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CADERNO DE ESTUDO

MANEJO PARA CONSERVAÇÃO FLORESTAL


FICHA CATALOGRÁFICA

I59   Instituto Brasileiro de Administração Municipal

Caderno de estudo: manejo para conservação florestal. / IBAM. – Rio de Janeiro:


IBAM, 2015.

41 p. : il. color.

(Série Programa de qualificação gestão ambiental)

Inclui Referências

1. Biodiversidade florestal. 2. Solos - Manejo. I. Instituto Brasileiro de Administração


Municipal. II. Título. III. Série.

CDU 630*9

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INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL – IBAM

Superintendência Geral Paulo Timm

Coordenação Geral do PQGA Tereza Cristina Barwick Baratta

Coordenação da Capacitação Hélio Beiroz Imbrosio da Silva


Magnes Grael Silveira Maynard do Lago
Suzana dos Santos Barbosa
Tito Ricardo de Almeida Tortori

Supervisão Pedagógica Anna Maria Fontes Ribeiro


Dora Apelbaum

Consultoria Técnica Octávio da Costa Gomes Neto

Conteudistas Andrea Pitanguy de Romani


Hélio Beiroz Imbrosio da Silva
Iara Ferrugem Velasques
Iara Verocai
Jean Marc Weinberg Sasson
João Vicente Lagüéns
Júlio César Gonçalves da Silva
Karin Schipper Segala
Leene Marques de Oliveira
Luis Mauro Sampaio Magalhães
Marcos Flávio R. Gonçalves
Nathália da Silva Braga
Paula Bernasconi
Rosan Valter Fernandes

Desenho Instrucional Afrent Soluções

Normalização Bibliográfica Cinthia Pestana

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Sumário

APRESENTAÇÃO...........................................................................7

1. IDENTIFICAÇÃO DAS CATEGORIAS DE USO/MANEJO DO


SOLO E SUAS RELAÇÕES COM O DESMATAMENTO...........10

1.1  Categorias de Uso e Manejo................................................................................ 11


1.1.1  Atividades de Silvicultura, Manejo Florestal, Extrativismo Florestal.......... 11
1.1.2  Atividades de Agricultura e Extrativismo Familiar em Pequenos Módulos
de Terra, com Diferentes Graus de Organização Comunitária.............................. 11
1.1.3  Atividades Agropecuárias e de Produção Empresarial................................ 12
1.1.4  Atividades Ligadas à Expansão das Cidades, à Mineração e a Grandes
Obras de Engenharia..................................................................................................... 12
1.2  Uso das Categorias para Sistematização Inicial.............................................. 13
1.3 O  Ambiente Geobiofísico....................................................................................... 14

2. MUDANÇAS NOS VALORES CULTURAIS DA LOCALIDADE....17

2.1 Fatores Ligados à Decisão de Desmatar e à Intensidade do Desmatamento...... 17


2.1.1. Bens e Serviços da Floresta.............................................................................. 17
2.1.2. Costumes e Valores Culturais na Localidade.................................................. 18
2.1.3. A Crise Ambiental e o Valor da Floresta.......................................................... 19
2.1.4. Legislação e Conservação Florestal................................................................ 19
2.2. Ações Voltadas para Mudanças nos Valores Culturais
Associadas ao Desmatamento.................................................................................... 20
2.2.1. Campo da Legislação e Fiscalização............................................................... 22

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2.2.2. Campo da Gestão e das Políticas Públicas..................................................... 23
2.2.3. Campo da Educação e Formação..................................................................... 26

3. ALTERNATIVAS DE PRÁTICAS E MANEJO PARA A


CONSERVAÇÃO DE FLORESTAS...............................................31

3.1 Ordenamento Territorial e Unidades de Conservação ..................................... 32


3.2 Alternativas de Ordem Econômica....................................................................... 35
3.3 Alternativas de Interesse Social........................................................................... 38

REFERÊNCIAS..............................................................................40

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Manejo para Conservação Florestal
APRESENTAÇÃO
O adequado manejo das atividades e das Faz-se necessário buscar ações mais con-
áreas florestais é imprescindível para o con- sistentes e, para isso, é importante que se
trole e a redução do desmatamento, uma vez conte com uma boa caracterização dos fa-
que há uma relação direta entre as atividades tores envolvidos em cada localidade, suas
econômicas e as formas de uso do espaço, peculiaridades e, para cada caso, a melhor
que podem determinar a perda de vegeta- maneira de abordar e de tornar efetivas as
ção, a sua recuperação e a manutenção dos ações de redução ou mesmo de eliminação
benefícios socioambientais da conservação do desmatamento.
da Amazônia. Tendo em vista tal importân-
cia, o Programa de Qualificação da Gestão Nesse sentido, este texto busca sistematizar
Ambiental – Municípios Bioma Amazônia e sugerir medidas que possam ser adotadas
trata, no presente curso, de temáticas asso- pelo poder público e demais agentes envolvi-
ciadas ao adequado manejo orientado à con- dos no planejamento, uso e controle da terra,
servação florestal. visando a promover a proteção florestal e a
integração desses ecossistemas aos demais
De acordo com as estimativas do Governo tipos de uso.
Federal, o desmatamento foi reduzido nos úl-
timos anos. Mesmo assim, no ano de 2013, As ações para encarar esses desafios devem
chegamos à estimativa de 5.000 Km2 de área se basear numa identificação consistente das
desmatada na Amazônia Legal, o que ainda diversas categorias de uso e manejo das ter-
representa um prejuízo significativo para a ras do Município, incluindo os tipos de paisa-
biodiversidade e para os serviços ecossistêmi- gens existentes, seus recursos e limitações,
cos. Como se isso não bastasse, notícias re- a história de ocupação, os grupos humanos
centes têm alertado para um novo aumento de atuais, sua cultura, relações socioambientais
área desmatada em mais de 400%, no início e sistemas socioeconômicos presentes.
do ano de 2015 (IMAZON, 2015).
O desmatamento surge como um dos com-
Promover a conservação da cobertura flores- ponentes desse amplo sistema e buscar
tal do Bioma Amazônia se constitui em um combater esse processo sem dar a devida
desafio para todos os que estão envolvidos e atenção a esse conjunto de fatores e às suas
que se ocupam do planejamento, do uso da dinâmicas se tornaria uma tarefa árdua e
terra e das atividades de desenvolvimento na provavelmente inócua.
região. Apesar das graves consequências ge-
radas pelo desmatamento, tais como a perda Na identificação, é provável, por exemplo, que
da biodiversidade, a alteração no ciclo hidroló- já se verifique uma diversidade significativa de
gico e a erosão do solo, a retirada de florestas relações entre grupos sociais e o ambiente,
continua a apresentar taxas elevadas em um incluindo desde relações socioambientais bas-
número significativo de Municípios. tante ajustadas, com ciclos e cadeias produti-
vas mais fechados e integrados à paisagem,
É preciso enfrentar esse desafio e promover até outras que estabelecem sistemas produti-
a conservação de recursos florestais e, para vos mais abertos e mais vulneráveis à degra-
isso, devemos conhecer e intervir em uma dação ambiental.
gama variada de componentes ambientais,
considerando suas dinâmicas e relações es- O conhecimento desses componentes e das
pecíficas. A multiplicidade de paisagens e a relações que estabelecem entre si, e, em es-
diversidade social, étnica, biológica e econô- pecial, com as florestas, irá permitir ações, por
mica impedem respostas únicas e receitas que parte dos agentes públicos envolvidos, com
possam ter uma aplicação genérica. maior chance de sucesso.

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Esse primeiro passo irá permitir também que se
busque compreender os valores culturais pre-
sentes em cada localidade; que se avalie, em
colaboração com os grupos presentes, o peso
desses valores na conservação de florestas; e
que se promova, quando necessário, ações no
sentido de possibilitar mudanças culturais que
ajudem no combate ao desmatamento.

Este texto aborda esses temas e, no tópico fi-


nal, elenca possíveis alternativas práticas para
diminuir ou eliminar o desmatamento.

É importante lembrar que os passos previstos


neste texto deverão ser confrontados com a
situação de cada Município. Será possível en-
contrar localidades em que algumas das fases
aqui descritas já estejam superadas; ou em
que o aparato técnico e operacional disponível
tenha tornado simples a sua execução em pe-
ríodo de tempo mais curto. No entanto, haverá
também Municípios em que nem todos esses
avanços tenham ocorrido.

Assim, esperamos que este curso possa cola-


borar para instrumentalizar os Municípios para
atuarem no combate ao desmatamento.

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1. Identificação das
Categorias de Uso/
Manejo do Solo e
suas Relações com
o Desmatamento

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Assim, o primeiro passo é identificar a presen-
1. IDENTIFICAÇÃO DAS ça, a abrangência e a importância de cada uma
dessas formas de apropriação, que passare-
CATEGORIAS DE USO/ mos a chamar de categoriais de uso/manejo
do solo. Com isso, pretende-se caracterizar
MANEJO DO SOLO E cada categoria e estabelecer as relações exis-
tentes entre a sua implantação e/ou expansão
SUAS RELAÇÕES COM O com o processo de desmatamento ou com a
conservação dos recursos florestais.
DESMATAMENTO
Existem diferentes métodos para essa siste-
O desmatamento não se constitui em um matização e alguns deles podem ser utilizados
processo isolado e pode ser combatido se como base para o estabelecimento das cate-
adotarmos uma abordagem que considera a gorias mencionadas. No entanto, para efeito
perda de florestas como um problema inse- prático dos objetivos deste texto e consideran-
rido nos sistemas de apropriação e uso de do as relações entre os diferentes tipos de uso
recursos da natureza por grupos humanos. e manejo da floresta, poderíamos dividir essas
Sabemos que esses grupos derrubam árvo- categorias como descrito a seguir.
res para o uso direto de produtos madeireiros
e não madeireiros ou como forma de ocupar Saiba Mais!
e explorar as áreas de florestas, com agro-
pecuária, mineração, expansão de cidades, No curso intitulado Bioma Amazônico
além de outros. e Desmatamento, do Programa de
Qualificação da Gestão Ambiental
Essas diferentes formas de apropriação são – Municípios Bioma Amazônia, são
estabelecidas a partir de interesses específicos abordados os processos de ocupação,
e resultam também em impactos diferenciados as atividades produtivas e os aspectos
sobre a floresta.

