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Texto extraído/adaptado de: Materiais de Construção Civil - Organizador/Editor: Geraldo Cechella Isaía - Autora: Helena Carasek Materiais Naturais

is e Artificiais

Argamassas
DEFINIÇÃO
Argamassas são materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento, obtidos a
partir da mistura homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado miúdo (areia) e água, podendo
conter ainda aditivos e adições minerais.
As argamassas são materiais muito empregados na construção civil, sendo os seus principais usos no
assentamento de alvenarias e nas etapas de revestimento, como emboço, reboco ou reboco de camada
única de paredes e tetos, além de contrapisos para regularização de pisos e ainda no assentamento e
rejuntamento de revestimentos de cerâmica e pedra.

CLASSIFICAÇÃO
As argamassas podem ser classificadas com relação à vários critérios, alguns dos quais são propostos
no Quadro 1.
Tabela 1 - Classificação das argamassas
Critério de Classificação Tipos
Quanto à natureza do aglomerante  Argamassa aérea
 Argamassa hidráulica
Quanto ao tipo de aglomerantes  Argamassa de cal
 Argamassa de cimento
 Argamassa de cimento e cal
 Argamassa de gesso
 Argamassa de cal e gesso
Quanto ao número de aglomerantes  Argamassa simples
 Argamassa mista
Quanto à consistência da argamassa  Argamassa seca
 Argamassa plástica
 Argamassa fluida
Quanto à plasticidade da argamassa  Argamassa pobre ou magra
 Argamassa média ou cheia
 Argamassa rica ou gorda
Quanto à densidade da massa da argamassa  Argamassa leve
 Argamassa normal
 Argamassa pesada
Quanto à forma de preparo ou fornecimento  Argamassa preparada em obra
 Mistura semipronta
 Argamassa industrializada
 Argamassa dosada em central

As argamassas podem também ser classificadas segundo sua função na construção, conforme resumo
apresentado no Quadro 2.

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Tabela 2 - Classificação das argamassas segundo as suas funções de construção


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Função Tipos
Para a construção de alvenarias  Argamassa de assentamento (elevação da alvenaria)
 Argamassa de fixação (ou encunhamento)
Para revestimento de paredes e tetos  Argamassa de chapisco
 Argamassa de emboço
 Argamassa de reboco
 Argamassa de camada única
 Argamassa para revestimento decorativo monocamada
Para revestimento de pisos  Argamassa contrapiso
 Argamassa de alta resistência para piso
Para revestimentos cerâmicos  Argamassa de assentamento de peças cerâmicas - colante
 Argamassa rejuntamento
Para recuperação de estruturas  Argamassa de reparo

Argamassa de assentamento de alvenaria


A argamassa de assentamento de alvenaria é utilizada para a elevação de paredes e muros de tijolos ou
blocos, também chamados de unidades de alvenaria. As principais funções das juntas de argamassa na
alvenaria são:

 unir as unidades de alvenaria de forma a constituir um elemento monolítico, contribuindo na


resistência aos esforços laterais;
 distribuir as cargas atuantes uniformemente na parede por toda a área resistente dos blocos;
 selar as juntas garantindo a estanqueidade da parede à penetração de água das chuvas;
 absorver as deformações naturais, como as de origem térmica e as de retração por secagem
(origem higroscópica), a que a alvenaria estiver sujeita.
Para cumprir essas funções, algumas propriedades tornam-se essenciais. No caso de argamassas de
assentamento, as propriedades essenciais ao bom desempenho das argamassas de alvenaria são:

 trabalhabilidade – consistência e plasticidade adequadas ao processo de execução, além de


uma elevada retenção de água;
 aderência;
 resistência mecânica;
 capacidade de absorver deformações.
A trabalhabilidade é que garantirá as condições de execução da parede. A retenção de água é uma
propriedade muito importante para as argamassas de assentamento, um vez que, após sua aplicação
sobre uma fiada de blocos ou tijolos, a argamassa começa a perder água, pela sucção dos componentes
da alvenaria e pela evaporação. Nesse momento, a propriedade em questão torna-se importante,
regulando a perda de água de amassamento durante o processo de secagem. A Figura 1 ilustra a perda
de água de argamassa fresca em contato primeiro com o bloco inferior, sofrendo o efeito de sucção
pelos seus poros, e o efeito da força de gravidade também contribui para ocorrer uma ligação mais
efetiva entre a junta de assentamento e o bloco inferior.

