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12/08/2021 Envio | Revista dos Tribunais

O DIREITO DO TRABALHO E O PARADOXO DA INTERVENÇÃO ESTATAL NO


DOMÍNIO ECONÔMICO CONTEMPORÂNEO

O DIREITO DO TRABALHO E O PARADOXO DA INTERVENÇÃO ESTATAL NO


DOMÍNIO ECONÔMICO CONTEMPORÂNEO
THE LABOR LAW AND THE STATE INTERVENTION PARADOX ON THE ACTUAL ECONOMIC DOMAIN
Revista de Direito do Trabalho | vol. 218/2021 | p. 249 - 273 | Jul - Ago / 2021
DTR\2021\9388

Ataliba Telles Carpes


Mestre em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul – PUCRS (Teoria Geral da Jurisdição e Processo). Especialista em Direito Material e
Processual do Trabalho pela PUCRS. Advogado, consultor e parecerista. atalibacarpes@gmail.com
 
MATEUS TOMAZI
Mestrando em Direitos Humanos pelo Programa de Pós-Graduação em Direito do Centro Universitário
Ritter dos Reis. Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS. Advogado. mt.tomazi@gmail.com
 
Área do Direito: Trabalho
Resumo: Após um período de reformas legislativas de cunho flexibilizatório das relações de trabalho,
beirando, em alguns casos, a precarização dessas, um novo fenômeno mundial gera distorções no
cenário socioeconômico. A Covid-19 e a necessária quarentena adotada como forma de combate aos
efeitos danosos desse surto viral colocou em xeque o discurso liberal-legislativo, uma vez demandada
maior avidez assistencialista por parte do Estado. O presente artigo visa explicitar o movimento liberal
e sua guinada em sentido contrário, apontando algumas lacunas históricas, uma vez que seus rumos
poderiam ter sido mais bem elegidos. Para isso, utiliza-se como ponto de partida a análise do chamado
trabalhador intermitente, figura de considerável potencial didático para fins de explicitação do referido
movimento. O artigo se presta também a estabelecer possíveis parâmetros a serem adotados em
momentos futuros para uma melhor estruturação de algumas perspectivas do Estado. Conclui-se que,
ainda que com positivas intenções, o movimento flexibilizatório pode ter encontrado cabo dentro do
atual contexto, posto que não há a possibilidade de contorno do fenômeno extraordinário por meio dos
mecanismos comumente por ele utilizados. Para seu desenvolvimento, foi adotado o método dedutivo,
baseado em pesquisa bibliográfica, documental e legislativa.
 
Palavras-chave:  Relações de Trabalho – Flexibilização – Intervenção – Assistência – Planejamento
Abstract: After a period of legislative reforms of a more flexible nature in labor relations, a new global
phenomenon creates distortions in the socioeconomic panorama. The Covid-19 and the necessary
quarantine state adopted as a way of combating its effects isolated the liberal legislative discourse,
once the State was more asked for assistance. This article aims to explain the liberal movement, the
advent of its turn in the opposite direction and to point out the gaps left by the past movement, since
its directions could have been better chosen. It concludes that, although with positive intentions, the
flexibilization phenomenon may have found its end, since there is no possibility of circumventing the
extraordinary phenomenon through its mechanisms.
 
Keywords:  Labor Relations – Flexibilization – Intervention – Assistence – Planning
Para citar este artigo: Carpes, Ataliba Telles; Tomazi, Mateus. O direito do trabalho e o paradoxo da
intervenção estatal no domínio econômico contemporâneo. Revista de Direito do Trabalho e Seguridade
Social. vol. 218. ano 47. p. 249-273. São Paulo: Ed. RT, jul./ago. 2021. Disponível em: inserir link
consultado. Acesso em: DD.MM.AAAA.
Sumário:
 
1. Introdução - 2. Flexibilização = precarização(?): novos dogmas do contrato de trabalho - 3. O
paradoxo da intervenção estatal - 4. Conclusão - 5. Referências
 
1. Introdução
Crises econômicas, avanços tecnológicos e pandemias globais: novos tempos. É possível apontar tais
fenômenos como causas centrais das diversas reformas legislativas ocorridas pelo mundo, em especial
nas últimas duas décadas, sobretudo na seara laboral. Igual é a reformulação da legislação trabalhista
que ocorre atualmente no Brasil, também alocada sob tal viés.
Não que haja a necessidade de se eclodir uma hecatombe argumentativa para fins de implementação
de uma reforma, qualquer que ela seja. Contudo, especificamente, essas tais metamorfoses legislativo-
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laborais, globalmente, vêm sendo realizadas tendo tais fenômenos como ponto de partida. Isso se deve
ao fato de que, claramente, sua implementação não seria de todo pacífica, tanto no que tange à
concordância de parcela da sociedade e dos responsáveis para sua elaboração e aprovação, na figura
do Poder Legislativo, quanto pelo momento elegido para que fossem dados seus passos iniciais.
Na esteira das alterações ocorridas em território estrangeiro, a “Reforma Trabalhista” (Lei 13.467 de
2017 (LGL\2017\5978)) foi aprovada no Brasil, focada em uma necessária – porém, tímida – atualização
de alguns pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (códex trabalhista do país). Mas,
principalmente, a dita inovação legal possui foco na promoção de uma maior autonomia individual do
trabalhador perante seu empregador e consequente menor intervenção estatal em tal relação.
Destacam-se como exemplo de tal movimento a consolidação da figura do trabalhador intermitente e a
inauguração do trabalhador “hipersuficiente”. Houve, portanto, uma flexibilização da lei trabalhista,
marcada por sua rigidez em tempos pretéritos.1
As dúvidas surgidas no período pós-Reforma têm de ser examinadas sob ótica complexa, que pondere
não só o texto legal e suas consequências, mas também seus antecedentes, coadunando-se nas
intenções enraizadas nos dispositivos legais. Entretanto, em meio a tais questionamentos e
perspectivas possíveis sobre as normas reformuladas, tenta-se depreender desse complexo exame, de
forma despida de qualquer véu ou viés cognitivo que evidencie um vício em tal análise, o apontamento
de incongruências. Só há melhora daquilo que está posto por meio da reflexão, e é justamente a isso
que este texto se propõe.
No transcurso desse período ocorreram fenômenos específicos que, ironicamente, demandam
posicionamento em contramão do proposto pela reforma, por necessidade muito mais urgente do que a
tentativa de reformulação de determinado paradigma. Aqui, refere-se em especial à pandemia causada
pela Covid-19,2 que teve como um de seus principais desdobramentos o “simples” fato de os indivíduos
terem de parar de trabalhar. Ora, não se está falando em maior ou menor autonomia da vontade do
trabalhador, liberalismo ou conservadorismo econômico: sem trabalho, não há renda; sem renda, não
há alimento; sem alimento, há fome. As complexas ideias e formas de pensar a estrutura de um país
acabam sendo pormenorizadas dado que pessoas estão morrendo em ritmo anormal, e tantas outras
podem seguir o mesmo caminho.
É então invocada a intervenção do Estado, tão criticada outrora, figurando esse como indispensável e
quase único ente capaz de sustentar a mínima dignidade dos indivíduos que o compõem. Reconhece-se
que situações caóticas não são – e não devem ser – parâmetro para que se molde a vida em sociedade
em seu fluxo “comum”, considerando que uma pandemia em escala global não é algo que se viva todos
os dias. De toda sorte, há intrigante fato social que, de certa forma, destrona um posicionamento
fixado sem consenso amplo, em sentido contrário às medidas tomadas perante a pandemia.
Intenta-se neste estudo, em um primeiro momento, perceber a ideia de flexibilização proposta pelas
alterações legislativas trabalhistas recentes, em especial a Lei 13.467/17 (LGL\2017\5978). Diante
desse plano de investigação, elegeu-se a figura do trabalhador intermitente como forma de exemplificar
tal movimento. Pelo referido exemplo, parece possível ilustrar o receio inicial demonstrado, afirmando,
ao final, possíveis consequências dessa nova fase – talvez em seu estágio final – do Direito do Trabalho
no Brasil.
Ainda, conforme referido, o movimento reformista segue toada internacional legislativa e, portanto,
também se objetivará nesse texto, por meio do direito comparado, verificar a existência dos institutos
aqui debatidos em outros países que já passaram por suas reformas, procurando observar seus
sucessos ou fracassos.
Em um segundo momento, é dado espaço à contemplação do confrontamento das novidades
legislativas trazidas em comparação ao contexto atual vivido, ensejador de medidas a serem tomadas
em sentido totalmente oposto. Se houve certa justaposição de ideias quando do procedimento
reformador, intrigante o fato de movimentos traçados sob antagônica perspectiva surtirem considerável
pacificidade para com esses. Entrelaçando tais problemáticas, há de se abordar também a intrigante
incapacidade de intuito de aperfeiçoamento da sociedade em momentos de maior perenidade,
observado o provável prejuízo em tomadas de decisões de considerável impacto em momentos
extraordinários.
Com isso, o presente artigo possui a seguinte pergunta-motriz: “O paradoxo da intervenção estatal
restará dirimido ao fim da pandemia, ou tal fenômeno serve de estopim para uma nova reestruturação
da influência do Estado nas relações de trabalho?”.
A lei e o atual tempo suscitam incontáveis dúvidas, e não se propõe o presente artigo a solucioná-las
integralmente. Porém, para que se possa, em algum momento, sequer aventar a possibilidade de
tocarmos sua verdade, é necessário que se possa compreender com o que se estará lidando e,
principalmente, observar as diversas faces de um possível problema.
2. Flexibilização = precarização(?): novos dogmas do contrato de trabalho
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Este capítulo introdutório destina-se a explicitar as novas modalidades de contrato de trabalho trazidas
pela Reforma Trabalhista, com especial ênfase à flexibilização proporcionada por esses como forma de
resposta à crise econômica vivenciada no Brasil nos últimos anos. Suas problemáticas também serão
retomadas ao longo do texto.
Tal flexibilização, dada como estímulo à contratação, em uma análise primária, resulta em certa
precarização na relação trabalhador-empregador, bem como acabou por ser posta em xeque diante dos
adventos recentes.
2.1. O trabalhador intermitente como personagem do movimento reformista

