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UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR

Curso de Engenharia Civil - Campus Guaíra

VERIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS DESCARTES IRREGULARES


DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) NO BAIRRO
JARDIM DOS IPÊS NO MUNICÍPIO DE ELDORADO - MS 

 
¹Jefferson Santana Kraemer; ²Vanda Zago Lupepsa
¹Discente do Curso de Engenharia Civil da Universidade Paranaense - UNIPAR
²Docente do Curso de Engenharia Civil da Universidade Paranaense – UNIPAR

Resumo 
 
O meio da construção civil é um setor primordial para o desenvolvimento econômico
social das cidades, por gerar emprego e consequentemente renda, mas apresenta pontos
negativos como a grande produção de resíduos da construção civil, além da grande
exploração de recursos naturais não renováveis, que podem ocasionar diversos impactos
ambientais. O bairro Jardim dos Ipês em Eldorado MS foi o local da pesquisa de possíveis
descartes irregulares de RCC, foi feita a visita in loco a esse local e foram demarcados os
locais de descarte irregular de RCC encontrado através do Google Earth, com a
identificação desses locais através de pontos amarelos demarcados no mapa e ainda foi
feito o registro fotográfico de todos os locais de descarte encontrados, bem como foi
elaborado uma tabela com os locais de destinação e a quantidade aproximada de
resíduos da construção civil que havia em cada local encontrado. Conclui - se que o
município em questão possui o plano de gerenciamento de resíduos através do PIGIRS-
CONISUL para fazer a correta disposição do RCC, mas essa gestão ainda é precária,
pois falta colaboração dos habitantes e da prefeitura adotando medidas mais rígidas para
controle desses resíduos. 

Palavras-Chave: Resíduos; Construção Civil; Gerenciamento.

Abstract 

The civil construction sector is a fundamental sector for the social economic
development of cities, as it create jobs and consequently incomes, but it presents negative
points such as the large production of construction waste, in addition to the large
exploitation of non-renewable natural resources, which can cause several environmental
impacts. The Jardim dos Ipês neighborhood in Eldorado MS was the place that was used
to search for possible irregular RCC discharges, an on-site visit was made to that location
and the RCC irregular disposal sites found through Google Earth were identified with the

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identification of these locations through of yellow points demarcated on the map and a
photographic record of all the disposal sites found was also made, as well as a table was
prepared with the destination sites and the approximate amount of construction waste that
was in each location discovered. It is concluded that the county in question has a waste
management plan through PIGIRS-CONISUL to make the correct provision of the RCC,
but this management is still bad, as there is a lack of collaboration between the inhabitants
and the city government, adopting stricter measures to control these waste.

Key Words: Waste; Construction; Management.  


1           Introdução 
A geração de resíduos na construção civil é quase que inevitável uma vez que
precisa-se deste setor que tem papel fundamental no crescimento da economia e também
contribui para aumento de habitações, além de gerar emprego (RÔHM; MARQUES;
RÖHM, 2013).

Conforme Röhm; Marques; Röhm (2013), reforça que o aumento da população de


forma demasiada e com alta densidade populacional em uma só área faz com que a
demanda por habitações cresça e em decorrência disso o aumento da quantidade de
RCC gerado por esse setor é inevitável.
O setor da construção civil está diretamente ligado ao setor econômico, pois
sempre contribui de forma eficiente na geração de empregos e redução de déficit
habitacional conforme explica Röhm; Marques; Röhm (2013), porém as empresas e
construtoras que exercem esta atividade comercial sofrem com alto volume de resíduos
sólidos gerados nos canteiros de obra todos os dias.

No âmbito da construção em média 60% de resíduos sólidos urbanos são


coletados, destes a maior parte é produzida em pequenas construções, deve-se isso a
falta de tecnologias adequadas e também acesso a informação (SILVA, 2018).
Nos dias atuais, explica Jesus (2013), a destinação tem se dado, em sua maioria,
ao lançamento a céu aberto, apenas depositando esses resíduos sobre o solo sem
qualquer medida de regulamentação, logo surge o grave problema de contaminação
ambiental.

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O objetivo desta pesquisa é a verificação de possíveis descartes irregulares de


resíduos oriundos da construção civil nas imediações do bairro Jardim dos Ipês no
município de Eldorado - MS.

