Disciplina: Processos de Fabricação II.

Professor: José Costa de Macêdo Neto.

Tópico 1: Fundamentos da Fundição de Metais (Tecnologia de Fundição,
Aquecimento e Vazamento, Solidificação e Resfriamento)
Aluno: MAILSON PEREIRA RIBEIRO

EXERCÍCIO 1

1) (1,0) Explique aonde, em alguns processos, ocorre a solidificação

de metais.

Para que ocorra a solidificação a matéria deve estar submetida a uma

pressão específica, na qual libere calor (transformação exotérmica) até atingir
uma temperatura exata, à medida que perde calor e alcança um valor
determinado de temperatura, denominado ponto de solidificação ou fusão, o
material consegue solidificar. Na maioria das substâncias, o ponto de fusão e
de solidificação são bem parecidos. Em processos de fundição por exemplo a
solidificação do metal ocorre dentro do molde do qual se deseja dar a forma ao
metal.
2) (1,0) Por que a teoria da solidificação de metais é fundamental para
o planejamento dos processos de fabricação?
O estudo e compreensão da teoria da solidificação de metais possibilita o
conhecimento da dinâmica de energias envolvidas na solidificação como
também dos processos de nucleação e crescimento de cristais a partir de um
líquido, fatores que são fundamentais para o planejamento dos produtos
derivados dos processos de fabricação possibilitando melhor aproveitamento
da matéria prima através de um planejamento produtivo preciso e consequente
redução de falhas.
3) (1,0) Explique a nucleação homogênea e heterogênea. Qual seu
equacionamento?

A nucleação homogênea ocorre aleatoriamente em todo o sistema, ou

seja, não existem sítios preferenciais para formação de núcleo, o próprio metal
fornece os átomos para formar os núcleos. Uma condição necessária para este
tipo de nucleação é que a matriz seja química, estrutural e energeticamente
homogênea.

Equacionamento:

 Em sistemas sob pressão e temperatura constantes, a energia

controladora do processo é a energia livre de Gibbs (G). Tal energia é
definida por:
G=H–TS

onde T é a temperatura, H é a entalpia e S a entropia da substância em

questão.
  Para o caso de transformação de fases numa substância, trabalha-se
com a variação da energia livre ∆G, na forma:

∆G = Gsólido – Glíquido ou ∆G = ∆H –T ∆S

sendo, ∆H a variação de entalpia e ∆S a variação de entropia entre os

estados da transformação (líquido e sólido).

 Para equação da variação total de energia livre na transformação de um

líquido num sólido não deformado:

W =∆G = 4/3 π r3 ∆G + 4 π r 2γ
T V

onde ∆Gv = ∆G/Vm é a diferença de energia livre termodinâmica entre a fase α

e βpor unidade de volume da fase nucleada, Vm o volume molar (m3/mol).

 Para raio crítico:

−2 yTm
r= ∆ Hs ∆ T

onde ∆Hs é o calor latente de solidificação e ∆T o grau de

superresfriamento em que o núcleo se forma.

A nucleação heterogênea no líquido ocorre sobre as paredes do

recipiente, impurezas insolúveis ou outro material presente na estrutura que
diminua a energia livre crítica necessária para formar um núcleo estável. Para
que a nucleação heterogênea ocorra, o agente nucleante, também denominado
substrato, terá de ser molhado pelo metal líquido, e este deverá igualmente
solidificar facilmente sobre aquele.

Equacionamento:

 Equação de ângulo de contato para formação de um núcleo cristalino:

y lf − y
Cos θ = cf

y cl

onde γl-f, γc-f e γl-c são as energias livres interfaciais por unidade de área
entre líquido-substrato, cristal-substrato e líquido-cristal.

 A barreira termodinâmica para nucleação heterogênea é determinada

pela equação (JAMES,1982):
onde f (θ) = (2-3cosθ +cos 3 θ) /4, σ=σ lc é a energia interfacial de líquido-cristal
por unidade de área, Vm o volume molar da fase cristalina.

 a taxa de nucleação heterogênea, Ih, é determinada pela seguinte

equação (JAMES,1982):

4) (1,0) Explique como se dá a nucleação homogênea e heterogênea.

Homogênea - Num metal liquido, a nucleação homogênea ocorre quando o

próprio metal fornece os átomos para formar os núcleos. Quando um metal
líquido puro é resfriado abaixo da temperatura de fusão,T f , criam-se
numerosos núcleos homogêneos através do movimento lento dos átomos que
vão ligando-se uns aos outros. Para que um núcleo seja estável, de modo a
crescer e formar um cristal, o mesmo deve atingir um raio crítico, r*. Assim um
“cluster” de átomos ligados uns aos outros forma um embrião, se o embrião
atingir um tamanho superior que r*, eles crescem e levam à cristalização total.
Este processo é chamado de nucleação e a taxa na qual os embriões da fase
estável aparecem é denominada taxa de nucleação.

Heterogênea – é a que ocorre no liquido quando há sítios preferenciais

como contornos de grãos, discordâncias, inclusões, bolhas, sobre as paredes
do recipiente, impurezas insolúveis ou outro material presente na estrutura,
estas superfícies já existentes diminuem a energia interfacial, y, ou energia de
superfície, e portanto, a uma diminuição da barreira termodinâmica necessária
para formar um núcleo estável.
Para que ocorra nucleação heterogênea, o agente nucleante do sólido
(cristal) a impureza (parede do recipiente) terá que ser molhado pelo metal
liquido. O liquido deverá igualmente solidificar facilmente sobre o agente
nucleante. Nas operações industriais de vazamento, a nucleação será
certamente heterogênea e não homogênea.
5) (1,0) Responda:

(a) Calcule o raio crítico (em centímetros) de um núcleo, que se forma por
nucleação homogênea, quando o cobre puro se solidifica. Considere ΔT
(super-resfriamento) =0,2Tm, Tm = 1356K, γ = 177 x 10-7 J/cm2, ΔHf =
1826 J/cm3;
(b) Calcule o número de átomos em um núcleo com tamanho crítico, para
este grau de super-resfriamento.

