
Penalidade - multa, em 50% (cinquenta por cento) do valor da infração de natureza leve.
VII e §§ - (VETADOS). (Incluídos pela Lei nº 13. 281, de 2016)

Art. 255 - Conduzir bicicleta em passeios onde não seja permitida a circulação desta, ou de forma
agressiva, em desacordo com o disposto no parágrafo único do art. 69:
Infração - média;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção da bicicleta, mediante recibo para o pagamento da multa.

A comunicação da penalidade, feita ao órgão ou entidade executivo de trânsito responsável pelo


licenciamento do veículo e habilitação do condutor, é de vital importância, visto que somente desta
maneira irá garantir que o condutor seja penalizado, pois o mesmo só poderá proceder ao licenciamento
do veículo se não existirem débitos acerca do mesmo.

CAPÍTULO XVI
DAS PENALIDADES

Art. 256 - A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro
de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
I - advertência por escrito;
II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
IV - (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
VI - cassação da Permissão para Dirigir;
VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.
§ 1º - A aplicação das penalidades previstas neste Código não elide as punições originárias de ilícitos
penais decorrentes de crimes de trânsito, conforme disposições de lei.
§ 2º - (VETADO)
§ 3º - A imposição da penalidade será comunicada aos órgãos ou entidades executivos de trânsito
responsáveis pelo licenciamento do veículo e habilitação do condutor.

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Art. 257 - As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao
transportador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e deveres impostos a pessoas físicas
ou jurídicas expressamente mencionados neste Código.
§ 1º - Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as penalidades
de que trata este Código toda vez que houver responsabilidade solidária em infração dos preceitos que
lhes couber observar, respondendo cada um de per si pela falta em comum que lhes for atribuída.
§ 2º - Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à prévia regularização
e preenchimento das formalidades e condições exigidas para o trânsito do veículo na via terrestre,
conservação e inalterabilidade de suas características, componentes, agregados, habilitação legal e
compatível de seus condutores, quando esta for exigida, e outras disposições que deva observar.
§ 3º - Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção
do veículo.
§ 4º - O embarcador é responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso
nos eixos ou no peso bruto total, quando simultaneamente for o único remetente da carga e o peso
declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for inferior àquele aferido.
§ 5º - O transportador é o responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de
peso nos eixos ou quando a carga proveniente de mais de um embarcador ultrapassar o peso bruto total.
§ 6º - O transportador e o embarcador são solidariamente responsáveis pela infração relativa ao
excesso de peso bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for superior ao limite
legal.
§ 7º - Não sendo imediata a identificação do infrator, o proprietário do veículo terá quinze dias de prazo,
após a notificação da autuação, para apresentá-lo, na forma em que dispuser o CONTRAN, ao fim do
qual, não o fazendo, será considerado responsável pela infração.
§ 8º - Após o prazo previsto no parágrafo anterior, não havendo identificação do infrator e sendo o
veículo de propriedade de pessoa jurídica, será lavrada nova multa ao proprietário do veículo, mantida a
originada pela infração, cujo valor é o da multa multiplicada pelo número de infrações iguais cometidas
no período de doze meses.
§ 9º - O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o exime do disposto no § 3º do art. 258 e no art. 259.

Art. 258 - As infrações punidas com multa classificam-se, de acordo com sua gravidade, em quatro
categorias:
I - infração de natureza gravíssima, punida com multa no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa e
três reais e quarenta e sete centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
II - infração de natureza grave, punida com multa no valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco
reais e vinte e três centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
III - infração de natureza média, punida com multa no valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e
dezesseis centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
IV - infração de natureza leve, punida com multa no valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e
oito centavos). (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 2º - Quando se tratar de multa agravada, o fator multiplicador ou índice adicional específico é o
previsto neste Código.

Art. 259 - A cada infração cometida são computados os seguintes números de pontos:
I - gravíssima - sete pontos;
II - grave - cinco pontos;
III - média - quatro pontos;
IV - leve - três pontos.
§ 1º ao §3º- (VETADOS)
§ 4º Ao condutor identificado no ato da infração será atribuída pontuação pelas infrações de sua
responsabilidade, nos termos previstos no § 3º do art. 257, excetuando-se aquelas praticadas por
passageiros usuários do serviço de transporte rodoviário de passageiros em viagens de longa distância
transitando em rodovias com a utilização de ônibus, em linhas regulares intermunicipal, interestadual,
internacional e aquelas em viagem de longa distância por fretamento e turismo ou de qualquer
modalidade, excetuadas as situações regulamentadas pelo Contran a teor do art. 65 da Lei nº 9.503, de
23 de setembro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)

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Art. 260 - As multas serão impostas e arrecadadas pelo órgão ou entidade de trânsito com
circunscrição sobre a via onde haja ocorrido a infração, de acordo com a competência estabelecida neste
Código.
§ 1º - As multas decorrentes de infração cometida em unidade da Federação diversa da do
licenciamento do veículo serão arrecadadas e compensadas na forma estabelecida pelo CONTRAN.
§ 2º - As multas decorrentes de infração cometida em unidade da Federação diversa daquela do
licenciamento do veículo poderão ser comunicadas ao órgão ou entidade responsável pelo seu
licenciamento, que providenciará a notificação.
§ 3º - (Revogado)
§ 4º - Quando a infração for cometida com veículo licenciado no exterior, em trânsito no território
nacional, a multa respectiva deverá ser paga antes de sua saída do País, respeitado o princípio de
reciprocidade.
§ 5º O condutor que exerce atividade remunerada em veículo, habilitado na categoria C, D ou E, será
convocado pelo órgão executivo de trânsito estadual a participar de curso preventivo de reciclagem
sempre que, no período de um ano, atingir quatorze pontos, conforme regulamentação do Contran.
(Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 6º Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5º, o condutor terá eliminados os pontos que lhe
tiverem sido atribuídos, para fins de contagem subsequente. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 7º Após o término do curso de reciclagem, na forma do § 5º, o condutor não poderá ser novamente
convocado antes de transcorrido o período de um ano. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 8º A pessoa jurídica concessionária ou permissionária de serviço público tem o direito de ser
informada dos pontos atribuídos, na forma do art. 259, aos motoristas que integrem seu quadro funcional,
exercendo atividade remunerada ao volante, na forma que dispuser o Contran. (Incluído pela Lei nº
13.154, de 2015)

Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes casos: (Redação
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
I - sempre que o infrator atingir a contagem de 20 (vinte) pontos, no período de 12 (doze) meses,
conforme a pontuação prevista no art. 259; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
II - por transgressão às normas estabelecidas neste Código, cujas infrações preveem, de forma
específica, a penalidade de suspensão do direito de dirigir. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir são os seguintes:
(Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e, no caso de reincidência no período
de 12 (doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) meses, exceto para as infrações com prazo
descrito no dispositivo infracional, e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito)
a 18 (dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso II do art. 263. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de dirigir, a Carteira Nacional de Habilitação será devolvida
a seu titular imediatamente após cumprida a penalidade e o curso de reciclagem.
§ 3º A imposição da penalidade de suspensão do direito de dirigir elimina os 20 (vinte) pontos
computados para fins de contagem subsequente.
§ 4º (VETADO)
§ 5º O condutor que exerce atividade remunerada em veículo, habilitado na categoria C, D ou E, poderá
optar por participar de curso preventivo de reciclagem sempre que, no período de 1 (um) ano, atingir 14
(quatorze) pontos, conforme regulamentação do Contran. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 6º Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5º, o condutor terá eliminados os pontos que lhe
tiverem sido atribuídos, para fins de contagem subsequente. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
§ 7º O motorista que optar pelo curso previsto no § 5º não poderá fazer nova opção no período de 12
(doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 8º A pessoa jurídica concessionária ou permissionária de serviço público tem o direito de ser
informada dos pontos atribuídos, na forma do art. 259, aos motoristas que integrem seu quadro funcional,
exercendo atividade remunerada ao volante, na forma que dispuser o Contran. (Incluído pela Lei nº
13.154, de 2015)
§ 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do art. 162 o condutor que, notificado da penalidade de
que trata este artigo, dirigir veículo automotor em via pública. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 10. O processo de suspensão do direito de dirigir referente ao inciso II do caput deste artigo deverá
ser instaurado concomitantemente com o processo de aplicação da penalidade de multa. (Incluído pela
Lei nº 13.281, de 2016)

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§ 11. O Contran regulamentará as disposições deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 262. (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 263 - A cassação do documento de habilitação dar-se-á:


I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art.
162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175;
III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o disposto no art. 160.
§ 1º - Constatada, em processo administrativo, a irregularidade na expedição do documento de
habilitação, a autoridade expedidora promoverá o seu cancelamento.
§ 2º - Decorridos dois anos da cassação da Carteira Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer
sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação, na forma estabelecida
pelo CONTRAN.

