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Aula 13

Direito Administrativo p/ Polícia Civil-PE (Agente) - Com videoaulas

Professores: Érica Porfírio, Erick Alves


Direito Administrativo para Agente PC-PE 2016
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 13

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Direito Administrativo para Agente PC-PE 2016
Teoria e exercícios comentados
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AULA 13
Olá pessoal!
Na aula de hoje vamos estudar o tema Controle da Administração
Pública, tendo como base o seguinte sumário:

SUMÁRIO

Controle da Administração Pública ...................................................................................................................... 3


Conceito ............................................................................................................................................................................ 3
Classificações ..................................................................................................................................................................... 6
Quanto ao alcance ......................................................................................................................................................... 6
Quanto ao órgão ............................................................................................................................................................ 8
Quanto ao momento .................................................................................................................................................... 8
Quanto à natureza...................................................................................................................................................... 10
Controle Administrativo .......................................................................................................................................... 14
Direito de petição ....................................................................................................................................................... 17
Sistema de controle interno .................................................................................................................................. 22
Controle Legislativo .................................................................................................................................................... 26
Controle parlamentar direto ................................................................................................................................. 32
Controle exercido pelo Tribunal de Contas ..................................................................................................... 37
Controle Judicial ........................................................................................................................................................... 65
Mandado de segurança ............................................................................................................................................ 67
Mandado de segurança coletivo........................................................................................................................... 77
Ação popular ................................................................................................................................................................ 79
Ação civil pública........................................................................................................................................................ 81
Outras ações ................................................................................................................................................................. 84
Controle social ............................................................................................................................................................... 85
Mais questões de prova ............................................................................................................................................ 86
Jurisprudência .............................................................................................................................................................112
RESUMÃO DA AULA ...................................................................................................................................................118
Questões comentadas na aula .............................................................................................................................121
Gabarito ...........................................................................................................................................................................133
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CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CONCEITO

Controle é a fiscalização exercida sobre as atividades de pessoas,


órgãos, departamentos, sistemas etc., para que tais atividades não se
desviem dos padrões e das normas preestabelecidas, e para que alcancem
os resultados desejados.
O controle é uma das funções administrativas clássicas: planejar,
coordenar, supervisionar, executar e controlar. De acordo com a teoria
da Administração, um sistema de controle eficaz garante que as
atividades sejam realizadas de maneira satisfatória, na direção dos
objetivos da empresa. Além do mais, nas grandes corporações modernas
de capital pulverizado, ou seja, que possuem muitos acionistas, os
verdadeiros donos geralmente estão afastados da gestão do negócio.
Diretores executivos são contratados para administrar a empresa com o
compromisso de dirigi-la para satisfazer os interesses dos proprietários do
capital. Nesse contexto, uma estrutura de controle possui a finalidade de
assegurar que o corpo executivo da companhia esteja seguindo as
diretrizes estabelecidas pelos proprietários, além de coibir atitudes
oportunistas dos executivos que satisfaçam seus próprios interesses em
detrimento da organização.
De forma semelhante, os recursos financeiros e patrimoniais
utilizados pelo Estado não pertencem ao Presidente da República nem aos
Governadores, Prefeitos, Deputados e demais agentes públicos, mas sim
ao povo, que recolhe tributos. É com esses recursos que o Estado
disponibiliza serviços à sociedade, adquirindo materiais para o
funcionamento das repartições, firmando contratos, realizando obras,
remunerando seus servidores, etc.
Mas é virtualmente impossível que o povo, por si mesmo, consiga
administrar os recursos que disponibiliza ao Estado. Por isso, delega essa
tarefa a intermediários legalmente habilitados, os gestores públicos, que
têm o dever de administrar os recursos em nome e em favor do povo,
obedecendo às normas aplicáveis. Paralelamente, de forma semelhante ao
que ocorre nas empresas privadas, existe toda uma estrutura de controle
atuando para assegurar que os governantes e demais responsáveis por
bens e valores públicos desempenhem suas tarefas com correção, em
consonância com o ordenamento jurídico e com princípios como os da
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moralidade, publicidade, impessoalidade e supremacia do interesse


público.
Não é por menos que o artigo 70 da Constituição Federal impõe o
dever de prestar contas a todos que tenham sob sua guarda qualquer
espécie de valor público. Vejamos:

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em
nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Hely Lopes Meirelles, em uma definição abrangente, porém concisa,


leciona que “controle, em tema de Administração Pública, é a faculdade de
vigilância, orientação e correção que um poder, órgão ou
autoridade exerce sobre a conduta funcional do outro”.
Os termos chaves dessa definição representam os principais atributos
do controle da gestão pública, que podem ser compreendidos da seguinte
forma:

 Vigilância: fiscalização e acompanhamento da gestão, com base nas


normas aplicáveis.

 Orientação: atuação pedagógica, preventiva, com vistas ao


aperfeiçoamento das práticas de gestão e à inibição de condutas lesivas
aos cofres públicos.
 Correção: assegura o cumprimento da lei e a recomposição do patrimônio
lesado.

 Poder: como corolário do Estado Democrático de Direito, a CF instituiu um


sistema de freios e contrapesos no qual os Poderes se vigiam
mutuamente, cada um fiscalizando e inibindo eventuais excessos do outro
(controle externo).
 Órgão: cada instituição pública possui em sua estrutura um órgão com
atribuição de fiscalizar a própria instituição (controle interno).

 Autoridade: autotutela da administração, que pode anular ou revogar


seus próprios atos.

Em nosso dia-a-dia, é muito comum nos depararmos com notícias


sobre obras superfaturadas, fraudes em licitações, e outras tantas
falcatruas que têm em comum o fato de envolverem a malversação de
recursos públicos. Tais notícias somente vêm à tona porque alguma ação
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de controle foi realizada sobre a conduta do mau gestor, possibilitando a


identificação da irregularidade.
Ao toparmos com manchetes dessa natureza, podemos perceber que
o controle da Administração Pública pode ser feito de diversas formas e
por diferentes agentes. Com efeito, a Administração se sujeita, por
exemplo, ao controle judicial, realizado pelo Poder Judiciário e ao controle
social, realizado pelos cidadãos, além de exercer, ela mesma, o controle
sobre os próprios atos, como veremos com mais detalhes adiante.
Ademais, o Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais
de Contas, assim como o Ministério Público, exercem importante papel no
controle da Administração Pública.
Quando falamos em controle da gestão pública, estamos nos
referindo à fiscalização de qualquer ato administrativo, como a compra
de bens, admissão de pessoal, arrecadação de impostos, edição de
normativos, outorga de autorizações de uso de bens públicos etc. Assim,
essa modalidade de controle é mais perceptível sobre as atividades
realizadas pelo Poder Executivo, cujas funções típicas são as funções
administrativas, tanto na administração direta como na indireta. Mas o
controle da gestão pública também alcança o Poder Legislativo e o Poder
Judiciário, bem como o Ministério Público e o próprio Tribunal de Contas.
Contudo, o controle de que estamos falando não alcança as
funções típicas dos demais Poderes (Legislativo = legislar; Judiciário =
julgar) e órgãos autônomos (MP = fiscal da lei; TC = controle externo),
mas apenas suas funções administrativas. Por exemplo: o Tribunal de
Contas da União (TCU), a quem cabe realizar o controle externo sobre a
gestão dos recursos da União, não tem competência para fiscalizar se o
processo legislativo que resultou na edição de determinada lei foi
corretamente seguido pelo Congresso Nacional; também não pode dizer
se o Supremo Tribunal Federal decidiu ou não de forma adequada em
determinada ação direta de inconstitucionalidade. Mas, por outro lado,
poderá sim fiscalizar as licitações, as admissões de pessoal e todos os
demais atos que resultem receita ou despesa realizados tanto pelo
Congresso Nacional como pelo Supremo Tribunal Federal.
É oportuno registrar que as atividades da Administração Federal
obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: planejamento,
coordenação, descentralização, delegação de competência e controle,
conforme prescreve o Decreto Lei 200/1967 (art. 6º), que dispõe sobre a
organização da Administração Federal. Tal normativo, apesar de adstrito à
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União, serve para fixar as diretrizes gerais para os demais entes políticos
(Estados, Distrito Federal e Municípios).
Enfim, a atividade de controle permeia toda a Administração Pública,
em todos os Poderes. O que varia tão só é a espécie de controle, isto é,
como a atividade pode ser classificada. Vamos, então, a partir dessas
considerações iniciais, apresentar algumas classificações doutrinárias e
legais que se aplicam ao controle da gestão pública.

CLASSIFICAÇÕES

A atividade de controle da Administração Pública pode receber muitas


classificações. Vamos tratar aqui das mais usuais:

Espécies de controle

Quanto ao alcance Quanto ao órgão Quanto ao momento Quanto à natureza

Controle Controle de
Controle interno Controle prévio
administrativo legalidade

Controle Controle Controle de


Controle externo
Legislativo concomitante mérito

Controle
Controle Judicial
posterior

QUANTO AO ALCANCE

A classificação quanto ao alcance diz respeito ao posicionamento do


órgão controlador em relação ao controlado.
Quando o controle é exercido por um ente que não integra a mesma
estrutura organizacional do órgão fiscalizado é dito controle externo.
Por exemplo: quando o Congresso Nacional julga as contas prestadas
pelo Presidente da República, ou quando um juiz anula um ato do Poder
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Executivo, temos exemplos de controle externo, pois, nestes casos, um


Poder exerce controle sobre os atos de outro Poder. No primeiro caso, o
Legislativo e, no segundo caso, o Judiciário exercem controle sobre o
Executivo.
Por outro lado, quando o controle é exercido por órgão pertencente à
mesma estrutura organizacional da unidade controlada, é dito
controle interno. Normalmente, a doutrina considera “mesma estrutura
organizacional” como o “mesmo Poder”, fazendo com que a expressão
“controle interno” abarque todas as atividades de controle empreendidas
dentro de um mesmo Poder.
Assim, o controle que um Ministério exerce sobre os vários
departamentos administrativos que o compõem se caracteriza como
controle interno, simplesmente porque todos integram o Poder Executivo.
Outro exemplo seria o controle que as chefias exercem sobre os atos de
seus subordinados dentro de um órgão público, no exercício do poder
hierárquico.
Ressalte-se que o controle interno pode ser exercido por órgãos
especializados que, embora pertençam ao mesmo Poder, não possuem
vinculação hierárquica com os órgãos controlados. A Controladoria-Geral
da União (CGU), por exemplo, é órgão especializado que exerce controle
interno no âmbito de todos os órgãos e entidades administrativas
pertencentes ao Poder Executivo Federal1. No caso, a classificação da
CGU como órgão de controle interno não é porque ela possui ascendência
hierárquica sobre os demais órgãos do Executivo e sim porque ela própria,
assim como os órgãos que controla, também é um órgão do Poder
Executivo, só que com atribuições específicas de controle, ou seja, sob a
ótica do Executivo, trata-se de um controle exercido “por dentro”2.

1 A CGU só não atua sobre a Presidência e Vice-Presidência da República, o Ministério das Relações

Exteriores, o Ministério da Defesa, incluindo os comandos militares, e a Advocacia-Geral da União, os quais


possuem Secretarias de Controle Interno (Ciset) próprias (órgãos setoriais do sistema de controle
interno).
2 A CGU é um órgão ligado diretamente à Presidência da República. O seu titular é um Ministro de Estado.
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Existe divergência na doutrina quanto à classificação do


controle exercido pela administração direta sobre as
entidades da administração indireta de um mesmo Poder
(controle finalístico, supervisão ministerial ou tutela administrativa).
Para Celso Antônio Bandeira de Mello trata-se de controle interno, mas exterior
É interno porque realizado dentro de um mesmo
Poder; e é exterior por dizer respeito a um órgão fiscalizando uma entidade
(pessoas jurídicas distintas).
Já Maria Sylvia Di Pietro e Carvalho Filho classificam a tutela administrativa como
uma forma de controle externo, porque controlador e controlado não pertencem à
mesma estrutura hierárquica.

QUANTO AO ÓRGÃO

Administrativo ou Interno: é o controle que a Administração exerce


sobre seus próprios atos (tutela ou autotutela). Em outras palavras, é o
controle exercido por instituições administrativas, como, por exemplo,
a Controladoria-Geral da União, as unidades de auditoria interna das
empresas governamentais e os órgãos de controle interno dos Poderes
Legislativo e Judiciário.
Legislativo ou Parlamentar: é o controle exercido diretamente pelo
órgão legislativo (Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas ou
Congresso Nacional) ou pelos Tribunais de Contas que lhes prestam
auxílio.
Judicial: realizado pelos juízes e tribunais do Poder Judiciário,
por intermédio de ações próprias da função jurisdicional, a exemplo do
mandado de segurança e da ação popular.

QUANTO AO MOMENTO

Controle prévio (a priori): é o controle exercido antes da conduta


administrativa se efetivar. Possui caráter preventivo, orientador, e visa
evitar a ocorrência de irregularidades.
Exemplos clássicos deste tipo de controle são as autorizações e as
aprovações, como a aprovação pelo Senado Federal da escolha feita pelo
Presidente da República para determinados cargos (ex: Ministros de
tribunais superiores, Procurador Geral da República e dirigentes de
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agências reguladoras). Outro exemplo é quando o Senado Federal aprova


empréstimos externos por parte dos entes federativos (CF, art. 52, V3).

O ordenamento jurídico atual não mais prevê a


necessidade de homologação prévia pelo
Tribunal de Contas como condicionante para a
eficácia de atos administrativos. Isso estava previsto no período entre as
constituições federais de 1946 e 1967, mas não existe mais.
Naquele período, todos os atos da Administração, inclusive licitações e respectivos
contratos para compras, obras e serviços, deveriam passar pelo crivo prévio do
Tribunal de Contas para que pudessem produzir efeitos, num verdadeiro excesso
de burocracia.
Já hoje em dia, a regra não é mais essa, ou seja, gestores públicos firmam contratos
e executam despesas sem precisar de qualquer anuência prévia do Tribunal de
Contas.
Nesse sentido, o STF já declarou inconstitucional lei estadual que determinava que
todos os contratos celebrados entre o governo do Estado e empresas particulares
dependeriam de registro prévio perante o Tribunal de Contas Estadual4.
Porém, em algumas situações específicas, por expressa disposição legal, ainda se

caso das licitações para concessão de serviços públicos na esfera federal, cujo Edital
deve ser enviado ao TCU para aprovação antes de ser publicado.

Controle concomitante (pari passu): efetuado no momento em que a


conduta administrativa está sendo praticada. Também possui caráter
preventivo, pois permite coibir irregularidades tempestivamente.
Exemplo de controle concomitante é a realização de auditorias sobre
atos ou contratos administrativos que ainda estão sendo consumados,
como uma obra ainda em andamento que sofre uma auditoria do TCU.

3 Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


(...)
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios;
4 ADI 916/MT
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Controle posterior (a posteriori): efetuado após o ato administrativo


ter sido praticado. Possui caráter corretivo e, eventualmente,
sancionador. É a forma mais utilizada de controle.
Exemplos de controle posterior são a homologação de um
procedimento licitatório, o julgamento das contas dos administradores
públicos pelo TCU e a realização de auditorias para fiscalizar a
regularidade de atos administrativos já consumados ou os resultados
alcançados por programas de governo.

QUANTO À NATUREZA

O controle da gestão pública, quanto à natureza, ou seja,


considerando o seu foco, o aspecto a ser controlado, classifica-se em:

Controle de legalidade: verifica se a conduta do gestor guarda


consonância com as normas aplicáveis, de qualquer espécie - leis,
regimentos, resoluções, portarias etc.
Ex: no controle da legalidade de uma construção de rodovia, pode ser
verificado se a contratação da empreiteira responsável pela obra foi realizada em
conformidade com a Lei de Licitações.

O controle da legalidade pode ser interno ou externo, no primeiro


caso se exercido pelos órgãos da própria Administração que praticou o ato
(poder de autotutela) e no segundo se feito pelo Poder Judiciário, no
exercício da função jurisdicional, ou pelo Poder Legislativo, nas situações
previstas na Constituição Federal.
O resultado do controle de legalidade pode ser, de um lado, a
confirmação da validade (ratificação, homologação) de atos praticados
em conformidade com o ordenamento jurídico ou, de outro, a anulação
de atos administrativos ilegais. No âmbito desse controle é possível,
ainda, a convalidação, pela Administração, de atos praticados com
defeitos sanáveis.
A homologação (ou não) de uma licitação pela autoridade competente
do órgão ou entidade que realizou o procedimento constitui exemplo de
controle de legalidade interno. De outra parte, são exemplos de
controle de legalidade externo o exame pelo Judiciário, em mandado
de segurança, da legalidade de um ato do Executivo e a apreciação pelo
Poder Legislativo, com base em auditorias realizadas pelo Tribunal de
Contas, da legalidade dos atos de gestão do Executivo.
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Verifica a
conformidade
do ato com o
ordenamento Controle de
Exercido pela própria Administração
jurídico legalidade interno

Controle de Exercido pelo Judiciário ou pelo


Controle de legalidade externo Legislativo sobre os atos da Administração
legalidade

- Confirmação da validade (atos legais);


Resultados
- Anulação (atos ilegais);
possíveis
- Convalidação (atos com defeitos sanáveis)

Controle de mérito: é o controle que se consuma pela verificação da


conveniência e oportunidade da conduta administrativa. Trata-se de
um controle discricionário, exercido igualmente sobre atos
discricionários. Nesse controle, não se questiona a legalidade do ato;
afere-se apenas se uma conduta anterior merece prosseguir ou deve ser
revista, com base em razões de conveniência e oportunidade da própria
Administração.
Ex: no controle de mérito, a Administração pode rever a sua decisão
anterior de construir uma rodovia de pista simples para construir uma de pista
dupla.

O resultado do controle de mérito pode ser a confirmação da


conduta, quando esta não precisa ser revista ou a revogação dos atos
discricionários que, embora válidos, tenham se tornado inoportunos e
inconvenientes para a Administração.
O ponto mais importante a respeito do controle de mérito reside na
competência para exercê-lo. Com efeito, o controle de mérito é privativo
da Administração Pública, não se submetendo à sindicabilidade do
Poder Judiciário. O controle judicial restringe-se à aferição da legalidade e
da legitimidade das condutas administrativas, mas não adentra o mérito
do ato. Em outras palavras, o Judiciário, no exercício da função
jurisdicional, pode anular atos ilegais, mas não pode revogar atos
administrativos por razões de conveniência e oportunidade.
Os elementos que perfazem o mérito do ato administrativo (motivo e
objeto) somente poderão ser objeto de análise pelo Poder Judiciário nos
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casos em que contrariarem princípios administrativos (como moralidade,


imparcialidade e eficiência) ou que forem desproporcionais ou não
pautados em critérios previstos em lei. Porém, mesmo que o Judiciário se
utilize dos princípios administrativos para exame de um ato discricionário,
isso não significará invasão do mérito, e sim controle de legalidade e
legitimidade.
Quanto ao controle exercido pelo Poder Legislativo sobre os atos da
Administração, a doutrina reconhece que, em algumas situações, pode ser
um controle de mérito. Como exemplo, podemos citar as diversas
situações em que é necessária uma autorização prévia ou uma aprovação
do Legislativo para a prática de algum ato pelo Executivo, como ocorre na
apreciação prévia pelo Senado do nome escolhido pelo Presidente da
República para ocupar o cargo de Presidente do Banco Central. A
apreciação do Senado, nesse caso, é essencialmente discricionária, ou
seja, atinge o mérito do ato de nomeação. Na verdade, esse tipo de
controle exercido pelo Legislativo é um controle político, mas a doutrina
chama de controle de mérito para ressaltar que não se trata de controle
de legalidade, e sim de controle em que o Legislativo atua com
discricionariedade. Ressalte-se, contudo, que o controle de mérito
exercido pelo Legislativo nessas situações é um controle prévio e jamais
chega ao ponto de revogar um ato administrativo já praticado pela
Administração. A revogação só pode ser efetivada pela própria
Administração que praticou o ato.

Verifica a conveniência e
oportunidade de atos discricionários
Privativo da própria Administração

Controle de mérito
Tem como resultado a confirmação da
conduta ou a revogação do ato
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1. (Cespe – TCE/ES 2012) Uma das funções precípuas do Poder Judiciário é


realizar o controle de mérito dos atos administrativos do Poder Executivo que
contribuem para o melhor interesse da sociedade.
Comentário: O controle judicial, ao contrário do que diz a assertiva,
caracteriza-se por não realizar controle de mérito dos atos administrativos,
restringindo-se ao controle de legalidade.
Gabarito: Errado

2. (Cespe – TCE/TO 2008) Um sistema de controle externo se diferencia de um


sistema de controle interno na administração pública, pois
a) o primeiro se situa em uma instância fora do âmbito do respectivo Poder.
b) correspondem, respectivamente, à auditoria externa e à interna.
c) o primeiro tem função coercitiva e o segundo, orientadora.
d) o primeiro tem caráter punitivo, e o segundo é consultivo.
e) o funcionamento do primeiro deriva de um processo autorizativo, e o segundo é
institucional.
Comentário: Quanto ao posicionamento do órgão controlador em relação
ao controlado, o controle pode ser externo ou interno. O controle externo é
exercido por um ente não que integra a mesma estrutura organizacional do
órgão fiscalizado enquanto que o controle interno é exercido por ente que
também integra essa estrutura. Portanto, correta a alternativa “a”.
Gabarito: alternativa “a”

3. (Cespe – TJ/RO 2012) O abuso de poder é conduta comissiva, que afronta,


dentre outros, o princípio da legalidade e o da moralidade, e se sujeita, portanto, ao
controle judicial, que se sobrepõe ao controle administrativo.
Comentário: Não há predominância entre as formas de controle. Tanto o
controle judicial como o administrativo, o parlamentar ou o exercido pelos
Tribunais de Contas derivam do sistema de freios e contrapesos que rege a
Administração Pública, o qual assegura a harmonia entre os Poderes.
Gabarito: Errado
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CONTROLE ADMINISTRATIVO

Segundo a Professora Di Pietro, controle administrativo é o “poder


de fiscalização que a Administração Pública (em sentido amplo) exerce
sobre sua própria atuação, sob os aspectos de legalidade e mérito, por
iniciativa própria ou mediante provocação”.
Trata-se, portanto, de controle interno, exercido pelo Poder
Executivo e pelos órgãos administrativos dos Poderes Legislativo e
Judiciário sobre suas próprias atividades administrativas.
Os controles internos administrativos são inerentes às atividades de
uma organização, constituindo etapas de seus processos de trabalho, em
todos os níveis, desde a alta direção até os escalões operacionais. Como
exemplos de controles internos administrativos, pode-se citar: sistema de
autorização e aprovação de transações, segregação de tarefas, controles
físicos sobre os bens e informações, controle da chefia sobre os atos de
seus subordinados (controle hierárquico), instauração de processos
disciplinares, interposição de recursos administrativos etc.
Esse tipo de controle deriva do poder de autotutela da
Administração, expresso na Súmula 473 do STF:

áá anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os


tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial

Nunca é demais destacar que anulação refere-se a controle de


legalidade: anulam-se atos ilegais; por sua vez, revogação refere-se a
controle de mérito: revogam-se atos inconvenientes ou inoportunos,
assim classificados segundo critérios discricionários da Administração.
Vale ressaltar que, em qualquer caso, sempre há a possibilidade de
apreciação do ato pelo Poder Judiciário, com a ressalva de que o Judiciário
exerce controle de legalidade, mas não de mérito, ou seja, promove a
anulação de atos ilegais, mas não a revogação de atos inoportunos e
inconvenientes.
Não se perca de vista, ainda, que a autotutela, para a anulação de
atos que geram efeitos favoráveis a um administrado, encontra um limite
temporal no prazo decadencial de cinco anos previsto na Lei 9.784/99,
de modo que o ato não pode mais ser anulado após esse prazo (salvo
comprovada má-fé).
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O poder de autotutela decorre da hierarquia, inerente, por


conseguinte, às relações de subordinação entre os órgãos integrantes de
uma mesma estrutura de Poder que estejam escalonados verticalmente,
tanto na administração direta como na indireta. Assim, por exemplo, os
Ministérios exercem controle hierárquico sobre suas secretarias, e estas
sobre suas superintendências, e assim sucessivamente. Igualmente, o
Conselho de Administração de um banco público exerce controle
hierárquico sobre as diretorias da entidade e estas sobre suas gerências
executivas.
De outra parte, existe também o controle administrativo
não hierárquico, isto é, o controle praticado entre órgãos que não estão
ligados numa relação de hierarquia, a exemplo do controle exercido pelos
órgãos especializados de controle, como a CGU realiza sobre os órgãos e
entidades do Poder Executivo. Outro exemplo é a tutela administrativa,
realizada pela administração direta sobre a indireta5.

Controle exercido
pela Administração
sobre suas próprias
condutas
Hierárquico Autotutela

Controle
administrativo Tutela

Não hierárquico
Órgãos especializados
de controle (ex: CGU)

5 Lembre-se que não há relação de hierarquia entre a administração direta e a indireta, mas apenas

vinculação.
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4. (Cespe – INPI 2013) O controle administrativo, que consiste no


acompanhamento e fiscalização do ato administrativo por parte da própria estrutura
organizacional, configura-se como controle de natureza interna, privativo do Poder
Executivo.
Comentário: O item está errado. A Professora Maria Sylvia Di Pietro
define o controle da Administração da seguinte forma:
O poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes
Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de
sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico.
Temos então, controle administrativo, judicial e legislativo como
espécies do gênero controle da Administração. O controle administrativo é o
poder de fiscalização e correção que o Estado-administrador efetua sobre sua
própria atuação, nos aspectos de legalidade e mérito, seja por iniciativa
própria ou por provocação. A função administrativa está presente em todos
os Poderes do Estado. Embora o Poder Executivo a exerça tipicamente, os
demais Poderes, de forma atípica, também administram. Isso se dá, por
exemplo, quando realizam concurso público ou quando adquirem bens e
serviços. Dessa forma, o controle administrativo é exercido no âmbito de
todos os Poderes, não só no Executivo. Os Poderes Judiciário e Legislativo
exercem controle administrativo ao desempenharem sua função atípica de
administrar.
Gabarito: Errado

5. (Cespe – MPTCDF 2013) O controle administrativo é um controle de


legalidade e de mérito, exercido exclusivamente pelo Poder Executivo sobre suas
próprias condutas.
Comentário: A primeira parte da assertiva (O controle administrativo é
um controle de legalidade e de mérito...) está correta. Lembre-se de que o
controle administrativo deriva do poder de autotutela, pelo qual a
Administração pode anular atos ilegais (controle de legalidade) ou revogar
atos inconvenientes/inoportunos (controle de mérito).
Todavia, o restante da frase macula o quesito, pois o controle
administrativo não é exercido exclusivamente pelo Poder Executivo, mas pela
Administração Pública em sentido amplo, compreendendo, portanto, a
administração direta e indireta de todos os Poderes e esferas de governo.
Assim, por exemplo, o STF, integrante do Poder Judiciário, pode anular uma
licitação promovida pelo próprio órgão para adquirir material de expediente,
caso constate alguma ilegalidade no procedimento. Nesse exemplo, perceba
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que o STF está atuando como Administração Pública, ou seja, exercendo


controle administrativo sobre suas funções administrativas, ainda que não
faça parte do Poder Executivo.
Gabarito: Errado

6. (Cespe – CNJ 2013) Com base no princípio da autotutela, e em qualquer


tempo, a administração pública tem o poder-dever de rever seus atos quando estes
estiverem eivados de vícios.
Comentário: No caso de atos dos quais decorram efeitos favoráveis aos
administrados, o poder de autotutela da Administração se sujeita ao prazo
decadencial de cinco anos, previsto na Lei 9.784/99; nesse caso, portanto, a
revisão não poderá ocorrer a qualquer tempo, daí o erro.
Gabarito: Errado

DIREITO DE PETIÇÃO

Os administrados podem provocar o controle administrativo ao


exercer o direito de petição, direito fundamental previsto no art. 5º,
XXXIV, “a” da Constituição Federal6. Tal direito consiste na possibilidade
que têm os administrados em geral de requerer providências e
informações aos órgãos públicos.
Vários são os meios pelos quais o direito de petição pode ser
exercido. Merecem destaque:
 Representação
 Reclamação

 Pedido de reconsideração
 Recurso

Para Hely Lopes Meirelles, representação “é a denúncia formal e


assinada de irregularidades internas ou de abuso de poder na prática de
atos da Administração feita por quem quer que seja à autoridade
competente para conhecer e coibir a ilegalidade apontada”.
A representação, portanto, é a forma pela qual o administrado,
servidor público ou não, pode levar ao conhecimento da Administração
qualquer irregularidade de que tenha conhecimento. Para os particulares,
a representação é um direito, ao passo que, para os servidores públicos,
ela é um dever.
6XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
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O dever de representar dos servidores públicos está previsto na


Lei 8.112/90:

Art. 116. São deveres do servidor:

XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

Já um exemplo importante do direito de representar que assiste aos


administrados em geral, abrangendo qualquer pessoa física ou jurídica,
está previsto na Lei de Licitações:

Art. 113 (...)

§ 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá


representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de
controle interno contra irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do
disposto neste artigo.

Note que a representação acerca de irregularidade em procedimentos


licitatórios não precisa ser feita por alguma autoridade ou servidor
público: qualquer pessoa, física ou jurídica, mesmo que não seja licitante,
poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos de controle
interno sobre alguma irregularidade ocorrida em licitação pública.
Já a reclamação, para Hely Lopes Meirelles, “é a oposição
expressa a atos da Administração que afetem direitos ou interesses
legítimos do administrado. O direito de reclamar é amplo e se estende
a toda pessoa física ou jurídica que se sentir lesada ou ameaçada de
lesão pessoal ou patrimonial por atos ou fatos administrativos”.
Em outras palavras, reclamação é expressão genérica que designa
qualquer forma de manifestação de discordância ou inconformismo do
administrado quanto a um ato ou omissão da Administração que tenha
afetado seus interesses.
A Lei 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo federal,
prevê a reclamação em seu art. 48, a saber:

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos


processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de
sua competência.

O Código Tributário Nacional, em seu art. 151, III, também prevê


uma espécie de reclamação que, no caso, possui o sentido de
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“impugnação administrativa”, com o fim de suspender a exigibilidade do


crédito tributário:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:


III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo;

O pedido de reconsideração, por sua vez, constitui uma espécie de


solicitação dirigida à mesma autoridade que expediu o ato, para que ela
o aprecie novamente e, caso reconsidere seu entendimento anterior, o
invalide ou modifique.
O pedido de reconsideração funciona, então, como uma “segunda
oportunidade” dada à autoridade que proferiu a decisão inicial, que pode
reformular a posição adotada inicialmente.
Na Lei 9.784/99, o pedido de reconsideração é previsto no art. 56,
7
§1º , o qual determina que os recursos administrativos devem ser
propostos perante a autoridade que proferiu a decisão, a qual poderá
reconsiderá-la no prazo de cinco dias.
Finalmente, o direito de petição também pode ser exercido por meio
dos recursos administrativos, expressão utilizada para designar a
petição manejada pela parte que deseja submeter determinada matéria à
reapreciação de outra autoridade, diversa daquela que proferiu a
decisão original.
É inconstitucional a exigência de depósito de
recursos financeiros ou arrolamento de bens
para que alguém possa apresentar um
recurso administrativo.

Os recursos administrativos podem ser hierárquicos próprios e


hierárquicos impróprios.
Recursos hierárquicos próprios são aqueles dirigidos à autoridade
ou ao órgão imediatamente superior à que proferiu a decisão recorrida.
Lembrando que, no processo administrativo federal, como destacado
acima, antes de os argumentos apresentados serem conhecidos como
recurso, serão encaminhados, mediante pedido de reconsideração, à
mesma autoridade que tenha proferido a decisão administrativa inicial, a

7 § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de

cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.


