Você está na página 1de 108

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

RÁDIO, TV E INTERNET

Bruno Doretto da Silva

David Bezerra Lopes dos Santos

Denise Matias de Souza

Douglas dos Santos Silva

Everton Brandão de Santana

Johnatan Wesley de Souza Ferreira

Lennart Lindh

Leydiane da Silva

Luciano Costa dos Santos

Marian Fernandes de Carvalho

Victor Hugo de Oliveira Brito Cunha

ATÉ AQUI, ESTÁ TUDO BEM?

DOCUMENTÁRIO AUDIOVISUAL

SÃO PAULO
2021
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
RÁDIO, TV E INTERNET 8ºD

BRUNO DORETTO DA SILVA 1941532-0


DAVID BEZERRA LOPES DOS SANTOS 1993275-8
DENISE MATIAS DE SOUZA 2027137-9
DOUGLAS DOS SANTOS SILVA 1927740-7
EVERTON BRANDÃO DE SANTANA 2028293-1
JOHNATAN WESLEY DE SOUSA FERREIRA 1903553-5
LENNART LINDH 1877584-5
LEYDIANE DA SILVA 1929447-6
LUCIANO COSTA DOS SANTOS 1880165-0
MARIAN CARVALHO 1874543-1
VICTOR HUGO DE OLIVEIRA BRITO CUNHA 1877571-3

ATÉ AQUI, ESTÁ TUDO BEM?

DOCUMENTÁRIO AUDIOVISUAL

SÃO PAULO
2021
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Rádio,
Tv e Internet da Universidade
Cruzeiro do Sul no Campus
Liberdade como requisito para
obtenção do certificado de
bacharelado.

Orientadora: Prof. Krishna


Gomes Tavares

SÃO PAULO
2021
FOLHA DE APROVAÇÃO

Projeto aprovado ___/___/___ para obtenção de título de Bacharel em Rádio, TV e


Internet.

Banca examinadora do projeto:

______________________________

______________________________

______________________________
AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que contribuíram, de alguma forma, para a realização deste


trabalho.

A todos que participaram, direta ou indiretamente do desenvolvimento deste


trabalho de pesquisa, enriquecendo o meu processo de aprendizado.

Às pessoas cоm quem convivi aо longo desses anos de curso, que me


incentivaram e que certamente tiveram impacto na minha formação acadêmica.

Aos meus colegas de curso, cоm quem convivi intensamente durante os


últimos anos, pelo companheirismo e pela troca de experiências que me permitiram
crescer não só como pessoa, mas também como formando.

Aos meus colegas de turma, por compartilharem comigo tantos momentos de


descobertas e aprendizado e por todo o companheirismo ao longo deste percurso.

A todos os alunos da minha turma, pelo ambiente amistoso no qual convivemos


e solidificamos os nossos conhecimentos, o que foi fundamental na elaboração deste
trabalho de conclusão de curso.
"É uma história de uma sociedade que cai, e que repete, durante a queda, como para se
reconfortar: Até aqui, está tudo bem. Até aqui, está tudo bem. Até aqui, está tudo bem.
O importante não é a queda, é a aterrissagem."
La Haine, 1995.
SILVA. B. D.; SANTOS. D. B. L; SOUZA. D. M; SILVA. D. S.; SANTANA. E. B.;
FERREIRA. J. W. S.; LINDH. L; SILVA. L.; SANTOS. L.C.; CARVALHO. M. F;
CUNHA. V. H. O. B; ATÉ AQUI, ESTÁ TUDO BEM. Trabalho de Conclusão de Curso
(Bacharel em Rádio, TV e Internet) Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2021.

RESUMO ABSTRACT
A pandemia acentuou problemas do The pandemic has accentuated the
país, entre eles, a desigualdade social, country's problems, including social
deixando visível uma grande carência inequality, making visible a great lack of
de políticas públicas. Essa disparidade public policies. This disparity grows
cresce dentro da periferia, um local inside the periphery, a place that, until
que, até então, é considerado como then, is considered as great references
grandes referências em relação à in relation to the economy, politics and
economia, política e socialização, socialization, hides a second reality.
esconde uma segunda realidade. O The project aims to raise issues that
projeto, visa levantar questões que need to be debated in a clear and
precisam ser debatidas de forma clara objective way and to raise an alert for
e objetiva e, acender um alerta para this chronic problem that plagues
esse problema crônico que persegue millions of Brazilians. The economic
milhões de brasileiros. O impacto impact is visible in vulnerable groups: a
econômico é visível em grupos fortune of growth evolves every day,
vulneráveis: a fortuna do empresário and hunger and unemployment enter
cresce a cada dia e, a fome e o other homes.
desemprego adentram em outros lares.

Palavras-chave: Pandemia; Keywords: Pandemic; Inequality;


Desigualdade; Periferia. Periphery.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................
CAPÍTULO 1 - PRODUTORA .......................................................................................
1.1 A Produtora .................................................................................................
1.2 A Marca da Produtora ................................................................................
1.3 Identidade Organizacional .........................................................................
1.4 Membros ......................................................................................................
1.5 Organograma ..............................................................................................
1.6 Portfolio .......................................................................................................
1.6.1 PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS ......................................................

1.6.2 PRODUÇÕES RADIOFÔNICAS ....................................................

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................


2.1 O Documentário ..........................................................................................
2.2 A Ascenção do Documentário ...................................................................
2.3 Tipos de Documentário ..............................................................................
2.4 Princípio da Desigualdade: O Capitalismo ...............................................
2.5 Disparidade Social das Metrópoles .........................................................
2.6 Pandemia: Agravamento de um Problema Crônico no Brasil ................
CAPÍTULO 3 – BÍBLIA DE PRODUÇÃO .....................................................................
3.1 Explicação do Título ...................................................................................
3.2 Sinopse .......................................................................................................
3.3 Objetivos Gerais .........................................................................................
3.3.1. Específicos ..................................................................................
3.4 Classificação do Projeto ...........................................................................
3.4.1 Gênero ..........................................................................................
3.4.2 Categoria .......................................................................................

3.4.3 Formato .........................................................................................


3.4.4 Classificação Indicativa ....................................................................

3.5 Argumento ..................................................................................................

3.5.1 Visão Original ................................................................................


3.5.2 Proposta do Documentário ..........................................................

3.5.3 Eleição e Descrição dos objetos ... .............................................

3.5.4 Eleição e Justificativa para a(s) Estratégias de abordagem .....

3.5.5 Sugestão de estrutura ..................................................................


3.5.6 Desenho de Produção ..................................................................

3.6 Referências Estéticas.................................................................................

3.6.1 Limpam com Fogo .................................................................................

3.6.2 Auto de Resistência .....................................................................

3.7 Público-Alvo ................................................................................................


3.8 Veiculação/Distribuição .............................................................................
3.9 Justificativa ................................................................................................
3.10 Cronograma de Produção .......................................................................
3.11 Orçamento Previsto..................................................................................
4 Relatório Individual ..................................................................................................

5 Referências ...............................................................................................................
6 Anexos ......................................................................................................................
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Logomarca da produtora ............................................................................

Figura 2: Símbolo Missão ...........................................................................................

Figura 3: Símbolo Visão..............................................................................................

Figura 4: Símbolo Valores .........................................................................................

Figura 5: Organograma ..............................................................................................

Figura 6: Capa Beija Eu .............................................................................................

Figura 7: Capa Por Trás das Redes ..........................................................................

Figura 8: Capa [RE]INÍCIO .........................................................................................

Figura 9: Capa Doca Sp Na Estrada .........................................................................

Figura 10: Capa Jeitinho Brasileiro ..........................................................................

Figura 11: Capa REC ..................................................................................................

Figura 12: Capa Caminhos ........................................................................................

Figura 13: Capa O Ateliê ............................................................................................

Figura 14: Capa Percalço ...........................................................................................

Figura 15: Capa O Corpo que Habita ........................................................................

Figura 16: Capa Piratas do Bairro .............................................................................

Figura 17: Capa Renascer da Vida ............................................................................

Figura 18: Modelo de Roteiro de Ficção ...................................................................

Figura 19: Capa Edífico Master .................................................................................

Figura 20: Capa Salesman .........................................................................................

Figura 21: Capa Primárias. .........................................................................................

Figura 22: Capa Ilha das Flores ................................................................................

Figura 23: Capa Janela da Alma ...............................................................................


Figura 24: Capa Eram os Deuses Astronautas? ......................................................

Figura 25: Capa Diário de uma busca ......................................................................

Figura 26: Classificação indicativa, Guia prático (SNJ) ..........................................

Figura 27: Limpam com Fogo ...................................................................................

Figura 28: Limpam com Fogo ....................................................................................

Figura 29: Limpam com Fogo ...................................................................................

Figura 30: Auto de Resistência .................................................................................

Figura 31: Auto de Resistência .................................................................................

Figura 32: Auto de Resistência .................................................................................

Figura 33: Logo Globo Play .......................................................................................


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição percentual da população, por cor ou raça, segundo as


classes de percentual de pessoas em ordem crescente de rendimento domiciliar
per capita - Brasil - 2019. ............................................................................................

Quadro 2 - Proporção de pessoas abaixo da linha da extrema pobreza por


rendimento domiciliar per capita (menos de US$ 1,90 diários per capita PPC),
segundo sexo e cor/raça - Brasil (2012/2018). .........................................................

Quadro 3 - População brasileira, de acordo com as divisões do mercado de


trabalho, 4º trimestre 2020. ........................................................................................

Quadro 4 - Perda/ Ganho de Renda (Formais e informais). ....................................

Quadro 5 - Equipamentos de vídeo ..........................................................................

Quadro 6: Equipamentos de áudio ...........................................................................

Quadro 7 – Cronograma Pré-Produção: Fevereiro – Junho ....................................

Quadro 8 – Cronograma Pré-Produção: Fevereiro - Julho ......................................

Quadro 9 – Cronograma Pré-Produção: Agosto - Dezembro ..................................

Quadro 10: Orçamento Previsto do Projeto ..............................................................

Quadro 11: Orçamento do Projeto .............................................................................


13

INTRODUÇÃO
O documentário audiovisual “Até aqui, está tudo bem? ” Retrata o atual cenário
e escancara a desigualdade social em São Paulo. Expõe um problema que existe há
anos e ficou ainda mais grave com o aparecimento do coronavírus. A pandemia
reforça que a desigualdade é um problema crônico e, frente a esse cenário de evidente
e profunda deterioração ocorre uma elevação brutal das enfermidades e mortes, das
taxas de desemprego, do aumento da fome e pobreza, deixando visível
(instantaneamente) a sociedade mais vulnerável, principalmente sua parcela mais
pobre.

A narrativa causa reflexões, mostrando uma realidade pouco falada e muito


omitida. Em virtude da pandemia, o documentário demonstra como a sociedade está
sobrevivendo a condições precárias na pandemia, como os direitos básicos de
consumo dessa classe mais pobre, acesso à moradia, oportunidade no mercado de
trabalho e o fundamental, alimento; ou seja, o que já era difícil ficou pior.

A falta de um sistema de saúde pública para o enfrentamento de crises,


consequentemente ocasionadas pela falta de medidas governamentais já no início da
pandemia, contribuiu para o impacto dessa vulnerabilidade e da disparidade
socioeconômica no país. A pandemia torna-se um problema maior para moradores de
regiões periféricas e locais densamente povoados. Com um olhar mais aprofundado
e uma explicação do porquê essa desigualdade se agravou, a produção irá contar
com a participação ativa de especialistas nas áreas econômicas e sociais, levantando
em evidência o porquê as classes sociais são afetadas de formas diferentes. No
mesmo período em que bilionários aumentam suas rendas, o pobre luta para
sobreviver no período caótico.

Dentro do capítulo 1, é apresentada as características da Recover Produtora


bem como, sua logomarca, representantes, organograma e portfólio de trabalhos
acadêmicos.
14

No capítulo 2, são desenvolvidas as fundamentações a respeito do tema


abordado no projeto e sobre o conceito do documentário, utilizando definições de
diferentes autores de livros e artigos que baseamos para a pesquisa e que
estabelecem a escolha para o gênero e tema na pré-produção do projeto.

Já no capítulo 3, é desenvolvido toda a estruturação técnica e teórica


estabelecida para a construção do projeto documentário, é elaborado a justificativa e
visão original juntamente com os métodos que serão utilizados tanto para a gravação
quanto a pós-produção.
15
16

CAPÍTULO 1 – PRODUTORA

1.1 A Produtora

A Produtora Recover, é uma produtora audiovisual universitária formada no


quarto semestre de 2019 por alunos do curso de Rádio, TV e Internet da Universidade
Cruzeiro do Sul. A Produtora foi formada por alunos da APA, alguns integrantes da
REC e Coruja Produções, que também eram produtoras audiovisuais universitárias,
por conta de um projeto interdisciplinar demandar uma quantidade maior de alunos na
construção do mesmo. No fim, ficou decidido juntar alguns integrantes para obter uma
maior eficiência e qualidade no desenvolvimento dos projetos.

1.2 Marca da produtora

Na logomarca, a equipe buscou demonstrar a paixão pelo audiovisual,


utilizando as duas mãos e manejando-as em um formato que faz alusão a um fotógrafo
ensaiando seu enquadramento para um "clique". Paixão essa, que fica evidente
quando se utiliza a cor vermelha como fonte das letras, registrado na marca da
produtora. O vermelho é uma cor intensa e possui alta visibilidade e está associada,
muitas vezes, ao sentimento de amor e paixão.

