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FICHAMENTO DE CITAÇÃO

HELENO, Gilberto. Ortega y Gasset. Ideias & Letras, 2019. P. 133-145.

“Ele tem plena liberdade e serenidade para afirmar que “vemos com plena evidência que não nos
é possível pensar realidade nenhuma na qual não esteja incluída a nossa vida, porque esta é a
única que temos, e nela terá de aparecer, surgir o ser a nós notificada a outra realidade”.” (p.133-
134)

“A realidade radical e indiscutível não é a consciência ou o sujeito, mas sim a vida, e nela,
consciência e sujeito estão incluídos: “dessa maneira, escapamos do idealismo e conquistamos
um novo nível”.” (p.134)

“O ponto de partida da filosofia da vida é bastante concreto, pois a vida é intransferível. “Viver é o
que ninguém pode fazer por mim”, e isto é um fato, não uma abstração idealista. A vida é a
realidade primeira e quem quiser propor uma outra, como o pensamento, por exemplo, “verá que
é impossível”, pois todas as outras realidades estão submetidas a ela.” (p.135)

“Para o raciovitalismo a ideia de princípio deve ser rechaçada, pois advogar um princípio para
toda realidade é desconsiderar a multiplicidade, característica fundante da realidade bruta.”
(p.136)

“A vida não é para, mas tem valor em si. Não é cega como a pedra, mas sempre preocupada em
se desvelar. Inconformada com o seu ser atual, quer mais, pois tem diante de si um horizonte
aberto: “viver é uma revelação, um não contentar-se com ser, mas um compreender ou ver o que
é, um inteirar-se. É o descobrimento incessante que fazemos de nós mesmos e do mundo ao
redor.” (p.137-138)

“O homem não pediu para estar no mundo; vir à vida em um contexto determinado por cultura,
crença e condição social não foi uma escolha do sujeito, e isso compromete sua liberdade:
“vivemos aqui, agora, nos encontramos em um lugar do mundo e nos parece que viemos a este
lugar livremente, porém, não somos livres para estar ou não neste mundo que é o de agora”.
(p.138)

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“A vida é projeto aberto, portanto, insegura, imprevisível e com inúmeras possibilidades. ... A vida
se constitui em tudo aquilo que o homem faz, “porque viver é encontrar-se a si mesmo no mundo,
ocupado com as coisas e seres do mundo”.” (p.140)

“Os jovens são os que mais se arriscam a viver um programa de vida inautêntico, em razão das
muitas seduções e ídolos que a cultura lhes apresenta: “o jovem está sempre querendo ser aquilo
que não é”.” (p.144)

“A vida humana é problemática também pela sua mortalidade. Para um ser imortal boa parte dos
problemas da vida nem mesmo existiria, pois o tempo não se esgotaria nunca. Para o homem
mortal isso não acontece; cada minuto passado tem valor absoluto, não volta mais: “a vida vivida
não tem remédio, conforme vai sendo, vai se consumindo. Viver é desviver-se”.” (p.144-145)

“Da fenomenologia que Ortega faz da vida, salta um delicado otimismo: não obstante a
dramaticidade da vida e a fatalidade do destino, é possível fazer da vida algo belo, pois a “beleza
da vida está precisamente em fazermos de sua matéria fatal uma figura nobre, independente de o
destino nos ser favorável ou adverso”.” (p.145)

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