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da gestão territorial relacionados à ques- floresta nativa, nos quais não há corte raso e
tão do desmatamento na Amazônia. nem supressão rápida da cobertura florestal,
em alguns casos, se adotam sistemas de plan-
Disponível em: http://amazo- tios industriais e corte raso, com maior impacto
nia-ibam.org.br/linhasdeacao/ sobre os bens e serviços.
capacitacao-em-gestao-ambiental/.
Em todos esses casos, as atividades envolvem
também regulamentação e controle nas esfe-
ras federal, estadual e municipal.
1.1  Categorias de Uso e Manejo
Saiba Mais!
1.1.1  Atividades de Para conhecer mais sobre práticas de
Silvicultura, Manejo silvicultura, espécies arbóreas utilizadas
Florestal, Extrativismo e tecnologias implementadas, leia o ma-
Florestal terial produzido pelo Centro de Pesquisa
Florestal Internacional - Cifor, o Instituto
Esta primeira categoria inclui as atividades Interamericano de Cooperação para a
que visam a explorar os recursos da floresta, Agricultura - IICA e a Empresa Brasileira
como por exemplo, madeira, látex e frutas, e de Pesquisa Agropecuária-Embrapa:
pressupõem um projeto de manejo sustentável SILVICULTURA NA AMAZÔNIA
aprovado pelo Poder Público. Caracterizam-se BRASILEIRA - avaliação de experiên-
como sistemas congruentes, ou seja, sistemas cias e recomendações para imple-
que, após a conversão da floresta original, vol- mentação e melhoria dos sistemas.
tam a ter (ou mantêm) uma cobertura florestal. Disponível em: http://www.cifor.org/publi-
cations/pdf_files/Books/BSabogal0603.
É possível encontrar no Bioma Amazônia áreas pdf. Acesso em 26 de outubro de 2015.
exploradas por empresas de variados portes,
extrativistas organizados em comunidades, ou
mesmo extrativistas individuais, que, apesar de 1.1.2  Atividades de
algumas restrições legais, vendem ou trocam Agricultura e Extrativismo
os seus produtos extraídos. É comum estes Familiar em Pequenos
últimos utilizarem o extrativismo como comple- Módulos de Terra, com
mento de renda, nas atividades de agricultura, Diferentes Graus de
alternando essas duas categorias. Organização Comunitária
Por ser um sistema que depende da manuten- Em inúmeras localidades do Bioma Amazônia,
ção da floresta, essa atividade contribui pouco se observam, isolados ou em grupos, agriculto-
– ou mesmo não contribui, em alguns casos – res/extrativistas que atuam em poucos módu-
para o processo de desmatamento. Entretanto, los de terra e de dimensões menores, pratican-
a exploração de produtos que resultem na do cultivos de subsistência, pesca, extração
morte de plantas (como o palmito, por exem- de produtos da floresta para uso próprio bem
plo) acaba afetando alguns bens e serviços como para comercialização e troca. O módulo
ecossistêmicos fornecidos pela floresta, como fiscal é uma unidade de medida agrária usada
a proteção à biodiversidade. no Brasil, instituída pela Lei nº 6.746, de 10 de
dezembro de 1979. É expressa em hectares e
Os efeitos negativos podem ser ainda mais re- é variável para cada região e Município.
levantes, dependendo do sistema de silvicultu-
ra que é adotado. Embora seja significativo o Esses agricultores/extrativistas apresentam
número de projetos de manejo sustentável da culturas diversas e ocupam suas áreas através

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de uma grande variedade de sistemas, em um monoculturas, pastagens extensivas, uso mais
gradiente que vai desde propriedades total- intensivo de insumos agrícolas sintéticos e de
mente desmatadas até áreas de sistemas inte- mecanização, dependendo de seu grau de
grados à cobertura vegetal, onde parte da terra capitalização.
é mantida florestada. De acordo com sua cultu-
ra, podem apresentar sistemas agroflorestais, A exploração madeireira também pode antece-
muitas vezes complementados com produtos der o desmatamento.
extrativos de matas vizinhas remanescentes.
Como, em geral, nesses casos se procura
Apesar de se verificarem casos de uso inade- maximizar a renda obtida, o impacto sobre a
quado do solo, estes se constituem nos grupos cobertura florestal tende a ser maior, principal-
de maior riqueza, do ponto de vista do domí- mente em projetos de cultivo intensivo e pecu-
nio das tecnologias sustentáveis de ocupação ária extensiva.
e, ao mesmo tempo, de maior potencial para
adoção de novas práticas que visem à conser-
vação florestal. 1.1.4  Atividades Ligadas
à Expansão das Cidades,
Para esses grupos, o desmatamento visa ao à Mineração e a Grandes
acesso à terra para cultivos agrícolas e para Obras de Engenharia
a criação de animais. Como apresentam cos-
tumes e práticas diversas, o impacto dessas Estas são todas de sistemas predominante-
atividades sobre o desmatamento também é mente incongruentes com a vegetação nati-
variado. É possível observar localidades onde va, ou seja, sistemas de conversão nos quais
toda a floresta é retirada; locais onde ela é a floresta não permanece. Podem represen-
mantida parcialmente, sem fazer parte do sis- tar superfícies de extensões expressivas do
tema produtivo; e locais onde a floresta é incor- Município.
porada ao sistema produtivo.
Neste caso, o desmatamento também visa ao
A exploração madeireira também é praticada uso da terra, com eventual aproveitamento de
nessas áreas, mas o desmatamento é realiza- recursos da floresta extraída.
do principalmente para o acesso e uso da terra.
A expansão de cidades se dá com a conver-
são de áreas periféricas, sem uso, cobertas por
1.1.3 Atividades vegetação primária ou secundária, ou mesmo
Agropecuárias e de ocupadas por atividades agrícolas, em estrutu-
Produção Empresarial ras prediais, vias pavimentadas e espaços pú-
blicos. Inclui também os espaços necessários
Neste caso, a floresta é retirada para o uso da para a saúde desses sistemas, como áreas de
terra e a obtenção de renda através da agricul- lazer e aterros sanitários e pode, ainda, con-
tura e/ou pecuária. tar com parques industriais. Essa conversão
envolve a retirada da vegetação e a imperme-
Observa-se uma gama diversificada de proprie- abilização de grande parte do solo, alterando
dades, com maior quantidade de módulos, con- fortemente o ambiente.
duzidas por empreendedores de diferentes es-
calas, desde propriedades com contratação de Em bairros ou cidades planejadas, é possível
serviços, com número reduzido de empregados, prever a manutenção de espaço verde, incluin-
até empresas de maior porte e seus parceiros. do aí florestas e mesmo áreas silvestres. No
entanto, em um número expressivo de casos,
Apresentam diversidade também no que diz a expansão urbana se dá sem planejamento,
respeito ao modelo de produção, predominando com a retirada de toda a vegetação. Em parte

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das cidades do Bioma Amazônia, esse cres- de combate ao desmatamento relacionadas ao
cimento resulta, inclusive, no desmatamento manejo das atividades produtivas.
de ecossistemas primários e contribui para as
taxas de desmatamentos da região. Nessas Em Prefeituras nas quais esses recursos hu-
áreas, a instalação de parques industriais pode manos e materiais não estejam disponíveis, é
resultar em efeitos indiretos para as florestas possível, mesmo assim, ordenar essas catego-
urbanas ou periurbanas, como a poluição. rias em cada distrito/localidade, utilizando as
informações disponíveis, ferramentas existen-
Nas últimas décadas, a conversão de áreas tes na internet, grupos de técnicos e/ou levan-
periféricas em áreas urbanas se deu em uma tamentos simples de campo.
superfície bastante significativa e, para se ter
uma ideia da dimensão dessas mudanças, Dependendo ainda da restrição de recursos, é
basta lembrar que mais de oitenta por cento da possível eleger frações do Município, distritos
população brasileira vive hoje nas cidades. ou localidades que apresentem características
consideradas prioritárias, como as que apre-
Projetos de mineração, em especial aqueles de sentam taxa acentuada de desmatamento, por
mineração a “céu aberto”, constituem também exemplo, e restringir o mapeamento das dife-
em atividade relevante para a conservação de rentes categorias a essas áreas, incialmente.
florestas, e nessa categoria, podem ser incluí-
dos também os projetos de geração de ener- Atenção!
gia, a partir de fontes fósseis, como termoelé-
tricas; as barragens e reservatórios; e obras No caso em que as características dos
rodoviárias e ferroviárias. Cada um desses ca- lotes não permitam de forma clara a ca-
sos apresenta impactos diretos e indiretos para tegorização, em função de situações in-
a vegetação presente. termediárias, interfaces e interposições
que deverão ser caracterizadas em cada
caso, uma regra útil é a de se tomar
1.2  Uso das Categorias para como referência a atividade que apre-
Sistematização Inicial senta o maior impacto sobre a taxa de
desmatamento.
O estabelecimento das categorias de uso/ma-
nejo do solo merece algumas considerações
relacionadas ao seu potencial de aplicação A organização em categorias visa a simplificar
bem como a alguns cuidados que devem ser o estudo, a análise e a escolha da melhor abor-
adotados no seu uso. dagem para ações que sejam efetivas contra
o desmatamento. Uma caracterização das di-
Cada Município apresenta percentuais dis- versas categorias em uma localidade irá sub-
tintos de cada categoria e, dentro das possi- sidiar, de maneira mais consistente, a aborda-
bilidades, é interessante avaliar o percentual gem que deverá ser adequada para reverter o
de área ocupada por cada uma delas e seus desmatamento.
respectivos impactos nas taxas de desmata-
mento, incluindo os casos de expansões e de Além disso, tal esforço permitirá ao Município
novas implantações. adequar as categorias propostas à sua reali-
dade, gerar “subcategorias”, ou categorias
Em alguns Municípios, é possível contar com “extras”, para atender às demandas locais e
corpo técnico e instrumentos para um mapea- garantir o monitoramento e a fiscalização mais
mento completo dessas categorias, utilizando eficientes das atividades locais.
levantamentos de uso da terra já disponíveis.
Isso permitirá um planejamento mais completo Outro passo importante é o de caracterizar
e o estabelecimento de prioridades nas ações as paisagens em que as diversas categorias

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estão presentes bem como a sua dinâmica. A Os procedimentos para a caracterização das
seguir, abordaremos os procedimentos para paisagens ocupadas por cada categoria de
essa caracterização. uso e manejo devem se iniciar com uma ar-
ticulação com o setor e/ou os técnicos res-
ponsáveis pelos levantamentos e/ou pelo
1.3 O  Ambiente Geobiofísico monitoramento ambiental e geográfico. Essa
articulação deve buscar, a partir dos métodos
Definidas as categorias de uso e manejo do e instrumentos já em uso na Prefeitura, iden-
solo, é importante também caracterizar e anali- tificar os tipos de paisagens existentes para
sar os tipos de paisagens que essas categorias cada categoria de uso e manejo.
ocupam e, sempre que possível, como se deu
o histórico da ocupação. As ferramentas e os métodos de levantamentos
e de monitoramento ambiental e geográfico se
Isso irá ajudar na compreensão do grau de fra- baseiam em conjuntos de dados regionais so-
gilidade e de suscetibilidade ao desmatamen- bre relevo, solo, hidrologia, vegetação, clima e
to em cada unidade ambiental e poderá trazer outros. Esses métodos buscam processar es-
informações importantes quanto à dimensão ses dados, obtendo informações e sintetizando
do impacto produzido, às expectativas de ex- -as em mapas temáticos, e estabelecem unida-
pansão ou de retração da ocupação nessas des da paisagem que permitem, de forma mais
unidades de paisagem e ao potencial de ado- prática, um ordenamento adequado do território.
ção de medidas alternativas para a redução do
desmatamento. Em prefeituras equipadas e que contam com
corpo técnico, podem ser buscados a colabora-
É fundamental estar atento à estrutura e ao ção e o apoio para a caracterização das paisa-
funcionamento das organizações públicas, em gens por categoria de uso e manejo. É comum
especial das Prefeituras, para empreender as que, em casos assim, os métodos utilizados
ações necessárias para conter o desmatamen- para esses levantamentos e para o monitora-
to. Um dos aspectos importantes na estrutura mento de paisagem já estejam definidos e sen-
se refere aos recursos humanos e materiais do aplicados como rotina.
para o levantamento e o monitoramento am-
biental e geográfico do Município. Como exemplo, após a caracterização das di-
versas categorias de uso/manejo de uma loca-
lidade, pode-se fazer a sobreposição do mapa
Saiba Mais! dessas categorias com o mapa de unidades de
paisagem, delimitando a ocorrência de tais ca-
Sobre a estrutura e o funcionamen-
tegorias de uso/manejo.
to das organizações públicas, o
Programa de Qualificação da Gestão
Se possível, ainda com o apoio do setor téc-
Ambiental – Municípios Bioma Amazônia
nico de mapeamento e/ou geoprocessamento,
oferece os cursos Organização
deve-se buscar uma melhor caracterização de
do Governo Municipal, Gestão
cada unidade de paisagem com relação à vul-
Ambiental Municipal e Introdução à
nerabilidade ao processo de desmatamento e
Geotecnologia. Tais cursos abordam
ao seu potencial para a adoção de medidas
questões referentes à organização do
que visam a combater esse processo.
poder público municipal, à atuação do
governo municipal no monitoramento e
Além disso, no caso de Municípios que não
levantamento de dados e informações
tenham realizado previamente estudos desse
ambientais. Disponíveis em: <http://www.
gênero, é adequado que sejam contratados
amazonia-ibam.org.br/linhas-de-acao/
profissionais qualificados, que a prefeitura
capacitacao-em-gestao-ambiental>.
qualifique seu próprio corpo técnico ou que se