Art. 264 - (VETADO)

Art. 265 - As penalidades de suspensão do direito de dirigir e de cassação do documento de habilitação


serão aplicadas por decisão fundamentada da autoridade de trânsito competente, em processo
administrativo, assegurado ao infrator amplo direito de defesa.

Art. 266 - Quando o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,
cumulativamente, as respectivas penalidades.

Art. 267 - Poderá ser imposta a penalidade de advertência por escrito à infração de natureza leve ou
média, passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma infração, nos últimos
doze meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender esta providência como
mais educativa.
§ 1º - A aplicação da advertência por escrito não elide o acréscimo do valor da multa prevista no§ 3º do
art. 258, imposta por infração posteriormente cometida.
§ 2º - O disposto neste artigo aplica-se igualmente aos pedestres, podendo a multa ser transformada
na participação do infrator em cursos de segurança viária, a critério da autoridade de trânsito.

Art. 268 - O infrator será submetido a curso de reciclagem, na forma estabelecida pelo CONTRAN:
I - quando, sendo contumaz, for necessário à sua reeducação;
II - quando suspenso do direito de dirigir;
III - quando se envolver em acidente grave para o qual haja contribuído, independentemente de
processo judicial;
IV - quando condenado judicialmente por delito de trânsito;
V - a qualquer tempo, se for constatado que o condutor está colocando em risco a segurança do
trânsito;
VI - em outras situações a serem definidas pelo CONTRAN.

(...)

Do Processo Administrativo

O processo administrativo destinado a apuração das infrações de trânsito e imposição de penalidades


aos responsáveis, desenhado no CTB, começa com a lavratura do auto de infração (art. 280) e se encerra
com o julgamento das formas de impugnações à disposição do suposto infrator (arts. 281 e ss).
Na primeira etapa, a autoridade de trânsito julgará a consistência e regularidade do auto de infração,
sendo facultado ao interessado a apresentação de defesa prévia. Aplicada a penalidade, o interessado
será notificado para pagamento da multa e/ou interposição de recurso a ser apreciado pelas Juntas
Administrativas de Recursos de Infração (JARI), sendo esta uma fase tipicamente recursal, pois
pressupõe o reexame da decisão da autoridade de trânsito por colegiado especificamente constituído
para esse fim (art. 282 a 287). Por fim, há, ainda, previsão de recurso dirigido ao Conselho Nacional de
Trânsito (CONTRAN) aos Conselhos Estaduais de Transito (CETRAN e CONTRANDIFE), o que constitui
uma segunda instância recursal administrativa (arts. 288 e 289).

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CAPÍTULO XVIII
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
Seção I
Da Autuação

Art. 280 - Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual
constará:
I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e espécie, e outros elementos julgados
necessários à sua identificação;
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou equipamento que
comprovar a infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação do cometimento da
infração.
§ 1º - (VETADO)
§ 2º - A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente da autoridade de
trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual, reações químicas ou qualquer outro
meio tecnologicamente disponível, previamente regulamentado pelo CONTRAN.
§ 3º - Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o fato à autoridade no
próprio auto de infração, informando os dados a respeito do veículo, além dos constantes nos incisos I,
II e III, para o procedimento previsto no artigo seguinte.
§ 4º - O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração poderá ser servidor
civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de trânsito com jurisdição
sobre a via no âmbito de sua competência.

Seção II
Do Julgamento das Autuações e Penalidades

Art. 281 - A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste Código e dentro de
sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
Parágrafo único - O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente:
I - se considerado inconsistente ou irregular;
II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação.

Art. 282 - Aplicada a penalidade, será expedida notificação ao proprietário do veículo ou ao infrator,
por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil, que assegure a ciência da imposição
da penalidade.
§ 1º - A notificação devolvida por desatualização do endereço do proprietário do veículo será
considerada válida para todos os efeitos.
§ 2º - A notificação a pessoal de missões diplomáticas, de repartições consulares de carreira e de
representações de organismos internacionais e de seus integrantes será remetida ao Ministério das
Relações Exteriores para as providências cabíveis e cobrança dos valores, no caso de multa.
§ 3º - Sempre que a penalidade de multa for imposta a condutor, à exceção daquela de que trata o §
1º do art. 259, a notificação será encaminhada ao proprietário do veículo, responsável pelo seu
pagamento.
§ 4º - Da notificação deverá constar a data do término do prazo para apresentação de recurso pelo
responsável pela infração, que não será inferior a trinta dias contados da data da notificação da
penalidade.
§ 5º - No caso de penalidade de multa, a data estabelecida no parágrafo anterior será a data para o
recolhimento de seu valor.

Art. 282-A. O proprietário do veículo ou o condutor autuado poderá optar por ser notificado por meio
eletrônico se o órgão do Sistema Nacional de Trânsito responsável pela autuação oferecer essa opção.
(Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 1º O proprietário ou o condutor autuado que optar pela notificação por meio eletrônico deverá manter
seu cadastro atualizado no órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal. (Incluído
pela Lei nº 13.281, de 2016)

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§ 2º Na hipótese de notificação por meio eletrônico, o proprietário ou o condutor autuado será
considerado notificado 30 (trinta) dias após a inclusão da informação no sistema eletrônico. (Incluído
pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 3º O sistema previsto no caput será certificado digitalmente, atendidos os requisitos de autenticidade,
integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-
Brasil). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 283 - (VETADO)

Art. 284. O pagamento da multa poderá ser efetuado até a data do vencimento expressa na notificação,
por oitenta por cento do seu valor.
§ 1º Caso o infrator opte pelo sistema de notificação eletrônica, se disponível, conforme
regulamentação do Contran, e opte por não apresentar defesa prévia nem recurso, reconhecendo o
cometimento da infração, poderá efetuar o pagamento da multa por 60% (sessenta por cento) do seu
valor, em qualquer fase do processo, até o vencimento da multa. (Incluído pela Lei nº 13.281, de
2016)
§ 2º O recolhimento do valor da multa não implica renúncia ao questionamento administrativo, que
pode ser realizado a qualquer momento, respeitado o disposto no § 1º. (Incluído pela Lei nº 13.281, de
2016)
§ 3º Não incidirá cobrança moratória e não poderá ser aplicada qualquer restrição, inclusive para fins
de licenciamento e transferência, enquanto não for encerrada a instância administrativa de julgamento de
infrações e penalidades. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 4º Encerrada a instância administrativa de julgamento de infrações e penalidades, a multa não paga
até o vencimento será acrescida de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais acumulada mensalmente, calculados a partir do mês
subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento)
relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 285 - O recurso previsto no art. 283 será interposto perante a autoridade que impôs a penalidade,
a qual remetê-lo-á à JARI, que deverá julgá-lo em até trinta dias.
§ 1º - O recurso não terá efeito suspensivo.
§ 2º - A autoridade que impôs a penalidade remeterá o recurso ao órgão julgador, dentro dos dez dias
úteis subsequentes à sua apresentação, e, se o entender intempestivo, assinalará o fato no despacho de
encaminhamento.
§ 3º - Se, por motivo de força maior, o recurso não for julgado dentro do prazo previsto neste artigo, a
autoridade que impôs a penalidade, de ofício, ou por solicitação do recorrente, poderá conceder-lhe efeito
suspensivo.