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Figura 1 - Interação entre argamassa de assentamento e os bloco em uma alvenaria (Gallego, 1989 apud Carasek, 2007)

A aderência, por sua vez, é uma propriedade essencial no caso das argamassas de assentamento, tendo
em vista que ela permitirá à parede resistir aos esforços de cisalhamento e de tração, além de garantir
a estanqueidade das juntas, impedindo a penetração da água das chuvas.
Com relação à resistência mecânica, principalmente a resistência à compressão, sabe-se que a
argamassa deve adquirir rapidamente alguma resistência, permitindo o assentamento de várias fiadas
no mesmo dia, bem como adquirir resistência adequada ao longo do tempo. A resistência da argamassa
não deve nunca ser superior a resistência dos blocos.
A capacidade de deformação está associada ao módulo de elasticidade da argamassa. A argamassa de
assentamento deve poder se deformar sem apresentar fissuras prejudiciais, ou seja, ela deve, quando
sujeita a solicitações diversas, apenas apresentar microfissuras.

Argamassa de revestimento
Argamassa de revestimento é utilizada para revestir paredes, muros e tetos, os quais, geralmente,
recebem acabamentos como pintura, revestimentos cerâmicos, laminados, etc.
O revestimento de argamassa pode ser constituído por várias camadas com características com
funções específicas, conforme definido a seguir e ilustrado na Figura 2.

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Figura 2 - Diferentes alternativas de revestimento de paredes: (a) emboço + reboco + pintura (sistema mais antigo, e
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pouco utilizado); (b) camada única + pintura; (c) revestimento decorativo monocamada (RDM).

Chapisco:
Camada de preparo da base, aplicada de forma contínua ou descontínua, com finalidade de uniformizar
a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento.

Emboço:
Camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a base, propiciando uma superfície que
permita receber outra camada, de reboco ou de revestimento decorativo (por exemplo, cerâmica).

Reboco:
Camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboço, propiciando uma superfície que
permita receber o revestimento decorativo (por exemplo, pintura) ou que se constitua no acabamento
final.

Camada única:
Revestimento de um único tipo de argamassa aplicado à base, sobre o qual é aplicada uma camada
decorativa, como, por exemplo, a pintura; também chamado popularmente de “massa única” ou
“reboco paulista” é atualmente a alternativa mais empregada no Brasil.

Revestimento decorativo monocamada (ou monocapa) – RDM:


Trata-se de um revestimento aplicado em uma única camada, que faz, simultaneamente, a função de
regularização e decorativa, muito utilizado na Europa;
A argamassa de RDM é um produto industrializado, ainda não normalizado no Brasil, com composição
variável de acordo com o fabricante, contendo geralmente: cimento branco, cal hidratada, agregados
de várias naturezas, pigmentos inorgânicos, fungicidas, além de vários aditivos (plastificante, retentor
de água, incoporador de ar, etc.).

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Principais funções de um revestimento de argamassa de parede :


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 proteger contra a ação do intemperismo a alvenaria e a estrutura, no caso dos


revestimentos externos;
 integrar o sistema de vedação dos edifícios, contribuindo com diversas funções, tais
como: isolamento térmico (~30%), isolamento acústico (~50%), estanqueidade à água
(~70 a 100%), segurança ao fogo e resistência ao desgaste e abalos superficiais;
 regularizar a superfície dos elementos de vedação e servir como base para acabamentos
decorativos, contribuindo para estética da edificação.
Propriedades essenciais ao bom desempenho das argamassas de revestimento:
 trabalhabilidade, especialmente consistência, plasticidade e adesão inicial;
 retração;
 aderência;
 permeabilidade à água;
 resistência mecânica, principalmente a superficial;
 capacidade de absorver deformações.

Propriedades das argamassas


É importante enfatizar-se que as propriedades das argamassas só podem ser avaliadas de forma
completa se considerada a sua interação com o material com o qual elas estarão em contato, pois as
argamassas se comportam diferentemente quanto aplicadas sobre distintos materiais porosos (por
exemplo, blocos cerâmicos ou de concreto).