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busquem parcerias com órgãos e instituições significativo de tempo e de recursos humanos.
qualificadas. Universidades podem ser boas Para cada caso, em cada Município, há que se
parceiras nesses casos, especialmente aque- fazer uma avaliação do espaço de coleta des-
las que possuam laboratórios orientados a sas informações, sem comprometer as demais
pesquisas regionais. Organizações não gover- atividades de combate ao desmatamento.
namentais também podem colaborar, além de
empresas especializadas em tais serviços. O histórico de uso das unidades de paisagem
pode fornecer subsídios importantes para se
Em locais onde esses recursos técnicos não es- compreender os fatores que levaram ao des-
tejam disponíveis, é possível a utilização de mé- matamento, a dinâmica e a velocidade com
todos mais simples, mas que também permitam que isso ocorreu e os possíveis elementos
identificar unidades ambientais com consistência. existentes nas localidades trabalhadas que
possam servir para amenizar ou eliminar
Um exemplo é o descrito por Gonzaléz- esse processo.
Bernaldez (1981), que propôs um levantamen-
to integrado, bastante prático e flexível, utili- Na busca por essas informações, vale lembrar
zando como elementos de organização apenas algumas situações:
o relevo, o solo e a vegetação. Uma classifi-
cação estabelecida previamente, e que atenda
principalmente às circunstâncias práticas do •  Início da colonização por povos
trabalho, permite realizar levantamentos mais não indígenas.
simples de cada um desses elementos – rele-
vo, solo e vegetação. •  Possíveis mudanças e ciclos eco-
nômico-culturais, considerando iní-
Com isso, é possível demarcar diferentes ní- cio e duração.
veis de organização como “sítio”, onde esses
elementos são homogêneos e contínuos e a •  Densidade populacional nos dife-
“unidade territorial”, um grupo de sítios seme- rentes ciclos.
lhantes e separados no espaço.
•  Possíveis mudanças ocorridas na
Saiba Mais! população.

Conheça mais sobre a possibilidade de •  Impactos produzidos em cada ci-


demarcar diferentes níveis de organiza- clo, considerando fatores ambien-
ção como “sítio”, proposta por Gonzaléz- tais e suas dinâmicas nesses ciclos.
Bernaldez (1981 apud MAGALHAES,
1998, p. 96). Disponível em: http://www. •  Atividades de desmatamento/
floram.org/files/v5n%C3%BAnico/v5nu- reflorestamento.
nicoa7.pdf.
•  Mudanças na paisagem em cada
ciclo – vegetação, fauna, água.
Sempre que possível, a identificação de cate-
gorias de uso e manejo do solo e a caracteri-
zação das unidades de paisagens devem ser É preciso mencionar também que uma alterna-
seguidas por descrições e históricos de ocupa- tiva para a falta de dados disponíveis a respeito
ção e das apropriações dos recursos materiais desse histórico pode ser a realização de entre-
pelos grupos sociais. vistas com a busca de depoimentos de mora-
dores mais antigos na região.
Muitas vezes, esses dados não estão dispo-
níveis ou a sua obtenção demanda um gasto

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2. Mudanças nos
Valores Culturais da
Localidade

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recursos de sobrevivência, acesso à terra para
2. MUDANÇAS NOS produção, reprodução de costumes, ou mesmo,
para dar lugar às cidades ou a grandes obras.
VALORES CULTURAIS DA
Nas últimas décadas, com a preocupação am-
LOCALIDADE biental crescente e com uma legislação cada
vez mais restritiva, a permanência da floresta
A redução da taxa de desmatamento nos ou o uso do solo através de sistemas congruen-
Municípios do Bioma Amazônia depende de um tes foram incentivados e ganharam espaço nas
conjunto de fatores, como os valores de mercado políticas de financiamento.
de bens e serviços prestados pela floresta, os va-
lores culturais presentes em cada localidade, as Entretanto, os valores que acabam determi-
características socioambientais, a legislação per- nando a opção pela retirada da floresta per-
tinente e a rede institucional, em parte responsá- manecem e, em muitas localidades, ainda
vel pela gestão e compatibilização desses fatores. predominam.

Como esse conjunto varia de localidade para Para agir no combate ao desmatamento, de
localidade, as ações de agentes públicos e pri- maneira efetiva e com efeitos duradouros, é
vados devem se basear no conhecimento des- importante identificar os fatores que continuam
ses fatores e na sua dinâmica. levando as corporações, proprietários e as co-
munidades a escolherem esse caminho.

2.1 Fatores Ligados à Decisão


de Desmatar e à Intensidade do 2.1.1. Bens e Serviços da Floresta
Desmatamento
Um fator de grande importância se refere à con-
O desmatamento é realizado, muitas vezes, por frontação entre os bens e os serviços que uma
questões objetivas: para obtenção de renda e floresta viva pode fornecer e a renda obtida

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de sua exploração e do uso da terra após o Destes, a matéria-prima (madeiras e não ma-
desmatamento. deireiras) e os alimentos são bens com reco-
nhecimento no mercado atual e alguns deles
Os principais bens e serviços que um ecossis- atingem valores altos no país e no exterior.
tema florestal fornece são (SNIF, 2015):
Todos os outros bens e serviços apresentam re-
levância para o ambiente e para os aspectos so-
•  Fonte de matérias-primas: ma- cioambientais, porém, devido a fatores diversos,
deira, combustíveis e fibras. não encontram reconhecimento no mercado.

•  Fonte de material genético. Com isso, temos, por um lado, a floresta viva
com uma produção potencial de baixo valor no
•  Controle biológico. mercado, principalmente no curto prazo, con-
frontada com a alternativa do desmatamento,
•  Alimento: pesca, caça, frutos, que permite gerar rendas superiores e imedia-
sementes. tas, através da exploração madeireira e do uso
da terra para outros produtos, também com co-
•  Produtos farmacêuticos. locação no mercado atual.

•  Recreação, ecoturismo e lazer. Saiba Mais!


•  Recurso educacional. O baixo valor de mercado da floresta viva
se deve a diversos fatores, como a carên-
•  Valor cultural: estético, artístico, cia de investimentos em setores de be-
científico e espiritual. neficiamento, pesquisa e incentivos à ge-
ração de mercado consumidor. Contudo,
•  Controle de erosão, enchentes, conforme trataremos adiante no presente
sedimentação e poluição. curso, o cenário começa a se alterar a par-
tir das primeiras décadas do século XXI.
•  Armazenamento de água em ba-
cias hidrográficas, reservatórios e No curso intitulado Bioma Amazônia
aquíferos. e Desmatamento, do Programa de
Qualificação da Gestão Ambiental –
•  Controle de distúrbios climáticos Municípios Bioma Amazônia, são tra-
como tempestades, enchentes e tadas, de forma mais detalhada, as
secas. questões associadas às causas do des-
matamento relacionadas às atividades
•  Proteção de habitats utilizados na econômicas e produtivas na Amazônia.
reprodução e emigração de espécies.
Disponível em: http://amazo-
•  Tratamento de resíduos e filtra- nia-ibam.org.br/linhasdeacao/
gem de produtos tóxicos. capacitacao-em-gestao-ambiental/.

•  Regulação dos níveis de gases


atmosféricos poluentes. 2.1.2. Costumes e Valores Culturais na
Localidade
•  Regulação de gases que afetam
o clima. A ocupação humana nos Municípios do Bioma
Amazônia registra uma variedade de origens e
•  Ciclagem de minerais. de raízes culturais. As populações originárias

18 | Página
tiveram que coexistir com grupos originários de ligados à precarização das condições ambien-
praticamente todas as regiões do Brasil e de tais assumiram posições de grande relevância
migrantes provenientes de outros países. em todo o mundo, influenciando as políticas
governamentais.
Muitas vezes, a cultura trazida por esses gru-
pos durante a colonização é confrontada com Nesse sentido, é possível apontar outro fator
novas paisagens, novos desafios, com os cos- relevante para o objeto deste texto que diz res-
tumes e os valores de outras tradições, sofren- peito a uma crescente valorização das flores-
do mudanças e conformando novos modos de tas pela sociedade internacional nas últimas
vida. E, em vários casos, conflitos – alguns décadas, gerando costumes, práticas e mesmo
graves – entre migrantes e povos indígenas e normas que buscam conservar de forma mais
populações ribeirinhas tradicionais ocorreram. eficiente esses ecossistemas.

É comum observar Municípios com um número Os bens e os serviços da floresta ligados à pro-
significativo de descendentes de povos nativos teção da natureza, que não encontravam ainda
ao lado de descendentes de populações oriun- reconhecimento no mercado, passaram a ser
das do nordeste brasileiro e migrantes do sul e valorizados nos últimos anos, com reflexos na
sudeste, reproduzindo práticas de sua cultural sua conservação.
original, com dinâmicas em níveis diferentes de
adaptação ao ambiente amazônico. Apesar de essa sensibilização ainda não conse-
guir contrapor, de forma efetiva, os fatores que
Essa diversidade acaba se refletindo também trabalham a favor do desmatamento, ela possi-
nos valores que cada grupo atribui às áreas e bilita maior sucesso nas iniciativas que visam às
florestas existentes no local. É bem divulgado mudanças nos valores culturais da localidade.
o fato de que grupos de diferentes origens e
diferentes culturas atribuem valores diferencia- Cada vez mais, agricultores passam a reservar
dos aos bens e serviços não reconhecidos pelo áreas destinadas à manutenção de florestas
mercado, fornecidos pela floresta viva. para o atendimento de serviços ambientais,
como a ciclagem de nutrientes, a redução de
Exemplos pragas e a economia de água (ZÚÑIGA, 2013),
entre outros.
Agricultores que praticam também o ex-
trativismo e que têm uma herança cul- Além disso, com essa sensibilização, os argu-
tural que lhes permite aproveitar de for- mentos para reduzir ou eliminar o desmata-
ma mais integral os recursos da floresta mento ficam reforçados e facilitam a interlocu-
estão melhor adaptados e obtêm valores ção entre agentes públicos e o setor produtivo.
mais altos da floresta viva do que aque-
les que optam por atividades agropas-
toris convencionais, comuns no Sul e 2.1.4. Legislação e Conservação
Sudeste, por exemplo. Florestal
Com as mudanças ocorridas nos últimos trinta
2.1.3. A Crise Ambiental e o Valor da anos, os estados se instrumentalizaram e pas-
Floresta saram a conduzir políticas com foco na conser-
vação das florestas.
Na segunda metade do século XX, as questões
ambientais entraram na pauta de diversas ins- A legislação, nas esferas federal, estadual
tituições e de organismos relacionados à ges- e municipal, foi alterada profundamente. O
tão das atividades econômicas e produtivas. aparato de controle e fiscalização se aprimo-
Trazidos pela sociedade civil, os problemas rou, mas, mesmo assim, ainda não conseguiu

19 | Página
eliminar todas as irregularidades que resultam sua abrangência e velocidade. Assim, para
na eliminação ilegal de florestas. que se possa avançar na conservação dos
ecossistemas florestais, devem ser adota-
Seria possível citar um conjunto grande de nor- das iniciativas que incidam sobre esses fa-
mas que mostram essas mudanças. No âmbito tores. Novos cenários devem ser buscados
federal, por exemplo, as resoluções do CONAMA para que as escolhas, por parte de quem usa
(Conselho Nacional do Meio Ambiente) cria- a terra, sejam cada vez mais no sentido de
ram uma nova cultura para os procedimentos manter a cobertura florestal.
de aprovação de empreendimentos que apre-
sentem impactos potenciais sobre a natureza -
Resoluções do CONAMA a respeito do Impacto
e do Licenciamento ambiental (Resoluções
01/1986; 09/1987; 237/1997; 279/2001).