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qual, se não reconsiderar, encaminhará os argumentos a uma


autoridade superior, daí sim como recurso administrativo.
Recursos hierárquicos impróprios, por sua vez, são interpostos a
órgão ou autoridade que não possui relação hierárquica com a
autoridade ou órgão que editou o ato objeto de impugnação. Por não ser
decorrente de hierarquia, o recurso impróprio só é cabível se previsto
expressamente em lei.
O mais comum é o recurso hierárquico impróprio ser dirigido a
autoridade integrante de pessoa jurídica diversa daquele de onde se
originou o ato impugnado, a exemplo do recurso endereçado ao Ministério
contra ato praticado por uma autarquia a ele vinculada. Não obstante,
ressalte-se que os recursos impróprios podem ocorrer dentro de uma
mesma pessoa jurídica: o importante para caracterizar esse tipo de
recurso é que não haja relação hierárquica entre a autoridade que proferiu
a decisão recorrida e a responsável por apreciar o recurso. É o caso, por
exemplo, de recursos contra atos da Receita Federal interpostos perante o
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, que integra a
estrutura do Ministério da Fazenda, mas não tem relação de hierarquia
com a Receita Federal.
Prosseguindo no assunto, é importante salientar que, ao lado dos
recursos apresentados pelos administrados, existem, ainda, recursos
administrativos interpostos pela própria Administração que editou a
decisão recorrida, os chamados recursos de ofício. Os recursos de ofício
podem ser próprios ou impróprios e são cabíveis, em regra, somente
quando haja expressa previsão legal.
Ainda devemos lembrar da revisão de processo que, nos termos do
art. 65 da Lei 9.784/998, é a petição apresentada em face de uma decisão
administrativa que tenha resultado na aplicação de sanção, visando a
desfazê-la ou abrandá-la. A revisão pode ocorrer a qualquer tempo
quando há fato novo superveniente, algo desconhecido até o julgamento
do processo que resultou na aplicação da penalidade. A revisão pode
acontecer de ofício ou a pedido e não pode resultar em agravamento
da sanção. Diversamente, vale lembrar que o instituto do “reformatio in
pejus” (agravamento da sanção) é possível na apreciação de recursos
administrativos em geral. Fiquem atentos a isso!

8 Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a
pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a
inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.
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Sim Recursos administrativos

A situação do administrado
pode ser agravada?

Não Revisão do processo

Antes de encerrar este tópico, cumpre alertar que os conceitos


apresentados não são taxativos. Com efeito, as designações para as
diversas espécies de petições administrativas adotadas pelas leis, atos
normativos e pela doutrina podem variar, sendo possível encontrar outros
nomes e expressões, a exemplo de “impugnação”, “manifestação de
inconformidade”, “pedido de reexame”, “solicitação de revisão” etc.

7. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) O controle administrativo é instrumento


jurídico de fiscalização sobre a atuação dos agentes e órgãos públicos, realizado de
ofício por iniciativa própria, não se aceitando provocação da parte interessada.
Comentário: O controle administrativo pode ser realizado tanto de ofício
como por provocação da parte interessada, neste último caso, mediante o
exercício do direito de petição (ex: representação, reclamação, recurso
administrativo).
Gabarito: Errado

8. (Cespe – TJDFT 2013) O cidadão que denuncie ilegalidades e condutas


abusivas praticadas por determinado servidor do TJDFT no exercício da função
pública, mesmo não sendo diretamente afetado pela irregularidade perpetrada,
deve fazê-lo por meio do instituto da reclamação.
Comentário: O instrumento adequado para se fazer denúncias sobre
irregularidades internas ou condutas abusivas da Administração Pública é a
representação. Portanto, o quesito erra ao apontar que o instituto adequado
seria a reclamação. A reclamação, por seu turno, é utilizada quando se quer
manifestar discordância de algum ato praticado pela Administração que tenha
afetado o interesse do reclamante. Ficamos assim, então: na representação, o
interesse do administrado não necessariamente está em jogo (ele apenas
denuncia alguma irregularidade de que tem conhecimento); já na reclamação,
o interesse individual do administrado está presente.
Gabarito: Errado
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9. (Cespe – MPTCDF 2013) Caso deseje o reexame de decisão relativa a


determinado ato administrativo pela mesma autoridade que a emanou, o
interessado deverá realizar um pedido de reconsideração. Se a autoridade à qual o
interessado se dirigir não ocupar cargo na hierarquia do órgão que emitiu o ato, o
recurso interposto será um recurso hierárquico impróprio.
Comentário: A questão deve ser lida em partes. A primeira frase trata do
pedido de reconsideração, que é a solicitação dirigida à mesma autoridade
que expediu o ato, para que ela o aprecie novamente e, caso concorde com o
solicitante, invalide ou modifique sua decisão original. Constitui uma “etapa
prévia” à apreciação dos recursos administrativos (se a autoridade
reconsiderar sua decisão, o recurso nem segue para a autoridade superior).
Já a segunda frase descreve o recurso hierárquico impróprio, que é aquele
dirigido a autoridade não integrante da estrutura hierárquica da que expediu o
ato recorrido (ex: recursos dirigidos ao CARF contra atos da Receita Federal e
recurso endereçado ao Ministério contra ato praticado por uma autarquia a ele
vinculada).
Gabarito: Certo

10. (Cespe – AGU 2013) O recurso hierárquico impróprio, na medida em que é


dirigido à autoridade de órgão não integrado na mesma hierarquia daquela que
proferiu o ato, independe de previsão legal.
Comentário: O recurso hierárquico impróprio só é cabível se previsto
expressamente em lei.
Gabarito: Errado

SISTEMA DE CONTROLE INTERNO

Como vimos, controle interno é aquele exercido dentro de um mesmo


Poder, geralmente por órgão especializado que tenha sido criado para
essa finalidade.
No geral, o órgão de controle interno subordina-se diretamente à
autoridade administrativa máxima do ente, a qual dispõe, dessa forma, de
um mecanismo de avaliação para as ações desempenhadas fora da esfera
de suas atribuições privativas. O controle interno é um controle técnico,
vale dizer, serve para avaliar a conduta dos agentes públicos tendo como
parâmetro os limites delineados nas normas administrativas.
A Constituição Federal dispõe que os Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário manterão um sistema de controle interno (CF,
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art. 74), de forma integrada. Resumidamente, o sistema de controle


interno, no âmbito da União, organiza-se da seguinte forma:

Poder Legislativo, Cada órgão possui seu próprio controle interno.

Poder Judiciário, Ex: uma unidade de controle interno na Câmara, uma no


Senado; uma no STF, uma no STJ; uma no Ministério Público
MPU, TCU
Federal, uma no Ministério Público Militar; uma no TCU etc.

Órgão Central: CGU – orientação normativa e supervisão técnica


dos demais órgãos;

Órgãos Setoriais: Secretarias de Controle Interno (Ciset) da Casa


Civil, da AGU, do Ministério das Relações Exteriores e do
Ministério da Defesa;
Poder Executivo
Unidades Setoriais da Ciset do Ministério da Defesa: unidades de
controle interno dos comandos militares;

Unidades de controle interno próprias das entidades da


administração indireta.

As atribuições dos órgãos de controle interno, conforme previsto no


art. 74 da CF, são:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a


execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos
por entidades de direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem


como dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

Tais atribuições podem ser resumidas em:

Criando condições indispensáveis à sua


Apoiar o controle externo
eficácia

Servir como órgão de


Visando assegurar a legalidade, a eficiência e a
assessoramento da
eficácia da gestão.
autoridade administrativa
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Uma das missões do controle interno é apoiar o controle externo.


Como veremos adiante, a expressão “controle externo”, na Constituição
Federal, se refere ao controle financeiro exercido sobre a Administração
Pública pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas da
União (TCU). O trabalho do controle interno é fundamental para dar
suporte ao controle externo, sobretudo o desenvolvido pelo TCU.
Na prática, o controle interno apoia o controle externo por meio
da realização de auditorias nas contas dos responsáveis do órgão ou
entidade a que esteja vinculado, emitindo relatório, certificado de
auditoria e parecer para subsidiar o exame e julgamento a cargo do
Tribunal de Contas. Além disso, os órgãos integrantes do sistema de
controle interno deverão alertar formalmente a autoridade administrativa
competente para que instaure tomada de contas especial, sempre que
tiverem conhecimento de qualquer das ocorrências que demandem esse
procedimento.
Os responsáveis pelo controle interno também têm o dever de
comunicar ao Tribunal de Contas qualquer irregularidade ou ilegalidade de
que tenham conhecimento, sob pena de responsabilidade solidária 9
(CF, art. 74, §1º). Todavia, deve ficar claro que, embora o controle
interno tenha o dever estabelecido constitucionalmente de apoiar o
controle externo, não há relação de hierarquia entre eles,
há complementaridade.

11. (FCC – TCE/PR 2011) Nos termos previstos na Constituição Federal, os


responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas, sob pena de
a) demissão a bem do serviço público.
b) responsabilidade subsidiária.
c) responsabilidade solidária.
d) exoneração.
e) suspensão.
Comentários: Nos termos do art. 74, §1º da CF, os responsáveis pelo
controle interno que não derem ciência ao Tribunal de Contas acerca de

9 As bancas gostam de tentar confundir o candidato dizendo que a responsabilidade é subsidiária. NÃO É!

A responsabilidade é SOLIDÁRIA.
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qualquer irregularidade ou ilegalidade de que tenham conhecimento, estarão


sujeitos a responsabilidade solidária:
§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
pena de responsabilidade solidária.

Quer dizer que os servidores do controle interno responderão pela


irregularidade ou ilegalidade em igualdade de condições com a pessoa que a
cometeu. Vale ressaltar que a responsabilidade solidária não livra o servidor
de outras punições administrativas, inclusive as citadas no quesito
(demissão, suspensão ou exoneração), conforme venha a ser apurado em
processo administrativo, se for o caso. Todavia, o que interessa para a
questão é o que está previsto no mencionado dispositivo constitucional.
Gabarito: alternativa “c”
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CONTROLE LEGISLATIVO

O controle legislativo pode ser entendido como o controle exercido


pelas casas legislativas (Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e
Congresso Nacional) diretamente ou por meio dos Tribunais de Contas.
A Constituição Federal, ao tratar em seu art. 70 da fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
Administração Pública Federal, consagra o controle legislativo da seguinte
maneira:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional


e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Note, inicialmente, que o controle financeiro da União, vale dizer, da


Administração Pública Federal, será exercido mediante os seguintes
sistemas de controle:
 Sistema de controle externo
 Sistema de controle interno
Ressalte-se que, por força do chamado princípio de simetria
presente no art. 75 da CF10, os sistemas de controle nos Estados, Distrito
Federal e Municípios, previstos nas respectivas Constituições e Leis
Orgânicas, devem seguir, no que couber, as disposições relativas à União
previstas na Carta da República11.
Já abordamos o sistema de controle interno ao estudarmos o art. 74
da CF. Vimos que se trata de um controle administrativo, exercido por
órgãos especializados dentro de cada Poder. Nos interessa agora o
sistema de controle externo, a cargo do Poder Legislativo.
Como vimos, controle externo, em sentido amplo, é toda fiscalização
exercida por um ente que não integra a estrutura na qual o fiscalizado
está inserido. Todavia, na Constituição Federal, a expressão “controle
externo” se refere apenas à fiscalização contábil, orçamentária e

10Art. 75. As normas estabelecidas nesta Seção [art. 70 a 75] aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais
e Conselhos de Contas dos Municípios.
11Veja bem: no que couber , ou seja, podem ocorrer alterações nas normas locais, levando-se em
consideração as especificidades de cada região, desde que não sejam incompatíveis com o modelo
estabelecido para a esfera federal.
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financeira exercida sobre a Administração Pública pelo Poder


Legislativo, muitas vezes chamada apenas de controle financeiro.
A Carta Magna deixa isso assente em seu art. 70, caput (“A
fiscalização... será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo...”), transcrito anteriormente, e também no art. 71:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será


exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

De fato, a expressão “controle externo” demonstra a principal


característica do controle legislativo, realizado por órgão exógeno aos que
administram os recursos públicos e que representa os interesses dos
verdadeiros donos desses recursos, a sociedade.
Portanto, na Constituição Federal, somente o controle exercido pelo
Poder Legislativo sobre a Administração Pública recebe a denominação
de controle externo. Na esfera federal, o titular do controle externo é o
Congresso Nacional; no âmbito dos Estados, o titular é a Assembleia
Legislativa, enquanto nos Municípios, o controle externo cabe às
respectivas Câmaras Municipais.

Segundo a CF, o titular do controle externo


é o Poder Legislativo; na esfera federal,
portanto, o titular é o Congresso Nacional.

A fim de possibilitar o exercício do controle externo, a Carta Magna


conferiu ao Tribunal de Contas da União (TCU) a missão de auxiliar o
Congresso Nacional, mediante a definição de competências próprias e
privativas para a Corte de Contas (CF, art. 71).
Cuidado com o termo “auxiliar”, que pode levar a interpretações
errôneas. O TCU não é subordinado hierarquicamente ao Congresso
Nacional! No exercício do controle externo, a Constituição reservou ao
TCU atividades de cunho técnico, como a realização de auditorias e o
exame e julgamento da gestão dos administradores públicos. O Congresso
Nacional, embora titular do controle externo, não pode exercer nenhuma
das atribuições conferidas exclusivamente à Corte de Contas. No campo
do controle externo, cabe ao Parlamento atividades de cunho político,
também previstas na Constituição, sem qualquer relação administrativa,
hierárquica ou mesmo de coordenação com o Tribunal de Contas. Como se
vê, ambos atuam em vertentes diferentes do controle externo.
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Assim, por exemplo, o Congresso Nacional não tem competência para


realizar diretamente uma auditoria contábil em um Ministério do Governo
Federal. Deve solicitá-la ao TCU. Este, por sua vez, não realizará a
referida fiscalização por causa de uma eventual subordinação ao
Congresso, e sim porque tal atividade é da sua competência privativa,
conferida diretamente pela Constituição (CF, art. 71, IV), conforme
veremos adiante.
Pelo que foi dito, pode-se perceber que, no âmbito federal, os
sujeitos ativos do controle externo, isto é, os órgãos que exercem as
ações de fiscalização, são: o Congresso Nacional, na qualidade de titular
do controle; e o TCU, com competências próprias e privativas para auxiliar
o Congresso, mas sem lhe ser subordinado.
Por sua vez, os sujeitos passivos do controle externo, isto é, os
agentes que sofrem as ações de controle, são todos que, de alguma
maneira, administrem recursos públicos, não importa se pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, da administração direta ou da indireta, do
Poder Legislativo, Executivo ou Judiciário. A condição para que se assuma
o dever de prestar contas ao controle externo é a gestão de recursos
públicos, conforme disposto no art. 70, parágrafo único da CF:

Art. 70 (...)

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que,
em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

O objeto do controle legislativo de caráter financeiro são os atos


administrativos que envolvam receitas e despesas públicas. Ao
controle externo compete examinar se tais atos foram praticados em
conformidade com a lei e com os princípios administrativos, ou, ainda, se
atenderam aos objetivos dos planos e programas de governo.
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Ativo: Congresso Nacional (titular) e TCU (órgão técnico, sem


subordinação).

Passivos: Administradores das unidades de todos os Poderes


Sujeitos do constituídos, incluindo: administração direta, autarquias,
controle externo fundações, empresas estatais, sociedades de economia mista,
agências reguladoras, organizações sociais, concessionárias de
serviço público etc.

Entidades privadas e pessoas físicas que, de alguma forma,


administrem recursos públicos federais.

Licitações, contratos, pessoal, obras, patrimônio, sistemas,


concessões de aposentadoria, pensões, reforma, admissões de
Objetos do
pessoal, arrecadação e renúncia de receita, dívida, convênios,
controle externo privatizações, concessões de serviço, programas, políticas de
governo.

Segundo o art. 70, caput da CF, as áreas alcançadas pelo controle


externo são: contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial.
Assim, suponha que o Ministério da Educação, no âmbito do
programa fictício “Livro para Todos” tenha realizado uma licitação para
adquirir livros didáticos destinados a escolas públicas e uma denúncia é
encaminhada ao TCU com elementos indicando possíveis irregularidades
na compra. Para apurá-la, o Tribunal de Contas poderá realizar uma
fiscalização que, dependendo do objeto da denúncia, será de natureza:

Natureza da
O que será fiscalizado Exemplo
fiscalização

Auditoria para verificar se os eventos contábeis


Lançamentos e
Contábil relacionados à aquisição dos livros foram
escrituração contábil
corretamente registrados no SIAFI.

Arrecadação de Acompanhamento para verificar se os


Financeira receitas e execução de pagamentos efetuados ao fornecedor dos
despesas livros estão de acordo com o contrato.
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Elaboração e execução Inspeção para verificar a existência de previsão


Orçamentária
dos orçamentos orçamentária para a aquisição.

á P L T
Processos
fim de verificar se a distribuição dos livros está
Operacional administrativos e
beneficiando os destinatários da forma e na
programas de governo
medida desejada pelo Programa.

Auditoria para verificar se os livros adquiridos


Guarda e administração
foram realmente entregues pelo fornecedor e
Patrimonial de bens móveis e
se foram corretamente distribuídos para as
imóveis
escolas cadastradas no Programa.

Segundo o mesmo dispositivo da Constituição (art. 70, caput), os


aspectos a serem verificados nas fiscalizações, ou seja, os possíveis focos
do controle são: legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas. Vejamos como os três
primeiros (legalidade, legitimidade e economicidade) podem ser aplicados
ao nosso exemplo:

Foco da
Característica Exemplo
fiscalização

Verifica se a conduta do gestor Verificar: se o processo licitatório


guarda consonância com as seguiu a Lei de Licitações; se os
normas aplicáveis, de qualquer pagamentos foram realizados de
Legalidade espécie - leis, regimentos, acordo com a previsão contratual; se
resoluções, portarias etc. as regras da contabilidade pública
foram obedecidas na realização dos
lançamentos contábeis.

Verifica se o ato atende ao Verificar se as escolas mais


interesse público, à necessitadas foram atendidas em vez
impessoalidade, à moralidade e de, ao contrário, serem privilegiadas
aos demais princípios aquelas cujos responsáveis teriam
Legitimidade administrativos expressos e relações políticas com o Ministro.
implícitos na Constituição. Nesse último caso, a aquisição seria
ilegítima, mesmo se realizada em
conformidade com a Lei de
Licitações.
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Analisa a relação custo/benefício Verificar se o preço dos livros está de


da despesa pública, isto é, se o acordo com os referenciais de
gasto foi realizado com mercado ou, na falta, se o valor pago
Economicidade
minimização dos custos e sem é razoável, compatível com a
comprometimento dos padrões natureza e a qualidade da
de qualidade. publicação.

Além desses aspectos, a Constituição determina expressamente a


fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas,
cujo exame envolve avaliações de legalidade, legitimidade e
economicidade.
Subvenções, de acordo com a Lei 4.320/1964, são transferências de
recursos orçamentários destinadas a cobrir despesas de custeio das
entidades beneficiadas. Classificam-se em subvenções sociais quando
destinadas a órgãos ou entidades de caráter assistencial, cultural ou de
educação; e em subvenções econômicas, quando se destinam a cobrir
déficits de empresas públicas ou privadas de caráter industrial,
comercial, agrícola ou pastoril. Assim, os beneficiários deverão prestar
contas da aplicação das subvenções recebidas, sujeitando-se à devida
fiscalização dos órgãos de controle.
Renúncia de receita, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal,
envolve benefícios que impliquem redução discriminada de tributos, tais
como anistia, remissão, concessão de isenção em caráter não geral,
alteração de alíquota ou alteração de base de cálculo. Assim, o Poder
Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas, deve fiscalizar os órgãos
e entidades que tenham atribuição de conceder, gerenciar ou utilizar
recursos provenientes de renúncia de receita.

12. (Cespe – MPTCDF 2013) Em relação ao controle externo exercido pelo


Congresso Nacional, a fiscalização financeira diz respeito ao acompanhamento da
execução do orçamento e da verificação dos registros adequados nas rubricas
orçamentárias.
Comentário: O acompanhamento da execução do orçamento e a
verificação dos registros adequados nas rubricas orçamentárias é objeto da
fiscalização orçamentária. Já a fiscalização financeira diz respeito ao controle
da arrecadação de receitas e da execução de despesas, por meio do
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acompanhamento dos depósitos bancários, dos pagamentos efetuados, dos


ingressos dos valores etc.
Gabarito: Errado

13. (Cespe – AFT 2013) O controle da administração realizado pelo Poder


Legislativo com o auxílio do TCU abrange o denominado controle de
economicidade, pelo qual se verifica se o órgão público procedeu da maneira mais
econômica na aplicação da despesa, atendendo à adequada relação de custo-
benefício.
Comentário: O controle de economicidade relaciona-se à noção de
racionalidade e eficiência na realização da despesa pública. Deve-se buscar
não apenas gastar menos, mas gastar bem, adquirindo bens e serviços de
qualidade, na quantidade necessária (nem mais, nem menos) e a preços
compatíveis com o mercado.
Gabarito: Certo

O controle legislativo só pode ocorrer nas hipóteses, nas situações e


nos limites diretamente previstos na Constituição Federal. Nesse sentido,
a CF prevê, no âmbito do controle externo, atribuições que são de
caráter político e, por isso, exclusivas das casas legislativas
(controle parlamentar direto); e atribuições de caráter técnico,
exclusivas do Tribunal de Contas (controle técnico). Vamos estudá-
las, então!

CONTROLE PARLAMENTAR DIRETO

Existem algumas atribuições relacionadas ao controle externo que


são exercidas diretamente pelo Poder Legislativo, o conhecido controle
parlamentar direto ou controle político.
O controle parlamentar direto ou político, a exemplo do controle
judicial, decorre da estrutura de divisão de poderes, ou sistema de
freios e contrapesos, para restringir e limitar o poder dos governantes.
Assim, o Legislativo é o responsável por aprovar as políticas públicas, bem
como as regras para a arrecadação de receitas e a programação
orçamentária da execução das despesas, as quais devem ser seguidas e
executadas majoritariamente pelo Poder Executivo, mas também pelos
responsáveis pelas unidades administrativas dos demais Poderes,
obedecendo aos princípios da legalidade, legitimidade e economicidade.
Buscando o equilíbrio entre os Poderes, a Constituição definiu que a
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prestação de contas deve ser feita ao mesmo Poder que definiu as regras,
o Legislativo, que é o titular de controle externo.
Como veremos, nem todas as atribuições do controle parlamentar
direto estão relacionadas ao controle externo financeiro. Muitas são
atribuições essencialmente políticas, e não necessariamente envolvem o
exame das receitas e despesas públicas, a exemplo da aprovação da
nomeação de autoridades.
Dentre as atribuições do controle parlamentar, o art. 49 da CF
enumera que é da competência exclusiva do Congresso Nacional:

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do


poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da


República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;

Quanto ao inciso V, cumpre salientar que a competência para a


sustação do ato normativo produzido pelo Executivo que exceda dos
limites de sua competência é do Congresso Nacional (não do Senado ou
da Câmara). Além disso, há alguns pontos que merecem atenção:
 o Congresso Nacional pode sustar os atos normativos advindos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar. Não há que se falar em
anulação, que só poderia ser feita pela própria Administração (autotutela)
ou pelo Judiciário (controle judicial);

 os atos normativos que podem ser sustados são os do Poder Executivo


(não do Judiciário). Lembrando que a CF atribui ao Poder Executivo, por
intermédio do Presidente da República, a competência privativa para
editar decretos e regulamentos visando assegurar a fiel execução das leis
(art. 84, IV), assim como para editar decretos autônomos sobre a
organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos e sobre a
extinção de cargos ou funções públicas, quando vagos. Ademais, o art. 68
da CF prevê a possibilidade de o Presidente da República editar as
chamadas leis delegadas, mediante delegação do Congresso Nacional.
Toda vez que, nessas situações, o Executivo for além de seus limites
quando da elaboração dos atos normativos, estará exorbitando do poder
regulamentar, cabendo a sustação pelo Congresso Nacional.

Prosseguindo no art. 49 da CF, o inciso IX se refere à competência


do Congresso Nacional para julgar as contas do Presidente da
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República. Mais adiante, veremos que o Tribunal de Contas não julga as


contas do Chefe do Executivo, mas tão só as aprecia, mediante a emissão
de parecer prévio. A competência para julgamento das contas do Chefe do
Executivo, no caso federal, é do Congresso Nacional, e constitui
ato político.
Na hipótese de não apresentação das contas ao Congresso Nacional,
no prazo de 60 dias após a abertura da sessão legislativa, é competência
privativa da Câmara dos Deputados (não do Congresso ou do Senado)
proceder à tomada de contas do Presidente da República (CF, art. 51, II),
sendo esse mais um exemplo de controle parlamentar.
Quanto ao inciso X do art. 49, a doutrina aponta que a principal
finalidade do dispositivo é explicitar que o controle da Administração
Pública também é uma função típica do Poder Legislativo, tão importante
quanto a função de editar leis primárias.
Uma das formas de efetivar esse controle de forma direta consiste na
prerrogativa que as Casas do Congresso Nacional e suas comissões
possuem de convocar autoridades para prestarem, pessoalmente,
informações sobre assunto previamente determinado ou na competência
das Mesas da Câmara e do Senado para encaminhar pedidos escritos
de informações a essas autoridades. É o que diz o art. 50 da CF:

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de


suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer
titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República
para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem
justificação adequada.
(...)
§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de
Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo,
importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não -
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de
informações falsas.

Outra atribuição de controle parlamentar direto refere-se à


competência do Senado Federal para processar e julgar as seguintes
autoridades nos crimes de responsabilidade: o Presidente e o Vice-
Presidente da República, bem como os Ministros de Estado e os
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Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, nos crimes da


mesma natureza conexos com aqueles; os Ministros do STF; os membros
do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
Público; o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União
(CF, art. 52).
Ademais, é competência do Senado Federal aprovar previamente,
por voto secreto, após arguição pública, a escolha de determinados
magistrados e ministros do TCU, de Governador de Território, do
presidente e diretores do Banco Central, do Procurador-Geral da República
e de outras autoridades que a lei estabeleça (CF, art. 52, III).
Uma conhecida e importante ferramenta utilizada pelo Poder
Legislativo no controle da Administração Pública é a instauração das
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI). As CPI possuem
poderes de investigação próprios de autoridades judiciais para apuração
de fato determinado e por prazo certo. Suas conclusões, se for o caso,
serão encaminhadas ao Ministério Público para que promova a
responsabilização civil ou criminal dos infratores (CF, art. 58, §3º).

§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de


investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante
requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil
ou criminal dos infratores.

Por fim, cabe destacar as atribuições da Comissão Mista de Planos,


Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), que examina e emite
parecer sobre as contas do Presidente da República e sobre os planos e
programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição,
assim como exerce o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem
prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de
suas Casas (CF, art. 166, §1º).
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14. (Cespe – TCE/ES 2012) Compete exclusivamente à Câmara dos Deputados


suspender os atos dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal caso estes
tenham exorbitado os limites do poder regulamentar das leis expedidas pelos
respectivos órgãos legislativos.
Comentário: A questão trata do controle parlamentar/político exercido
sobre a Administração Pública diretamente pelos órgãos do Poder Legislativo.
A competência para sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa é do
Congresso Nacional e não da Câmara dos Deputados isoladamente, nos
termos do art. 49, V da CF. Ademais, o Congresso Nacional, quando for o
caso, somente pode sustar os atos do Poder Executivo federal, jamais do
estadual, municipal ou distrital. Nessas esferas, a competência é das
Assembleias Legislativas, das Câmaras Municipais ou da Câmara Legislativa
no caso do DF. Portanto, o quesito está incorreto.
Gabarito: Errado

15. (Cespe – TCU 2010) Considerando as normas constitucionais relativas a


controle externo, julgue o item a seguir: o Supremo Tribunal Federal não se sujeita
a controle externo exercido pelo Congresso Nacional.
Comentário: Os órgãos administrativos de todos os poderes constituídos
– incluindo, portanto, o Judiciário no qual está inserido o STF – são sujeitos
passivos do controle externo, cujo sujeito ativo, no âmbito federal, é o
Congresso Nacional, auxiliado pelo TCU (CF, art. 70 e 71). Mas lembre-se:
somente as funções administrativas, ou seja, as que envolvem receitas e
despesas de recursos públicos, tais como aquisição de bens, contratação de
serviços, admissão de pessoal etc., estão sujeitas ao controle externo. Assim,
uma decisão do STF tomada no exercício de suas atribuições típicas, como no
julgamento de uma ADIN, não se sujeita ao controle externo do Congresso ou
do TCU.
Gabarito: Errado

16. (Cespe – TCDF 2014) O controle legislativo é tanto político quanto financeiro.
O controle financeiro, no âmbito parlamentar, é exercido por meio de suas casas e
respectivas comissões. Há comissões permanentes e temporárias, entre as quais
as CPIs. No caso do DF, cabe precipuamente à Comissão de Economia,
Orçamento e Finanças da Câmara Legislativa (CLDF) fiscalizar a execução
orçamentária e financeira.
Comentário: Afirmativa correta. Trata-se da comissão permanente
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constituída na CLDF equivalente à Comissão Mista de Planos, Orçamentos


Públicos e Fiscalização (CMO) do Congresso Nacional, responsável pelo
acompanhamento e a fiscalização do orçamento público.
Importante ressaltar que o controle legislativo é precipuamente de
caráter político, mas também contempla atividades de controle financeiro,
como quando susta despesas não autorizadas e quando exerce o
acompanhamento e a fiscalização da execução orçamentária e financeira por
intermédio da comissão permanente.
Gabarito: Certo

17. (Cespe – MPU 2013) No exercício do controle legislativo, compete ao Senado


Federal, em caráter privativo, sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar, bem como os contratos que padeçam de
ilegalidade, neste último caso mediante solicitação da Comissão Mista de
Orçamento do Congresso Nacional.
Comentário: A competência para sustar os atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar (CF, art. 49, V), bem como os
contratos administrativos que padeçam de ilegalidade (CF, art. 71, §1º) é do
Congresso Nacional, e não do Senado Federal. Ademais, a sustação de
contratos pelo Congresso ocorre após a comunicação do Tribunal de Contas,
e não da Comissão Mista de Orçamento (CF, art. 71, IX, X e §1º).
Gabarito: Errado

CONTROLE EXERCIDO PELO TRIBUNAL DE CONTAS

Vimos que, segundo o modelo estabelecido pela Constituição Federal,


o Congresso Nacional é o titular do controle externo praticado sobre a
Administração Pública Federal. Mas, para que esse controle seja efetivo, a
Constituição estabelece que o Parlamento deve contar com o auxílio
técnico indispensável do Tribunal de Contas da União, que, mediante
sua ação fiscalizadora, o chamado controle técnico, de caráter
contábil-financeiro, busca garantir que a Administração arrecade, gaste
e administre os recursos públicos dentro dos limites da lei e do interesse
geral.
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Atualmente, no Brasil, além do Tribunal de Contas União


competente para realizar o controle externo na esfera
federal -, existem os seguintes tribunais de contas:
 26 tribunais de contas dos estados;
 01 Tribunal de Contas do Distrito Federal;
 04 tribunais de contas dos municípios (BA, CE, GO e PA);
 02 tribunais de contas municipais (Rio de Janeiro de São Paulo).
Como se percebe, todos os Estados brasileiros, assim como o Distrito Federal,
possuem um Tribunal de Contas responsável pelo controle externo dos recursos de
origem estadual (TCEs) e distrital (TCDF).
Quanto ao controle dos recursos de origem municipal, cabe diferenciar tribunais
de contas dos municípios (TC dos Municípios) de tribunais de contas municipais
(TCM).
Os primeiros são órgãos técnicos estaduais, responsáveis pelo controle externo de
todos os municípios do respectivo Estado. Atualmente, existem apenas 04, nos
Estados da BA, CE, GO e PA.
Os segundos são órgãos municipais que exercem o controle externo somente no
âmbito do Município no qual foram constituídos. No Brasil, existem apenas 02, nas
cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Nos municípios que não são abarcados pela jurisdição de um TC dos Municípios
ou de um TCM, o órgão técnico que auxilia as Câmaras Municipais no controle
externo é o respectivo Tribunal de Contas Estadual (TCE).
Embora previsto no art. 75 da CF, atualmente não existem órgãos de controle
externo denominados Conselhos de Contas dos Municípios, mas apenas Tribunais de
Contas.
A CF vedou a criação de novos TCM (CF, art. 31, §4º). Portanto, os únicos TCM
que podem existir no Brasil são os do Rio de Janeiro e de São Paulo, que já existiam
antes da promulgação da atual Constituição. Nenhum outro Município pode prever,
em sua lei orgânica, a existência de um Tribunal para controlar as contas municipais.
Todavia, nada impede a criação de TC dos Municípios (órgãos estaduais) pelos
Estados que ainda não os possuem. Nesse sentido já deliberou o STF12.