Dá-se início pela investigação do trabalhador intermitente. Essa nova3 modalidade de contratação e,
consequentemente, de trabalhador, aparece pela primeira vez na reestruturada CLT (LGL\1943\5) no
artigo 443, em que se inseriu uma menção a esse indivíduo ao final do caput e com a inserção de um
parágrafo.4
Dessas primeiras linhas relativas a essa nova forma de contrato individual de trabalho, algumas
considerações podem ser feitas de pronto. Essencialmente: há subordinação. Com isso, afasta-se de
plano a comparação com o trabalhador autônomo desse novo empregado. Estabelece-se, como diz o
nome, intermitência na prestação de serviço – sendo assim, o trabalho é fracionado. Não há restrição
qualquer, no texto da CLT (LGL\1943\5), quanto ao ramo da prestação de serviço a ser desenvolvida,
com a ressalva dos aeronautas.
Para além dessas superficiais e quase óbvias constatações, a leitura solitária do artigo supracitado não
traz grandes avanços no objetivo central do presente estudo, que se dedica, após a averiguação das
determinações positivadas na legislação recente, a verificar as consequências subversivas de princípios5
e de toda a lógica intrínseca ao direito do trabalho no Brasil. Assim, nesse desígnio de uma revelação
maior sobre o novel instituto, para a verificação do que se trata essa nova forma de contratação
possibilitada pela Lei 13.467 de 2017 (LGL\2017\5978), deve ser feita a leitura conjunta desse artigo
com as disposições trazidas no artigo 452–A do mesmo conjunto legislativo.6
Relevante mencionar que tais disposições sofreram alterações diante da entrada em vigor e, após, com
a perda da vigência da Medida Provisória 808, de 2017 (LGL\2017\10001), restou estabilizado o texto
com um caput e nove parágrafos.7 Com a vigência da referida Medida Provisória, mais dispositivos
delimitavam a contratação do empregado intermitente, sendo que serão levadas em consideração para
a análise, pois há que se perceber a ideia geral da nova forma de contratação, a intenção dos
legisladores, e as possíveis consequências advindas das regulações vigentes e revogadas.
Adentrando pontos centrais e controvertidos dentro da nova forma de contratação, a se começar pela
quebra de paradigmas, visualizam-se como sua principal característica os períodos de inatividade do
trabalhador, não havendo obrigação estrita de oferta de trabalho, nem garantindo renda mínima ao
contratado. Características da relação empregatícia, da forma como disciplinadas no art. 3º da CLT
(LGL\1943\5),8 como a de habitualidade, subordinação e pagamento pelos serviços prestados acabam
por ser pormenorizadas. Restam apenas expectativas de trabalho e renda, de forma não rotineira
quando da formalização do contrato.9

Diante disso, resta caracterizada forma de subemprego.10 A estabilidade social está fortemente
conectada com a estabilidade financeira, e a intermitência do trabalho (e sua remuneração) mitiga tal
possibilidade. Planejamentos de renda, gastos e investimentos tornam-se rigorosamente dificultosos
com essa forma de contratação, pois, como já salientado, positiva-se a possibilidade de que o
trabalhador não receba remuneração equiparável a uma relação de emprego ordinária, muito embora
esteja preenchendo todos os requisitos para tanto. Ainda, resta permitido ao empregado que, no caso
de poucas convocações, perceba remuneração mensal menor de que um salário mínimo (considerando
que não labore em jornada similar a um empregado comum). Atenta-se, nesse sentir, que estariam
sendo maculados frontalmente princípios constitucionais que visam à proteção ao trabalho e à
remuneração digna e suficiente ao sustento do trabalhador.11
Impõe frisar que o empregado intermitente não pode receber proporcionalmente menos que o salário
mínimo nacional, conforme dispõe a Lei.12 Entretanto, a não obrigatoriedade de um mínimo de
chamadas ao trabalho por contrato impossibilita que o trabalhador tenha, efetivamente, um “salário
mínimo”. Muitos podem afirmar que não é dever do empregado preocupar-se com tal situação, o que,
evidentemente, não é. Porém, é inquestionável o dever do Estado, como legislador, de dissipar eventual
possibilidade de precarização das condições de trabalho, o que acaba ocorrendo nesse contexto.
O que se afirma, com isso, é que o mínimo existencial há de ser garantido para todo trabalhador, e a
permissão de contratação de empregado intermitente ignora tal situação, ou ao menos a releva,
causando certa desatenção aos valores estabelecidos na Constituição Federal. A questão eiva-se de
ainda maior importância quando se contempla que a ausência desse mínimo de convocações ao
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trabalho, que permitiria um salário mínimo ao empregado, afeta o futuro desse trabalhador e de toda
sociedade envolta no sistema de seguridade social desenvolvido sob a óptica da solidariedade.13
O trabalhador em período de atividade tem o desconto referente à previdência social realizado pelo
empregador como qualquer outro empregado, entretanto, na proporcionalidade das horas trabalhadas.
No período de inatividade, permanece sendo segurado obrigatório da previdência (submetido ao
desconto). Porém, caso ele não alcance o valor mínimo de contribuição obrigatório para manter-se
filiado e contribuindo corretamente, importante impasse é suscitado, uma vez que restaria prejudicada
sua relação junto ao sistema de seguridade social.
Poderia se considerar que o empregado teria outros empregos para lhe completar a renda e que lhe
permitiriam a complementação do valor devido à previdência. Entretanto, essa lógica só poderia ser
aplicada ao trabalhador autônomo, uma vez que lhe é característica tal sistemática, e não ao
intermitente. Não que o trabalhador intermitente não possua a capacidade de buscar alternativos
postos de trabalho; porém, dada sua condição média, reputa-se improvável tal organização, muito em
face da ausência de estabilidade já referida.
Quanto à justificativa de “formalização dos informais”, imbuída junto à Lei 13.467/17 (LGL\2017\5978),
há espaço para crítica. Essa argumentação não se sustenta exatamente quando a questão
previdenciária é levantada.
A lógica do direito do trabalho a ser aplicada ao empregado é diferente da lógica do autônomo/
prestador de serviço.14 Em termos práticos, esse empregado, agora formalizado, que anteriormente
desenvolvia prestações de serviço esporádicas (conhecida comumente como “bicos”), não pretende
valer-se desses valores para contribuir como empregado frente à previdência, mas, sim, como
autônomo, ou para simplesmente completar sua renda. Assim, retoma-se que o intermitente, na forma
disposta atualmente pela legislação, tem valores descontados a título de previdência social que podem
nunca ser revertidos a ele na proteção previdenciária, caso não alcance o mínimo de salário-
contribuição previsto para a forma de segurado obrigatório.
Como alternativa, propõe-se o estabelecimento da obrigatoriedade de um mínimo de convocações do
empregado pelo empregador, com o intuito de que o trabalhador possa ter uma renda compatível com
o mínimo existencial e com a necessária contribuição previdenciária. Reduzir-se-ão, assim, possíveis
prejuízos causados pela ausência de estabilidade e projeção financeira intrínseca a essa modalidade de
contratação, dificultando o alcance de uma melhor condição social pelo indivíduo.
Verifica-se, a partir das características expostas referentes ao contrato de trabalho intermitente, a
existência de pontos que denotam a flexibilização da relação e, em uma primeira observação, também
sua precarização. Questões argumentativas de cunho meramente ideológico ficam para outro momento,
de preferência inexistente. Este estudo é governado por um ímpeto empirista e compromissado com
apontamentos mais ou menos incisivos, caso sejam necessários.
Com as primeiras linhas desta pesquisa, já é possível identificar a relevância do papel da atuação
estatal diretamente nas relações sociais, especialmente no aspecto legislativo e, consequentemente,
regulador da vida pública. Se, no Brasil, conforme ora apontado, há relevante intervenção, em
diferentes locais do mundo não será diferente, de modo que, a partir de agora, a pesquisa se destina a
abordar fenômenos estrangeiros similares.
2.2. Novas formas de contratação e a experiência internacional
Pontuais apontamentos realizados à figura do trabalhador intermitente não se resumem ao Brasil. A
proposição de um mínimo de convocações obrigatórias, por exemplo, não se afigura desmedida, dadas
as incongruências legislativas apontadas pontualmente. Apresenta-se, assim, como importante
alternativa, inclusive com respaldo externo.
Perspicaz que é, encontra respaldo inclusive na experiência internacional da flexibilização das formas de
contratação de trabalho. Com isso, o presente tópico se destina a trazer à baila alguns desses
exemplos.
O ordenamento jurídico português apresenta dois tipos de trabalhadores intermitentes, prestando seus
serviços por “trabalho à chamada” e em “trabalho alternado”.15 Explica-se sumariamente a essência
dessas formas de prestação de serviço, pontuando suas principais características e, consequentemente,
suas diferenças entre si.
O quantum a ser trabalhado, nas duas modalidades de contratação do empregado intermitente, deve
ser pré-programado pelos pactuantes. Isso se deve ao fato de o contrato, por requisito indispensável,
dever conter a “indicação do número anual de horas de trabalho, ou do número anual de dias de
trabalho a tempo completo”.16 A diferença básica se verifica em quando o trabalho será realizado: a
execução do “trabalho alternado” é prevista juntamente com o quantum, ficando trabalhador e

