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Universidade Federal de Santa Catarina

Disciplina de Cirurgia Pediátrica – DPT 5106

Prof. Maurício José Lopes Pereima, MD, PhD

Apendicite Aguda

2005.1
Apendicite Aguda

• A apendicite aguda é a afecção


inflamatória do apêndice vermiforme

• Emergência cirúrgica abdominal mais


freqüente em
crianças
Apendicite Aguda: histórico

– Leonardo da Vinci: 1492, apêndice vemiforme em


desenhos

– Reginald Fitz :1886 artigo descrevendo apendicite

– Charles Mc Burney:
• valor da cirurgia no processo de cura .
• Variedade de sintomas com que se apresentava o
processo;
• Sensibilidade em quadrante inferior direito, chamado
ponto de Mc Burney.

– Em 1905, a doença foi descrita por Howard Kelly,


em seu livro- O Apêndice Vemiforme
Apendicite Aguda: epidemiologia

– A incidência máx. na 2ª e 3ª décadas de vida (rara nos


extremos de idade)

– A proporção entre meninos e meninas é cerca de 2:1.

– Perfuração e mortalidade são mais freqüentes em lactentes


e idosos.

– A apendicite aguda é a emergência abdominal mais comum


entre as crianças, com cerca de 60.000 a 80.000 casos por
ano, nos EUA .
Apêndice: Anatomia

• Forma de um tubo com aproximadamente 10 cm de comprimento.

• Localizado na parede posteromedial do ceco até 3 cm da válvula


ileocecal.

• Variações anatômicas:
• retrocecal, retroileal,
• pré-ileal, subcecal,
• retroperitoneal
• Pélvico.

•Variações na sua apresentação


•influenciam sinais e sintomas
associados a apendicite
Apêndice in situ
Apendicite Aguda: fisiopatologia

• Obstrução luminal do apêndice:


– hiperplasia linfóide (relatada em processos virais).
– parasitoses, corpo estranho.
– Fecalito ou coprólito

• Obstrução luminal: a mucosa apendicular


secretando: distensão do lúmem

• Isquemia, a proliferação de bactérias e


edema, podendo evoluir para necrose
e rotura apendicular

• Bloqueio do processo inflamatório:


alças intestinais e epíplon.
• Quando a contaminação supera
capacidade de defesa: peritonite
Apendicite Aguda: classificação

• Simples: edema do apêndice, ulceração mucosa e


material purulento.

• Supurativa: congestão vascular, petéquias, aumento


de líquido peritoneal e a serosa do apêndice pode
estar recoberto por fibrina.

• Gangrenosa: forma supurativa


• mais evoluída, necrose.

• Perfurada: rotura do apêndice


• com pus disseminado.
Apendicite Aguda: quadro clínico

A clássica história geralmente não ultrapassa 36 horas e cursa


com dor abdominal, febre e vômitos.

• A Dor:
– inicialmente é periumbilical e move-se no período de 6 a 36 horas
em direção a fossa ilíaca direita.
– Forma contínua, mas também pode ser em cólica.
• A Febre:
– Quando o apêndice torna-se inflamado e persistem com uma
temperatura de até 38oC.
– Temperatura maior indica perfuração.
• Os Vômitos:
– Depois da dor abdominal e estão relacionados com a irritação do
peritônio visceral e com a presença de íleo paralítico.
• Outros:
– disúria, diarréia, constipaçào, dor à flexao perna
Apendicite Aguda: quadro clínico
Exame físico: dor a palpação abdominal e sinais de irritação
peritonial.

• Dor:
– palpação superficial e profunda em FID.
– Generalizada

• Defesa:
– Sinal de Blumberg: vibração do peritôneo parietal inflamado
– Sinal de Rovsing: deslocamento de gases do cólon esquerdo até o
ceco.

• Abdome em tábua:
– peritonite
• Distensão abdominal:
– semelhante à obstrução intestinal em crianças pequenas
Apendicite Aguda: Estratégia Diagnóstica

O diagnóstico é eminentemente clínico. Quando a história e o EF deixarem


dúvidas, pode-se lançar mão de exames laboratoriais e imagenológicos.

• Laboratoriais
– Hemograma
– Parcial urina

• Imagem:
– Rx de tórax
– Rx de abdome em pé e deitado
– USG de abdome
– TC, urografia, na dependência de cada caso
Apendicite Aguda: diagnóstico diferencial

• Quase todas as afecções abdominais ou não abdominais que


produzem dor abdominal aguda; especialmente complexo em
mulheres e em QC atípicos

• Não abdominais: pneumonia em lobo inferior, pericardite aguda,


faringite estreptocócica, púrpura de Henoch-Schönlein.

• Abdominais: Gastroenterites, adenite mesentérica aguda,


afecções do aparelho urinário, dismenorréia, cistos de corpo
lúteo, diverticulite de Meckel, peritonite bacteriana espontânea
(primária), dispepsias,
Apendicite Aguda:Exames radiológicos
• Rx de abdome:
– Não específico e relativamente insensível, com 20-40% normais.
– Exceção: apendicolitos (VPP sobe a 95%).
– Tem custo baixo, não é operador-dependente,

• USG de abdome:
– tem sensibilidade de 85-90% e especificidade de 92-96%.
– Operador-dependente, embora seja não invasivo, relativamente barato, de
rápida execução e com potencial para diagnosticar outras causas de dor
abdominal.

• TC de abdome:
– importante na avaliação de pacientes com apresentação atípica.
– Detecção de abscessos e perfuração.
– Sensibilidade de 96% e especificidade de 97%, sem administração de
contraste.
Apendicite Aguda: tratamento cirúrgico

• Apendicite aguda simples


– Apendicectomia videolaparoscópica
– Apendicectomia aberta: via Mc Burney ou Bab Cock
– Antibioticoterapia profilática Gram – e anaeróbicos

• Apendicite aguda complicada


– Apendicectomia videolaparoscópica
– Apendicectomia aberta: Laparotomia
– Antibioticoterapia terapêutica Gram – e anaeróbicos
– Drenagem questionável
Apêndice in situ

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