Art. 286 - O recurso contra a imposição de multa poderá ser interposto no prazo legal, sem o
recolhimento do seu valor.
§ 1º - No caso de não provimento do recurso, aplicar-se-á o estabelecido no parágrafo único do art.
284.
§ 2º - Se o infrator recolher o valor da multa e apresentar recurso, se julgada improcedente a
penalidade, ser-lhe-á devolvida a importância paga, atualizada em UFIR ou por índice legal de correção
dos débitos fiscais.

Art. 287 - Se a infração for cometida em localidade diversa daquela do licenciamento do veículo, o
recurso poderá ser apresentado junto ao órgão ou entidade de trânsito da residência ou domicílio do
infrator.
Parágrafo único - A autoridade de trânsito que receber o recurso deverá remetê-lo, de pronto, à
autoridade que impôs a penalidade acompanhado das cópias dos prontuários necessários ao julgamento.

Art. 288 - Das decisões da JARI cabe recurso a ser interposto, na forma do artigo seguinte, no prazo
de trinta dias contado da publicação ou da notificação da decisão.
§ 1º - O recurso será interposto, da decisão do não provimento, pelo responsável pela infração, e da
decisão de provimento, pela autoridade que impôs a penalidade.

Art. 289 - O recurso de que trata o artigo anterior será apreciado no prazo de trinta dias:
I - tratando-se de penalidade imposta pelo órgão ou entidade de trânsito da União:

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a) em caso de suspensão do direito de dirigir por mais de seis meses, cassação do documento de
habilitação ou penalidade por infrações gravíssimas, pelo CONTRAN;
b) nos demais casos, por colegiado especial integrado pelo Coordenador-Geral da JARI, pelo
Presidente da Junta que apreciou o recurso e por mais um Presidente de Junta;
II - tratando-se de penalidade imposta por órgão ou entidade de trânsito estadual, municipal ou do
Distrito Federal, pelos CETRAN E CONTRANDIFE, respectivamente.
Parágrafo único - No caso da alínea b do inciso I, quando houver apenas uma JARI, o recurso será
julgado por seus próprios membros.

Art. 290. Implicam encerramento da instância administrativa de julgamento de infrações e penalidades:


(Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
I - o julgamento do recurso de que tratam os arts. 288 e 289; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
II - a não interposição do recurso no prazo legal; e (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
III - o pagamento da multa, com reconhecimento da infração e requerimento de encerramento do
processo na fase em que se encontra, sem apresentação de defesa ou recurso. (Incluído pela Lei nº
13.281, de 2016)
Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalidades aplicadas nos termos deste Código serão
cadastradas no RENACH.

CRIMES DE TRÂNSITO

O Código de Trânsito Brasileiro, em matéria penal, está dividido em duas partes:


1. Disposições gerais (art. 291/301);
2. .Crimes em espécie (art. 302/312).

Considera-se crime de trânsito, a conduta que envolve, que guarda relação com o trânsito, com a
direção de veículo automotor, prevista nos arts. 302 ao 312 do Código de Trânsito Brasileiro.
O Código de Trânsito Brasileiro disciplina a aplicação do Código Penal, Código de Processo Penal e
Lei nº 9.099/1995.
As penas restritivas de direitos, cominadas no Código de Trânsito Brasileiro, se apresentam na
modalidade específica de interdição temporária de direitos, assim disciplinadas:
- suspensão da habilitação;
- suspensão da permissão;
- proibição de se obter habilitação;
- proibição de se obter permissão.

Essas penas podem ser cumuladas com pena privativa de liberdade e, ainda, com a pena de multa.
A pena tem duração de 2 meses a 5 anos, não tendo a lei estabelecido um critério de dosimetria, logo,
o entendimento prevalente sugere o critério trifásico do art. 68 do Código Penal.
O início da contagem dessa pena iniciará a partir do momento em que o agente deixar o
estabelecimento penal se estiver preso.
No caso de suspensão da habilitação ou da permissão o agente condenado tem um prazo de 48 horas
para entregar o documento para as autoridades, a partir da intimação do condenado do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória.
A falta de entrega desse documento caracteriza o crime do art. 307, § único do Código de Trânsito
Brasileiro.
Essas quatro penas podem ser aplicadas cautelarmente pelo juiz de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, toda vez que o agente constituir uma ameaça para a ordem pública.

CAPÍTULO XIX
DOS CRIMES DE TRÂNSITO
Seção I
Disposições Gerais

Art. 291 - Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-
se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser
de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.

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§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei
no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou
demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
quilômetros por hora).
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a
investigação da infração penal.

Art. 292 - A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras penalidades. (Redação dada pela
Lei nº 12.971/2014)

Art. 293 - A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para


dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
§ 1º - Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade
judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
§ 2º - A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido
a estabelecimento prisional.

Art. 294 - Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia
da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público
ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da
permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
Parágrafo único - Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o
requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.

Art. 295 - A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a
habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito -
CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.

Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade
de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais
sanções penais cabíveis.

Art. 297 - A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante depósito judicial em
favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do
Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime.
§ 1º - A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo.
§ 2º - Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código Penal.
§ 3º - Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado.

Art. 298 - São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor
do veículo cometido a infração:
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a
terceiros;
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou
de carga;
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a
sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas
especificações do fabricante;
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.

Art. 299 - (VETADO)

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Art. 300 - (VETADO)

Art. 301 - Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

Seção II
Dos Crimes em Espécie

Art. 302 - Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:


Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
§ 2º (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 303 - Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:


Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo único - Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses
do § 1º do art. 302 (Redação dada pela Lei nº 12.971/2014).

Art. 304 - Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima,
ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais
grave.
Parágrafo único - Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos
leves.

Art. 305 - Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal
ou civil que lhe possa ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por:
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a
0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou
toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito
admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971/2014)
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos
para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971/2014)

Art. 307 - Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo
de suspensão ou de proibição.
Parágrafo único - Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo
estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

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Art. 308 - Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade
pública ou privada:
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as
circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a
pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo.
§ 2º Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o
agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão
de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo (Redação dada pela
Lei nº 12.971/2014).

Art. 309 - Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação
ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 310 - Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde,
física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 311 - Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas,
hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 312 - Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do
respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o
procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.

Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o
juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de
prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades: (Incluído
pela Lei nº 13.281, de 2016)
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades
móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de
acidente de trânsito e politraumatizados; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito;
(Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de
trânsito. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

CAPÍTULO XX
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 313 - O Poder Executivo promoverá a nomeação dos membros do CONTRAN no prazo de
sessenta dias da publicação deste Código.

Art. 314 - O CONTRAN tem o prazo de duzentos e quarenta dias a partir da publicação deste Código
para expedir as resoluções necessárias à sua melhor execução, bem como revisar todas as resoluções
anteriores à sua publicação, dando prioridade àquelas que visam a diminuir o número de acidentes e a
assegurar a proteção de pedestres.

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Parágrafo único - As resoluções do CONTRAN, existentes até a data de publicação deste Código,
continuam em vigor naquilo em que não conflitem com ele.

Art. 315 - O Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN, deverá, no


prazo de duzentos e quarenta dias contado da publicação, estabelecer o currículo com conteúdo
programático relativo à segurança e à educação de trânsito, a fim de atender o disposto neste Código.

Art. 316 - O prazo de notificação previsto no inciso II do parágrafo único do art. 281 só entrará em
vigor após duzentos e quarenta dias contados da publicação desta Lei.

Art. 317 - Os órgãos e entidades de trânsito concederão prazo de até um ano para a adaptação dos
veículos de condução de escolares e de aprendizagem às normas do inciso III do art. 136 e art. 154,
respectivamente.

Art. 318 - (VETADO)

Art. 319 - Enquanto não forem baixadas novas normas pelo CONTRAN, continua em vigor o disposto
no art. 92 do Regulamento do Código Nacional de Trânsito - Decreto nº 62.127, de 16 de janeiro de 1968.