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empregador acordados em relação ao momento em que o trabalho será prestado, seja quanto a dias ou
quanto a meses.
Por outro lado, no caso do “trabalhado à chamada”, a temporalidade da prestação do serviço não é
previamente fixada, ou seja, o momento da prestação do trabalho fica sujeito à convocação por parte
do empregador, o qual deixa o empregado em um “estado de sujeição”.17 Nessa linha, alguns
apontamentos restam pertinentes.
Tal figura aproxima-se do empregado intermitente brasileiro, mas a diferença anteriormente
demonstrada da predefinição de tempo de trabalho a ser executado carrega gritante diferença que pode
alterar profundamente a qualidade do trabalho.18 Ademais, há que se ressaltar ponto crucial da análise
comparativa: a característica do Estado português, em contrabalanço com o brasileiro, caracteriza-se
por uma maior intervenção na questão político-econômica, e, consequentemente, legislativa. Logo, um
maior grau de protecionismo para com o indivíduo, seja ele, na prática, benéfico ou não, não pode ser
tratado como surpresa nesse caso específico.

No Reino Unido,19 a experiência do trabalho intermitente, conhecido como “contrato de zero horas”
(zero hour contract),20 revela-se igualmente incondizente com a lógica “protecionista” do direito do
trabalho. A Inglaterra e o Reino Unido também possuem figuras de Estado mais intervencionistas,21
ainda que de forma mais abrandada do que em comparação à Europa Continental.
Pesquisas com dados e entrevistas ilustram o quão prejudicial tal forma de contratação pode vir a ser,
polarizando o país em “empregados” com baixos salários, e poucos trabalhadores com altos salários.22
O trabalhador, nessa modalidade flexível de contratação, acaba por ter prejudicado seu planejamento e
sua estabilidade, restando apenas com esperanças de uma chamada, não tendo preestabelecido seu
momento ou sua forma.23 Além da flexibilização crescente das normas trabalhistas que se desenvolve
no país, em especial nas últimas duas décadas, diminuindo garantias legais, há relatos inclusive de
intensa corrupção do sistema de cooptação desses trabalhadores, alastrando-se tais condutas no setor
de “agências” de contratação de intermitentes e terceirizados.
Por meio das breves comparações anteriormente delimitadas, resta possível de se identificar a
intersecção do movimento flexibilizatório do Brasil em coadunação com demais países – inclusive
naqueles onde a intervenção estatal se dá/dava de forma mais enfática. Verifica-se, contudo, que tais
afrouxamentos na rigidez característica da legislação trabalhista podem ser operados conjuntamente
com determinados resguardos a serem alcançados ao trabalhador, haja vista sua posição
desprivilegiada perante o empregador, sem se despir de um “incentivo à contratação” perpetrado por
tais práticas. Assim, a permissão de contratos com elevado potencial de precarização da relação de
trabalho, como mostra a experiência internacional dos países analisados e de tantos outros,24 pode
acabar tanto por não atender ao – frágil – “chamado” da economia quanto por precarizar as condições
de trabalho, em especial no que tange à proteção (agora pormenorizada) do trabalhador emanada do
contrato estabelecido.25
Passa-se agora a explorar os possíveis desdobramentos do movimento flexibilizatório em momento
contemporâneo, dadas as crises ocorridas a nível mundial em momento recente, com destaque para a
figura da pandemia causada pela Covid-19.
3. O paradoxo da intervenção estatal
O capítulo final deste artigo visa colocar em justaposição o movimento reformista de caráter
flexibilizatório ocorrido nos últimos anos com o momento contemporâneo. As políticas econômicas de
caráter menos intervencionista por parte do Estado, propostas no intuito de incentivar o
desenvolvimento econômico, acabaram por sofrer considerável baque em face do advento da Covid-19
(causada pelo chamado “novo coronavírus”).26
Dentro desse contexto de ideias sobrepostas, é interessante destacar possíveis fragilidades do discurso
liberal, uma vez que, em teoria, caso ele fosse de eficiência plena, deveria também suportar possíveis
acontecimentos extraordinários, ainda que não por ele tenha sido originado.
3.1. A forçosa guinada reversa do padrão liberal-econômico
Após a onda de reformas legislativas “liberais” da última década, com especial ênfase na seara
trabalhista (conforme destacado no capítulo pretérito), ironicamente, o ano de 2020 havia reservado
importante fenômeno que serviria de contrabalanço a tal movimento.
Se antes a ideia era promover uma flexibilização da legislação laboral com o objetivo de impulsionar o
desenvolvimento econômico-social pela facilitação de contratação, o advento da Covid-19 trouxe à tona
importante debate quanto à necessidade de (maior) intervenção do Estado no domínio econômico.27
Retomou-se, então, debate há muito esquecido quanto a alternativas possíveis de serem seguidas por
empregadores e trabalhadores, nas mais diversas formas de prestação de serviço, em casos
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extraordinários que acabam por demandar a adoção de medidas igualmente incomuns (como a atual
pandemia global).
Na mirada do já discutido anteriormente, o exercício de edição legislativa por parte do Estado
configura-se, ainda que de forma indireta, como intervenção, no que tange a atingir a sociedade civil a
partir de determinada atuação sua (seja ela comissiva ou omissiva).28 O intervencionismo ora
mencionado consiste naquele considerado sob o prisma econômico, ou seja, um Estado identificado
como mais ou menos liberal dependendo do grau de dependência que os indivíduos possuem para com
esse para que possam desenvolver suas atividades29  – em especial, trabalhar.
Com o estopim da pandemia global causada por um vírus de facílima transmissão, consequente em
considerável porcentagem de casos fatais e pessoas infectadas, restou suscitada a necessidade da
adoção de medidas um tanto quanto drásticas por parte das nações afetadas, com destaque para a
chamada “quarentena voluntária”.30 Pela restrição da circulação de pessoas é possível minimizar o
crescimento do contágio, precavendo um colapso do sistema público de saúde e, logicamente, da saúde
da população em geral. Porém, com a restrição da circulação das pessoas, também acaba por ser
restringido o exercício da profissão desses indivíduos, talhando a principal engrenagem do sistema
econômico, qual seja, sua capacidade aquisitiva.
Em tal contexto, com considerável parte da população impossibilitada de executar suas tarefas laborais
pelos sistemas informatizados31  – tanto pela característica de seu posto quanto pelo eventual
despreparo de seu empregador –, urgiu-se a necessidade de o Estado auxiliar esses indivíduos. Não
poucos, uma vez que, por via de regra, a maioria das famílias no Brasil não possui pomposa reserva
financeira que permita que se adote período quarentenal voluntariamente com determinado conforto
sem que sejam sentidos quaisquer efeitos em seu orçamento. Igualmente o é com empresas de
pequeno e médio porte, principais responsáveis pela atividade industrial do país32 e também
remuneração desses trabalhadores mais sensíveis.
Utilizando-se do exemplo registrado no capítulo anterior, no que tange ao trabalhador intermitente não
estar em posição de organizar o desenvolvimento de seu âmbito social em médio e longo prazo dada a
incerteza da prestação de serviço, aqui, inclusive aqueles indivíduos com emprego “regular” acabam
por depender de medidas a serem adotadas pelo aparelhamento estatal, dada sua fragilidade. Chegam
a ser levantados, inclusive, debates sobre a necessidade ou não de estabelecimento da chamada renda
mínima universal33 no Brasil.
O estopim da Covid-19 na Europa ter se dado inicialmente na Itália e depois na Espanha, entre outros
diversos desdobramentos, acabou por ensejar a adoção de medidas específicas por parte das chefias de
Estado, de modo semelhante ao ocorrido no Brasil; contudo, com característica de atuação diversa.
Na esteira do já apontado, a Europa (na figura da União Europeia) possui, por definição do seu modelo
de Estado, uma atuação mais protecionista em comparação ao Brasil no que tange ao aspecto social
dos indivíduos – modelo também conhecido como welfare state, ou algo próximo disso – de modo que os
movimentos coordenados para fins de diminuir os impactos causados pela pandemia são diversos
daqueles adotados no Brasil.34
Ainda que a demanda por um mais elevado nível de intervenção estatal tenha sido provocada pela
comensurabilidade dos prejuízos sofridos pelo continente europeu, importante atentar à ativação de
gatilhos protecionistas já previstos em lei ou por ela permitidos.35 Diferentemente do caminho que
vinha sendo adotado no Brasil, uma característica de Estado mais voltada ao viés social e ao mesmo
tempo flexível no que tange à escolha de rumos permite que, quando da ocorrência de fenômenos
extraordinários (porém, possíveis), as medidas adotadas não sejam contrárias às políticas econômicas
previamente desenvolvidas, mantendo-se um padrão mínimo de atuação.
A guinada liberal-econômica adotada pelo Brasil, ainda que passível de crítica, é uma opção de Estado
legítima e temporalmente condizente com os movimentos visualizados além-mar. Contudo, mesmo que
tal caminho tenha sido elegido, não necessariamente há obrigatoriedade em segui-lo quando condições
para sua implementação demandam movimento diverso, como no período pandêmico.
Por exemplo, nos Estados Unidos da América, é importante se atentar às políticas públicas adotadas no
intuito de combater os prejuízos causados pela pandemia.36 Em uma nação sabidamente de caráter
amplamente liberal no que tange à economia, com intervencionismo estatal consideravelmente
diminuto em épocas regulares, diversos benefícios emergenciais37 foram alcançados à população
conjuntamente com a injeção de valores nos setores econômicos, no intuito de contrabalancear os
efeitos negativos da quarentena e dos milhares de perdas humanas causadas pela doença.
No Brasil, por outro lado, um caos jurídico restou instaurado, ao passo em que o Governo Federal,
quase que diariamente, passou a editar Medidas Provisórias38 no intuito de proporcionar alternativas a
serem adotadas por empresas no intuito de “sobreviverem” à pandemia. Tal postura é louvável no que