12 ADIn 687
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O Tribunal de Contas da União (assim como os demais tribunais de


contas do País) é órgão administrativo que auxilia tecnicamente o Poder
Legislativo no controle externo da gestão pública, sem, porém lhe ser
subordinado ou pertencer à sua estrutura. A Carta Magna assegura ao
TCU, inclusive, autonomia funcional, administrativa, financeira e
orçamentária, garantindo-lhe quadro próprio de pessoal (CF, art. 73), e
estendendo-lhe, no que couber, as atribuições relativas à auto-
organização do Poder Judiciário, previstas no art. 96 da CF, como elaborar
seu Regimento Interno, organizar sua Secretaria e propor,
privativamente, projetos de lei relativos à sua organização interna.

O Tribunal de Contas da União é um órgão colegiado, composto por


nove Ministros 13 , os quais se equiparam, em termos de garantias,
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens, aos Ministros do
Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 73, §3º).
É importante salientar que o TCU, apesar de ser um “Tribunal” e de
seus Ministros se equipararem aos Ministros do STJ, não pertence ao
Poder Judiciário e, por conseguinte, não exerce jurisdição, isto é, não
decide com definitividade o direito aplicável a um caso concreto litigioso.
Suas decisões possuem natureza administrativa e, como tal, podem ser
objeto de impugnação perante o Poder Judiciário em caso de
irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade.
O TCU tampouco, como já destacado, pertence ao Poder Legislativo,
apesar de auxiliar o Congresso Nacional no controle externo da
Administração Pública. De fato, o TCU não está subordinado
hierarquicamente a nenhum dos três Poderes: o Presidente do TCU não
deve obediência ao Presidente do Congresso Nacional, titular do controle
externo, e muito menos ao Presidente do STF ou ao Presidente da
República. Similarmente, o Presidente de um Tribunal de Contas Estadual
também não responde ao Presidente da Assembleia Legislativa ou ao
Governador do Estado, tampouco ao Presidente do TCU.
Por outro lado, da mesma forma que o Ministério Público, o TCU
também não constitui, por si só, um Poder. Diz-se que a tripartição
clássica dos Poderes do Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário – não
é suficiente para abarcar o perfil de instituições como o TCU e o Ministério
Público, órgãos de estatura constitucional que possuem competências

13Diversamente, os demais Tribunais de Contas do País são compostos por sete Conselheiros (CF, art. 75,
parágrafo único).
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próprias e privativas, sem estarem ligados hierarquicamente a nenhum


dos três poderes clássicos.
As principais competências do TCU relacionadas ao controle externo
estão expressas nos incisos do art. 71 da Constituição Federal.
Ressalte-se que tais competências são próprias e privativas do TCU, o
que denota sua independência em relação ao Congresso. Vamos, de forma
sucinta, estudar as competências da Corte de Contas mais relevantes para
o nosso objetivo. Lembrando que, em vista do princípio da simetria, tais
competências também são exercidas pelos demais tribunais de contas do
País.

Emitir parecer prévio sobre as contas do Presidente da República

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,


mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
recebimento;

O TCU aprecia – não julga! - as contas anuais do Presidente da


República e emite parecer prévio. O prazo para emissão do parecer
prévio é de até 60 dias a contar do recebimento das contas pelo
Tribunal.
Por força do art. 49, IX da CF, compete privativamente ao
Congresso Nacional o julgamento das contas do Presidente da
República. O TCU, saliente-se, somente as aprecia e emite parecer prévio.

Quem julga as contas do Presidente da


República é o Congresso Nacional.

O TCU apenas emite parecer prévio.

As contas prestadas pelo Presidente da República constituem as


chamadas contas de governo, de natureza política, que propicia uma
visão macro do desempenho da economia e das políticas sociais, em
confronto com as normas constitucionais, legais e regulamentares.
O parecer prévio emitido pelo TCU pode ser pela aprovação, com ou
sem ressalvas e recomendações, ou pela rejeição das contas. Todavia,
embora o parecer prévio seja conclusivo, é meramente opinativo, não
vinculando o julgamento a cargo do Congresso Nacional.
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O caput do art. 56 da LRF dispõe que as contas prestadas


pelo Chefe do Poder Executivo incluirão, além das suas, as
dos presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário e do chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer prévio,
separadamente, do Tribunal de Contas. Assim, a Lei prevê vários pareceres prévios a
serem emitidos pelo TCU, um para o presidente de cada órgão.
Entretanto, o referido dispositivo da LRF encontra-se suspenso, em caráter
liminar, pelo STF (ADIn 2.238/DF). Por esse motivo, o TCU, no momento, emite
parecer prévio exclusivamente em relação às contas do Presidente da República,
que são julgadas pelo Congresso Nacional, como previsto na Constituição.
As contas dos presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
Chefe do Ministério Público, ao contrário, em vez de serem objeto de pareceres
prévios individuais, são efetivamente julgadas pelo TCU, por força do art. 71, II da CF
e em consonância com a decisão do Supremo.
Não obstante, o relatório elaborado pelo TCU sobre as contas de governo, que
acompanha o parecer prévio, contempla informações sobre os demais Poderes e o
Ministério Público, compondo assim um panorama de toda a Administração Pública
Federal.

Vale lembrar que, caso o Presidente da República não preste as


contas, compete à Câmara dos Deputados tomá-las (art. 51, II, da CF).

18. (Cespe – TCDF 2012) De acordo com a Lei Orgânica do TCDF, é de


competência desse tribunal julgar as contas do governador do DF e elaborar
relatório sintético a esse respeito, emitindo parecer definitivo, no qual o conselheiro
relator — antes de se pronunciar sobre o mérito das contas — ordena a citação dos
responsáveis.
Comentário: Por simetria com o disposto na Constituição Federal, o
julgamento das contas dos Chefes do Poder Executivo nas demais esferas de
governo compete ao Poder Legislativo local, após parecer prévio emitido pelo
Tribunal de Contas competente. No caso do Distrito Federal, de que trata o
comando da questão, o julgamento das contas do governador compete à
Câmara Legislativa do DF e não ao TCDF, daí o erro. O TCDF, a exemplo do
TCU, apenas emite parecer prévio.
Gabarito: Errado
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19. (Cespe – TCE/RS 2013) Cabe ao TCE/RS julgar as contas a serem prestadas
anualmente pelo governador do estado e pelos prefeitos municipais, nos termos da
Lei Orgânica do TCE/RS.
Comentário: O Tribunal de Contas não julga as contas do Chefe do Poder
Executivo. Apenas emite parecer prévio. Quem julga é o Poder Legislativo,
nas respectivas esferas de governo, ou seja, Congresso Nacional (Presidente
da República), Câmara Legislativa (Governador de DF), Assembleias
Legislativas (Governadores dos Estados) e Câmaras Municipais (Prefeitos dos
Municípios).
Gabarito: Errado

20. (Cespe – TCE/BA 2010) Cabe exclusivamente ao Congresso Nacional


apreciar e julgar anualmente as contas de governo, consideradas em seu sentido
mais amplo.
Comentário: A exclusividade conferida pela Constituição ao Congresso
Nacional refere-se apenas ao julgamento das contas do Presidente da
República (CF, art. 49, IX). Também as apreciam o TCU, que emite parecer
prévio (CF, art. 71, I), e a Comissão mista de Senadores e Deputados (CMO),
que emite parecer, na forma de projeto de Decreto Legislativo (CF, art. 166,
§1º, I). Portanto, a palavra “apreciar” torna o quesito incorreto.
Gabarito: Errado

21. (Cespe – TCE/ES 2012) Uma das incumbências do tribunal de contas do


estado é a emissão de parecer prévio sobre as contas de prefeito municipal, que
deverá ser aprovado ou rejeitado pela câmara municipal, sempre por maioria
absoluta. Sendo divergente a posição dos vereadores, o parecer do tribunal deixará
de prevalecer por decisão de três quartos dos membros da câmara municipal.
Comentário: Primeiramente, cabe enfatizar que a competência para emitir
o parecer prévio sobre as contas de prefeito municipal é do Tribunal de
Contas responsável pelo controle externo do Município, o qual, na maior parte
dos casos, é o Tribunal de Contas do Estado. Nos Estados da Bahia, Ceará,
Goiás e Pará, todavia, esse parecer compete ao respectivo Tribunal de Contas
dos Municípios (órgão de controle externo estadual responsável pelo controle
externo de todos os Municípios do Estado), enquanto que nos Municípios do
Rio de Janeiro e de São Paulo, o parecer prévio sobre as contas do Prefeito
compete ao respectivo Tribunal de Contas Municipal. Em todos os casos, o
julgamento das contas compete à respectiva Câmara de Vereadores.
Quanto à assertiva, o erro está na expressão “aprovado ou rejeitado pela
câmara municipal, sempre por maioria absoluta”, eis que o parecer prévio só
poderá ser rejeitado por decisão de dois terços dos membros da Câmara
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Municipal, nos termos do art. 31, §2º da CF:


§2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito
deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
membros da Câmara Municipal.

Detalhe é que, diferentemente da esfera municipal, nas esferas federal e


estadual não existe previsão de quórum qualificado para derrubar o parecer
prévio do Tribunal de Contas.
Gabarito: Errado

Julgar as contas dos responsáveis por recursos públicos e dos


causadores de prejuízo ao erário

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,


bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
ao erário público;

Pelo dispositivo acima podemos dizer que:

Dos administradores e demais


responsáveis por dinheiros, bens e
Contas ordinárias anuais
valores públicos, da administração
direta e indireta
O TCU julga
as contas
Dos que derem causa a perda,
extravio ou outra irregularidade de Tomada de contas especial
que resulte dano ao erário

Enquanto o julgamento político das contas de governo está a cargo


do Poder Legislativo, o julgamento técnico da gestão administrativa de
todos os Poderes, da administração direta e indireta, objeto das
chamadas contas de gestão, é atribuição do Tribunal de Contas.
Aqui não se trata apenas de elaborar relatórios ou emitir parecer. Em
relação às contas prestadas pelos administradores públicos ou pelos que
causam dano ao erário, o TCU efetivamente profere um julgamento,
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decidindo se as contas são regulares, regulares com ressalva ou


irregulares, com base nos elementos apresentados.

As contas de governo têm como responsável apenas o


Chefe do Executivo e possuem caráter político, sendo
julgadas pelo Poder Legislativo. Já as contas de gestão
possuem caráter técnico e têm como responsáveis todos os servidores com
atribuições administrativas nas unidades da Administração Pública, de todos os
Poderes, sendo julgadas pelo Tribunal de Contas.

Cumpre salientar que, embora a decisão do TCU sobre a regularidade


das contas efetivamente se materialize num julgamento, tal decisão, como
todas as demais proferidas pelo órgão, possui natureza administrativa.
As contas julgadas pelo TCU podem ser de duas espécies principais:

 Tomadas e prestações de contas ordinárias anuais: independem de


suspeita de irregularidades e se destinam a avaliar e julgar o desempenho
e a conformidade da gestão dos responsáveis em um determinado
exercício;
 Tomadas de contas especiais: processo com rito próprio, destinado a
apurar responsabilidade por ocorrência de dano ao patrimônio da
Administração Pública (erário) e obtenção do respectivo ressarcimento.

Detalhe importante é que, enquanto nos processos de contas anuais


ordinárias o TCU julga apenas as contas de agentes públicos vinculados à
Administração (como dirigentes de unidades administrativas, membros de
comissão de licitação, ordenadores de despesas etc.), nas tomadas de
contas especiais os responsáveis podem ser qualquer pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, responsável por causar dano ao erário.
Nesse caso, a lei exige apenas um evento específico para ocorrer a
necessidade da apresentação das contas, qual seja, a configuração de
prejuízo ao patrimônio público, não importando quem o tenha
causado. Agentes públicos e privados respondem da mesma forma. É o
caso, por exemplo, de uma Organização Não-Governamental que receba
repasse do Governo Federal e não destina os recursos para os fins
devidos. Tal entidade, ainda que não pertença à Administração Pública,
terá que prestar contas ao TCU sobre a utilização dos recursos federais a
ela repassados e, caso reste configurado o dano ao erário, os
responsáveis terão as contas julgadas pelo Tribunal.
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É importante saber que, como consequência do julgamento das


contas, o TCU tem competência para condenar o responsável a
ressarcir o prejuízo causado ao erário (imputar débito). O TCU
também pode aplicar-lhe sanções, como a imposição de multa.
Conforme o art. 73, §3º da CF, as decisões do TCU de que resulte
imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo
extrajudicial. Isso significa que o débito imputado (obrigação de
ressarcir o prejuízo) ou a multa aplicada podem ser levados diretamente
ao Poder Judiciário para cobrança, em ação de execução, sem
necessidade de discussão prévia em uma ação judicial de conhecimento,
como ocorre nas ações executórias em geral. Assim, em razão da força de
título executivo, se o responsável não honrar no prazo a multa ou o débito
oriundos da decisão do TCU, a execução judicial dessa dívida tende a ser
mais rápida.

22. (CGU – AFC 2012 – ESAF) As contas de gestão do TCU são julgadas pela(o)
a) Congresso Nacional.
b) Câmara dos Deputados.
c) Tribunal de Contas da União.
d) Senado Federal.
e) Supremo Tribunal Federal.
Comentário: O art. 71, II da CF, que trata do julgamento das contas de
gestão, preceitua:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,
bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público;
Portanto, quaisquer contas de gestão que envolvam recursos públicos
federais são julgadas pelo TCU, inclusive as dele próprio, referentes às suas
atividades administrativas (contratação de pessoal, aquisição de bens etc),
cujos responsáveis são os servidores da Secretaria e o Presidente do
Tribunal. Por isso, correta apenas a alternativa “c”.
Vale ressaltar que o §2º do art. 56 da LRF, que não foi suspenso pelo
STF, determina que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) emita parecer
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sobre as contas do TCU.


§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido no prazo
previsto no art. 57 pela comissão mista permanente referida no § 1o do art. 166 da
Constituição ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais.

Perceba que o Poder Legislativo não julga as contas do Tribunal. A CMO


apenas emite um parecer. Os gestores do TCU recebem quitação do próprio
Tribunal e não do Congresso Nacional. E o TCU não precisa aguardar o
parecer da CMO para julgar suas próprias contas, pois esse parecer não
vincula o julgamento. Na verdade, ante a suspensão do caput do art. 56, não
tem qualquer função prática. O que acaba acontecendo é que o TCU envia
suas contas para a CMO quase que a "título de conhecimento".
Por fim, saliente-se que essa sistemática (TC julga suas próprias contas)
não necessariamente é replicada nas demais esferas de governo. No DF, por
exemplo, as contas do TCDF são julgadas pela Câmara Legislativa, conforme
disposto na Lei Orgânica distrital. Nesse caso, o TCDF não se pronuncia
sobre suas próprias contas. Seus gestores recebem quitação da Câmara
Legislativa. E o parecer emitido pela comissão equivalente à CMO possui uma
função mais efetiva, que é subsidiar o julgamento a cargo do Parlamento.
Cabe ressaltar que essa sistemática (Legislativo julga as contas do TC) não
segue o modelo estabelecido na CF (TC julga suas próprias contas), mas sua
legitimidade e constitucionalidade foram reconhecidas pelo Supremo Tribunal
Federal na ADI 1.175/DF.
Há ainda o caso dos Tribunais de Contas dos Municípios, responsáveis
pelo controle externo dos municípios do Estado (existentes na BA, CE, GO e
PA). Segundo entendimento do STF na ADI 687, tais tribunais, por serem
órgãos estaduais, devem prestar contas perante o Tribunal de Contas do
Estado (responsável pelo controle externo dos recursos estaduais), e não
perante a Assembleia Legislativa. Dessa forma, por exemplo, os gestores do
TC dos Municípios da Bahia devem prestar contas perante o TCE/BA, e não
perante o próprio TC dos Municípios da Bahia ou à Assembleia Legislativa, e
assim sucessivamente.
Gabarito: alternativa “c”

23. (Cespe – TRT10 2013) Ao Tribunal de Contas da União não cabe julgar as
contas dos administradores de sociedades de economia mista e empresas públicas,
visto que a participação majoritária do Estado na composição do capital não
transmuda em públicos os bens dessas entidades.
Comentário: Por disposição constitucional expressa (CF, art. 70, caput)
as entidades da administração indireta estão sujeitas ao controle externo. Há
uma decisão antiga do STF que retirava as sociedades de economia mista
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exploradoras de atividade econômica da jurisdição do Tribunal de Contas.


Contudo, tal entendimento já foi superado, e a Suprema Corte reformou sua
decisão, reconhecendo a competência do TCU para fiscalizar as sociedades
de economia mista, inclusive as exploradoras de atividade econômica, como o
Banco do Brasil e a Petrobras. Portanto, o quesito está errado. Sobre o tema,
vale dar uma olhada na decisão proferida pelo Supremo no MS 25.092/DF (a
ementa está no final da aula). Prevaleceu naquele julgado o entendimento de
que a lesão ao patrimônio da sociedade de economia mista atingiria, além do
capital privado, também o erário, em vista da participação majoritária do
Estado na composição do capital da entidade, daí o fundamento para a
submissão ao controle externo,
Gabarito: Errado

Apreciar, para fins de registro, a legalidade de atos de pessoal

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de


pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de
provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório;

Os atos de pessoal praticados no âmbito da administração direta ou


indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo
Poder Público, estão sujeitos a registro, implicando a apreciação de sua
legalidade pelo Tribunal de Contas, da seguinte forma:

O TCU aprecia a legalidade, para fins de registro:


 dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta.
 das concessões de aposentadorias, reformas e pensões.

Porém, o TCU não aprecia a legalidade, para fins de registro:


 das nomeações para cargo de provimento em comissão.
 das melhorias posteriores das aposentadorias, reformas e
pensões que não alterem o fundamento legal do ato
concessório.
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Apreciar para fins de registro significa que todo ato administrativo


que tenha como objeto a admissão de pessoal ou a concessão de
aposentadorias, reformas e pensões somente se completará com o
respectivo registro pelo TCU. Efetuado o registro, o ato é confirmado; caso
contrário, o ato é desconstituído. Assim, se o Tribunal considerar ilegal a
aposentadoria concedida a um servidor, por não preencher os requisitos
de tempo de serviço, por exemplo, o registro do ato será negado e o
órgão de origem deverá cessar o pagamento dos proventos.
O TCU aprecia, para fins de registro, a legalidade dos atos de
admissão de pessoal, a qualquer título, compreendendo as admissões
de empregados públicos, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), da mesma forma que os servidores estatutários, regidos pela
Lei 8.112/1990. Na apreciação da legalidade dos atos de admissão de
pessoal, o TCU avalia, fundamentalmente, se foi obedecido o princípio do
concurso público e se não está havendo acumulação ilegal de cargos.
As nomeações para cargo em comissão e função de confiança
constituem a única exceção, sendo dispensadas da apreciação pelo TCU
para fins de registro em vista da precariedade do vínculo com a
Administração, pois são de livre nomeação e exoneração. Vale ressaltar,
contudo, que tais nomeações somente não são submetidas a registro,
mas continuam sujeitas às demais formas de fiscalização do
Tribunal, como auditorias e inspeções, pois, apesar de serem de livre
nomeação e exoneração, devem observância aos ditames constitucionais e
legais.
Por exemplo: é vedada a nomeação para cargo em comissão de
parentes até 3º grau da autoridade nomeante (Súmula Vinculante nº 13
do STF). Além disso, as nomeações para cargo em comissão devem
observância aos limites da LRF para gastos com pessoal. Assim, o TCU
pode realizar uma auditoria em determinado órgão e verificar se as
nomeações para cargos de provimento em comissão estão ou não de
acordo com essas regras, embora não aprecie tais nomeações para fins de
registro.
Quanto às concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
o dispositivo somente alcança os benefícios que são pagos com recursos
do Tesouro Nacional aos servidores públicos federais, civis e militares ou
seus beneficiários. Assim, o TCU não aprecia as aposentadorias dos
empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia
mista, integrantes da administração indireta, concedidas à conta do
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Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que obedece a regime


específico.
É desnecessário novo registro se houver melhoria posterior que
não altere o fundamento legal da concessão do benefício como, por
exemplo, se houver aumento dos proventos do aposentado por conta da
revisão geral de remuneração prevista no art. 37, X da CF, ou por conta
da extensão de alguma gratificação concedida aos servidores ativos.
Entretanto, se, por exemplo, esse mesmo aposentado for beneficiário de
decisão judicial determinando a revisão do seu tempo de serviço e o
consequente recálculo de proventos, houve alteração do fundamento do
ato concessório, de modo que a renovação do registro torna-se
necessária.

Questões doutrinárias e jurisprudenciais


Os atos de pessoal sujeitos a registro, conforme entendimento de
parte da doutrina, são atos administrativos compostos, visto que operam
efeitos imediatos quando de sua concessão pelo respectivo órgão,
devendo o Tribunal de Contas apenas ratificá-los ou não.
Esse entendimento, entretanto, não é seguido pelo Supremo
Tribunal Federal, o qual entende que a hipótese revela um
ato administrativo complexo, que se aperfeiçoa com o registro do
Tribunal de Contas. Ressalte-se que, na prova, deve ser seguido o
entendimento do STF.
Na visão da Suprema Corte, anteriormente ao registro não há ato
jurídico perfeito e acabado capaz de gerar direitos adquiridos. Por essa
razão, nos processos relativos a atos sujeitos a registro, em regra, não é
assegurado direito de defesa ao interessado e o registro pode ser
recusado pelo Tribunal de Contas, determinando-se a anulação do ato,
sem necessidade de ouvir o seu beneficiário.
Nesse sentido dispõe a Súmula Vinculante nº 3 do STF:

Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão.

Na mesma linha, a Súmula nº 256 do TCU assevera:


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Não se exige a observância do contraditório e da ampla defesa na


apreciação da legalidade de ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão e de ato de alteração posterior concessivo de melhoria
que altere os fundamentos legais do ato inicial já registrado pelo TCU.

Assim, os princípios do contraditório e da ampla defesa não são de


observância compulsória na apreciação de concessões iniciais de
aposentadorias, reformas e pensões, bem como de melhorias posteriores
que alterem o fundamento legal do ato concessório, porque, nesses
casos, o registro a cargo do TCU constitui manifestação tendente apenas a
contribuir para a formação do ato administrativo complexo.
Por exemplo: em 2012, o órgão X concede aposentadoria a João com
proventos proporcionais ao tempo de contribuição e envia o ato para
apreciação do Tribunal de Contas. João, desde a edição do ato pelo órgão
X, já começa a receber os proventos da aposentadoria. Em 2014, o
Tribunal de Contas aprecia o referido ato de aposentadoria e verifica um
erro na contagem do tempo de contribuição de João. Esse erro teria
majorado o valor dos proventos pagos ao servidor. Em consequência, o
Tribunal não concede o registro e determina ao órgão X que cesse o
pagamento dos proventos, anule o ato ilegal e emita outro reduzindo o
valor da aposentadoria ao patamar correto. Nessa situação, a teor da
Súmula Vinculante nº 3 do STF, mesmo a decisão do TCU sendo
desfavorável a João, por determinar a anulação de ato que o beneficiava,
o servidor não precisará ser intimado no processo, uma vez que o ato de
aposentadoria é um ato complexo e, no caso, como não foi registrado pela
Corte de Contas, ainda não estaria aperfeiçoado.
Todavia, o próprio STF tem atenuado sua posição com relação à
desnecessidade de intimação do interessado, no que se refere ao ato
inicial de registro. Na visão da Suprema Corte 14 , quando entre a
concessão da aposentadoria e a apreciação, para efeitos de registro,
houver um lapso de tempo considerável, o TCU deve possibilitar o
contraditório, em atendimento aos princípios da segurança jurídica, da
boa-fé, da lealdade e da razoabilidade. Entende-se que o “lapso
considerável” é de cinco anos, contados a partir da entrada do ato
no TCU, isto é, desde que o ato esteja disponível para que o Tribunal o
aprecie. No nosso exemplo, se a decisão do TCU desfavorável a João fosse
tomada depois de 2017, o servidor teria que ser ouvido no processo.

14 MS 25.166; MS 25.403; MS 24.781.


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Detalhe interessante é que esse prazo de cinco anos não é aquele


prazo decadencial previsto na Lei 9.784/99. Trata-se apenas de um prazo
que o STF considerou razoável para o TCU examinar a legalidade dos atos
de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão sem a
necessidade de contraditório e ampla defesa prévios. Na falta de um
prazo constitucional ou legal expresso, o STF arbitrou o período de cinco
anos (tomando por analogia o prazo previsto na Lei 9.784/99, é verdade).
Como consequência, o transcurso desse prazo razoável de cinco anos
não implica decadência da prerrogativa do TCU de efetuar o exame de
legalidade do ato para fins de registro. Em outras palavras, o registro do
ato a cargo do TCU pode ser promovido a qualquer tempo, observando,
porém, a necessidade de possibilitar contraditório e ampla defesa após
transcorridos cinco anos entre a entrada do ato no TCU e a respectiva
apreciação para fins de registro.
O prazo decadencial de cinco anos previsto na Lei 9.784/99, por
outro lado, aplica-se à anulação de atos sujeitos a registro pela própria
Administração. Ressalte-se que aqui, de fato, diferentemente da
situação anterior, é o prazo de decadência previsto na lei.
Para a Administração, o prazo decadencial tem início a partir da
publicação do registro no Tribunal de Contas. Antes da decisão do
Tribunal de Contas, não há que se falar em decadência, pois não há ato
perfeito, acabado. Assim, caso a Administração queira anular determinada
aposentadoria concedida ilegalmente, tem até cinco anos para fazê-lo,
contados após o registro do ato no Tribunal de Contas.
De forma semelhante, se o Tribunal de Contas já tiver concedido o
registro e, com base no seu poder de autotutela, pretender rever de
ofício essa decisão – para considerar ilegal o ato que antes registrou
como legal -, ficará sujeito ao prazo decadencial de cinco anos.
Saliente-se que, nesse caso, os princípios do contraditório e da ampla
defesa deverão ser necessariamente observados, mediante a oitiva do
beneficiário do ato. Isso porque o ato de aposentadoria, reforma ou
pensão, com o registro efetuado pelo TCU, já estava perfeito, concluído,
inexistindo qualquer motivo válido para afastar a aplicação do referido
prazo decadencial.
Em relação à jurisprudência relacionada à apreciação de atos sujeitos
a registro, vale ainda conhecer o teor da Súmula nº 6 do STF:
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A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer


outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de
aprovada por aquele Tribunal, ressalvada a competência revisora do
Judiciário.

E, no mesmo sentido, a Súmula nº 199 do TCU:

Salvo por sua determinação, não podem ser cancelados pela autoridade
administrativa concedente, os atos originários ou de alterações, relativos a
aposentadoria, reformas e pensões, já registrados pelo Tribunal de Contas,
ao apreciar-lhes a legalidade, no uso da sua competência constitucional.

Nos termos das referidas Súmulas, caso a Administração queira


revogar ou anular ato de concessão já registrado pelo TCU, deverá
submetê-lo novamente à apreciação da Corte de Contas.
Por fim, vale ressaltar que a competência para registro dos atos de
pessoal é própria e privativa do TCU (CF, art. 71, III). Assim, o Judiciário
não poderá determinar ao TCU que conceda ou não registro a
determinado ato. Poderá, contudo, anular a decisão do Tribunal de
Contas em caso de manifesta ilegalidade ou irregularidade formal. Além
disso, pode o interessado que teve o respectivo registro negado pelo
Tribunal de Contas socorrer-se junto ao Judiciário para garantir a
continuidade do pagamento suspenso pela Administração em virtude
da negativa de registro. Se o interessado obtiver provimento da Justiça, o
TCU não poderá impor à autoridade administrativa a suspensão do
respectivo pagamento, pois não tem poder para determinar o
descumprimento da decisão judicial. Nesse caso, o registro
permanecerá negado, mas sem efeitos práticos em relação ao
interessado, que continuará a receber os pagamentos decorrentes do ato
impugnado.

24. (Cespe – TCE/RS 2013) Considere que o titular de um órgão do governo


estadual tenha nomeado determinado cidadão para o cargo de chefe do seu
gabinete. Nesse caso, o TCE/RS não precisa apreciar, para fins de registro, a
referida nomeação.
Comentário: O cargo de chefe de gabinete, embora não especificado no
enunciado, geralmente é de provimento em comissão, hipótese que se
enquadra na exceção à apreciação para fins de registro dos atos de admissão
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de pessoal. Dessa forma, é correto afirmar que o Tribunal de Contas não


precisa apreciar, para fins de registro, a referida nomeação. Lembre-se,
contudo, de que a nomeação do chefe de gabinete poderá ser objeto das
demais ações de controle empreendidas pelo Tribunal, como auditorias e
inspeções, pois, embora não sujeita a registro, deve observar uma série de
ditames constitucionais e legais, a exemplo do teto constitucional, limites
com gastos de pessoal e proibição ao nepotismo.
Gabarito: Certo

25. (Cespe – TCE/RO 2013) O ato inicial de concessão de aposentadoria de


servidor do estado de Rondônia estará sujeito à apreciação do TCE/RO, para fins
de registro ou exame.
Comentário: O quesito está correto. O Tribunal de Contas aprecia a
legalidade, para fins de registro, das concessões iniciais de aposentadorias,
reformas e pensões na administração direta, autárquica e fundacional,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do
ato concessório inicial. No que tange às concessões iniciais, apenas não são
submetidas a registro as aposentadorias dos empregados públicos da
administração indireta concedidas à conta do Regime Geral de Previdência
Social (empresas públicas e sociedades de economia mista). Como o
enunciado fala em “servidor do estado”, pode-se entender que se trata de
servidor da administração direta, cuja aposentadoria, portanto, está sujeita à
apreciação do Tribunal de Contas para fins de registro.
Gabarito: Certo

26. (Cespe – TCDF 2014) A concessão de pensão por morte de servidor do


governo federal e os reajustes de seu valor, ainda que não alterem o fundamento
legal do ato concessório, deverão ser apreciados pelo TCU.
Comentário: O item está errado. As alterações posteriores que não
alterem o fundamento legal do ato concessório de aposentadoria e pensão
não são apreciadas para fins de registro pelo TCU (CF, art. 71, III).
Gabarito: Errado

27. (TCE/ES – Auditor 2012 – Cespe) De acordo com o entendimento do STF,


seria constitucional lei ordinária estadual que determinasse que todos os contratos
celebrados entre o governo do estado e as empresas particulares dependessem de
registro prévio no tribunal de contas estadual.
Comentário: O TCU só aprecia, para fins de registro, atos de admissão de
pessoal e de concessão de aposentadoria. Assim, em observância ao
princípio de simetria, lei estadual não pode prever o registro prévio de
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contratos pelo Tribunal de Contas Estadual, visto que tal competência não
está prevista na Constituição Federal para o Tribunal de Contas da União. É o
que disse o STF na ADI 916, cuja ementa é a seguinte:
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO. TRIBUNAL DE
CONTAS. NORMA LOCAL QUE OBRIGA O TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL A
EXAMINAR PREVIAMENTE A VALIDADE DE CONTRATOS FIRMADOS PELA
ADMINISTRAÇÃO. REGRA DA SIMETRIA. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO
SEMELHANTE IMPOSTA AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. 1. Nos termos do
art. 75 da Constituição, as normas relativas à organização e fiscalização do Tribunal
de Contas da União se aplicam aos demais tribunais de contas. 2. O art. 71 da
Constituição não insere na competência do TCU a aptidão para examinar,
previamente, a validade de contratos administrativos celebrados pelo Poder
Público. Atividade que se insere no acervo de competência da Função Executiva. 3.
É inconstitucional norma local que estabeleça a competência do tribunal de
contas para realizar exame prévio de validade de contratos firmados com o
Poder Público (...)
Gabarito: Errado

28. (Cespe – MPTCDF 2013) O direito da administração de anular os atos


administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados. Não obstante, segundo
orientação jurisprudencial que vem sendo firmada no âmbito do STF, não se opera
esse prazo decadencial no período compreendido entre o ato administrativo
concessivo de aposentadoria ou pensão e o posterior julgamento de sua legalidade
e registro pelo TCU — que consubstancia o exercício da competência constitucional
de controle externo.

