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U.P.

FCNM – DQ – QUINO II

I.0. OS ELEMENTOS DOS GRUPOS SECUNDÁRIOS – Elementos (Metais) de transição


Elementos de transição são elementos situados entre os grupos principais (elementos representativos), quer dizer,
entre os elementos do bloco-s e os do bloco-p, situando-se entre os grupos II e III principais, ocupando os períodos
4, 5, 6 e 7.

Elementos de transição são definidos como elementos que apresentam orbitais d ou f parcialmente preenchidos, quer
no seu estado fundamental ou em pelo menos um dos seus estados de oxidação.

Eles são subdivididos em elementos do bloco-d (de transição externa), conjuntamente com o Sc e o Y, aqueles com o
subnível d interno em preenchimento, porém têm o subnível f completamente vazio ou completamente preenchido,
e, elementos do bloco-f (de transição interna), aqueles com subnível f parcialmente preenchido, quer no estado
neutro quer num dos seus estados de oxidação, com excepão do La (5d16s2) e o Lu (4f145d16s2) e, do mesmo modo,
Ac (6d17s2) e Lr (5f146d17s2). Porém, estes são tão semelhantes aos metais que se situam entre eles que é normal
considerar todos os 15 elementos em conjunto. Os lantanídeos e os actinídeos têm algumas semelhanças com os
elementos do III G B. Assim, o Sc e o Y são descritos conjuntamente com os lantanídeos.

Os lantanídeos são muito semelhantes uns aos outros do que os do bloco-d. Nos últimos, as orbitais d não
preenchidas estão muito próximas da periferia do átomo e são fortemente influeciadas pelos átomos ou grupos de
átomos que os rodeiam. Pelo contrário, as orbitais f não preenchidas dum lantanídeo estão cobertas com electrões 5s
e 5p e completamente blindadas de influências externas, por isso, a sua química praticamente não é afectada pelo
número de electrões f. Os actinídeos comportam-se de maneira idêntica, mas, neles, as orbitais 5f não estão bem
blindadas de influências externas e as diferenças são maiores.

0.1. POSIÇÃO DOS METAIS DE TRANSIÇÃO NO QUADRO PERIÓDICO


4s
3d
3d
3p

Energia
3s 4s
3p 4s
3s 3d
2p 3p
2s 3s
2p
2s
2p
1s 2s
1s
Elemento 10, Ne 1s
Elemento 20, Ca Elemento 30, Zn

À medida que a carga nuclear aumenta de +10 no Ne para +20 no Ca, as energias das orbitais diminuem, mas a
orbital 4s decresce rapidamente em energia em relação a 3d que penetra o cerne do Ar em certa extensão. Assim, 4s
será preenchido antes de 3d. Contudo, 3d tem energia inferior a 4p, por isso é o próximo a ser preenchido. À medida
que a carga nuclear aumenta de +20 a +30 e o subnível 3d é ocupado os seus electrões tendem a ser mais efectivos
na blindagem dos electrões 4s do núcleo. O mesmo modelo é repetido no segundo bloco-d, mas, neste caso, as
orbitais 5s e 4d são as envolvidas.

No caso dos elementos do bloco-f, os subníveis 4f, 5d e 6s têm energias muito próximas uma das outras, no
elemento 57, e, entra um electrão no subnível 5d antes do 4f começar a preencher-se. Por isso, o La tem
configuração electrónica de valência 5d16s2. Nos últimos elementos o subnível 4f é estabilizado em relação a 5d, da
mesma maneira que 3d é estabilizado relativamente a 4s quando as orbitais 3d começam a preencher-se.

0.2. PPROPRIEDADES FÍSICAS DOS ELEMENTOS

Quase todos os elementos de transição têm estrutura hexagonalcompacta (h.c.), cúbica de faces centradas (c.f.c.) ou
cúbica de corpo centrado (c.c.c.), características dos metais verdadeiros, e exibem as propriedades metálicas típicas:
elevada tenacidade, ductibilidade, maleabilidade, elevada conductibilidade térmica e eléctrica e brilho metálico. Os

dr. Basílio Alberto Assane


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seus pontos de fusão e de ebulição crescem até atingirem um máximo no VII G B e, depois, excepto para os valores
anómalos do Mn e do Tc, decrescem de novo, regularmente.

Os pontos de ebulição e as entalpias de vaporização estão relacionados dum modo aproximadamente linear e, dado
que a entalpia de vaporização é um factor importante na determinação do potencial normal de eléctrodo dum metal,
os metais de pontos de ebulição mais altos tendem a ser nobres.

Os metais de transição aderem bem à superfície de outros metais, são fusíveis e podem se misturar para formar ligas,
tanto entre eles como com metais representativos.