 
2           Revisão Bibliográfica 
Segundo Ferreira et al (2014), poucas são as ações preventivas tomadas e
implantadas no país que visam à reciclagem ou reutilização como forma de aproveitar os
resíduos de construção ou demolição e visando sempre a diminuição da quantidade de
resíduos direcionada para os aterros inadequados. Nos dias atuais existe uma grande
dificuldade no que se diz respeito ao manejo dos resíduos sólidos, uma vez que as
comunidades não percebem a real situação da falta de uso de técnicas adequadas para
destinação final dos resíduos sólidos. 
Para Maia; Reis; Costa (2019), a gestão do RCC feita pelas empresas e órgãos
competentes deve ocorrer de forma conjunta com o Plano de Resíduos do município,
conforme as legislações vigentes, além de que a educação ambiental é necessária ao
processo, para promover que o pensamento seja direcionado para esse problema, além
de informar e capacitar os cidadãos.
De acordo com Ferreira et al (2014), é no início do empreendimento que deve-se
pensar em quais produtos usar e quais as técnicas de execução utilizadas resultarão em
um menor desperdício de materiais, visando também uma posterior reutilização de
matérias-primas que tendem a ser desperdiçadas quando não são utilizadas na obra.  
 

2.1          Resíduos da Construção Civil 

2.1.1     Definição e Classificação 


Segundo a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n°
307/2002, os Resíduos da construção civil são os provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil.
Os resíduos são classificados em quatro classes definidas pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente, conforme Tabela 1 abaixo.
Tabela 1- Definições das Classes dos Resíduos da construção civil.

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Fonte: Conselho Nacional do Meio Ambiente (2002)

Conforme a Resolução CONAMA n° 307/2002, é imprescindível a não geração de


resíduos bem como a reutilização e reciclagem dos resíduos já gerados antes da
destinação final, os mesmos não podem ser dispostos em bota foras[1], aterros
domiciliares, encostas ou próximos a corpos d’água, com pena de sanções que podem
vir a ser aplicadas em caso de descumprimentos dessas medidas. 
Segundo a mesma Resolução todas as orientações devem ser cumpridas, visto que
entrou em vigor em 2002, mas com o prazo de 18 meses a partir de janeiro de 2003 para
que todos se adequassem a nova resolução. 
O Gráfico 1 a seguir foi retirado do Plano Intermunicipal de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento da Região Sul de
Mato Grosso do Sul (PIGIRS-CONISUL) apresenta uma estimativa da geração de RCC
no município para os próximos anos. 

Gráfico 1 - Estimativa da geração de RCC no município de Eldorado MS, entre o ano de


2016 até 2035.

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Fonte: PIGIRS-CONISUL (2016) 

[1] Bota foras: áreas, públicas ou privadas, de maior dimensão utilizada para atividades de aterro realizadas sem nenhum controle
técnico. 
 

2.1.2 Impactos provocados pelos Resíduos Da Construção Civil 


O impacto ambiental segundo Lima (2019), é toda mudança da característica do
aspecto ambiental mesmo não sendo maléfica para o ambiente em si, surgem efeitos que
são aplicados de forma direta no meio ambiente. 
A degradação do meio ambiente através da exploração das riquezas minerais da
natureza, sem dúvida alguma é o principal impacto causado pela alta demanda de
matérias-primas impostas pelas grandes indústrias para abastecer o país (LIMA, 2019).
A urbanização das cidades devido aos avanços da construção civil contribui
positivamente para economia do país, no entanto os problemas ambientais provocados
por esse setor se torna cada vez mais comum, já que os resíduos gerados por essa
atividade aumentam e se acumulam ano após ano (SOUZA, 2017).
Ainda segundo Silva (2018), vários métodos para a destinação de RCC já foram
criados, no entanto a maioria se fez inadequada. Armazenamento em bota foras
clandestino, áreas irregulares, lençóis d'água trazem prejuízos ambientais e sociais, visto
que isso acarreta em assoreamento de rios, contaminação de nascentes e também afeta
diretamente na questão do saneamento básico fator esse que está ligado diretamente
com as doenças que afetam as pessoas que necessitam consumir essa água sem seu
devido tratamento. 
  A falta de consciência da indústria da construção civil causa danos ambientais que
se alastram ao longo dos anos. O processo de construção amplamente utilizado no Brasil
consiste em explorar matéria- prima não renovável em grande escala, com enorme
consumo de energia, nas fases de extração, armazenamento, transporte e beneficiamento
desses insumos, além de que o consumo de materiais com grande fonte geradora de
resíduos é feito em larga escala (SILVA, 2018). 

