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Atividade 2- MIN225- 2021/1- Subsidência em maciços rochosos- Prof.

José Margarida da Silva


Introdução
A execução de escavações para extração de minério é uma alteração no meio ambiente. A lavra em subsolo tem sido
conduzida cada vez a maior profundidade, demandando ampliação dos conhecimentos. Tensões horizontais que agem em
bloco de rocha em profundidade são muito mais difíceis de se estimar do que tensões verticais. São fatores na redistribuição
de tensões: topografia; tectônica; feições geológicas; tensões residuais (locked in stress)- causadas pelas tensões tectônicas
pré-existentes.
A subsidência e suas consequências são mais estudadas em outros países (observações em França, Alemanha e Reino
Unido). No Brasil, não se apresentam mais estudos, face ao caráter de corpos mais distantes na mesma mina (e de menor
dimensão) ou as profundidades. Mas o fenômeno pode afetar de modo isolado e esporádico um conjunto específico de
moradores. Danos frequentemente de movimentações no terreno resultam em rupturas em vias terrestres, edificações,
dutos de abastecimento de água e gás. Peng (1982) lembra que a rocha circundante, junto com o próprio minério, tende a
se deformar para dentro da escavação. Se nenhum suporte artificial é colocado, o tempo entre a exposição do teto, piso e
laterais e seu colapso dependerá das propriedades da rocha e condições locais.
O impacto de tais ocorrências é bem conhecido em lavra de carvão, metálicos e outros (Betournay, 2015). USGS aponta
que mais de 80% dos casos nos Estados Unidos têm relação com extração de água, sendo a maior razão individual. A ordem
cronológica entre a execução da lavra e a ocorrência de subsidência pode ser de muitos anos. Taxas de deformação são
variáveis, dependendo se a subsidência é contínua (sag subsidence) ou descontínua (pit subsidence). Hard (2019) e Ruiz et
al. (2014) narram situações em minas de ferro e carvão, respectivamente, para mitigação do impacto. Para depósitos
tabulares inclinados, para Brady & Brown (2012), deformações plásticas do maciço estariam restritas a zona relativamente
pequena ao redor de escavações, podendo-se assumir que a maioria dos estratos superpostos se deformam elasticamente,
pelo menos em aproximação razoável.
A profundidade e a extensão da bacia de subsidência dependem dos fatores: forma, potência e mergulho do corpo
lavrado; profundidade (tensões associadas), dimensões da escavação, tipos de suporte empregados, velocidade de avanço
das frentes de lavra, resistências das rochas, inclinação da superfície, tempo, condicionamento geológico presente no
maciço rochoso. (Brady & Brown, 2012; Silveira, 1987).
Em estudos com métodos numéricos, a teoria da elasticidade para materiais transversalmente isotrópicos pode ser
usada para proporcionar estimativa razoável de perfis de subsidência, para Brady & Brown (2012), sob dadas condições e o
uso desses modelos poderia eliminar a influência de algumas das simplificações feitas em análises originais.
A subsidência é a questão principal nos métodos de abatimento (Botin, 2009). Bialek et al. (2020) descrevem, por
modelagem numérica 3D via elementos finitos (MEF; software FLAC), deformações na superfície do terreno (subsidência)
causadas pela lavra subterrânea de carvão (Radlin, Polônia). Trata-se do abandono de parte do carvão na lavra por longwall
e verificação do efeito na deformação. Dentre os métodos de previsão, em certas situações, a equação de subsidência é
dada, determinando-se as operações em subsolo a partir de subsidência admissível (solução “inversa” ou de proteção, por
Dimova, 1995). Vieira (2020) faz análise dos estudos de casos, estratégias de monitoramento e conflitos decorrentes da
subsidência.