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tange a não inércia perante uma situação quase catastrófica. Contudo, tais medidas, no mesmo sentido
das alterações legislativas ocorridas em tempos ordinários, possuem por característica intuito
consideravelmente flexibilizatório num momento em que, sob um primeiro olhar, há a necessidade de
ser reconhecida a indispensabilidade de um redirecionamento em direção a um maior protecionismo.
De que adianta a sobrevivência das empresas sem que os indivíduos possuam poderio financeiro para
adquirirem seus produtos ou contratarem seus serviços?
Sensíveis ao direito do trabalho, destacam-se as Medidas Provisórias (MP) 926, 927 – esta, com maior
destaque –, e 928; todas editadas em um intervalo assustador de três dias (entre 20 e 23 de março de
2020). Também há espaço para referência à Lei 13.979 de 2020 (LGL\2020\1068), promulgada em 6
de fevereiro de 2020, que deu início à adoção de medidas emergenciais em face da Covid-19 no Brasil.
No que tange às possibilidades trazidas pela MP 927, tem-se como exemplo: a) o reconhecimento de
hipótese de “força maior”, conforme previsão do art. 501 da CLT (LGL\1943\5),39 dada a situação de
calamidade pública (parágrafo único do art. 1º da MP 927); b) a possibilidade de realização de acordo
individual escrito para ajustar questões que permitam a manutenção do vínculo de emprego (art. 2º,
MP 927); c) a possibilidade do estabelecimento do regime de trabalho por meios telemáticos, a critério
do empregador (art. 4º, MP 927),40 entre outras menos relevantes para o estudo desenvolvido.
Reconhece-se que, tendo em vista todo o contexto causado pelo advento da Covid-19, quase que a
totalidade da prestação de serviços e, consequentemente, o consumo restaram prejudicados. Da
mesma sorte que as famílias brasileiras, conforme referido anteriormente, as empresas e
empregadores de modo geral, em sua esmagadora maioria, não possuem reservas suficientes para que
mantenham o pagamento integral de seus subordinados em períodos extraordinários nos quais não lhe
são permitidos executar suas atividades econômicas. Por mais que uma empresa possua poderio
financeiro e estrutural consideravelmente maior do que um trabalhador comum, é importante
desconstruir suposta imagem de que toda empresa/empresário é financeiramente abundante. Ainda
que assim o fossem, também trabalham com um fluxo de caixa planejado, considerando os mais
variados fatores possíveis de incidirem em sua atividade econômica, mas jamais sem prever o advento
de uma pandemia global que, voluntariamente ou não, proíba as pessoas (consumidores) de saírem de
suas casas.
De volta às alternativas propostas pelo Governo Federal, em especial por meio da MP 927, destaca-se o
caráter flexível de tais medidas, na mesma esteira das reformas legislativas que vinham sendo
implementadas – contudo, agora, em uma situação diversa e extraordinária. Por sinal, a primeira das
medidas citadas nos parágrafos anteriores possui contorno especial justamente por receber influência
do intuito flexibilizatório das recentes alterações legislativas no âmbito laboral.
O “Capítulo VIII” da CLT (LGL\1943\5), compreendido entre seus arts. 501 e 504, traz dispositivos a
serem ativados em caso de força maior, conceituando ela como: “[...] todo acontecimento inevitável,
em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou
indiretamente”. Entre tais dispositivos, tem-se a possibilidade de redução de até 25% dos salários dos
empregados durante o período da força maior (art. 503 – que tem sido amplamente utilizado em âmbito
nacional, como em clubes de futebol de grande porte, por exemplo)41 e o controverso art. 502, que
trata de indenização a ser alcançada ao empregado caso ele seja despedido durante o referido período.
O inciso II desse dispositivo aponta que “[...] II – não tendo direito à estabilidade, metade da que seria
devida em caso de rescisão sem justa causa; [...]”, e tal possibilidade vem sendo desvirtuada por
empregadores,42 utilizando tal base jurídica para dispensar o empregado e reduzir pela metade todos
os valores que a ele são devidos mediante tal forma de rescisão contratual.
A problemática já se inicia pelo fato de a redação desse capítulo da CLT (LGL\1943\5) datar de 1943,
época de sua promulgação original, de modo que o próprio estilo da redação legislativa e determinadas
expressões sofreram profundas mudanças até aqui. Afora isso, não foram muitos os casos em que todo
o país teve de se valer de dispositivos legislativos para que restasse possível a manutenção de suas
atividades econômicas, de modo que só agora restou ensejada a devida atenção a textos legais antes
quase que intocados, como é o caso.
No que se refere ao texto do inciso, não há que se falar em valores rescisórios talhados à metade. O
texto “[...] da que seria devida” refere-se à indenização prevista no art. 478 da CLT (LGL\1943\5) –
 todas as demais parcelas como aviso-prévio, 13º salário, férias e FGTS restam inalteradas. Reside,
aqui, um exemplo do caráter psicológico da adoção de determinados caminhos no que tange a reformas
legislativas. Observado o movimento flexibilizatório das leis trabalhistas adotado pelo Governo Federal –
 esse, repita-se, legítimo, mas passível de críticas –, a adoção de determinadas alternativas previstas
em lei pode acabar sendo desvirtuada em prol desse mesmo caráter.
No mesmo sentido de medidas passíveis de desvirtuamento, retomam-se brevemente os exemplos da
possibilidade de acordo individual escrito entre trabalhador e empregador para fins de manutenção do
vínculo de emprego, e a adoção do regime de teletrabalho sem haver necessidade do consentimento do
empregado para tanto (tendo esse ou não condições de exercer suas tarefas).
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É nítida a necessidade de determinados ajustes específicos entre trabalhador e empregador para fins de
possibilidade da continuidade no posto de emprego em face da pandemia; por outro lado, também é
possível a ocorrência de determinados deslizes por parte do empregador, uma vez o que trabalhador
não estará assistido por sindicato ou advogado quando da firma do referido acordo individual.43 Da
mesma forma, a adoção do regime de Teletrabalho, difundido com maior amplitude também na Lei
13.467,44 passa a ser passível de adoção de forma quase que irrestrita. Ainda que seja, quase que
certamente, a alternativa mais segura e efetiva de continuidade da prestação de serviços no período
quarentenal, é no mínimo controversa sua adoção sem qualquer critério, uma vez que, em tempos
“normais”, há a necessidade de adequação a regramento específico no que tange aos requisitos a
serem observados quando de sua realização.45
Em síntese, acredita-se que as alternativas alcançadas pelo Estado brasileiro, ainda que louvável sua
iniciativa, poderiam ter apresentado um caráter mais protetivo não só ao trabalhador como também à
relação de emprego/trabalho como um todo, desvinculando-se da flexibilidade denotada nos exemplos
anteriormente referidos. Há que se fazer a ressalva da implementação do chamado “auxílio
emergencial”,46 importância de seiscentos reais a ser alcançada, em especial, a desempregados,
trabalhadores temporários, ou que perderam seu posto em meio à pandemia. Essa, sim, consiste em
importante proteção.
O referido auxílio denota certa ironia proporcionada pelo advento da Covid-19, já que, em momentos
de certa normalidade, inclinava-se a uma visão flexível da legislação trabalhista e das políticas
econômicas como um todo – pressupondo a tentativa de melhoria das condições sociais da população;
agora, em uma situação em que essa condição social está ainda mais prejudicada (mesmo que por caso
extraordinário), urge-se a necessidade da adoção de políticas mais intervencionistas.
Esse paradoxo, em que contextos extraordinários acabam por ensejar a adoção de caminhos
inversamente proporcionais àqueles adotados regularmente, é o principal intuito científico deste artigo.
A situação ora trazida exemplificou pontuais alterações no âmbito laboral nacional e internacional, mas
que acabaram por ser postas em segundo plano em face de uma demanda latente emanada da
sociedade.
Talvez, possa ser a oportunidade de se suscitar globalmente um sentimento maior de precaução quanto
a possíveis adventos futuros, sejam eles positivos ou negativos; sejam eles banais ou
pseudoapocalípticos.47
3.2. Visualizando apenas o que olhos enxergam
Uma última reflexão a ser proposta destina-se a explicitar possível identificação que transpassa por
grande parte das problemáticas aqui expostas. Em visão socioantropológica,48 acredita-se que um traço
tipicamente humano acaba por se tornar, ainda que indiretamente, um dos principais fatores que
potencializam os prejuízos sentidos no período quarentenal, tanto sob a óptica do exercício de criação
legislativa quanto sob o prisma da saúde pública.
Questionamentos sobre qual o sentido da vida, para onde caminha a humanidade, se de fato há um
Deus criador e impiedoso, e tantas outras profundas reflexões, são exercitadas há milênios, havendo
respostas nos mais diversos sentidos. Ainda que os posicionamentos de alguns filósofos de considerável
renome sejam repetidos com maior frequência, sempre haverá divergência de posicionamento, em
maior ou menor intensidade – e está tudo bem: é da natureza humana pensar e, consequentemente,
pensar diferente.49 Ocorre, contudo, que essa habilidade tipicamente humana de raciocinar permite
também que determinadas escolhas de rumo sejam adotadas mediante um exercício limitado de
raciocínio ou, ainda, sem que se pense de forma amplamente contemplativa.
Além dessa habilidade do ser humano de pensar (pensar pouco, ou não pensar), é sintomático que a
sociedade global, por vezes, sequer se submeta a tal exercício. Não se está querendo dizer que os
quase oito bilhões de habitantes da Terra são incapazes de fazer aquilo que assim os faz serem
considerados, mas, sim, que o conjunto desses quase oito bilhões não pensa de forma conjunta, ou, ao
menos, para o conjunto.
Talvez não haja “tempo” de pensar, dada a velocidade alarmante das relações sociais no atual Século
XXI.50 O estopim das guerras no início do século XX, que resultou em um orgânico movimento de
avanço tecnológico de progressão exponencial nos últimos quarenta anos, desaguou em uma época
onde é venerada a – suposta – capacidade dos seres humanos de fazerem tudo ao mesmo tempo,
afogados em um sistema de vida51 que não lhes permite reflexões, tão somente aceitações.