Após a promulgação da Constituição de 1988,


os Estados da Federação também elabora-
ram novas cartas, incorporando a temática
ambiental e, hoje, aprimoram sua legislação,
dando maior atenção para os temas ambien-
tais. Como exemplo, tem-se a lei nº 259 de O conceito de sustentabilidade passou a ser
30/04/2015, da Assembleia Legislativa do adotado de forma mais expressiva a partir
Estado do Amazonas, que instituiu o Programa das mudanças de valores e de posturas fren-
de Desenvolvimento da Agroecologia e te à crise ambiental, na segunda metade do
Agricultura Orgânica, com o objetivo de esti- século XX.
mular e propiciar a produção agroecológica e
orgânica de alimentos. O termo, restrito inicialmente ao enfrentamen-
to de problemas ambientais, tem atualmente
Mesmo na esfera municipal, se vê um grande sentido mais abrangente e associado a pro-
esforço para aprimorar a atuação do estado nes- cedimentos, atividades e iniciativas da so-
se tema. Recentemente, a Câmara Municipal de ciedade que, ao mesmo tempo, mantenham
Belém instituiu a Política e o Sistema de Meio a qualidade e as características ambientais,
Ambiente do Município (Lei 8489/2005), uma atendam às demandas e ao bem-estar das
norma bastante abrangente e que trata da prote- populações humanas envolvidas e/ou atingi-
ção e da preservação dos recursos hídricos; da das e apresentem viabilidade e estabilidade
arborização urbana; dos espaços territoriais es- econômica no longo prazo.
pecialmente protegidos; do monitoramento e da
auditoria ambiental; da educação ambiental e da A adoção dessas novas orientações ajuda e
participação popular; e da informação ambiental. serve de base para a conservação de florestas.
No entanto, compatibilizar demandas, conflitos
O aparato legal e institucional também exerce e restrições ambientais, sociais e econômicas
um papel importante e deve ser trazido nas é uma tarefa bastante complexa.
ações a serem empreendidas.
Muitas vezes, mesmo concordando com a
necessidade de compatibilizar o uso de re-
2.2. Ações Voltadas para Mudanças cursos com a proteção da natureza, os titula-
nos Valores Culturais Associadas ao res e responsáveis pelo uso e pela ocupação
Desmatamento da terra escolhem, levando em conta fato-
res calcados em perspectivas econômicas,
Os fatores elencados no item anterior podem avançar além dos limites e da capacidade
ser determinantes para o desmatamento, dos ecossistemas, resultando na degradação

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ambiental e em outros efeitos socioambien- Exemplos
tais negativos.
Alguns exemplos de iniciativas importan-
Os agentes públicos e demais envolvidos nas tes relacionadas à utilização de recursos
ações para reverter esse cenário indesejável florestais e culturais de forma sustentá-
e muitas vezes irregular, ou mesmo ilegal, de- vel com a integração da população local:
vem estar esclarecidos sobre esse paradoxo,
preparando-se para agir nesse contexto. Instituto Menire tem como missão “con-
tribuir com o desenvolvimento de alter-
Assim, parte-se da ideia de que, para redu- nativas econômicas sustentáveis para
zir ou mesmo eliminar o desmatamento em populações tradicionais, com a valoriza-
localidades do Bioma Amazônia, deve-se ção da cultura indígena e a preservação
atuar, de maneira integrada e concomitante, da Amazônia”.
nos aspectos ambientais, sociais e econômi-
cos. A promoção de mudanças nos valores Disponível em: http://www.menire.org/
culturais associados ao desmatamento deve
incluir ações ligadas à legislação e fisca- Fundação Amazonas Sustentável
lização; às políticas públicas e à gestão, (FAS) tem como objetivo “promover o
destacando o campo da educação e forma- envolvimento sustentável, a conserva-
ção; ao valor e à importância dos bens e ção ambiental e a melhoria da qualidade
serviços florestais, incluindo os valores de de vida das comunidades moradoras e
mercado; bem como às ações que permitam usuárias das unidades de conservação
incorporar a floresta às atividades econô- no Estado do Amazonas”.
micas não florestais.
Disponível em: http://fas-amazonas.org/
Sempre que possível, as ações a serem pla-
nejadas devem integrar todos esses campos. Associação dos Produtores Rurais
Entretanto, considerando possíveis restri- de Carauari (ASPROC) objetiva “or-
ções de recursos materiais e humanos para ganizar e representar os trabalhadores
essa integração, é importante que se adotem rurais na luta pela garantia dos direi-
as iniciativas possíveis, tomando cuidado tos, viabilizando processos de organi-
para que elas sirvam de acúmulo, no futuro, zação e comercialização da produção
para ações mais integradas. Como exemplo, solidária e sustentável, para a geração
a adoção de medidas restritas à educação de renda e melhoria da qualidade de
e formação pode funcionar como elemento vida com a conservação dos recursos
indutor dos outros campos, gerando efeitos ambientais”.
positivos para a valorização dos bens e
serviços florestais. Disponível em: http://www.asproc.org.br/
asproc.php
É preciso destacar também a possibilidade de
que, em alguns Municípios, já existam ações Acessados em 05/05/2015.
em andamento ou mesmo já executadas para
alguns dos campos citados. A título de ilus-
tração, diversas atividades empreendidas por Tratando, ainda, das diferentes ações que
organizações governamentais e não governa- devem ser buscadas para que se promovam
mentais conseguem desenvolver programas mudanças nos valores culturais associados
de aproveitamento de produtos não madei- ao desmatamento, vale mencionar algumas
reiros, conduzidos por comunidades locais. delas para os campos da legislação, fiscali-
Essas iniciativas mostram caminhos importan- zação, gestão, políticas públicas, educação
tes e devem ser apoiadas. e formação.

21 | Página
2.2.1. Campo da Legislação e propriedade. Essas normas permitem que as
Fiscalização prefeituras, articuladas com as esferas federal
e estadual, possam acompanhar e mesmo atu-
Uma iniciativa importante e que dará mais ar no controle do desmatamento.
consistência a outras atividades no campo
da legislação e da fiscalização se refere à É preciso destacar que a Lei n° 12.651/12,
coleta, atualização e sistematização das nor- além de tratar do regime de proteção das APP
mas que tratam direta ou indiretamente do e RL, aborda também outros aspectos rela-
desmatamento, nas esferas federal, estadual cionados ao controle do desmatamento e se
e municipal. constitui em um instrumento essencial para
todos que pretendem atuar neste tema. São
Em adição, para os Municípios em que isso não tratados nessa norma: as áreas de uso res-
foi iniciado, a realização de uma atualização e trito, o regime de proteção das áreas verdes
de uma maior integração entre os aparatos de urbanas, a exploração florestal, o controle da
fiscalização das três esferas também se cons- origem dos produtos florestais e a agricultura
titui em uma ação com efeitos muito positivos e familiar, entre outros.
que, quase sempre, demanda um quantitativo
reduzido de recursos. Entre as normas federais ligadas à questão do
desmatamento, destacam-se:
A legislação atual estabelece atribuições para
cada esfera de governo e, muitas vezes, as
ações de diferentes órgãos acabam se sobre- •  Lei n° 6.766/1979 – Parcelamento
pondo ou estabelecendo interfaces. Uma me- urbano;
lhor sistematização nesses aspectos de con-
trole trará maior eficiência e certamente uma •  Lei n° 6.938/1981 – Política
diminuição no esforço e no custo de operações Nacional do Meio Ambiente;
de fiscalização.
•  Resoluções do CONAMA a res-
Para o assunto tratado neste texto, uma nor- peito do Impacto e do Licenciamento
ma fundamental é a Lei n° 12.651/12 (Código ambiental (Resoluções 01/1986;
Florestal), que estabelece a obrigatoriedade de 09/1987; 237/1997; 279/2001);
manter a cobertura florestal, entre outras, nas
margens de rios e lagoas, em nascentes e em •  Lei n° 9.433/1997 – Política
terrenos com declividade superior a 45º. Essas Nacional de Recursos Hídricos;
áreas são denominadas Áreas de Preservação
Permanentes (APP) e o seu desmatamento pode •  Lei n° 9.605/1998 – Crimes
resultar em penalidades para o proprietário. Ambientais;

Nessa lei, está previsto também que o titular •  Lei n° 9.985/2000 – Sistema
da terra é obrigado a manter a vegetação na- Nacional de Unidades de
tiva num percentual que, em áreas florestais Conservação da Natureza;
da Amazônia Legal, chega a 80% da área da
propriedade, a chamada Reserva Legal (RL). •  Decreto n° 4.297/2002 e Decreto
Em alguns casos, é admitido o cômputo das n° 7.378/2010 – Zoneamento
APP nesse percentual. Ecológico-Econômico;

O Código Florestal estabelece também o •  Decreto n° 4.680/2003 -


Cadastro Ambiental Rural, obrigatório para PRONABIO – Programa Nacional
todos os imóveis rurais, no qual devem estar da Diversidade Biológica;
especificadas e descritas as APP e a RL da

22 | Página
•  Lei n° 11.284/2006 – Serviço •  Política Nacional da Agricultura
Florestal Brasileiro, Fundo Nacional Familiar – Lei n° 11.326/2006;
de Desenvolvimento Florestal e
gestão de florestas públicas para •  Programa Nacional de
produção sustentável; Fortalecimento da Agricultura
Familiar (PRONAF) - Decreto n°
•  Decreto n° 6.514/2008 – Infrações 1.946/1996;
e sanções administrativas relativas
ao meio ambiente; •  Política Nacional de Agroecologia
e Produção Orgânica (PNAPO) -
•  Lei n° 12.651/2012 - Código Decreto n° 7.794/2012.
Florestal.

Essa atualização e sistematização irá permitir a


2.2.2. Campo da Gestão e das participação da municipalidade em programas
Políticas Públicas mais amplos, acelerar o processo de crítica e
de aprimoramento da gestão e captar recursos
As ações que visam a promover mudanças no para maior apoio, trazendo efeitos positivos e
campo da gestão e das políticas públicas se mais acelerados no combate ao desmatamento.
baseiam na sustentabilidade e objetivam criar me-
canismos que conservem os recursos florestais.