Trabalhabilidade:
Trabalhabilidade é a propriedade das argamassas no estado fresco que determina a facilidade com que
elas podem ser misturadas, transportadas, aplicadas, consolidadas e acabadas, em uma condição
homogênea.
Geralmente, o único meio direto do qual o pedreiro dispõe para corrigir a trabalhabilidade da
argamassa em obra é alterar a quantidade de água de amassamento, uma vez que as proporções dos
componentes são pré-fixadas. Esse ajuste, pela adição de mais ou menos água, em primeiro lugar, diz
respeito à consistência ou fluidez da argamassa, a qual pode ser classificada em seca, plástica ou fluida,
dependendo da quantidade de pasta aglomerante existente ao redor dos agregados.
RETENÇÃO DE ÁGUA:
Retenção de água é uma propriedade que está associada à capacidade da argamassa fresca
manter a sua trabalhabilidade quando sujeita a solicitações que provocam perda de água da
base. Assim, essa propriedade torna-se mais importante quando a argamassa é aplicada sobre
substratos com alta sucção de água ou as condições climáticas estão mais desfavoráveis (alta
temperatura, baixa umidade relativa e ventos fortes).
DENSIDADE DE MASSA:
A densidade de massa das argamassas, também denominada de massa específica, varia com o
teor de ar (principalmente quando incorporado por meio de aditivos) e com a massa específica

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dos materiais constituintes da argamassa, prioritariamente do agregado.


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Quanto à densidade de massa no estado fresco, as argamassas podem ser classificadas em


argamassa leve (vermiculita, perlita, argila expandida), normal (areia de rio - quartzo - e
calcário britado) e Pesada (barita - sulfato de bário).
ADESÃO INICIAL:
A adesão inicial, também denominada de "pegajosidade", é a capacidade de união inicial da
argamassa no estado a uma base. A redução da tensão superficial da pasta favorece a
"molhagem" do substrato, reduzindo o ângulo de contato entre as superfícies e implementando
a adesão. Esse fenômeno propicia um maior contato físico da pasta com os grãos do agregado e
também com a base, melhorando, assim, a adesão.

Retração:
A retração é resultado de um mecanismo complexo, associado com a variação de volume da pasta
aglomerante e apresenta papel fundamental no desempenho das argamassas aplicadas, especialmente
quanto à estanqueidade e à durabilidade.
A pasta, sobretudo, se possui alta relação água/aglomerante, retrai ao perder a água em excesso de sua
composição. Parte dessa retração é conseqüência das reações químicas de hidratação do cimento, mas
a parcela principal é devida a secagem

Aderência:
O termo aderência é usado para descrever a resistência e a extensão do contato entre a argamassa e
uma base. A base, ou o substrato, geralmente é representada não só pela alvenaria, a qual pode ser de
tijolos ou blocos cerâmicos, blocos de concreto, blocos de concreto celular autoclavado, blocos sílico-
calcários, etc., como também pela estrutura de concreto moldado in loco. Assim, não se pode falar em
aderência de uma argamassa sem especificar em que material ela está aplicada, pois a aderência é uma
propriedade que depende da interação dos dois materiais.
Didaticamente, pode-se dizer que a aderência deriva da conjunção de três propriedades da interface
argamassa-substrato:

 a resistência de aderência à tração;


 a resistência de aderência ao cisalhamento;
 a extensão de aderência (razão entre a área de contato efetivo e a área total possível de ser
unida).
Tendo em vista os mecanismos de ligação, quanto melhor for o contato entre a argamassa e o substrato
maior será a aderência obtida. Dessa forma, a aderência está diretamente relacionada com a
trabalhabilidade (ou reologia) da argamassa, com a energia de impacto (processo de execução), além
das características e propriedades dos substratos e de fatores externos.
A Figura 3 reúne os principais fatores que exercem influência na aderência.

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Figura 3 - Fatores que exercem influência na aderência de argamassas sobre bases porosas

Resumo
Conforme a função da argamassa na construção, os requisitos podem variar, como mostrado na
Tabela 3.
Tabela 3- Principais requisitos e propriedades das argamassas para diferentes funções

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