Figura 1: Logomarca da produtora


17

1.3 Identidade Organizacional

Figura 2: Símbolo Missão

A missão é produzir conteúdos audiovisuais para o mercado nacional,


mantendo um alto padrão de qualidade e produtividade dos projetos, e manter o
público-alvo satisfeito com o trabalho realizado.

Figura 2: Símbolo Missão

Visão em tornar-se uma produtora com eficiência no trabalho exercido,


buscando um resultado satisfatório sempre.

Figura 4: Símbolo Valores

Os valores estão no respeito da diversificação da equipe, sempre tendo em vista


o respeito às inovações de ideias e a liberdade de expressão.
18

1.4 Membros
19
20
21

1.5 Organograma

Figura 5: Organograma
22

1.6. Portfólio

Apresentação de todo material produzido por cada integrante da produtora.


Alguns dos projetos foram realizados em parceria com integrantes que, atualmente,
estão em outros grupos.

1.6.1 PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS

1. Beija Eu

Um programa de namoro, apresentado pelo Bruno Bennoti e Nayara Ariodante, onde


três participantes disputam entre si, o beijo de um (a) convidado (a) especial. A disputa
é realizada por meio de quatros jogos e, conta com
eliminações, até chegar no participante desejado.

(Produtora Recover, 2019)

Figura 06: Capa Beija Eu

2. Por Trás das Redes

Retrata os bastidores das transmissões online. Por


conta da pandemia de Covid-19, a sociedade precisou
se isolar, e muitas atividades foram adaptadas de uma
maneira que fosse possível de realizar da própria
casa. Muitas instituições

Figura 07: Capa Por Trás das Redes


23

religiosas adotaram as famosas “lives" como método de transmissão de suas


reuniões. Os encontros com os fiéis são por intermédio da internet, e os líderes
relatam como é a experiência.

(Produtora Recover, 2020)

3. [RE]INÍCIO

Eventos catastróficos vêm acontecendo no Brasil, Arthur, junto


com o seu tio, precisam aprender a sobreviver na nova
realidade para encontrar os pais de Arthur. (Produtora
Recover, 2020)

Figura 08: Capa [RE]INÍCIO

4. Doca Sp Na Estrada

Nome da música: Doca Sp Na Estrada

Cantor: Doca

Produção: Recover, 2021.

Figura 09: Capa Doca Sp Na Estrada


24

5. Jeitinho Brasileiro
A revista se baseia em pessoas que, a partir de sua
criatividade e realidade social, criaram uma maneira
de gerar renda. Entrevistas com pessoas de baixa
renda do estado de São Paulo exemplificam essa
realidade. (Vinci Audiovisual,2019)

Figura 10: Capa Jeitinho Brasileiro

z6. REC

Apresentado por Douglas, a revista utiliza de uma linguagem


moderna, jovem e extrovertida para passear no setor audiovisual,
levando informação e entretenimento. Trata de assuntos técnicos,
entrevistando profissionais da área, até curiosidades do mundo do
cinema e da televisão.
(Produtora Recover, 2019)
Figura 11: Capa REC

7. Caminhos

Um programa apresentado por Caio Diniz, com a intenção de


instigar o telespectador a visitar pontos turísticos de São Paulo.
Repleto de cultura, costumes e muita história. (Estúdio Coruja,
2019)

Figura 12: Capa Caminhos


25

8. O Ateliê
A cada episódio, três novos talentos das artes
visuais passam por desafios que colocam suas
técnicas em jogo. Após serem avaliados por jurados
especialistas no assunto, sai um vencedor dessa de
cada disputa. Os vencedores dos três episódios da
temporada retornam para a “grande final” em que apenas um ganhará o título de
“Mestre do Ateliê”. (Vinci Audiovisual, 2019)

Figura 13: Capa O Ateliê

9. Percalço

Com a nova realidade do mundo em meio a uma


Pandemia, o isolamento social passou a ser uma
medida de contenção para o novo coronavírus.
Universidades precisaram se adaptar ao ensino à
distância, levando um novo cenário para a vida de
professores e alunos. (Produtora Escalera, 2020)

Figura 14: Capa Percalço


26

1.6.2 PRODUÇÕES RADIOFÔNICA

1. Corpo que Habita

Relata a história de Isadora, uma garota que possui Transtorno Dissociativo. Ela e o
seu amigo Marcel, buscam desvendar o mistério por
trás deste transtorno, enquanto a Isadora é
investigada por uma série de mortes que
aconteceram na região. (Produtora Atena, 2018)

Figura 15: Capa O corpo que Habita

2. Piratas do Bairro

Se a cultura e o esporte estão ameaçados no bairro de Itaquera, eles são os heróis


perfeitos, ou melhor, os piratas perfeitos.
Expandindo a potência de suas vozes na rádio
comunitária, mostram sua força para resolver
conflitos de interesses a favor da
comunidade. (Banana Produções, 2018)

Figura 16: Capa Piratas do Bairro

3. Renascer da Vida
Julia, tem 16 anos, a garota foi estuprada pelo amigo e sócio de seu pai. Após ir morar
com um amigo, e se refazer do trauma, a jovem
usará sua história para ajudar outras garotas,
vítimas da mesma violência. Por conta de um trágico
acidente, Julia se torna um símbolo na luta contra
violência sexual. Sua história ganha força na
internet. (Art9 Produções, 2018)

Figura 17: Capa Renascer da Vida


27
28

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, são desenvolvidas as fundamentações teóricas estudadas para


a elaboração do tema do projeto e os conceitos de uma produção de documentário
segundo autores de diferentes livros e artigos.

2.1 O Documentário

Documentário é um gênero de produção audiovisual que oferece a impressão, a


partir do argumento de algum diretor, ou documentarista, de documentar e retratar
uma representação fiel de uma determinada realidade. O documentário, ou cinema de
não ficção, lidará com um recorte, representação ou reprodução de alguma situação,
dessa forma ele é sempre mediado por um documentarista que conduzirá o que está
acontecendo na frente da câmera e o que o telespectador vai assistir. Para o autor
Silvio Da-Rin (2004), é essencial que o documentário produza uma justificativa do
mundo em que vivemos, “trata-se de construir e acompanhar um argumento sobre o
mundo histórico, mais do que construir e acompanhar uma história imaginária” (Da-
Rin, 2004, p. 140).

Por muito tempo existiu uma dificuldade em distinguir uma obra audiovisual de
ficção para um documentário, visto que as duas, se tratando de equipamentos e
técnicas de realização são muito semelhantes, ambas utilizam, planos de
enquadramento, câmeras, equipamentos de iluminação, edição e roteiro. Analisando
o paradigma abaixo da estrutura do roteiro de uma obra audiovisual de ficção
demonstrada no livro Manual do Roteiro (Field, 2001), concluímos que uma ficção é
dividida em três partes, apresentação, confrontação e resolução, onde na primeira
ocorre a introdução da ação dramática, na segunda o desenvolvimento e a terceira a
conclusão da história fictícia que está sendo contada no filme.
29

Figura 18: Modelo de Roteiro de Ficção

Fonte: Field (2001, p. 102)

No artigo “O que é documentário” o autor Fernão Pessoa Ramos (2001) explica


que o documentário também é visto como um campo tradicional que possui algumas
regras a serem seguidas, dessa forma, o documentarista necessita de uma conduta
para valorizar esses princípios estabelecidos. Muitas vezes encontramos normas de
como estruturar um documentário em literaturas como o livro Introdução ao
documentário, onde o autor Bill Nichols (2010) propõe um modelo típico de como
organizar o filme que está representando o mundo em que vivemos que é a de
solucionar problemas. O autor do livro realiza uma analogia com o documentário e
uma história de detetive, onde o filme começa apresentando um tópico, em seguida o
desenvolvimento compreendendo esse tópico através do entendimento histórico dele
e prosseguindo examinando a dificuldade do assunto chegando em uma conclusão
que o espectador possa acreditar que seja real. O autor do livro oferece ainda outros
meios de distinguir essas duas formas de filmes, visto que, para ele, um filme precisa
de características comuns às outras obras já classificadas neste gênero.

Há normas e convenções que entram em ação, no caso dos documentários,


para ajudar a distingui-los: o uso de comentário com voz de Deus, as
entrevistas, a gravação de som direto, a gravação de som direto, os cortes
para introduzir imagens que ilustrem ou compliquem a situação mostrada
numa cena e o uso de atores sociais, ou de pessoas em suas atividades e
papéis cotidianos, como personagens principais do filme. (NICHOLS, 2010,
p.54)

A partir desse conceito de representação fiel de uma realidade no documentário


surgem também as questões éticas de como tratar as pessoas que participam do
documentário. Pela a analogia entre o filme ficcional e o documentário, Bill Nichols
(2010) ressalta que na ficção os atores são dirigidos ao que fazer e falar no filme pois
são pagos para essa finalidade e nos documentários as pessoas são atores sociais e
30

seu valor para o filme está em sua própria vida. O autor defende a necessidade de
existir um consentimento entre o documentarista e o ator social, as pessoas devem
estar cientes das possíveis consequências de sua participação no documentário, “Seu
valor para o cineasta consiste não no que promete uma relação contratual, mas no
que a própria vida dessas pessoas incorpora” (NICHOLS, 2010, p. 31).

Eduardo Coutinho (2003) revela em uma entrevista concedida a revista Galáxia


que por ele ser uma pessoa de fora da realidade das pessoas que está entrevistando,
essas se sentem escutadas por esse alguém que não vive a mesma realidade e por
esse motivo revelam o que vem de dentro da sua realidade. Para ele o que prevalece
sempre é a conversa, ainda explica que muitas das pessoas que entrevista não sabe
o que é um documentário e as pessoas conversam e agem de um modo mais livre e
não ficam preocupadas se a conversa pode aparecer em um programa de televisão,
a filmagem do documentário caracteriza-se por um encontro entre o mundo do
documentarista, da sua equipe, mediado pela câmera que registrará o mundo da
pessoa que está sendo filmada.

2.2 A Ascensão do Documentário

Os autores Lins e Mesquita (2008) indicam que o gênero documentário conquistou


um interesse crescente entre profissionais do cinema e uma parcela pequena, porém
considerável de telespectadores no Brasil. Para reforçar essa ideia, os autores
explicam que o público possui uma atração cada vez maior por imagens e situações
reais nas formas de expressão midiáticas e artísticas, mostrando mais interesse por
cenas com câmeras amadoras, tremidas e imagens de baixa de qualidade que
transmitem um efeito de realidade no que está sendo documentado, do mesmo modo
que a documentarista Petra Costa apresentou no seu documentário Democracia em
Vertigem (2019) com imagens e documentos reais, a queda e ascensão de um partido
político nos momentos mais agitados da história política do país ganhando uma
indicação ao prêmio do Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem. Em
contrapartida, Eduardo Coutinho (2003) defende que o documentário precisa
questionar essa objetividade de poder dar conta de relatar o real, para ele o
31

documentário é uma produção que é feito para durar, “O grande documentário não
apenas é baseado nesse pressuposto, como também tematiza essa própria
impossibilidade de dar conta do que quer que se chame real” (Coutinho, 2003, p.215).

Ainda no assunto do interesse ao gênero documentário, Lins e Mesquita (2008)


revelam que com o crescimento da tecnologia digital a prática e realização de projetos
documentais ganha um grande impulso, pois a utilização de câmeras digitais
apresenta vantagens técnicas, estéticas e de barateamento de produção sobre o
método analógico de gravação. Nessa mesma entrevista Eduardo Coutinho (2003)
relatou que deixou de usar a tecnologia analógica e durante cinco anos trabalhou
usando somente a câmera digital e que isso não afetou o modo de fazer o
documentário.

As pessoas pensam que é por causa do preço, mas não é só por isso. O
problema maior é que a película possui um tempo de filmagem mais limitado
e exige mais cortes, mais interrupções no diálogo. Imagine eu ter que
interromper um personagem num momento narrativo e emocional muito
intenso porque o filme acabou.... Não haveria mais como recomeçar do
mesmo jeito. (COUTINHO, 2003, p.227)

Enquanto a maioria dos setores estão passando por momentos difíceis no meio
audiovisual, há um segmento que está em crescimento constante a produção de
documentários. Uma pesquisa feita a pouco tempo pela empresa americana Omdia,
isso sem dependência de plataforma de streaming, a qual foi responsável por 30% de
melhoria no ano de 2019.

A compra de novas produções nas plataformas de streaming era feita de uma


forma economicamente, não era o conteúdo mais desejado pelos assinantes e nem
pelos produtores de elaborarem essas obras. Mas com esse atual momento de
pandemia, todas as produções em geral sofreram uma decadência no mercado.

Com isso as plataformas e produtores ficaram em uma situação difícil e precisaram


se inovar e começar a pensar no tema documentário como uma nova oportunidade.
32

Os produtores tiveram uma boa surpresa, pois estão sendo procurados para elaborar
documentários com diversas histórias e nada de pouco dinheiro e cenários de últimas
horas e sim com uma boa ajuda de custo nas suas produções.

Estou trabalhando em um documentário de três episódios sobre um famoso


caso criminal - algo que fiz inteiramente por videoconferência. Enfatizar
imagens de arquivo tem sido um grande trunfo nessa fase", diz a diretora de
"Perícia Viciada", minissérie lançada pela Netflix no ano passado. (DINO,
2020, Online)

Se depender do crescimento dos serviços de streaming, o mercado de


documentários pode atingir uma audiência nunca registrada. Nos EUA, a Parks
Associates divulgou que, no final de 2020, 61% das residências com banda larga no
país contavam com dois ou mais serviços de streaming, em comparação a um índice
de 48% Existe um grande interesse do público em conhecer a história de empresas
de sucesso através de um olhar mais real, sensível e humano.

