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AI SF 2015.000000763269-15 TATE Nº 01.003/15-1.

AUTUADA: CARMEM LÚCIA


SILVA BRITO. CACEPE: 0288831-95. CNPJ: 10.633.402/0004-20. ACÓRDÃO 4ª
TJ 019/2018(02). RELATOR: JULGADOR MARCONI DE QUEIROZ CAMPOS.
EMENTA: ICMS. DENÚNCIA DE FALTA DE RECOLHIMENTO DO ICMS
NORMAL. EMISSÂO DE CUPONS FISCAIS COM DESTAQUE DE ICMS.
MERCADORIAS SUJEITAS À SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. IMPROCEDÊNCIA
DA DENÚNCIA.A autuada, que exerce a atividade de comércio varejista de
cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal (CNAE 47.72-5/00),
sustenta que na aquisição de suas mercadorias, destinadas a revenda, suas
mercadorias não estavam sujeitas ao recolhimento do ICMS normal, pois o imposto
já tinha sido recolhido pelo Regime de Substituição Tributária, nos termos do artigo
1º do Decreto 28.816/2006. É de se registrar que a autuada é franqueada do
Boticário. As mercadorias, objeto da autuação, já foram tributadas por substituição
tributária com liberação, não havendo o que se falar em cobrança do ICMS normal.
O fato de o impugnante ter erroneamente aplicado as alíquotas nas saídas internas
através de cupons fiscais não autoriza ao Fisco a cobrança do imposto, pois nada
mais era devido ao Estado. A própria autoridade autuante reconhece em suas
informações fiscais que o que aconteceu foi mero erro, pois afirma que “até o
momento da intimação fiscal, o contribuinte não havia tomado providências no
sentido de corrigir a emissão dos cupons fiscais que estão sendo emitidos com
alíquotas de 17% e 25%”. A 4ª TJ, no exame e julgamento do processo acima
identificado, ACORDA, por unanimidade de votos, em julgar improcedente a
denúncia para desconstituir o lançamento.

TATE: 01003/15-3
AI SF 2015.000000763269-15
AUTUADO: CARMEM LUCIA SILVA BRITO
CACEPE: 0288831-95
CNPJ: 10.633.402/0004-20

Trata-se de Auto de Infração lavrado contra Carmem Lúcia Silva Brito com a seguinte
descrição:
“No exercício de nossas atribuições, devidamente designados através da O.S. (Ordem de
serviço) de número 2014.000003027016-84, referente ao contribuinte acima
qualificado, contatamos que o mesmo deixou de recolher o Imposto sobre Circulação de
mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e intermunicipal e Comunicação, o
ICMS-Normal (005-1), no valor de R$ 89.091,90 (oitenta e nove mil, noventa e hum
reais e noventa centavos), devidos pela escrituração irregularmente efetuada nos Mapas
Resumos de ECF, das Leituras dos Cupons de Memórias fiscais do ECF 02, referente a
vendas de mercadorias tributadas em 17%(dezessete por cento) e 25%(vinte e cinco
por cento), nos períodos de janeiro a Dezembro de 2013, conforme consta na planilha
anexada a este processo(Folhas 06 a 10). Os períodos e a soma dos valores do referido
imposto estão descritos no Demonstrativo do Crédito Tributário (DCT) (folha 04 ), que
é parte integrante desse Auto de Infração. O contribuinte emitiu regularmente os
Cupons Fiscais de saídas através do ECF 02, destacando a Base de cálculo, a alíquota e
o ICMS, conforme constam no CD (Folha 05). O ilícito foi constatado através da
análise dos Cupons Fiscais de Leitura de Memória Fiscal do ECF em que os produtos
que apresentam destaques de 17% e 25% nos seus respectivos cupons Fiscais, foram
escriturados nos Mapas Resumos de ECF com valores do Imposto Zerado (0,00), não
sendo realizado o lançamento do imposto e consequentemente diminuindo o Saldo
Devedor no Livro de Apuração de ICMS. O ECF 02, alvo da denúncia do ilícito
tributário, possui Número de fabricação BE050875610000007772, Marca Bematech ,
Modelo MP-2100 TH FI, versão 01.01.01. Foi aplicada uma multa de 100%(cem por
cento), devido à falta de recolhimento do Imposto nos documentos escriturados
irregularmente, Conforme consta no Artigo 10, VI, Alínea a da Lei 11.514/97. O Artigo
359 do Decreto 14.876/91 e alterações, estabelece os procedimentos legais de
escrituração Fiscal do Mapa Resumo de ECF que deverá ser preenchido
obrigatoriamente pelo contribuinte. Na ocasião, e de acordo com o Decreto Estadual n.º
21.618 de 30 de julho de 1999, foi encaminhada uma Comunicação Fiscal ao Ministério
Público (COFIMP)”.

Deu-se como infringido o artigo 359 do Decreto 14.876/91 e alterações.


Aplicou-se a multa prevista no art. 10, Inciso VI, alínea “a” da Lei Estadual nº
11.514/97.
Com a denúncia vieram: demonstrativo de crédito tributário (fls.04),CD de dados
(fls.05),leituras de memória fiscal (fls.06/10), perfil do contribuinte (fls.11/14),
comprovante de inscrição cadastral (fls.15), cópia de Ordem de Serviço (fls.16), termo
de solicitação fiscal por edital (fls.17), AR (fls.18) e detalhamento de crédito fiscal
(fls.19).