Comentário: A assertiva está perfeita. Vamos ver um exemplo da farta


jurisprudência do STF sobre o assunto:
EMENTA Embargos de declaração em mandado de segurança. Decisão monocrática.
Conversão em agravo regimental. Negativa de registro de aposentadoria julgada
ilegal pelo Tribunal de Contas da União. Inaplicabilidade ao caso da decadência
prevista no art. 54 da Lei 9.784/99. Assegurado o direito ao contraditório e à ampla
defesa. 1. Esta Suprema Corte possui jurisprudência pacífica no sentido de que o
Tribunal de Contas da União, no exercício da competência de controle externo da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadorias, reformas e pensões (art.
71, inciso III, CF/88), não se submete ao prazo decadencial da Lei nº 9.784/99,
iniciando-se o prazo quinquenal somente após a publicação do registro na
imprensa oficial. 2. O TCU, em 2008, negou o registro da aposentadoria do ora
recorrente, concedida em 1998, por considerar ilegal “a incorporação de vantagem de
natureza trabalhista que não pode subsistir após a passagem do servidor para o
regime estatutário”. Como o ato de aposentação do recorrente ainda não havia sido
registrado pelo Tribunal de Contas da União, não há que se falar em decadência
administrativa, tendo em vista a inexistência do registro do ato de aposentação em
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questão. 3. Sequer há que se falar em ofensa aos princípios da segurança jurídica, da


boa-fé e da confiança, pois foi assegurado o ao recorrente o direito ao contraditório e
à ampla defesa, fato apresentado na própria inicial, uma vez que ele apresentou
embargos de declaração e também pedido de reexame da decisão do TCU. 4. Agravo
regimental não provido.

Em suma: o ato de aposentadoria é um ato administrativo complexo, que


se aperfeiçoa com a apreciação de legalidade efetuada pelo Tribunal de
Contas para fins de registro (CF, art. 71, III); portanto, antes da manifestação
do controle externo, o ato ainda não está completo, razão pela qual não incide
o prazo decadencial para sua anulação (afinal, tecnicamente, é como se o ato
ainda não existisse no mundo jurídico). Em consequência, também não há
prazo decadencial para a manifestação da Corte de Contas, que pode ser
realizada a qualquer tempo, desde que observe o direito de defesa caso
ultrapasse 5 anos desde a disponibilização do ato para apreciação.
É importante lembrar, contudo, que o servidor recebe os proventos
desde o momento em que a aposentadoria é concedida pela Administração
(antes do registro no Tribunal de Contas, portanto), ou seja, o ato produz
efeitos antes de sua formação estar completa. Tal efeito é chamado de efeito
prodrômico do ato, expressão que abrange os efeitos que podem surgir em
atos complexos ou compostos antes da conclusão dos respectivos ciclos de
formação. O efeito prodrômico é considerado um efeito atípico do ato (o efeito
típico da aposentadoria seria acarretar a vacância do cargo e passar o
servidor para a inatividade, o qual só ocorre, de fato, quando o Tribunal de
Contas concede o registro do ato).
Gabarito: Certo

Aplicar sanções previstas em lei

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou


irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;

Este dispositivo atribui ao TCU a competência para aplicar sanções


aos seus jurisdicionados.
As sanções impostas pelo TCU devem estar previstas em lei, em
sentido estrito – princípio da “reserva legal”. Assim, não pode o
Regimento Interno do TCU, ou outra norma de natureza infralegal, criar
alguma sanção que não esteja prevista em lei aprovada pelo Legislativo.
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A multa proporcional ao dano causado erário, prevista


diretamente no texto constitucional, é apenas uma das sanções que
podem ser impostas pelo Tribunal. A Constituição deixou espaço para a lei
prever outras cominações, inclusive de caráter não pecuniário. Com efeito,
as seguintes sanções estão previstas na Lei Orgânica do TCU:
 Multa pecuniária;

 Inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança


na Administração Pública Federal, pelo período de 5 a oito anos;
 Declaração de inidoneidade para participar de licitação na Administração
Pública Federal por até 5 anos.

Além disso, o Supremo Tribunal Federal reconhece a prerrogativa do


TCU para adotar medidas cautelares, isto é, ações preventivas com o
objetivo de neutralizar situações lesivas ao erário, reais ou iminentes,
ou, ainda, situações que possam vir a obstruir o exercício do controle
externo.
A possibilidade da adoção de medidas cautelares pelo TCU não está
prevista de forma expressa na Constituição. Todavia, segundo o
entendimento do STF, tal prerrogativa decorre, por implicitude, das
atribuições que a Constituição expressamente outorgou ao Tribunal de
Contas (Teoria dos Poderes Implícitos)15.
Na esfera de atuação do Tribunal de Contas da União, as seguintes
medidas cautelares podem ser adotadas:
 Afastamento temporário do responsável que possa retardar ou dificultar a
realização de auditoria ou inspeção;
 Decretação de indisponibilidade de bens do responsável;

 Solicitação de providências para o arresto de bens dos responsáveis


julgados em débito;
 Suspensão cautelar de ato ou procedimento impugnado.

Ressalte-se que as medidas cautelares não são sanções, mas apenas


providências preventivas com o objetivo de possibilitar a efetiva apuração
do caso ou evitar algum prejuízo iminente ao erário ou ao interesse
público. Frequentemente, o TCU adota esse tipo de providência
acautelatória quando, ao examinar o edital de procedimentos licitatórios
ainda não homologados, identifica indícios consistentes de irregularidades,
como o possível direcionamento do certame. Sendo o caso, o Tribunal
pode determinar a suspensão cautelar da licitação para evitar a ocorrência
15 STF MS 24.510-7/DF
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de um dano ao erário e também para ter condições de apurar


completamente o indício. Se a irregularidade for confirmada, aí sim o
Tribunal poderá aplicar as sanções cabíveis (ex: multa, inabilitação do
licitante etc.) ou, caso possível, determinar a correção do edital; por outro
lado, se não houver a confirmação, o Tribunal tornará sem efeito a
cautelar, permitindo o prosseguimento normal do certame.
Importante destacar que o Tribunal de Contas pode adotar medidas
cautelares inclusive sem a prévia oitiva da outra parte. Nesse caso, o
exercício do direito de defesa deve ser assegurado nas fases posteriores
do processo.

29. (Cespe – TCU 2009) A CF conferiu ao TCU a competência para julgar as


contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, porém não atribuiu a esse tribunal
competência para aplicar sanções aos responsáveis quando constatada a
ocorrência de ilegalidade de despesa ou de irregularidade de contas, por se tratar
de competência exclusiva do Congresso Nacional.
Comentário: O art. 71, VIII da CF conferiu ao TCU a competência para
aplicar sanções aos responsáveis quando constatar a ocorrência de
ilegalidade de despesa ou a irregularidade de contas. Não obstante, lembre-se
que as sanções impostas pelo Tribunal devem estar previstas em Lei.
Gabarito: Errado

30. (Cespe – TCE/ES 2009) O TCU, no exercício de sua missão constitucional de


auxiliar o Congresso Nacional no controle externo, tem competência para
determinar a quebra de sigilo bancário dos responsáveis por dinheiros e bens
públicos.
Comentário: Segundo o entendimento do STF 16 , o TCU não possui
competência para determinar a quebra de sigilo bancário de responsável
sujeito a sua jurisdição. Esse procedimento, em regra, é da competência do
Poder Judiciário, podendo também ser determinado pelas Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPI), para subsidiar a apuração de ilícitos.
Gabarito: Errado

16 MS 22.934/DF
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Assinar prazo para cumprimento da lei e sustar, se não atendido, a


execução do ato impugnado

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências


necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo
Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
cabíveis.
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa
dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
respeito.

O dispositivo confere competência ao TCU para, caso constate


ilegalidade em ato ou contrato que esteja em execução (por exemplo,
uma licitação em andamento ou um contrato em vigor), impor um prazo
para que o órgão ou entidade, por intermédio dos seus administradores,
adote providências para o exato cumprimento da lei.
As providências adotadas pelo órgão ou entidade para o exato
cumprimento da lei podem envolver a correção do ato ou contrato
impugnado, ou mesmo, a sua anulação.
E se o responsável não adotar as providências determinadas pelo
Tribunal? Nesse caso, os procedimentos diferem em relação a atos e
contratos. Vejamos:

 Em caso de ato administrativo: o TCU susta a execução do ato


impugnado, aplica multa ao responsável e comunica a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal, separadamente.

 Em caso de contrato administrativo: o TCU aplica multa ao


responsável e comunica o fato ao Congresso Nacional. Por sua vez, o
Congresso Nacional susta, diretamente, o contrato e solicita, de imediato,
ao Poder Executivo, as medidas cabíveis.
E se, no prazo de 90 dias, contados da comunicação do TCU, o Congresso
Nacional ou o Poder Executivo não efetivarem tais medidas, o Tribunal decidirá
a respeito da sustação do contrato, ou seja, poderá ele mesmo decretar a
sustação do ajuste.
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O TCU susta, primariamente, apenas atos


administrativos. No caso de contratos, a
competência primária para sustar é do
Congresso Nacional, só podendo ser adotada
pelo TCU em caso de inércia maior que 90 dias.

A distinção de procedimentos a depender se a sustação for de ato ou


contrato decorre da natureza jurídica desses institutos. Enquanto o ato
administrativo é uma manifestação unilateral da Administração Pública, o
contrato administrativo é uma manifestação bilateral, resultado de um
ajuste de vontades. Assim, a sustação de contratos é uma ação mais
complexa, eis que envolve direitos e obrigações entre partes e a
compatibilização dos efeitos jurídicos daí decorrentes.
Por fim, registre-se que, conforme já se pronunciou o STF 17 , o
Tribunal de Contas – embora não tenha competência para anular ou
sustar contratos administrativos – tem competência para determinar à
autoridade administrativa que promova a anulação do contrato,
ouvindo previamente a empresa contratada.

31. (Cespe – TCU 2010) No caso de o diretor de órgão público não atender à
determinação do TCU para anular um ato, competirá ao próprio TCU sustar a
execução do ato impugnado.
Comentário: O item está correto. Verificada a ilegalidade de ato
administrativo, o TCU determina ao órgão ou entidade que, no prazo de até 15
dias, adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, o que
pode envolver a correção ou a anulação do ato (CF, art. 71, IX). Caso o
responsável não adote as providências no prazo determinado, aí sim
competirá ao próprio TCU sustar a execução do ato impugnado, comunicando
a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal (CF, art. 71, X).
Gabarito: Certo

32. (Cespe – TCU 2011) No caso de irregularidade em contrato administrativo,


este será sustado diretamente pelo Congresso Nacional, que terá de solicitar, de
imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. Nessa situação, se, no prazo de
noventa dias, o Congresso Nacional permanecer inerte ou se o Poder Executivo

17 MS 23.550/DF
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não adotar as medidas que lhe sejam solicitadas, caberá ao TCU emitir decisão.
Comentário: O item está correto, nos termos do art. 71, §§ 1º e 2º da CF.
No caso de contrato, a competência primária para sustar é do Congresso
Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo, as medidas
cabíveis. Se, no prazo de 90 dias, o Congresso ou o Poder Executivo não
sanearem a ilegalidade, o TCU decidirá a respeito, podendo decidir pela
sustação ou não do contrato impugnado.
Gabarito: Certo

Emitir pronunciamento conclusivo sobre despesas não autorizadas

Art. 72. A comissão mista permanente a que se refere o art. 166, § 1º, diante de
indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não
programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade
governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos
necessários.
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a
comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no
prazo de trinta dias.
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a comissão, se julgar que o
gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao
Congresso Nacional sua sustação.

O art. 72 da Constituição dispõe que a Comissão mista de Senadores


e Deputados, atualmente Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos
e Fiscalização (CMO), referida no art. 166, §1º da CF, ao se deparar com
indícios de despesas não autorizadas (quaisquer despesas!) poderá
solicitar à autoridade governamental responsável que apresente, no
prazo de 5 dias, os esclarecimentos necessários. Caso os esclarecimentos
não forem prestados, ou sendo estes insuficientes, a CMO solicitará
ao TCU pronunciamento conclusivo sobre a matéria, que deverá ser
emitido no prazo de 30 dias. Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a
CMO, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão
à economia pública, proporá ao Congresso sua sustação.
Portanto, assim como no parecer prévio sobre as contas prestadas
pelo Presidente da República, a atuação do Tribunal de Contas é apenas
consultiva na hipótese de sustação de despesa não autorizada: quem
efetivamente decide se a despesa irregular deve ou não ser sustada é o
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Congresso Nacional, com base no entendimento da comissão


permanente e no pronunciamento conclusivo do Tribunal de Contas.
A Constituição menciona dois exemplos de despesas não
autorizadas: investimentos não programados e subsídios não aprovados.
Todavia, esses são apenas exemplos. O procedimento previsto no art. 72
vale para qualquer tipo de despesa não autorizada.

Decidir sobre denúncias

Art. 74. (...)


§2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
Tribunal de Contas da União.

Há uma importante competência prevista no art. 74, §2º, da CF, que


é a competência para o Tribunal de Contas decidir sobre denúncia
apresentada por qualquer cidadão, partido político, associação ou
sindicato.
Por meio da denúncia, os legitimados levam ao conhecimento do
Tribunal a ocorrência de irregularidades e ilegalidades que envolvam
matérias de competência da Corte de Contas, ou seja, fatos relacionados
à administração contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial do orçamento da União. As denúncias que preencham os
requisitos de admissibilidade (basicamente, não ser anônima e estar
acompanhada de elementos comprobatórios) deverão ser
obrigatoriamente apuradas pelo Tribunal.
*****
Em seguida, vamos estudar uma importante competência dos
Tribunais de Contas não prevista de forma expressa na Constituição, mas
reconhecida pelo STF: o controle de constitucionalidade de leis e atos
normativos do Poder Público.

Realizar controle de constitucionalidade de leis e atos normativos

Súmula 347 do STF


O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.
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Pela Súmula 347, o STF reconhece que os Tribunais de Contas, no


exercício de suas atribuições, podem exercer controle de
constitucionalidade.

A Súmula 347 diz apreciar, que


equivale a negar a aplicação no
caso concreto.

Apreciar a constitucionalidade, ou negar a aplicação de dispositivo


inconstitucional, é exercer controle difuso, ou seja, incidental, no
caso concreto, com efeitos entre as partes, e apenas em matérias da
competência do Tribunal de Contas.
Em outras palavras, o Tribunal de Contas não declara a
inconstitucionalidade, isto é, não exerce controle abstrato, com efeitos
erga omnes, cuja competência é exclusiva do Poder Judiciário.
Por fim, vale mencionar que a competência dos Tribunais de Contas
para apreciarem a constitucionalidade de leis e atos normativos
não afasta o reexame da matéria pelo Poder Judiciário.

33. (Cespe – TCU 2007) Considere que uma lei federal dispense concurso público
para o provimento do cargo de consultor legislativo do Senado. Nesse caso, quando
o TCU for apreciar essas nomeações, deixará de aplicar a lei, julgando com
fundamento na Constituição Federal. Esse controle feito pelo tribunal é denominado
controle abstrato da constitucionalidade.
Comentário: A primeira parte do quesito, que diz que o TCU deverá
deixar de aplicar a lei, está correta. A referida lei, ao dispensar o concurso
público para provimento do cargo de consultor do Senado, flagrantemente
afronta o disposto no art. 37, II da Constituição Federal, o qual estabelece a
necessidade de aprovação prévia em concurso para a investidura em cargo
ou emprego público. Portanto, o TCU deve afastar a incidência da lei
inconstitucional ao apreciar as nomeações dos consultores, decidindo apenas
com base na própria Constituição Federal. Assim, a nomeação de um
consultor sem concurso deveria ser considerada ilegal pelo TCU, mesmo se a
Administração do Senado invocar a referida lei como fundamento para sua
defesa.
Não obstante, a parte final do quesito está errada, pois esse tipo de
controle de constitucionalidade exercido pelo TCU opera efeitos somente no
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caso concreto, ou seja, é controle difuso, incidental, e não abstrato, em tese,


como afirma o quesito. O efeito do controle de constitucionalidade do TCU
sobre a lei é que ela não será considerada pela Corte de Contas na análise das
nomeações do Senado. Desse modo, a referida lei continuará vigente no
mundo jurídico, até que seja declarada inconstitucional pelo Judiciário.
Ressalte-se que o controle abstrato de constitucionalidade é da competência
privativa do Poder Judiciário, portanto, fora da esfera de atribuições do
Tribunal de Contas.
Gabarito: Errado

34. (Cespe – TCE/PE 2004) Somente o Tribunal de Contas da União (TCU) pode
afastar a aplicação de uma lei federal por inconstitucionalidade. Aos tribunais de
contas dos estados e dos municípios é vedada essa prerrogativa.
Comentário: Os Tribunais de Contas apenas podem “apreciar” a
constitucionalidade de leis e atos normativos, mas não “declarar” uma lei ou
ato inconstitucional. Tal prerrogativa é extensiva aos tribunais de contas dos
estados e dos municípios. Por exemplo: se, ao examinar determinado ato de
gestão praticado por um de seus jurisdicionados com base em lei federal, o
TCE/PE avaliar que a aludida lei federal não condiz com a Constituição, deve
afastar sua incidência no caso concreto, independentemente da origem da lei,
sob de pena de sua decisão também afrontar a Constituição.
Gabarito: Errado

35. (Cespe – TCDF 2012) Embora os TCs não detenham competência para
declarar a inconstitucionalidade das leis ou dos atos normativos em abstrato, eles
podem, no caso concreto, reconhecer a desconformidade formal ou material de
normas jurídicas com a CF, deixando de aplicar, ou providenciando a sustação, de
atos que considerem inconstitucionais.
Comentário: É verdade que os TCs não possuem competência para
declarar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos em abstrato. Eles
apenas possuem competência para apreciar a constitucionalidade no caso
concreto, com efeitos entre as partes. Isso significa que, se entender que
determinada lei ou norma é contrária à Constituição, o TC deixa de aplica-la
no caso concreto. Mas a lei ou o ato normativo não deixa de existir ou de
produzir efeitos fora do caso apreciado pelo Tribunal. A banca considerou
correta a questão, não obstante a expressão “providenciando a sustação de
atos que considerem inconstitucionais” possa dar a entender que o TC
suspende os efeitos da norma de forma geral, o que não é verdade.
Gabarito: Certo

****
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Enfim, pessoal, essas são as competências mais importantes do


Tribunal de Contas da União – extensíveis às demais Cortes de Contas do
país – e que merecem ser estudadas com maior cuidado, considerando o
escopo do nosso curso. O art. 71 da Constituição Federal lista, ainda,
outras competências do TCU, as quais são reproduzidas a seguir, a título
de conhecimento:

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do


Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo
capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do
tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a
Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por
qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre
resultados de auditorias e inspeções realizadas;
(...)
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos
apurados.

Passemos agora ao estudo do controle judicial.


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CONTROLE JUDICIAL

O controle judicial ou jurisdicional é aquele exercido pelos órgãos


do Poder Judiciário sobre os atos administrativos do Poder Executivo,
do Legislativo e do próprio Judiciário, quando realiza atividades
administrativas. Esse controle ocorre em atenção ao disposto no art. 5º,
XXXV, da CF: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito.”
Na lição de Hely Lopes Meirelles:
“No nosso sistema de jurisdição judicial única, consagrado pelo preceito
constitucional de que não se pode excluir da apreciação do Poder Judiciário
qualquer lesão ou ameaça a direito, individual ou coletivo (art. 5o, XXXV), a
Justiça ordinária tem a faculdade de julgar todo ato de administração
praticado por agente de qualquer dos órgãos ou Poderes do Estado.”

Assim, aquele que se sinta lesado em seus direitos em razão de ato


praticado pela Administração poderá buscar socorro junto ao Judiciário.
Tal possibilidade caracteriza uma instância de controle sobre a gestão da
coisa pública, proveniente do sistema de freios e contrapesos presente
em nosso ordenamento jurídico.
Diferentemente do controle externo realizado pelo Poder Legislativo
com o auxílio dos Tribunais de Contas, o controle judicial deve ser
necessariamente provocado, ou seja, o Judiciário não age de ofício,
por iniciativa própria. Ao contrário, para ser exercido, é necessária a
provocação do interessado ou do legitimado, mediante a propositura da
ação judicial cabível, que pode ser, por exemplo, um mandado de
segurança, um mandado de injunção, uma ação popular, uma ação civil
pública entre outros. Em verdade, todo pronunciamento do Poder
Judiciário sobre um ato da Administração, em qualquer espécie de ação,
será controle judicial.
Outra peculiaridade é que a doutrina costuma classificar o controle
judicial sobre a Administração Pública como uma espécie de controle
a posteriori, eis que geralmente ocorre depois de o ato ter sido
consumado. Porém, é possível encontrar exemplos de controle prévio,
como os mandados de segurança preventivos.
Ademais, em regra, o controle judicial se restringe ao controle de
legalidade, não se pronunciando sobre a conveniência e oportunidade do
ato em exame, ou seja, sobre o mérito administrativo. Os elementos que
perfazem o mérito do ato administrativo (motivo e objeto) somente
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poderão ser objeto de análise pelo Poder Judiciário nos casos em que
contrariarem princípios legais (como moralidade, imparcialidade e
eficiência) ou que forem desproporcionais ou não pautados em critérios
previstos em lei. Por exemplo, conforme ensina a Professora Di Pietro, a
ausência ou falsidade do motivo, isto é, dos fatos que precedem a
elaboração do ato, caracteriza ilegalidade, suscetível de invalidação pelo
Poder Judiciário, não constituindo invasão do mérito administrativo.
Mediante o exercício do controle judicial dos atos administrativos
pode-se decretar a sua anulação, nos casos em que existe ilegalidade ou
ilegitimidade, mas nunca a sua revogação, que é faculdade privativa da
própria Administração.

Necessariamente provocado (Judiciário não age de ofício)

Em regra, controle a posteriori

Incide sobre a legalidade dos atos administrativos, mas


Controle judicial
não sobre o mérito (conveniência e oportunidade)

Pode ter como resultado a anulação do ato, mas


jamais a sua revogação

Principais ações: mandado de segurança, mandado de


injunção, ação civil pública, ação popular etc.

36. (Cespe – TCDF 2012) Caso não seja empregado o mínimo de recursos
destinados a saúde e educação no DF, poderá ocorrer o controle judicial de ofício
com vistas a garantir — mediante medida cautelar — a ocorrência dos atos
administrativos necessários para o direcionamento dessa parcela do orçamento.
Comentário: O controle judicial deve ser necessariamente provocado, ou
seja, não existe controle judicial de ofício, daí o erro do quesito.
Gabarito: Errado

37. (Cespe – MIN 2013) É vedado o controle prévio pelo Poder Judiciário de atos
a cargo da administração pública.
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Comentário: O controle judicial, em regra, é um controle a posteriori.


Contudo, nada impede o controle judicial prévio, de que é exemplo o mandado
de segurança preventivo.
Gabarito: Errado

38. (Cespe – TJRO 2012) O abuso de poder é conduta comissiva, que afronta,
dentre outros, o princípio da legalidade e o da moralidade, e se sujeita, portanto, ao
controle judicial, que se sobrepõe ao controle administrativo.
Comentário: O item está errado. Não há predominância entre as formas
de controle. Tanto o controle judicial como o administrativo, o parlamentar ou
o exercido pelos Tribunais de Contas derivam do sistema de freios e
contrapesos que rege a Administração Pública, o qual assegura a harmonia
entre os Poderes.
Gabarito: Errado

Enfim, a partir dessas considerações iniciais – que, na verdade,


serviram mais para relembrar alguns aspectos já estudados no decorrer
do curso – vamos avançar apresentando as principais características das
ações judiciais disponíveis para o controle das atividades da
Administração Pública. A ideia, aqui, não é esgotar assunto, tendo em
vista que o tema geralmente é aprofundado em outras disciplinas, como o
Direito Constitucional e o Direito Processual Civil. Assim, cuidaremos
apenas do que importa para que façamos as provas de Direito
Administrativo, ok?
Vamos lá!

MANDADO DE SEGURANÇA

O mandado de segurança individual é ação prevista no art. 5º, LXIX


da CF:

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Perceba que o mandado de segurança (MS) possui um caráter


residual, pois ampara direito líquido e certo, desde que não seja possível
a impetração de habeas corpus ou habeas data.
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É sempre uma ação de natureza civil, mesmo que seja utilizado


contra decisão proferida em processo criminal, trabalhista, eleitoral, ou
qualquer outro.
O MS é cabível contra o chamado “ato de autoridade” (chamada de
autoridade coatora) entendido como qualquer manifestação ou omissão
ilegal e ofensiva do Poder Público ou de seus delegados no desempenho
de atribuições públicas. A pretensão no MS é obter uma sentença judicial
de conteúdo mandamental (e não punitivo), isto é, uma ordem para
que a autoridade coatora faça ou se abstenha de fazer alguma coisa.
O objeto do mandado de segurança é um ato administrativo
específico que seja ilegal e ofensivo ao direito líquido e certo do
impetrante, podendo atacar, ainda, leis e decretos de efeitos concretos,
assim como as deliberações legislativas e as decisões judiciais para as
quais não haja recurso que possa impedir a lesão ao direito subjetivo do
impetrante.
Ressalte-se que também é possível mandado de segurança contra
omissões administrativas. Por exemplo: uma autoridade pública aplica
uma penalidade administrativa a você, que recorre dela. Entretanto, a
autoridade, resolve “guardar o recurso na gaveta”, sem apreciá-lo. Nesse
caso, cabe mandado de segurança contra a inércia (omissão) da
autoridade coatora para que seja fixado um prazo para a apreciação do
recurso18.

As omissões das autoridades também


podem violar direito líquido e certo do
indivíduo, legitimando a impetração do
mandado de segurança.

Porém, nem todo o direito é amparado pela via do mandado de


segurança: a Constituição exige que o direito invocado seja líquido e
certo.
Direito líquido e certo é aquele demonstrado de plano através de
prova documental, e sem incertezas, a respeito dos fatos narrados pelo
declarante. É o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado
na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Se a
existência do direito for duvidosa; se a sua extensão ainda não estiver
delimitada; se o seu exercício depender de situações e fatos ainda
indeterminados, não será cabível o mandado de segurança. Isso porque,

18 STF MS 24.167
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no processo do mandado de segurança, não existe uma fase destinada à


produção de provas, ou seja, não há dilação probatória. As provas
devem ser pré-constituídas, documentais, levadas aos autos do processo
no momento da impetração.
Se o direito a ser defendido não é líquido e certo, ou seja, se para
convencer o juiz for necessário juntar novas provas, ouvir testemunhas,
colher novos documentos, o impetrante deve se valer das ações judiciais
comuns.
Ressalte-se que a liquidez e a certeza referem-se aos
fatos alegados pelo impetrante para ajuizamento do mandado de
segurança (por exemplo, não pode haver dúvida de que o impetrante foi
punido, ingressou com o recurso e a autoridade não o apreciou).
Por outro lado, a certeza e liquidez não dizem respeito à matéria de
direito, por mais difícil e complexa que seja. Em outras palavras, no
MS podem ser discutidas quaisquer questões relativas a interpretação de
leis, revogação, ponderação de princípios, conflitos de normas etc. Até
mesmo a inconstitucionalidade de uma lei pode ser reconhecida no âmbito
do MS (declaração incidental, no caso concreto). Desde que os fatos
alegados pelo impetrante estejam, desde logo, devidamente
comprovados, quaisquer teses jurídicas poderão ser discutidas no
processo de mandado de segurança.
Vejamos agora quem pode figurar nos polos ativo e passivo do
mandado de segurança, ou seja, quem pode ingressar e quem pode
responder nesse tipo de ação:

Legitimidade ativa para impetrar MS: Legitimidade passiva (autoridade coatora):

 Pessoas físicas ou jurídicas, nacionais  Autoridade pública de qualquer dos


ou estrangeiras, domiciliadas ou não no poderes da União, dos Estados, do DF e dos
Brasil; Municípios, bem como de suas autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e
 Universalidades reconhecidas por lei,
sociedades de economia mista;
que, embora sem personalidade jurídica,
possuem capacidade processual para a  Representantes ou órgãos de partidos
defesa de seus direitos (ex: o espólio, a políticos;
massa falida, o condomínio de  Agente de pessoa jurídica privada,
apartamentos, a herança, a sociedade de desde que no exercício de atribuições do
fato, a massa do devedor insolvente); Poder Público (só responderão se estiverem,
 Órgãos públicos de grau superior, na por delegação, no exercício de atribuições
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defesa de suas prerrogativas e atribuições; do Poder Público). Atenção: a autoridade


coatora será o agente delegado (que
 Agentes políticos (governador de
recebeu a atribuição) e não a autoridade
estado, prefeito municipal, magistrados,
delegante (que efetivou a delegação) Esse
deputados, senadores, vereadores,
é o teor da Súmula 510 STF.
membros do MP, membros dos Tribunais
de Contas, Ministros de Estado, Secretários
de Estado, etc.), na defesa de suas
atribuições e prerrogativas;
 Ministério Público, competindo a
impetração, perante os Tribunais locais, ao
promotor de Justiça, quando o ato atacado
emanar de juiz de primeiro grau;

A autoridade coatora (quem responderá no MS), é a pessoa


responsável pela prática do ato que está sendo impugnado no mandado
de segurança, o polo passivo da ação.
Como destacado na CF, a autoridade impetrada deve ser agente
público ou agente de pessoa jurídica privada no exercício de
atribuições do Poder Público.
Para fins de impetração do mandado de segurança, a autoridade
coatora será o agente público que ordenou, de forma concreta e
específica, a prática do ato ilegal. Em outras palavras, deve responder no
mandado de segurança a autoridade que detém poder decisório, não se
confundindo com os meros executores da ordem, os que “entregam os
expedientes”, por assim dizer.
Com relação aos particulares que exerçam funções delegadas, estes
só podem ser acionados via MS por conta dos atos praticados no exercício
da própria função delegada. Caso se trate de um ato produzido fora dos
limites da delegação, o socorro judicial deve ser buscado pelas vias
ordinárias (ações comuns).
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Contra ato ou omissão que importar lesão ou ameaça de


lesão a direito subjetivo líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data

Contra ato ou omissão de autoridade pública, ou de


particular, no exercício de funções públicas
Mandado de
segurança
O ato ou omissão deve importar ilegalidade ou abuso de poder

É sempre uma ação de natureza civil

O MS pode ser repressivo ou preventivo, conforme se destine,


respectivamente, a reparar uma ilegalidade ou abuso de poder já
praticados ou apenas a afastar uma ameaça de lesão ao direito líquido e
certo do impetrante.
O MS preventivo visa a evitar que determinada atuação ocorra
concretamente. O ato coator ainda não possui eficácia, sendo inoperante,
apesar de, por vezes, o ato já ter sido praticado; ou, quando não foi
praticado, há indícios de que o será. Pela sensação de “ameaça”, cabe ao
interessado a impetração do MS, pelos efeitos prejudiciais que lhe poderão
ser causados.
É muito utilizado, por exemplo, em matéria tributária, para evitar a
cobrança de determinado tributo criado ou majorado por lei considerada
inconstitucional. É que, editada a lei, a autoridade tributária é obrigada a
dar-lhe execução, ou seja, gera-se a possibilidade da prática do ato de
cobrança, o que por si só fundamenta a impetração do MS preventivo, não
necessitando o contribuinte esperar que a cobrança se concretize.
Para ilustrar, imagine que foi editada uma lei – que o contribuinte
considera contrária à Constituição – aumentando o imposto de
importação, e que esse contribuinte já adquiriu mercadoria no exterior, a
qual já foi enviada para o Brasil. Existe, no caso, uma ameaça concreta de
que a autoridade tributária, diante da situação de fato, efetue a cobrança
do tributo com base na nova lei (afinal, cobrança é um ato vinculado, não
dando margem para a autoridade agir diferente). Portanto, com base em
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tal ameaça, o contribuinte poderá impetrar o MS de caráter preventivo a


fim de evitar a cobrança do imposto. Note que o MS será impetrado contra
o ato administrativo de cobrança do tributo (ainda não praticado), e não
contra a lei em tese. Apenas incidentalmente deve ser arguida a
inconstitucionalidade da lei que ensejaria a cobrança preventivamente
impugnada.
O autor Carvalho Filho adverte, quanto ao MS preventivo, não ser
qualquer ameaça que habilita o interessado à propositura da ação, “até
porque existem posturas que só representam ameaças a espíritos mais
frágeis (...) a ameaça reclama: a) realidade, para que o interessado
demonstre se é efetiva a prática iminente do ato ou de seus efeitos;
b) objetividade, indicando-se que a ameaça deve ser séria, e não
fundada em meras suposições; c) atualidade, significando que a ameaça
é iminente e deve estar presente ao momento da ação, não servindo,
pois, ameaças pretéritas e já ultrapassadas”.
No caso do MS repressivo, por outro lado, o que se pretende é coibir
os efeitos prejudiciais ao interessado do ato ou da omissão já
concretizados. No nosso exemplo do imposto de importação, caberia o MS
repressivo após a cobrança do tributo pela autoridade fazendária.
O prazo para impetração do MS é de 120 dias contados da data
em que o interessado tomar ciência do ato impugnado 19. A doutrina, em
sua maioria, entende que tal prazo é decadencial, não sendo passível de
suspensão ou interrupção. Caso ultrapassado, restaria ao prejudicado as
vias ordinárias. A questão do prazo do MS já foi, inclusive, objeto de
súmula do STF, ante as dúvidas inúmeras vezes suscitadas àquela Corte,
que assim fixou seu entendimento:

Súmula 632 – STF: "É constitucional lei que fixa prazo de decadência
para impetração de mandado de segurança".