Art. 319-A. Os valores de multas constantes deste Código poderão ser corrigidos monetariamente
pelo Contran, respeitado o limite da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
no exercício anterior. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Parágrafo único. Os novos valores decorrentes do disposto no caput serão divulgados pelo Contran
com, no mínimo, 90 (noventa) dias de antecedência de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº 13.281, de
2016)

Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente,
em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito.
§ 1º O percentual de cinco por cento do valor das multas de trânsito arrecadadas será depositado,
mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação de trânsito.
(Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 2º O órgão responsável deverá publicar, anualmente, na rede mundial de computadores (internet),
dados sobre a receita arrecadada com a cobrança de multas de trânsito e sua destinação. (Incluído pela
Lei nº 13. 281, de 2016)

Art. 320-A. Os órgãos e as entidades do Sistema Nacional de Trânsito poderão integrar-se para a
ampliação e o aprimoramento da fiscalização de trânsito, inclusive por meio do compartilhamento da
receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 321 - (VETADO)


Art. 322 - (VETADO)

Art. 323 - O CONTRAN, em cento e oitenta dias, fixará a metodologia de aferição de peso de veículos,
estabelecendo percentuais de tolerância, sendo durante este período suspensa a vigência das
penalidades previstas no inciso V do art. 231, aplicando-se a penalidade de vinte UFIR por duzentos
quilogramas ou fração de excesso.
Parágrafo único - Os limites de tolerância a que se refere este artigo, até a sua fixação pelo
CONTRAN, são aqueles estabelecidos pela Lei nº 7.408, de 25 de novembro de 1985.

Art. 324 - (VETADO)

Art. 325. As repartições de trânsito conservarão por, no mínimo, 5 (cinco) anos os documentos
relativos à habilitação de condutores, ao registro e ao licenciamento de veículos e aos autos de infração
de trânsito. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 1º Os documentos previstos no caput poderão ser gerados e tramitados eletronicamente, bem como
arquivados e armazenados em meio digital, desde que assegurada a autenticidade, a fidedignidade, a
confiabilidade e a segurança das informações, e serão válidos para todos os efeitos legais, sendo
dispensada, nesse caso, a sua guarda física. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

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§ 2º O Contran regulamentará a geração, a tramitação, o arquivamento, o armazenamento e a
eliminação de documentos eletrônicos e físicos gerados em decorrência da aplicação das disposições
deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 3º Na hipótese prevista nos §§ 1º e 2º, o sistema deverá ser certificado digitalmente, atendidos os
requisitos de autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileira (ICP-Brasil). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 326 - A Semana Nacional de Trânsito será comemorada anualmente no período compreendido
entre 18 e 25 de setembro.

Art. 327 - A partir da publicação deste Código, somente poderão ser fabricados e licenciados veículos
que obedeçam aos limites de peso e dimensões fixados na forma desta Lei, ressalvados os que vierem
a ser regulamentados pelo CONTRAN.
Parágrafo único - (VETADO)

Art. 328 - O veículo apreendido ou removido a qualquer título e não reclamado por seu proprietário
dentro do prazo de sessenta dias, contado da data de recolhimento, será avaliado e levado a leilão, a ser
realizado preferencialmente por meio eletrônico. (Redação dada pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 1º Publicado o edital do leilão, a preparação poderá ser iniciada após trinta dias, contados da data
de recolhimento do veículo, o qual será classificado em duas categorias: (Incluído pela Lei nº 13.160, de
2015)
I – conservado, quando apresenta condições de segurança para trafegar; e (Incluído pela Lei nº 13.160,
de 2015)
II – sucata, quando não está apto a trafegar. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 2º Se não houver oferta igual ou superior ao valor da avaliação, o lote será incluído no leilão seguinte,
quando será arrematado pelo maior lance, desde que por valor não inferior a cinquenta por cento do
avaliado. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 3º Mesmo classificado como conservado, o veículo que for levado a leilão por duas vezes e não for
arrematado será leiloado como sucata. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 4º É vedado o retorno do veículo leiloado como sucata à circulação. (Incluído pela Lei nº 13.160, de
2015)
§ 5º A cobrança das despesas com estada no depósito será limitada ao prazo de seis meses. (Incluído
pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 6º Os valores arrecadados em leilão deverão ser utilizados para custeio da realização do leilão,
dividindo-se os custos entre os veículos arrematados, proporcionalmente ao valor da arrematação, e
destinando-se os valores remanescentes, na seguinte ordem, para: (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
I – as despesas com remoção e estada; (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
II – os tributos vinculados ao veículo, na forma do § 10; (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
III – os credores trabalhistas, tributários e titulares de crédito com garantia real, segundo a ordem de
preferência estabelecida no art. 186 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário
Nacional); (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
IV – as multas devidas ao órgão ou à entidade responsável pelo leilão; (Incluído pela Lei nº 13.160, de
2015)
V – as demais multas devidas aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Trânsito, segundo a
ordem cronológica; e (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
VI – os demais créditos, segundo a ordem de preferência legal. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 7º Sendo insuficiente o valor arrecadado para quitar os débitos incidentes sobre o veículo, a situação
será comunicada aos credores. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 8º Os órgãos públicos responsáveis serão comunicados do leilão previamente para que formalizem
a desvinculação dos ônus incidentes sobre o veículo no prazo máximo de dez dias. (Incluído pela Lei nº
13.160, de 2015)
§ 9º Os débitos incidentes sobre o veículo antes da alienação administrativa ficam dele
automaticamente desvinculados, sem prejuízo da cobrança contra o proprietário anterior. (Incluído pela
Lei nº 13.160, de 2015)
§ 10. Aplica-se o disposto no § 9o inclusive ao débito relativo a tributo cujo fato gerador seja a
propriedade, o domínio útil, a posse, a circulação ou o licenciamento de veículo. (Incluído pela Lei nº
13.160, de 2015)

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1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
§ 11. Na hipótese de o antigo proprietário reaver o veículo, por qualquer meio, os débitos serão
novamente vinculados ao bem, aplicando-se, nesse caso, o disposto nos §§ 1o, 2o e 3o do art. 271.
(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 12. Quitados os débitos, o saldo remanescente será depositado em conta específica do órgão
responsável pela realização do leilão e ficará à disposição do antigo proprietário, devendo ser expedida
notificação a ele, no máximo em trinta dias após a realização do leilão, para o levantamento do valor no
prazo de cinco anos, após os quais o valor será transferido, definitivamente, para o fundo a que se refere
o parágrafo único do art. 320. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 13. Aplica-se o disposto neste artigo, no que couber, ao animal recolhido, a qualquer título, e não
reclamado por seu proprietário no prazo de sessenta dias, a contar da data de recolhimento, conforme
regulamentação do CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 14. Se identificada a existência de restrição policial ou judicial sobre o prontuário do veículo, a
autoridade responsável pela restrição será notificada para a retirada do bem do depósito, mediante a
quitação das despesas com remoção e estada, ou para a autorização do leilão nos termos deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 15. Se no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da notificação de que trata o § 14, não houver
manifestação da autoridade responsável pela restrição judicial ou policial, estará o órgão de trânsito
autorizado a promover o leilão do veículo nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 16. Os veículos, sucatas e materiais inservíveis de bens automotores que se encontrarem nos
depósitos há mais de 1 (um) ano poderão ser destinados à reciclagem, independentemente da existência
de restrições sobre o veículo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

§ 17. O procedimento de hasta pública na hipótese do § 16 será realizado por lote de tonelagem de
material ferroso, observando-se, no que couber, o disposto neste artigo, condicionando-se a entrega do
material arrematado aos procedimentos necessários à descaracterização total do bem e à destinação
exclusiva, ambientalmente adequada, à reciclagem siderúrgica, vedado qualquer aproveitamento de
peças e partes. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 18. Os veículos sinistrados irrecuperáveis queimados, adulterados ou estrangeiros, bem como
aqueles sem possibilidade de regularização perante o órgão de trânsito, serão destinados à reciclagem,
independentemente do período em que estejam em depósito, respeitado o prazo previsto no caput deste
artigo, sempre que a autoridade responsável pelo leilão julgar ser essa a medida apropriada. (Incluído
pela Lei nº 13.281, de 2016)

Art. 329 - Os condutores dos veículos de que tratam os arts. 135 e 136, para exercerem suas
atividades, deverão apresentar, previamente, certidão negativa do registro de distribuição criminal
relativamente aos crimes de homicídio, roubo, estupro e corrupção de menores, renovável a cada cinco
anos, junto ao órgão responsável pela respectiva concessão ou autorização.