2.3 Tipos de Documentários

Podemos apresentar documentário por três maneiras:

I. Podemos construir um documentário contando um retrato do mundo


II. Pode também contar histórias de outras pessoas
III. Por último uma representação de terceiros por meios de uma obra
audiovisual.

É importante estabelecer semelhanças e diferenças entre o cinema ficcional e


o não ficcional. Nichols parte da dedução que todo filme é um documentário (2001),
até mesmo os ficcionais. Cada um conta sua história, mas são de tipos diferentes.

Esses seis modos determinam uma estrutura de afiliação frouxa, na qual os


indivíduos trabalham: estabelecem as convenções que um determinado filme
pode adotar e propiciam expectativas especificas que os espectadores
esperam ver satisfeitas. Cada modo compreende exemplos que podemos
identificar como protótipos ou modelos: eles parecem expressar de maneira
33

exemplar as características mais peculiares de cada modo. (NICHOLS, 2010,


p.135).

O documentário pode se dividir em duas importantes categorias: os


documentários de satisfação de desejos (ficção) e os documentários de representação
social (não-ficção).

Os documentários de satisfação de desejos são denominados de ficção. O filme


expressa de forma real dos sonhos e desejos, pesadelos e medos. Faz com que a
nossa imaginação flua com toques visíveis e audíveis da obra, pois expressam tudo o
que desejamos ou até mesmo tememos na nossa realidade.

Os documentários de representação social são denominados de não-ficção, ele


representa de forma sensível aspectos do mundo que vivemos. A forma como é
expressado que é feita a realidade, como foi, como é, o que poderá vir a ser. Eles
transmitem verdade, afirmações, argumentos ao mundo como conhecemos. Nos
proporcionam visões novas para que observemos e compreendermos.

Para quem irá fazer um documentário deve sempre extrair o melhor da pessoa
que está sendo filmada, atento aos sinais físicos e emocionais. Mesmo assim isso não
significa que deve esquecer a ética e o respeito com seu convidado. A voz no
Documentário é algo muito importante, isso mostra para quem assiste o ponto de vista
que está sendo transmitido, contando com ajuda de imagens e vídeos bem
compreendidos.
34

Quais são os tipos de documentários existentes;

Modo Participativo: Esse modo prevê a intervenção onde se pode escutar a voz do
cineasta, capta a interação das pessoas para que nesse modo não interferira na
realidade dos fatos e contribuição na obra audiovisual com a pessoa filmada e
documentarista.

Exemplo: Edifício Master (2002)

O filme registra o cotidiano dos moradores do Edifício Master, em


Copacabana, e apresenta um rico painel de histórias. Com 276
apartamentos e 12 andares, o local serve de moradia aos
entrevistados, que revelam dramas, solidões, desejos e
vaidades.

Figura 19: Capa Edífico Master

Enfatiza a interação do cineasta e o tema. A filmagem acontece em


entrevistas ou outra forma de envolvimento mais direto. Frequentemente,
une-se as imagens de arquivo para examinar questões históricas. (NICHOLS,
2010, p.62)

Modo Observativo: Os atores ignoram o cineasta, interagem entre eles, quem está
sendo filmado, um modo que esquecem a câmera no momento. Transmite a ideia de
como é a realidade, não há narradores, nem entrevistados.
35

Exemplos: Salesman (1969)

Quatro vendedores de Bíblias, de porta em porta, trabalham


entre a propaganda enganosa e o desespero. A missão é
simples: convencer as pessoas a comprar o que chamam, ainda,
o livro mais vendido no mundo.

Figura 20: Capa Salesman

Primárias (1960)

As primárias fazem parte das eleições presidenciais de 1960,


nos Estados Unidos. Concorrem Hubert Humphrey e John
Kennedy. Cada um deles viaja pelo país em campanhas
semelhantes: eles abraçam as pessoas, sorriem, dão autógrafos,
apertam as mãos dos eleitores e fazem discursos. Mas Kennedy
parece estar à frente na corrida presidencial.

Figura 21: Capa Primárias

Enfatiza o engajamento direto no cotidiano das coisas ou pessoas que


representam o tema do cineasta, conforme são observadas por uma câmera
discreta. (NICHOLS, 2010, p.62)

Modo expositivo: Agrupa o que resta de uma obra antiga em uma estrutura retorica
ou argumentativa. O cineasta pensa em um determinado assunto, uma ideia fechada,
um assunto que quer mostrar para os outros, então ele monta um roteiro e elabora a
filmagem, diretamente com legendas e vozes que propõe uma visão argumentativa.

Exemplo: Ilha das Flores (1989)


36

Um tomate é plantado, colhido, transportado e vendido num


supermercado, mas apodrece e acaba no lixo. O filme segue-o
até seu verdadeiro final, tudo para deixar clara a diferença que
existe entre tomates, porcos e seres humanos.

Figura 22: Capa Ilha das Flores

Enfatiza o comentário verbal e uma linguagem argumentativa.


Esse tipo de documentário é um dos mais comumente encontrados no
mercado audiovisual. Trata-se de qualquer documentário que retrate algum
acontecimento, enfatizando fatos e argumentos para aquilo que o filme está
narrando. (NICHOLS, 2012, p.62).

Modo poético: Compartilha um terreno comum com a vanguarda modernista, não


investia em montagem de continuidade. Nesse modo o mais importante não é a fala
e sim a imagem, emoção, sem entrevista ou assuntos elaborados e pensados.

Exemplo: Janela da alma (2001)

Dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual,


da miopia discreta à cegueira total, falam como se veem, como
veem os outros e como percebem o mundo. O escritor José
Saramago, o músico Hermeto Paschoal, o cineasta Wim
Wenders, entre outros, faz revelações pessoais e inesperadas
sobre vários aspectos relativos à visão.

Figura 23: Capa Janela da Alma

Enfatiza associações visuais, qualidades tonais ou rítmicas, passagens


descritivas e organização formal. (NICHOLS, 2010, p.62).
37

Modo Reflexível: Esse tipo de documentário abre uma aba para participação de quem
está assistindo de acordo com o tema e refletir sobre o assunto que atua e intervêm
na realidade.

Exemplo: Eram os deuses astronautas? (1969)

Em 1968, o autor Erich von Däniken publicou o livro homônimo,


onde defendia a tese de que as divindades das civilizações
antigas eram, na realidade, seres de outros planetas.

Figura 24: Capa Eram os Deuses Astronautas?

Chama atenção para as hipóteses e convenções que regem o cinema


documentário. Aguça a nossa consciência da construção da representação
da realidade feita pelo filme. (NICHOLS, 2010, p.63)

Modo Performático: Autobiográfico, cineasta conta algo de acordo com suas


experiências no decorrer de sua vida.

Exemplo: Diário de uma busca (2011)

Uma vida marcada pela história da luta armada, exílio e


ausência. Sua repentina morte deixou seus familiares com um
vazio e um mistério, que a filha Flavia tenta desvendar.

Figura 25: Capa Diário de uma busca


38

Enfatiza o aspecto subjetivo ou expressivo do engajamento do próprio


cineasta com seu tema, e a receptividade do público a esse engajamento.
Rejeita a ideia de objetividade em favor de evocações e afetos. Todos os
filmes desse modo compartilham características com filmes experimentais,
pessoais e de vanguarda, parecido com o Poético, mas com uma ênfase
vigorosa no impacto emocional e social para o público. (NICHOLS, 2010,
p.63)
39

2.4 Princípio da Desigualdade: O capitalismo.

A diferença entre classes está sob influência do modo de produção capitalista


que visa o lucro através do acúmulo de bens e dinheiro, e exploração do trabalho;
possibilitando um processo de desigualdade intenso. Karl Marx (1867) ativamente
argumentava em seu livro “O Capital” que a classe trabalhadora deveria realizar uma
ação revolucionária organizada para derrubar o capitalismo e provocar mudanças
socioeconômicas. Essas determinações econômicas seguiam sobre as perspectivas
da ideologia política e econômica marxiana, que segundo o autor era um tipo de
sistema baseado na exploração da classe operária pela burguesia.

Abordado em apreciações dispersas e em toda uma seção especial, é o das


formas que precedem a separação entre o agente do processo de trabalho e
a propriedade dos meios de produção. Isso porque somente tal separação
permite que o agente do processo de trabalho, como pura força de trabalho
subjetiva, desprovida de posses objetivas, se disponha ao assalariamento
regular, enquanto, para os proprietários dos meios de produção e de
subsistência, a exploração da força de trabalho assalariada é a condição
básica da acumulação do capital mediante relações de produção já de
natureza capitalista. (MARX, 1867, p.39)

Ele defendia a socialização dos meios de produção, fazendo com que o


proletariado assumisse controle dos mesmos, e instituindo o socialismo, sendo esta a
forma de retomada do poder da classe trabalhadora, libertando-se do sistema
explorador através da ditadura do proletariado.

A Revolução Industrial altera parcialmente a sua forma. Agora, os pobres têm


um pouco de visualização no mundo acadêmico e político e uma nova variável, os
donos do poder não são mais apenas os donos da terra, mas também os que possuem
os meios industriais para fabricação dos produtos. A população interiorana sai das
pequenas cidades para as grandes em busca de trabalho nas novas indústrias. Com
40

a aceleração na fabricação dos produtos, temos um aumento nos lucros para os


investidores ao mesmo tempo que o sucateamento das condições de trabalho. Os
funcionários nas fábricas atuavam em longas jornadas de trabalho sendo mal
remunerados e em condições insalubres.

O fato é que o capital prosperou e os lucros industriais cresceram em


comparação com a estagnação da renda do trabalho entre os anos 1840 e
1850. Isso era óbvio para todos, mesmo numa época em que as contas
nacionais e as estatísticas agregadas para os diferentes países não existiam.
(PIKETTY, 2013, p.18)

2.5 Disparidade social nas metrópoles

A emergência da mão-de-obra, em 1888, contribuiu para definir o início de um


processo no qual urbanização e industrialização caminham juntas sob a mesma
ideologia positivista da ordem e do progresso. O rumo ocupado parecia representar
um caminho certo para a independência de séculos de dominação das pequenas
elites, ligadas à exportação de produtos primários.

Não foi só o governo. A sociedade brasileira em peso embriagou-se, desde


os tempos da abolição e da república velha, com as idealizações sobre
progresso e modernização. A salvação parecia estar nas cidades, onde o
futuro já havia chegado. Então era só vir para elas e desfrutar de fantasias
como emprego pleno, assistência social providenciada pelo Estado, lazer,
novas oportunidades para os filhos.... Não aconteceu nada disso, é claro, e,
aos poucos, os sonhos viraram pesadelos. (SANTOS, 1986, p. 60)

As mudanças obtidas pelas políticas na década de 1930, regulamentando o


trabalho urbano, mobilizando a industrialização com a construção da infraestrutura
industrial, forçaram o movimento migratório de campos para as cidades.
41

Antes, a dinâmica da economia periférica estava conectada com os centros


de decisões que se encontravam no mercado internacional. Logo, o papel
que os países periféricos exerciam dentro da lógica de valorização do capital
foi abastecer as economias centrais com produtos primários e servir como
mercado para os produtos industrializados, as economias centrais passavam
por uma internalização mais forte do setor industrial. Fato esse que aconteceu
no Brasil, depois dos anos 1930, no bojo do modelo de substituição de
importações. (PIRES, Murilo. Uma sistematização da discussão sobre
heterogeneidade industrial. Um olhar para além das regiões brasileiras: O
caso centro-oeste brasileiro. IPEA, Brasília, 2257, p.19)

As favelas tornaram-se a forma de moradia de muitos trabalhadores, tanto do


setor secundário quanto até mesmo das indústrias, sendo considerados como
“produtivo excluído", resultado da industrialização com baixos salários. A grande
parcela de moradias tem sido nas metrópoles, feita por meio de mecanismos de
subsistência havendo que não é uma mercadoria produzida por processos de
trabalhos marcados por relações capitalistas ou o que o autor chama de "pobreza
política". Segundo Pedro Demo, "ser pobre não é apenas não ter, mas sobretudo ser
impedido de ter, o que aponta muito mais para uma questão de ser do que de ter"
(DEMO, 1993, p. 2).

A legitimidade nas propriedades da terra tem sido um dos principais agentes


do afastamento ambiental, no campo ou na cidade. Miguel Baldez lembra que até
1850, a ocupação de terra no Brasil era forma legítima de conseguir sua posse. A
emergência do trabalhador livre é acompanhada da emergência de legislação sobre
a terra que irá garantir a continuidade do domínio dos latifundiários sobre a produção
(BALDEZ; SILVA, 1986,1996).

Os Códigos Municipais de Posturas, legislação criada no final do século XIX,


com o intuito de modernizar, contou com um papel de subordinar certas áreas da
cidade ao capital imobiliário causando a expulsão da classe trabalhadora pobre do
centro da cidade. É nas áreas ignoradas pelo mercado imobiliário privado e nas áreas
42

públicas, situadas em regiões sem interesse, que a população trabalhadora pobre vai
se instalar: encostas dos morros, à beira de córregos, terrenos sujeitos a enchentes,
e regiões poluídas.

