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Kardec fez muito bem ao pedir o verdadeiro sentido para Jesus. É sobre o uso
que esse Espírito puro fez dessa palavra que Kardec deseja saber, pois seu
propósito é explicar o pensamento desse Espírito. O Espiritismo, como
consolador prometido pelo próprio Cristo, tem como um dos seus objetivos
explicar aquilo que Jesus disse e que foi pelos homens mal compreendido ou
deformado.
Portanto, nessa pergunta 886, Kardec está simplesmente querendo saber como
Jesus empregada a palavra “caridade”.
Por que essas três virtudes, benevolência, indulgência e perdão, podem ser
usadas para formar o verdadeiro sentido da palavra caridade?
São tantas as virtudes, por que escolher apenas essas três para compor a mais
importante de todas as virtudes para o Espiritismo?
“Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros
fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do
homem para com o próximo.”
Esse texto nos dá uma importante pista para a nossa resposta. Se a caridade
resume todos os deveres do homem para com o próximo, devemos encontrar
uma forma abrangente de representação das faculdades humanas e de seu uso
em qualquer contexto de interação social. Se for possível sintetizar todas as
faculdades que são empregadas pelo homem na sua vida de relação com o
próximo, talvez possamos resumir todos os deveres humanos em alguns
poucos que sejam suficientes para uma vida moral plena.
Sua abertura para o que existe fora de seu mundo mental é a expressão de sua
capacidade de perceber e modificar o que existe fora e independente de seus
próprios pensamentos, de interagir com o que se encontra fora de sua
consciência, com a realidade que o cerca.
Essa abertura ou janela para o exterior permite uma interação de dupla direção
ou sentido: do mundo para o homem e do homem para o mundo. Percebo ou
sinto o mundo fora de mim e sou por ele modificado. Sou capaz de agir e
modifico o mundo fora de mim.
Essas três possíveis formas de interação do homem com o mundo que o cerca
permitem analisá-lo como um indivíduo essencialmente constituído de três
faculdades irredutíveis entre si: a faculdade de pensar, a de sentir e a de
querer. (René Descartes, em seu livro Paixões da Alma apresenta essas três
faculdades da alma)
Pela vontade, o homem age, decide, realiza, executa uma ação, transformando
o mundo e a sociedade continuamente.
Como vimos, a caridade sintetiza todos esses deveres. Logo, a caridade deve
fornecer respostas para essas três questões. De fato, a caridade, segundo a
questão 886 em análise, fornece:
“Não há quem não possa fazer o bem. Somente o egoísta nunca encontra
ensejo de o praticar. Basta que se esteja em relações com outros homens para
que se tenha ocasião de fazer o bem, e não há dia da existência que não
ofereça, a quem não se ache cego pelo egoísmo, oportunidade de praticá-lo.
Porque fazer o bem não consiste, para o homem, apenas em ser caridoso,
mas em ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso
venha a ser necessário.” (O Livro dos Espíritos > Parte terceira – Das leis
morais > Capítulo I – Da lei divina ou natural > O bem e o mal > 643)