Diferentemente dos filósofos gregos52 e dos notáveis juristas franceses,53 é rara a notícia da
propositura de novos rumos a serem seguidos pela humanidade, sejam eles propostos por uma única
pessoa ou um grupo delas. Também há o fato de que toda e qualquer ideia, em tempos de “redes
sociais”, sofre com a incapacidade, novamente, dos indivíduos de refletirem e debaterem sobre ela de
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forma civilizada e construtiva – e não meramente destrutiva, que é como ocorre. Esse sintoma muito
está atrelado à referida “falta de tempo-espaço” de pensar. “Agora não posso, preciso ir trabalhar!
Limitar-me-ei apenas a comentar de forma rasa ou curtir”.54
Ironicamente, o que não é a vida senão uma sucessão de acontecimentos inesperados com os quais
não se sabe como lidar – aí, então, surge a necessidade de se pensar. E o advento da Covid-19, fator
principal do período de quarentena mundial, desabrochou tal necessidade. Mais do que isso: fez sentir,
com rapidez e extrema facilidade, as lacunas deixadas na organização da sociedade global pela
ausência de pensamento.
É importante frisar que não está aqui se propondo o chamado “pensamento universal”, em que todas as
nações devem coadunar-se para o mesmo sentido, sob a regência de um poder supremo e diretivo. Da
mesma forma que se reconhece a natureza da discordância humana, também se faz com as diferentes
culturas e leis únicas de cada país, resultantes de infinitos fatores decorrentes de um longo processo
histórico que, muitas das vezes, os indivíduos se recusam a visualizar. Pensar cansa – ao menos para os
desacostumados –, e ninguém “tem tempo” de ficar cansado nos presentes dias.
O que se destaca é que não há uma consciência global mínima sobre imprevisíveis (mas
possíveis) adventos que possam interferir na vida cotidiana, de forma que, quando eles ocorrem, seus
efeitos são potencializados justamente pela ausência de tal preparo. Esqueça-se a regulação de
mercado; essa sim, foi (e é) muito bem pensada.55 Os humanos sabem perfeitamente como obter
proveitos econômicos, só não sabem por que o fazem. A crítica a ser feita incide sobre a incapacidade
da sociedade global em melhor escolher – ou seja, pensar56  – seus rumos em médio e longo prazo,
consequentemente estabelecendo uma melhor estrutura que possibilite um manejo facilitado de
adventos imprevisíveis (como o coronavírus). Quando se fala em sociedade global, inclui-se também o
Brasil.

