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MP E MAGISTRATURAS ESTADUAIS PRIME

Disciplina: Direito Penal


Prof.: Cleber Masson
Aula: 07
Monitora: Stephanie

MATERIAL DE APOIO - MONITORIA

Índice

I. Anotações da aula
II. Lousas

I. ANOTAÇÕES DA AULA

Continuação de Evolução Histórica (...)

1931 – Edmund Mezger – “Ratio essendi” ou teoria da identidade: Tipicidade compreendida como essência
da ilicitude.

“Ilicitude tipificada” - Tipicidade e ilicitude se fundem num único elemento.

Por isso, quem adota essa teoria falam em injusto penal = fato típico e ilícito. Teoria não aceita no
Brasil.

Teoria dos elementos negativos do tipo (não aceita no Brasil):

Hellmuth von Webber - “Tipo total de injusto”

Para essa teoria as excludentes de ilicitude funcionam como elementos negativos do tipo.

Tipicidade Conglobante (Englobar):

Eugenio Raúl Zaffaroni – Ele trabalha com a ideia de antinormatividade. A tipicidade conglobante é
aquela que engloba, abrange a antinormatividade. De uma forma muito simples, para falar em tipicidade
em direito penal, não basta que haja a violação da norma penal (tipo penal), o agente deverá transgredir
o ordenamento jurídico como um todo.
Resume-se na fórmula: tipicidade conglobante: tipicidade convencional + antinormatividade.
Ele antecipa a análise da ilicitude.

ADEQUAÇÃO TÍPICA

Nada mais é do que a tipicidade formal colocada em prática.

Tipicidade formal: juízo de adequação entre o fato e a norma.

Espécies:
- Imediata ou de subordinação imediata: o fato se amolda diretamente ao tipo penal. Não há
necessidade de utilização de nenhuma outra norma.
- Mediata ou de subordinação mediata, ampliada ou por extensão: o fato não se encaixa
diretamente no tipo penal. É necessário utilizar uma outra norma, uma norma de
extensão ou complementar da tipicidade.
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Normas de extensão da tipicidade:
- art. 14, II – tentative – norma de extensão temporal (porque permite a aplicação da lei penal a
um momento anterior a consumação).
- art. 29, “caput” – participação – norma de extensão pessoal (porque permite a aplicação da lei
penal à pessoas diversas dos autores).
- art. 13, §2º - omissão penalmente relevante - norma de extensão de ampliação da conduta
(porque aquela conduta que só era praticada por ação, passa também a ser praticada por
omissão).

CULPABILIDADE

Natureza Jurídica:

Tripartido elemento do crime.


Bipartido pressuposto de aplicação da pena.

Conceito:
“Juízo de reprovabilidade”, juízo de censura sobre a formação e a manifestação da vontade do agente.

Coculpabilidade
(Zaffaroni)

Trata-se da concorrência de culpabilidades.

Culpabilidade:
- Agente
- Família, sociedade ou do Estado.

Essa teoria não tem previsão legal, mas pra quem a admite, ela funciona como uma atenuante inominada
(art. 66 do CP).

STJ: Não admite essa Teoria da Coculpabilidade. HC 187.132:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. CONDENAÇÃO. APELAÇÃO


JULGADA. PRETENSÕES DE ABSOLVIÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO. VIA
INADEQUADA. EXAME APROFUNDADO DAS PROVAS. TEORIA DA CO-
CULPABILIDADE DO ESTADO. NÃO CONFIGURAÇÃO. ORDEM
DENEGADA.
1. Hipótese em que as instâncias originárias examinaram, com profundidade,
os elementos de convicção produzidos nos autos da ação penal, concluindo
pela condenação do paciente. Inviável atender a pretensão defensiva, de
absolvição ou desclassificação da conduta, nesta via estreita do mandamus,
em que vedado o revolvimento fático-probatório.
2. O Superior Tribunal de Justiça não tem admitido a aplicação da teoria da
co-culpabilidade do Estado como justificativa para a prática de delitos.
Ademais, conforme ressaltou a Corte estadual, sequer restou demonstrado ter
sido o paciente prejudicado por suas condições sociais.
3. Habeas corpus denegado.
(HC 187.132/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em 05/02/2013, DJe 18/02/2013)

Coculpabilidade às avessas (MPMG)

Não tem previsão legal e não é de autoria do Zaffaroni.

2 perspectivas fundamentais:

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1ª – Identificação crítica da seletividade do sistema penal e a incriminação da vulnerabilidade: o direito
penal escolhe exatamente as pessoas mais frágeis para punir.

2ª – Reprovabilidade mais acentuada nos crimes praticados por pessoas dotadas de elevado poder
econômico.

A Coculpabilidade às avessas não pode ser usada como agravante, por ausência de previsão legal.

Elementos da estrutura da culpabilidade

A culpabilidade moderna é formada por 3 elementos:

- Imputabilidade
- Potencial consciência da ilicitude
- Exigibilidadede conduta diversa

Esse elementos devem ser estudados nessa ordem. Ela é obrigatória.

Teoria normativa pura:


- T. Normativa Pura Limitada
- T. Normativa Pura Extremada

O que muda aqui é o tratamento jurídico das descriminantes putativas. A estrutura da culpabilidade é
exatamente a mesma.