Art. 330 - Os estabelecimentos onde se executem reformas ou recuperação de veículos e os que


comprem, vendam ou desmontem veículos, usados ou não, são obrigados a possuir livros de registro de
seu movimento de entrada e saída e de uso de placas de experiência, conforme modelos aprovados e
rubricados pelos órgãos de trânsito.
§ 1º - Os livros indicarão:
I - data de entrada do veículo no estabelecimento;
II - nome, endereço e identidade do proprietário ou vendedor;
III - data da saída ou baixa, nos casos de desmontagem;
IV - nome, endereço e identidade do comprador;
V - características do veículo constantes do seu certificado de registro;
VI - número da placa de experiência.
§ 2º - Os livros terão suas páginas numeradas tipograficamente e serão encadernados ou em folhas
soltas, sendo que, no primeiro caso, conterão termo de abertura e encerramento lavrados pelo proprietário
e rubricados pela repartição de trânsito, enquanto, no segundo, todas as folhas serão autenticadas pela
repartição de trânsito.
§ 3º - A entrada e a saída de veículos nos estabelecimentos referidos neste artigo registrar-se-ão no
mesmo dia em que se verificarem assinaladas, inclusive, as horas a elas correspondentes, podendo os
veículos irregulares lá encontrados ou suas sucatas ser apreendidos ou retidos para sua completa
regularização.
§ 4º - As autoridades de trânsito e as autoridades policiais terão acesso aos livros sempre que o
solicitarem, não podendo, entretanto, retirá-los do estabelecimento.

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§ 5º - A falta de escrituração dos livros, o atraso, a fraude ao realizá-lo e a recusa de sua exibição
serão punidas com a multa prevista para as infrações gravíssimas, independente das demais cominações
legais cabíveis.
§ 6º Os livros previstos neste artigo poderão ser substituídos por sistema eletrônico, na forma
regulamentada pelo Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

Art. 331 - Até a nomeação e posse dos membros que passarão a integrar os colegiados destinados
ao julgamento dos recursos administrativos previstos na Seção II do Capítulo XVIII deste Código, o
julgamento dos recursos ficará a cargo dos órgãos ora existentes.

Art. 332 - Os órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Trânsito proporcionarão aos
membros do CONTRAN, CETRAN e CONTRANDIFE, em serviço, todas as facilidades para o
cumprimento de sua missão, fornecendo-lhes as informações que solicitarem, permitindo-lhes
inspecionar a execução de quaisquer serviços e deverão atender prontamente suas requisições.

Art. 333 - O CONTRAN estabelecerá, em até cento e vinte dias após a nomeação de seus membros,
as disposições previstas nos arts. 91 e 92, que terão de ser atendidas pelos órgãos e entidades
executivos de trânsito e executivos rodoviários para exercerem suas competências.
§ 1º - Os órgãos e entidades de trânsito já existentes terão prazo de um ano, após a edição das normas,
para se adequarem às novas disposições estabelecidas pelo CONTRAN, conforme disposto neste artigo.
§ 2º - Os órgãos e entidades de trânsito a serem criados exercerão as competências previstas neste
Código em cumprimento às exigências estabelecidas pelo CONTRAN, conforme disposto neste artigo,
acompanhados pelo respectivo CETRAN, se órgão ou entidade municipal, ou CONTRAN, se órgão ou
entidade estadual, do Distrito Federal ou da União, passando a integrar o Sistema Nacional de Trânsito.

Art. 334 - As ondulações transversais existentes deverão ser homologadas pelo órgão ou entidade
competente no prazo de um ano, a partir da publicação deste Código, devendo ser retiradas em caso
contrário.

Art. 335 - (VETADO)

Art. 336 - Aplicam-se os sinais de trânsito previstos no Anexo II até a aprovação pelo CONTRAN, no
prazo de trezentos e sessenta dias da publicação desta Lei, após a manifestação da Câmara Temática
de Engenharia, de Vias e Veículos e obedecidos os padrões internacionais.

Art. 337 - Os CETRAN terão suporte técnico e financeiro dos Estados e Municípios que os compõem
e, o CONTRANDIFE, do Distrito Federal.

Art. 338 - As montadoras, encarroçadoras, os importadores e fabricantes, ao comerciarem veículos


automotores de qualquer categoria e ciclos, são obrigados a fornecer, no ato da comercialização do
respectivo veículo, manual contendo normas de circulação, infrações, penalidades, direção defensiva,
primeiros socorros e Anexos do Código de Trânsito Brasileiro.

Art. 339 - Fica o Poder Executivo autorizado a abrir crédito especial no valor de R$ 264.954,00
(duzentos e sessenta e quatro mil, novecentos e cinquenta e quatro reais), em favor do ministério ou
órgão a que couber a coordenação máxima do Sistema Nacional de Trânsito, para atender as despesas
decorrentes da implantação deste Código.

Art. 340 - Este Código entra em vigor cento e vinte dias após a data de sua publicação.

Art. 341 - Ficam revogadas as Leis nºs 5.108, de 21 de setembro de 1966, 5.693, de 16 de agosto de
1971, 5.820, de 10 de novembro de 1972, 6.124, de 25 de outubro de 1974, 6.308, de 15 de dezembro
de 1975, 6.369, de 27 de outubro de 1976, 6.731, de 4 de dezembro de 1979, 7.031, de 20 de setembro
de 1982, 7.052, de 02 de dezembro de 1982, 8.102, de 10 de dezembro de 1990, os arts. 1º a 6º e 11 do
Decreto-lei nº 237, de 28 de fevereiro de 1967, e os Decretos-leis nºs 584, de 16 de maio de 1969, 912,
de 2 de outubro de 1969, e 2.448, de 21 de julho de 1988.

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ANEXO I
DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Para efeito deste Código adotam-se as seguintes definições:

ACOSTAMENTO - parte da via diferenciada da pista de rolamento destinada à parada ou


estacionamento de veículos, em caso de emergência, e à circulação de pedestres e bicicletas, quando
não houver local apropriado para esse fim.

AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO - pessoa, civil ou policial militar, credenciada pela


autoridade de trânsito para o exercício das atividades de fiscalização, operação, policiamento ostensivo
de trânsito ou patrulhamento.

AR ALVEOLAR - ar expirado pela boca de um indivíduo, originário dos alvéolos


pulmonares. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

AUTOMÓVEL - veículo automotor destinado ao transporte de passageiros, com capacidade para até
oito pessoas, exclusive o condutor.

AUTORIDADE DE TRÂNSITO - dirigente máximo de órgão ou entidade executivo integrante do


Sistema Nacional de Trânsito ou pessoa por ele expressamente credenciada.

BALANÇO TRASEIRO - distância entre o plano vertical passando pelos centros das rodas traseiras
extremas e o ponto mais recuado do veículo, considerando-se todos os elementos rigidamente fixados
ao mesmo.

BICICLETA - veículo de propulsão humana, dotado de duas rodas, não sendo, para efeito deste
Código, similar à motocicleta, motoneta e ciclomotor.

BICICLETÁRIO - local, na via ou fora dela, destinado ao estacionamento de bicicletas.

BONDE - veículo de propulsão elétrica que se move sobre trilhos.

BORDO DA PISTA - margem da pista, podendo ser demarcada por linhas longitudinais de bordo que
delineiam a parte da via destinada à circulação de veículos.