Segundo Tascherner (2001) e Bógus (2001), o fator que mais pesou para a
paralisação da população paulistana foi o deslocamento de moradores antigos da
cidade para o entorno da capital. Não é por acaso que a região do estado que mais
cresceu foi o cinturão de municípios da Grande São Paulo. Moradores mais pobres
são impelidos para regiões cada vez mais longes, tanto para o entorno da capital,
como para as cidades limítrofes. Além disso, o processo de desconcentração
industrial, para regiões com mão-de-obra mais barata e com menos impostos,
continua. Aliam-se a esses fatores, motivos como a migração de retorno e a fuga das
classes médias para os condomínios fechados nas cidades vizinhas.

Santos (1993) discute que a ocupação ilegal de terrenos periféricos de pouco


importa, as favelas são largamente toleradas quando não interferem nos circuitos
centrais da realização do lucro imobiliário privado. Esse caminho combina a ausência
de investimentos em programas habitacionais, contribui índices de ensino abaixo da
população elitizada, e na decadência em âmbitos de saúde pública. Grande parte das
áreas urbanas de proteção ambiental estão ameaçadas por essas ocupações
desorganizadas e subsequência com a falta de ações públicas.

As consequências de tal processo de ocupação com uso habitacional pobre por


absoluta falta de alternativas atingem toda a cidade, como aponta Maricato (1999).
São Paulo repete o padrão locacional de muitas cidades grandes, onde o preço da
terra e da moradia faz com que casais em fase de expansão morem nas franjas
urbanas. Mesmo na cidade mais rica da América Latina a diferença social vai na
contramão de sua grande capacidade econômica. Num país patrilinear, que foi
constituído com o homem mantendo o poder primário na relação, atribuindo-lhe a
condição de chefe e líder de família, relata que a presença de mulheres chefes de
família declina nitidamente do centro para a periferia. A maior presença de mulheres
entre os mais pobres é um fator que chama bastante atenção. No município de São
43

Paulo a proporção de chefes mulheres declina da periferia para o centro, onde residem
as famílias de renda mais elevada.

É possível observar que casamento e filhos têm pesos diferentes entre homens
e mulheres. A proporção de homens com renda de até um quarto do salário mínimo é
semelhante para homens em arranjos: casal com filho, casal sem filho e pessoa só.
Mulheres quando vivem sozinhas possuem rendimento mais próximo ao dos homens.
A situação delas piora quando se casam e têm filhos, enquanto para os homens quase
não muda, assim elevando a desigualdade entre os gêneros. Mulheres sem cônjuge
e com filhos vivem na pobreza em proporção bem maior que o restante da população.
Se ela for negra ou parda há ainda mais chance de estar nessa condição , conforme
dados do IBGE (2018), na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio 2012/2018.

Questões raciais e a desigualdade social estão extremamente relacionadas.


Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 56% dos brasileiros
se declaram pretos ou pardos, enquanto 42% da população se considera branca.
Apesar de serem maioria, os negros são os que mais sofrem com a desigualdade no
país, estando em desvantagem social nas esferas política, ecônomica e acadêmica.
A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2019 mostra que 77% da
população negra ou parda estão entre os 10% com menores rendimentos. Enquanto
70% da população branca está entre os 10% com maiores rendimentos daquele ano.
44

Quadro 1 - Distribuição percentual da população, por cor ou raça, segundo as classes de percentual de pessoas
em ordem crescente de rendimento domiciliar per capita - Brasil - 2019.

Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua 2019.

A proporção de homens e mulheres abaixo da linha da pobreza mais baixa,


segundo estipulado pelo Banco Mundial, se manteve bem próximo ao longo dos anos.
Houve uma queda na extrema pobreza até 2014, seguida de um aumento a partir de
2015. Esses são os piores resultados para todos em 2018 quando comparados a
2012, primeiro ano da série. Vemos que os efeitos da crise econômica e política que
aflige o Brasil desde 2015 são sentidos de forma diferente por cada categoria da
população.
45

Quadro 2 - Proporção de pessoas abaixo da linha da extrema pobreza por rendimento domiciliar per capita
(menos de US$ 1,90 diários per capita PPC), segundo sexo e cor/raça - Brasil (2012/2018).

Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
2012/2018.

Ainda segundo o mesmo Instituto, em outubro de 2019, a média de rendimento


mensal de trabalho de 1% da população mais rica correspondia a 33,8 vezes o
rendimento de 50% da população com menores rendimentos. Esses aumentos
consideráveis da concentração de renda nas mãos de poucos têm reforçado a
extrema desigualdade no país.

Com a participação dos excluídos na política é possível implantar leis que


protegem os trabalhadores, para que a população consiga desenvolver-se, garantindo
os direitos básicos de qualquer ser humano.

Quanto mais ampla e inclusiva for a participação dos cidadãos nos processos
políticos e eleitorais, maior a pressão para que as políticas públicas
funcionem como um contraponto às tendências concentradoras de renda,
riqueza e oportunidades do mercado. (OBSERVATÓRIO DAS
DESIGUALDADES, 2020).
46

2.6 Pandemia: Agravamento de um problema crônico no Brasil

Em 11 de março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declara o


surto de coronavírus (Sars-Cov-2) como uma pandemia, desde então uma série de
medidas foram recomendadas pelas autoridades sanitárias. Tornou-se obrigatório o
distanciamento social, evitando aglomerações, uso de máscaras, e outras medidas
sanitárias mais cuidadosas.
O distanciamento social tem um papel importante para barrar a circulação do
vírus em um país com poucas testagens, como o Brasil, já que realiza cerca de 105
testes a cada 10 mil habitantes, pouco mais de 22 milhões de exames (UOL, 2021),
sendo que a testagem em massa se mostra muito importante no mapeamento e
controle da doença como aponta (CIÊNCIA & SAÚDE COLETIVA, 2020).
O rastreio da localização do vírus ajuda na aplicação de restrições mais
inteligentes. Em Singapura, a detecção precoce em aproximadamente 53% dos casos
ajudou a manter o país com boas taxas logo no início da pandemia. O mesmo foi
observado em Hong Kong e outras partes da China.
Um problema que a princípio, seria sanitário, expõe uma crise socioeconômica
de forma que acentua a desigualdade social. A pandemia agravou um problema
crônico do país, que existe há anos e frente a esse cenário de evidente e profunda
deterioração, ocorre uma elevação brutal das enfermidades e mortes, das taxas de
desemprego, do aumento da fome e da pobreza, deixando visível (instantaneamente)
a sociedade mais vulnerável, principalmente sua parcela mais pobre. Além da violação
dos direitos básicos dessa população, como acesso a água, encanamento e moradia
digna, a pandemia torna-se um problema maior para moradores de regiões periféricas
e locais densamente povoados. Precisam lidar com a aglomeração dentro de suas
próprias casas, o que torna complexo o distanciamento porque mesmo em suas
residências as pessoas estão dividindo um único espaço, muitas vezes com seis,
nove, até mesmo mais de dez pessoas; esses são fatores que prejudicam o
isolamento adequado conforme as orientações das autoridades de saúde.
47

A insegurança existe também pela necessidade do uso de transporte público


muitas vezes superlotado; obrigando os usuários a estarem em constante contato com
os demais. Essa é outra forte marca da desigualdade urbana, visto que os mais ricos
não dependem de transporte público para se locomover, já que podem manter meios
próprios e em sua grande maioria habitam em regiões centrais onde se acumulam a
maior parte das oportunidades de trabalho.

COVID-19 foi comparado a um raio-X que revelou fraturas no frágil esqueleto


das sociedades que construímos e que em todos os lugares está expondo
falácias e falsidades: a mentira de que os mercados livres podem fornecer
saúde para todos; a ficção de que o trabalho de cuidado não remunerado não
é trabalho; a ilusão de que vivemos em mundo pós-racista; o mito de que
estamos todos no mesmo barco. Pois embora todos nós flutuamos no mesmo
mar, é claro que alguns navegam em super iates, enquanto outros se agarram
a escombros flutuantes. ” (INFORMAÇÃO VERBAL, 2020) ³

Somado a tudo isso ainda há a forte recessão provocada pelo vírus, com a taxa
média de desemprego em 13,5% no ano de 2020. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), no terceiro trimestre a taxa ficou em 14,6% e no último
13,9%, sendo a menor taxa desde a sequência histórica de 2012.⁴
48

Quadro 3 — População brasileira, de acordo com as divisões do mercado de trabalho, 4º trimestre 2020.

Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Segundo o Observatório das Desigualdades, iniciativa da FJP (Fundação João


Pinheiro), ainda em Julho de 2020 cerca de 80% dos moradores de favelas perderam
pelo menos metade de sua renda, 35% destes, tendo perdido totalmente; e ainda
assim, 60% dos moradores de favela não conseguiram a liberação do auxílio
emergencial de 600 reais que ocorreu de julho de 2020 até dezembro do mesmo ano.
Esses dados se tornam ainda mais preocupantes, considerando que o auxílio
emergencial não só manteve a renda de parte da população, mas também a fez
crescer, diminuindo a desigualdade de renda. Entre os trabalhadores informais a
renda média cairia em 19% sem o auxílio e teve um aumento de 50% entre seus
beneficiários, já entre os trabalhadores formais a renda média cairia 8% e teve alta de
31%, isso de acordo com Gonzalez e Barreira (2020, pg.7) ⁵ utilizando dados do IBGE,
o que reafirma a importância de medidas governamentais para diminuir o impacto da
crise e da disparidade socioeconômica no país.
49

Quadro 4 — Perda/ Ganho de Renda (Formais e informais).

Fonte: FGV - Fundação Getulio Vargas.

Esses dados ajudam a esclarecer como os trabalhadores informais, em média,


têm uma renda menor do que os formais e estão mais vulneráveis. Um dos resultados
do desemprego é justamente levar mais pessoas a buscar a informalidade, que por
sua vez vai permitir menos garantias ao trabalhador: Seguro-desemprego, perda de
direitos e benefícios, inclusive, plano de saúde; o que reverterá em mais pessoas
necessitando do Sistema único de Saúde (SUS), já sobrecarregado por conta da
pandemia de Covid-19.
A alta do desemprego e a necessidade em diminuir a circulação de pessoas,
faz crescer a busca aos serviços de entrega por aplicativo, o delivery, acelerando
ainda mais o processo de popularização deste serviço que já estava crescendo.
Ribeiro (2021) aponta que segundo a empresa de gestão de finanças Mobius, em
2020 se gastou 187% a mais com os três principais aplicativos do mercado de
entregas de comida.
No entanto, os profissionais não têm vínculo empregatício, sendo assim,
sem direitos trabalhistas garantidos pela Constituição Federal, em conjunto com a
CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), conforme o Art.2 da introdução do Decreto-
Lei n°5.4.52/43.
50

Art. 2° - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,


assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviço. (BRASIL, 1943)

Por um lado, a falta de vínculo permite uma variação maior na forma de prestar
o serviço permitindo que o entregador faça seu próprio horário ou trabalhe com
diversas empresas, podendo inclusive encarar a função como uma forma de
complementar sua renda, mas não como a principal, por outro a falta de vínculo
empregatício e de responsabilidade dos aplicativos para com os entregadores acaba
precarizando o trabalho. Em meio a pandemia as empresas não fornecem qualquer
tipo de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) relacionado a proteção contra o
vírus, além de não existir qualquer tipo de protocolo de como realizar as entregas de
forma segura para ambas as partes, como aponta a pesquisa de Mendes et al. (2017).
Além desse fato, são mal remunerados, o que cria nos entregadores a
necessidade de fazer um alto número de entregas, já que recebem por cada uma
delas, dependendo de mais horas trabalhadas para obter uma renda razoável e
estando em contato maior com outras pessoas, correndo o risco de se contaminar
com o coronavírus, inclusive podendo ajudar em sua disseminação.
Na metade de 2020 duas greves maiores foram promovidas pela classe para
buscar mais garantias como prestadores de serviço e também materiais básicos de
proteção durante a pandemia, ao final deste movimento as empresas de entrega
fizeram algumas concessões, no entanto os entregadores ainda permanecem sem um
vínculo.
Como informa o texto do IHU - Instituto Humanas Unisinos (2020), apesar da
crise gerada pela pandemia, as 25 pessoas mais ricas do mundo se tornaram ainda
mais ricas neste período, cerca de US$255 bilhões. A maior parte deles e os que mais
faturaram, foram os ligados aos setores de tecnologia e a plataformas digitais que
cresceram muito por conta da necessidade de se ter alternativas à pandemia.
Uma das empresas que se sobressaiu no período é a Amazon, a mesma é o
maior marketplace do mundo e cresceu somente no último trimestre de 2020 cerca de
44%, levando seu CEO e fundador, Jeff Bezos, a aumentar seu patrimônio em US$64
51

bilhões no ano. Segundo o site (UOL, 2021), isso em meio a diversas denúncias de
condições precárias de trabalho com baixos salários e jornadas de trabalho
exaustivas, e por não garantir a segurança de seus funcionários em relação ao
coronavírus como informam Chong (2018) e o site V/C SA (2021).
Estas duas situações ajudam a esclarecer o abismo social existente no Brasil
e no mundo, demonstrando como a sociedade moderna está sobrevivendo à
pandemia: Explorando os menos afortunados que têm que recorrer a formas de
trabalho exaustivas, com remunerações baixas e com poucas garantias trabalhistas
para poder se manter. Se por um lado, o distanciamento social seria muito mais difícil
e traumático tanto para a economia quanto para a população em geral, sem os meios
e mercados digitais, por outros estes são sustentados e beneficiados diretamente pela
desigualdade e a discrepância socioeconômica entre as classes.
52
53

CAPÍTULO 3 – BIBLÍA DE PRODUÇÃO

No capítulo, são abordados aspectos teóricos e técnicos em relação ao


projeto desenvolvido.