Esse campo se articula a partir de políticas


mais amplas, estabelecidas mesmo no âm-
bito internacional, e a expectativa é de que
essas políticas consigam chegar à gestão de
projetos e de empreendimentos locais, apri-
morando a maneira com que os recursos são
manejados e avançando em procedimentos
mais sustentáveis.

Nos casos em que isso ainda não tenha sido al-


cançado, uma iniciativa importante é a de cole-
tar informações e atualizar o quadro de planos
e programas (nacionais e internacionais) bem
como os projetos já existentes e disponíveis,
nas esferas federal, estadual e municipal, que
incidem sobre a questão do desmatamento.
Em complemento, os agentes públicos e de-
Alguns instrumentos existentes hoje são: mais pessoas envolvidas devem empreender
ações que busquem também aprimorar os me-
canismos de gestão baseada no princípio da
•  Programa Nacional de Florestas - sustentabilidade, estabelecendo estruturas or-
Decreto Lei nº 3.420/2000; ganizativas, criando novas rotinas, qualificando
e aprimorando as pessoas integradas à cadeia
•  Plano Nacional de Silvicultura produtiva e aumentando a eficácia sem negli-
com Espécies Nativas e Sistemas genciar os aspectos socioambientais. Essas
Agroflorestais – PENSAF (MMA, ações visam a transferir a ideia da sustentabili-
2006); dade para o funcionamento cotidiano das ativi-
dades de uso e manejo do solo.

23 | Página
Atenção! ações em defesa das florestas e de ecossiste-
mas nativos.
Ainda sobre o campo da gestão e das
políticas públicas, alguns acordos e À parte os debates acerca do acerto ou não
programas internacionais, algumas po- dessa política, ela mantém, e acaba por refor-
líticas governamentais e outras iniciati- çar, o que se tem visto na última década, como
vas no setor ambiental, endossadas e/ o desenvolvimento de fóruns multilaterais de
ou conduzidas pelos governos federal políticas ambientais, em especial ligados à
e estadual, buscam justamente mudar questão do clima e do aquecimento global.
o paradigma da gestão dos recursos
naturais, consoante com o princípio da Esses fóruns vêm criando instrumentos de
sustentabilidade. incentivo econômico para enfrentar as cau-
sas das mudanças climáticas, incluindo, e se
destacando aí, o desmatamento. São instru-
Os resultados da Conferência das Nações mentos voltados, principalmente, para meca-
Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável nismos de compensação e que podem servir
(Rio +20), realizada em 2012, avançaram na de apoio para iniciativas locais. São exem-
proposta de uma governança ambiental global plos o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento
e, mesmo bastante contestados por ambien- Limpo) e o REDD (Redução das Emissões por
talistas, buscaram consolidar o conceito de Desmatamento e Degradação florestal).
Economia Verde.
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
O PNUMA (Programa das Nações Unidas Para (MDL) foi criado a partir do Protocolo de Kyoto
o Meio Ambiente) define economia verde como: e visa a promover a redução de emissões de
gases do efeito estufa ou “capturar” carbono,
ou seja, aumentar a quantidade de carbo-
Uma economia que resulta em me- no, por exemplo, na vegetação, diminuindo a
lhoria do bem-estar da humanidade quantidade deste (CO2) na atmosfera.
e igualdade social, ao mesmo tem-
po em que reduz significativamente
riscos ambientais e escassez eco- Saiba Mais!
lógica. Em outras palavras, uma
economia verde pode ser conside- Para se aprofundar sobre o MDL como
rada como tendo baixa emissão de instrumento de incentivo econômico,
carbono, é eficiente em seu uso de acesse o site do Portal Brasil: http://www.
recursos e socialmente inclusiva brasil.gov.br/meio-ambiente/2014/05/en-
(PNUMA, 2011). tenda-como-funciona-o-mecanismo-de-
desenvolvimento-limpo-mdl.

A expectativa seria de que o crescimento de


renda e de emprego seria impulsionado por O Protocolo de Kyoto foi assinado por um grande
investimentos públicos e privados, buscando número de países. Esses países criaram um fun-
reduzir as emissões de carbono e a poluição do para financiar iniciativas que beneficiassem
e aumentar a eficiência energética e do uso de a fixação do carbono (ou a sua menor emissão
recursos. para a atmosfera). Projetos de reflorestamento,
por exemplo, fazem parte das atividades que po-
Como esses investimentos precisam ser ge- dem receber recursos desses fundos.
rados e apoiados por gastos públicos espe-
cíficos, reformas políticas e mudanças na re- A Redução das Emissões por Desmatamento
gulamentação, abrem-se oportunidades para e Degradação florestal (REDD) é um conjunto

24 | Página
de incentivos econômicos, com o fim de reduzir de Copenhagen são exemplos de docu-
as emissões de gases de efeito estufa resul- mentos elaborados nas Conferências das
tantes do desmatamento e da degradação flo- Partes.
restal – mudanças que prejudicam a floresta e
limitam seus serviços ambientais (IPAM, 2015). Para saber mais sobre o assunto, consul-
te as informações disponibilizadas pelo
A falta de políticas mais claras ligadas ao des- MMA e IPAM. Disponíveis em: http://www.
matamento no Protocolo de Kyoto levou à for- mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes
mação de um grupo de países detentores de -unidas e http://ipam.org.br/entenda/o-
coberturas florestais, a “Coalizão de Nações que-sao-as-conferencias-das-partes/.
Tropicais”. Esse grupo encaminhou propostas
mais contundentes, no sentido de serem dis-
cutidas formas de incentivar financeiramente a Em 2004, o governo brasileiro criou o Plano de
manutenção de florestas em países detentores Prevenção e Controle do Desmatamento na
de florestas tropicais. Em 2009, na assinatu- Amazônia Legal (PPCDAm), que se encontra
ra do Acordo de Copenhagen, se confirmou a agora na terceira fase (MMA, 2015). De acordo
importância do REDD, que progrediu para os com a avaliação realizada em 2011, esse pla-
programas UN-REDD (Nações Unidas), que no contribuiu de maneira fundamental para a
apoia os esforços nacionais em implementar o redução do desmatamento e estabeleceu um
REDD; e FCPF (Parceria de Carbono Florestal, novo marco de ação integrada para o comba-
do Banco Mundial), que fornece apoio financei- te ao desmatamento ilegal. Os eixos temáticos
ro e tecnológico. estabelecidos para enfrentar a questão foram:

O conceito foi ampliado para REDD+ (REDD


mais), passando a contemplar “incentivos po- 1.  o ordenamento fundiário e
sitivos aos países em desenvolvimento que to- territorial;
marem ações para”: 1) redução das emissões
derivadas do desmatamento e degradação da 2.  o monitoramento e o controle; e
floresta; 2) aumento das reservas florestais de
carbono; 3) gestão sustentável das florestas; e 3.  o fomento às atividades produti-
4) conservação florestal (IPAM, 2015). vas sustentáveis.

Saiba Mais! Atenção!


Convenção-Quadro das Nações Unidas Um maior conhecimento a respeito do
sobre Mudança do Clima (UNFCCC) PPCDAm é importante para as ações
locais.
Para combater o aquecimento global,
foi criada a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima Saiba Mais!
(UNFCCC), em 1992, na Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente O PPCDAm é abordado, aprofundando
e Desenvolvimento, realizada no Rio a questão dos seus eixos temáticos, no
de Janeiro. Periodicamente, os países- curso Bioma Amazônia e Desmatamento,
membros da ONU (Organização das do Programa de Qualificação da
Nações Unidas) se reúnem para deli- Gestão Ambiental – Municípios Bioma
berar sobre acordos, tratados e metas Amazônia. Disponível em: http://
referentes à redução do aquecimento amazonia-ibam.org.br/linhasdeacao/
global. O Protocolo de Kyoto e o Acordo capacitacao-em-gestao-ambiental/.

25 | Página
Além dos programas mais amplos, as ideias de aprimoramento da gestão local.
gestão sustentável devem também ser incor-
poradas aos sistemas de gestão das empresas Ainda no que se refere ao aspecto da gestão
e demais atividades locais, concretizando as de empresas, os agentes públicos e demais
políticas mencionadas acima. pessoas envolvidas na redução do desmata-
mento devem ter sempre atualizado seu qua-
Nesse sentido, a Norma ISO 14.001 foi estabe- dro de linhas de incentivo e de financiamento
lecida para organizações de todos os tipos que às empresas que praticam a gestão sustentá-
estão “progressivamente preocupadas em al- vel (SEBRAE, s/d).
cançar e demonstrar um desempenho ambiental
sadio, através do controle do impacto no meio Finalmente, quanto à gestão e às políticas pú-
ambiente, de suas atividades, produtos e servi- blicas, é importante também lembrar a impor-
ços, levando em conta suas políticas e objetivos tância dos ecossistemas florestais nas cida-
ambientais” (Norma ISO 14.0001). É uma nor- des. Diversos autores têm destacado o valor
ma que foi elaborada para servir a organizações da presença de espaços florestados nas zo-
de todos os tamanhos e se adequar a diferentes nas urbanas, mencionando um diversificado
condições sociais, culturais e geográficas. leque de benefícios destes para a municipali-
dade, em especial para zonas metropolitanas
Ela orienta diretrizes e metas de organização (MAGALHÃES, 2004).
e pretende possibilitar políticas e objetivos le-
vando em conta as exigências legais e informa- O Programa Cidades Sustentáveis (2015) re-
ções sobre impactos significativos. É aplicável úne uma série de ferramentas que contribui
a qualquer organização que deseje: para que governos e sociedade civil promovam
o desenvolvimento sustentável nos Municípios
brasileiros. Esse programa interessa à prote-
1.  implementar, manter e melhorar ção florestal nesses espaços e cita, entre os
o sistema de gestão ambiental; objetivos específicos para bens naturais e co-
muns, “proteger, regenerar e aumentar a bio-
2.  certificar-se de estar em confor- diversidade, ampliar as áreas naturais protegi-
midade com sua política ambiental das e os espaços verdes urbanos”.
declarada;
Cada vez mais, as prefeituras de Municípios
3.  demonstrar essa conformidade com ampla extensão urbana vêm aprimorando
a outros; políticas de proteção e de manutenção de frag-
mentos e corredores florestais, reduzindo o im-
4.  solicitar certificação/registro do pacto da urbanização e ajudando na melhoria
sistema de gestão ambiental, por do clima, na conservação da biodiversidade e
organização externa; e de espaços no uso público.

5.  assumir o compromisso e fazer


declaração de conformidade com a 2.2.3. Campo da Educação e
mesma. Formação
Entre as ações voltadas para mudanças nos
Nas normas, são descritos os requisitos do valores culturais associados ao desmatamen-
sistema de gestão ambiental quanto à Política to, as ligadas à educação assumem papel fun-
Ambiental, ao Planejamento, à implementa- damental. E nestas, é preciso incluir os espa-
ção e operação, à verificação e ação corretiva, ços de educação formal, as escolas de ensino
bem como à análise crítica pela administra- fundamental, as escolas agrícolas e outras,
ção. O seu uso estabelece referências para o bem como os espaços de educação informal.

26 | Página
A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Nº se aplica a todas as categorias de uso e ma-
6.938/1981) já previa a educação ambiental a nejo do solo e permeia os demais conjuntos
todos os níveis de ensino, inclusive a educação tratados no presente item, como a legislação,
da comunidade, objetivando capacitá-la para a o valor e a importância da floresta e a incorpo-
participação ativa na defesa do meio ambiente. ração desta às demais atividades econômicas.