Use referências citadas (e consulta a ábacos do NCB- National Coal Board) e responda às questões seguintes.
1- Na estimativa de tensões laterais, a partir da razão K com tensões verticais, ressaltam-se alguns casos. Descreva
condições de cada um: profundidade, tipo de maciço, entre outras. (Curi, 2017; Hartman, 1987)
2- Em quais condições, prefere-se a solução “inversa” para equacionamento da subsidência? (Wang & Denq, 2012;
Dimova, 1995)
3- Uma subsidência contínua se forma acima de uma escavação, de comprimento L e altura m. Das várias formas possíveis
(Brady e Brown associam a um tronco de cone), a zona abatida tem a forma de um cilindro, conforme em Pariseau
(2007), paredes verticais (chimney caving). Se a porosidade volumétrica do material é B, A) determine a expressão da
altura dessa zona em termos da porosidade do material e geometria da escavação e calcule para B=0,01 e m=5 m. B) Se
a profundidade de lavra é 1000 m, há risco de dano à superfície?
4- Para uma zona abatida, acima de uma escavação de altura m, comprimento L, com seção horizontal elíptica, semi-eixos
w/2 e L/2, A) desenvolva a fórmula da altura dessa zona em termos da porosidade do material (B) e geometria da
escavação; B) verifique se há risco de dano à superfície, se a profundidade de lavra é 1000 m, B=0,01 e m=5 m, a largura
12 m e comprimento duas vezes a largura.
5- Partindo do conceito de escavações singulares e múltiplas, qual a providência mais elementar em projeto de escavações
subterrâneas, sem ainda considerar a instalação de suportes? (Rati, 2016; USP, 1977)
6- Por que acontece aplicação de vários tipos de suportes (até na mesma mina)? (Kopytov & Pershin, 2019)?
7- Quais ações podem limitar efeitos da subsidência? (Bialek et al.,2020; Brady & Brown, 2012)
8- A) Qual é a subsidência no centro da bacia provocada por lavra de camada horizontal de carvão, pelo método de
longwall, com potência de 2,5 m, a 240 m de profundidade, para painel de dimensões 350 m de avanço (comprimento)
e 160 m de largura? B) Quando o avanço for de 250 m, em qual fase (subcrítica, crítica ou supercrítica) se encontra a
escavação? C) Qual é o ângulo de máxima influência dessa escavação?
9- Considere, a 425 m de profundidade, lavra de camada horizontal de 4,5 m de espessura, carvão, com painéis de 250 m
de largura, comprimento final de 2.100 m. Considere lavra de altura completa. Estime a máxima subsidência para as
situações: A) final da vida útil do painel; B) avanço de 200 m.
10- Desenhe perfil de subsidência em superfície plana, para lavra de carvão (longwall, painel 200 m largura, 1.200 m
comprimento), camada 2 m potência, 250 m de profundidade. Considere ponto de inflexão à metade da subsidência
máxima.
11- Quais são vantagens de seções ou perfis de influência para previsão da subsidência? (Toraño et al., 2000; Vieira, 2020).
12- Como se estabelecem medidas de subsidência acumulada em mina?
13- Quais são os parâmetros de entrada das ferramentas de previsão do perfil de subsidência (gráficos, equações,
modelagens)? (Brady & Brown, 2012; Curi, 2017; Krazstch, 2012; Blachowski & Herkt, 2017; Sanmiquel et al., 2018).
14- Analise a afirmação: “Nenhuma subsidência vertical adicional ocorre a partir da largura crítica de extração.”
15- Considere escavação, a 300 m de profundidade para lavra de camada de carvão, com potência de 3,5 m, com painel de
largura de 350 m. Camada e superfície são planas. A) Estime a máxima subsidência. B) Considere uma segunda
escavação à profundidade 330 m, de mesma largura; estime valor da subsidência no mesmo ponto. C) Considere mais
uma escavação, 120 m à direita da primeira; estime valor da subsidência no mesmo ponto. Avalie.
16- Para lavra de camada horizontal, 450 m de profundidade, de carvão (4 m potência, ângulo de atrito interno 32o,
densidade 1,28 t/m3), painel terá largura 320 m e comprimento 3 km. Pede-se: A) subsidência máxima final; B) valor
dessa subsidência para avanço de 2.000 m; C) posição do plano mais provável de ruptura (inclinação).
17-Para painel a ser aberto em camada de carvão (3,2 m de potência), de 580 m de avanço (comprimento) por 180 m de
largura a 270 m de profundidade, considere o efeito no perfil da bacia de subsidência do abandono de dois pilares
contínuos de 15 m de largura (considere as escavações de mesma dimensão).
18- Tubulação localizada à superfície deve ser protegida, na lavra de camada de carvão (1,5 m de espessura, profundidade
de 240 m). Determine largura máxima permitida da frente de lavra por longwall se o deslocamento máximo admitido à
superfície for 0,6 m. Descontando-se abertura (entry) a ser escavada de cada lado do painel, com 5 m de largura cada,
qual será então a largura efetiva útil da frente de trabalho?

Fontes: Bialek J et al. Deformations of Mining Terrain Caused by the Partial Exploitation in the Aspect of Measurements and
Numerical Modeling. Sustainability. Glwice, 12(12), p.50-72, 2020; mdpi.com/749256; Botin JA. Management of mining
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