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Conforme Ferreira et al (2014), as cidades são desafiadas a quantificar e administrar


a quantidade de resíduos gerados visando sua diminuição, ainda mais que desde de 2002
são obrigadas a cumprir as normas da resolução CONAMA n° 307, no entanto ainda são
poucas as formas usadas no país visando a reciclagem dos resíduos, a fim de diminuir o
montante direcionado aos aterros sanitários. Essa dificuldade imposta pela sociedade de
uma melhor disposição final dos resíduos sólidos faz com que não se perceba a real
situação grave que vive o país por causa da formação de locais inadequados de
deposição de RCC. 
 

2.1.3  Gestão dos Resíduos da Construção Civil


Para Lima (2019), o serviço público deve se reinventar e oferecer um novo plano
de captação de resíduo mais eficiente e menos burocrático, que possa investir em
pontos de captação espalhados pelas cidades para pequenos e grandes geradores de
resíduos, além de que também é possível se beneficiar desses resíduos já gerados por
meio da reutilização e também do reaproveitamento dos mesmos que já estão
dispostos em locais irregulares ou não. A mudança de pensamento existente que se faz
uma cultura de produção de resíduos sólidos pode ser revertida em ações que visam a
diminuição de geração, mais coleta e melhor disposição em locais adequados, como
em aterros que possuam área de transbordo e triagem, usinas de reciclagem, aterros
não perigosos e não inertes, e ainda aterros industriais com tecnologia suficiente para
minimizar danos dos agentes poluidores da Classe D.

O Poder Público administra a Gestão dos Resíduos da Construção Civil e


estabelece procedimentos e diretrizes que são transformadas em atividades que visam
minimizar os impactos ambientais e sociais causados pelos resíduos provenientes da
construção civil e por assim dizer garantem benefícios tanto para sociedade quanto
para o meio ambiente das cidades (LIMA, 2019). 
Para Röhm; Marques; Röhm (2013), a redução da geração de RCC pode
ocorrer, mas para isso é preciso a realização sistêmica no planejamento do
empreendimento, sem o uso de ações pontuais, desde a fase inicial até execução final
e até mesmo nas atribuições de mão-de-obra terceirizada. Esse RCC deve ser triado
por tipos durante a construção, isso viabiliza as práticas de reutilização dos materiais
na obra mesmo e reciclagem dos materiais que não é possível fazer o reuso na obra,
os mesmos são descartados de forma adequada conforme a resolução CONAMA n°
307.

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Röhm; Neto; Röhm (2013), entende que é preferível reduzir a produção de RCC
nos canteiros do que fazer seu beneficiamento para um futuro uso, isso do ponto de
vista ambiental. Tendo em vista da parte econômica, a viabilidade do entulho é
estritamente ligado com o tanto de resíduos gerados, faz se necessárias análises para
definição de ações a serem tomadas visando a minimização de impactos ambientais
para cada fase da obra. 

Conforme diz Ferreira et al (2014), os órgãos governamentais e a própria


população em si precisam se mostrar mais proativos no que se refere à disposição final
do enorme volume de RCC que é produzido, visto que essa atividade é de caráter
fundamental para desenvolvimento tanto econômico quanto social e que fazem suprir
as necessidades básicas e atenuam muitos problemas da sociedade, promovendo
moradia, infraestrutura urbana e saneamento básico. 
Com base no PIGIRS-CONISUL (2016) foi encontrado como devem ser
prestados os serviços públicos de limpeza e manejo dos resíduos em Eldorado -MS,
segue abaixo Tabela 2 com os dados: 

Tabela 2 – Forma de prestação dos serviços públicos de limpeza e manejo de resíduos


sólidos no município de Eldorado/MS. 

Fonte: PIGIRS-CONISUL (2016), alterado pelo autor

Segue abaixo croqui do lixão municipal de Eldorado - MS onde são despejados


todos os resíduos provenientes do município, e ainda fotos do interior deste local através
das Figuras 1:

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 Figura 1- Croqui de identificação das atividades existentes na área do lixão municipal de


Eldorado/MS.

 
Fonte: PIGIRS-CONISUL (2016), alterado pelo autor

  Na Figura 2 é observada a disposição de RCC juntamente com outros tipos de


resíduos no vazadouro municipal de Eldorado MS.