3.1 Explicação do título

“Até aqui, está tudo bem? ”, faz o telespectador refletir sobre um problema
grave do país. A pandemia de Covid-19 reforça e expõe uma desigualdade social que
afeta milhões de pessoas. O termo empregado no título cria uma alusão de como a
sociedade e os seus governantes lidam com situações adversas ao normal que
vivemos. Antes da pandemia a desigualdade social no Brasil já existia, porém não
lidávamos como uma situação séria, até o momento em que uma das piores crises
que já vimos afetou a nossa sociedade e agravou a desigualdade e a forma que
vivemos, levando a cada pessoa perguntar a si mesmo se até agora, está tudo bem.

3.2 Sinopse

O Documentário “Até aqui, está tudo bem? ”, exibe a desigualdade social no


contexto pandemia. Retrata a história de famílias que foram afetadas por conta do
período caótico. Muitos brasileiros perderam seus empregos, afetando diretamente a
renda e causando um desequilíbrio emocional e financeiro. Dentro das periferias, a
situação é alarmante. Sem políticas públicas, muitos perecem em busca de uma
ajuda.

3.3 Objetivos Gerais

Produção de um documentário para retratar a desigualdade social no momento


da pandemia de Covid-19, com foco na cidade de São Paulo, especificamente na
comunidade de Paraisópolis.

3.3.1 Específicos

● Mostrar a realidade de personagens que vivem o pior momento de


desigualdade em São Paulo.
54

● Relatar casos que mostram que a pandemia por coronavírus foi um dos fatores
agravantes para o aumento dessa desigualdade.

● Trazer a voz de um Líder da comunidade.

● Levantar questões sociais referente a desigualdade.

3.4. Classificação do Projeto

Neste tópico, são exibidas as classificações organizadas com base no projeto


que está sendo realizado pela produtora.

3.4.1. Gênero

O produto tem como características mostrar o agravamento da desigualdade


social no contexto da pandemia, causado em São Paulo. Com base nesse motivo, a
produtora definiu como melhor estratégia realizar o projeto no gênero documentário.

3.4.2. Categoria

A pandemia do Coronavírus escancarou a desigualdade social. O projeto causa


reflexões e coloca em discussão esse problema crônico no Brasil. Por este motivo, é
atribuído dentro do documentário audiovisual “Até aqui, está tudo bem? ”, a categoria
informativa, através de uma linguagem que visa esclarecer de uma forma objetiva.

3.4.3. Formato

A partir do estudo realizado com base na fundamentação teórica do


documentário, a produtora optou por seguir de acordo com o que o autor Bill Nichols
(2012) define como modo expositivo. Utilizando deste formato, a narrativa consiste em
depoimentos e entrevistas, para exibir o mais próximo da realidade do grupo maior
afetado no período pandêmico.
55

3.4.4. Classificação Indicativa

Segundo o Manual de Classificação


Indicativa da SECRETARIA NACIONAL DE
JUSTIÇA, 2018, o documentário se classifica
em “Não recomendado para menores de 14
anos”. O tema levanta questões sociais
ligadas à desigualdade, podendo haver cenas
de preconceito, discriminação, agressão
verbal e situações de extrema pobreza.

Figura 26: Classificação indicativa, Guia prático (SNJ)

3.5 Argumento

3.5.1 Visão Original

Ao começar os debates e discussões acerca do desenvolvimento desse


projeto, percebe-se que o documentário vai abordar uma questão crônica que permeia
o Brasil, mas que fica em evidência com a chegada da pandemia. Após concluirmos
a fundamentação teórica, nota-se a questão da desigualdade na capital paulista, o
pobre sempre é a classe mais afetada em períodos de crises e o atual governo
brasileiro não contribui com ajuda efetiva para esse grupo e, com isso, ocasiona na
explosão da disparidade social no Brasil. Analisando a história do país, observa-se o
desauxilio sobre o retrato da desigualdade e, em contrapartida, no mesmo período em
que bilionários aumentam suas rendas, o pobre luta para sobreviver no período
caótico.
56

“Até aqui, está tudo bem? ”, irá expor uma realidade vivida por muitos brasileiros
na pandemia, dará voz a uma família de modo que outras sintam-se representadas; a
mídia tem levantado muitos problemas sociais decorrentes das restrições, causando
aumento no desemprego, instabilidade financeira e fome. A construção da narrativa
do documentário alterna-se entre a realidade e relatos dos personagens em paralelo
com uma fotografia, que mostra a real situação do cenário, onde grande parcela da
sociedade está inserida, a periferia. Entender que essas diferenças têm endereço é
fundamental, famílias vulneráveis estão ficando sem saída e é uma forma de conceder
voz a essas pessoas que, por muitas vezes, não são ouvidas devido à posição
socioeconômica.

3.5.2 Proposta do Documentário

“Até aqui, está tudo bem”, propõe uma discussão aprofundada e reflexiva sobre
a disparidade socioeconômica no contexto da pandemia e como a população das
periferias saem drasticamente afetadas. De fato, é uma crise que atinge diversas
camadas da sociedade, no entanto, os moradores da região de Paraisópolis que estão
mais afastadas do centro-urbano são os que mais necessitam de políticas públicas.

O impacto da pandemia entre as pessoas que habita essa região é


estremecido, e o projeto levanta essas questões; durante as gravações o depoimento
de famílias de classe baixa, residentes de Paraisópolis, mostrando as dificuldades e
a realidade da comunidade. Além da crise financeira, essa parcela da sociedade
precisa lidar inclusive com as emoções, já que a saúde mental tem sido abalada e não
é possível encontrar uma perspectiva de melhora dentro do cenário particular deles.

Com as restrições impostas pela pandemia, a demanda dos entregadores de


aplicativos subiu, paralelo a isso, o número de entregadores aumentou, refletindo em
menos renda e mais riscos à saúde desses profissionais. Através da narrativa, o
documentário propõe e abre espaço para essas vozes.

O abismo socioeconômico segue dividindo a sociedade. Neste sentido, prevê-


se que através das histórias relatadas no documentário, os telespectadores possam
57

criar um olhar solidário para com o outro. A captação visual tem um papel fundamental
no projeto e com a ajuda dela, iremos mostrar que a pandemia da Covid-19 não afeta
todos da mesma maneira. Cada pessoa tem uma realidade diferente.
58
59
60
61
62
63

Voz-off Poema: Logo no início do documentário será narrado um poema autoral


trazendo uma reflexão sobre a desigualdade social antes mesmo da pandemia.

Cronologia da Pandemia no Brasil: Mostraremos utilizando banco de imagens de


redes de televisão todo o período da pandemia do coronavírus no Brasil.

Periferia: O local, servirá como estúdio para as gravações. A ideia é causar emoções
no telespectador com as imagens do local. O local para capturar os inserts será a
Paraisópolis. Esta região é uma grande referência no quesito desigualdade e
abandono. Os personagens serão moradores dessa comunidade.

3.5.3 Eleição e Justificativa para a (s) Estratégias de abordagem

Procedimento geral: A proposta do documentário é abordar a realidade de pessoas


de origem humilde que tiveram suas vidas afetadas pela pandemia, entrevistando-as
e relatando suas vivências e suas materialidades. Além delas, o líder da comunidade
de Paraisópolis debatendo sobre economia e questões sociais que agreguem com o
debate do porquê de a desigualdade ter se elevado.

As entrevistas com os atores sociais serão em suas próprias casas e a


comunidade que habita, apresentando o ambiente onde elas vivem e parte de seu
cotidiano, registrando o que for pertinente ao tema da desigualdade social e de seu
aumento repentino entrando em temas como: De que maneira a família tem
sobrevivido ao período; como reagiu às perdas e dificuldades; se conseguiram alguma
forma de renda, como foi este processo e outras observações que eles possam ter
feito sobre o período.

Os encontros serão realizados levando em conta o deslocamento da equipe a


proteção das personagens em relação ao Covid-19 para que não se exponham e nem
sejam expostas sem necessidade.
64

Entrevista com atores sociais: Os atores sociais são as personagens entrevistadas


com o objetivo de relatar suas experiências e realidades em relação a pandemia e
como as mesmas foram afetadas por ela, principalmente em relação a sua renda.

Os personagens serão moradores de Paraisópolis que tiveram sua renda


prejudicada durante o período da pandemia do coronavírus, mas que já eram de
origem pobre, sendo sua rotina e suas experiências como principal fio condutor do
documentário, ilustrando a discussão sobre o porquê de a desigualdade ter crescido
tanto no período e como isso afeta as pessoas na prática. As entrevistas ocorreram
em seu lar e por sua comunidade, relatando seu cotidiano em casa e no trabalho e a
família, irá representar o sonho de se obter uma vida melhor, com mais oportunidades
e emprego na cidade de São Paulo e como o coronavírus se torna mais um fator
complicador para alcançar esse objetivo.

Outro entrevistado será um entregador de aplicativos, que irá representar a


reação da sociedade à pandemia. Tendo os aplicativos de entrega crescido tanto
durante o período e assumido um papel tão relevante, as entregas se tornaram
alternativa para muitas pessoas poderem fugir do desemprego e manter sua renda.

Ao mesmo tempo, ele trará o debate de como a sociedade usa sua profissão
como muleta para resolver a questão da locomoção durante o isolamento, enquanto
eles seguem expostos e mal remunerados. A personagem trará a força de reação
humana ao mesmo que este também está vulnerável à aos efeitos da pandemia,
sendo uma profissão incerta e perigosa, não só pela natureza do trânsito e da
segurança pública, mas também da exposição ao vírus.

Locação: Os lugares escolhidos para a gravação das externas tratam de paisagens


que representam esteticamente a história que será contada no documentário. Com o
intuito de mostrar a desigualdade entre bairros da mesma metrópole será gravado
cenas das ruas e as casas tanto de bairros da parte mais pobre quanto da mais rica
da cidade sendo o resultado a disparidade entre eles.
65

As entrevistas terão estratégias diferentes em relação ao personagem que


retrataremos na cena. Quando a entrevista for com um especialista, este será gravado
em um local que demonstre o seu profissionalismo em um escritório ou sala de
trabalho para detalhar o aspecto mais técnico que ele está relatando. Para a entrevista
com os atores sociais gravaremos em lugares que demonstrem a característica que
esses personagens apresentam como bairros com baixa renda e casas simples.

Fotografia: A abordagem fotográfica priorizava a presença da luz natural dos cenários


de gravação e em ambientes internos priorizamos a utilização de luzes mais quentes
para trazer a sensação de calor e realçar a estrutura da locação que serão as favelas.
Pensando na utilização de GC para apresentação dos personagens, posicionaremos
uma câmera no tripé em plano médio para manter o enquadramento do material
gráfico. Os enquadramentos durante os relatos dos personagens frente ao
documentarista serão estáticos em tripé, variando em plano geral, close, plano médio,
contra plano e detalhe. Terá imagens de cobertura que será feita com câmera na mão,
locais do bairro serão gravados em plano aberto, com inserts e movimentação das
pessoas no próprio bairro. Familiarizando os telespectadores ao ambiente.
A captação visual será feita através de câmeras DSLR Canon, para manter a
configuração padrão a todos os vídeos.

3.5.4 Sugestão de estrutura

Abertura:

Cenas da cidade de São Paulo, edifícios, trânsito, pessoas caminhando pelas


ruas do centro e, de um outro ângulo, imagens da periferia com som ambiente,
captações espontâneas dos moradores, ruas sem asfalto, vielas, esgoto a céu aberto.
Esses cenários bem distintos entre si, expõem as diferentes realidades que existem
em São Paulo. A abertura, através da uma narração de uma poesia autoral e todo o
conjunto de imagens, trará uma realidade que muitos sequer conhecem.
66

Situação 1:
Moradores de Paraisópolis relatam o quanto tempo e como chegaram até a
região e a sensação de abandono durante o período de pandemia contando algumas
das dificuldades encontradas por elas.

Situação 2:

Gilson, do pavilhão do G10 Favelas, faz uma análise social do dia a dia da
periferia informando que para melhorar o Brasil é preciso investir mais em políticas
públicas para primeiro salvar a população, principalmente em momentos de crise.
Oferecendo ritmo a narrativa os moradores de Paraisópolis contam os problemas
deles por falta de políticas públicas

Situação 3:
Seguimos agora com os moradores contando mais sobre as dificuldades de
conseguir um emprego tanto pelo preconceito de morarem em uma periferia quanto
pelo agravamento do desemprego durante a pandemia. Danilo, trabalha com delivery
de aplicativos, relata os impactos causados pela pandemia fazendo uma análise
dessa transição de ter trabalhado antes e durante a crise, explicando as dificuldades
em relação a segurança de trabalho e a quantidade de serviço de entrega que passou
a fazer para conseguir manter a mesma renda.

Situação 4:
Aqui será um tom de conclusão, serão apresentadas uma série de relatos com
notícias, vídeos e reportagens evidenciando a atuação abominável que o governo
brasileiro teve ao tratar a pandemia do Covid-19. Ao final Gilson dará o seu
depoimento respondendo à pergunta do documentário, até aqui, está tudo bem?