No caso das ações de educação e formação,


dispõe-se de uma lista extensa de possíveis
atividades, algumas bastante simples e sem a
necessidade de aportes altos de recursos.

São ações que podem estar vinculadas a pro-


gramas governamentais, iniciativas e projetos
conduzidos por organizações não governa-
mentais e/ou atividades dos próprios empre-
endedores. Mesmo de maneira isolada, é
Nos últimos anos, a questão ambiental foi incor- possível adotar algumas dessas ações com
porada aos currículos e programas nacionais de impactos significativos para o combate ao
Educação Ambiental foram consolidados, o que desmatamento.
facilita a atuação nas escolas através de con-
teúdos e atividades que informem, atualizem e É preciso lembrar que as iniciativas nesse campo
alertem as crianças e os adolescentes a respei- devem tomar o cuidado de adotar procedimentos
to dos efeitos do desmatamento e de possíveis que estabeleçam diálogos com as comunidades
mudanças para a reversão desse processo. e os indivíduos envolvidos, entendendo sempre
que deve haver uma troca de conhecimento e de
Uma gama variada de ações nesse sentido experiência, e não uma transferência unidirecio-
deve ser sempre trabalhada em estreita co- nal de tecnologias e conceitos.
laboração com os órgãos de educação do
Município e poderiam incluir: Saiba Mais!
Conheça uma proposta de atividades
•  Elaboração e distribuição de práticas relacionadas com a agroeco-
cartilhas, folhetos e informati- logia que pode ser desenvolvida com
vos a respeito do desmatamen- materiais simples em qualquer escola.
to, de suas consequências e de Acesse o link disponível em: <http://ain-
possíveis ações preventivas e de fo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/
recuperação. item/128500/1/2015-CNPAB-MINIPORT-
FOLIOS-PASTA-ENCARTES1.pdf>.
•  Aquisição de material impresso,
digital e audiovisual sobre o tema
para as bibliotecas municipais e É preciso valorizar espaços de diagnósticos parti-
das escolas. cipativos, oficinas e outros mais, nos quais a pro-
cura por soluções que reduzam o desmatamento
•  Palestras e aulas expositivas, aconteça com as contribuições e os saberes de
passeios, visitas e outras ativida- todos os envolvidos, com a comunicação transi-
des ao ar livre abordando o tema. tando entre os grupos, em todas as direções.

Como sugestão, podem ser mencionadas


Ligado às políticas públicas e à gestão, o cam- ações ligadas à divulgação e propaganda de
po das ações de educação e formação também informações relevantes para a redução do

27 | Página
desmatamento e à compreensão de suas cau- •  Divulgação e incentivo para a for-
sas e efeitos. É possível utilizar boletins, infor- mação de organizações coletivas
mes, folhetos, manuais, jornais e outros meios para a exploração, o beneficiamen-
de comunicação digital, impressa ou por radio- to, o transporte e a comercialização
difusão, buscando, por exemplo, divulgar novos de produtos não madeireiros.
valores culturais, a legislação existente, as polí-
ticas disponíveis e alternativas de práticas e ma- •  Criação de espaços de diálogo
nejo. Dependendo da disponibilidade, é possí- com comunidades locais para a
vel também realizar essa divulgação através de ampliação do conhecimento a res-
visitas, reuniões comunitárias e dias de campo. peito de produtos não madeireiros,
seus usos e importância.
Outra possibilidade é promover cursos e outras
atividades para atualização e formação, através •  Campanhas para divulgação e
de encontros, reuniões técnicas e cursos rápidos valorização de produtos não ma-
de formação, abordando os temas já citados. deireiros no mercado local e para
fora do Município.
No que se refere às ações ligadas ao valor e
à importância da floresta, e considerando o •  Cursos de atualização e de for-
exposto no item 2.1, este campo pode repre- mação para a exploração de pro-
sentar um componente importante para reduzir dutos não madeireiros, incluindo
ou mesmo eliminar o desmatamento local. gestão, coleta, beneficiamento,
transporte e comercialização.
É possível empreender um conjunto de inicia-
tivas que vise a aumentar o valor de mercado •  Campanhas para a divulgação e
dos produtos obtidos da floresta viva, expandir a valorização dos serviços ecos-
o leque desses produtos, melhorar a cadeia sistêmicos prestados pela floresta,
produtiva e qualificar os grupos envolvidos destacando: a economia de água,
nessa produção bem como ampliar o valor dos a proteção ao solo, o controle de
serviços ambientais prestados pela floresta, in- pragas, a ciclagem e a conserva-
cluindo os valores de mercado. ção de nutrientes e a proteção à
biodiversidade.
Embora essas iniciativas possam ser aplica-
das às categorias de uso e manejo do solo
para silvicultura, manejo e extrativismo flores- As atividades que visam a elevar o valor dos
tal, bem como para atividades agropecuárias e produtos obtidos na floresta viva estão, quase
de produção empresarial, é nas atividades de sempre, em espaços onde também se busca
agricultura e extrativismo familiar que se tem incorporar os ecossistemas florestais a ou-
maior potencial de sucesso e de diminuição do tros tipos de uso e ocupação da terra.
desmatamento.
As categorias de agricultura familiar e agrope-
A estrutura social, a cultura e a economia des- cuária empresarial são os exemplos mais con-
ses grupos abrem possibilidades, por exemplo, tundentes dessa intervenção, mas, conforme
de uma expansão nos tipos de recursos a serem já mencionado anteriormente, zonas urbanas
explorados na floresta, permitindo o aumento da também podem incorporar ecossistemas flo-
renda e um balanço mais favorável entre os va- restais e devem ser planejadas, considerando
lores da floresta viva e os da sua retirada. essa integração.

A título de sugestão para avaliação em cada Para as áreas voltadas para a atividade agríco-
localidade, os seguintes itens poderiam ser la, o conceito de Produção Rural Sustentável
mencionados: deve ser usado no sentido de se adotar um

28 | Página
sistema que seja adequado e compatível para
os aspectos sociais, ambientais e econômicos. Ambiental; Licenciamento Ambiental
Esses sistemas priorizam o uso baixo de insu- Municipal; e Controle do Desmatamento
mos e de energia externa, o ciclo mais fechado no Município. Disponíveis em: http://
de água e nutrientes, a adoção de medidas de amazonia-ibam.org.br/linhasdeacao/
proteção do solo e dos recursos hídricos e um capacitacao-em-gestao-ambiental/.
planejamento baseado em unidades territoriais
ambientais, como a bacia hidrográfica. A quan-
tidade de resíduos ao longo da cadeia produti-
va deve ser a menor possível.

Mesmo que esses sistemas possam ser adota-


dos por empresas agropecuárias, a Produção
Familiar Rural se destaca pela maior facilidade
para incorporar medidas ajustadas aos princípios
da sustentabilidade, pois apresenta uma estru-
tura baseada em pequeno número de módulos
fundiários, na participação familiar e, em muitos
casos, na aplicação de soluções comunitárias.

A presença de agricultores familiares pode ser


significativa em alguns Municípios. O risco de
eles adotarem um manejo através de técnicas
que aumentem o desmatamento é grande; po-
rém, por outro lado, o potencial de resposta e
de adoção de técnicas sustentáveis por comu-
nidades presentes nesses espaços também é
bastante alto.

Assim, essa categoria de uso e manejo deve ser


objeto permanente de ações principalmente li-
gadas à educação/formação e ao valor dos bens
e serviços ecossistêmicos da floresta, incluindo
apoio e fomento para a adoção de práticas que
reduzam a taxa de desmatamento local.

Saiba Mais!
O Programa de Qualificação da
Gestão Ambiental – Municípios Bioma
Amazônia oferece um amplo conjunto de
cursos que aborda o papel dos Municípios
em diversos dos campos mencionados.

Entre eles, destacam-se os seguin-


tes cursos: Organização do Governo
Municipal; Gestão Ambiental Municipal;
Capacidades Municipais para a Gestão
Ambiental; Instrumentos para Gestão

29 | Página
3. Alternativas de
Práticas e Manejo
para a Conservação
de Florestas

30 | Página
pela municipalidade, através de mecanismos
3. ALTERNATIVAS DE que garantam a estabilidade e a permanência
de atividades sustentáveis.
PRÁTICAS E MANEJO
São elencadas alternativas que podem ser
PARA A CONSERVAÇÃO DE debatidas e/ou adotadas por agentes e repre-
sentantes governamentais, de entidades civis,
FLORESTAS bem como do setor produtivo. Para uma maior
compreensão deste conteúdo, são listadas al-
Como vimos até agora, a redução do desma- ternativas ligadas:
tamento depende de mudanças nas formas de
ocupar a terra, de utilizar os recursos e de esta-
belecer uma atividade que traga benefícios so- •  ao ordenamento territorial, como
ciais, ambientais e econômicos no longo prazo. a implantação de áreas protegidas.

Sugerir mudanças remete à necessidade de se •  à ordem econômica de forma


estabelecerem novos tipos de manejo, através do geral, focando também iniciativas
diálogo com todas as partes envolvidas, incluindo empresariais.
o poder público, os agentes privados e todos que,
direta ou indiretamente, sejam atingidos. •  às demandas de interesse so-
cial, como, por exemplo, sistemas
Neste item, são abordadas algumas alternati- agrícolas de subsistência.
vas de ações práticas e de manejo que podem
ser consideradas, quando se projetam formas
de uso da terra que permitem uma maior con- As alternativas citadas não esgotam todo o po-
servação das florestas. São alternativas que tencial existente e é provável, inclusive, que exis-
podem servir de base, ou de ponto de partida, tam iniciativas locais importantes e que não es-
para o estabelecimento de políticas construídas tejam aqui contempladas. Assim, reforçamos a