Dirimentes excludentes da culpabilidade.

Não confunda dirimentes com eximinentes (excludentes da ilicitude)

Imputabilidade

O CP não define a imputabilidade penal, mas sim a falta da imputabilidade. Mas do conceito de
inimputabilidade, podemos chegar a inimputabilidade.

Art. 26, “caput”, CP.

A inimputabilidade penal é a capacidade mental de entendimento e de autodeterminação. É a capacidade


de entender e de querer. É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

Elementos:

- Intelectivo: capacidade de entendimento.


- Volitivo: capacidade de autodeterminação.

O CP adota um critério cronológico quando a imputabilidade penal. Toda pessoa é presumidamente


imputável a partir da data em que completa 18 anos de idade (presunção relativa).

Momento para aferição da imputabilidade

Tempo da conduta – art. 4º, CP - Teoria da Atividade.

Inimputabilidade

Causas:
a) - Menoridade
b) - Doença mental
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c) - Des. Mental incompleto
d) - Des. Mental retardado
e) - Embriaguez completa, fortuita ou acidental.

Sistemas para a identificação da inimputabilidade:

a) Biológico: é inimputável todo aquele que não tem a plena capacidade/desenvolvimento mental.

b) Psicológico: aquele que no momento da conduta apresenta alguma alteração de comportamento. Ele
não precisa ter nenhuma enfermidade/anomalia mental.

c) Biopsicológico: ele representa a fusão dos dois sistemas anteriores. É inimputável quem apresenta
alguma enfermidade mental e, em razão desse problema mental, ela apresenta uma alteração de
comportamento.

No Brasil, o sistema Biopsicológico é a regra geral, prevista no art. 26, “caput”, CP. No entanto, o Brasil
adota o sistema Biológico, no tocando aos menores de 18 anos. E mais, o Brasil também adota o sistema
Psicológico para a embriaguez completa, fortuita ou acidental.

a) Menoridade

- Sistema Biológico (art. 27, CP e art. 228, CF)

Para os maiores de 18 anos existe uma presunção absoluta (“iuris er de iure”) de inimputabilidade. Não
cabe prova em sentido contrário.

Súmula 74 do STJ: PARA EFEITOS PENAIS, O RECONHECIMENTO DA MENORIDADE DO REU REQUER


PROVA POR DOCUMENTO HABIL. (Súmula 74, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 15/04/1993, DJ 20/04/1993,
p. 6769)

Menoridade e Emancipação Civil irrelevante para fins penais.

CPM ART. 50 (NÃO FOI RECEPCIONADO PELA CF)

Menoridade, crimes permanentes e superveniência da maioridade penal.

b) Doença mental
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A expressão “doença mental” deve ser interpretada em sentido amplo para abranger qualquer
enfermidade, congênita ou adquirida, permanente ou transitória, que retira do agente a capacidade de
entendimento e de autodeterminação. Ex.: delírio febril dos pneumônicos.

Doente mental e intervalo de lucidez.

O doente mental que pratica um crime durante um intervalo de lucidez será tratado como imputável
(Sistema Biopsicológico).

Falta o aspecto psicológico.

c) Desenvolvimento mental incompleto e d) desenvolvimento mental retardado

Surdo Mudo

Indígena

Vai depender da perícia no caso concreto.

Eles poderão ser classificados como imputáveis, semi imputáveis ou inimputáveis.

Perícia Médica:

É a prova em contrário.

Meio legal de prova da inimputabilidade (dos maiores de 18 anos)

E se o juiz não concordar com a decisão do perito?


R: Sim, ele pode. O juiz é o perito dos peritos (“peritum peritorum”). Ele só não pode substituir o perito
(art. 182, CPP).

O nome técnico desse perícia é “Incidente de Insanidade Mental”:

Início: portaria do juiz.

As partes podem elaborar quesitos (perguntas)

Tramitação em autos apartados.

Autos apartados – suspende o processo, mas não suspende a prescrição.

Efeitos da inimputabilidade:
- Menores de 18 anos – ECA
- Demais inimputáveis – Justiça Penal

Sentença absolutória:

Própria – é aquela que não impõe nenhuma sanção ao réu.

Imprópria – “é a condenação do inimputável” – ele tinha tudo pra ser condenado, mas ele é inimputável,
não tem culpabilidade e sem culpabilidade não há condenação. Então, o juiz absolve, mas aplica uma
medida de segurança CPP, art. 386, parágrafo único, III. Nessa absolvição imprópria, o juízo de
culpabilidade é substituído pelo juízo de periculosidade.

Semi imputabilidade

Terminologia Imputabilidade diminuída ou restrita - “Culpabilidade diminuída”.


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Natureza jurídica: causa de diminuição da pena. A semi imputabilidade não exclui a imputabilidade.

Art. 26, parágrafo único, CP.

Critério de diminuição da pena – 1/3 a 2/3

O semi imputável também é chamado de fronteiriço.

É a perícia que vai dizer.

A perturbação da saúde mental também é uma doença mental, porém, em menor grau, sem privá-lo
totalmente da sua capacidade de entendimento e autodeterminação (não há elimina).

Efeitos da semi imputabilidade

Sistema Biopsicológico

Obrigatoriamente é maior de 18 anos.

Obs.: Continuar na próxima aula!

II. LOUSAS

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