3.5.6 Desenho de Produção


1. Pesquisa
67

Através da divulgação das normas relacionadas ao TCC (trabalho de conclusão


de curso), a equipe definiu um prazo para cada integrante da produtora apresentar
uma sugestão de um possível projeto. Após esse levantamento, realizou-se uma
reunião presencial, ao ar livre e com menor número de integrantes, seguindo todas às
recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para discutir todas as
propostas. Diante dos materiais, a produtora optou por seguir com um documentário
que retrata a disparidade social no contexto pandemia.

Por tratar-se de um tema complexo e profundo, ficou acordado que, seriam


duas equipes trabalhando no projeto. Um grupo responsável pela fundamentação
teórica do tema e, os demais integrantes na fundamentação do documentário. Os
grupos tinham como tarefa realizar pesquisas baseadas em materiais de extrema
relevância ao assunto, elaborar relatórios e apresentar em discussões semanais.
Através de subgrupos, cada dupla entregou informações pertinentes para a
construção do texto. Uma equipe ficou responsável por estruturar e redigir o material.

A estrutura audiovisual e construção narrativa do projeto vêm sendo discutida


através de reuniões por chamada de vídeo. A equipe apresenta ideias e, o diretor e
roteirista, constroem o projeto no papel.

2. Pré-produção

Através da ideia principal do projeto; internamente, pesquisas foram realizadas


para a procura dos personagens definidos. Os locais já discutidos, mas por se tratar
de regiões desconhecidas da equipe, é necessária uma busca por associações que
prestam serviço social, para não criar nenhum tipo de conflito com os moradores; os
personagens são dessas regiões mais afastadas. O assunto envolve pesquisa e
dados, a procura por especialistas para falar de assuntos técnicos é fundamental para
esclarecer essas questões. Sempre reforçando uma questão técnica e humanitária
sobre.

ETAPA DE FILMAGEM
68

1. Objeto (s) de abordagem

A ideia é extrair através dos depoimentos e palavras dos personagens da


periferia, seus sentimentos, mediante toda essa disparidade socioeconômica.
Partindo com diálogos profundos e sensíveis, o personagem como elemento principal,
carrega a autonomia de mostrar a verdadeira realidade de quem mora em subúrbios.
Os depoimentos de famílias, mostram que os impactos da desigualdade e pandemia,
afetam um público específico e reforçam um problema que existe há anos.

2. Detalhes da abordagem

As gravações irão ocorrer nos mais variáveis ambientes, tanto externo quanto
interno. Por conta da pandemia, é necessário um cuidado maior e algumas restrições,
mas, a ideia é gravar imagens tanto da periferia quanto da cidade de São Paulo, para
a construção da abertura do documentário. Serão duas locações internas, pois os
moradores de Paraisópolis gravarão dentro de sua residência quanto fora também
nas ruas da periferia e o Gilson gravará em sua sala dentro do pavilhão da G10
’Favelas e o material de apoio será capturado nos respectivos locais. Todas as cenas
serão gravadas durante o dia, para aproveitar luz natural.

3. Providência e infraestrutura de produção

Cada gravação carrega sua particularidade, nas gravações com às famílias,


dois integrantes da produtora, irão se locomover seguindo todos os protocolos de
segurança, de acordo com a fase de restrição instalada na região e autorização dos
personagens, e na presença da associação que fez o intermédio à família de baixa
renda. O operador de câmera e o diretor, irão até os respectivos locais capturar os
depoimentos, dirigir todo o depoimento e, após, irão produzir material para usar como
inserts, todos deverão assinar o termo em que autoriza o uso de imagem e voz, após
o final da entrevista.
69

O motoboy concederá o depoimento em um ambiente externo, dois integrantes


irão até o local marcado para a realização das gravações. Todo material gravado,
inclusive, o material de apoio, precisam de autorizações do uso de imagens.

4. Equipe de gravação

Todas as filmagens seguirão os protocolos de segurança e distanciamento, de


acordo com cada fase do Plano São Paulo. Por conta da pandemia, a produtora vai
se dividir em subgrupos e realizar as funções remotamente, em muitos os casos. Nas
filmagens presenciais, uma dupla irá às gravações realiza-las, e todo o restante do
grupo estará auxiliando remoto. Reuniões para definir logística e algumas estratégia
de gravações serão realizadas, para todos ficarem ciente do que acontece.

5. Equipamentos de vídeo

Durante as filmagens internas, para gravação, será disponibilizado uma câmera


Canon EOS 7D, sob um tripé MTG-3016. Para pegar de um outro ângulo, ficará
posicionada uma câmera EOS Rebel 750D, para capturar demais expressões. As
cenas em movimento exigirão o uso de um estabilizador gimbal Crane 2. O restante
do material será feito remoto, a plataforma Zoom será utilizada para as chamadas em
vídeo.

Equipamento Quantidade
Canon EOS 7D 1
EOS Rebel 750D 1
Tripé MTG-3016 1
Estabilizador gimbal Crane 2 1
Micro SD SanDisk - 32GB 3
Plataforma Zoom 1

Quadro 5 - Equipamentos de vídeo.


70

6. Equipamentos de áudio

Para a captação do áudio, os personagens usarão microfone de lapela durante


as entrevistas e, por precaução, será disponibilizado um gravador para deixar um
canal de stand-by.

Equipamento Quantidade
Microfone Lapela Boya BY-M1 2
Gravador Zoom H1n1 1

Quadro 6: Equipamentos de áudio.

7. Dias de gravação

As gravações com as famílias irão ocorrer durante a semana. Serão


necessários dois dias para gravar as entrevistas, sendo terça-feira para gravar com a
“família I” e quarta-feira para a “família II”. Os inserts serão gravados no mesmo dia
para otimizar o tempo. O material para apoio (imagens da periferia, das construções,
etc.) e abertura do documentário precisam ser capturados em um dia à parte, pois
serão trechos elaborados, mostrando o cotidiano desses moradores. A gravação com
o entregador delivery demanda uma outra diária, visto que, três integrantes da
produtora precisarão locomover-se até um determinado ponto da periferia.

8. Horas de gravação por dia

Os horários das gravações presenciais ocorrerão de forma espaçada e


diferenciada, visto que a proposta é mostrar a realidade em que esses moradores
vivem. Esses personagens têm histórias, uma vez que estão lidando na pele com o
problema diariamente, aos residentes destes extremos, será elaborado um
cronograma de 6 horas de gravação no dia. A outra família será um tempo menor, em
torno de 2 horas de entrevista e gravação de inserts. O entregador delivery será
filmado em um período de 2 horas, contabilizando gravação e material de apoio.
71

ETAPA DE EDIÇÃO

1. Montagem

A montagem do documentário será feita após toda a gravação das cenas sejam
realizadas, o diretor do documentário realizará esse procedimento junto com o
roteirista e farão a estrutura baseado na sugestão do roteiro desenvolvida
selecionando as melhores imagens que encaixem na proposta da história que
contaremos no projeto e enviará a proposta para e equipe de edição.

2. Edição

Para a finalização do projeto, a equipe de edição que se dividirá em um editor


e dois assistentes de edição, irá analisar e conferir todo o material que foi montado
com o objetivo de construir as melhores sequências de imagens que consigam
transmitir a história do documentário. Após o processo inicial de edição, serão
realizadas reuniões entre a equipe de edição, diretor e roteirista a fim de conferir se a
decupagem realizada está de acordo com o que foi projetado anteriormente. Quando
todas as partes estiverem de acordo com o material editado, passaremos a tratar da
parte final dessa etapa, onde será analisado a inserção das trilhas e efeitos sonoros
que terão a função de causar emoções e criar uma sensação emotiva com a história
apresentada no documentário.
72

3.6 Referências estéticas

3.6.1 Limpam com Fogo (2016)

Sinopse: Documentário sobre a epidemia de incêndios em favelas na cidade de


São Paulo e a relação com a especulação imobiliária. O filme investiga os reais
motivos por trás da seletividade do fogo, e explora a relação entre empresas do setor
imobiliário e os vereadores que participaram da CPI dos Incêndios em Favelas na
Câmara dos Vereadores de São Paulo.
Seu tom inquietante, dinâmico e questionador é uma das principais referências
para o nosso documentário. A diversidade de relatos colhidos entre moradores,
acadêmicos e poder público tornam o filme rico em perspectivas sobre o assunto, que
é um dos pontos que queremos trazer. A trilha sonora trazendo nomes como
Racionais MC e Sabotage também são inspiração para o nosso trabalho. Por suas
letras carregadas de críticas sociais, e por se referirem às periferias, optamos por
escolher o rap como principal gênero musical em nosso documentário .

Figura 27: Limpam com Fogo


73

Figura 28: Limpam com Fogo

Figura 29: Limpam com Fogo


74

3.6.2 Auto de Resistência (2018)

Sinopse: Um acompanhamento preciso dos casos de homicídios cometidos


pela Polícia Militar do Rio de Janeiro classificados como "autos de resistência", isto é,
legítima defesa. Durante a tramitação dessas ocorrências na justiça, fica evidente o
padrão de imprudência da corporação em relação a elas: investigações esdrúxulas e
perícias defeituosas, nas quais 98% dos inquéritos são arquivados.
A principal inspiração que Auto de resistência nos forneceu é a forma como a
narrativa é contada, deixando que os relatos das personagens seja o fio condutor para
o documentário e os intercalando com depoimentos e evidências sobre os casos
relatados, além de apresentar uma grande quantidade de situações e relatos. Isso de
forma poética e sensível, mas também dura e realista, qualidades essas que também
buscamos.

Figura 30: Auto de Resistência


75

Figura 31: Auto de Resistência

Figura 32: Auto de Resistência


76

3.7 Público-alvo

A missão da produtora em realizar conteúdo audiovisual para o mercado


nacional mantendo um alto padrão de qualidade e produtividade, respeitando isso,
nosso documentário é indicado para as classes sociais A e B. Segundo as pesquisas
da mídia kit da rede globo (2019) optamos por direcionar para o público-alvo 35 a 44
anos, assim nossa classe social conseguem ter uma visão mais ampla da
desigualdade que acontece em de São Paulo.

3.8 Veiculação/Distribuição

Segundo a análise para o público alvo foi designado um veículo de distribuição.


Lançada em 3 de novembro de 2015, a Globoplay é uma plataforma digital de
streaming de vídeos desenvolvida pela Rede Globo. Seguindo nossa classificação
social A e B, optamos por veicular nosso documentário na Globoplay pela quantidade
de usuários da classe citada acima e a faixa etária que possuem o streaming,
podemos ver também a facilidade de assistirem por meio de smartphones,
computadores e televisão, onde queremos mostrar a desigualdade que ocorre entre
as classes em meio a pandemia.

Ano de 2020 foi marcado por muitas coisas, uma delas foi o crescimento das
plataformas streaming, com a grande necessidade forçada de ficarmos em casa uma
distração foi acompanhar filmes, séries, entre outros. Com isso a procura junto com
assinaturas nesses tipos de serviço foi cada vez mais procurada, consequentemente
muitas ganharam mais assinantes, foi o caso da Globoplay.

No mesmo ano a gigante terminou na liderança nacional com mais de 20


milhões de assinaturas, nos tempos atuais ter um aplicativo de streaming não é uma
grande dificuldade, pois com planos que contêm grandes pacotes de dados isso fica
cada vez mais acessível. Algumas empresas de tv oferecem até pacotes com
streaming incluído, já que algumas pessoas veem a necessidade de ter várias opções,
77

com isso aumenta a procura de


conteúdos que estão espalhados em
várias plataformas, e o consumo de tv
acabou caindo, já que nessas
plataformas há muitos conteúdos que na
tv aberta não acabam passando.