Figura 2 – Vazadouro a céu aberto para disposição final dos Resíduos da


Construção Civil (RCC) em Eldorado – MS.

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Fonte: PIGIRS-CONISUL (2016) 


 
A Figura 3 mostra como ainda é comum o descarte de todos os tipos de resíduos
juntos sem a devida classificação por classes ou tipos de RCC gerado.
Figura 3 – Disposição de RCC no “lixão” do município de Eldorado MS 

Fonte: PIGIRS-CONISUL (2016) 


 

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2.1.4 Reduzir, Reutilizar, Reciclar

Para Oliveira e Oliveira, (2018) o gerenciamento de resíduos se baseia em


alguns princípios tais como reduzir o uso e extração de matérias-primas e energia,
reutilizar os produtos para outras funções que não são as originárias deles, e fazer o
retorno dos resíduos ao processo inicial do ciclo de produção através da reciclagem.
No entanto esse processo só se concretiza se houver participação de forma coletiva
das indústrias, organizações ambientais, população, e órgãos públicos colaborando
com práticas de conscientização e conservação sociais e econômicas a fim de
promover a conservação do meio ambiente. 
Complementa Scalone (2013), que na hora do descarte final dos resíduos é
importante que se definam as classes e que sejam devidamente separados para não
haver contaminação de outros materiais, tendo em vista que só assim é possível
maximizar as chances de reciclagem do mesmo.
Para Scalone (2013), para que haja a redução, reutilização e posterior
reciclagem é necessário que se faça o gerenciamento de resíduos pela Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). 

2.1.5 Política Nacional de Resíduos Sólidos

Diante dos grandes problemas ambientais, sociais e econômicos enfrentados no


país, eis que em 02 de agosto de 2010 é instituída a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), com intuito de melhorar, incentivar e promover o manejo adequado dos
resíduos sólidos, segundo a lei n° 12.305/10. A PNRS tem como ideais a prevenção e
redução na geração de resíduos, bem como incentiva práticas de consumo sustentável,
aumento da reciclagem e também da reutilização dos resíduos sólidos, e ainda gerencia
a destinação final de forma adequada daquilo que não se pode mais ser aproveitado
(Política Nacional de Resíduos Sólidos, 2010).
No entanto a PNRS segundo Maiello; Britto; Valle (2018), apresenta falhas no que
se refere a sua aplicação propriamente dita, por oferecer baixo orçamento para

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implementar essa política ainda mais nos municípios menores, seguido de pouca
capacidade de instruir e gerenciar o cumprimento das normas pelos municípios.

Para Thode Filho (2015), os padrões de consumo atuais são os responsáveis


pelo desequilíbrio ambiental, uma vez que se faz necessário a cada dia aumentar a
demanda de produtos, e ainda não consegue se fazer o retorno desses produtos
gerados para seu ciclo de produção ocasionando sobrecarga do sistema de destinação
final ambientalmente adequado. Para minimizar esse dano deve-se adotar o método da
coleta seletiva como mecanismo de retorno da produção à cadeia produtiva, porém a
falta de preparo dos gestores locais junto com a pouca educação ambiental, seguida da
alta oneração das indústrias de reciclagem impedem o pleno funcionamento dessa
logística reversa. 

A PNRS estabelece que os responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos são o
fabricante e o poder público bem como importadores e distribuidores. O poder público
tem por objetivo criar mecanismos e incentivar as práticas da logística reversa para
melhor coleta e destinação final dos resíduos (THODE FILHO, 2015). 
A Figura 4 a seguir apresenta as etapas corretas a serem seguidas para pôr em
prática a PNRS.

Figura 4 – Política Nacional de Resíduos Sólidos

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Fonte: Brasil (2010)

3           Metodologia 
     Após estudo das bibliografias disponíveis e trabalhos científicos sobre os resíduos da
construção civil, foi verificado pelo PIGIRS-CONISUL (2016), que quem deve coletar o
RCC gerado é o próprio gerador, isso segundo o Plano Intermunicipal de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento da
Região Sul de Mato Grosso do Sul. Após isso na hora da visita in loco foi constatado que
existe uma empresa privada responsável por coletar, armazenar e fazer a correta
destinação final desses resíduos. No entanto, o gerador tem a opção de contratar uma
empresa especializada caso o mesmo não consiga fazer esse descarte de resíduo. 
        Foi feito a visita no bairro Jardim dos Ipês em Eldorado- MS em busca de possíveis
descartes irregulares de RCC, e foi constatado por meio de fotos que há diversos locais
de despejo irregular de resíduos da construção civil, esses locais foram marcados no
mapa através do Google Maps e do Google Earth com um ponto amarelo identificando
cada local de despejo, bem como sobre esses pontos foi colocado a quantidade

