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Uma reflexão missiológica sobre o profeta velho em I reis 13

Por. Clarismundo de Oliveira Batista

Muitos missionários veteranos que se encontram no campo foram verdadeiros desbravadores,


pioneiros em seus campos missionários. Enfrentaram as adversidades de desbravar um campo
muitas vezes não alcançado. Verdadeiramente eles foram heróis na fé, com certeza com sua
garra, força e fé eles fizeram o que muitos jamais irão fazer. Não podemos deixa de honrar
estes guerreiros do Senhor, exemplo para tantos. Quantos de nós queríamos ser iguais a um
deles, quantos de nós os víamos como exemplo para ser seguido. Mas, os anos vão passando
os tempos mudam as estratégias mudam, os métodos mudam, Deus continua mesmo, mas ele
continua a chamar novos soldados para sua seara. É ai onde há o encontro entre duas
subclasses de missionários na missão: o Missionário mais antigo, ou veterano e o missionário
novo. A Missª Marcia Tostes já dizia: “ O missionário novo tem que ouvir o missionário mais
antigo e o Missionário antigo tem que amar o missionário novo”. Vemos que nesta observação
tem que haver uma reciprocidade entre os dois. O mais novo vai errar muito e precisará ser
amado, pois o amor ajuda a ultrapassar os erros, o amor faz com que andemos a segunda
milha, o amor nos ajuda a não lanças na cara as falhas dos outros, por outro lado o ouvir, nos
leva ao conhecimento, para tentarmos não cometer os mesmos erros.

Mas o que acontece quando não há esta reciprocidade?? O que temos observado é que muitos
veteranos passam por uma transformação em sua cosmovisão em relação ao Reino de Deus,
passando a agir para com o rebanho e o trabalho que está sobre sua responsabilidade de
forma muito paternalista, quando não dizer muito dominadora. Querem controlar seus
membros como se estivessem controlando sua propriedade.

É movido pelo medo e falta de confiança de que Deus é o dono e Senhor da seara, tratam seus
liderados e até mesmo o missionário mais novo de forma autoritária e opressora. O medo tem
trazido muita desarmonia entre as equipes missionárias e os veteranos. É importante ressaltar
que aquele que começou uma obra ou ministério tem que zelar por ela como Cristo zela da sua
igreja, mas sempre com amor, confiança e fé, sem deixar que o medo mude a atitude daquele
que é referência no campo de batalha. Todos nós sabemos que o prende qualquer pessoa,
imagine um “comandante” do exercito do Senhor com medo na frente de batalha, quer queira
quer não deixará o rebanho exposto.

Outro problema que afeta a relação novos missionários e veteranos é o ciúmes. Quando
observamos a história do profeta velho e o homem de Deus, vemos que a motivação do
profeta velho não era estar informado do que se passava, mas ele sabia o que Deus tinha
falado que iria acontecer com o homem de Deus caso ele desobedecesse. Deus não estava
falando com ele, Deus trouxe um de fora, Deus está usando um mais novo, enfim, o profeta
velho de forma intencional queria prejudicar o homem de Deus. Não é raro encontrar
missionários antigos de campo que pelo medo e ciúmes agem da mesma forma, muitas vezes
não utiliza a mentira como usou o profeta, mas usando seu meio de coação e chantagem,
como não apoiar na hora de renovar o visto, como em muitas agências missionárias existe o
ano intermediário são ameaçados de um relatório desfavoráveis aos seus líderes e pastores,
enfim, movidos pelos ciúmes querem desviar o missionário novo de seu objetivo.
É difícil para o profeta novo se opor ao profeta velho, pois estão em jogo muitas questões
como autoridade, respeito ao mais antigo, as histórias daquele mais antigo que serve como
modelo, mas quando este modelo vai se desfigurando fica ruim vários aspectos do
relacionamento.

O profeta velho continua profeta, mas seus interesses estão em primeiro lugar, Deus o usa,
mas para ver seus objetivos cumpridos e realizados não tem misericórdia para com o homem
de Deus, mesmo sabendo que seu final será trágico ele busca seu próprio interesse. Ele
manipulou o homem de Deus com mentiras. Em alguns países de áfrica a mentira é principado
muito forte e está por toda parte inclusive nas igrejas. Alguns justificam a mentira falando da
época colonial e em outros já se tornou tão natural mentir que virou iniqüidade. Este home
que a Bíblia chama de profeta velho estava neste estado e usou a mentira tirar do homem de
Deus o que queria. É triste poder constatar isso em missionários que conheci que usam a
mentira não para matar pessoas, ma para atrair investimento para seus projetos, para fazer
com que seus alvos sejam alcançados e também para impedir o desenvolvimento do ministério
daqueles que (entre aspas) podem se tornar seu “concorrente”

Creio que os mais antigos em missões deveriam ter algo, como reciclagem, cursos, encontros
seja lá o que for, onde se abordem estes problemas do campo e que causam muito estresse
para ambas as partes.

Não estou aqui defendendo os erros dos missionários mais novos, mas quero me levantar
como uma voz no deserto em favor de uma harmonia mais saudável e amorosa entre as
equipes missionárias espalhadas pelo mundo.

Temos sim muitos meninos espirituais se dizendo missionários e atropelando com os


veteranos e trabalhos de anos de dedicação, mas quando o missionário chega ao campo quem
o recebe tem por obrigação sentar com eles e ler todo o “BEABA” do que se espera dele,
tempo que ficará neste local sobre esta situação e o líder tem que ter a hombridade de abrir
mão deste obreiro no tempo certo. Não se pode cobrar de alguém aquilo que não se ensinou,
não se pode rotular alguém só porque nossos interesses foram prejudicados.

Venha a nós...