Carmen Lúcia Silva Brito, devidamente qualificado (fls.22) impugna o auto de infração
sob o fundamento de que é franqueada do Boticário, tendo o ICMS regulamentado pela
lei 28.816/2006, a qual determina que a responsabilidade de retenção e recolhimento do
ICMS relativos às saídas subsequentes àquela que promoveu do estabelecimento
destinatário e do contribuinte substituto, ficando atribuído ao estabelecimento atacadista
remetente, ficando-a desobrigada em recolher ICMS, normal 005-1, em questão, posto
que tal recolhimento já foi feito no ato da compra.
Com a defesa vieram: notificação contratual (fls.25/26) e cópia de notas fiscais
(fls.27/30).
A autoridade autuante apresentou suas informações (fls. 32), reiterando os termos da
denúncia. Sustentou que “o contribuinte destacou nos cupons do ECF 02, as vendas
efetuadas aos consumidores finais, alíquotas de 17% e 25 %, nos períodos de janeiro a
dezembro de 2013, conforme consta no CD anexado ao auto de infração (fl. 5).
Conforme artigo 359 do Decreto 14.876/91 e alterações, estabelece a obrigatoriedade de
escrituração fiscal do mapa resumo de ECF. Temos também o convênio ICMS 9, de 3
de abril de 2009, referente a ECF - emissor de cupom fiscal, em que menciona na
cláusula sexagésima, a obrigatoriedade da escrituração fiscal dos documentos emitidos
por ECF. Até o momento da intimação fiscal, o contribuinte não havia tomado
providências no sentido de corrigir a emissão dos cupons fiscais que estão sendo
emitidos com alíquotas de 17% e 25%. 0 artigo 14, § 1º do Decreto 14.876/91, dispõe
que o montante do imposto integra a base de cálculo do ICMS. Ao indicar o destaque do
ICMS, com alíquotas de 17 % e 25%, nos cupons fiscais, 0 contribuinte onerou por uma
segunda vez o consumidor final da operação. Ao deixar de registrar corretamente os
cupons fiscais no mapa resumo de ECF, o contribuinte não efetuou a apuração do
imposto efetivamente destacado. Como o contribuinte lançou nos mapas resumos de
ECF, valores do imposto do ICMS zerado (0,00), mesmo tendo destacado 17% e 25%
nos seus respectivos cupons fiscais e totalizado nas leituras de memórias fiscais, valores
diferentes de zero, lançamos o crédito devido no auto de infração”.

É o relatório.
Marconi de Queiroz Campos
Relator.
TATE: 01.003/15-1
AI SF 2015.000000763269-15
AUTUADO: CARMEM LUCIA SILVA BRITO
CACEPE: 0288831-95
CNPJ: 10.633.402/0004-20

VOTO

A autuada, que exerce a atividade de comércio varejista de cosméticos, produtos de


perfumaria e de higiene pessoal (CNAE 47.72-5/00), sustenta que na aquisição de suas
mercadorias, destinadas a revenda, suas mercadorias não estavam sujeitas ao
recolhimento do ICMS normal, pois o imposto já tinha sido recolhido pelo Regime de
Substituição Tributária, nos termos do artigo 1º do Decreto 28.816/2006.
É de se registrar que a autuada é franqueada do Boticário,- Calamo Distribuidora de
Produtos de Beleza S/A, com
Ora, o Decreto 35.677/10 estabelece em seus artigos 1º e 2º que:
Art. 1º A partir de 1º de novembro de 2010, a sistemática de tributação do ICMS
relativo às operações com cosméticos, artigos de perfumaria, higiene pessoal ou
toucador é aquela estabelecida nos termos deste Decreto, observadas, no que não
dispuserem de forma contrária, as normas gerais relativas ao regime de substituição
tributária contidas no Decreto nº 19.528, de 30 de dezembro de 1996.
Art. 2º Nas operações com os produtos relacionados, até 30 de novembro de 2013, nos
Anexos 1 ou 2 e, a partir de 1º de dezembro de 2013, nos Anexos 1-A ou 2-A, com a
respectiva classificação na Nomenclatura Brasileira de Mercadoria – Sistema
Harmonizado - NBM/SH, procedentes deste Estado, do exterior ou do Estado de São
Paulo, fica atribuída ao estabelecimento industrial, importador ou arrematante de
mercadoria importada, na qualidade de contribuinte-substituto, a responsabilidade pela
retenção e recolhimento do ICMS relativo:
I – a todas as saídas subsequentes àquela que o contribuinte-substituto promover,
com a respectiva liberação do recolhimento do imposto, nos termos do art. 7º, I, do
Decreto nº 19.528, de 1996;
II – às entradas da mercadoria procedente de outra Unidade da Federação
destinada a uso, consumo ou ativo fixo do estabelecimento destinatário localizado neste
Estado.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às operações interestaduais
destinadas a contribuinte detentor de regime especial de tributação que lhe atribua a
responsabilidade pela retenção e recolhimento do ICMS devido por substituição
tributária pelas saídas de mercadoria que promover.

Como se vê as mercadorias, objeto da autuação, já foram tributadas por substituição


tributária com liberação, não havendo o que se falar em cobrança do ICMS normal. O
fato de o impugnante ter erroneamente aplicado as alíquotas nas saídas internas através
de cupons fiscais não autoriza ao Fisco a cobrança do imposto, pois nada mais era
devido ao Estado. A própria autoridade autuante reconhece em suas informações fiscais
que o que aconteceu foi mero erro, pois afirma que “até o momento da intimação fiscal,
o contribuinte não havia tomado providências no sentido de corrigir a emissão dos
cupons fiscais que estão sendo emitidos com alíquotas de 17% e 25%”.
Assim, voto no sentido de julgar improcedente a denúncia para desconstituir o
lançamento.
É como voto.

Marconi de Queiroz Campos


Relator

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