Figura 33: Logo Globoplay

3.9 Justificativa

Resgatar o estudo da desigualdade social desperta-nos a refletir sobre como


somos diferentes por motivo da desigualdade social no Brasil, e com a pandemia da
Covid-19 isso tem se agravado cada vez mais.
A disciplina promove o desenvolvimento do pensamento crítico em relação à
cidadania. Conduz assim o telespectador a refletir a sua capacidade de mudar o
mundo à sua volta de forma consistente. Expondo que ainda em 2021, a desigualdade
continua forte e exposta.
São Paulo possui inúmeras amostras de visualidades urbanas que evidenciam
o ponto de vista dos seus moradores em relação a mesma. Eles partem de uma
necessidade de adaptação ao local em que habitam, tais como, autoafirmação,
envolvimento com o cenário local, reivindicação e sentimentos compartilhados pelos
residentes locais como um todo. Por esse motivo, é relevante que se estude a
presença de intervenções urbanas para que se entenda como elas partem das
margens da sociedade.
A principal motivação para sustentar o presente projeto de pesquisa, reside na
importância que o tema possui para a sociedade atual. Sendo considerado um tema
atual e de extrema importância.
Podemos afirmar que estudar a influência mútua entre o indivíduo e a
sociedade aprofunda a compreensão das novas estruturas sociais mais recentes.
Com o objetivo de atrair atenção para o tema, o trabalho aponta as falhas e
incoerências.
78

3.10 Cronograma de produção

Quadro 7 – Cronograma Pré-Produção: Fevereiro – Junho

Documentário: Até aqui, está tudo bem Recover Produtora


MESES
ATIVIDADES
FEV MAR ABR MAI JUN
Reunião: Discutir possíveis ideias de
28/02/21
gêneros e formatos para o TCC
Reunião: Definição do Tema e Formato
05/03/21
para o projeto TCC
Reunião: Início das Pesquisas para
08/03/21
desenvolvimento do Tema
Reunião: Coleta de informações das
14/03/21
pesquisas do Tema

Desenvolvimento da Sinopse do projeto


16/03/21
e escolha do nome do projeto

Entrega da Ficha de Inscrição do TCC


17/03/21
2021
Orientação online para a aprovação do
projeto TCC - Professora Krishna 25/03/21
Tavares

Reunião: Divisão dos autores para a


25/03/21
escrita da Fundamentação Teórica

Orientação online para a aprovação da


escrita inicial da Fundamentação 07/04/21
Teórica do Documentário

Reunião: Definição da estratégia para a


escrita e entrega da Fundamentação 07/04/21
Teórica do Tema e Documentário

Entrega da Fundamentação Teórica


19/04/21
completa

Reunião: Divisão para a escrita dos


23/04/21
tópicos restantes da Bíblia de Produção
79

Orientação online para a aprovação da


escrita da Fundamentação Teórica do
28/04/21
Tema e Documentário - Professora
Krishna Tavares

Reunião: Separação de novas tarefas e


desenvolvimento de novos tópicos da 30/04/21
Bíblia de Produção
Entrega do Capítulo 1 da Bíblia de
03/05/21
Produção
Reunião: Desenvolvimento da Capítulo
3 (Argumento) da Bíblia de Produção e
04/05/21
coleta de ideias para a visão original do
Documentário
Entrega do Capítulo 3 da Bíblia de
10/05/21
Produção
Orientação online para tirar dúvidas a
respeito da tabela de orçamento e
funções designadas para o projeto de 11/05/21
Documentário - Professor Bruno
Tavares
Orientação online para a aprovação da
escrita do Capítulo 3 (Argumento) da
12/05/21
Bíblia de Produção - Professora Krishna
Tavares
Reunião: Edição e Finalização da Bíblia
de Produção com todos os capítulos 17/05/21
mais relatório individual

Reunião: Definição do nome do


26/05/21
Documentário: Até aqui, está tudo bem.

Entrega da Bíblia de Produção para


28/05/21
avaliação da Banca de Qualificação

Banca de Qualificação online dos


Trabalhos de Conclusão de Curso de 08/06/21
Rádio, TV e Internet 2021

Reunião: Discussão dos pontos


levantados pelos professores na Banca
14/06/21
de Qualificação e definição das tarefas a
serem realizadas no próximo semestre
80

Quadro 8 – Cronograma Pré-Produção: Fevereiro - Julho

Documentário: Até aqui, está tudo bem Recover Produtora

Mês
ATIVIDADES
Julho
Reunião: Melhorias da estética e escrita da
01/07/21
Bíblia de Produção

Visita a sede do G10 Favelas 14/07/21

Definição da locação das gravações do Documentário 25/07/21


81

Quadro 9 – Cronograma Pré-Produção: Agosto - Dezembro

Documentário: Até aqui, está tudo bem Recover Produtora


MESES
ATIVIDADES
AGO SET OUT NOV DEZ
Reunião: Revisão dos materiais criados
04/08/21
na Bíblia de Produção
Finalização do Roteiro e Perguntas
realizadas para a condução do 09/08/21
documentário
Contato com G10 Favelas para
16/08/21
agendamento da entrevista
Reunião: Preparação de equipamentos
23/08/21
e produção para a gravação

Gravação com Gilson Rodrigues e Ana


31/08/21
Carolina

Decupagem das entrevistas e


01/09/21
tratamento dos áudios

Reunião: Definição do Layout da Bíblia


10/09/21
de Produção

Gravação com Lia e Domingos em


29/09/21
Paraisópolis

Gravação da Manifestação na Avenida


02/10/21
Paulista

Gravação da narração da poesia no


estúdio de fotografia da Universidade 05/10/21
Cruzeiro do Sul

Gravação com o Danilo 09/10/21

Entrega do TCC 08/11/21


82
83
84
85
86

3.11 Orçamento Previsto

Segundo os valores do mercado (Sindcine), nesse tópico mostraremos o


orçamento previsto para execução do documentário.
87

Quadro 10: Orçamento Previsto do Projeto


88

3.12 ORÇAMENTO REAL

Quadro 11: Orçamento do Projeto

Inserir imagem
89
90

BRUNO DORETTO
Neste semestre estamos iniciando nosso TCC (trabalho de conclusão de
curso), onde em forma de documentário vamos abordar o tema: O efeito da Pandemia
classes sociais. Neste primeiro momento focamos na fundamentação teórica,
argumento, justifica e toda parte de escrita afim de estruturar o trabalho e no próximo
passo (semestre) realizarmos as gravações do documentário.
Minha função foi ajudar na fundamentação teórica levantando dados e
informações para desenvolver esta parte na bíblia de produção. Como nossa
produtora tem muitos integrantes, nos dividimos em subgrupos para que cada
elaborasse uma parte do projeto.
Pude exercitar bastante a leitura e também de forma mais correta e coerente
com o trabalho proposto e mesmo que isso seja complexo de se realizar, tenho certeza
que vai agregar muito para minha carreira futura. Aprendi também que não basta
apenas ler uma ou duas vezes para compreender e assim elaborar uma boa escrita,
tive que ler e reler várias vezes para que assim pudesse elaborar uma boa escrita e
assim colaborar para o andamento da produção da Bíblia.
Estamos na reta final de nossa graduação e com isso já consigo olhar para trás
e por tudo que passamos como produtora e eu em particular, e também perceber o
quanto cresci no âmbito pessoal e profissional. Sempre gostei de trabalhar e fazer
tudo em equipe e nossa produtora sempre prezou isso, o que torna os trabalhos e e
ambiente entre nós leve, amigo e compreensível. Tive sim muitas dificuldades ao
longo do curso e principalmente no começo dessa reta final (TCC), mas tenho certeza
de que tudo é um aprendizado para um bem maior futuro.
Nosso tema ´Pandemia`, me fez compreender e refletir que precisamos muito
mais uns dos outros e que a empatia nunca foi tão necessária para com o próximo. O
efeito de fazer online foi e está sendo de certa forma muito desafiadora para mim e
creio que para todos da produtora, mas nosso espírito de união e empatia por todos
nos ajudou e ajudará a vencer obstáculos presentes e futuros.
Enfim agradeço primeira a Deus por esta oportunidade de estar na reta final
dessa graduação, e mesmo com todas as dificuldades pelo caminho cada vez mais
91

sinto que escolhi a profissão certa para seguir futuramente. E também agradeço a
cada membro da Produtora RECOVER pela parceria, amizade, carinho e empatia
para comigo. Isso tudo que passamos juntos ficará para sempre e o que foi bom
permanecerá e será melhora, e o que foi ruim fica como lição e aprendizado.
GRATIDÃO!

DAVID BEZERRA LOPES DOS SANTOS

Construir um trabalho de conclusão de curso é um grande desafio e, diante do


atual cenário, esse desafio só aumenta. Enfrentando uma pandemia, optamos por
seguir com um projeto que pudesse deixar registrado esta fase. Vamos usar a atual
situação do Brasil para produzir esse documentário. A dificuldade é em como produzir
um projeto com tanto significado e história, dentro de todas às limitações impostas.
Desde a fundamentação teórica do assunto até a construção da narrativa, são etapas
regradas de muito aprendizado e empenho. A determinação do grupo em produzir, faz
com que a chama da motivação não se apague e faz imaginar o projeto pronto: a obra.
Onde retratar essas histórias, trará aprendizado ao particular e, profissionalmente.
Vejo como uma troca de experiências entre a equipe. Cada um sairá melhor deste
projeto, com uma visão ampla do próximo e capacitados, pois será um desafio.

DENISE MATIAS DE SOUZA

A ideia para este projeto foi escolhida depois de muito debate na produtora. No
começo foi difícil o caminho que iríamos pegar, com cada um tendo um direcionamento
pessoal sobre o tema. Com tudo a equipe com várias reuniões chegou a um esboço
do propósito do documentário, a partir daí estamos lapidando nosso objetivo.

Individualmente, tive um pouco de receio em como a abordagem iria ocorrer, já


que a Desigualdade Social para mim é um tema muito importante e tinha uma visão
teimosa do que seria ou não importante colocar no trabalho, entretanto com os
debates em reuniões chegamos em um consenso.
92

No decorrer das gravações tivemos dificuldade para conseguir gravar com


alguns personagens e para fazer filmagem na comunidade. Participar deste
documentário foi um choque e uma surpresa, mesmo sabendo que existem leis
autônomas para os moradores e visitantes em algumas comunidades é outra coisa
quando temos contato direto com isto.

Os projetos que são desenvolvidos para melhorar a vida das pessoas nas
favelas são importantes, mas com poucas mudanças no cotidiano das favelas, a falta
de oportunidade e as dificuldades que os residentes passam diariamente deixam tudo
desigual.

Produzir Até Aqui, Está Tudo Bem? Reforçou a minha visão política de que
precisamos de um estado forte para produzir as mudanças na vida de toda a
população periférica do país.

DOUGLAS DOS SANTOS SILVA

Trabalhar na fundamentação teórica sobre o tema do documentário, me fez


enxergar ainda mais a desigualdade como problema crônico que afeta nosso País, ao
mesmo tempo em que reescrevia o que era como prioridade para a fundamentação,
pude enxergar os horizontes que o documentário irá tomar, foi trabalhoso, muitas
pesquisas e reuniões para chegar à conclusão final, mas que por fim fez valer a pena
todo o esforço.

EVERTON SANTANA

Nesta primeira etapa de elaboração da proposta do TCC e da bíblia de


produção o maior desafio esteve justamente na fundamentação teórica do trabalho,
onde me encarreguei de me aprofundar com meus colegas em como a pandemia do
conavirus aprofundava os males da desigualdade social no Brasil, onde conclui o tema
e revisei as passagens anteriores.
Sendo a própria abordagem e compreensão do tema grandes desafios por
serem problemas tão presentes no dia a dia, mas tão complexos, exigindo um certo
93

esforço para manter a organização da pesquisa e a metodologia da mesma seguindo


as orientações necessárias para a bíblia.

Já com a ideia do documentário bem fundamentada fomos realizar a


fundamentação teórica do que seria apresentado ali, comigo tendo a tarefa de abordar
como o fator da Covid-19 influenciou no cenário da desigualdade já abordado
anteriormente e depois revisando a fundamentação como um todo para manter a
mesma coesa.

Durante as gravações minha participação foi mais voltada como assistente de


produção acompanhando as mesmas e auxiliando os câmeras e a direção durante as
entrevistas e os relatos, também atuando como câmera em uma das mesmas, onde
minha principal preocupação foi manter o foco poético do trecho que seria uns inserts
realizando imagens interessantes, mas que também apresentassem informações do
que ocorria no momento.

O projeto como um todo foi um grande desafio, isso individualmente, mas


também como grupo, onde além das dificuldades que o próprio TCC carrega, além
dessas existiam as impostas pela pandemia, que é nosso tema, mas além de estudar
a mesma também somos vitimados por ela, sendo algo que afeta a todos, seja como
estudantes, pelas dificuldades na produção do documentário, principalmente pelo
distanciamento social e nas turbulências que ele gera em aspectos de produção e
tecnicamente; Como pessoas pelo que se reflete em nossas vidas pessoais,
financeiramente, psicologicamente e etc...; E como produtora, onde temos de manter
o trabalho em equipe e a unidade na visão do que é o projeto.

Por fim acredito que realizamos um excelente trabalho ao abordar a temática e


como a desenvolvemos chegando onde queríamos chegar com o documentário.
94

JOHNATAN WESLEY DE SOUSA FERREIRA

Iniciamos neste semestre o nosso TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Um


dos grandes feitos da vida acadêmica, o tema escolhido foi: O efeito da Pandemia nas
classes sociais. É um tema que tem uma grande relevância por ser um assunto que
marca um momento muito importante na história, e decidimos utilizar esse tema já
visualizando muito mais à frente de nosso tempo. Nesta primeira etapa focamos em
desenvolver a fundamentação teórica, justificativa e argumento.
Fiquei responsável em ajudar junto com meus colegas no argumento e nas
pesquisas para produção da bíblia. Neste tempo aprimorei minha leitura e minha
elaboração de texto. Estou com grandes expectativas para a segunda parte deste
TCC.

LENNART LINDH

Durante o primeiro semestre tivemos que trabalhar duro para a entrega da


Bíblia de Produção e realização da Pré-Produção do nosso projeto de Documentário,
tive que trabalhar e estudar muito mais nesse curto período do que nos outros
semestres do curso, visto que para o TCC é necessário um comprometimento e foco
muito maior. Muitas reuniões foram necessárias para alinharmos todos os mínimos
detalhes da escrita para não ficar conflitante as ideias. Para a escrita da
Fundamentação Teórica do Documentário tive que revisitar autores e fundamentações
das aulas de Documentário e foi muito bom relembrar e ler até alguns livros que não
tive a oportunidade de ler.

Depois da banca de qualificação, fiquei responsável pela roteirização da


narrativa do documentário e auxiliar a Marian na finalização da Bíblia de Produção,
além de ter ajudado em algumas outras funções de edição dos áudios das entrevistas,
decupagem das gravações e a própria gravação com os personagens.