CALÇADA - parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de
veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano,
sinalização, vegetação e outros fins.

CAMINHÃO-TRATOR - veículo automotor destinado a tracionar ou arrastar outro.

CAMINHONETE - veículo destinado ao transporte de carga com peso bruto total de até três mil e
quinhentos quilogramas.

CAMIONETA - veículo misto destinado ao transporte de passageiros e carga no mesmo


compartimento.

CANTEIRO CENTRAL - obstáculo físico construído como separador de duas pistas de rolamento,
eventualmente substituído por marcas viárias (canteiro fictício).

CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO - máximo peso que a unidade de tração é capaz de tracionar,
indicado pelo fabricante, baseado em condições sobre suas limitações de geração e multiplicação de
momento de força e resistência dos elementos que compõem a transmissão.

CARREATA - deslocamento em fila na via de veículos automotores em sinal de regozijo, de


reivindicação, de protesto cívico ou de uma classe.

CARRO DE MÃO - veículo de propulsão humana utilizado no transporte de pequenas cargas.

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1355987 E-book gerado especialmente para RAFAEL AUGUSTO MARTINS
CARROÇA - veículo de tração animal destinado ao transporte de carga.

CATADIÓPTRICO - dispositivo de reflexão e refração da luz utilizado na sinalização de vias e veículos


(olho-de-gato).

CHARRETE - veículo de tração animal destinado ao transporte de pessoas.

CICLO - veículo de pelo menos duas rodas a propulsão humana.

CICLOFAIXA - parte da pista de rolamento destinada à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por
sinalização específica.

CICLOMOTOR - veículo de duas ou três rodas, provido de um motor de combustão interna, cuja
cilindrada não exceda a cinquenta centímetros cúbicos (3,05 polegadas cúbicas) e cuja velocidade
máxima de fabricação não exceda a cinquenta quilômetros por hora.

CICLOVIA - pista própria destinada à circulação de ciclos, separada fisicamente do tráfego comum.

CONVERSÃO - movimento em ângulo, à esquerda ou à direita, de mudança da direção original do


veículo.

CRUZAMENTO - interseção de duas vias em nível.

DISPOSITIVO DE SEGURANÇA - qualquer elemento que tenha a função específica de proporcionar


maior segurança ao usuário da via, alertando-o sobre situações de perigo que possam colocar em risco
sua integridade física e dos demais usuários da via, ou danificar seriamente o veículo.

ESTACIONAMENTO - imobilização de veículos por tempo superior ao necessário para embarque ou


desembarque de passageiros.

ESTRADA - via rural não pavimentada.

ETILÔMETRO - aparelho destinado à medição do teor alcoólico no ar alveolar. (Incluído pela Lei nº
12.760, de 2012)

FAIXAS DE DOMÍNIO - superfície lindeira às vias rurais, delimitada por lei específica e sob
responsabilidade do órgão ou entidade de trânsito competente com circunscrição sobre a via.

FAIXAS DE TRÂNSITO - qualquer uma das áreas longitudinais em que a pista pode ser subdividida,
sinalizada ou não por marcas viárias longitudinais, que tenham uma largura suficiente para permitir a
circulação de veículos automotores.

FISCALIZAÇÃO - ato de controlar o cumprimento das normas estabelecidas na legislação de trânsito,


por meio do poder de polícia administrativa de trânsito, no âmbito de circunscrição dos órgãos e entidades
executivos de trânsito e de acordo com as competências definidas neste Código.

FOCO DE PEDESTRES - indicação luminosa de permissão ou impedimento de locomoção na faixa


apropriada.

FREIO DE ESTACIONAMENTO - dispositivo destinado a manter o veículo imóvel na ausência do


condutor ou, no caso de um reboque, se este se encontra desengatado.

FREIO DE SEGURANÇA OU MOTOR - dispositivo destinado a diminuir a marcha do veículo no caso


de falha do freio de serviço.

FREIO DE SERVIÇO - dispositivo destinado a provocar a diminuição da marcha do veículo ou pará-


lo.

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GESTOS DE AGENTES - movimentos convencionais de braço, adotados exclusivamente pelos
agentes de autoridades de trânsito nas vias, para orientar, indicar o direito de passagem dos veículos ou
pedestres ou emitir ordens, sobrepondo-se ou completando outra sinalização ou norma constante deste
Código.

GESTOS DE CONDUTORES - movimentos convencionais de braço, adotados exclusivamente pelos


condutores, para orientar ou indicar que vão efetuar uma manobra de mudança de direção, redução
brusca de velocidade ou parada.

ILHA - obstáculo físico, colocado na pista de rolamento, destinado à ordenação dos fluxos de trânsito
em uma interseção.

INFRAÇÃO - inobservância a qualquer preceito da legislação de trânsito, às normas emanadas do


Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a regulamentação estabelecida pelo órgão ou
entidade executiva do trânsito.

INTERSEÇÃO - todo cruzamento em nível, entroncamento ou bifurcação, incluindo as áreas formadas


por tais cruzamentos, entroncamentos ou bifurcações.

INTERRUPÇÃO DE MARCHA - imobilização do veículo para atender circunstância momentânea do


trânsito.

LICENCIAMENTO - procedimento anual, relativo a obrigações do proprietário de veículo, comprovado


por meio de documento específico (Certificado de Licenciamento Anual).

LOGRADOURO PÚBLICO - espaço livre destinado pela municipalidade à circulação, parada ou


estacionamento de veículos, ou à circulação de pedestres, tais como calçada, parques, áreas de lazer,
calçadões.

LOTAÇÃO - carga útil máxima, incluindo condutor e passageiros, que o veículo transporta, expressa
em quilogramas para os veículos de carga, ou número de pessoas, para os veículos de passageiros.

LOTE LINDEIRO - aquele situado ao longo das vias urbanas ou rurais e que com elas se limita.

LUZ ALTA - facho de luz do veículo destinado a iluminar a via até uma grande distância do veículo.

LUZ BAIXA - facho de luz do veículo destinada a iluminar a via diante do veículo, sem ocasionar
ofuscamento ou incômodo injustificáveis aos condutores e outros usuários da via que venham em sentido
contrário.

LUZ DE FREIO - luz do veículo destinada a indicar aos demais usuários da via, que se encontram
atrás do veículo, que o condutor está aplicando o freio de serviço.

LUZ INDICADORA DE DIREÇÃO (pisca-pisca) - luz do veículo destinada a indicar aos demais usuários
da via que o condutor tem o propósito de mudar de direção para a direita ou para a esquerda.

LUZ DE MARCHA À RÉ - luz do veículo destinada a iluminar atrás do veículo e advertir aos demais
usuários da via que o veículo está efetuando ou a ponto de efetuar uma manobra de marcha à ré.

LUZ DE NEBLINA - luz do veículo destinada a aumentar a iluminação da via em caso de neblina, chuva
forte ou nuvens de pó.

LUZ DE POSIÇÃO (lanterna) - luz do veículo destinada a indicar a presença e a largura do veículo.

MANOBRA - movimento executado pelo condutor para alterar a posição em que o veículo está no
momento em relação à via.

MARCAS VIÁRIAS - conjunto de sinais constituídos de linhas, marcações, símbolos ou legendas, em


tipos e cores diversas, apostos ao pavimento da via.

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MICRO-ÔNIBUS - veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para até vinte
passageiros.

MOTOCICLETA - veículo automotor de duas rodas, com ou sem sidecar, dirigido por condutor em
posição montada.

MOTONETA - veículo automotor de duas rodas, dirigido por condutor em posição sentada.

MOTOR-CASA (MOTOR-HOME) - veículo automotor cuja carroçaria seja fechada e destinada a


alojamento, escritório, comércio ou finalidades análogas.

NOITE - período do dia compreendido entre o pôr-do-sol e o nascer do sol.

ÔNIBUS - veículo automotor de transporte coletivo com capacidade para mais de vinte passageiros,
ainda que, em virtude de adaptações com vista à maior comodidade destes, transporte número menor.