0.3. PPROPRIEDADES QUÍMICAS DOS ELEMENTOS

A mair parte dos metais de transição dissolve-se bem em ácidos (são activos). Os da primeira série, com excepção
do I G B, dissolvem-se em ácidosnão oxidantes. Só os do I G B e os da família da Platina mostram carácter nobre.

Como muitos compostos dos elementos de transição têm electrões d desemparelhados, o paramagnetismo é vulgar
entre eles. A promoção de um electrão duma orbital d para outra requere um quantum de energia apropriado para
absorção no espectro do visível. Assim, muitos compostos, excepto os do II G B são coloridos.

0.3.1. Variação dos Estados de Oxidação

Uma característica química muito importante dos metais de transição é que quase todos exibem vários estados de
oxidação (este fenómeno é muito menos comum nos elementos representativos e é raro ocorrerem estados de
oxidação adjacentes). Por exemplo, na 1a série de transição temos:

Elemento Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn
1 2 2 2 3 2 d4s2 5 2 6 2 7 2 8 2 d9s2
Configuração electrónica ds ds ds ds ds ds ds d10s2
d5s1 d10s1
1 I I
2 II II II II II II II II II II
3 III III III III III III III III III
Estados de
4 IV IV IV IV IV IV IV
oxidação
5 V V V V V
6 VI VI VI
7 VII

Os elementos mais leves dos grupos e períodos preferem números de oxidação mais baixos, formando iões discretos
(simples), isto é, mostram carácter iónico, enquando que os mais pesados dos grupos e períodos preferem números
de oxidação mais elevados formando iões compostos ou complexos. Todos elementos de transição (mesmo alguns
metais representativos) formam complexos, porém, a habilidade para tal cresce com o aumento da carga nuclear e
com o estado de oxidação.

0.3.2. Variação da Energia de Ionização


Nos metais de transição, com pequenas variações, as energias de ionização tendem a crescer ao longo dos períodos
e, também, ao longo dos grupos.

0.3.3. Raio Atómico e Iónico


Ao longo de qualquer série os raios atómicos e iónicos têm uma tendência geral de diminuir, como resultado do
aumento da carga nuclear efectiva. Isto é conhecido como contracção (sucessiva diminuição dos raios atómicos e
iónicosao longo da série dos elementos com o aumento da carga nuclear). Porém, nos lantanídeos (bem como nos
actinídeos) esta diminuição dos raios atómicos e iónicos é muito acentuada, devido ao preenchimento de orbitais f
internas, muito difusas e que, por isso mesmo, não blindam o núcleo dos electrões d externas. Este fenómeno é
conhecido como contracção dos lantanídeos (sucessiva diminuição dos raios atómicos e iónicosao longo da série dos

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elementos com o aumento da carga nuclear, devido ao preenchimento de orbitais f internas, muito difusas e que, por
isso mesmo, não blindam o núcleo dos electrões d externas). Como consequência, verifica’se uma diminuição
gradual dos raios atómicos e iónicos ao longo das séries, mas ao longo dos grupos, aquele aumento do raio atómico
e iónico que se esperaria só se verifica do 4o ao 5o períodos. Entre os peíodos de transição 5 e 6, por causa da
contração dos lantanídeos, os rais atómicos e iónicos ou não variam (não aumentam) ou aumentam muito pouco
(podendo até diminuir).

0.3.4. Ligação Metal-Metal


Nalguns compostos nos quais os metais exibem números de oxidação baixos ocorrem interações fortes entre os
átomos dos metais. Estes compostos podem dividir-se em dois grupos:
(i). Halogenetos (haletos) e alguns óxidos e sulfuretos (sulfetos) de metais de transição dos períodos 5 e 6;
(ii). Carbonilos metálicos e compostos afins.

No geral, a tendência de firmação de ligação covalente metal-metal cresce ao longo do grupo e do período, quer
dizer, com o aumento da carga nuclear. Porém, quanto maior for o átomo ou ião (quanto maior for o seu raio) maior
será a possibilidade de sobreposição dos seus electrões.

São alguns exemplos: Hg2Cl2, Re2Cl10, Re2Cl82-, etc.

Algumas particularidades específicas dos elementos serão consideradas durante o tratamento dos grupos.

0.3.5. Formação de Compostos Não Estequimétricos


Os elementos de transição formam compostos não estequiométricos, isto é, compostos com estrutura e proporção
não definida.

Poe exemplo, o Óxido de ferro (II) deve ser escrito FeO , com a barra a indicar que a fórmula não significa
proporção 1:1, porque as análises indicam que a fórmula varia de Fe 0 ,94 O e Fe 0 ,84 O . Outros exempos são:
VSe ( VSe 0 ,98 →VSe 1,2 ); V2 Se 3 ( VSe 1,2 →VSe 1 ,6 ); V2 Se 4 ( VSe 1,6 →VSe 2 ).

dr. Basílio Alberto Assane

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