Durante as gravações refleti bastante sobre o quanto o tema do projeto é


importante para os dias atuais, particularmente por morar no interior, não enfrentei
tantas dificuldades que os moradores de Paraisópolis tiveram, foi importantíssimo
95

conhece-los e ter a oportunidade de passar para as pessoas que assistirem ao


Documentário essa outra realidade.

Por fim, gostaria de utilizar esse espaço para agradecer a produtora com quem
realizei o TCC e outros projetos interdisciplinares, confesso que no 3º semestre me vi
em uma situação de querer trancar a faculdade por não estar contente realizando os
projetos, porém nessa produtora, o ânimo nas reuniões, o apoio moral (não só na
faculdade, mas na vida também) e a sensação de sempre poder contar com todos me
fez continuar e finalizar o tão aguardado TCC.

LEYDIANE DA SILVA

A primeira etapa iniciou-se um pouco complicada, devido ao curto período para


fazermos cada capítulo, mas após os primeiros momentos e organizações, decidimos
ir adiante e desenvolver o TCC a respeito da “desigualdade”. Um tema extremamente
importante no momento do desenvolver deste documento, dada as circunstancias da
pandemia global de COVID. O grupo como um todo foi coeso e dedicado.

LUCIANO COSTA

Participar as gravações em Paraisópolis me fez abrir os olhos em relação a


vários assuntos, como mesmo vivendo a vida toda na periferia não paramos para olhar
os nossos semelhantes. Não percebemos como a periferia é abandonada e que
somos totalmente invisíveis aos olhos do Estado.

Como nos semestres passados não tem o que reclamar do trabalho em equipe,
o grupo todo se disponibilizou na medida do possível para ir nas gravações e quem
não pode participar das externas auxiliou de outras formas. Tenho muito orgulho de
ter participado desse projeto, o considero um documento histórico, um registro que
ajudará as gerações futuras a entenderem os tempos difíceis que estamos vivemos.
96

MARIAN CARVALHO

Finalmente chegamos na etapa final do curso, nunca imaginei que fosse chegar
até aqui, quantas vezes quis desistir por achar que não era boa o suficiente, mas ao
longo da minha jornada conheci pessoas maravilhosas que me ensinaram, me
acolheram e me mostraram o meu valor. Apesar de todas as crises de ansiedade
causadas, todos os dias de luta ao longo desses 4 anos, finalmente os dias de glória
chegaram.

Falando agora sobre o projeto, a pré-produção do TCC foi desafiadora demais


devido ao curto período para escrevermos os determinados tópicos para orientação,
mas foi leve e organizado. Nosso tema é muito importante para a situação atual,
estamos fazendo tudo de forma clara e objetiva para a compreensão de todos.

Meu papel nesse importantíssimo trabalho foi assumir o cargo de produtora


executiva no qual já sou “familiarizada” e a produtora confia nas pesquisas, nas
tabelas de orçamento, na paciência que precisa ter, e fazer cálculos (kkkk sofro). Já
elaboração da bíblia de produção fui responsável por diferenciar cada modo de
documentário e seus exemplos, pesquisa de classificação indicativa, público-alvo e
veiculação, auxiliando também todos os tópicos e diagramação da bíblia, não
esquecendo que nas horas vagas era a psicóloga da galera e tentava acalmar o grupo
nas situações de estresse pré-banca.

Já nas gravações, auxiliei nas filmagens que fizemos na manifestação que teve
na Avenida Paulista e a voz off do poema que abre nosso documentário. Inclusive
gostaria de agradecer a Gabi que aceitou gravar com a gente.

Foi um projeto que por mais que o grupo tenha surtado com vários personagens
desistindo, o tempo curto da edição e entre outros mil probleminhas rsrs conseguimos
nos manter unidos e sem brigas.

Por fim, gostaria de deixar meu agradecimento ao pessoal do Núcleo de


comunicação, em especial a Juliana Bastos por ter nos ajudado da melhor forma
possível, sem ela não conseguiríamos muitas coisas. Obrigada Bro.
97

VICTOR HUGO

Nesse penúltimo semestre nos deparamos com o TCC, resolvemos fazer um


documentário sobre "desigualdade". Minha parte inicialmente foi com veiculação, e
argumentos sobre qual plataforma vamos usar, bastante interessante pois é notável
o tanto que vem sendo o crescimento de streaming e conseguimos passar isso nos
textos elaborados. Grupo reagiu muito bem com todos os temas da Bíblia, saiu
conforme esperado de pessoas bem esforçadas e dedicadas, espero aprender ainda
mais com todos.

Iniciamos a segunda etapa da bíblia com a certeza que seria algo trabalhoso e
desafiador, tivemos um contratempo com um dos nossos convidados a participar do
documentário, ele não se enquadrou aos requisitos e isso foi um problema resolvido
com muito esforço e dedicação da equipe. Tive o prazer de acompanhar a filmagem
na Av Paulista em uma manifestação, onde fizemos bastante material para
acrescentar no trabalho final, algo bem cansativo, mas confortante, sei que tudo valera
a pena.
98
99

BALDEZ, M. Solo urbano, reforma urbana, propostas para a Constituinte. Rio de


Janeiro, Fase, 1986.

BÓGUS, L.M.M; TASCHERNER, S.P. São Paulo, uma metrópole desigual. EURE,
Santiago, 2001. Disponível em:
<https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0250-
71612001008000005#Taschner90> Acesso em: 08 abr. 2021.

CHONG, Zoey. Amazon accused of poor working conditions at supplier factory. Cnet,
11 de Jun. de 2018. Disponível em:
<https://www.cnet.com/news/amazon-accused-of-poor-working-conditions-at-
supplier-factory/#ftag=CAD590a51e>. Acesso em: 15 de abr. de 2021.

DA-RIN, Silvio. Espelho Partido Tradição e Transformação do Documentário


Cinematográfico. Editora Azougue Editorial, 2004

DEMO, P. Pobreza política. Papers. São Paulo. Fundação Konrad Adenauer-Stiftung,


1993.

FIELD, Syd. Manual do Roteiro. 14ª Edição. Editora Objetiva, 2001

FIGUEIRÔA, Alexandre. O documentário como encontro: entrevista com o cineasta


Eduardo Coutinho. Revista Galáxia, 2003. Disponível em:
<https://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/view/1348> Acesso em: 11 de abr.
2021.
100

GONZALEZ, Lauro; Bruno Barreira. Efeitos do auxílio emergencial sobre a renda, FGV
EAESP, vol. 01, no. 01, 2020, PG 7. FGV EAESP, São Paulo, SP, 2020. Disponível
em:
<https://eaesp.fgv.br/sites/eaesp.fgv.br/files/u624/auxilioemergv10.pdf>. Acesso em:
11 de abr. 2021.

GUTERRES, António. Conferência Nelson Mandela 2002. Enfrentando a pandemia


da desigualdade: um novo contrato social para uma nova era. ONU – Organização
das Nações Unidas, Nova Iorque, 18 de jul. de 2020. Disponível em:
<https://www.un.org/sg/es/content/sg/statement/2020-07-18/secretary-generals-
nelson-mandela-lecture-%E2%80%9Ctackling-the-inequality-pandemic-new-social-
contract-for-new-era%E2%80%9D-delivered>. Acesso em: 10 de abr. 2021

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Distribuição percentual da


população, por cor ou raça. IBGE, p.57, 2019, Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101760.pdf>. Acesso em: 11 de
abr. 2021.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Desemprego. IBGE, 2021.


Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php>. Acesso em: 11 de
abr. 2021.

IHU - Instituto Humanitas Unisinos. Por que ricos ficaram mais ricos e pobreza
explodiu na pandemia? IHU - unisinos, 01 de out 2020. Disponivel em:
<http://www.ihu.unisinos.br/603349-por-que-ricos-ficaram-mais-ricos-e-pobreza-
explodiu-na-pandemia>. Acesso em: 13 de abril de 2021
101

UOL. Mais rico do mundo, dono da Amazon ganhou R$ 9.378 por segundo em 2020.
Economia - UOL, 07 de abril de 2021. Disponivel em:
<https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2021/04/07/jeff-bezos-dono-da-
amazon-e-mais-rico-do-mundo-ganhou-us-2000segundo.html>. Acesso em: 09 de
abr. 2021.

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXX


Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - O formato e a linguagem dos
documentários produzidos sobre a cidade de São Paulo1. Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0626-1.pdf. Acesso em:
14 de abr. de 2021

LAZZAROTTI, B.; SARAIVA, Agnez. A desigualdade política impacta nos níveis de


desigualdade social de um país? Observatório das Desigualdades. Belo Horizonte:
2020. Disponível
em:<http://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=1185#:~:text=Pois%20toda%
20pol%C3%ADtica%20p%C3%BAblica%20%C3%A9%20eminentemente%20pol%C
3%ADtica.&text=Quanto%20mais%20ampla%20e%20inclusiva,riqueza%20e%20op
ortunidades%20do%20mercado> . Acesso em 11 de abr. 2021.

LINS, Consuelo; MESQUITA, Claudia. Filmar o real sobre o documentário brasileiro


contemporâneo. Editora Zahar, 2008.

MAGNO, Laio et al. Desafios e propostas para ampliação da testagem e diagnóstico


para COVID-19 no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 25, no. 9, 2020, Rio de
102

janeiro, 2020. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-


81232020000903355&script=sci_arttext>.Acesso em: 11 de abr. 2021.

MARICATO, Ermínia. Metrópole, legislação e desigualdade. Scielo. 2003. Disponível


em: <https://www.scielo.br/pdf/ea/v17n48/v17n48a13> Acesso em: 11. abr. 2021.

MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. 1ª Edição. São Paulo: Tradução
Boitempo Editorial, 2013

MENDES, Gyordana, et al. Os impactos da pandemia da Covid-19 nos trabalhadores


de entrega de alimentos por intermédio das plataformas digitais. Brazilian Journal of
Development, vol. 7, no. 3, 2017, pp. 31856-3187. Brazilian Journals, Curitiba, 2021.
Disponivel em:
<https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/27242/21532>
Acesso em: 17 de abr. de 2021

NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. 5ª Edição. Editora papiros, 2010

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Proporção de pessoas abaixo


da linha de pobreza. PNAD; b.8, p.3, 2020. Disponível em:
<http://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/wp-
content/uploads/2020/04/Boletim-8.pdf> Acesso em 11 de abr. 2021.
103

PIKETTY, Thomas. O Capital no século XXI. Tradução: Mônica Bolle. Rio de Janeiro:
Intrínseca, 2014.

PIRES, M.J.S. Uma sistematização da discussão sobre heterogeneidade industrial.


Um olhar para além das regiões brasileiras: O caso centro-oeste brasileiro. IPEA,
Brasília, 2257ª Edição, p.19, 2016. Disponível em:
<http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/7344/1/td_2257.pdf> Acesso em: 13
de Abr. 2021.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Consolidação das Leis do Trabalho - Decreto-lei


5452/43 | Decreto-lei n.º 5.452, de 1 de maio de 1943. Jusbrasil, Brasília. Disponivel
em: <https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/103502/consolidacao-das-leis-
do-trabalho-decreto-lei-5452-43>. Acesso em: 16 de abr. 2021.

RAMOS, Fernão. O que é documentário. UNICAMP, Porto Alegre, 2001. Disponível


em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/pessoa-fernao-ramos-o-que-documentario.pdf>
Acesso em 15 de abr. 2021

RIBEIRO, Diana. Efeito pandemia: gastos com delivery crescem 187% em 2020. 6
Minutos, São Paulo, SP, 18 de abril de 2021. Disponivel em:
<https://6minutos.uol.com.br/minhas-financas/efeito-pandemia-gastos-com-delivery-
crescem-187-em-2020/>. Acesso em: 14 de abr. 2021.
104

ROCHA, Fackson. A desigualdade política impacta nos níveis de desigualdade social


de um país? Observatorio das desigualdades. Belo Horizonte. 2020. Disponível em:
<http://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=1110>
Acesso em: 12 de abr. 2021.

SAMPAIO, P. A. Terras devolutas e latifúndios. Economia e Sociedade, Campinas,


SP: v.5, n.1, p.197-199, 2016. Disponível em:
<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643194> Acesso
em: 14 abr. 2021.

SANTOS, B. S. Notas sobre a história jurídico-social de Pasárgada. Introdução crítica


ao direito. Brasília, UnB, 1993. Disponível em:
<http://www.geocities.ws/b3centaurus/livros/s/boavpassar.pdf> Acesso em: 12 abr.
2021.

SANTOS, C. N. Está na hora de ver as cidades como elas são de verdade. BIB
(Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais). Rio de Janeiro:
21ª Edição, p.60, 1986. Disponível em: <https://www.anpocs.com/index.php/bib-
pt/bib-21/380-esta-na-hora-de-ver-as-cidades-como-sao-de-verdade/file> Acesso
em: 12 de abr. 2021.

UOL. Brasil está perdido no mapeamento. Com baixa testagem, Brasil segue falhando
no mapeamento da pandemia. UOL, São Paulo, 08 de fev de 2021. Disponivel em:
105

<https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/02/08/brasil-baixo-
numero-de-testes-covid.html>. Acesso em: 14 de abril de 2021.

VC S/A. Os protestos de trabalhadores da Amazon em meio à pandemia. VC S/A, 21


de out. de 2021, Disponivel em: <https://vocesa.abril.com.br/mercado/os-protestos-
de-trabalhadores-da-amazon-em-meio-a-pandemia/>. Acesso em: 15 de abr. de
2021.
106
107

Você também pode gostar