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TRIBUNA i
Da esq. para dir., Paulo Gil Soares, Waldemar Lima, Glauber Rocha, Lina Bo Bardi, Walter Lima Jr. e Sante Scaldaferri em Monte
Santo, Bahia, 1963. Imagem do livro 'Lina, uma biografia', de Francesco Perrota Bosch.
FRANCESCO PERROTA-BOSCH
15 JUN 2021 - 17:04 | Atualizado: 15 JUN 2021 - 19:48 BRT
1 de setembro de 1969
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Em algum fim de tarde de verão, Zé Celso foi ao
encontro de Martim num boteco carioca. Com o
ex-diretor da Escola de Teatro da Universidade
da Bahia estava Lina Bardi, então diretora do
MAM de Salvador, tomando um drinque. O
São Paulo, minha
amiga gigante
dramaturgo do Oficina, jovem e ainda tímido à
época, não teve coragem de sentar à mesa dos
amigos de anos soteropolitanos. De pé, os dois
homens do teatro trocaram breves palavras,
momento em que Zé Celso se sentiu observado
de cima a baixo por Lina, como se ela tivesse
De Frida Kahlo a sacado de pronto como ele era ingênuo. Zé Celso
Lina Bo Bardi
a achou tão linda e atraente que se sentiu um
tanto intimidado, constrangido, envergonhado.
Enrubesceu. Foi embora do bar e passou seis
anos sem vê-la.
Quem promoveu o reencontro (ou melhor, a
primeira conversa) foi Glauber Rocha.2 O
cineasta baiano tornara-se amigo de Zé Celso e,
quando ia a São Paulo no final dos anos 1960,
Mundo do design
celebra Lina Bo
dormia no chão da sala do pequeno apartamento
Bardi no Salone
del Mobile de
que o diretor de teatro dividia com o ator Renato
Milão Mundo do
design celebra
Borghi. O Oficina estava encenando a peça
Lina Bo Bardi no
Salone del Mobile
Galileu Galilei e iniciava os preparativos para Na
de Milão
selva das cidades, de Bertolt Brecht. Glauber
havia visto a “arquitetura cênica” de dona Lina
para A ópera de três tostões, também de autoria do dramaturgo
alemão, e sugeriu a Zé Celso que trabalhasse com a arquiteta na
sua nova montagem. Não foi uma simples sugestão por parte do
representante maior do Cinema Novo, mas sim um incentivo
veemente e insistente. Dias depois, Lina recebeu Glauber e Zé
Celso na Casa de Vidro. Tomaram uísque, conversaram e
começaram a trabalhar juntos.
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Mais hostil foi a briga com Ítala Nandi. A atriz era casada com o
diretor André Faria e bateu de frente com Zé Celso —a arquiteta
acabou entrando na contenda por tabela. Numa discussão, Ítala
chegou a expulsar Lina doset e a mandou para a “puta que
pariu”. De fato, Lina e Zé Celso voltara para São Paulo antes da
conclusão das filmagens.
Essa parceria seguiu com Gracias, señor, peça montada em 1972,
primeiro no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro, depois no
Teatro Ruth Escobar, em São Paulo. A apresentação foi
concebida num momento sombrio da ditadura militar, em que a
repressão se aproximava de muitos membros do Oficina. A
apresentação visava mesclar ficção e realidade, misturar atores
e público, e, cenograficamente, suprimir de vez a divisão entre
palco e plateia. Os artistas entravam no auditório sem figurinos
confeccionados para a ocasião, vestidos à paisana, com suas
roupas do dia a dia, até o momento em que Zé Celso chegava
com uma arara de roupas com dois conjuntos de vestimentas e
perguntava aos espectadores o que eles queriam —a partir
desse momento, o público começava a participar ativamente. A
peça seguia por quatro horas, divididas em seis partes: a
confrontação, a aula de esquizofrenia, a divina comédia, a
morte, os sonhos de ressurreição, a lição de voltar a querer.
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