Vale saber, ainda, que é possível ao juiz conceder liminar para


suspender o ato impugnado quando houver plausibilidade jurídica no
pedido (fumus boni juris) e o risco de dano irreparável ou de difícil
reparação em decorrência da demora na decisão definitiva do MS
(periculum in mora).

19 Se o MS for impetrado contra uma omissão, os 120 dias começarão a contar da data em que se esgotar o

prazo fixado para a Administração editar o ato; se não existir um prazo legal expresso previsto para a
Administração atuar, não cabe falar em decadência, ou seja, o MS poderá ser impetrado a qualquer tempo,
enquanto persistir a omissão.
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Vale salientar que o deferimento da medida liminar não implica


prejulgamento; apenas suspende temporariamente o ato impugnado, a
fim de evitar lesão irreparável a eventual direito do impetrante. Os efeitos
da medida liminar persistirão até a prolação da sentença definitiva, salvo
se, antes disso, a liminar for revogada ou cassada (art. 7º, §3º).
Entretanto, há casos em que a liminar não poderá ser concedida.
Com efeito, nos termos do art. 7º, §2º da Lei 12.016/2009 (Lei do
mandado de segurança), não será concedida medida liminar que tenha
por objeto a:
 Compensação de créditos tributários,
 Entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior

 Reclassificação ou equiparação de servidores públicos


 Concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de
qualquer natureza.

É importante destacar que há diversas situações em que o


mandado de segurança NÃO poderá ser utilizado. Vejamos as
principais:

Contra lei em tese

Contra atos de gestão comercial

Decisão judicial transitada em julgado


Não poderá ser
utilizado MS
Atos internos

Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo

Substituto da ação de cobrança


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i) Contra lei em tese: a lei é ato de efeito geral, abstrato e impessoal.


Por serem gerais, não implicam ofensa direta a direitos individuais. Daí o
descabimento do MS, tal qual estabelecido na jurisprudência do STF
(Súmula 266): “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese”. Para
o questionamento de leis em tese deve ser utilizada a via apropriada do
controle abstrato de constitucionalidade.
Bom lembrar que há atos que são formalmente administrativos,
mas materialmente normativos, isto é, revestem-se de caráter geral e
abstrato, tais quais resoluções, instruções normativas etc. Contra tais atos
também é inadmissível o uso do MS20.
Por outro lado, é diferente a situação em que uma lei traga efeitos
concretos, a qual, conforme Carvalho Filho, tem “corpo de lei e alma de
ato administrativo”, de que são exemplos as leis que aprovam planos de
urbanização, as que fixam limites territoriais, as que criam novos
Municípios, as que concedem isenções fiscais, os decretos que
desapropriam bens, os que fazem nomeações etc. Em casos como esses,
a jurisprudência tem admitido o uso do MS para a tutela do direito, dado
que tais atos podem atingir a esfera jurídica do interessado. Sobre o
tema, o trecho abaixo, extraído da jurisprudência do STF21, é altamente
esclarecedor:

"Se o decreto é, materialmente, ato administrativo, assim de efeitos


concretos, cabe contra ele mandado de segurança. Todavia, se o decreto
tem efeito normativo, genérico, por isso mesmo sem operatividade
imediata, necessitando, para a sua individualização, da expedição de ato
administrativo, contra ele não cabe mandado de segurança."

ii) Contra atos de gestão comercial: vamos conhecer o que


estabelece o art. 1º, §2º da Lei 12.016/2009:

§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão


comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade
de economia mista e de concessionárias de serviço público.

Como se nota, quando o ato da autoridade pública ou do agente


delegado for praticado no exercício de atividades estritamente econômicas
e comerciais, vale dizer, sem a característica de atividade pública, o
mandado de segurança não é cabível. Por exemplo, não cabe MS contra
ato de um gerente do Banco do Brasil que negou a concessão de

20 STF MS 27.188/DF
21 STF - MS 21.274, STF.
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financiamento por conta de supostas restrições cadastrais do cliente.


Igualmente, não é possível impetrar MS contra ato de um funcionário de
companhia aérea que vendeu uma passagem muito cara.

iii) Decisão judicial transitada em julgado: não cabe mandado de


segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado, assim
entendida como a decisão judicial revestida do caráter de imutabilidade,
da qual não caiba mais recurso (coisa julgada). Caso contrário, a se
admitir o uso do MS contra esse tipo de decisão, uma profunda
instabilidade jurídica poderia ser causada.
Todavia, vale saber que, excepcionalmente, é possível o MS quando
o impetrante não foi parte na relação processual, isto é, quando não
tiver composto o processo de origem.

iv) Atos internos: estes atos são produzidos no interior das


instituições públicas e, por conta de tal natureza, não alcançam, de regra,
direitos individuais. São exemplos os regimentos de Tribunais e de Casas
Legislativas.

v) Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo: vamos ver o


que diz o art. 5º da Lei 12.016/2009:

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito


suspensivo, independentemente de caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado.

A redação do inciso I desse dispositivo leva a uma interpretação


confusa, pois ele parece exigir o esgotamento da via administrativa como
condição de admissibilidade do MS. Não é isso. Na realidade, a ideia é
evitar que seja utilizado o MS ao mesmo tempo em que o interessado
maneja recurso administrativo com efeito suspensivo22, o qual, por si só,
pode afastar o ato que lhe é potencialmente prejudicial. Assim, caso o
interessado não desejar recorrer administrativamente, poderá deixar
escoar o prazo ou renunciar ao recurso administrativo e impetrar o

22 STF - MS 30.822.
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mandado de segurança; o que não pode é impetrar a ação enquanto


aguarda a decisão do recurso com efeito suspensivo23.
Na mesma direção, o inciso II estabelece ser inviável o MS contra
“decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo”. A ideia é a
mesma: se há alguma outra espécie processual a tutelar o direito, sendo
que tal espécie ampara a suspensão dos efeitos eventualmente
prejudiciais, não há porque se proceder ao MS.
Importante registrar, ainda, que, segundo a Súmula 430 do STF, o
pedido de reconsideração na esfera administrativa não interrompe o
prazo do mandado de segurança.

vi) Substituto da ação de cobrança: conforme a Súmula 269 do STF,


“o mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança”, isto é,
a concessão de mandado de segurança não resultará em efeitos
patrimoniais referidos a período pretérito, os quais deverão ser
reclamados administrativamente ou pela via judicial própria. Por exemplo,
você recebeu, por meses, uma vantagem do órgão em que trabalha. Mais
adiante, o Poder Público simplesmente “cancela” a vantagem sem te dar
conhecimento. Insatisfeito, você ingressa com um MS, o qual é provido.
Resultado: não serão mais feitos os descontos, mas, pela via estreita do
mandado de segurança, você não obterá as diferenças relacionadas ao
passado. Para isso, deverá se servir de ações próprias (judiciais ou
administrativas).

39. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) O mandado de segurança é uma das


mais importantes ações judiciais de controle dos atos da administração pública.
Quando o ato for praticado por autoridade no exercício de competência delegada, o
mandado de segurança caberá contra a autoridade delegante.
Comentário: Um ato praticado por delegação é imputável àquele que o
praticou. Assim, um eventual mandado de segurança deve ser impetrado
contra o delegatário (quem agiu por delegação), e não contra o delegante.
Gabarito: Errado

23 Maria Sylvia Di Pietro


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MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

Pois bem. Até agora examinamos as disposições aplicáveis ao


mandado de segurança individual, usado para a defesa do direito próprio
interessado. Porém, a Constituição Federal também prevê a possibilidade
de impetração de MS coletivo, voltado ao atendimento dos interesses de
um grupo de indivíduos, a partir da legitimidade dada aos seus diversos
e potenciais impetrantes. Vamos ver o que diz o art. 5º, LXX da CF:

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;


b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados;

Vamos detalhar um pouco mais esses comandos constitucionais.


Para que se considere que um partido político possui representação
no Congresso Nacional, basta que ele tenha ao menos um deputado
federal ou um senador, em efetivo exercício do mandato, na data da
impetração do mandado de segurança coletivo24.
Em relação aos demais legitimados, note que a exigência de apenas
um ano de constituição e funcionamento destina-se apenas às
associações, não se aplicando às entidades sindicais e às entidades
de classe.
No MS coletivo, a entidade impetrante age como mero substituto
processual (legitimação extraordinária) na relação jurídica, daí porque
não se exige a autorização expressa dos titulares dos direitos,
diferentemente do que acontece, por exemplo, no caso do inciso XXI do
art. 5º da CF, o qual contempla hipótese de representação (e não de
substituição) 25 . Assim, se uma associação pleitear judicialmente
determinado direito em favor de seus associados por outra via que não
seja a do mandado de segurança coletivo, será necessária a autorização
expressa dos seus filiados, conforme prescreve o art. 5º, XXI. Mas, se a
entidade ajuizar um MS coletivo, tal exigência não incidirá, por se tratar
de hipótese de substituição processual.

24 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 938).


25CF, art. 5º, XXI as entidades associativas quando expressamente autorizadas têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente
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Não se exige, também, que o direito defendido pertença a todos os


filiados ou associados. Basta que pertença a parte deles (ex: um
benefício que aproveite apenas aos servidores inativos – parte da
categoria). Nesse contexto, vale conhecer o teor da Súmula 630 do STF:

Súmula 630 – STF: "A entidade de classe tem legitimação para o mandado
de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma
parte da respectiva categoria".

Apesar de o verbete se referir apenas às entidades de classe, pode


ser estendido para os demais legitimados.
Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem
ser (Lei 12.016/2009, art. 21, parágrafo único):
 Coletivos, assim entendidos os transindividuais, de natureza indivisível, de
que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica básica;
 Individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos
associados ou membros do impetrante.

No caso de partido político, o MS coletivo defenderá os interesses dos


seus integrantes ou direitos relacionados à finalidade partidária.
Carvalho Filho nos dá bom exemplo: “a defesa de seus filiados contra ato
de Casa Legislativa que os exclua das comissões temáticas”. Já no caso
das demais entidades, a legitimação é mais restrita, uma vez que elas só
podem defender direitos dos seus associados relativos às finalidades da
entidade (e não os interesses da entidade em si).
Outro detalhe importante: embora sendo uma ação coletiva, segundo
o STF, para o ajuizamento de MS coletivo, exige-se a comprovação de
direito subjetivo, líquido e certo de um grupo, categoria ou classe,
não se permitindo a sua utilização para o fim de proteger direitos difusos
e gerais da coletividade.
Com relação à decisão que nascerá do MS coletivo, há uma
singularidade: a sentença fará coisa julgada apenas para os membros do
grupo ou categoria substituídos pela entidade impetrante, ou seja, não
beneficiará os indivíduos que não foram representados pela entidade na
ação.
Além disso, o MS coletivo não atrai, para si, os MS individuais que
tenham sido impetrados. Nos termos do art. 22, §1º da Lei 12.016/2009,
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“o mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as


ações individuais”. Com outras palavras: o ajuizamento de MS coletivo
não prejudica ações individuais em que se pleiteie o mesmo direito.
Todavia, os efeitos da coisa julgada do MS coletivo não beneficiarão
o impetrante de MS individual que tenha o mesmo objeto, a menos
que ele requeira a desistência da ação individual no prazo de 30 dias,
contados da ciência da impetração da ação coletiva.
No mais, as características do MS coletivo são essencialmente as
mesmas do MS individual.

AÇÃO POPULAR

A ação popular é instrumento de controle social da Administração


Pública, previsto no art. 5º, LXXIII da Constituição Federal:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;

Chama atenção o fato de que a ação popular pode ser proposta por
qualquer cidadão (não é qualquer pessoa física!).
Para os efeitos desse tipo de ação, cidadão é o brasileiro, nato ou
naturalizado, ou o português equiparado, no gozo dos direitos
políticos, ou seja, que tem a possibilidade de, ao menos, votar nos
processos eleitorais. Maria Sylvia Di Pietro explica que, “a rigor, basta a
qualidade de eleitor, uma vez que o artigo 1, §3º, da Lei 4.717/65 exige
que a prova da cidadania, para ingresso em juízo, seja feita com o título
eleitoral, ou com documento que a ele corresponda”.
Dessa forma, nem uma pessoa jurídica e nem mesmo o
Ministério Público são legitimados para propor ação popular, ante a falta
de previsão para tanto.
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Embora o Ministério Público não tenha legitimidade para


propor ação popular, ele possui importante papel nas ações
já ajuizadas.
Compete ao Ministério Público, por exemplo, acompanhar a ação, como fiscal da
lei, atuar como substituto e sucessor do autor, na hipótese de este se omitir ou
abandonar a ação, caso considere ser de interesse público o prosseguimento da
ação, e também recorrer das sentenças e decisões proferidas contra o autor da
ação (a rigor, não só o Ministério Público, mas qualquer cidadão pode promover o
prosseguimento da ação no caso de abandono por parte do autor originário, assim
como recorrer das sentenças proferidas contra o autor).

Detalhe importante é que a ação popular, como previsto na


Constituição, visa a anular ato administrativo lesivo ao patrimônio
público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio
histórico e cultural, independentemente de o ato impugnado ocasionar
lesão direta a quem quer que seja. Em outras palavras, o cidadão, ao
propor ação popular, deve atuar na defesa do interesse público (não de
seu próprio interesse ou de terceiros determinados). Os direitos
defendidos mediante ação popular são direitos difusos, pertencentes a
titulares indeterminados.

Patrimônio
Público

Patrimônio AÇÃO POPULAR Moralidade


histórico-
"Intesses difusos" administrativa
cultural

Meio
ambiente
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Importante anotar que, para o ajuizamento de ação popular, não é


exigida a comprovação de um prejuízo financeiro ou material aos cofres
públicos. Segundo o entendimento do STF, a ilegalidade do ato, por si
só, já configura lesão ao patrimônio público, termo que, para fins de
tutela via ação popular, deve ser entendido de maneira ampla, de modo a
abarcar não apenas o patrimônio econômico, mas também outros valores,
inclusive a moralidade administrativa.
A lesão ao patrimônio público pode decorrer de um ato ou de uma
omissão. O essencial é que o ato ou omissão produza efeitos
concretos, ou seja, a ação popular não pode ser proposta contra lei em
tese.
Pela ação popular, o cidadão demandará do Judiciário a anulação do
ato lesivo (sentença desconstitutiva). Subsidiariamente, a sentença
poderá, ainda, resultar na condenação dos responsáveis ao pagamento
de eventuais perdas e danos comprovados no processo, bem como na
restituição de bens e valores indevidamente obtidos (sentença
condenatória).
Da mesma forma que o mandado de segurança, a ação popular
também poderá ser preventiva – quando for ajuizada antes da prática do
ato lesivo, com o fim de evita-lo – ou repressiva – quando o intuito da
ação for a anulação do ato lesivo já praticado.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A ação civil pública está prevista no art. 129 da CF, nos seguintes
termos:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

(...)
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
difusos e coletivos;
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste
artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto
nesta Constituição e na lei.

A ação civil pública possui muitos pontos em comum com a ação


popular, mas com ela não se confunde. Tanto é que é possível um
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mesmo fato ensejar, concomitantemente, a propositura de ação popular e


de ação civil pública.
O primeiro ponto digno de nota é que a ação civil pública,
diferentemente da ação popular, pode ser proposta pelo Ministério
Público. Aliás, como se vê, o art. 129 da CF coloca a proposição dessa
ação no rol de competências institucionais do órgão.
Contudo, não se trata de ação de titularidade exclusiva do Parquet. O
§1º do mesmo art. 129 dispõe que a legitimação do Ministério Público não
impede a de terceiros. Com efeito, a Lei 7.347/198526 estabelece que são
legitimados para propor a ação civil pública:
 Ministério Público;
 Defensoria Pública;
 União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

 Autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;


 Associação que, concomitantemente:
 esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;

 inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio


público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica,
à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos
ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Quanto ao alcance, a ação civil pública é bastante abrangente,


servindo para a tutela de quaisquer interesses difusos e coletivos, de
relevância social, como danos ao meio ambiente, aos interesses dos
consumidores, à ordem urbanística etc. Ressalte-se que, assim como a
ação popular, a ação civil pública não se presta à tutela de interesses
individuais determinados, mas sim à proteção do interesse público ou
geral.
Nesse sentido, prescreve o parágrafo único do art. 1º da
Lei 7.347/85 que:

“não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos
beneficiários podem ser individualmente determinados”.

26 Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao

consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá
outras providências.
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Da mesma forma que a ação popular, a ação civil pública pode ter
finalidade preventiva ou repressiva, isto é, pode ter por escopo evitar
uma lesão, ou, se já ocorrida, repará-la (se possível) e responsabilizar os
que a ocasionaram, por ação ou omissão.
Uma peculiaridade da ação civil pública é que o conteúdo da sentença
judicial pode ser tanto uma obrigação de fazer ou não fazer como a
condenação em dinheiro do responsável por uma lesão ou ameaça de
lesão aos bens jurídicos por ela tutelados. Em regra, a sentença na ação
civil pública não anula algum ato, até porque, na maioria das vezes, o
desfazimento do dano causado não é possível (ex: a poluição de um rio,
com a consequente morte de milhares de peixes e outros animais
aquáticos, por exemplo, não pode ser desfeita 27 ). A ação popular, ao
contrário, visa à anulação de um ato que ocasiona lesão ou ameaça a
lesão (a eventual condenação do responsável é apenas subsidiária).
Dessa forma, tem-se que, na ação civil pública, a sentença é
preponderantemente condenatória (condenação em dinheiro) ou
mandamental (obrigação de fazer e não fazer), enquanto na ação
popular a sentença é preponderantemente desconstitutiva (anula o ato
lesivo) e apenas subsidiariamente condenatória.

Ação civil pública Ação popular

Preponderantemente Preponderantemente
mandamental desconstitutiva

Preponderantemente Subsidiariamente
condenatória condenatória

Por fim, é oportuno registrar que a ação civil pública é utilizada para
apurar e sancionar os atos de improbidade administrativa. Mais
precisamente, a ação judicial de improbidade prevista na Lei 8.429/1992 –
a qual será estudada em aula específica – tem sido considerada uma
espécie de ação civil pública.

27 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 958).


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OUTRAS AÇÕES

Bom, como afirmado inicialmente, a intenção não é esgotar aqui a


abordagem de todos os instrumentos que podem ser utilizados para o
controle judicial da Administração Pública. Existem outras ações que
cumprem esse objetivo, como o habeas corpus, o habeas data e o
mandado de injunção. Tais ações, assim como outras tantas, não serão
estudadas aqui por se tratar de assunto muito mais atinente a outros
ramos do Direito, como o Direito Constitucional, ao qual remetemos à
leitura, caso necessário.

40. (Cespe – MPTCDF 2013) O STF poderá, apenas após ação judicial, acolher
reclamação administrativa, anular o ato administrativo e determinar que outro seja
praticado.
Comentário: A questão trata das Súmulas Vinculantes, que são
enunciados pacificados na jurisprudência do STF de observância obrigatória
pelos demais tribunais do Judiciário, no exercício da função judicial, e
também pela Administração Pública, no exercício da função administrativa.
Caso um ato administrativo ou uma decisão judicial contrariem algum
enunciado de Súmula Vinculante, o prejudicado poderá interpor reclamação
perante o Supremo Tribunal Federal que, se considera-la procedente, anulará
o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará
que outra seja proferida. É o que diz o art. 103-A da Constituição Federal:
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
(...)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da
súmula, conforme o caso.
O erro da questão é que a reclamação contra ato da Administração não
precisa ser precedida de ação judicial, ou seja, pode ser interposta
diretamente perante do STF. Detalhe é que, segundo o art. 7º. §1º da Lei
11.417/2006, caso a reclamação seja dirigida contra omissão ou ato da
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administração pública, o uso da reclamação só será admitido após


esgotamento das vias administrativas.
Gabarito: Errado

CONTROLE SOCIAL

O controle social da Administração Pública é exercido pelo cidadão


diretamente ou pela sociedade civil organizada. O ordenamento jurídico
brasileiro, a começar pela Constituição Federal, estabelece diversas
formas de controle social, que pode ser exercido tanto no momento da
formulação da política pública como na fase de execução.
A seguir, alguns exemplos de ações de controle acessíveis a qualquer
cidadão:
 Denunciar irregularidades aos órgãos de controle externo (CF,
art. 74, §2º);
 Propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público e à
moralidade administrativa (CF, art. 5º, LXXIII);
 Examinar e questionar a legitimidade das contas de todas as esferas
de governo, as quais ficarão à disposição de qualquer contribuinte no
respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável por sua
elaboração (CF, art. 31, §3º; LRF, art. 49);
 Conhecer e acompanhar, em tempo real, em meios eletrônicos de
acesso público, informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira (LC 131/2009);

 Sugerir, criticar, reclamar ou informar a respeito de ato de gestão ou


ato administrativo praticado por agente público jurisdicionado ao TCU, por
meio da ouvidoria do Tribunal (Resolução TCU 214/2008).

*****
Pessoal, com isso terminamos a parte teórica da aula de hoje. Vamos
agora resolver algumas questões de prova. 
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MAIS QUESTÕES DE PROVA

41. (Cespe – CNJ 2013) Os órgãos administrativos do Poder Judiciário, no


exercício do controle administrativo, podem confirmar ou rever condutas internas,
conforme aspectos de legalidade ou de conveniência e oportunidade.
Comentário: Os órgãos administrativos de todos os Poderes exercem o
controle administrativo sobre seus próprios atos. É o que ocorre, por exemplo,
quando a Secretaria do STF anula uma licitação promovida pelo Tribunal ou
quando revoga um ato administrativo de reestruturação interna. Nesses casos,
o Poder Judiciário, por intermédio de seus órgãos administrativos, atua como
Administração Pública, podendo exercer, em consequência, o poder de
autotutela, que lhe permite confirmar ou rever condutas internas, conforme
aspectos de legalidade ou de conveniência e oportunidade.
Gabarito: Certo

42. (Cespe – MPTCDF 2013) O controle administrativo é um controle de legalidade


e de mérito, exercido exclusivamente pelo Poder Executivo sobre suas próprias
condutas.
Comentário: O controle administrativo é exercido no âmbito de todos os
Poderes, ou seja, não é exclusividade do Poder Executivo. Nesse sentido,
quando o Poder Judiciário e o Poder Legislativo, assim como o Tribunal de
Contas e o Ministério Público, exercem a função administrativa, atuando como
Administração Pública, também exercem controle administrativo sobre seus
próprios atos.
Gabarito: Errado

43. (Cespe – MIN 2013) O controle administrativo tem como fundamento o dever-
poder de autotutela que a administração pública tem sobre suas atividades, atos e
agentes, sendo um de seus instrumentos o direito de petição.
Comentário: Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, “controle
administrativo é o poder de fiscalização e correção que a Administração
Pública (em sentido amplo) exerce sobre sua própria atuação, sob os aspectos
de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante provocação”.
Quando se fala em controle sobre sua “própria atuação”, imediatamente
relacionamos com o poder de autotutela, pelo qual a Administração tem o
poder-dever de anular seus próprios atos praticados de forma ilegal, bem
como revogar aqueles que se tornaram inoportunos e inconvenientes.
Portanto, o controle administrativo tem sim como fundamento o poder de
autotutela.
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Ainda pela definição da professora Di Pietro, o controle administrativo


pode ocorrer de ofício ou mediante provocação. Neste último caso, os
administrados podem provocar o controle administrativo ao exercer o direito
de petição, utilizando instrumentos como representações, reclamações e
recursos administrativos.
Do exposto, percebe-se que o item está correto.
Gabarito: Certo

44. (Cespe – AFRE/ES 2013) O controle exercido por determinado órgão público
sobre os seus departamentos denomina-se controle
a) interno.
b) de legalidade.
c) externo.
d) concomitante.
e) provocado.
Comentário: A questão aborda a classificação do controle segundo o
posicionamento do órgão controlador em relação ao controlado. Por esse
critério, o controle pode ser interno ou externo, consoante decorra de órgão
integrante ou não da própria estrutura em que se insere o órgão controlado.
Nesse sentido, o controle exercido por determinado órgão público sobre os
seus departamentos denomina-se controle interno, eis que representa o
controle de um órgão sobre outro integrante da sua própria estrutura.
Gabarito: alternativa “a”

45. (Cespe – MDIC 2014) As formas de controle interno na administração pública


incluem o controle ministerial, exercido pelos ministérios sobre os órgãos de sua
estrutura interna, e a supervisão ministerial, exercida por determinado ministério
sobre as entidades da administração indireta a ele vinculadas.
Comentário: Questão bastante polêmica. A meu ver, para estar correta,
sem dúvida alguma, a expressão “controle interno” deveria ser substituída por
“controle administrativo”. Com efeito, conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro,
o controle administrativo abrange a supervisão ministerial exercida sobre os
órgãos da Administração Direta (espécie de controle interno, fundamentada no
poder de autotutela), assim como a supervisão ministerial exercida sobre as
entidades da Administração Indireta (espécie de controle externo,
fundamentada no poder de tutela). A polêmica da questão reside, portanto, em
classificar a tutela como uma espécie de controle “interno”, classificação que
não encontra eco na doutrina majoritária. De fato, além de Di Pietro, Carvalho
Filho também entende que a tutela consiste em controle externo. Já Celso
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Antônio Bandeira de Mello diz que se trata de um controle “interno-exterior”,


ou seja, nem um nem outro.
O próprio Cespe, em questões anteriores, já considerou correta a
afirmativa de que a tutela é um controle externo. Vejamos:
(Cespe - TCE/RN 2009) Com referência ao controle externo e ao Poder Legislativo do
estado e dos municípios, julgue o item a seguir: entre os vários critérios adotados para
classificar as modalidades de controle, destaca-se o que o distingue entre interno e
externo, dependendo de o órgão que o exerça integrar ou não a própria estrutura em
que se insere o órgão controlado. Nesse sentido, o controle externo é exercido por
um poder sobre o outro, ou pela administração direta sobre a indireta.
Gabarito: Certo
(Cespe – DP/RR 2013) Assinale a opção correta quanto ao controle da administração
pública.
d) O controle exercido pela administração direta sobre as autarquias é finalístico,
externo e administrativo e não se baseia na subordinação hierárquica.
Gabarito: alternativa “d”
Portanto, a meu ver, a questão deveria ser considerada “Errada” ou, no
mínimo, anulada. Ressalte-se que, só por essa questão, não dá para concluir
que o Cespe mudou seu entendimento a respeito do assunto, até porque a
doutrina continua a mesma. Em questões futuras, acho mais prudente
continuar considerando que a tutela é um controle externo.
Gabarito: Certo

46. (Cespe – PM/CE 2014) Considera-se controle por vinculação o poder de


fiscalização e correção que os órgãos da administração centralizada exercem sobre
as pessoas jurídicas que integram a administração indireta.
Comentário: Entre os Ministérios da Administração Direta e as entidades
da Administração Indireta não há hierarquia, mas apenas vinculação. Daí
porque a supervisão ministerial sobre as entidades da Administração Indireta
também é chamada de controle por vinculação, de caráter finalístico, que
busca assegurar que as entidades cumpram os objetivos para os quais foram
criadas, sem prejuízo da sua autonomia característica.
Gabarito: Certo

47. (Cespe – PM/CE 2014) O controle administrativo sobre os órgãos da


administração direta é um controle interno, que permite à administração pública
anular os próprios atos, quando ilegais, ou revogá-los, quando inoportunos ou
inconvenientes.
Comentário: De fato, o controle administrativo sobre os órgãos da
administração direta é um controle interno, pois é a própria administração
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direta exercendo controle sobre si mesma, no exercício do poder de autotutela.