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aproximada de resíduos dispostos em m³, segue abaixo a Figura 5 com a identificação do


bairro da visita em questão: 
 
Figura 5- Mapa do centro de Eldorado - MS

Fonte: Google Maps (2020)


 
Foi feito uma lista dos locais de despejo irregulares encontrados na visita feita no
bairro Jardim dos Ipês, indicando uma quantidade aproximada de resíduos em m³, apenas
com base visual de quantidade sem nenhum método para pesagem utilizado para obter
os resultados. 
Após a visita ao local foram encontradas  irregularidades com relação ao local de
despejo de resíduos da construção civil. 

 
4           Resultado e Discussão 
A pesquisa foi iniciada baseando-se nas legislações existentes que norteiam o bom
funcionamento da gestão de resíduos sólidos e também do RCC no país, baseando-se
em algumas delas como a Lei Federal n.º 12.305 (2010) e a Resolução n.º 307 do
CONAMA (2002) e também as normativas de âmbito municipal como o PIGIRS-CONISUL
(2016) que tem como jurisdição os municípios do Conisul de Mato Grosso do Sul. Esse
plano de gerenciamento norteia essa região em relação às medidas corretivas a serem
realizadas para que o município possua uma disposição adequada de seus resíduos em
geral. 

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Após visita in loco ao bairro Jardim dos Ipês foi constatado alguns pontos de
descarte irregulares de RCC que foram mapeados conforme Figura 6 abaixo: 

Figura 6: Pontos de descarte irregular de RCC no bairro Jardim dos Ipês em Eldorado -
MS.

Fonte: Google Earth, alterado pelo autor (2020)

Os descartes irregulares encontrados no bairro Jardim dos Ipês foram listados por
local e quantidade de resíduo deposto com base apenas em vista a olho nu, esses dados
foram indicados em m³, segue abaixo Tabela 3 com os resultados obtidos: 

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Tabela 3- Tabela com os locais de despejo irregular e quantidade aproximada


em m³.

Fonte: O Autor (2020)

A visita ao bairro em questão foi realizada em meados de setembro de 2020


onde foi realizado a vistoria dos locais de despejo irregular e ainda foi feito o registro
fotográfico dos locais irregulares encontrados, seguem abaixo as Figuras 7, 8, 9, 10,
11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18:
A Figura 7 é um local fronte a Escola Estadual 13 de Maio, nela podemos
observar vários rejeitos misturados, como concreto, terra, folhagem, entre outros.

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Figura 7: Avenida Tancredo Neves

Fonte: O Autor (2020)


 
Na Figura 8 temos o descarte irregular de RCC e também sacos de cimentos junto a
este montante que fica no pavimento da rua em questão, e ainda sob a calçada de frente
a algumas casas. 
Figura 8: Rua Florisvaldo Ribeiro Bessa

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Fonte: O Autor (2020)


Na Figura 9 podemos observar o descarte irregular de RCC e demais materiais como
folhas e galhos e até mesmo agregado miúdo (areia), que estão dispostos sobre a
calçada e o  pavimento da rua.  
Figura 9: Rua Amambaí 

Fonte: O Autor (2020)


Na Figura 10 temos o descarte de RCC, móveis de uma casa e algumas sacolas de
lixo domiciliar, além de terra, que ficam depositados na entrada do terreno. 
Figura 10: Rua Cel. Valêncio de Brum

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Fonte: O Autor (2020)


A Figura 11 apresenta uma obra inacabada, mas que já gera RCC junto com folhas e
galhos que estão dispostos sobre a calçada, e ainda o armazenamento de agregado para
uso.
Figura 11: Rua Assis Chateaubriand

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Fonte: O Autor (2020)

Na Figura 12 pode ser observada a caçamba de coleta de RCC a qual é a forma 


correta de retirada desses resíduos, porém não é feita a separação dos resíduos, pois são
observados diversos tipos de resíduos misturados dentro da mesma.  