31 | Página
necessidade do estabelecimento de diálogos com O Zoneamento Ecológico-Econômico consiste
os setores envolvidos, antes de se apontarem ca- na elaboração de um diagnóstico dos meios
minhos e projetos, no sentido de se aproveitarem geobiofísico, socioeconômico e jurídico-institu-
essas iniciativas ao mesmo tempo em que se re- cional. Ele estabelece, a partir do potencial e
força uma interlocução que reconhece o saber e a das restrições de cada zona, o uso mais ade-
capacidade criativa de todos os envolvidos. quado. Com ele, é possível gerar mapas te-
máticos bem como cartas que servem de base
É importante destacar também que o sucesso para o planejamento do território. Sua execu-
dessas ações depende, em grande parte, da ção depende de recursos humanos, técnicos
capacidade de organizações e de articulação e materiais adequados e, por esse motivo, se
dos agentes públicos envolvidos; de um plane- verifica uma grande diversidade na disponibi-
jamento adequado; e de um método consisten- lidade desse instrumento entre os Municípios.
te de monitoramento, controle e de avaliação
das iniciativas adotadas. O Plano Diretor Municipal (PDM) é um instru-
mento básico da política de desenvolvimento
e expansão urbana do Município e determina
3.1 Ordenamento Territorial e a função social da propriedade. Nesse docu-
Unidades de Conservação mento, está definida a organização municipal
do território, na qual se estabelece a referência
As medidas relacionadas ao ordenamento ter- espacial dos usos e atividades do solo munici-
ritorial estão mais ligadas ao poder público e pal, através da definição de classes e catego-
dependem bastante da disponibilidade de re- rias relativas ao espaço, identificando as redes
cursos humanos e materiais de cada prefeitu- urbanas, viária, de transportes e de equipa-
ra. Assim, cada Município deve avaliar a es- mentos, de captação, os sistemas de teleco-
trutura existente nos setores de planejamento municações, tratamento e abastecimento de
(em especial de geoprocessamento) para que água, entre outros.
as iniciativas a serem tomadas sejam coeren-
tes e possam ter sucesso. Segundo o Estatuto da Cidade (Lei
10.257/2001), o Plano Diretor é obrigatório,
Para o ordenamento territorial, o Município entre outros, para cidades com mais de vinte
pode lançar mão de instrumentos legais e de mil habitantes, integrantes de regiões metro-
planejamento, como o Zoneamento Ecológico- politanas e aglomerações urbanas, bem como
Econômico (ZEE), o Plano Diretor, a regula- na área de influência de empreendimento ou
rização fundiária e os instrumentos previs- atividades com significativo impacto ambiental.
tos no Código Florestal, como as Áreas de Através dele, se estabelece o plano municipal
Preservação Permanente (APP) e o Cadastro de ordenamento do território, se constituindo,
Ambiental Rural (CAR). É possível pensar tam- assim, num documento regulamentador do
bém na implantação e gestão de Unidades de planejamento e ordenamento do território do
Conservação (UC) como forma de fortalecer a Município. É regulamentado por lei municipal
conservação de ecossistemas florestais. e contém diretrizes técnicas para o desenvol-
vimento físico, social, econômico e administra-
tivo do Município, visando a atingir os anseios
Saiba Mais!
da comunidade local.
Conheça a “Cartilha de Regularização
Fundiária de Unidades de Conservação A Lei Nº 12.651/2012 (Código Florestal) tam-
Federais” do ICMBio. Disponível em: bém estabelece regras importantes para o pla-
http://www.icmbio.gov.br/portal/images/ nejamento do território e para ações que permi-
stories/comunicacao/cartilha_de_regula- tam reduzir o desmatamento. Em seu Artigo 4º,
rizacao_fundiaria.pdf. elenca as Áreas de Preservação Permanente,
onde a vegetação existente deverá ser mantida

32 | Página
pelo proprietário da área, possuidor ou ocupan- A Lei Federal nº 11.977/2009 define a regulari-
te a qualquer título, pessoa física ou jurídica, zação fundiária como o “conjunto de medidas
de direito público ou privado. jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais
que visam à regularização de assentamentos
Saiba Mais! irregulares e à titulação de seus ocupantes, de
modo a garantir o direito social à moradia, o
Acesse o Código Florestal - Lei Nº pleno desenvolvimento das funções sociais da
12.651/2012 e leia, no art. 4º, as de- propriedade urbana e o direito ao meio ambien-
limitações das Áreas de Preservação te ecologicamente equilibrado”.
Permanente (APPs). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ No que se refere à implantação de unidades
ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. de conservação, a Lei n° 9.985/2000 (Sistema
Nacional de Unidades de Conservação) esta-
belece um leque variado de unidades, dividi-
O Código Florestal (Lei 12.651/2012) trata tam- das em dois tipos: as de proteção integral, mais
bém da chamada Área de Reserva Legal (RL), restritas e que não permitem o uso direto dos
prevendo que “todo imóvel rural deve manter recursos; e as de uso sustentável, que buscam
área com cobertura de vegetação nativa, a títu- compatibilizar a atividade social e econômica
lo de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação com a proteção da natureza.
das normas sobre as Áreas de Preservação
Permanente”, com algumas exceções previs- As UCs do segundo tipo apresentam estru-
tas na Lei. Vale destacar que, para imóveis lo- turas diversas e sua implantação pode servir
calizados na Amazônia Legal, a RL deve ser de como mecanismo importante para o combate
80% (oitenta por cento) no imóvel situado em ao desmatamento, sem invalidar o aproveita-
área de florestas. mento das áreas protegidas para atividades
de cunho econômico e produtivo. A criação
Com o objetivo de tornar mais efetivo o con- e/ou o reforço de grupos de estudo e de ges-
trole dessas demarcações, o Código determi- tão destas unidades constitui uma medida
nou a inscrição no Cadastro Ambiental Rural importante.
(CAR) de todas as propriedades e posses
rurais. O prazo para esse cadastramento se A Lei n° 9.985/2000 (Sistema Nacional de
esgotava no dia 05 de maio de 2015, sendo Unidades de Conservação da Natureza –
prorrogado por mais um ano. Nessa inscrição, SNUC) estabelece que o objetivo básico das
serão exigidas a identificação do proprietário Unidades de Proteção Integral é preservar a
ou possuidor rural; a comprovação da proprie- natureza, sendo admitido apenas o uso indi-
dade ou posse; e a identificação do imóvel por reto dos seus recursos naturais, com exceção
meio de planta e memorial descritivo, infor- dos casos previstos nesta Lei. Esse grupo é
mando a localização dos remanescentes de composto pelas seguintes categorias de uni-
vegetação nativa, das Áreas de Preservação dade de conservação:
Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das
áreas consolidadas e, caso existente, também
a localização da Reserva Legal. •  Estação Ecológica (EE) tem
como objetivo a preservação da na-
Temos também como instrumento relevante e tureza e a realização de pesquisas
que serve para o combate ao desmatamento a científicas. É proibida a visitação
regularização fundiária, que é o processo que pública, exceto quando com obje-
inclui medidas jurídicas, urbanísticas, ambien- tivo educacional, de acordo com o
tais e sociais, com a finalidade de integrar as- que dispuser o Plano de Manejo da
sentamentos irregulares ao contexto legal das unidade ou regulamento específico.
cidades ou em áreas rurais.

33 | Página
•  Reserva Biológica (REBIO) tem Saiba Mais!
como objetivo a preservação inte-
gral da biota e dos demais atribu- Acesse a Lei No 9.985 de 18 de julho de
tos naturais existentes em seus 2000 que instituiu o Sistema Nacional de
limites, sem interferência humana Unidades de Conservação da Natureza
direta ou modificações ambientais, – SNUC. Disponível em: <http://www.pla-
excetuando-se as medidas de re- nalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm>.
cuperação de seus ecossistemas
alterados e as ações de manejo
necessárias para recuperar e pre- No caso das Unidades de Uso Sustentável, o
servar o equilíbrio natural, a diver- objetivo básico é compatibilizar a conservação
sidade biológica e os processos da natureza com o uso sustentável de parcela
ecológicos naturais. dos seus recursos naturais. São categorias de
Uso Sustentável:
•  Parque Nacional (PARNA) tem
como objetivo básico a preserva-
ção de ecossistemas naturais de •  Área de Proteção Ambiental
grande relevância ecológica e be- (APA) é uma área, em geral, ex-
leza cênica, possibilitando a reali- tensa, com certo grau de ocupação
zação de pesquisas científicas e o humana, dotada de atributos abióti-
desenvolvimento de atividades de cos, bióticos, estéticos ou culturais
educação e interpretação ambien- especialmente importantes para
tal, de recreação em contato com a qualidade de vida e o bem-es-
a natureza e de turismo ecológico. tar das populações humanas. Tem
como objetivos básicos proteger a
•  Monumento Natural (MONA) diversidade biológica, disciplinar o
tem como objetivo básico preser- processo de ocupação e assegurar
var sítios naturais raros, singula- a sustentabilidade do uso dos re-
res ou de grande beleza cênica. cursos naturais.
Pode ser constituído por áreas
particulares, desde que seja pos- •  Área de Relevante Interesse
sível compatibilizar os objetivos Ecológico (ARIE) é uma área, em
da unidade com a utilização da geral, de pequena extensão, com
terra e dos recursos naturais do pouca ou nenhuma ocupação hu-
local pelos proprietários. mana, que possui características
naturais extraordinárias ou que
•  Refúgio de Vida Silvestre abriga exemplares raros da bio-
(REVIS) tem como objetivo pro- ta regional. Tem como objetivos
teger ambientes naturais onde manter os ecossistemas naturais
se asseguram condições para a de importância regional ou local e
existência ou a reprodução de regular o uso admissível dessas
espécies ou comunidades da áreas, de modo a compatibilizá-lo
flora local e da fauna residente com os objetivos de conservação
ou migratória. Pode ser cons- da natureza.
tituído por áreas particulares,
desde que seja possível compa- •  Floresta Nacional (FLONA) é
tibilizar os objetivos da unidade uma área com cobertura florestal
com a utilização da terra e dos de espécies predominantemente
recursos naturais do local pelos nativas e tem como objetivos bási-
proprietários. cos o uso múltiplo sustentável dos

34 | Página
recursos florestais e a pesquisa
científica, com ênfase em métodos
para exploração sustentável de flo-
restas nativas.

•  Reserva Extrativista (RESEX) é


utilizada por populações extrativis-
tas tradicionais cuja subsistência
baseia-se no extrativismo e, com-
plementarmente, na agricultura de
subsistência e na criação de ani-
mais de pequeno porte. Tem como
objetivos básicos proteger os meios Podem ter, como ponto de partida, o uso de
de vida e a cultura dessas popula- métodos de organização e gestão condizentes
ções e assegurar o uso sustentável com modelos de Produção Rural Sustentável.
dos recursos naturais da unidade. Sempre que possível, deverão ser adotados os
preceitos e as práticas Agroecológicas, ou
•  Reserva de Fauna (REFAU) é seja, práticas agrícolas que se baseiam nos
uma área natural, com populações princípios ecológicos.
animais de espécies nativas, ter-
restres ou aquáticas, residentes
Saiba Mais!
ou migratórias, adequadas para
estudos técnico-científicos sobre o Para se aprofundar no tema sobre
manejo econômico sustentável de práticas agroecológicas, leia o artigo
recursos faunísticos. “Paradigmas e princípios ecológicos
para a agricultura”, dos autores Dover
•  Reserva de Desenvolvimento & Tabbot (1992). Disponível em: http://
Sustentável (RDS) é uma área www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/T7SF/
natural que abriga populações tra- Luis/Principios_Ecologicos.pdf.
dicionais cuja existência baseia-se
em sistemas sustentáveis de ex-
ploração dos recursos naturais, de- Inicialmente, é necessário adequar os proces-
senvolvidos ao longo de gerações sos administrativos e de organização da pro-
e adaptados às condições ecoló- dução, que incluem o desenho empresarial, os
gicas locais, e que desempenham modelos de gestão e as questões ligadas ao
um papel fundamental na proteção mercado e à comercialização. Nesse sentido,
da natureza e na manutenção da vale destacar medidas práticas mais orienta-
diversidade biológica. das ao sistema agrícola, tais como:

Redução no uso e na dependência de ener-


3.2 Alternativas de Ordem Econômica gia externa, através da(o):

Nas alternativas de ordem econômica, estão


incluídos os procedimentos e as medidas que •  Diminuição do uso de insumos,
podem ser adotados pelo sistema produtivo, tais como agroquímicos.
envolvendo setores empresariais, coopera-
tivas e médios e grandes produtores rurais. •  Redução e uso mais eficiente dos
Referem-se à categoria de uso e manejo agro- combustíveis fósseis.
pecuário e de produção empresarial, mencio-
nada no item 1 do presente texto. •  Redução na mecanização.

