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XERXES negociar com os atenienses, mas sem quaisquer resultados favorá­


No persa antigo, xsayarsan; no elamita, ikseirissa\ no acádico, veis. A guerra prosseguiu, e as forças persas foram finalmente derro­
hisi’arsa. Seguindo essa pronúncia, o Antigo Testamento hebraico tadas, por ocasião da batalha de Platéia (479—478 A.C.) E os
diz ‘kshwrsh (sem as vogais, como era costumeiro), provavelmente atenienses, engrossadas as suas forças com um grande número de
pronunciado como 'ahshawarash. No entanto, posteriormente, foi desertores do exército persa, completaram o seu sucesso invadindo
vocalizado com a forma de 'ahashwerosh, o que explica a forma a área do rio Eurimedom, pondo fim às esperanças persas de con­
portuguesa Assuero (ver Ester 1:1,2,9,10,15-17,19; 2:1,12,16,21; 6:2; quistar a Europa.
7,5; 8:1,7,10,12; 9:2,20,30; 10:1,3). Xerxes retirou-se para os seus palácios de Persépolis (vide) e de
Os escritores gregos, dentre os quais se destaca Heródoto, grafavam Susã (vide), que ele expandiu e decorou de acordo com um estilo
o seu nome como Ksérkes. E é precisamente daí que se deriva o colossal e superornamentado.
nome Xerxes, que ocorre em português, na literatura profana. Para nós, evangélicos, reveste-se de grande interesse o seu en­
Xerxes ou Assuero sucedeu ao trono da dinastia acamenida, da tusiasmo religioso. De forma diferente de seus antecessores, ele não
Pérsia (vide), por ocasião do falecimento de seu pai, Dario, o Grande aceitava a validade dos arcaicos cultos religiosos do Egito e da
(522—486 A.C.). Sua mãe chamava-se Atossa, filha de Ciro, o Gran­ Babilônia. Pelo contrário, extinguiu ambas essas manifestações reli­
de, o fundador do império persa. Ele foi escolhido por seu próprio pai, giosas. Inscrições de Xerxes, existentes em Persépolis, proclamam
Dario, para ser o próximo monarca persa. O governo de Dario termi­ como ele destruiu os templos das falsas divindades, em todos os
nou ao mesmo tempo em que focos de rebelião explodi’am por todo o seus domínios, e como ele prestava fidelidade ao deus Auramazda.
seu vasto império. Entretanto, parece que a escolha nao foi das mais É bem possível que a inflexibilidade religiosa de seus súditos judeus,
sábias. Assuero era homem de poucas habilidades no governo, incli­ como também de sua própria esposa judia, Ester (vide), tenha confir­
nado a depender, mui lamentavelmente, dos conselhos e opiniões de mado sua aderência teimosa ao masdeismo.
cortesãos e eunucos do harém. Após ter conseguido suprimir uma Interessante é observar que, fora dos livros bíblicos, nenhuma
revolta que explodira no Egito, tendo usado de grande violência e menção é feita a Ester ou ao povo judeu. Todavia, todos os peritos
tendo provocado muitas destruições, ele recrutou marinheiros do Egi­ na história antiga reconhecem que os antigos anais e registros histó­
to e de seus aliados gregos, formou uma marinha de guerra, e come­ ricos tinham um caráter exclusivista e propagandístico, pelo que o
çou a traçar planos para invadir a Ática, na Grécia atual. E os seus que seria de surpreender é que as questões internas do harém real
súditos fenícios transportaram em barcaças o seu exército, atraves­ tivessem ficado registradas nos documentos oficiais do período.
sando o Helesponto, mediante uma dupla fileira de barcaças. E foi A personalidade essencial de Xerxes, conforme a mesma nos é
dali que o imenso exército persa, formado por contingentes armados descrita por Heródoto (suspeito para falar, devido ao fato de ter sido
provenientes de quase cinqüenta nações, marchou na direção sul e grego, e estar-se manifestando sobre o principal adversário dos gre­
capturou a cidade de Atenas. gos), além do testemunho deixado pelas suas próprias inscrições,
Entretanto, a maré da guerra mudou rapidamente de direção, apesar de tudo é bem semelhante àquilo que podemos deduzir com
quando a grande frota de navios de guerra de Xerxes foi aniquilada base no livro de Ester, nas Escrituras Sagradas. A história mostra-nos
por ocasião da batalha subseqüente de Salamina em 480 A.C. Foi que a carreira política de Xerxes foi o começo do colapso da dinastia
nessa oportunidade que Xerxes, uma vez mais, demonstrou sua fra­ acamenida, da Pérsia, o que sucedeu por ocasião das conquistas
queza de caráter, ao mandar executar o seu almirante fenício e militares encetadas por Alexandre, o Grande, da Macedônia. Ver o
provocar a deserção de suas forças navais. O comandante das for­ artigo sobre Alexandre, o Grande. Ver também o artigo intitulado
ças persas que estavam estacionadas na Grecia, Mardônio, tentou Pérsia. E aquele outro, chamado Assuero.

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