Após período de positiva estabilidade financeira, por volta de 1997 e 2009,57 teve início uma linha de
declive no panorama econômico nacional, com relevantes consequências no cenário político que têm
sido sentidas com maior avidez durante a pandemia. Não significa necessariamente que as dificuldades
causadas pela Covid-19 estejam estritamente relacionadas a seu período anterior, até porque é de
quase impossível previsão o desabrochamento de tal catástrofe biológica.58 Porém, retomando-se a
ênfase no período reformista iniciado em 2017, é possível de se identificar que a iniciativa por
mudanças poderia ter se dado em tempo anterior, sem a dita pressão por uma solução legislativa para
problemas estruturais e complexos.
Visualiza-se importante paradoxo no momento em que é nítido que períodos de bonança e/ou calmaria
não ensejam quaisquer modificações, sendo durante seu transcorrer que deveriam ser pensadas. Nos
momentos de crise é que elas são lançadas – menos propícios para tanto. Possivelmente, a estruturação
de alterações legislativas no âmbito trabalhista brasileiro em período menos conturbado, ao contrário
de 2017, teria obtido conclusão diversa e com maior robustez. Provavelmente, tais alterações teriam se
dado de forma menos flexibilizatória, logo, com a manutenção de uma maior intervenção estatal junto
à economia e, consequentemente, mais assistencial ao cidadão.
Não é objetivo do presente estudo debater se uma sistemática de maior ou menor intervenção é mais
ou menos benéfica: os pensamentos aqui expostos são independentes de tal polarização. De toda
sorte, há de se reconhecer que uma política econômica de Estado mais protetiva permite uma maior
consistência no que tange à segurança da população em momentos extraordinários como o atual.59 Eis,
portanto, o paradoxo da (não) intervenção: amplia-se a liberalidade legislativa trabalhista no intuito de
melhorar as condições dos trabalhadores em um momento comum, em que, em tese, não há tanta
necessidade de auxílio por parte do Estado; reverte-se tal sentido em momento extraordinário,
justamente quando há maior demanda por auxílio.
Apontamentos como os ora expostos propõem-se a explorar uma realidade quase que esquecida na era
contemporânea, ainda mais em momentos de extrema volatilidade como o que está se passando. A
adoção de uma atividade mais ou menos intervencionista por parte do Estado, bem como a explicitação
da necessidade de uma profunda reflexão sobre as possíveis consequências (positivas ou não) de tais
direcionamentos, principalmente em médio e longo prazo, é um debate necessário e que, infelizmente,
ou é esquecido, ou é colocado em um bojo marcado pela cega polarização político-ideológica.
Mas não aqui.
Espera-se que o presente texto sirva de auxílio ao leitor e à ciência juslaboral como relevante
instigação quanto aos temas expostos e, principalmente, suscite uma ponderada – porém, eficiente –
 capacidade de reflexão e, ainda mais, de indagação.
4. Conclusão

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As reflexões expostas no presente artigo permitiram o alcance de algumas conclusões. Não absolutas,
até porque se acredita ter restado clarividente que é necessário o reconhecimento de que situações
extraordinárias que alteram uma suposta ordem natural das coisas sejam plenamente possíveis de
ocorrer.
De todo modo, identificou-se a tendência liberal-econômica antes impregnada no Brasil, muito em face
da influência sofrida do mesmo movimento similar ocorrido ao redor do mundo. Porém, a pandemia
causada pela Covid-19 acabou por instigar a possibilidade de incisivos questionamentos quanto a tal
sistema socioeconômico, uma vez que as políticas ditas “liberais” não foram capazes de sustentar a
sociedade civil durante o período excepcional.
Por meio do aprofundamento da figura do “trabalhador intermitente”, restou possível se verificar no que
consiste, em resumo, a toada flexibilizatória, alvo de pontuais críticas, uma vez que pode acabar por
consistir não em um fornecimento de novas possibilidades, mas, sim, precarização das relações de
trabalho e estabelecimento de uma forma de subemprego. Ainda que figuras semelhantes tenham sido
originadas no continente europeu, diferenças básicas na comparação com o previsto na legislação
brasileira denotam uma maior proteção ao trabalhador.
Com o advento da Covid-19, interessantes posicionamentos foram adotados por países ditos “liberais”,
com a adoção de medidas consideravelmente mais protetivas e intervencionistas por parte da figura do
Estado. Logo, restou assimilada uma fragilidade do binômio liberalismo/não intervenção, uma vez que
houve a demanda para tanto. Como resultado, uma guinada reversa por parte das políticas econômicas
globais acabou por se concretizar, com possibilidade de exercer forte influência sobre os rumos a serem
seguidos em período futuro, dado o necessário e forçoso período de reflexão enfrentado.
Quanto a tal reflexão, destaque seja dado a um inexistente movimento nesse sentido por parte da
sociedade global em tempos mais convidativos. Tendo em vista que a volatilidade de um período de
crise aumenta consideravelmente o risco e os possíveis prejuízos a serem sofridos em cada tomada de
decisão, é nítido que reenquadramentos são periodicamente necessários para um bom fluxo do Estado.
Portanto, o presente estudo concluiu que a resposta ao paradoxo da intervenção estatal no domínio
econômico, aflorada no período pandêmico, consiste em uma necessária reestruturação das políticas
socioeconômicas em nível global, principalmente no que tange à adoção de pontuais cooperações
internacionais. Não se refere aqui à circulação globalizada de mercadorias e prestação de serviços,
mas, sim, à necessidade de uma postura mais cooperativa e solidária por parte dos Estados. Acredita-
se que as latentes preocupações políticas causadas pela Covid-19 não estão estritamente relacionadas
a um problema de saúde pública, mas, sim, econômico, uma vez que o massivo número de fatalidades
e a impossibilidade do natural mover da engrenagem do mercado restam severamente prejudicados
durante este período.
No período que se compreende nos últimos dois ou três séculos, não houve tamanha comoção global e
surpreendentes movimentos quase que uníssonos em prol de um mesmo objetivo, como o “fique em
casa”. Não que ele não seja necessário, ao contrário. É de extrema importância, quase que um
movimento lógico, como forma de precaução da contaminação do vírus. Contudo, é importante que se
saliente a inexistente atenção a tantas outras questões enfrentadas pela sociedade global, diariamente,
durante séculos, e que possuíam e possuem importância similar, mas que não foram alvo de quaisquer
consternações.
Não se vê o noticiário relatando o caos vivido pela África, em alguns países, onde milhares morrem pelo
Ebola. Ou, ainda mais alarmante, de subnutrição. O próprio movimento das migrações globais, em que
milhares de refugiados fogem de guerras em suas nações, em raras ocasiões foi tratado de forma que
se pudesse dar um suporte a esses indivíduos – seja mediante uma reflexão global ou interna de cada
país.
Em síntese, o que este artigo propõe é a necessidade de reflexão. Jamais seletiva, mas, sim, astuta e
com possibilidade de uma visualização diversa (não necessariamente antagônica) da que é adotada no
senso comum.
Aqui, a reflexão resta na necessidade de uma reformulação no manuseio que tem sido dado à
sociedade, em especial aos indivíduos em seu espectro “trabalhador”. Seja mediante um intuito mais ou
menos intervencionista do Estado, a acomodação e a tomada de decisão enviesada politicamente não
são opções possíveis no momento em que o mundo se encaminha para meados do século XXI, com
irreversíveis questões a serem lidadas em momento não muito distante, como o ambientalismo e a
superpopulação.
Nem sempre será possível o alcance da verdade. Contudo, pensando – e, ironicamente, criando novos
paradoxos – é o único meio de chegarmos até ela.
5. Referências

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12/08/2021 Envio | Revista dos Tribunais

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1 .Em linhas sobre o fascismo italiano e a consequente característica intervencionista da legislação
trabalhista por ele adotada: ARENDT, Hannah. Las origenes del autoritarismo. Madrid: Alianza, 1982.
p. 486-513.
 
2 .GONÇALVES, Antônio Baptista. COVID-19 desafia o estado democrático de direito na efetivação dos
direitos fundamentais. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 1016, jun. 2020. p. 5.
 
3 .“Nova”, pois ainda que em tempos pretéritos houvesse “trabalho intermitente”, não se encontrava
pavimentada a devida previsão legal a ele destinada.
 
4 .Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho
intermitente. [...] §3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de
serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de
serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de
atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria
(BRASIL. Lei 13.467 de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) [...]. Disponível em:
[www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm]. Acesso em: 10.04.2020).
 
5 .Sobre os princípios característicos do direito do trabalho, ver: RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios
de direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTR, 2000.
 
6 .Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter
especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário
mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função
em contrato intermitente ou não (BRASIL. Lei 13.467 de 2017. Altera a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) [...]. Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/
l13467.htm]. Acesso em: 10.04.2020).
 