É o que ocorre, por exemplo, quando um Ministro de Estado anula um ato
ilegal ou revoga um ato inoportuno e inconveniente praticado por um servidor
subordinado ao Ministério.
Gabarito: Certo

48. (Cespe – TCDF 2014) Na esfera federal, o controle administrativo é


identificado com a supervisão ministerial, que, no caso da administração indireta,
caracteriza a tutela. A sua autonomia, estabelecida nas próprias leis instituidoras,
deve ser assegurada, sem prejuízo da fiscalização na aplicação da receita pública e
da atenção com a eficiência e a eficácia no desempenho da administração.
Comentário: Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, o controle
administrativo abrange a supervisão ministerial exercida sobre os órgãos da
Administração Direta (espécie de controle interno, fundamentada no poder de
autotutela), assim como a supervisão ministerial exercida sobre as entidades
da Administração Indireta (espécie de controle externo, fundamentada no
poder de tutela). Ressalte-se que a tutela, como bem afirma o quesito, não
retira a autonomia das entidades da Administração Indireta, muito pelo
contrário, serve para assegurar essa autonomia.
Gabarito: Certo

49. (Cespe – Polícia Federal 2014) Recursos administrativos são todos os meios
utilizáveis pelos administrados para provocar o reexame do ato administrativo pela
administração pública e, pelo fato de o processo administrativo ter impulsão de
ofício, tais recursos não podem ter efeito suspensivo em hipótese alguma.
Comentário: O recurso administrativo é apenas um dos meios pelos quais
o administrado pode provocar o reexame de ato administrativo pela
Administração Pública. Outro instituto que possui a mesma finalidade é o
pedido de reconsideração. A questão também erra ao afirmar que os recursos
administrativos não podem ter efeito suspensivo em hipótese alguma.
Segundo o art. 61 da Lei 9.784/99, “salvo disposição legal em contrário, o
recurso não tem efeito suspensivo”. Ou seja, a lei pode conferir efeito
suspensivo ao recurso administrativo. Ademais, conforme o parágrafo único
do art. 61 da mesma Lei 9.784/99, a autoridade competente (ou aquela
imediatamente superior) para apreciação do recurso administrativo poderá, de
ofício ou a pedido, de modo excepcional, conceder efeito suspensivo ao
expediente recursal, se houver justo receio de prejuízo de difícil ou incerta
reparação decorrente da decisão recorrida.
Gabarito: Errado
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50. (Cespe – CNJ 2013) O controle legislativo é a prerrogativa atribuída ao Poder


Legislativo de fiscalizar e controlar os atos praticados pelas entidades integrantes da
administração direta, não sendo cabível este tipo de controle em face dos entes que
compõem a administração indireta.
Comentário: Conforme o art. 70, caput, da Constituição Federal, o
controle legislativo incide sobre a administração direta e indireta:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.

Gabarito: Errado

51. (Cespe – TRT10 2013) Por força do princípio da separação de poderes, não se
admite o controle da administração pública pelo Poder Legislativo.
Comentário: O controle do Poder Legislativo sobre a Administração
Pública está expressamente previsto na Constituição Federal, notadamente no
art. 70. Faz parte do sistema de freios e contrapesos no qual os Poderes
exercem controles recíprocos entre si.
Gabarito: Errado

52. (Cespe – AGU 2013) O TCU tem o dever de prestar ao Congresso Nacional, a
qualquer de suas Casas ou de suas comissões, informações sobre a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial que executar, bem como
sobre os resultados das auditorias e inspeções que realizar.
Comentário: O quesito está em conformidade com o art. 71, VII da CF:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
(...)
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas
Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
inspeções realizadas;

Gabarito: Certo

53. (Cespe – AGU 2013) Uma autoridade pública federal responsável pelo sistema
de controle interno que, após tomar conhecimento de uma irregularidade ou
ilegalidade praticada no âmbito do órgão em que atue, dela não der ciência ao TCU
estará sujeita a ser solidariamente responsabilizada pelo ato irregular ou ilegal.
Comentário: O item está em conformidade com o art. 74, §1º da CF:
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§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
pena de responsabilidade solidária.

Gabarito: Certo

54. (Cespe – Suframa 2014) Considerando que a SUFRAMA, autarquia vinculada


ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, pretenda contratar
serviços de consultoria para auxiliar na elaboração do Plano Diretor Plurienal da
ZFM, julgue o item a seguir.
Realizada, a referida contratação estará submetida ao controle do Tribunal de
Contas da União, órgão que auxilia o Congresso Nacional na sua atividade de
controle externo.
Comentário: Os atos de gestão de recursos públicos praticados pelas
entidades da administração indireta federais, como as autarquias, estão
sujeitos ao controle externo do Tribunal de Contas da União. A jurisdição do
TCU sobre essas entidades decorre de vários dispositivos constitucionais,
dentre eles:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
(...)
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público;
(...)
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de
Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no
inciso II;
Gabarito: Certo

55. (Cespe – MPTCDF 2013) As comissões parlamentares de inquérito, que terão


poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, poderão, por autoridade
própria, determinar a busca e apreensão domiciliar de documentos.
Comentários: De fato, segundo o art. 58, §3º da CF, as comissões
parlamentares de inquérito (CPI) possuem poderes de investigação próprios
das autoridades judiciais, podendo, dentre outros, determinar a quebra do
sigilo bancário e fiscal de pessoas investigadas. Contudo, as CPI não podem,
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por autoridade própria, determinar a busca e apreensão domiciliar de


documentos. Para fazer isso, as CPI necessitam de autorização judicial. Outras
medidas que as CPI não podem adotar sem autorização judicial são:
determinar medidas processuais de garantia, tais como sequestro e
indisponibilidade de bens; impedir que pessoa saia do país ou apreender
passaporte; determinar a quebra do sigilo telefônico para ter acesso ao
conteúdo das conversas (a quebra do sigilo telefônico pelas CPI se limita ao
acesso à lista dos números chamados/recebidos).
Gabarito: Errado

56. (Cespe – TRT10 2013) Portaria de caráter normativo editada pelo Ministério da
Educação que seja ilegal poderá ser sustada pelo Congresso Nacional.
Comentário: De fato, o Congresso Nacional teria competência para sustar
o referido ato normativo do Ministério da Educação, conforme o art. 49, V da
CF:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
(...)
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
Repare que a competência é do Congresso Nacional, não é da Câmara
dos Deputados ou do Senado Federal, isoladamente.
Gabarito: Certo

57. (Cespe – CNJ 2013) A decisão do Tribunal de Contas da União que, dentro de
suas atribuições constitucionais, julga ilegal a concessão de aposentadoria,
negando-lhe o registro, possui caráter impositivo e vinculante para a administração.
Comentário: As decisões do TCU tomadas no exercício das suas
competências constitucionais, dentre as quais efetuar o registro dos atos de
concessão de aposentadoria, possuem caráter impositivo e vinculante para a
Administração, significando que a Administração deve cumpri-las na forma e
no prazo determinado pelo Tribunal de Contas. Assim, por exemplo, se o TCU
negar o registro de determinada aposentadoria, a Administração deverá rever
o ato, adequando-o de acordo com as orientações do Tribunal de Contas,
inclusive no que tange à eventual necessidade de ressarcimento ao erário.
Gabarito: Certo

58. (Cespe – MPTCDF 2013) O julgamento das contas dos administradores


públicos é exercido pela Controladoria Geral da União (CGU), órgão central de
controle interno do Poder Executivo, e seu resultado deve ser informado ao TCU,
dentro dos prazos estabelecidos na legislação vigente.
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Comentário: Nos termos do art. 71, II da CF, as contas dos


administradores públicos responsáveis pela gestão de recursos federais são
julgadas pelo Tribunal de Contas da União, e não pela CGU.
Gabarito: Errado

59. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) O controle externo, a cargo do


Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao
qual compete, entre outras atribuições, fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
repassados pela União, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a estado, ao Distrito Federal ou a município.
Comentário: O item está de acordo com o art. 71, VI da CF:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
(...)
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município;
Gabarito: Certo

60. (Cespe – CADE 2014) A função fiscalizatória exercida pelos tribunais de


contas dos estados inclui-se entre as hipóteses de controle do Poder Legislativo
sobre os atos da administração pública.
Comentário: O controle legislativo, em todas as esferas de governo, pode
ser entendido como o controle exercido pelas casas legislativas (Câmaras
Municipais, Assembleias Legislativas e Congresso Nacional) diretamente ou
por meio dos Tribunais de Contas.
Lembrando que cada esfera de governo está sob a jurisdição de um
Tribunal de Contas próprio. Assim, na esfera federal, o Tribunal de Contas
competente é o Tribunal de Contas da União. Na esfera estadual e distrital,
existe um tribunal de contas para cada Estado e para o DF. Já na esfera
Municipal, o controle pode exercido por um Tribunal de Contas Municipal
(apenas nas cidades Rio de Janeiro e São Paulo), por um Tribunal de Contas
dos Municípios (municípios dos Estados da Bahia, Ceará, Goiás e Pará) ou,
nos demais casos, pelo próprio Tribunal de Contas Estadual, o qual acumula o
controle externo na esfera estadual e municipal do respectivo Estado.
Gabarito: Certo
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61. (Cespe – MPTCDF 2013) Segundo o entendimento firmado no âmbito do STJ,


quando se tratar de ato de demissão de servidor público, é permitido questionar o
Poder Judiciário acerca da legalidade da pena a ele imposta, até porque, em tais
circunstâncias, o controle jurisdicional é amplo, no sentido de verificar se há
motivação para o ato de demissão.
Comentário: A questão se refere ao seguinte julgado do STJ:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR. NULIDADES. NÃO CARACTERIZADAS. CONTROLE
JURISDICIONAL.
POSSIBILIDADE. UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. PRECEDENTES.
ARGUIÇÃO QUANTO A EVENTUAIS ILEGALIDADES NA OBTENÇÃO DA
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. SEDE ADEQUADA: AÇÃO PENAL. DEMISSÃO
DECORRENTE DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA NÃO
EXPRESSAMENTE TIPIFICADO NA LEI N.º 8.492/1992. PROCESSO JUDICIAL
PRÉVIO PARA APLICAÇÃO DA PENA DE DEMISSÃO. DESNECESSIDADE.
PREPONDERÂNCIA DA LEI N.º 8.112/90.
PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. OFENSA A ESSES
POSTULADOS. INEXISTENTE. SUPOSTAS NULIDADES NO PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. PRINCÍPIO DO PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF.
ALEGAÇÃO DE INOCÊNCIA QUANTO ÀS CONDUTAS IMPUTADAS. DILAÇÃO
PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE NA VIA DO WRIT OF MANDAMUS.
1. No caso de demissão imposta a servidor público submetido a processo
administrativo disciplinar, não há falar em juízo de conveniência e oportunidade da
Administração, visando restringir a atuação do Poder Judiciário à análise dos aspectos
formais do processo disciplinar. Nessas circunstâncias, o controle jurisdicional é
amplo, no sentido de verificar se há motivação para o ato demissório, pois trata-
se de providência necessária à correta observância dos aludidos postulados.
2. É cabível a chamada "prova emprestada" no processo administrativo disciplinar,
desde que devidamente autorizada pelo Juízo Criminal.
Assim, não há impedimento da utilização da interceptação telefônica produzida no
ação penal, no processo administrativo disciplinar, desde que observadas as diretrizes
da Lei n.º 9.296/96. Precedentes.
(...)
(MS 14.140/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
26/09/2012, DJe 08/11/2012)
Repare que, mesmo sem conhecer o aludido julgado do STJ, seria
possível resolver a questão apenas com o conhecimento de que nenhuma
ilegalidade pode ser furtada do exame pelo Poder Judiciário. Assim, a
questão está perfeita, pois afirma que é permitido questionar o Poder
Judiciário acerca da legalidade da pena imposta ao servidor. Detalhe é que,
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caso reconheça que a sanção aplicada ao servidor é ilegal, o Judiciário poderá


anular a aplicação da pena, mas não poderá aplicar sanção menos gravosa,
caso contrário, estaria invadindo o campo de discricionariedade da
Administração.
Gabarito: Certo

62. (Cespe – TRT10 2013) Conforme a jurisprudência, o ato administrativo que


impõe sanção disciplinar a servidor público vincula-se aos princípios da
proporcionalidade, dignidade da pessoa humana e culpabilidade. Dessa forma, o
controle jurisdicional desse ato é amplo, não se limitando aos aspectos formais do
procedimento sancionatório.
Comentário: A jurisprudência, especialmente a do STJ, firmou o
entendimento de que, no exercício do poder disciplinar, não se admite invocar
a discricionariedade do ato com o fim de afastar o controle jurisdicional. Sobre
o tema, vejamos o seguinte julgado do STJ:
MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO DISCIPLINAR. DISCRICIONARIEDADE.
INOCORRÊNCIA. PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA AUSENTE. INADEQUAÇÃO DA VIA
ELEITA. ORDEM DENEGADA.
I - Tendo em vista o regime jurídico disciplinar, especialmente os princípios da
dignidade da pessoa humana, culpabilidade e proporcionalidade, inexiste
aspecto discricionário (juízo de conveniência e oportunidade) no ato
administrativo que impõe sanção disciplinar.
II - Inexistindo discricionariedade no ato disciplinar, o controle jurisdicional é
amplo e não se limita a aspectos formais.
III - A descrição minuciosa dos fatos se faz necessária apenas quando do indiciamento
do servidor, após a fase instrutória, na qual são efetivamente apurados, e não na
portaria de instauração ou na citação inicial.
IV - Inviável a apreciação do pedido da impetrante, já que não consta, neste writ, o
processo administrativo disciplinar, o qual é indispensável para o exame da
adequação ou não da pena de demissão aplicada, considerando, especialmente, a
indicação pela Comissão Disciplinar de uma série de elementos probatórios
constantes do PAD, os quais foram considerados no ato disciplinar.
V - A decisão que determinou o trancamento de ação penal, pendente o trânsito em
julgado, não vincula, necessariamente, a decisão administrativa disciplinar. Seja como
for, a revisão administrativa poderá ser provocada desde que preenchidos os
requisitos para tanto.
Ordem denegada, sem prejuízo das vias ordinárias.
(MS 12.927/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
12/12/2007, DJ 12/02/2008, p. 1)
Gabarito: Certo
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63. (Cespe – TRT10 2013) Os atos discricionários praticados pela administração


pública estão sujeitos ao controle pelo Poder Judiciário quanto à legalidade formal e
substancial, observada a vinculação da administração aos motivos embasadores dos
atos por ela praticados, os quais conferem a eles legitimidade e validade.
Comentário: Em regra, o controle judicial se restringe ao controle de
legalidade, não se pronunciando sobre a conveniência e oportunidade do ato
em exame, ou seja, sobre o mérito administrativo. Os elementos que perfazem
o mérito do ato administrativo (motivo e objeto) somente poderão ser objeto de
análise pelo Poder Judiciário nos casos em que contrariarem princípios legais
(como moralidade, imparcialidade e eficiência) ou que forem desproporcionais
ou não pautados em critérios previstos em lei. Por exemplo, pela teoria dos
motivos determinantes, a ausência ou falsidade do motivo, isto é, dos fatos
que precedem a elaboração do ato, caracteriza ilegalidade, suscetível de
invalidação pelo Poder Judiciário, não constituindo invasão do mérito
administrativo.
Gabarito: Certo

64. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) O Poder Judiciário pode examinar atos
da administração pública de qualquer natureza, sejam gerais ou individuais,
unilaterais ou bilaterais, vinculados ou discricionários, mas sempre sob os aspectos
da legalidade e, também, da moralidade.
Comentário: Em nosso ordenamento jurídico prevalece o princípio da
inafastabilidade da tutela judicial, segundo o qual quaisquer atos
administrativos podem ser apreciados pelo Judiciário. O controle judicial,
contudo, se restringe aos aspectos de legalidade, aí incluída a verificação da
observância dos princípios administrativos, como moralidade, impessoalidade,
eficiência e publicidade.
Gabarito: Certo

65. (Cespe – Bacen 2013) O ato discricionário, dada sua natureza, não está
sujeito a apreciação judicial.
Comentário: O ato discricionário pode sim ser objeto de apreciação
judicial, mormente quando extrapole os limites estabelecidos em lei ou quando
editado em desobediência aos princípios administrativos, como a
proporcionalidade, a razoabilidade e a moralidade. Lembrando, ainda, que o
Judiciário pode atuar sobre a legalidade dos aspectos vinculados dos atos
discricionários, quais sejam, competência, finalidade e forma.
Gabarito: Errado
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66. (Cespe – Suframa 2014) Uma das formas de controle da administração


pública é o controle judicial, que incide tanto sobre o mérito quanto sobre a
legalidade dos atos da administração pública.
Comentários: O controle judicial incide apenas sobre a legalidade dos
atos da Administração Pública, e não sobre o mérito desses atos, mormente
quando praticados dentro dos limites legais, pois, nesse caso, representam o
exercício do poder discricionário da Administração, sendo indevida a
intervenção judicial, sob pena de romper a separação dos poderes
constitucionais.
Gabarito: Errado

67. (Cespe – MTE 2014) Na hipótese de um servidor, que foi demitido pelo
ministro do MTE, impetrar mandado de segurança em desfavor dessa autoridade,
estará sendo realizado, por meio do julgamento do mencionado remédio
constitucional, o controle judicial da administração pública.
Comentário: Existem diversos instrumentos pelos quais é exercido o
controle judicial sobre a Administração Pública, podendo-se destacar, dentre
eles, o mandado de segurança, a ação popular e a ação civil pública.
Gabarito: Certo

68. (ESAF – AFT 2010) O estudo do tema 'controle da administração pública' nos
revela que:
a) submetem-se a julgamento todas as contas prestadas por responsáveis por bens
ou valores públicos, aí incluído o Presidente da República.
b) no exercício do poder de autotutela, a administração pública pode rever seus
atos, mas não pode declará-los nulos.
c) em respeito ao princípio da separação dos poderes, é vedado o controle
transversal de um Poder sobre os outros.
d) o controle interno é exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal
de Contas da União.
e) o Poder Judiciário exerce apenas controle jurisdicional sobre seus atos
administrativos.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. O dever de prestar contas acerca da arrecadação e da
utilização dos recursos públicos constitui um dos pilares do Estado
Democrático de Direito. Afinal, trata-se da utilização de recursos arrecadados
compulsoriamente da sociedade, os quais, em tese, deveriam ser aplicados em
benefício de todos. Na Administração Pública, o dever de prestar contas é
bastante amplo, abrangendo desde o Presidente da República até pessoas
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físicas que, sem ter qualquer vínculo formal com a Administração, sejam de
alguma forma responsáveis pela aplicação de recursos públicos (ex:
beneficiários de bolsa de estudo do Governo) ou por provocar dano ao erário
(ex: licitante que frauda licitação e vende para a Administração produtos acima
do valor mercado). É isso que prescreve o art. 70, parágrafo único da CF:
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores
públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.
Detalhe é que a prestação de contas do Presidente da República é julgada
pelo Congresso Nacional, após parecer prévio do Tribunal de Contas da União
(CF, art. 71, II). Já as contas dos demais administradores públicos, incluindo
os causadores de dano ao erário, são julgadas pelo Tribunal de Contas
competente, a depender da origem dos recursos administrados: recursos
federais = Tribunal de Contas da União; recursos estaduais = Tribunais de
Contas dos estados; recursos municipais = Tribunal de Contas Municipais ou
dos Municípios (CF, art. 71, II).
b) ERRADA. No exercício do poder de autotutela, a administração pública
pode tanto rever seus atos como declará-los nulos, em caso de ilegalidade.
c) ERRADA. O princípio da separação dos poderes, um dos pilares da
nossa democracia, conta com um sistema de freios e contrapesos, em que um
Poder fiscaliza o outro, de modo que nenhum deles é absoluto ou se sobressai
perante os demais. Dessa forma é que, por exemplo, o Poder Judiciário pode
anular atos administrativos praticados pelo Executivo; o Executivo pode vetar
projetos de lei aprovados pelo Legislativo, além de nomear membros para os
Tribunais superiores do Judiciário; e o Legislativo, por sua vez, exerce o
controle externo sobre toda a Administração Pública, fiscalizando as funções
administrativas dos órgãos e entidades de todos os Poderes.
d) ERRADA. Nos termos do art. 71, caput da CF, o controle externo (e não
o interno) é exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de
Contas da União.
e) ERRADA. O Poder Judiciário, quando atua como Administração
Pública, também exerce controle administrativo sobre seus próprios atos.
Gabarito: alternativa “a”

69. (ESAF – AFT 2010) Quanto ao controle da Administração Pública, em especial,


quanto ao momento em que ele se efetiva, assinale:
(1) para controle prévio;
(2) para controle sucessivo ou concomitante;
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(3) para controle corretivo ou posterior.


E escolha a opção que represente a sequência correta.
( ) Aprovação, pelo Senado Federal, de operação financeira externa de interesse da
União.
( ) Auditorias realizadas pelo TCU em obras públicas federais.
( ) Aprovação, pelo Senado Federal, dos Ministros do TCU indicados pelo
Presidente da República.
( ) Julgamento das contas dos gestores públicos pelo TCU.
( ) Registro, pelo TCU, das admissões, aposentadorias e pensões no âmbito das
pessoas jurídicas de direito público da Administração Pública Federal.
a) 3 / 1 / 2 / 1 / 3
b) 2 / 2 / 1 / 3 / 3
c) 2 / 3 / 3 / 1 / 2
d) 1 / 1 / 3 / 3 / 2
e) 1 / 2 / 1 / 3 / 3
Comentário: A aprovação pelo Senado Federal é condição necessária
para a realização de operação financeira externa de interesse da União;
portanto, trata-se de controle prévio. As auditorias realizadas pelo TCU em
obras públicas federais são exemplos de controle concomitante (logicamente,
quando a fiscalização é realizada enquanto as obras ainda estão em
andamento). A aprovação, pelo Senado Federal, dos Ministros do TCU
indicados pelo Presidente da República também é exemplo de controle prévio.
Já o julgamento das contas dos gestores públicos pelo TCU e o registro,
também pelo TCU, das admissões, aposentadorias e pensões no âmbito das
pessoas jurídicas de direito público da Administração Pública Federal são
hipóteses de controle posterior, eis que realizado após a prática dos atos
controlados.
Gabarito: alternativa “e”

70. (ESAF – ATRFB 2009) O controle externo da Administração Pública, no que


está afeto ao Tribunal de Contas da União (TCU), compreende
a) o julgamento das contas prestadas anualmente pelo Presidente da República.
b) a fiscalização da aplicação dos recursos financeiros repassados pela União para
os Estados, mediante convênio.
c) o julgamento das contas relativas à aplicação das cotas dos Fundos de
Participação transferidas para os Estados e Municípios.
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d) o registro prévio das licitações e respectivos contratos, para compras, obras e


serviços.
e) o registro prévio dos atos de admissão dos servidores públicos federais, bem
como o das concessões de aposentadorias, reformas e pensões.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Nos termos do art. 71, I da CF, o julgamento das contas
prestadas anualmente pelo Presidente da República compete ao Congresso
Nacional. Ao TCU compete apreciar tais contas e emitir parecer prévio para
subsidiar o julgamento do Congresso.
b) CERTA, nos termos do art. 71, VI da CF:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
(...)
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
Federal ou a Município;
c) ERRADA. A parcela de recursos do imposto de renda (IR) e do imposto
de importação (IPI) destinada ao Fundo de Participação dos Estados (FPE) e ao
Fundo de Participação dos Municípios (FPM) constitui receita originária dos
Estados, DF e Municípios. Por determinação constitucional, a União somente
arrecada e passa adiante esses recursos, cabendo aos entes da federação
destinatários decidir como eles serão aplicados. Uma vez que os recursos do
FPE e FPM não são federais, a fiscalização da sua aplicação pelos Estados e
Municípios está fora da competência do TCU, se inserindo no rol de
atribuições dos tribunais de contas estaduais e municipais, daí o erro do item.
Não obstante, vale saber que a Constituição conferiu ao TCU a atribuição de
calcular as quotas referentes a esses Fundos, isto é, os coeficientes
individuais de participação de cada ente da federação no Fundo, de acordo
com as normas e critérios estabelecidos em Lei Complementar (CF, art. 161):
Art. 161. Cabe à lei complementar:
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159,
especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I,
objetivando promover o equilíbrio socioeconômico entre Estados e entre Municípios;
Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas
referentes aos fundos de participação a que alude o inciso II.
d) ERRADA. O Tribunal de Contas não tem competência para efetuar o
registro prévio das licitações e respectivos contratos, para compras, obras e
serviços. Atualmente, os gestores públicos firmam contratos administrativos
sem precisar de qualquer aval prévio da Corte de Contas.
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e) ERRADA. É verdade que o TCU possui competência para efetuar o


registro dos atos de admissão dos servidores públicos federais, bem como o
das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, a teor do art. 71, III da
CF. Contudo, tal registro não é prévio à prática do ato, e sim posterior, ou seja,
primeiro a Administração emite o ato administrativo de admissão ou de
aposentadoria de servidor e depois remete esse ato ao Tribunal de Contas
para fins de apreciação e registro. Detalhe é que, embora o ato ainda não
esteja completamente formado (pois falta o registro no Tribunal de Contas), o
servidor recebe os proventos da aposentadoria ou os vencimentos do cargo
efetivo desde o momento da edição do ato de aposentadoria ou de admissão
pela Administração (efeito prodrômico).
Gabarito: alternativa “b”

71. (ESAF – AFRFB 2012) Ex-presidente de uma autarquia sofre tomada de


contas especial determinada pelo Tribunal de Contas da União – TCU em razão de
apuração de denúncia recebida naquele Tribunal.
A autarquia instaurou a tomada de contas especial com a finalidade de quantificar o
montante de recursos gastos com o fretamento de aeronaves (taxi aéreo) pelo seu
ex-presidente.
Tal procedimento resultou na apuração de despesas relativas a 59 (cinquenta e
nove) voos no período de sua gestão desde sua posse até a data em que foi
afastado do cargo.
A comissão condutora da tomada de contas especial, não obstante as
considerações do interessado, concluiu pela ausência de motivação para a
contratação dos voos realizados.
A referida comissão ressaltou também que encontrou reportagens de jornais da
época do fato, todas juntadas aos autos, noticiando que o então presidente da
autarquia, por ter pretensão de ocupar cargo político, acompanhava o governante do
Estado onde a autarquia era sediada em viagens e auxiliava outros governantes em
suas respectivas plataformas políticas, com a utilização da autarquia que presidia
como "trampolim político".
Endossando o entendimento da comissão de tomada de contas especial, o TCU
considerou que o ex-presidente da referida autarquia praticou ato antieconômico e
julgou pela irregularidade de suas contas, aplicando-lhe multa.
Considerando o caso concreto acima narrado e a jurisprudência do TCU acerca do
seu papel no exercício do controle da administração pública, avalie as questões a
seguir, assinalando falso (F) ou verdadeiro (V) para cada uma delas, em seguida,
marque a opção que apresenta a sequência correta.
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( ) A motivação para a instauração da tomada de contas especial foi indevida,


porquanto invadiu o mérito administrativo, na medida em que compete ao
administrador a escolha do meio de transporte que melhor lhe aprouver.
( ) Quando se examina o interesse público sob a ótica da economicidade, a partir de
parâmetros e metas de eficiência, eficácia e efetividade e tendo presente o princípio
da razoabilidade, devem ser identificadas as situações em que os administradores
públicos tenham adotado soluções absurdamente antieconômicas. Caso seja
possível identificar, a partir da razoabilidade essas soluções, a conclusão é a de que
elas são ilegítimas.
( ) Não é da competência do TCU, invocando os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, manifestar-se sobre o mérito administrativo, posto que teria sido
tomado na órbita da discricionariedade a que a lei reserva ao administrador público.
( ) A análise da discricionariedade administrativa mostra-se viável para a verificação
da sua regularidade em relação às causas, aos motivos e à finalidade que ensejam
os dispêndios de recursos públicos, devendo o gestor público observar os critérios
da proporcionalidade e da razoabilidade no exercício de suas funções
administrativas.
( ) O controle da economicidade envolve questão de mérito para verificar se o órgão
procedeu, na aplicação da despesa pública, de modo mais econômico, atendendo,
por exemplo, a uma adequada relação custo-benefício.
a) F, V, V, V, F
b) F, V, F, V, F
c) F, V, F, V, V
d) V, F, F, V, F
e) F, F, F, V, V
Comentário: Primeiramente, cumpre lembrar que a tomada de contas
especial é o processo de controle externo instaurado quando existem indícios
de prejuízo ao erário. Tem como objetivo identificar os responsáveis,
quantificar o prejuízo e obter o ressarcimento. Em regra, a responsabilidade
para instaurar a tomada de contas especial é da autoridade administrativa em
cuja unidade ocorreu o prejuízo (por isso é que, no item, se diz que foi a
autarquia quem instaurou o processo). Depois de instruída no âmbito interno
da unidade com elementos que permitam apontar a autoria e o valor do dano, a
tomada de contas especial é remetida ao Tribunal de Contas da União (no caso
de prejuízo ao erário federal) para julgamento e, se for o caso, condenação do
responsável em débito (obrigação de ressarcir o prejuízo), decisão que possui
força de título executivo. Dito isso, vamos analisar cada alternativa:
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ITEM I – A motivação para a instauração da tomada de contas especial foi


indevida, porquanto invadiu o mérito administrativo, na medida em que
compete ao administrador a escolha do meio de transporte que melhor lhe
aprouver. FALSA. Embora a escolha do meio de transporte seja de fato uma
decisão inserida na esfera de discricionariedade do gestor, tal decisão não
pode ultrapassar os limites da legalidade, bem como deve observância aos
princípios administrativos, dentre eles os da razoabilidade, da economicidade
e da moralidade. O comando da questão informa que a comissão interna
concluiu pela “ausência de motivação para a contratação dos voos realizados”
e também pela presença de indícios de uso político dos voos. Portanto, a
contratação se afigura ilegítima, contrária ao interesse público, fazendo com
que os gastos nela efetuados configurem um dano ao erário, atraindo a
competência do Tribunal de Contas da União. Ressalte-se que o TCU, como
instrumento do controle legislativo, não se restringe a realizar controle de
legalidade, mas vai além, adentrando aspectos relativos ao mérito
administrativo, como quando analisa a legitimidade, a eficácia, a
economicidade, a eficiência e a eficácia das ações da Administração.
ITEM II - Quando se examina o interesse público sob a ótica da
economicidade, a partir de parâmetros e metas de eficiência, eficácia e
efetividade e tendo presente o princípio da razoabilidade, devem ser
identificadas as situações em que os administradores públicos tenham
adotado soluções absurdamente antieconômicas. Caso seja possível
identificar, a partir da razoabilidade essas soluções, a conclusão é a de que
elas são ilegítimas. VERDADEIRA. Esse item de certa forma explica o primeiro,
mostrando que o controle externo, de caráter político e financeiro, vai além do
mero controle de legalidade, avançando sobre parâmetros de economicidade,
eficiência, eficácia e efetividade dos gastos públicos. É claro que, em última
instância, se a Administração ultrapassar os limites impostos por esses
valores, estará incorrendo em ilegalidade. Ressalte-se que o controle externo,
contudo, não invade a competência administrativa dos gestores públicos, que
continuam responsáveis por seus atos e tendo certa liberdade para agir, desde
que dentro das balizas impostas pela lei e pelos princípios.
ITEM III - Não é da competência do TCU, invocando os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, manifestar-se sobre o mérito
administrativo, posto que teria sido tomado na órbita da discricionariedade a
que a lei reserva ao administrador público. FALSA. A discricionariedade
administrativa deve se pautar pelos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. Se a Administração atuar fora desses limites, como na
situação concreta trazida pela questão, o TCU poderá exercer sua competência
fiscalizatória, sem que isso represente invasão à órbita da discricionariedade
que a lei reserva ao administrador público.
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ITEM IV – A análise da discricionariedade administrativa mostra-se viável


para a verificação da sua regularidade em relação às causas, aos motivos e à
finalidade que ensejam os dispêndios de recursos públicos, devendo o gestor
público observar os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade no
exercício de suas funções administrativas. VERDADEIRA. O item, de certa
forma, confirma o que dissemos anteriormente.
ITEM V – O controle da economicidade envolve questão de mérito para
verificar se o órgão procedeu, na aplicação da despesa pública, de modo mais
econômico, atendendo, por exemplo, a uma adequada relação custo-benefício.
VERDADEIRA. De fato, o controle de economicidade visa a verificar se a
despesa pública observou uma adequada relação custo-benefício. Maria Sylvia
Di Pietro classifica esse tipo de controle como um controle de mérito, por que
vai além da simples verificação da conformidade do ato com a lei.
Gabarito: alternativa “c”

72. (ESAF – AFT 2010) É sabido, nos termos do art. 50, inciso LXIX, da
Constituição da República Federativa do Brasil, que o mandado de segurança é
ação constitucional por intermédio da qual se dá ensejo ao controle jurisdicional dos
atos da Administração Pública. São considerados requisitos necessários ao
cabimento do mandado de segurança, exceto:
a) tratar-se de ato de autoridade pública, ou de particular, no exercício de funções
públicas.
b) tratar-se de ato que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução.
c) o ato importar lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo.
d) o ato importar ilegalidade ou abuso de poder.
e) o ato violar direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas
data.
Comentário: Os requisitos principais para a interposição do mandado de
segurança são:
 Tratar-se de ato ou omissão de autoridade pública, ou de particular, no
exercício de funções públicas.
 O ato ou omissão importar lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data.
 O ato importar ilegalidade ou abuso de poder.