OPERAÇÃO DE CARGA E DESCARGA - imobilização do veículo, pelo tempo estritamente necessário


ao carregamento ou descarregamento de animais ou carga, na forma disciplinada pelo órgão ou entidade
executivo de trânsito competente com circunscrição sobre a via.

OPERAÇÃO DE TRÂNSITO - monitoramento técnico baseado nos conceitos de Engenharia de


Tráfego, das condições de fluidez, de estacionamento e parada na via, de forma a reduzir as interferências
tais como veículos quebrados, acidentados, estacionados irregularmente atrapalhando o trânsito,
prestando socorros imediatos e informações aos pedestres e condutores.

PARADA - imobilização do veículo com a finalidade e pelo tempo estritamente necessário para efetuar
embarque ou desembarque de passageiros.

PASSAGEM DE NÍVEL - todo cruzamento de nível entre uma via e uma linha férrea ou trilho de bonde
com pista própria.

PASSAGEM POR OUTRO VEÍCULO - movimento de passagem à frente de outro veículo que se
desloca no mesmo sentido, em menor velocidade, mas em faixas distintas da via.

PASSAGEM SUBTERRÂNEA - obra de arte destinada à transposição de vias, em desnível


subterrâneo, e ao uso de pedestres ou veículos.

PASSARELA - obra de arte destinada à transposição de vias, em desnível aéreo, e ao uso de


pedestres.

PASSEIO - parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último caso, separada por pintura ou
elemento físico separador, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva de pedestres e,
excepcionalmente, de ciclistas.

PATRULHAMENTO - função exercida pela Polícia Rodoviária Federal com o objetivo de garantir
obediência às normas de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes.

PERÍMETRO URBANO - limite entre área urbana e área rural.

PESO BRUTO TOTAL - peso máximo que o veículo transmite ao pavimento, constituído da soma da
tara mais a lotação.

PESO BRUTO TOTAL COMBINADO - peso máximo transmitido ao pavimento pela combinação de
um caminhão-trator mais seu semirreboque ou do caminhão mais o seu reboque ou reboques.

PISCA-ALERTA - luz intermitente do veículo, utilizada em caráter de advertência, destinada a indicar


aos demais usuários da via que o veículo está imobilizado ou em situação de emergência.

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PISTA - parte da via normalmente utilizada para a circulação de veículos, identificada por elementos
separadores ou por diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais.

PLACAS - elementos colocados na posição vertical, fixados ao lado ou suspensos sobre a pista,
transmitindo mensagens de caráter permanente e, eventualmente, variáveis, mediante símbolo ou
legendas pré-reconhecidas e legalmente instituídas como sinais de trânsito.

POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO - função exercida pelas Polícias Militares com o objetivo
de prevenir e reprimir atos relacionados com a segurança pública e de garantir obediência às normas
relativas à segurança de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes.

PONTE - obra de construção civil destinada a ligar margens opostas de uma superfície líquida
qualquer.

REBOQUE - veículo destinado a ser engatado atrás de um veículo automotor.

REGULAMENTAÇÃO DA VIA - implantação de sinalização de regulamentação pelo órgão ou entidade


competente com circunscrição sobre a via, definindo, entre outros, sentido de direção, tipo de
estacionamento, horários e dias.

REFÚGIO - parte da via, devidamente sinalizada e protegida, destinada ao uso de pedestres durante
a travessia da mesma.

RENACH - Registro Nacional de Condutores Habilitados.

RENAVAM - Registro Nacional de Veículos Automotores.

RETORNO - movimento de inversão total de sentido da direção original de veículos.

RODOVIA - via rural pavimentada.

SEMIRREBOQUE - veículo de um ou mais eixos que se apoia na sua unidade tratora ou é a ela ligado
por meio de articulação.

SINAIS DE TRÂNSITO - elementos de sinalização viária que se utilizam de placas, marcas viárias,
equipamentos de controle luminosos, dispositivos auxiliares, apitos e gestos, destinados exclusivamente
a ordenar ou dirigir o trânsito dos veículos e pedestres.

SINALIZAÇÃO - conjunto de sinais de trânsito e dispositivos de segurança colocados na via pública


com o objetivo de garantir sua utilização adequada, possibilitando melhor fluidez no trânsito e maior
segurança dos veículos e pedestres que nela circulam.

SONS POR APITO - sinais sonoros, emitidos exclusivamente pelos agentes da autoridade de trânsito
nas vias, para orientar ou indicar o direito de passagem dos veículos ou pedestres, sobrepondo-se ou
completando sinalização existente no local ou norma estabelecida neste Código.

TARA - peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria e equipamento, do combustível,
das ferramentas e acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento,
expresso em quilogramas.

TRAILER - reboque ou semirreboque tipo casa, com duas, quatro, ou seis rodas, acoplado ou adaptado
à traseira de automóvel ou camionete, utilizado em geral em atividades turísticas como alojamento, ou
para atividades comerciais.

TRÂNSITO - movimentação e imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres.

TRANSPOSIÇÃO DE FAIXAS - passagem de um veículo de uma faixa demarcada para outra.

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TRATOR - veículo automotor construído para realizar trabalho agrícola, de construção e pavimentação
e tracionar outros veículos e equipamentos.

ULTRAPASSAGEM - movimento de passar à frente de outro veículo que se desloca no mesmo


sentido, em menor velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessitando sair e retornar à faixa de origem.

UTILITÁRIO - veículo misto caracterizado pela versatilidade do seu uso, inclusive fora de estrada.

VEÍCULO ARTICULADO - combinação de veículos acoplados, sendo um deles automotor.

VEÍCULO AUTOMOTOR - todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e
que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos
utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma
linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).

VEÍCULO DE CARGA - veículo destinado ao transporte de carga, podendo transportar dois


passageiros, exclusive o condutor.

VEÍCULO DE COLEÇÃO - aquele que, mesmo tendo sido fabricado há mais de trinta anos, conserva
suas características originais de fabricação e possui valor histórico próprio.

VEÍCULO CONJUGADO - combinação de veículos, sendo o primeiro um veículo automotor e os


demais reboques ou equipamentos de trabalho agrícola, construção, terraplenagem ou pavimentação.

VEÍCULO DE GRANDE PORTE - veículo automotor destinado ao transporte de carga com peso bruto
total máximo superior a dez mil quilogramas e de passageiros, superior a vinte passageiros.

VEÍCULO DE PASSAGEIROS - veículo destinado ao transporte de pessoas e suas bagagens.

VEÍCULO MISTO - veículo automotor destinado ao transporte simultâneo de carga e passageiro.

VIA - superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o
acostamento, ilha e canteiro central.

VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO - aquela caracterizada por acessos especiais com trânsito livre, sem
interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia de pedestres em nível.

VIA ARTERIAL - aquela caracterizada por interseções em nível, geralmente controlada por semáforo,
com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as
regiões da cidade.

VIA COLETORA - aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar
ou sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade.

VIA LOCAL - aquela caracterizada por interseções em nível não semaforizadas, destinada apenas ao
acesso local ou a áreas restritas.

VIA RURAL - estradas e rodovias.

VIA URBANA - ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares abertos à circulação pública, situados
na área urbana, caracterizados principalmente por possuírem imóveis edificados ao longo de sua
extensão.

VIAS E ÁREAS DE PEDESTRES - vias ou conjunto de vias destinadas à circulação prioritária de


pedestres.

VIADUTO - obra de construção civil destinada a transpor uma depressão de terreno ou servir de
passagem superior.