Figura 12: Rua Maracaju

Fonte: O Autor (2020)


Na Figura 13 apresenta-se o descarte de RCC sobre a calçada impedindo o
escoamento da tubulação que vem do muro do terreno da Figura 13. 
Figura 13: Rua Maracaju

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Fonte: O Autor (2020)


Na Figura 14, um depósito de RCC e demais materiais, galhos de poda de árvores
que estão dispostos no  final dessa rua, deixando as casas próximas com aspecto de
sujeira. 
Figura 14: Rua Deputado Flávio Derzi

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Fonte: O Autor (2020)


Na Figura 15 temos o descarte de peças de concreto sobre o pavimento da rua em
questão. 
Figura 15: Rua Florisvaldo Ribeiro de Bessa

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Fonte: O Autor (2020)

Na Figura 16 temos um depósito de lixo domiciliar, RCC, galhos e outros materiais em


um terreno baldio.
Figura 16: Rua Maracaju

Fonte: O Autor (2020)


Na Figura 17 o RCC está depositado sobre a calçada próximo ao acesso de veículos
a garagem de uma casa. 
Figura 17: Rua Assis Chateaubriand 

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Fonte: O Autor (2020)


A Figura 18 mostra o descarte de RCC e demais materiais, como galhos e folhagem,
lixo domiciliar, sobre a calçada em um local de esquina com a BR 163. 
Figura 18: Rua Assis Chateaubriand  

Fonte: O Autor (2020)

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Foi constatado que no município em questão há duas empresas designadas A e B


que podem fazer a coleta dos resíduos. Diante disso, foi constatou-se que a empresa A,
que faz a coleta e armazenamento desses resíduos, atualmente possui um terreno nas
imediações do município em questão onde são despejados os resíduos após eles serem
coletados nos bairros, atualmente ela tem um estoque equivalente a 600 caminhões de
10m³ de RCC cada. Após a coleta, é feita a separação dos resíduos que não são RCC
por catadores que trabalham de maneira informal sem vinculo com a empresa citada, o
restante dos resíduos que não se enquadram na classe de RCC são destinados ao lixão.
O RCC armazenado é reaproveitado pela empresa A e pela prefeitura que pode utilizar
em locais que precisam de aterros, cabeceiras de pontes e estradas. A empresa em
questão tem como meta para que ate 2021 consiga reutilizar 80% de todo RCC coletado.
Não foi possível o contato com a empresa B.

5           Conclusão 
Com os resultados obtidos na análise da gestão dos resíduos da construção civil no
bairro Jardim dos Ipês em Eldorado – MS, conclui-se que a região possui um plano de
gerenciamento, feito pelo consórcio dos municípios do sul de Mato Grosso do Sul
(PIGIRS-CONISUL) para a correta gestão dos resíduos oriundos do município. No
entanto, o município em questão não apresenta o êxito esperado no que diz respeito a
gestão dos seus resíduos da construção, pelas ferramentas que existem, se faz
necessário uma  melhor organização em relação à disposição final desses resíduos.
Atualmente, ainda é comum o descarte incorreto dos resíduos da construção civil, mesmo
havendo empresas que tem como intuito a coleta, armazenagem e reaproveitamento dos
materiais que ainda podem ser usados bem como sua disposição final adequadas, à
população em geral ainda não se mobilizou  e apoiou essa causa em razão do bem maior
para o meio ambiente e para todos no quesito geral. 
O grande empecilho para que ocorra a gestão correta dos resíduos é que os
habitantes estão descartando seus resíduos de forma inadequada e não recebem sequer
alguma punição administrativa ou multa para tal ato, e ainda transfere sua
responsabilidade, mesmo que indiretamente, para a prefeitura que tem que arcar com os
custos de recolher esses resíduos que seriam obrigações do próprio gerador, conforme o
(PIGIRS-CONISUL), por fim essa coleta, as vezes, não é feita pelo órgão público por falta
de recurso ou descaso e assim esses materiais ficam espalhados por locais inadequados
ocasionando problemas futuros. 
Para que ocorra a gestão correta do RCC faz-se necessário que no bairro Jardim dos
Ipês sigam-se as recomendações de que se referem a disposição dos resíduos em
questão e que seja intensificada a fiscalização para que seja possível aplicar multas aos
que infringirem as normas, e ainda implementar um politica socioeducativa para orientar
moradores do município sobre o descarte correto de RCC. O município já possui a
legislação adequada, basta apenas que essas normativas sejam seguidas, na medida do
possível, para que ocorra a melhor gestão para o bairro em questão e também para o
restante de Eldorado MS.

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6           Referências 
BRASIL. Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
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