Por outro lado, não cabe mandado de segurança:


 Contra lei em tese;
 Contra atos de gestão comercial;
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 Decisão judicial transitada em julgado;
 Atos internos;
 Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo;
 Substituto da ação de cobrança.
Portanto, correta a opção “b”.
Gabarito: alternativa “b”

73. (Cespe – TRT2 – Juiz – 2013) À luz da lei e da jurisprudência dominante nos
tribunais superiores, assinale a opção correta a respeito do controle da
administração pública.
a) Salvo disposição legal específica, é de cinco dias o prazo para a interposição de
recurso administrativo.
b) Prescreve em cinco anos, contados da data do ilícito ambiental, a pretensão da
administração pública de promover a execução de multa por infração ambiental.
c) O MP não tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio
público.
d) Segundo a jurisprudência do STF, é pacífico que o TCU, no exercício da
competência de controle externo da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadorias, reformas e pensões, não se submete ao prazo decadencial
estabelecido na Lei n.o 9.784/1999, iniciando-se o prazo quinquenal somente após a
publicação do registro na imprensa oficial.
e) Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de
mérito, devendo ele ser interposto perante a autoridade imediatamente superior à
que tiver proferido a decisão recorrida, a qual poderá, se entender necessário, dar
vistas dos autos à autoridade que proferiu a decisão, a qual poderá se retratar no
prazo de cinco dias.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Na esfera federal, o prazo para interposição de recurso
administrativo é de dez dias, conforme o art. 59 da Lei 9.784/99:
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de
recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão
recorrida.
b) ERRADA. Item bastante específico, retirado da Súmula 467 do STJ:
Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a
pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.
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Portanto, o erro é que o prazo prescricional é contado do término do


processo administrativo, e não da data do ilícito.
c) ERRADA. O MP não tem legitimidade para propor ação popular. Já a
ação civil pública é sim da competência do MP, conforme art. 129 da
Constituição:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

d) CERTA. Segundo a jurisprudência do STF, o ato de concessão inicial


de aposentadoria, reforma ou pensão é um ato administrativo complexo, que
só se aperfeiçoa com o registro no Tribunal de Contas. Assim, antes do
registro não há ato completo, acabado, razão pela qual não há que se falar em
incidência do prazo decadencial. Tal prazo só começa a contar a partir do
registro. Dessa forma, a manifestação do TCU – frisa-se, necessária para o
aperfeiçoamento do ato – não se sujeita a prescrição, vale dizer, o TCU pode
analisar a legalidade do ato para fins de registro a qualquer tempo. O único
detalhe é que, se transcorrer período superior a cinco anos desde a entrada do
ato no TCU até a sua apreciação, o beneficiário da aposentadoria, reforma ou
pensão deverá ser ouvido caso a decisão do Tribunal venha a lhe prejudicar.
Ressalte-se, contudo, que esse prazo de cinco anos não é prescricional, e sim
um prazo razoável estabelecido pelo STF para o TCU apreciar o ato.
e) ERRADA. O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão
(pedido de reconsideração), e não à autoridade superior. Apenas se o autor da
decisão recorrida não a reconsiderar é que o pleito será dirigido à
consideração superior.
Gabarito: alternativa “d”

74. (Cespe – MPTCE/PB 2014) Acerca do controle da administração pública,


assinale a opção correta.
a) O TCU exerce uma função não judicial quando julga as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos, nos
processos de tomada e prestação de contas anual.
b) O sistema de controle da administração pública veda a aplicação da accountability
devido à inexistência de previsão legal para tal aplicação.
c) O controle da edição do ato administrativo deve ser sempre posterior à sua
edição, quando este relacionar-se à aplicação de recursos públicos.
d) Na estrutura do sistema de controle da administração pública federal, a CGU,
órgão de controle interno, é subordinada ao TCU, órgão de controle externo.
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e) O tribunal de contas do estado está subordinado ao Poder Legislativo estadual,


em decorrência de delegação da própria CF e ratificação da constituição estadual.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. Existe certa polêmica na discussão sobre se o TCU exerce ou
não função judicial ou jurisdicional, com caráter de definitividade (coisa
julgada). A posição doutrinária e jurisprudencial dominante, contudo, é que o
Tribunal não exerce função judicial com força de coisa julgada, uma vez que
em nosso ordenamento jurídico impera o princípio da inafastabilidade da tutela
jurisdicional, ou sistema de jurisdição uma, no qual qualquer lesão ou ameaça
a direito poderá ser levada à apreciação do Poder Judiciário. Aliás, vale
relembrar que o Tribunal de Contas é um órgão de natureza administrativa, e
não um órgão judicial. A polêmica existe porque o art. 71, II da CF atribui ao
TCU competência para “julgar” as contas dos administradores públicos (daí é
que se diz que o TCU exerce “função judicante”). Trata-se de competência
própria e privativa da Corte de Contas, que não poderá ser exercida nem
mesmo pelo Poder Judiciário. Este, em homenagem ao princípio da
inafastabilidade da tutela jurisdicional, apenas aprecia as formalidades da
decisão e só pode se pronunciar em caso de manifesta ilegalidade, mas nunca
para julgar as contas no lugar do TCU, e sim para anular a decisão do Tribunal.
Se isso ocorrer, as contas devem ser submetidas a novo julgamento pelo TCU.
b) ERRADA. Accountability, de forma rápida, significa “prestar contas”. O
dever de prestar contas, ao contrário do que afirma a assertiva, está previsto
de forma expressa na Constituição Federal (art. 70, parágrafo único):
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores
públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

c) ERRADA. O controle pode ser prévio, concomitante ou posterior à


prática dos atos administrativos.
d) ERRADA. Os órgãos de controle interno não são subordinados aos
órgãos de controle externo. Por conseguinte, a CGU não é subordinada ao
TCU, embora o controle interno tenha a missão constitucional de apoiar o
controle externo no exercício de sua missão institucional. Entre eles há
complementariedade.
e) ERRADA. Os tribunais de contas, em qualquer nível federativo, são
órgãos autônomos e independentes, não subordinados ao Poder Legislativo e
nem mesmo a outro órgão ou Poder.
Gabarito: alternativa “a”
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75. (Cespe – TCE/AC 2009) Em conformidade com a CF, os atos relacionados a


pessoal que são apreciados pelo TCU para fins de registro ou reexame não incluem:
a) a admissão de pessoal nas empresas públicas.
b) a admissão de pessoal nas fundações instituídas e mantidas pelo poder público.
c) as nomeações para cargo de provimento em comissão na administração direta.
d) a concessão inicial de pensão.
e) as melhorias posteriores em aposentadorias que tenham alterado o fundamento
legal da concessão inicial.
Comentário: A CF atribuiu ao TCU a competência para apreciar, para fins
de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta (CF, art. 71, III), incluídas então as empresas
públicas (letra “a”) e as fundações instituídas e mantidas pelo poder público
(letra “b”). Ainda que os servidores dessas entidades se submetam ao regime
celetista, somente podem ser admitidos mediante concurso público. A única
exceção em relação aos atos de admissão refere-se às nomeações para cargo
de provimento em comissão (letra “c”), que são de livre nomeação e
exoneração. Portanto, a alternativa “c” é a resposta da questão.
Em relação às concessões de aposentadorias, reformas e pensões, os
atos apreciados pelo TCU para fins de registro compreendem as concessões
iniciais (letra “d”), assim como as melhorias posteriores que tenham alterado o
fundamento legal da concessão inicial (letra “e”). A exceção, no caso, são as
melhorias posteriores que não tenham alterado o fundamento legal, assim
como as concessões que se submetem ao Regime Geral de Previdência Social
(empregados públicos).
Gabarito: alternativa “c”

76. (Cespe – MPTCE/PB 2014) No exercício do controle político da administração


pública, compete
a) às CPIs apurar irregularidades e determinar sanções.
b) ao Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar, sustando, se for o caso, seus efeitos
independentemente de prévia manifestação do Poder Judiciário.
c) ao Senado Federal ou à Câmara dos Deputados — excetuadas suas comissões
— convocar titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da
República.
d) privativamente ao Congresso Nacional e ao Senado Federal apreciar, a priori, os
atos do Poder Executivo.
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e) ao Senado Federal dispor, por proposta do presidente da República, sobre limites


globais e condições para a operação de créditos externo e interno da União, dos
estados, dos municípios e do DF, exceto das autarquias.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. As CPIs apuram irregularidades, mas não determinam
sanções. Suas conclusões, se for o caso, devem ser encaminhadas ao
Ministério Público, para que o órgão promova a responsabilidade civil ou
criminal dos infratores (CF, art. 58, §3º).
b) CERTA, nos termos do art. 49, V da CF:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

Como é competência exclusiva do Congresso Nacional, a sustação


independe de manifestação prévia do Poder Judiciário.
c) ERRADA. Nos termos do art. 50 da CF:
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas
Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem,
pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando
crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.
Portanto, qualquer comissão da Câmara e do Senado também pode
convocar titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da
República, daí o erro.
d) ERRADA. Alternativa confusa, mas, como a opção “b” é
manifestamente correta, então esta só pode estar errada. E, de fato, é isso
mesmo. Em regra, a Casa que aprecia atos do Poder Executivo a priori é o
Senado Federal, especialmente quando aprova previamente a escolha de
autoridades (CF, art. 52, III e IV) e autoriza operações de crédito externas (CF,
art. 52, V). Mas nada impede que o Congresso Nacional ou a Câmara dos
Deputados também o façam. Por exemplo, o próprio art. 49, XVI estabelece que
é competência exclusiva do Congresso Nacional “aprovar, previamente, a
alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares”. Ademais, é da competência do Congresso Nacional,
diretamente, ou por qualquer de suas Casas, fiscalizar e controlar os atos do
Poder Executivo, incluídos os da administração indireta (CF, art. 49, X),
controle que pode ser desenvolvida de forma prévia, concomitante ou
posterior.
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e) ERRADA, pois o Senado também dispõe sobre limites globais e


condições para as operações de crédito das autarquias, nos termos do art. 52,
VII da CF:
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e
interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
Gabarito: alternativa “b”

77. (Cespe – Auditor TCE/PR 2016) Acerca da fiscalização contábil, financeira e


orçamentária e dos tribunais de contas, assinale a opção correta.
A) Compete ao TCU fiscalizar a aplicação de recursos repassados pela União aos
estados ou municípios, quando decorrentes da participação ou compensação no
resultado da exploração de petróleo, xisto betuminoso e gás natural.
B) A Controladoria-Geral da União exerce, juntamente com o TCU, o controle
externo do Poder Executivo.
C) Compete ao TCU examinar, previamente, a validade de contratos administrativos
celebrados pelo poder público.
D) Não violará a CF a previsão contida em Constituição estadual que confira
competência exclusiva à assembleia legislativa para fiscalizar as contas do
respectivo tribunal de contas.
E) Compete ao tribunal de contas fiscalizar a administração direta, autárquica ou
fundacional, mas não as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Comentário:
a) ERRADA. Os recursos decorrentes da participação ou compensação no
resultado da exploração de petróleo, xisto betuminoso e gás natural não são
federais, mas apenas são arrecadados pela União e repassados aos
verdadeiros donos, os Estados e Municípios. Logo, a fiscalização da aplicação
desses recursos compete aos respectivos tribunais de contas estaduais e
municipais, e não ao TCU.
b) ERRADA. A CGU é órgão de controle interno, e não de controle
externo.
c) ERRADA. O TCU não tem competência para exercer controle prévio em
relação à validade de contratos administrativos, como condição para a eficácia
desses ajustes.
d) CERTA. Trata-se de entendimento pacificado na jurisprudência do STF
(ver ADI 1.178-8/DF).
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e) ERRADA. O Tribunal de Contas tem sim competência para fiscalizar as


empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Gabarito: alternativa “d”
*****

É isso pessoal. Ficamos por aqui. Espero que tenham aproveitado a


aula.
Até a próxima! Bons estudos!

Erick Alves
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JURISPRUDÊNCIA

STF – ADI 916/MT (2/2/2009)


EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO. TRIBUNAL DE
CONTAS. NORMA LOCAL QUE OBRIGA O TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL A
EXAMINAR PREVIAMENTE A VALIDADE DE CONTRATOS FIRMADOS PELA
ADMINISTRAÇÃO. REGRA DA SIMETRIA. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO
SEMELHANTE IMPOSTA AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. 1. Nos termos do
art. 75 da Constituição, as normas relativas à organização e fiscalização do
Tribunal de Contas da União se aplicam aos demais tribunais de contas. 2. O art.
71 da Constituição não insere na competência do TCU a aptidão para
examinar, previamente, a validade de contratos administrativos
celebrados pelo Poder Público. Atividade que se insere no acervo de
competência da Função Executiva. 3. É inconstitucional norma local que
estabeleça a competência do tribunal de contas para realizar exame prévio de
validade de contratos firmados com o Poder Público. Ação Direta de
Inconstitucionalidade conhecida e julgada procedente. Medida liminar
confirmada.
STF - ADI 2238/DF (9/8/2007)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 04 DE MAIO DE
2000 (LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL). MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.980-
22/2000. Lei Complementar nº 101/2000. (...) XXVI - Art. 56, caput: norma
que contraria o inciso II do art. 71 da Carta Magna, tendo em vista que
apenas as contas do Presidente da República deverão ser apreciadas
pelo Congresso Nacional (...)
STF – ADI 1.175/DF (4/8/2004)
TRIBUNAL DE CONTAS - CONTROLE. Surge harmônico com a Constituição
Federal diploma revelador do controle pelo Legislativo das contas dos
órgãos que o auxiliam, ou seja, dos tribunais de contas.
STF – MS 25.092/DF (10/11/2005)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS.
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: FISCALIZAÇÃO PELO TRIBUNAL DE CONTAS.
ADVOGADO EMPREGADO DA EMPRESA QUE DEIXA DE APRESENTAR APELAÇÃO
EM QUESTÃO RUMOROSA. I. - Ao Tribunal de Contas da União compete julgar as
contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário (CF, art. 71, II; Lei 8.443, de 1992, art. 1º, I). II. - As empresas
públicas e as sociedades de economia mista, integrantes da
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administração indireta, estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de


Contas, não obstante os seus servidores estarem sujeitos ao regime
celetista. III. - Numa ação promovida contra a CHESF, o responsável pelo seu
acompanhamento em juízo deixa de apelar. O argumento de que a não-
interposição do recurso ocorreu em virtude de não ter havido adequada
comunicação da publicação da sentença constitui matéria de fato dependente de
dilação probatória, o que não é possível no processo do mandado de segurança,
que pressupõe fatos incontroversos. IV. - Mandado de segurança indeferido.
STF – ADI 687/PA (2/2/1995)
(...) MUNICÍPIOS E TRIBUNAIS DE CONTAS. - A Constituição da República
impede que os Municípios criem os seus próprios Tribunais, Conselhos ou órgãos
de contas municipais (CF, art. 31, § 4º), mas permite que os Estados-membros,
mediante autônoma deliberação, instituam órgão estadual denominado Conselho
ou Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ 135/457, Rel. Min. OCTAVIO
GALLOTTI - ADI 445/DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA), incumbido de auxiliar as
Câmaras Municipais no exercício de seu poder de controle externo (CF, art. 31, §
1º). - Esses Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios - embora
qualificados como órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º) - atuam, onde tenham
sido instituídos, como órgãos auxiliares e de cooperação técnica das Câmaras de
Vereadores. - A prestação de contas desses Tribunais de Contas dos
Municípios, que são órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º), há de se fazer,
por isso mesmo, perante o Tribunal de Contas do próprio Estado, e não
perante a Assembléia Legislativa do Estado-membro. Prevalência, na
espécie, da competência genérica do Tribunal de Contas do Estado (CF, art. 71,
II, c/c o art. 75) (...)
STF – MS 24.781/DF (2/3/2011)
Mandado de Segurança. 2. Acórdão da 2ª Câmara do Tribunal de Contas da
União (TCU). Competência do Supremo Tribunal Federal. 3. Controle externo de
legalidade dos atos concessivos de aposentadorias, reformas e pensões.
Inaplicabilidade ao caso da decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/99. 4.
Negativa de registro de aposentadoria julgada ilegal pelo TCU. Decisão
proferida após mais de 5 (cinco) anos da chegada do processo
administrativo ao TCU e após mais de 10 (dez) anos da concessão da
aposentadoria pelo órgão de origem. Princípio da segurança jurídica
(confiança legítima). Garantias constitucionais do contraditório e da ampla
defesa. Exigência. 5. Concessão parcial da segurança. I – Nos termos dos
precedentes firmados pelo Plenário desta Corte, não se opera a decadência
prevista no art. 54 da Lei 9.784/99 no período compreendido entre o ato
administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o posterior julgamento
de sua legalidade e registro pelo Tribunal de Contas da União – que
consubstancia o exercício da competência constitucional de controle externo (art.
71, III, CF). II – A recente jurisprudência consolidada do STF passou a se
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manifestar no sentido de exigir que o TCU assegure a ampla defesa e o


contraditório nos casos em que o controle externo de legalidade
exercido pela Corte de Contas, para registro de aposentadorias e
pensões, ultrapassar o prazo de cinco anos, sob pena de ofensa ao
princípio da confiança – face subjetiva do princípio da segurança
jurídica. Precedentes. III – Nesses casos, conforme o entendimento fixado no
presente julgado, o prazo de 5 (cinco) anos deve ser contado a partir da
data de chegada ao TCU do processo administrativo de aposentadoria ou
pensão encaminhado pelo órgão de origem para julgamento da
legalidade do ato concessivo de aposentadoria ou pensão e posterior
registro pela Corte de Contas. IV – Concessão parcial da segurança para
anular o acórdão impugnado e determinar ao TCU que assegure ao impetrante o
direito ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo de
julgamento da legalidade e registro de sua aposentadoria, assim como para
determinar a não devolução das quantias já recebidas. V – Vencidas (i) a tese
que concedia integralmente a segurança (por reconhecer a decadência) e (ii) a
tese que concedia parcialmente a segurança apenas para dispensar a devolução
das importâncias pretéritas recebidas, na forma do que dispõe a Súmula 106 do
TCU.
STF – MS 24.510/DF
(...) a atribuição de poderes explícitos, ao Tribunal de Contas, tais como
enunciados no art. 71 da Lei Fundamental da República, supõe que se lhe
reconheça, ainda que por implicitude, a titularidade de meios destinados a
viabilizar a adoção de medidas cautelares vocacionadas a conferir real
efetividade às suas deliberações finais, permitindo, assim, que se
neutralizem situações de lesividade, atual ou iminente ao erário público.
Impende considerar, no ponto, em ordem a legitimar esse entendimento, a
formulação que se fez em torno dos poderes implícitos, cuja doutrina,
construída pela Suprema Corte dos Estados Unidos América, no célebre caso
McCULLOCH v. MARYLAND (1819), enfatiza que a outorga de competência
expressa a determinado órgão estatal importa em deferimento implícito,
a esse mesmo órgão, dos meios necessários à integral realização dos
fins que lhe foram atribuídos.

(...)

É por isso que entendo revestir-se de integral legitimidade constitucional a


atribuição de índole cautelar, que, reconhecida com apoio na teoria dos poderes
implícitos, permite ao Tribunal de Contas da União, adotar as medidas
necessárias ao fiel cumprimento de suas funções institucionais e ao pleno
exercício das competências que lhe foram outorgadas, diretamente, pela própria
Constituição da República.
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STF – MS 22.934/DF (17/4/2012)


EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA. O
Tribunal de Contas da União, a despeito da relevância das suas funções,
não está autorizado a requisitar informações que importem a quebra de
sigilo bancário, por não figurar dentre aqueles a quem o legislador conferiu
essa possibilidade, nos termos do art. 38 da Lei 4.595/1964, revogado pela Lei
Complementar 105/2001. Não há como admitir-se interpretação extensiva, por
tal implicar restrição a direito fundamental positivado no art. 5º, X, da
Constituição. Precedente do Pleno (MS 22801, rel. min. Menezes Direito, DJe-047
de 14.03.2008.) Ordem concedida.
STF – MS 23.550/DF (4/4/2001)
EMENTA: I. Tribunal de Contas: competência: contratos administrativos (CF, art.
71, IX e §§ 1º e 2º). O Tribunal de Contas da União - embora não tenha poder
para anular ou sustar contratos administrativos - tem competência,
conforme o art. 71, IX, para determinar à autoridade administrativa que
promova a anulação do contrato e, se for o caso, da licitação de que se
originou. II. Tribunal de Contas: processo de representação fundado em
invalidade de contrato administrativo: incidência das garantias do devido
processo legal e do contraditório e ampla defesa, que impõem assegurar aos
interessados, a começar do particular contratante, a ciência de sua instauração e
as intervenções cabíveis. Decisão pelo TCU de um processo de representação, do
que resultou injunção à autarquia para anular licitação e o contrato já celebrado
e em começo de execução com a licitante vencedora, sem que a essa sequer se
desse ciência de sua instauração: nulidade. Os mais elementares corolários da
garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa são a ciência dada ao
interessado da instauração do processo e a oportunidade de se manifestar e
produzir ou requerer a produção de provas; de outro lado, se se impõe a
garantia do devido processo legal aos procedimentos administrativos comuns, a
fortiori, é irrecusável que a ela há de submeter-se o desempenho de todas as
funções de controle do Tribunal de Contas, de colorido quase - jurisdicional. A
incidência imediata das garantias constitucionais referidas dispensariam previsão
legal expressa de audiência dos interessados; de qualquer modo, nada exclui os
procedimentos do Tribunal de Contas da aplicação subsidiária da lei geral de
processo administrativo federal (L. 9.784/99), que assegura aos administrados,
entre outros, o direito a "ter ciência da tramitação dos processos administrativos
em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos (art. 3º, II),
formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão
objeto de consideração pelo órgão competente". A oportunidade de defesa
assegurada ao interessado há de ser prévia à decisão, não lhe suprindo a
falta a admissibilidade de recurso, mormente quando o único admissível
é o de reexame pelo mesmo plenário do TCU, de que emanou a decisão.
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STF – MS 24.167/RJ (5/10/2006)


EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO ADMINISTRATIVO. INÉRCIA DA
AUTORIDADE COATORA. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA RAZOÁVEL. OMISSÃO.
SEGURANÇA CONCEDIDA. A inércia da autoridade coatora em apreciar
recurso administrativo regularmente apresentado, sem justificativa
razoável, configura omissão impugnável pela via do mandado de
segurança. Ordem parcialmente concedida, para que seja fixado o prazo de 30
dias para a apreciação do recurso administrativo.
STF – MS 27.188/DF (19/12/2008)
MENTA: AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. RESOLUÇÃO DO
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA QUE PROÍBE O NEPOTISMO. LEI EM TESE.
INCABÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA A QUE SE NEGOU PROVIMENTO.
AGRAVO IMPROVIDO. I - A Resolução 20/CNJ tem eficácia erga omnes, valendo
para todos que ocupam cargos no âmbito do Poder Judiciário. II - Não há
qualquer ato concreto que tenha levado ao afastamento dos impetrantes
de suas atividades. III - Notificação do titular do cartório que deve ser
impugnada no juízo competente. IV - Agravo improvido.
STF – MS 21.274 (10/2/1994)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA.
ATO NORMATIVO. DECRETO COM EFEITO NORMATIVO: NÃO CABIMENTO DA
SEGURANÇA. Decreto n. 99.547, de 25.09.90. I. - Se o decreto e,
materialmente, ato administrativo, assim de efeitos concretos, cabe
contra ele mandado de segurança. Todavia, se o decreto tem efeito
normativo, generico, por isso mesmo sem operatividade imediata,
necessitando, para a sua individualização, da expedição de ato
administrativo, contra ele não cabe mandado de segurança. (Súmula
266). II. - Mandado de segurança não conhecido.
STF – MS 30.822 (5/6/2012)
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. CONTROLE DE LEGALIDADE DE ATO PRATICADO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO DE RONDÔNIA. CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO.
PREVISÃO EM LEI. CRITÉRIOS OBJETIVOS. ORDEM DENEGADA. I – O art. 5º, I,
da Lei 12.016/2009 não configura uma condição de procedibilidade, mas
tão somente uma causa impeditiva de que se utilize simultaneamente o
recurso administrativo com efeito suspensivo e o mandamus. II – A
questão da legalidade do exame psicotécnico nos concursos públicos reveste-se
de relevância jurídica e ultrapassa os interesses subjetivos da causa. III – A
exigência de exame psicotécnico, como requisito ou condição necessária ao
acesso a determinados cargos públicos, somente é possível, nos termos da
Constituição Federal, se houver lei em sentido material que expressamente o
autorize, além de previsão no edital do certame. IV – É necessário um grau
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mínimo de objetividade e de publicidade dos critérios que nortearão a avaliação


psicotécnica. A ausência desses requisitos torna o ato ilegítimo, por não
possibilitar o acesso à tutela jurisdicional para a verificação de lesão de direito
individual pelo uso desses critérios V - Segurança denegada.
STF – RE 170768 (26/3/1999)
EMENTA: AÇÃO POPULAR. ABERTURA DE CONTA EM NOME DE PARTICULAR
PARA MOVIMENTAR RECURSOS PÚBLICOS. PATRIMÔNIO MATERIAL DO PODER
PÚBLICO. MORALIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 5º, INC. LXXIII, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O entendimento sufragado pelo acórdão recorrido no
sentido de que, para o cabimento da ação popular, basta a ilegalidade do
ato administrativo a invalidar, por contrariar normas específicas que
regem a sua prática ou por se desviar dos princípios que norteiam a
Administração Pública, dispensável a demonstração de prejuízo material
aos cofres públicos, não é ofensivo ao inc. LXXIII do art. 5º da Constituição
Federal, norma esta que abarca não só o patrimônio material do Poder
Público, como também o patrimônio moral, o cultural e o histórico. As
premissas fáticas assentadas pelo acórdão recorrido não cabem ser apreciadas
nesta instância extraordinária à vista dos limites do apelo, que não admite o
exame de fatos e provas e nem, tampouco, o de legislação infraconstitucional.
Recurso não conhecido.
STF – RE 225.777/MG (24/02/2011)
EMENTA Recurso Extraordinário. Processo Civil. Ação civil pública ajuizada por
membro do Ministério Público estadual julgada extinta por ilegitimidade ativa e
por se tratar de meio inadequado ao fim perseguido. 1. O Ministério Público
detém legitimidade para o ajuizamento de ação civil pública intentada
com o fito de obter condenação de agente público ao ressarcimento de
alegados prejuízos que sua atuação teria causado ao erário. 2. Meio
processual, ademais, que se mostra adequado a esse fim, ainda que o titular do
direito, em tese, lesado pelo ato não tenha proposto, em seu nome próprio, a
competente ação de ressarcimento. 3. Ausência de previsão, na Constituição
Federal, da figura da advocacia pública municipal, a corroborar tal entendimento.
4. Recurso provido para afastar o decreto de extinção do feito, determinando-se
seu regular prosseguimento.

*****
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RESUMÃO DA AULA
 CLASSIFICAÇÕES DO CONTROLE:

Externo: exercido por um ente que não integra a mesma estrutura organizacional
do órgão fiscalizado (na CF, somente o exercido pelo Legislativo).
Quanto ao
Interno: exercido por órgão especializado, porém pertencente à mesma estrutura
alcance
do fiscalizado (Ex: CGU).

Legalidade: conformidade às normas;


Quanto à
Mérito: conveniência e oportunidade; não pode ser feito pelo Judiciário.
natureza

Prévio (a priori): preventivo, orientador.


Quanto ao Concomitante (pari passu): tempestivo, preventivo.
momento Posterior (a posteriori): corretivo e sancionador.

Administrativo: exercido pela própria Administração (autotutela e tutela);


Legislativo: exercido diretamente pelo órgão legislativo ou pelos TCs, abrangendo:
Quanto ao (i) controle político: feito sobre atos administrativos, por critérios políticos e
órgão discricionários; (ii) controle financeiro: feito sobre atos de que resultem receitas e
despesas.
Judicial: exercido pelos juízes e tribunais do Poder Judiciário.

 CONTROLE ADMINISTRATIVO:
Hierárquico = poder de autotutela. Ex: recursos administrativos, processos disciplinares etc.
Anulação refere-se a controle de legalidade: anulam-se atos ilegais. Revogação refere-se a
controle de mérito: revogam-se atos inconvenientes ou inoportunos.
Não hierárquico = tutela e órgãos especializados de controle (ex: CGU)

 Direito de petição:
 Representação: denúncia de irregularidades à Administração;
 Reclamação administrativa: contra atos da Adm. que afetem os direitos do administrado;
 Pedido de reconsideração: solicitação de reexame de um ato administrativo pela mesma
autoridade que o editou;
 Recurso hierárquico próprio: pedido de reexame do ato dirigido à autoridade
hierarquicamente superior à que proferiu o ato;
 Recurso hierárquico impróprio: dirigido à autoridade que não se insere na mesma
estrutura hierárquica do agente que proferiu o ato. Só quando houver previsão em lei.

 CONTROLE JUDICIAL:
Exercido pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos administrativos do Poder Executivo, do
Legislativo e do próprio Judiciário, quando realiza atividades administrativas. Necessariamente
provocado. Controle a posteriori (regra). Restrito ao controle de legalidade, adentrando no
mérito do ato administrativo apenas em caso de ilegalidade ou ilegitimidade. Pode anular, mas
não revogar o ato.
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 Contra ato ou omissão que importar lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data.
 Contra ato ou omissão de autoridade pública, ou de particular no exercício de funções
públicas.
 O ato ou omissão deve importar ilegalidade ou abuso de poder
Mandado de
 É sempre uma ação de natureza civil
segurança
 Pode ser repressivo ou preventivo
 Prazo: 120 dias contados da ciência do ato impugnado.
 Não poderá ser utilizado: contra lei em tese; contra atos de gestão comercial; decisão
judicial transitada em julgado; atos internos; ato do qual caiba recurso com efeito
suspensivo; substituto da ação de cobrança.

 Legitimados:
 Partidos políticos com representação no Congresso Nacional.
 Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
Mandado de em funcionamento há pelo menos um ano.
segurança
coletivo  Não é necessária autorização expressa dos associados.
 Pode ser impetrado para defender parte dos associados.
 Não beneficia o impetrante de MS individual que tenha o mesmo objeto, a menos que
haja desistência da ação individual no prazo de 30 dias da impetração da ação coletiva.