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*Anexo II (Vide Resolução nº 160, de 2004 do CONTRAN)

Questões

01. (Prefeitura de Rio de Janeiro/RJ - Fiscal de Transportes Urbanos – Pref. RJ/2016) De acordo
com o Código Brasileiro de Trânsito (DENATRAN, 2008), um dos objetivos básicos do Sistema Nacional
de Trânsito consiste em:
(A) estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao
conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento
(B) zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas no Código Brasileiro de Trânsito e nas
resoluções complementares
(C) dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito no âmbito da União, dos Estados e
do Distrito Federal
(D) estimular e orientar a execução de campanhas educativas de trânsito

02. (Emdec - Técnico em Mobilidade Urbana Jr - IBFC/2016) Compõem o Sistema Nacional de


Trânsito os órgãos ou entidades relacionados abaixo, exceto o que está na alternativa:
(A) Conselho Nacional de Trânsito.
(B) Conselhos Estaduais de Trânsito.
(C) Conselho de Trânsito do Distrito Federal.
(D) Conselho do Ministério dos Transportes.

03. (Emdec - Controlador de Trânsito e Transporte Jr - IBFC/2016) Leia as afirmativas a seguir


tendo como base a lei que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro.
Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua
circunscrição:
I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições.
II. Implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle
viário.
III. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os acidentes de trânsito e suas causas.
IV. Implantar, manter e operar sistema de estacionamento rotativo pago nas vias.
V. licenciar, na forma da legislação, veículos de tração e propulsão humana e de tração animal,
fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando multas decorrentes de infrações.

Das afirmações apresentadas estão corretas:


(A) Apenas I e IV.
(B) Apenas II e III.
(C) Apenas I, III e V
(D) I, II, III, IV e V.

04. (MS/CONCURSOS - Agente Municipal de Trânsito - Prefeitura de Itapema/SC/2016) Conforme


o art. 61, a velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas
suas características técnicas e as condições de trânsito. Nas vias urbanas, onde não existir sinalização
regulamentadora, a velocidade máxima será de:
(A) Setenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido, cinquenta quilômetros por hora, nas vias
coletoras e vinte quilômetros por hora, nas vias locais.
(B) Cento e dez quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido, sessenta quilômetros por hora, nas
vias coletoras e quarenta quilômetros por hora, nas vias locais.
(C) Noventa quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido, setenta quilômetros por hora, nas vias
coletoras e trinta quilômetros por hora, nas vias locais.
(D) Oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido, quarenta quilômetros por hora, nas vias
coletoras e trinta quilômetros por hora, nas vias locais.

05. (Prefeitura de Rio de Janeiro/RJ - Fiscal de Transportes Urbanos – Pref. RJ/2016) De acordo
com o Código Brasileiro de Trânsito, a sinalização terá a seguinte ordem crescente de prevalência:
(A) I - as indicações do semáforo sobre os demais sinais; II - ordens do agente de trânsito sobre as
normas de circulação e outros sinais; III - as indicações dos sinais sobre as demais normas de trânsito
(B) I - as indicações do semáforo sobre os demais sinais; II - as indicações dos sinais sobre as demais
normas de trânsito; III - ordens do agente de trânsito sobre as normas de circulação e outros sinais

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(C) I - as indicações dos sinais sobre as demais normas de trânsito; II - as indicações do semáforo
sobre os demais sinais; III - ordens do agente de trânsito sobre as normas de circulação e outros sinais
(D) I. ordens do agente de trânsito sobre as normas de circulação e outros sinais; II - as indicações do
semáforo sobre os demais sinais; III - as indicações dos sinais sobre as demais normas de trânsito

06. (Prefeitura de Quixadá/CE - Motorista D - Serctam/2016) Os candidatos poderão habilitar-se nas


categorias de A a E. Marque a alternativa errada.
(A) Categoria A - condutor de veículo motorizado de duas rodas, com ou sem carro lateral.
(B) Categoria B - condutor de veículo motorizado, não abrangido pela categoria A, cujo peso bruto
total não exceda a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído
o do motorista.
(C) Categoria C - condutor de veículo motorizado utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto
total exceda a três mil e quinhentos quilogramas.
(D) Categoria D - condutor de veículo motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação
exceda a oito lugares, excluído o do motorista;
(E) Categoria E - condutor de combinação de veículos em que a unidade tratora se enquadre nas
Categorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semi-reboque ou articulada, tenha seis mil
quilogramas ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a oito lugares, ou, ainda, seja enquadrado
na categoria trailer.

07. (Prefeitura de Quixadá/CE - Motorista D - Serctam/2016) A não utilização do cinto de segurança


por condutor e passageiros, conforme previsto no art. 65 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, acumula
quantos pontos na Carteira Nacional de Habilitação do infrator?
(A) 7.
(B) 5.
(C) 4.
(D) 3.
(E) 6

08. (CODAR - Motorista II - EXATUS-PR/2016) Em rodovias forçar uma ultrapassagem em local


proibido acarreta uma multa:
(A) Gravíssima, com seu valor multiplicado por três vezes.
(B) Gravíssima, com seu valor multiplicado por cinco vezes.
(C) Gravíssima, com seu valor multiplicado por sete vezes.
(D) Gravíssima, com seu valor multiplicado por dez vezes.

09. (Prefeitura de Quixadá/CE - Motorista D - Serctam/2016) Transitar com velocidade em até


20% superior à máxima permitida em rodovias, vias de trânsito rápido e vias arteriais, leva as seguintes
infrações e penalidades:
(A) Infração – gravíssima, Penalidade – multa
(B) Infração – grave, Penalidade – suspensão do direito de dirigir.
(C) Infração – gravíssima, Penalidade – suspensão do direito de dirigir e multa.
(D) Infração – média, Penalidade – multa.
(E) Infração – grave, Penalidade – multa.

10. (Prefeitura de Rio de Janeiro/RJ - Fiscal de Transportes Urbanos - Pref. RJ/2016) Após um
acidente de trânsito, o condutor do veículo prestou pronto e integral socorro à vítima. Neste caso, NÃO
pode ser aplicada a este condutor a:
(A) imposição de prisão em flagrante, mas é permitida a exigência de fiança e a apreensão do veículo
(B) imposição de prisão em flagrante e apreensão do veículo, mas é permitida a exigência de fiança
(C) imposição de prisão em flagrante, bem como a exigência de fiança
(D) exigência de fiança, bem como a apreensão de veículo

Respostas
01. Resposta: A
O art. 6º do CTB dispõe quais são os objetivos básicos do Sistema Nacional de Trânsito, estando entre
eles o de estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao
conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento.

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02. Resposta: D
De acordo com o que prevê o art. 7º do CTB, não está inserido entre os órgãos e entidades que
compõem o Sistema Nacional de Trânsito o Conselho do Ministério dos Transportes.

03. Resposta: A
Segundo o que dispõe o art. 24, incisos I, III, IV, X e XVII, do CTB, todas as afirmativas estão corretas,
correspondendo as competências dos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios.

04. Resposta: D
Art. 61, § 1º, I, do CTB: Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de:
I - nas vias urbanas:
a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido:
b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;
c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;
d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais.

05. Resposta: C
Disciplina o art. 89 do CTB: A sinalização terá a seguinte ordem de prevalência:
I - as ordens do agente de trânsito sobre as normas de circulação e outros sinais;
II - as indicações do semáforo sobre os demais sinais;
III - as indicações dos sinais sobre as demais normas de trânsito.

06. Resposta: A
É o que dispõe o art. 143 do CTB.

07. Resposta: B
Nos termos do que dispõe o art. 167 do CTB, constitui infração grave deixar o condutor ou passageiro
de usar o cinto de segurança, conforme a obrigação prevista no art. 65. Assim, na prática de infrações
graves são computados 5 pontos na Carteira Nacional de Habilitação do Infrator. É o que dispõe o art.
259 do CTB.

08. Resposta: D
Art. 191 - Forçar passagem entre veículos que, transitando em sentidos opostos, estejam na iminência
de passar um pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período
de até 12 (doze) meses da infração anterior.

09. Resposta: D
Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento
ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias:
I - quando a velocidade for superior à máxima em até 20% (vinte por cento):
Infração - média;
Penalidade – multa.

10. Resposta: C
Segundo o que prevê o art. 301 do CTB: Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito
de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e
integral socorro àquela.

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