Volume da célula unitária do Cu (a = 0,361 nm)

3
a 3 =(3,61 x 10 cm) = 4,70x102 3
−8

Já que existem 4 átomos na célula unitária CFC

4,70 x 1023
Volume/átomo = = 1,175x1023 cm3
4

Assim, o número de átomos no núcleo crítico, nucleando homogeneamente, é:

Volume do núcleo 3,82 x 1021 cm3

volume /átomo
= = 325 átomos
1,175 x 1023 cm 3

6) (1,0) Defina super-resfriamento e superaquecimento e explique o

comportamento das curvas de solidificação abaixo.
Embora admita-se que o líquido inicia a transformação de fases em sólido
quando atinge a temperatura do equilíbrio entre as duas fases, ou seja, o ponto
de fusão, observa-se na prática com frequência o surgimento de partículas de
sólido a temperaturas inferiores a Tf. A essa diferença de temperaturas dá-se o
nome de Super-resfriamento.
O super aquecimento se dá quando o metal está a uma temperatura
superior a sua temperatura de fusão.

a) Elemento puro com resfriamento nítido

b) Mesma situação anterior sem retorno ao ponto de fusão
c) Sólido amorfo
 7) (1,0) Esquematize em forma de desenho e explique os modos de
transferência de calor atuantes Metal/Molde.

 Condução: transferência de
energia térmica em um meio sólido
ou fluido, causada pela existência
de um gradiente térmico. qx = -k
dT/dx

 Radiação: transferência de energia

térmica causada radiação térmica.
q = σε (Ts_4-T0_4)

 Convecção: transferência de
energia térmica causada pelo
deslocamento de massa fluida. q =
h (Ts-T∞).
8) (1,0) Explique como ocorre o super-resfriamento constitucional em
uma liga em solidificação.

O super-resfriamento constitucional ocorre quando um sólido solidifica com

uma composição diferente do líquido de origem .

 Como o sólido contém mais

átomos de Ni que de Cu do
que a camada líquida da qual
ele se forma o líquido se
enriquece de Cu.
 Não havendo tempo suficiente para que ocorra
difusão desse soluto no líquido desse soluto no
líquido, esse se acumulará junto à interface e
que reduz progressivamente até a concentração
uniforme do líquido.00
Nesta região o líquido está a uma
temperatura abaixo do ponto de
solidificação. O líquido está super-
resfriado.

9) (1,0) Explique o crescimento dendrítico, celular e planar dos

sólidos. Qual a força motriz para o crescimento dendrítico?

Quando o líquido à frente da interface sólido - líquido apresenta um

gradiente positivo de temperatura e o calor é removido pelo sólido, o
crescimento é planar, caso contrário, quando a temperatura decresce à frente
da interface ocorre o celular ou o dendrítico, dependendo do grau de
subresfriamento

Crescimento Celular: Ocorre quando o super-resfriamento é suficiente para

iniciar o processo de instabilização da interface S/L, a formação de uma
protuberância que se projeta a partir da interface líquido super-resfriado, essa
protuberância ao crescer rejeita soluto à frente da interface quanto
lateralmente, isto provoca a concentração de soluto nessas regiões laterais
maior que em qualquer outro ponto do líquido e a protuberância adquire uma
forma estável, o líquido que a envolve adquiri uma condição de super-
resfriamento suficiente para manter um crescimento em regime estacionário.

Crescimento Dendrítico: As ramificações primárias crescem na direção dos

eixos principais e de acordo com a direção cristalográfica preferencial, a
medida em que a velocidade de crescimento aumenta ainda mais, começa o
surgimento de perturbações laterais que são denominadas de ramificações ou
braços secundários. Formando a estrutura dendrítica (árvore).

A força motriz para o crescimento dendrítico é o super-resfriamento, quando o

gradiente de temperatura é reduzido a velocidade de crescimento é
aumentada.

10)(1,0) Explique, resumidamente, a formação dos defeitos de bolha,

porosidade, inclusões, trincas de contração, gotas frias.

Bolha - vazios oriundos de gases dissolvidos no líquido e que ficaram retidos

no lingote fundido.
Inclusões - As inclusões podem ser definidas como fases não-metálicas e, às
vezes, intermetálicas, envolvidas por uma matriz metálica
Porosidade - Presença de pequenos poros na seção transversal de uma peça
fundida. As porosidades podem surgir durante a solidificação e dividem-se em:
Macroporosidade-Causa: Pode surgir durante a alimentação do metal líquido
inadequada.
Microporosidade: Causa: Falha na alimentação do metal líquido entre as
ramificações dendríticas.
Trincas de Contração – São trincas intercristalinas, geralmente de grande
extensão e de forma irregular. Ocorrem geralmente nos estágios finais de
solidificação, mas também podem acontecer durante o resfriamento da peça
sólida, como resultado de um estado de altas tensões de contração.
Gotas Frias - Inclusão de mesma composição química do metal base,
geralmente de formato esférico e envolvida numa camada de óxido. Podem
ocorrer devido à solidificação prematura de algumas gotas, sem que haja
tempo de redissolução. Recomenda-se proteger os orifícios do molde para que
não derrame metal líquido prematuramente.