 Contra lesão a interesses difusos: patrimônio público, moralidade administrativa,


patrimônio histórico-cultural, meio ambiente.
Ação popular
 Legitimados: qualquer cidadão no pleno gozo dos direitos políticos.
 Ação preponderantemente desconstitutiva e subsidiariamente condenatória.

 Proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses


difusos e coletivos.
Ação civil
 Legitimados: Ministério Público, Defensoria Pública, Administração, associação
pública
constituída há pelo menos um ano no pleno gozo dos direitos políticos.
 Ação preponderantemente mandamental e preponderantemente condenatória.

 CONTROLE LEGISLATIVO:

Responsabilidade pelo controle externo: depende da origem orçamentária primária dos recursos.

Esfera Titular do controle externo Órgão técnico que presta auxílio


União Congresso Nacional TCU
Estados Assembleias Legislativas TCE
Distrito Federal Câmara Legislativa TCDF
Municípios da BA, CE, GO e PA Câmaras Municipais TC dos Municípios (órgãos estaduais)
Municípios do RJ e SP Câmaras Municipais TCM-RJ e TCM-SP (órgãos municipais)
Demais Municípios Câmaras Municipais TCE
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 Repartição constitucional de funções de controle externo:
Congresso: julgar as contas do PR; sustar atos normativos que exorbitem
do poder regulamentar; sustar contratos ilegais.
Senado Federal: aprovar as indicações de nomes indicados pelo PR; julgar
autoridades nos crimes de responsabilidade; aprovar operações de crédito
Controle exercido
externas
diretamente pelo Congresso,
suas Casas e Comissões Câmara dos Deputados: tomar as contas do Presidente da República, caso
(controle parlamentar) não apresentadas no prazo.
CPI: investigar fato determinado.
CMO: examinar e emitir parecer sobre as contas do PR; acompanhar a
fiscalizar a execução orçamentária.

Competências do art. 71 da CF que podem ser divididas em:


Controle exercido pelo TCU - Exame e julgamento das prestações de contas (no caso das contas do
(controle técnico) Presidente da República, o TCU emite parecer prévio);
- Atividades de fiscalização (auditorias e inspeções; registro de atos de
pessoal; sustar atos administrativos).

ABRANGÊNCIA DO CONTROLE EXERCIDO PELO TCU


CF, art. 70. caput
Natureza das fiscalizações: Aspectos a serem verificados:
 Contábil  Legalidade
 Financeira  Legitimidade
 Orçamentária  Economicidade
 Operacional  Aplicação das subvenções
 Patrimonial  Renúncia de receitas

 Principais competências constitucionais do TCU:

Competências do art. 71, próprias e privativas Observações

Apreciar as contas anuais prestadas pelo Presidente O parecer prévio é conclusivo, mas não vinculante. O
da República, mediante parecer prévio. julgamento é a cargo do Congresso Nacional.

Julgar as contas dos responsáveis por recursos Examina e julga contas de gestão. Única atribuição na
públicos e dos causadores de prejuízo ao erário. qual o TCU profere um julgamento.

Exceções: (i) admissão: cargos em comissão;


Apreciar, para fins de registro, a legalidade de atos
(ii) aposentadorias, reformas e pensões: melhorias
de pessoal (atos complexos = antes do registro, o ato
posteriores que não alterem o fundamento legal da
não está completo)
concessão; aposentadorias à conta do RGPS.

Realizar inspeções e auditorias, por iniciativa própria Em qualquer unidade da administração pública direta
ou por solicitação do Congresso Nacional. e indireta, de todos os Poderes.

Comunica a decisão ao Senado e à Câmara,


separadamente; no caso de contrato, a decisão é
Sustar, se não atendido, a execução do ato comunicada ao Congresso Nacional.
impugnado. O TCU só decide pela sustação do contrato se o
Congresso ou o Poder Executivo não adotarem as
medidas cabíveis no prazo de 90 dias.
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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe – TCE/ES 2012) Uma das funções precípuas do Poder Judiciário é realizar o
controle de mérito dos atos administrativos do Poder Executivo que contribuem para o
melhor interesse da sociedade.

2. (Cespe – TCE/TO 2008) Um sistema de controle externo se diferencia de um sistema


de controle interno na administração pública, pois
a) o primeiro se situa em uma instância fora do âmbito do respectivo Poder.
b) correspondem, respectivamente, à auditoria externa e à interna.
c) o primeiro tem função coercitiva e o segundo, orientadora.
d) o primeiro tem caráter punitivo, e o segundo é consultivo.
e) o funcionamento do primeiro deriva de um processo autorizativo, e o segundo é
institucional.

3. (Cespe – TJ/RO 2012) O abuso de poder é conduta comissiva, que afronta, dentre
outros, o princípio da legalidade e o da moralidade, e se sujeita, portanto, ao controle
judicial, que se sobrepõe ao controle administrativo.

4. (Cespe – INPI 2013) O controle administrativo, que consiste no acompanhamento e


fiscalização do ato administrativo por parte da própria estrutura organizacional, configura-se
como controle de natureza interna, privativo do Poder Executivo.

5. (Cespe – MPTCDF 2013) O controle administrativo é um controle de legalidade e de


mérito, exercido exclusivamente pelo Poder Executivo sobre suas próprias condutas.

6. (Cespe – CNJ 2013) Com base no princípio da autotutela, e em qualquer tempo, a


administração pública tem o poder-dever de rever seus atos quando estes estiverem
eivados de vícios.

7. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) O controle administrativo é instrumento jurídico


de fiscalização sobre a atuação dos agentes e órgãos públicos, realizado de ofício por
iniciativa própria, não se aceitando provocação da parte interessada.

8. (Cespe – TJDFT 2013) O cidadão que denuncie ilegalidades e condutas abusivas


praticadas por determinado servidor do TJDFT no exercício da função pública, mesmo não
sendo diretamente afetado pela irregularidade perpetrada, deve fazê-lo por meio do instituto
da reclamação.

9. (Cespe – MPTCDF 2013) Caso deseje o reexame de decisão relativa a determinado


ato administrativo pela mesma autoridade que a emanou, o interessado deverá realizar um
pedido de reconsideração. Se a autoridade à qual o interessado se dirigir não ocupar cargo
na hierarquia do órgão que emitiu o ato, o recurso interposto será um recurso hierárquico
impróprio.
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10. (Cespe – AGU 2013) O recurso hierárquico impróprio, na medida em que é dirigido à
autoridade de órgão não integrado na mesma hierarquia daquela que proferiu o ato,
independe de previsão legal.

11. (FCC – TCE/PR 2011) Nos termos previstos na Constituição Federal, os responsáveis
pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade,
dela darão ciência ao Tribunal de Contas, sob pena de
a) demissão a bem do serviço público.
b) responsabilidade subsidiária.
c) responsabilidade solidária.
d) exoneração.
e) suspensão.

12. (Cespe – MPTCDF 2013) Em relação ao controle externo exercido pelo Congresso
Nacional, a fiscalização financeira diz respeito ao acompanhamento da execução do
orçamento e da verificação dos registros adequados nas rubricas orçamentárias.

13. (Cespe – AFT 2013) O controle da administração realizado pelo Poder Legislativo com
o auxílio do TCU abrange o denominado controle de economicidade, pelo qual se verifica se
o órgão público procedeu da maneira mais econômica na aplicação da despesa, atendendo
à adequada relação de custo-benefício.

14. (Cespe – TCE/ES 2012) Compete exclusivamente à Câmara dos Deputados


suspender os atos dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal caso estes tenham
exorbitado os limites do poder regulamentar das leis expedidas pelos respectivos órgãos
legislativos.

15. (Cespe – TCU 2010) Considerando as normas constitucionais relativas a controle


externo, julgue o item a seguir: o Supremo Tribunal Federal não se sujeita a controle externo
exercido pelo Congresso Nacional.

16. (Cespe – TCDF 2014) O controle legislativo é tanto político quanto financeiro. O
controle financeiro, no âmbito parlamentar, é exercido por meio de suas casas e respectivas
comissões. Há comissões permanentes e temporárias, entre as quais as CPIs. No caso do
DF, cabe precipuamente à Comissão de Economia, Orçamento e Finanças da Câmara
Legislativa (CLDF) fiscalizar a execução orçamentária e financeira.

17. (Cespe – MPU 2013) No exercício do controle legislativo, compete ao Senado


Federal, em caráter privativo, sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
do poder regulamentar, bem como os contratos que padeçam de ilegalidade, neste último
caso mediante solicitação da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional.

18. (Cespe – TCDF 2012) De acordo com a Lei Orgânica do TCDF, é de competência
desse tribunal julgar as contas do governador do DF e elaborar relatório sintético a esse
respeito, emitindo parecer definitivo, no qual o conselheiro relator — antes de se pronunciar
sobre o mérito das contas — ordena a citação dos responsáveis.
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19. (Cespe – TCE/RS 2013) Cabe ao TCE/RS julgar as contas a serem prestadas
anualmente pelo governador do estado e pelos prefeitos municipais, nos termos da Lei
Orgânica do TCE/RS.

20. (Cespe – TCE/BA 2010) Cabe exclusivamente ao Congresso Nacional apreciar e


julgar anualmente as contas de governo, consideradas em seu sentido mais amplo.

21. (Cespe – TCE/ES 2012) Uma das incumbências do tribunal de contas do estado é a
emissão de parecer prévio sobre as contas de prefeito municipal, que deverá ser aprovado
ou rejeitado pela câmara municipal, sempre por maioria absoluta. Sendo divergente a
posição dos vereadores, o parecer do tribunal deixará de prevalecer por decisão de três
quartos dos membros da câmara municipal.

22. (CGU – AFC 2012 – ESAF) As contas de gestão do TCU são julgadas pela(o)
a) Congresso Nacional.
b) Câmara dos Deputados.
c) Tribunal de Contas da União.
d) Senado Federal.
e) Supremo Tribunal Federal.

23. (Cespe – TRT10 2013) Ao Tribunal de Contas da União não cabe julgar as contas dos
administradores de sociedades de economia mista e empresas públicas, visto que a
participação majoritária do Estado na composição do capital não transmuda em públicos os
bens dessas entidades.

24. (Cespe – TCE/RS 2013) Considere que o titular de um órgão do governo estadual
tenha nomeado determinado cidadão para o cargo de chefe do seu gabinete. Nesse caso, o
TCE/RS não precisa apreciar, para fins de registro, a referida nomeação.

25. (Cespe – TCE/RO 2013) O ato inicial de concessão de aposentadoria de servidor do


estado de Rondônia estará sujeito à apreciação do TCE/RO, para fins de registro ou exame.

26. (Cespe – TCDF 2014) A concessão de pensão por morte de servidor do governo
federal e os reajustes de seu valor, ainda que não alterem o fundamento legal do ato
concessório, deverão ser apreciados pelo TCU.

27. (TCE/ES – Auditor 2012 – Cespe) De acordo com o entendimento do STF, seria
constitucional lei ordinária estadual que determinasse que todos os contratos celebrados
entre o governo do estado e as empresas particulares dependessem de registro prévio no
tribunal de contas estadual.

28. (Cespe – MPTCDF 2013) O direito da administração de anular os atos administrativos


de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da
data em que foram praticados. Não obstante, segundo orientação jurisprudencial que vem
sendo firmada no âmbito do STF, não se opera esse prazo decadencial no período
compreendido entre o ato administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o
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posterior julgamento de sua legalidade e registro pelo TCU — que consubstancia o exercício
da competência constitucional de controle externo.

29. (Cespe – TCU 2009) A CF conferiu ao TCU a competência para julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, porém não atribuiu a esse tribunal competência para aplicar
sanções aos responsáveis quando constatada a ocorrência de ilegalidade de despesa ou de
irregularidade de contas, por se tratar de competência exclusiva do Congresso Nacional.

30. (Cespe – TCE/ES 2009) O TCU, no exercício de sua missão constitucional de auxiliar
o Congresso Nacional no controle externo, tem competência para determinar a quebra de
sigilo bancário dos responsáveis por dinheiros e bens públicos.

31. (Cespe – TCU 2010) No caso de o diretor de órgão público não atender à
determinação do TCU para anular um ato, competirá ao próprio TCU sustar a execução do
ato impugnado.

32. (Cespe – TCU 2011) No caso de irregularidade em contrato administrativo, este será
sustado diretamente pelo Congresso Nacional, que terá de solicitar, de imediato, ao Poder
Executivo as medidas cabíveis. Nessa situação, se, no prazo de noventa dias, o Congresso
Nacional permanecer inerte ou se o Poder Executivo não adotar as medidas que lhe sejam
solicitadas, caberá ao TCU emitir decisão.

33. (Cespe – TCU 2007) Considere que uma lei federal dispense concurso público para o
provimento do cargo de consultor legislativo do Senado. Nesse caso, quando o TCU for
apreciar essas nomeações, deixará de aplicar a lei, julgando com fundamento na
Constituição Federal. Esse controle feito pelo tribunal é denominado controle abstrato da
constitucionalidade.

34. (Cespe – TCE/PE 2004) Somente o Tribunal de Contas da União (TCU) pode afastar
a aplicação de uma lei federal por inconstitucionalidade. Aos tribunais de contas dos estados
e dos municípios é vedada essa prerrogativa.

35. (Cespe – TCDF 2012) Embora os TCs não detenham competência para declarar a
inconstitucionalidade das leis ou dos atos normativos em abstrato, eles podem, no caso
concreto, reconhecer a desconformidade formal ou material de normas jurídicas com a CF,
deixando de aplicar, ou providenciando a sustação, de atos que considerem
inconstitucionais.

36. (Cespe – TCDF 2012) Caso não seja empregado o mínimo de recursos destinados a
saúde e educação no DF, poderá ocorrer o controle judicial de ofício com vistas a garantir —
mediante medida cautelar — a ocorrência dos atos administrativos necessários para o
direcionamento dessa parcela do orçamento.

37. (Cespe – MIN 2013) É vedado o controle prévio pelo Poder Judiciário de atos a cargo
da administração pública.
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38. (Cespe – TJRO 2012) O abuso de poder é conduta comissiva, que afronta, dentre
outros, o princípio da legalidade e o da moralidade, e se sujeita, portanto, ao controle
judicial, que se sobrepõe ao controle administrativo.

39. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) O mandado de segurança é uma das mais
importantes ações judiciais de controle dos atos da administração pública. Quando o ato for
praticado por autoridade no exercício de competência delegada, o mandado de segurança
caberá contra a autoridade delegante.

40. (Cespe – MPTCDF 2013) O STF poderá, apenas após ação judicial, acolher
reclamação administrativa, anular o ato administrativo e determinar que outro seja praticado.

41. (Cespe – CNJ 2013) Os órgãos administrativos do Poder Judiciário, no exercício do


controle administrativo, podem confirmar ou rever condutas internas, conforme aspectos de
legalidade ou de conveniência e oportunidade.

42. (Cespe – MPTCDF 2013) O controle administrativo é um controle de legalidade e de


mérito, exercido exclusivamente pelo Poder Executivo sobre suas próprias condutas.

43. (Cespe – MIN 2013) O controle administrativo tem como fundamento o dever-poder de
autotutela que a administração pública tem sobre suas atividades, atos e agentes, sendo um
de seus instrumentos o direito de petição.

44. (Cespe – AFRE/ES 2013) O controle exercido por determinado órgão público sobre os
seus departamentos denomina-se controle
a) interno.
b) de legalidade.
c) externo.
d) concomitante.
e) provocado.

45. (Cespe – MDIC 2014) As formas de controle interno na administração pública incluem
o controle ministerial, exercido pelos ministérios sobre os órgãos de sua estrutura interna, e
a supervisão ministerial, exercida por determinado ministério sobre as entidades da
administração indireta a ele vinculadas.

46. (Cespe – PM/CE 2014) Considera-se controle por vinculação o poder de fiscalização e
correção que os órgãos da administração centralizada exercem sobre as pessoas jurídicas
que integram a administração indireta.

47. (Cespe – PM/CE 2014) O controle administrativo sobre os órgãos da administração


direta é um controle interno, que permite à administração pública anular os próprios atos,
quando ilegais, ou revogá-los, quando inoportunos ou inconvenientes.

48. (Cespe – TCDF 2014) Na esfera federal, o controle administrativo é identificado com a
supervisão ministerial, que, no caso da administração indireta, caracteriza a tutela. A sua
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autonomia, estabelecida nas próprias leis instituidoras, deve ser assegurada, sem prejuízo
da fiscalização na aplicação da receita pública e da atenção com a eficiência e a eficácia no
desempenho da administração.

49. (Cespe – Polícia Federal 2014) Recursos administrativos são todos os meios
utilizáveis pelos administrados para provocar o reexame do ato administrativo pela
administração pública e, pelo fato de o processo administrativo ter impulsão de ofício, tais
recursos não podem ter efeito suspensivo em hipótese alguma.

50. (Cespe – CNJ 2013) O controle legislativo é a prerrogativa atribuída ao Poder


Legislativo de fiscalizar e controlar os atos praticados pelas entidades integrantes da
administração direta, não sendo cabível este tipo de controle em face dos entes que
compõem a administração indireta.

51. (Cespe – TRT10 2013) Por força do princípio da separação de poderes, não se admite
o controle da administração pública pelo Poder Legislativo.

52. (Cespe – AGU 2013) O TCU tem o dever de prestar ao Congresso Nacional, a
qualquer de suas Casas ou de suas comissões, informações sobre a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial que executar, bem como sobre os
resultados das auditorias e inspeções que realizar.

53. (Cespe – AGU 2013) Uma autoridade pública federal responsável pelo sistema de
controle interno que, após tomar conhecimento de uma irregularidade ou ilegalidade
praticada no âmbito do órgão em que atue, dela não der ciência ao TCU estará sujeita a ser
solidariamente responsabilizada pelo ato irregular ou ilegal.

54. (Cespe – Suframa 2014) Considerando que a SUFRAMA, autarquia vinculada ao


Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, pretenda contratar serviços de
consultoria para auxiliar na elaboração do Plano Diretor Plurienal da ZFM, julgue o item a
seguir.
Realizada, a referida contratação estará submetida ao controle do Tribunal de Contas da
União, órgão que auxilia o Congresso Nacional na sua atividade de controle externo.

55. (Cespe – MPTCDF 2013) As comissões parlamentares de inquérito, que terão


poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, poderão, por autoridade própria,
determinar a busca e apreensão domiciliar de documentos.

56. (Cespe – TRT10 2013) Portaria de caráter normativo editada pelo Ministério da
Educação que seja ilegal poderá ser sustada pelo Congresso Nacional.

57. (Cespe – CNJ 2013) A decisão do Tribunal de Contas da União que, dentro de suas
atribuições constitucionais, julga ilegal a concessão de aposentadoria, negando-lhe o
registro, possui caráter impositivo e vinculante para a administração.

58. (Cespe – MPTCDF 2013) O julgamento das contas dos administradores públicos é
exercido pela Controladoria Geral da União (CGU), órgão central de controle interno do
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Poder Executivo, e seu resultado deve ser informado ao TCU, dentro dos prazos
estabelecidos na legislação vigente.

59. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) O controle externo, a cargo do Congresso


Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete,
entre outras atribuições, fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União,
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a estado, ao Distrito
Federal ou a município.

60. (Cespe – CADE 2014) A função fiscalizatória exercida pelos tribunais de contas dos
estados inclui-se entre as hipóteses de controle do Poder Legislativo sobre os atos da
administração pública.

61. (Cespe – MPTCDF 2013) Segundo o entendimento firmado no âmbito do STJ, quando
se tratar de ato de demissão de servidor público, é permitido questionar o Poder Judiciário
acerca da legalidade da pena a ele imposta, até porque, em tais circunstâncias, o controle
jurisdicional é amplo, no sentido de verificar se há motivação para o ato de demissão.

62. (Cespe – TRT10 2013) Conforme a jurisprudência, o ato administrativo que impõe
sanção disciplinar a servidor público vincula-se aos princípios da proporcionalidade,
dignidade da pessoa humana e culpabilidade. Dessa forma, o controle jurisdicional desse
ato é amplo, não se limitando aos aspectos formais do procedimento sancionatório.

63. (Cespe – TRT10 2013) Os atos discricionários praticados pela administração pública
estão sujeitos ao controle pelo Poder Judiciário quanto à legalidade formal e substancial,
observada a vinculação da administração aos motivos embasadores dos atos por ela
praticados, os quais conferem a eles legitimidade e validade.

64. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) O Poder Judiciário pode examinar atos da
administração pública de qualquer natureza, sejam gerais ou individuais, unilaterais ou
bilaterais, vinculados ou discricionários, mas sempre sob os aspectos da legalidade e,
também, da moralidade.

65. (Cespe – Bacen 2013) O ato discricionário, dada sua natureza, não está sujeito a
apreciação judicial.

66. (Cespe – Suframa 2014) Uma das formas de controle da administração pública é o
controle judicial, que incide tanto sobre o mérito quanto sobre a legalidade dos atos da
administração pública.

67. (Cespe – MTE 2014) Na hipótese de um servidor, que foi demitido pelo ministro do
MTE, impetrar mandado de segurança em desfavor dessa autoridade, estará sendo
realizado, por meio do julgamento do mencionado remédio constitucional, o controle judicial
da administração pública.

68. (ESAF – AFT 2010) O estudo do tema 'controle da administração pública' nos revela
que:
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a) submetem-se a julgamento todas as contas prestadas por responsáveis por bens ou
valores públicos, aí incluído o Presidente da República.
b) no exercício do poder de autotutela, a administração pública pode rever seus atos, mas
não pode declará-los nulos.
c) em respeito ao princípio da separação dos poderes, é vedado o controle transversal de
um Poder sobre os outros.
d) o controle interno é exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de
Contas da União.
e) o Poder Judiciário exerce apenas controle jurisdicional sobre seus atos administrativos.

69. (ESAF – AFT 2010) Quanto ao controle da Administração Pública, em especial,


quanto ao momento em que ele se efetiva, assinale:
(1) para controle prévio;
(2) para controle sucessivo ou concomitante;
(3) para controle corretivo ou posterior.
E escolha a opção que represente a sequência correta.
( ) Aprovação, pelo Senado Federal, de operação financeira externa de interesse da União.
( ) Auditorias realizadas pelo TCU em obras públicas federais.
( ) Aprovação, pelo Senado Federal, dos Ministros do TCU indicados pelo Presidente da
República.
( ) Julgamento das contas dos gestores públicos pelo TCU.
( ) Registro, pelo TCU, das admissões, aposentadorias e pensões no âmbito das pessoas
jurídicas de direito público da Administração Pública Federal.
a) 3 / 1 / 2 / 1 / 3
b) 2 / 2 / 1 / 3 / 3
c) 2 / 3 / 3 / 1 / 2
d) 1 / 1 / 3 / 3 / 2
e) 1 / 2 / 1 / 3 / 3

70. (ESAF – ATRFB 2009) O controle externo da Administração Pública, no que está
afeto ao Tribunal de Contas da União (TCU), compreende
a) o julgamento das contas prestadas anualmente pelo Presidente da República.
b) a fiscalização da aplicação dos recursos financeiros repassados pela União para os
Estados, mediante convênio.
c) o julgamento das contas relativas à aplicação das cotas dos Fundos de Participação
transferidas para os Estados e Municípios.
d) o registro prévio das licitações e respectivos contratos, para compras, obras e serviços.
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e) o registro prévio dos atos de admissão dos servidores públicos federais, bem como o das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões.

71. (ESAF – AFRFB 2012) Ex-presidente de uma autarquia sofre tomada de contas
especial determinada pelo Tribunal de Contas da União – TCU em razão de apuração de
denúncia recebida naquele Tribunal.
A autarquia instaurou a tomada de contas especial com a finalidade de quantificar o
montante de recursos gastos com o fretamento de aeronaves (taxi aéreo) pelo seu ex-
presidente.
Tal procedimento resultou na apuração de despesas relativas a 59 (cinquenta e nove) voos
no período de sua gestão desde sua posse até a data em que foi afastado do cargo.
A comissão condutora da tomada de contas especial, não obstante as considerações do
interessado, concluiu pela ausência de motivação para a contratação dos voos realizados.
A referida comissão ressaltou também que encontrou reportagens de jornais da época do
fato, todas juntadas aos autos, noticiando que o então presidente da autarquia, por ter
pretensão de ocupar cargo político, acompanhava o governante do Estado onde a autarquia
era sediada em viagens e auxiliava outros governantes em suas respectivas plataformas
políticas, com a utilização da autarquia que presidia como "trampolim político".
Endossando o entendimento da comissão de tomada de contas especial, o TCU considerou
que o ex-presidente da referida autarquia praticou ato antieconômico e julgou pela
irregularidade de suas contas, aplicando-lhe multa.
Considerando o caso concreto acima narrado e a jurisprudência do TCU acerca do seu
papel no exercício do controle da administração pública, avalie as questões a seguir,
assinalando falso (F) ou verdadeiro (V) para cada uma delas, em seguida, marque a opção
que apresenta a sequência correta.
( ) A motivação para a instauração da tomada de contas especial foi indevida, porquanto
invadiu o mérito administrativo, na medida em que compete ao administrador a escolha do
meio de transporte que melhor lhe aprouver.
( ) Quando se examina o interesse público sob a ótica da economicidade, a partir de
parâmetros e metas de eficiência, eficácia e efetividade e tendo presente o princípio da
razoabilidade, devem ser identificadas as situações em que os administradores públicos
tenham adotado soluções absurdamente antieconômicas. Caso seja possível identificar, a
partir da razoabilidade essas soluções, a conclusão é a de que elas são ilegítimas.
( ) Não é da competência do TCU, invocando os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, manifestar-se sobre o mérito administrativo, posto que teria sido tomado
na órbita da discricionariedade a que a lei reserva ao administrador público.
( ) A análise da discricionariedade administrativa mostra-se viável para a verificação da sua
regularidade em relação às causas, aos motivos e à finalidade que ensejam os dispêndios
de recursos públicos, devendo o gestor público observar os critérios da proporcionalidade e
da razoabilidade no exercício de suas funções administrativas.
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( ) O controle da economicidade envolve questão de mérito para verificar se o órgão
procedeu, na aplicação da despesa pública, de modo mais econômico, atendendo, por
exemplo, a uma adequada relação custo-benefício.
a) F, V, V, V, F
b) F, V, F, V, F
c) F, V, F, V, V
d) V, F, F, V, F
e) F, F, F, V, V

72. (ESAF – AFT 2010) É sabido, nos termos do art. 50, inciso LXIX, da Constituição da
República Federativa do Brasil, que o mandado de segurança é ação constitucional por
intermédio da qual se dá ensejo ao controle jurisdicional dos atos da Administração Pública.
São considerados requisitos necessários ao cabimento do mandado de segurança, exceto:
a) tratar-se de ato de autoridade pública, ou de particular, no exercício de funções públicas.
b) tratar-se de ato que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução.
c) o ato importar lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo.
d) o ato importar ilegalidade ou abuso de poder.
e) o ato violar direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data.

73. (Cespe – TRT2 – Juiz – 2013) À luz da lei e da jurisprudência dominante nos tribunais
superiores, assinale a opção correta a respeito do controle da administração pública.
a) Salvo disposição legal específica, é de cinco dias o prazo para a interposição de recurso
administrativo.
b) Prescreve em cinco anos, contados da data do ilícito ambiental, a pretensão da
administração pública de promover a execução de multa por infração ambiental.
c) O MP não tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio
público.
d) Segundo a jurisprudência do STF, é pacífico que o TCU, no exercício da competência de
controle externo da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadorias, reformas e
pensões, não se submete ao prazo decadencial estabelecido na Lei n.o 9.784/1999,
iniciando-se o prazo quinquenal somente após a publicação do registro na imprensa oficial.
e) Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito,
devendo ele ser interposto perante a autoridade imediatamente superior à que tiver proferido
a decisão recorrida, a qual poderá, se entender necessário, dar vistas dos autos à
autoridade que proferiu a decisão, a qual poderá se retratar no prazo de cinco dias.

74. (Cespe – MPTCE/PB 2014) Acerca do controle da administração pública, assinale a


opção correta.
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a) O TCU exerce uma função não judicial quando julga as contas dos administradores e
demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos, nos processos de tomada e
prestação de contas anual.
b) O sistema de controle da administração pública veda a aplicação da accountability devido
à inexistência de previsão legal para tal aplicação.
c) O controle da edição do ato administrativo deve ser sempre posterior à sua edição,
quando este relacionar-se à aplicação de recursos públicos.
d) Na estrutura do sistema de controle da administração pública federal, a CGU, órgão de
controle interno, é subordinada ao TCU, órgão de controle externo.
e) O tribunal de contas do estado está subordinado ao Poder Legislativo estadual, em
decorrência de delegação da própria CF e ratificação da constituição estadual.

75. (Cespe – TCE/AC 2009) Em conformidade com a CF, os atos relacionados a pessoal
que são apreciados pelo TCU para fins de registro ou reexame não incluem:
a) a admissão de pessoal nas empresas públicas.
b) a admissão de pessoal nas fundações instituídas e mantidas pelo poder público.
c) as nomeações para cargo de provimento em comissão na administração direta.
d) a concessão inicial de pensão.
e) as melhorias posteriores em aposentadorias que tenham alterado o fundamento legal da
concessão inicial.

76. (Cespe – MPTCE/PB 2014) No exercício do controle político da administração pública,


compete
a) às CPIs apurar irregularidades e determinar sanções.
b) ao Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar, sustando, se for o caso, seus efeitos independentemente de prévia
manifestação do Poder Judiciário.
c) ao Senado Federal ou à Câmara dos Deputados — excetuadas suas comissões —
convocar titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República.
d) privativamente ao Congresso Nacional e ao Senado Federal apreciar, a priori, os atos do
Poder Executivo.
e) ao Senado Federal dispor, por proposta do presidente da República, sobre limites globais
e condições para a operação de créditos externo e interno da União, dos estados, dos
municípios e do DF, exceto das autarquias.

77. (Cespe – Auditor TCE/PR 2016) Acerca da fiscalização contábil, financeira e


orçamentária e dos tribunais de contas, assinale a opção correta.
A) Compete ao TCU fiscalizar a aplicação de recursos repassados pela União aos estados
ou municípios, quando decorrentes da participação ou compensação no resultado da
exploração de petróleo, xisto betuminoso e gás natural.
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B) A Controladoria-Geral da União exerce, juntamente com o TCU, o controle externo do
Poder Executivo.
C) Compete ao TCU examinar, previamente, a validade de contratos administrativos
celebrados pelo poder público.
D) Não violará a CF a previsão contida em Constituição estadual que confira competência
exclusiva à assembleia legislativa para fiscalizar as contas do respectivo tribunal de contas.
E) Compete ao tribunal de contas fiscalizar a administração direta, autárquica ou
fundacional, mas não as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
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GABARITO

2) a 3) E 4) E 5) E
1) E
7) E 8) E 9) C 10) E
6) E
12) E 13) C 14) E 15) E
11) c
17) E 18) E 19) E 20) E
16) C
22) c 23) E 24) C 25) C
21) E
27) E 28) C 29) E 30) E
26) E
32) C 33) E 34) E 35) C
31) C
37) E 38) E 39) E 40) E
36) E
42) E 43) C 44) a 45) C
41) C
47) C 48) C 49) E 50) E
46) C
52) C 53) C 54) C 55) E
51) E
57) C 58) E 59) C 60) C
56) C
62) C 63) C 64) C 65) E
61) C
67) C 68) a 69) e 70) b
66) E
72) b 73) d 74) a 75) c
71) c
77) d
76) b
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Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo:
Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros,
2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
Marrara, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista
Digital de Direito Administrativo. Ribeirão Preto. V. 1, n. 1, p. 23-51, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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