Esta parte da oração de Jesus que se encontra no pai nosso reflete o que encontramos nas
mais variadas missões, que recebe o missionário quer receber ajuda, suporte, quer ter um
obreiro submisso, trabalhador que fale a mesma linguagem, que não causa problemas que não
tem direito de errar, alguém “perfeito”, mas o que este líder que recebe oferece??? Em muitos
casos nada, em alguns casos, a carta convite, em outros casos a oportunidade de trabalhar, em
uma parte menor é onde encontramos algo diferente.

Amor, compreensão, alguns aspectos do fruto do espírito, não precisamos de todos, mas
alguns, é o mínimo que se deve esperar de pessoas tão espirituais que lideraram, estão
liderando e ainda lideraram a muitos no campo missionário.
Sabemos que nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas o diabo usa nossas fraquezas
para nos tirar do foco e como no caso do texto em questão usou até mesmo um que estava no
mesmo “nível” para promover o atraso na obra deste homem de Deus e conseqüentemente
sua morte. Por que muitos morrem no campo? Apesar de podermos listar muitas razões
vemos que uma delas é os veteranos que colocam um julgo sobre os novos obreiros que fica
difícil estes obreiros caminharem. Nem todos têm estrutura suficiente para caminharem
depois de passarem por um período de opressão sob o julgo de líderes que um dia foi seu
referencial. Mas graças a Deus por aqueles que conseguem passar pela situação e continuam
firmes no caminho e não deixam que seu ministério e chamado morra.

Descrição de trabalho é algo que ajuda muito se o líder tem visão e não vai impor mais coisas
além do é descrito para ser feito. Não sei se algum veterano em missões irá ler esta reflexão,
mas peço que se você é um herói da fé, se você é modelo para outros missionários ao receber
alguém em seu ministério, deixe tudo o mais claro possível. O que fazer, quando fazer, até
onde se pode ir, onde não se pode ir, como ir. Tempo, o tempo é outro fator de suma
importância. Quanto tempo o missionário estará contigo? Ele estará ao seu lado ou ao lado de
outro.

Aquele profeta velho sabia que o novo não podia ficar na casa de ninguém, não podia comer e
nem beber e não levou em consideração nada da missão daquele homem. O ritmo de um não
era o mesmo do outro enquanto em um havia pressa para cumprir uma missão, no outro havia
“comodismo”, “estagnação” e uma mesmice inquietante, tanto era inquietante que ele queria
uma novidade, por isso induz o homem de Deus ao erro. Ao invés de buscar a novidade na
fonte para sua vida ele foi buscar com o prejuízo de outrem.

As vezes temos que sofrer o dano se queremos agradar a Deus. Andar a segunda milha pode
não ser fácil, mas o mais experiente deve estar apto para tal. Ajudar aquele que é mais fraco
ou imaturo não é favor nosso não, é obrigação de todo servo do Senhor. Daí e ser-vos-á dado
diz a palavra do Senhor. A quem muito é dado muito é requerido, quanto mais anos de campo
e experiência, mais responsabilidade temos sobre nossos ombros.

Ao irmos para o campo temos que estar cientes que estas situações surgirão, e que temos que
agir segundo a direção de Deus, não na carne e nem na força do nosso braço. Mas na força do
Senhor. Precisamos ter temperamentos controlados pelo espírito não só na nossa mente mas
na prática, nem todos tem a mesma estrutura para receber certos impactos no campo.

Já há o famoso choque cultural que é tanto falado nos curso missiológicos. Não é fácil o
choque cultural onde as mudanças culturais enfrentadas muitas vezes deixam o obreiro em
frangalhos, mas o choque com pessoas da mesma cultura, mas de personalidades fortes as
vezes pode se tornar ainda pior para que está chegando. Sinceramente tenho observado que
muitos missionários antigos alcançam certo “status” que os tornam ( entre aspas )
“intocáveis”, em vários casos pelo seu histórico, suas fraquezas são suportadas seu um
trabalhar no sentido de mudança. Afinal de contas nós estamos em um aprendizado
permanente, não importa se temos 5, 10 ou 30 anos de campo. Estamos sempre aprendendo
em constante aprendizado.
Hoje em dia a palavra da vez é parceria, o profeta velho poderia ser parceiro do homem de
Deus, mas não, ele o tem como um obstáculo, um concorrente. Em Betel morava o profeta
velho, seus filhos não eram profetas, estavam mais para fofoqueiros do que para profetas.
Quando este homem ouve a história contada pelos seus filhos ele poderia ser parceiro do
homem de Deus na intercessão e poderia até ir à cidade dele para buscar alguma instrução,
mas não. A Parceria que este homem queria era somente o que iria lhe beneficiar, ter alguém
que tem a postura de homem de Deus em sua casa, sob seu teto mesmo que para isso a vida
dele ( espiritual ou não ) estivesse em Jogo.

Os veteranos são benção, mas há a necessidade de vigiar, porque ainda que existam lobos
vestidos de ovelhas, nem todos são lobos. Por mais que existam imprudentes que tem
destruído obras que foram dadas, esforço, dedicação e as vezes o próprio sangue por elas,
nem todos são imprudentes. Ainda que exista joio não podemos sacrificar o trigo que não nos
pertence, mas pertence ao Senhor.

Missões é a obra mais linda deixada para a igreja realizar, por isso devemos andar na verdade,
em cooperação, devemos levar as cargas uns dos outros e caminharmos juntos não como
adversários. Paulo e Barnabé tiveram uma acalorada discussão por um motivo que depois ele
chegou a conclusão de que não era para tanto, mas no futuro ele soube reconhecer que
realmente aquele que parecia imprestável se tornou homem valoroso e de grande
importância.

Com muito carinho,

Para nossos modelos no campo.

Clarismundo de oliveira Batista

03 de Novembro de 2010.

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