35 | Página
•  Uso de plantas com baixa depen- reverter em benefícios diretos e
dência de insumos, aplicação de indiretos para a atividade agrícola
controle biológico e controle inte- (MAGALHÃES, 2005).
grado de pragas e doenças.
•  O manejo destas formações pode
•  Adubação orgânica. apresentar efeitos sobre o contro-
le de pragas, como o observado
•  Uso de componentes mais efi- em pastagens no Mato Grosso
cientes na obtenção e conservação (ZÚÑIGA, 2013).
de nutrientes, como micorrizas e
sistemas de fixação biológica de ni-
trogênio (ESPÍNDOLA et. al., 2005). O modelo de produção sustentável inclui
a adoção do que se denomina de Manejo
Conservacionista, que contempla alternativas
Uso de sistema com ciclos mais fechados, técnicas para o combate à erosão e à degrada-
através de estruturas que permitam maior re- ção do solo, à poluição e ao comprometimento
tenção de água e ciclos de nutrientes mais con- da qualidade da água dos rios e lagos, além
servativos, como, por exemplo: das ações ligadas à conservação de florestas
e da biodiversidade.

•  Aproveitamento e incorporação Entre as alternativas práticas que fazem parte


de restos de cultura. desse tipo de manejo, temos:

•  Adubação verde.
•  A eliminação do uso do fogo
•  Sistemas de reciclagem de para a preparação de áreas de
resíduos. cultivo - A queima do material ve-
getal traz sérias consequências
para a sustentabilidade do sistema,
Policultivos e diversificação de produtos, tais como: a exposição do solo às
buscando: intempéries, a perda de nutrientes
(voláteis) durante a queima, a perda
de nutrientes levados pelas chuvas
•  Aproveitar o mercado atual. (muitas vezes intensas), a intensi-
ficação no processo de erosão do
•  Ampliar o leque de produtos. solo e o aumento na poluição dos
rios e no assoreamento. Sempre
•  Tornar o uso da terra mais que possível, a preparação de no-
eficiente. vas áreas deve prever a incorpo-
ração de resíduos e materiais or-
•  Diminuir os desperdícios. gânicos no solo, de modo que sua
decomposição permita o aumento
do teor de matéria orgânica e a con-
Manutenção e manejo de fragmentos flores- servação de nutrientes no sistema.
tais nas áreas agrícolas:
•  Medidas de combate à erosão
hídrica do solo - com destaque
•  Florestas remanescentes, frag- para o reflorestamento e o desenvol-
mentos de florestas secundárias e vimento de culturas permanentes, a
mesmo florestas primárias podem incorporação de matéria orgânica

36 | Página
no solo (adubação verde, adubação •  Silvipastoris, compostos por es-
orgânica) e a implantação de estru- pécies florestais e forrageiras para
turas mecânicas, como terracea- alimentação animal; ou espécies
mento e canais escoadouros. florestais, forrageiras e animais.

•  Uso de sistemas agroflores- •  Agrossilvipastoris, compostos


tais (SAF) - São sistemas que por espécies florestais, culturas
utilizam, em uma mesma área, agrícolas e forrageiras para alimen-
ao mesmo tempo e em tempos tação animal.
sequenciais, elementos arbóreos
combinados com criações de ani-
mais e culturas alimentícias e/ou Destes, vale destacar, de acordo com Rebuá
de uso industrial. (2012):

Cultivo em Aleias (Alley


Saiba Mais! Cropping)

Conheça os Princípios básicos dos Plantio de árvores nas entreli-


Sistemas Agroflorestais, lendo a car- nhas das culturas agrícolas e/ou
tilha da Embrapa Amazônia Ocidental forrageiras para produção de biomassa foliar.
disponível em: <http://ainfo.cnptia.em- O plantio das espécies florestais é feito em fai-
brapa.br/digital/bitstream/item/87232/1/ xas, concomitantemente com as culturas agrí-
Cartilha-SAFs.pdf>. colas ou intermitentemente no tempo. A cultura
anual servirá, em alguns casos, de proteção
para o estágio inicial de desenvolvimento das
Os SAFs são ótima alternativa, tanto para au- espécies florestais ali semeadas.
mentar a superfície florestal, quanto para au-
mentar a proteção à biodiversidade, manten-
do-se integrado à produção (DUBOIS, 1996). Taunguia (Taungya)
Apresentam uma grande variedade de dese-
nhos e de componentes, desde sistemas com Neste modelo, quaisquer cul-
estruturas bastante similares a florestas até tivares agrícolas de ciclo curto
consórcios mais abertos, entre pastagens e poderão inicialmente ser con-
espécies arbóreas. sorciados a espécies madeireiras introduzidas
no local. Com o decorrer do desenvolvimento
Os SAFs têm sido classificados de diferentes do sistema, as mudas de árvores crescerão e
formas, segundo sua estrutura no espaço, seu proporcionarão matéria-prima para exploração
desenho e mudanças espaciais através do ou manejo, podendo acontecer o sombrea-
tempo, a importância relativa e a função dos mento dos demais cultivos. O principal produ-
diferentes componentes, assim como os objeti- to no Taungya é a madeira, aproveitada para
vos da produção e suas características sociais diversas finalidades. Entre os produtos finais,
e econômicas (REBUÁ, 2012). podem-se destacar: madeira serrada, lenha,
carvão vegetal, polpa para celulose, madeira
Podem ser classificados, de acordo com seus compensada, mourão, madeira sólida.
componentes, em:

Multiestratificado
•  Silviagrícolas ou Agrossilvicul-
turais, compostos por espécies flo- Modelo caracterizado pela con-
restais e culturas agrícolas. sorciação de espécies florestais

37 | Página
e agrícolas em distribuição espacial aleatória, eficiente dessas distribuições por meio de
baseando-se na fenologia e ecofisiologia de podas, plantios de mudas e até, se necessá-
cada componente introduzido. Possibilita varia- rio, de desbastes controlados.
das formações dos estratos verticais (andares)
e no “preenchimento” da estrutura horizontal,
em um único sistema. Interplantio de cultivares ou
adensamento

Cerca-viva Havendo qualquer modelo já


estabelecido (implantado em
São plantios de árvores dis- campo), pode-se efetuar um adensamento de
postos em linha, dentro ou na entrelinhas ou mesmo das entre mudas, intro-
borda do sistema, visando a duzindo-se, por exemplo, espécies arbóreas
delimitar ou separar uma determinada área de interesse sob condições ideais (ecofisio-
de cultivo. Destacam-se pelas possibilidades lógicas). Dessa forma, são alcançados maior
de obtenção de variados produtos (lenha, incremento na biomassa e maior eficiência na
mourões e outros), de proteção dos cultivos ciclagem de nutrientes.
e animais contra o vento (conforme o espa-
çamento), além da durabilidade em compa-
ração com as cercas tradicionais (dependerá Uso de tutor vivo
da espécie selecionada).
Plantio de espécies visando a
amparar plantas consorciadas
Formação de quintais que apresentem hábitos de tre-
agroflorestais par/escalar obstáculos e que necessitem de
apoio/sustentação. Amplamente difundido em
Também chamados de hortos plantios de pimenta-do-reino, cará, feijões e
caseiros mistos ou pomares, vagens trepadoras, etc. A planta utilizada como
os quintais agroflorestais são utilizados para “estaca-suporte” (tutor) deve ser susceptível a
prover necessidades básicas de famílias ou podas e ao sombreamento provocado pelo in-
comunidades pequenas, que, ocasionalmen- divíduo sustentado.
te, vendem alguns excedentes de produção.
Implantados nas adjacências da moradia, são
mais comumente observados modelos multies- 3.3 Alternativas de Interesse Social
tratificados de plantio.
Tratam das áreas presentes na categoria de
uso e manejo do solo com pequenos módu-
Enriquecimento ecológico de los rurais e a presença de agricultores fami-
matas secundárias liares. Também os pressupostos do que foi
descrito anteriormente como Produção Rural
Nas áreas em processo de re- Sustentável servem de essencial referência.
generação natural, as espé-
cies já estabelecidas apresentam distintos A importância da Produção Familiar Rural tem
padrões de distribuição, manifestando-se de sido reconhecida pelos governos e por toda a
três formas: aleatória, uniforme ou agrupada. sociedade e linhas de incentivo e fomento têm
Tais padrões são significativamente determi- se intensificado nos últimos anos. Essas polí-
nados por peculiaridades dispersivas e adap- ticas consideram que essa categoria de uso e
tativas das espécies. Após a observação e a manejo, pelas suas peculiaridades e por suas
compreensão funcional das espécies pre- condições materiais e objetivas, pode estabe-
sentes, torna-se possível a condução mais lecer ligações mais estreitas com os princípios

38 | Página
da sustentabilidade. E, nesse sentido, o apoio nessa categoria de uso a formação de asso-
do Município deve ir para medidas que refor- ciações e de cooperativas e a atuação de sin-
çam sistemas que mantêm uma maior prote- dicatos rurais, que catalisam ações coletivas,
ção da natureza. elevando a capacidade de produção e crian-
do vínculos sociais importantes. Existem ca-
Neste caso, reforça-se também a adoção de sos em que comunidades organizam mutirões
sistemas agroecológicos e de medidas conser- para viabilizar tarefas que seriam impossíveis
vacionistas, relativizando-se as condições fi- para agricultores descapitalizados e isolados.
nanceiras para o desenvolvimento de técnicas Algumas cooperativas conseguem equipamen-
que demandem maior aporte de recursos. tos, insumos e meios de comercialização que
permitem a melhoria de renda e de condições
São, em sua grande maioria, agricultores que de vida para seus associados. Associações
utilizam menores quantidades de insumos, não permitem também uma organização melhor
praticam o preparo do solo através da meca- para a busca de financiamento e, quando bem
nização e buscam reciclar matéria orgânica e administradas, se revertem em apoio para a
nutrientes. Todas as medidas apontadas para captação e gestão de fomentos.
as alternativas de ordem econômica podem,
em princípio, ser aplicadas também para as Essas formas associativas devem ser incen-
áreas de agricultura familiar, com a ressalva de tivadas pela municipalidade, que pode contri-
possíveis restrições financeiras, considerando buir, de acordo com as disponibilidades mate-
a descapitalização entre esses agricultores. riais e humanas, desde o incentivo ao caráter
associativo, onde ele ainda não estiver presen-
Esta categoria apresenta também a existência te, até a implementação de políticas de apoio
de um número significativo de agricultores que e consolidação de organizações comunitárias.
complementam sua renda, ou os recursos ne- Conforme mencionado no item 1 deste docu-
cessários para subsistência, através de práti- mento, as ações em localidades dessa catego-
cas extrativistas. ria de uso e manejo devem ser precedidas de
uma boa caraterização dos grupos presentes
Saiba Mais! e de suas organizações. Nos espaços em que
associações e outras formas coletivas já exis-
Conheça as “Alternativas Econômicas tam, mas que ainda não foram estabelecidos
Sustentáveis para a Agricultura fa- espaços de interlocução com o poder público,
miliar”, lendo a cartilha dispo- é importante buscar esta construção. Já nas lo-
nível no link: <http://www.mma. calidades em que já existam coletivos organiza-
g o v. b r / e s t r u t u r a s / p d a / _ a r q u i v o s / dos, devem ser avaliadas ações conjuntas, de
prj_rd_004_pub_car_001_ae.pdf>. acordo com o item 2 do presente documento.

São atividades desenvolvidas, muitas vezes,


em florestas da propriedade ou de localidades
próximas, como coleta de castanhas, frutas, fi-
bras, ervas medicinais, condimentos e produtos
para ornamentação e uso em eventos religio-
sos. É comum também a extração de material
para o próprio uso, como cabos de ferramentas
e madeira para pequenos utensílios rurais.

Em localidades do Bioma Amazônia, é possível


se observar a existência de pequenos agriculto-
res isolados. No entanto, são bastante comuns

39 | Página
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