7 .A Constituição brasileira (§ 7º do art. 62 da CF) estabelece que medidas provisórias devem ser objeto
de aprovação pelo Congresso Nacional, sob pena de perderem sua validade. A Medida Provisória
(MP) 808/2017 foi publicada em 14.11.2017 e não foi submetida ao Congresso para aprovação. Dessa
forma, a medida perdeu sua validade em 23 de abril de 2018, gerando efeitos durante o período de
14.11.2017 a 22.04.2018.
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8 .Art. 3º – Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário (BRASIL. Decreto-Lei 5.452 de 1943
(Consolidação das Leis do Trabalho). Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del5452.htm]. Acesso em: 02.05.2020).
 
9 .Aqui pode se comentar que é possível haver contrato e nenhum trabalho ad eternum. Questiona-se,
ainda, se seria possível a contratação de pessoas com deficiência nas porcentagens obrigatórias por lei
em modalidade de empregado intermitente, mas sem a realização de nenhuma convocação desse
empregado, possibilitando a falsa inserção desses indivíduos no ambiente de trabalho, sem real avanço
social e individual do contratado. Essa forma de burla da legislação, claramente discriminatória, parece
possível pelo texto legal, ainda que facilmente refutável em eventual judicialização do fato.
 
10 .Considerado aquele emprego desenvolvido de forma precarizada no que tange a garantias
contratuais e qualidade do meio ambiente de trabalho.
 
11 .Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social: [...] IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o
poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; [...] (BRASIL. [Constituição (1988)].
Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em:
[www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm]. Acesso em: 02.05.2020).
 
12 .Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter
especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário
mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função
em contrato intermitente ou não (BRASIL. Lei 13.467 de 2017. Altera a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) [...]. Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/
l13467.htm]. Acesso em: 02.05.2020).
 
13 .Haja vista que há a necessidade de contribuição por parte de diversos indivíduos para que um
possa vir a receber determinado benefício.
 
14 .Principalmente em face da característica da legislação trabalhista, desvinculada do Direito Civil em
sua gênese.
 
15 .O regramento do trabalho intermitente em Portugal se encontra elencado nos artigos 158.º a 160.º
do Código do Trabalho (PORTUGAL. Lei 7/2009 (Código do Trabalho). Disponível em: [https://dre.pt/
web/guest/legislacao-consolidada/-/lc/114799007/201809142017/73522848/diploma/índice]. Acesso
em: 02.05.2020).
 
16 .Art. 158.º 1 – O contrato de trabalho intermitente está sujeito a forma escrita e deve conter:
a) Identificação, assinaturas e domicílio ou sede das partes; b) Indicação do número anual de horas de
trabalho, ou do número anual de dias de trabalho a tempo completo. 2 – Quando não tenha sido
observada a forma escrita, ou na falta da indicação referida na alínea b) do número anterior, considera-
se o contrato celebrado sem período de inactividade. 3 – O contrato considera-se celebrado pelo número
anual de horas resultante do disposto no n.º 2 do artigo seguinte, caso o número anual de horas de
trabalho ou o número anual de dias de trabalho a tempo completo seja inferior a esse limite
(PORTUGAL. Lei 7/2009 (Código do Trabalho). Disponível em: [https://dre.pt/web/guest/legislacao-
consolidada/-/lc/114799007/201809142017/73522848/diploma/índice]. Acesso em: 02.05.2020).
 
17 .CARVALHO, Antonio Nunes. Contrato de Trabalho a Tempo Parcial (Tópicos de Reflexão). IX e X
Congresso Nacional de Direito do Trabalho – Memórias. Coimbra: Almedina, 2007. p. 221.
 
18 .GOMES, Júlio. IX e X Congresso Nacional de Direito do Trabalho – Memórias. Coimbra: Almedina,
2007. p. 75.
 

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19 .“CONTRATOS zero horas”: Uma polémica britânica. EURONEWS, 01.05.2015. Disponível em:
[https://pt.euronews.com/2015/05/01/contratos-zero-horas-uma-polemica-britanica]. Acesso em:
02.05.2020.
 
20 .Section 27A. Exclusivity terms unenforceable in zero hours contracts [...] (INGLATERRA.
Employment Rights Act 1996. Disponível em: [www.legislation.gov.uk/ukpga/1996/18/section/27A].
Acesso em: 02.05.2020).
 
21 .Sobre o welfare state, em resumo, ver: DELGADO, Maurício Godinho; PORTO, Lorena Vasconcelos.
O estado de bem-estar social no capitalismo contemporâneo. Revista de Direito do Trabalho, São Paulo,
v. 128, out.-dez. 2007. p. 155-164.
 
22 .ADAMS, Abi; FREEDLAND, Mark; PRASSL, Jeremias. The ‘Zero-Hours Contract’: Regulating Casual
Work, or Legitimating Precarity? Oxford Legal Studies Research, [S.l.], n. 11, fev. 2015. p. 2.
 
23 .NICOLA Smith: “New jobs are mostly low-pay and insecure”. EURONEWS, 01.05.2015. .Disponível
em: [www.euronews.com/2015/05/01/nicola-smith-new-jobs-are-mostly-low-pay-and-insecure].
Acesso em: 02.05.2020.
 
24 .Na Itália, são severas as críticas ao estatuto do trabalhador intermitente, que é “caracterizado por
muitos deveres e pouquíssimos direitos” (BONI, Guido. Contratto di Lavoro Intermittente e
Subordinazione. Rivista Italiana di Diritto del Lavoro, [S.l.], ano XXIV, parte I, 2005. p. 134).
 
25 .COLUMBU, Francesca. O trabalho intermitente na legislação laboral italiana e brasileira. Revista dos
Tribunais, São Paulo, v. 984, p. 277-301, out. 2017.
 
26 .GONÇALVES, Antônio Baptista. COVID-19 desafia o estado democrático de direito na efetivação dos
direitos fundamentais. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 1016, jun. 2020. p. 5.
 
27 .No Brasil, por exemplo, a Constituição Federal brasileira estabelece a valoração à livre iniciativa.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios: [...] II – propriedade privada; [...] IV – livre concorrência (BRASIL. [Constituição (1988)].
Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em:
[www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm]. Acesso em: 02.05.2020).
 
28 .STÜRMER, Gilberto. Direito constitucional do trabalho no Brasil. São Paulo: Atlas, 2014. p. 128-131.
 
29 .LOCKE, John.  Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Martin Claret, 2011. p. 101.
 
30 .Consistente no ato voluntário dos cidadãos de permanecerem em suas residências durante o maior
tempo possível, para evitar o contágio e propagação da Covid-19.
 
31 .Dado que a principal alternativa à manutenção da atividade laboral foi a adoção do home office.
 
32 .SEBRAE. Micro e pequenas empresas geram 27% do PIB do Brasil. Disponível em: [https://
m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/mt/noticias/micro-e-pequenas-empresas-geram-27-do-pib-do-
brasil,ad0fc70646467410VgnVCM2000003c74010aRCRD]. Acesso em: 02.05.2020.
 
33 .CORRÊA, Murilo. Capitalismo cognitivo e renda universal: do igualitarismo transcendental ao direito
biopolítico. Direitos Culturais, Santo Ângelo, v. 12, n. 26, p. 109-134, jan.-abr. 2017.
 
34 .OSWALD, Vivian. Coronavírus: medidas de estímulo na Europa já somam € 1,8 trilhão. O Globo,
26.03.2020. Disponível em: [https://oglobo.globo.com/economia/coronavirus-medidas-de-estimulo-na-
europa-ja-somam-18-trilhao-24329339]. Acesso em: 02.05.2020.
 

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35 .Na Espanha, abriram-se linhas de crédito especiais para empresas afetadas; na França, um plano
econômico de emergência foi implementado e o Estado pagou por dois meses a remuneração de
funcionários parcialmente desempregados; na Itália, o pagamento de hipotecas foi suspenso. Esses e
vários outros exemplos demonstram uma maior protetividade e intervenção dos países europeus. Em:
BARRÍA, Cecília. Coronavírus: o que as grandes economias do mundo estão fazendo para evitar
falências e a falta de dinheiro. BBC, 21.03.2020. Disponível em: [www.bbc.com/portuguese/
internacional-51983863]. Acesso em: 18.05.2020.
 
36 .EUA chegam a acordo de US$ 2 trilhões para aliviar impactos do coronavírus na economia. G1,
25.03.2020. Disponível em: [https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/03/25/eua-concluem-
acordo-de-us-2-trilhoes-de-estimulo-a-economia.ghtml]. Acesso em: 02.05.2020.
 
37 .Como o “seguro-desemprego”, figura semelhante à existente também no Brasil. Os pedidos
aumentaram exponencialmente nas últimas semanas, conforme se vê em: PEDIDOS de seguro
desemprego nos EUA passam de 30 milhões em seis semanas. G1, 30.04.2020. Disponível em: [https:/
/g1.globo.com/economia/noticia/2020/04/30/pedidos-de-seguro-desemprego-nos-eua-passam-de-30-
milhoes-em-seis-semanas.ghtml]. Acesso em: 02.05.2020.
 
38 .Medidas Provisórias (MP) são um instrumento com força de lei, adotados pelo presidente da
República, em casos de relevância e urgência. Produz efeitos imediatos, mas depende de aprovação do
Congresso Nacional para transformação definitiva em lei. Definição extraída do próprio site da Câmara
dos Deputados (BRASIL. Câmara dos Deputados. Medida Provisória. Disponível em:
[www2.camara.leg.br/comunicacao/assessoria-de-imprensa/medida-provisoria]. Acesso em:
02.05.2020).
 
39 .Art. 501 – Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do
empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente (BRASIL. Decreto-
Lei 5.452 de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho). Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del5452.htm]. Acesso em 02.05.2020).
 
40 .Art. 1º. Esta Medida Provisória dispõe sobre as medidas trabalhistas que poderão ser adotadas
pelos empregadores para preservação do emprego e da renda e para enfrentamento do estado de
calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do Coronavírus (covid-19),
decretada pelo Ministro de Estado da Saúde, em 3 de fevereiro de 2020, nos termos do disposto na Lei
nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. [...] Parágrafo único. O disposto nesta Medida Provisória se
aplica durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 2020, e,
para fins trabalhistas, constitui hipótese de força maior, nos termos do disposto no art. 501 da
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. [...]
Art. 2º. Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, o empregado e o empregador
poderão celebrar acordo individual escrito, a fim de garantir a permanência do vínculo empregatício,
que terá preponderância sobre os demais instrumentos normativos, legais e negociais, respeitados os
limites estabelecidos na Constituição. [...] Art. 4º. Durante o estado de calamidade pública a que se
refere o art. 1º, o empregador poderá, a seu critério, alterar o regime de trabalho presencial para o
teletrabalho, o trabalho remoto ou outro tipo de trabalho a distância e determinar o retorno ao regime
de trabalho presencial, independentemente da existência de acordos individuais ou coletivos,
dispensado o registro prévio da alteração no contrato individual de trabalho (BRASIL. Medida Provisória
927 de 2020. Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Mpv/mpv927.htm].
Acesso em: 02.05.2020).
 
41 .MUNARI, Cristiano; OLIVEIRA, Rodrigo. Após reunião, clubes propõem antecipação das férias e
redução de 25% dos salários dos jogadores. GAÚCHAZH, 23.03.2020. Disponível em: [https://
gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/noticia/2020/03/apos-reuniao-clubes-propoem-antecipacao-das-
ferias-e-reducao-de-25-dos-salarios-dos-jogadores-ck856s7xt076e01pqgxw6t12v.html]. Acesso em:
04.05.2020.
 
42 .Vide discussão sobre o enquadramento ou não da pandemia como “força maior”, e a referência a
medidas tomadas por empregadores (LOPES, Lúcio Feijó; FERLA, Fernanda. Coronavírus é força maior
em contratos? JOTA, 18.03.2020. Disponível em: [www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/coronavirus-
e-forca-maior-em-contratos-18032020]. Acesso em: 04.05.2020).
 
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43 .Uma possível necessidade de acompanhamento na formalização do acordo decorre da fragilidade do


trabalhador perante seu contratante, característica principal da legislação trabalhista.
 
44 .A Lei 13.467/17 introduziu à CLT o Capítulo II-A, com início no art. 75-A, questões específicas
referentes ao Teletrabalho. Para mais, ver: FINCATO, Denise Pires. Teletrabalho na Reforma Trabalhista
Brasileira. Revista Magíster de Direito do Trabalho, Porto Alegre, v. 14, p. 51-65, 2018.
 
45 .Conforme as preocupações dispostas pelo legislador no art. 75-E, no qual: “O empregador deverá
instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar
doenças e acidentes de trabalho”; e seu parágrafo único: “O empregado deverá assinar termo de
responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador”.
 
46 .De acordo com conceito extraído do próprio site da Caixa Econômica Federal, que é a instituição
financeira responsável pelo pagamento de tais valores: “O Auxílio Emergencial é um benefício financeiro
destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e
desempregados, e tem por objetivo fornecer proteção emergencial no período de enfrentamento à crise
causada pela pandemia do Coronavírus-COVID 19” (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Auxílio emergencial
do Governo Federal. Disponível em: [https://auxilio.caixa.gov.br/#/inicio]. Acesso em: 04.05.2020).
 
47 .Há pessoas que acreditam que catástrofes sanitárias são um sentir do Apocalipse.
 
48 .Nas colocações geniais de Sertillanges, que já externava tal pensamento em 1920: “Que fazer por
este século arquejante? Mais do que nunca, o pensamento espera pelos homens e os homens pelo
pensamento. O mundo corre perigo por falta de máximas de vida. Encontramo-nos num comboio que
desfila a toda a velocidade, e não há sinalização, nem agulheiros. O planeta não sabe para onde vai, a
sua lei abandona-o: quem lhe restituirá o seu sol?” (SERTILLANGES, Antonin-Gilbert.  A vida
intelectual: seu espírito, suas condições, seus métodos. São Paulo: É Realizações, 2016. p. 16).
 
49 .Nas famosas Meditações de Marco Aurélio: “Podes viver bem a tua vida, se és capaz de caminhar
pelo bom caminho, se és capaz de pensar e agir com método. Essas duas coisas são comuns à alma de
Deus, à alma do homem e à alma de todo ser racional: o não ser impedido por outro, o buscar o bem
em uma disposição e atuação justa e o colocar fim a tua aspiração aqui” (MARCO AURÉLIO. Meditações.
Brasília: Kiron, 2011. p. 34).
 
50 .Talvez com exceção em uma remota cidade do interior ou no litoral, incapaz de serem visitadas
neste período de quarentena, infelizmente.
 
51 .Não se está falando do capitalismo, socialismo, comunismo, ou qualquer outro sistema político-
econômico. Refere-se ao modus operandi dos indivíduos.
 
52 .O ideal democrático surgiu no século V a.C., a partir das reflexões gregas.
 
53 .Com destaque para Montesquieu, o principal idealizador do sistema de Tripartição dos Poderes do
Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário (ainda que separação semelhante já houvesse sido
proposta anteriormente, inclusive por Aristóteles) (MONTESQUIEU. Do espírito das leis. São Paulo:
Editora Brasil, 1960. v. 1).
 
54 .Alusão ao Instagram, Facebook, Twitter e outras redes sociais que usam tal expressão para que os
usuários possam demonstrar sua interação com as chamadas “postagens”.
 
55 .Figura importante que “gerencia” a atividade comercial mundo afora é a Organização Mundial do
Comércio (World Trade Organization). Com sede na Suíça, possui importante estrutura que supervisa a
atividade comercial global (talvez, inclusive, ferindo um pouco o viés liberal). Mais informações em:
WORLD TRADE ORGANIZATION.  Who we are? Disponível em: [www.wto.org/english/thewto_e/
whatis_e/who_we_are_e.htm]. Acesso em: 04.05.2020.
 
56 .O Estado pode pensar. O Estado é formado de pessoas. Ainda que, doutrinariamente, muito se
desenhe o Estado (também a Igreja e outros exemplos) como uma instituição abstrata e fictícia, ele é

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formado por indivíduos, determinados ou não. Logo, esses indivíduos pensam – têm de – e,
consequentemente, o conjunto de seus pensamentos realiza essa ficção.
 
57 .Período posterior a períodos conturbados durante os anos 1990, onde o Brasil enfrentou sérios
problemas referentes à inflação, inclusive tendo que implementar um novo tipo de moeda para
contornar tal situação.
 
58 .Em que pese Bill Gates tenha referido em palestra, anos antes do novo coronavírus, que o próximo
“grande problema” a ser enfrentado pelo mundo seria de cunho viral.
 
59 .O texto foi redigido durante o mês de abril de 2020.
     

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